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Diarreia Aguda Atualizado 1 💩 Diarreia Aguda Atualizado A OMS observou nos últimos anos que cerca de 30% dos óbitos antes dos 5a ocorrem devido à pneumonia e diarreia. No Brasil, a diarreia ocupava o segundo lugar como causa de mortalidade infantil e em 2005 passou para quarta posição. Isso ocorreu pela série de protocolos e cartilhas liberados pelo Ministério da Saúde até então, e em 2006 a vacinação contra o rotavírus foi incluída no calendário de vacinação no Brasil. Definição → Ocorrência de três ou mais evacuações amolecidas ou líquidas nas últimas 24h. Diminuição da consistência habitual é um dos parâmetros mais considerados. De acordo com a OMS, a diarreia aguda pode ser subclassificada em três categorias: 1. Diarreia aguda aquosa: duração de até no máximo 14 dias (revelando ser aguda) e perda de grande de volume de fluidos, podendo causar desidratação. Pode ser causada por bactérias, mas a infecção viral ainda é a mais comum. 2. Diarreia aguda com sangue (disenteria): presença de sangue nas fezes e quadro com duração < 14dias, revela uma lesão na mucosa intestinal que pode se associar com infecção sistêmica e desidratação. A infecção bacteriana por Shigella é a causa mais frequente de disenteria. 3. Diarreia persistente: quando a diarreia se estende por 14dias ou mais. Tem grandes chances de evoluir com desnutrição e desidratação, pacientes nesses quadros têm alto risco de complicações e elevada letalidade. Mecanismos 1. Osmótica: quando há muito líquido no lúmen intestinal, a causa mais frequente é uso de laxativos e má absorção intestinal. 2. Secretora: estímulos que aumentam a secreção da mucosa intestinal (vírus, enterotoxinas bacterianas e neoplasias) 3. Exsudativa: está relacionada com a exsudação de proteínas a partir de áreas inflamadas, associada a doenças ulcerativas ou infiltrativas como por exemplo as doenças inflamatórias intestinais, neoplasias intestinais e colite induzida por antibióticos. 4. Motora: aumento do trânsito intestinal, pouco contato com a superfície de absorção intestinal e então a diarreia. Causas → Vírus: rotavírus, coronavírus, adenovírus, calicivírus. → Bactérias: E.coli e seus subtipos¹, Aeromonas, Pleisiomonas, Salmonella, Shigella (disenteria), Campylobacter jejuni. ¹Subtipos: enteropatogênica clássica, E. coli enterotoxigenica, E.coli enterohemorrágica, E.coli enteroinvasiva, E.coli enteroagregativa OBS: pacientes imunocomprometidos ou em ATB prolongado podem ter diarreia por Klebsiella, Pseudomonas, etc. → Outras causas: alergia ao leite da vaca, deficiência de lactase, apendicite aguda, uso de laxativos e antibióticos, intoxicação por metais pesados. → Principal diag.diff: invaginação intestinal no RN. Tipos em relação à altura → Diarréia alta: de grande volume, com presença de restos alimentares, baixa frequência, cessa ao jejum, com esteatorréia e distensão abdominal. Diarreia Aguda Atualizado 2 → Diarréia baixa: de pequeno volume que não cessa ao jejum, pode conter muco e tem frequência elevada. Anamnese de acordo com a OMS Deve conter: duração, número diário de evacuações, presença ou não de sangue, se houveram vômitos e o número de episódios, presença de febre ou outra manifestação clínica, práticas alimentares, se há outro caso na escola/creche. Avaliar também oferta e consumo hídrico, uso de medicamentos e histórico de imunizações Grupos de risco Idade inferior à dois meses, doenças de base como DM, insuficiência renal ou hepática, outras doenças crônicas, vômitos persistentes, perdas diarreicas volumosas e frequentes. Exame físico de acordo com a OMS Avaliar estado de hidratação e nutricional, estado de alerta (ativo, irritável, letargia), capacidade de beber e diurese. Perda de peso percentual é o melhor indicador de desidratação. Considera-se que perda de peso até 5% represente desidratação leve, 5-10% moderada, + de 10% grave. Avaliar também o estado geral do paciente, dos olhos se há lágrimas ou não, se o paciente tem sede, nível de consciência, sinal da prega cutânea (FOTO), enchimento capilar. → Sinais de gravidade: fontanela baixa, saliva espessa, padrão respiratório alterado, ritmo cardíaco acelerado, pulso débil, aumento do tempo de enchimento capilar, extremidades frias, perda de peso, turgência da pele e sede. Avaliação do estado de hidratação Tratamento O tratamento deve ser estabelecido de acordo com o exame físico e apresentação da criança, sendo utilizada a cartilha do ministério da saúde para estabelecer os três seguintes planos de tratamento. → Plano A Explicar ao paciente ou acompanhante para tomar a conduta em seu domicílio. 1) Ofertar ou ingerir mais líquido que o habitual para prevenir desidratação. 2) Manter alimentação habitual para prevenir desnutrição. Diarreia Aguda Atualizado 3 3) Se o paciente não melhorar em dois dias ou tiver piora do quadro geral, levar imediatamente ao serviço de saúde. 4) Orientar paciente ou acompanhante para sinais de desidratação, maneira de administrar solução para reidratação, medidas de higiene. 5) Administrar zinco uma vez ao dia de 10 - 14 dias. → Importante papel na função e crescimento celular, atuando também no sistema imunológico. → Plano B 1) Administrar solução de reidratação oral (SRO) com quantidade variável de acordo com a sede do paciente, devendo ser contínua até desaparecerem os sinais de desidratação. 2) Reavaliar o paciente seguindo sinais do quadro de avaliação do estado de hidratação durante a etapa de reidratação. Se sinais de desidratação desaparecerem, utilizar o plano A, se mantiver o mesmo quadro iniciar para sonda nasogástrica, e se paciente tiver piora do quadro partir para o plano C. 3) Orientar paciente ou acompanhante a reconhecer os sinais de desidratação, como preparar e administrar solução de reidratação oral e praticar medidas de higiene pessoal domiciliar. OBS: PLANO B DEVE SER REALIZADO NA UNIDADE DE SAÚDE, PACIENTE DEVE PERMANECER ATÉ REIDRATAÇÃO COMPLETA E REINÍCIO DA ALIMENTAÇÃO. OBS: SRO é de 50 - 100 ml/kg para ser administrado no período de 4 - 6 horas após cada evacuação. Mamadeira não deve ser utilizada. Diarreia Aguda Atualizado 4 → Plano C Dividido em duas etapas, rápida e de manutenção, e é utilizado para corrigir a desidratação grave com reidratação parenteral. Paciente deve ser mantido no serviço de saúde até que tenha condições de se alimentar e receber líquidos por via oral na quantidade adequada. Indicações para reidratação venosa: desidratação grave, contraindicação de hidratação oral (íleo paralítico, abdomen agudo, alteração do nível de consciência), choque hipovolêmico. Considerar infusão intraóssea se não for possível infusão venosa. 1) Fase rápida em menores de 5a: SF 0,9% por 30 minutos iniciando com 20ml/kg de peso e 10ml/kg de peso em RN ou cardiopatas graves. Manter a quantidade até que a criança esteja hidratada, sempre avaliando os sinais clínicos após cada fase de expansão. 2) Fase rápida em maiores de 5a: Iniciar com SF 0,9% em volume total de 30ml/kg em 30 minutos, e depois passar para ringer lactato em volume de 70ml/kg em 2h e 30min. 3) Fase de manutenção para todas as faixas etárias: Soro glicosado 5% + SF 0,9% em proporção de 4:1. → Se P até 10kg: 100ml/kg em 24horas. → P de 10-20kg: 1000ml + 50ml/kg de peso que exceder 10kg em 24horas. → P maior que 20kg: 1500ml + 20ml/kg de peso que exceder 20kg em 24horas. 4) Fase de reposição para todas as faixas etárias: soro glicosado 5% + SF 0,9% em proporção de 1:1. → Iniciar com 50ml/kg/dia e reavaliar a quantidade de acordo com as perdas do paciente. 5) Por fim, KCl a 10% 2ml para cada 100ml de solução da fase de manutenção.
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