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ABDOME AGUDO VASCULAR

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NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 1 
 
 
- É uma das formas mais graves entre as 
urgências abdominais 
- Índices de mortalidade de 46-100% 
- O abdome agudo vascular é potencialmente 
muito grave. Deve-se suspeitar quando houver 
dissociação entre a queixa do paciente e o 
exame físico 
- Pacientes vasculopatas ou com histórico de 
arritmias cardíacas também apresentam risco 
maior para esse tipo de condição 
- É o comprometimento da perfusão de órgãos 
intra-abdominais: 
 Trombose mesentérica 
 Embolia mesentérica 
 Colite isquêmica 
 Tromboangeíte obliterante (Buerger) 
 Torção de ovário 
 Infarto esplênico 
 Hérnia estrangulada 
- A insuficiência vascular intestinal pode ser 
dividida em aguda (infarto intestinal) ou crônica 
(angina abdominal) 
 
- A artéria mesentérica superior (MAS) é um 
ramo direto da aorta de onde saem ramos 
jejunais, ileais, artéria ileocecólica, artéria 
cólica direita e artéria cólica média. Além 
disso, é responsável pela irrigação de todo o 
intestino delgado, ceco e cólons ascendente e 
transverso, até o ângulo esplênico, por meio 
das anastomoses marginais. 
- A Artéria Mesentérica Inferior (AMI) também 
é ramo direto da aorta e emite a artéria cólica 
esquerda, três ou quatro artérias sigmoidianas 
e a artéria retal superior, irrigando o cólon 
esquerdo e o reto. 
ARCADA DE RIOLANO  consiste em um 
arco anastomótico que comunica as artérias 
mesentéricas superior e inferior no nível do 
ângulo esplênico, área de maior 
suscetibilidade à isquemia nas ressecções 
colônicas 
ETIOLOGIAS: 
- A PRINCIPAL CAUSA de abdome agudo 
vascular é a embolia vascular arterial 
mesentérica. Esses êmbolos, mais 
comumente, são de origem cardiológica e 
decorrentes de arritmias 
 
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ISQUEMIA MESENTÉRICA 
(INSUFICIÊNCIA VASCULAR 
INTESTINAL) 
Obstrução do fluxo sanguíneo  isquemia  
necrose  perfuração  pneumoperitônino 
- Causas da aguda: 
 Embolia arterial (50%) 
 Trombose arterial (15-20%) 
 Trombose venosa (5%) 
 Isquemia não oclusiva (20-30%) 
- Causas da crônica: (é rara, mas com quadro 
clínico típico) 
 Aterosclerose 
 Dissecção 
 Vasculite 
 Radiação 
 Neoplasia 
QUADRO CLÍNICO: 
 Náuseas e vômitos reflexos 
 Parada de eliminação de gases e fezes 
pois o intestino está mal perfundido 
 RHA diminuídos ou ausentes 
 Distensão abdominal progressiva 
 Fezes sanguinolentas 
 Desidratação importante 
 Hipotensão e choque  paciente piora 
rápido 
- Aguda: 
 Dor súbita e intensa, mal localizada, 
podendo ser em cólica e surda 
 Dor persistente progressiva 
 Intervalo curto entre o início dos 
sintomas e a procura do atendimento 
 Dor desproporcional ao exame físico  
paciente refere dor importante e no 
exame físico não mostra irritação 
peritoneal 
- Crônica: 
 Dor pós-prandial 
 Náusea 
 Emagrecimento 
- Condições associadas: 
 Arritmias  pode ter uma fibrilação 
artrial  pode ser uma isquemia 
mesentérica aguda por embolia 
 Aterosclerose  paciente idoso, fator 
de risco  pode ter isquemia 
mesentérica crônica ou aguda por 
trombose 
 Insuficiência cardíaca  pode estar 
relacionada com a causa não oclusiva 
 Arterites  pode acometer o segmento 
arterial  Tromboangeíte obliterante 
 Outras 
CARACTERÍSTICAS DA DOR: 
 Trombose arterial / embolia  é uma 
dor que surge e rapidamente aumenta 
sua intensidade para alta 
 
 Trombose venosa  é uma dor mais 
progressiva 
 
EXAMES LABORATORIAIS: 
- Não existem exames específicos 
 Leucocitose 
 Acidose metabólica 
 Lactato  está aumentado 
 
 
 
 
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IMAGEM: 
- O principal é TC e angiografia 
 Radiografia 
 USG 
 TC 
 Angiografia  PADRÃO OURO 
TRATAMENTO – ISQUEMIA 
MESENTÉRICA AGUDA POR EMBOLIA: 
 É um êmbolo que sai do coração e vai 
“entupir” o segmento da AMS distal ao 
nível da cólica média 
 Laparotomia exploradora 
1. Tratamento da obstrução 
(embolectomia) 
2. Avaliação do comprometimento 
intestinal e tratamento 
 EMERGÊNCIA  atraso no tratamento 
tem impacto negativo no resultado 
TRATAMENTO – ISQUEMIA 
MESENTÉRICA AGUDA POR 
TROMBOSE ARTERIAL 
 Paciente arteriopata onde pode formar 
um coágulo 
 Obstrução arterial crônica com 
desponsação 
 Segmentos mais proximais – origem da 
AMS 
 Laparotomia exploradora 
1. Derivação do fluxo com enxerto 
2. Tratamento da estenose 
3. Avaliação do comprometimento 
intestinal e tratamento 
TRATAMENTO – ISQUEMIA 
MESENTÉRICA AGUDA NÃO 
OCLUSIVA: 
- Redução do fluxo sanguíneo  isquemia 
mesentérica 
 ICC grave 
 Choque 
 Uso de vasopressores 
- Diagnóstico com angiografia 
- Suporte hemodinâmico  tentar otimizar o 
débito cardíaco do paciente 
- Infusão de drogas vasodilatadoras / 
espasmolítica (papaverina) 
- Laparotomia exploradora 
 Avaliação do comprometimento 
intestinal e ressecção dos segmentos 
inviáveis 
TRATAMENTO – ISQUEMIA 
MESENTÉRICA AGUDA POR 
TROMBOSE VENOSA 
- Congestão venosa por trombose por trombo 
formado na veia 
- Leva a congestão das alças  se instala aos 
poucos 
- Trombofilia e causas não hematológicas 
(hipertensão portal) 
- Anticoagulantes 
COLITE ISQUÊMICA: 
- Hipoperfusão do cólon 
- Pode ser reversível ou irreversível 
- Pode ser aguda ou crônica 
- Mais frequente em idosos, mulheres (57-
76%) 
- Principais causas: 
 Embolia / trombose arterial 
 Trombose venosa 
 Isquemias não oclusivas (95%) 
- Mais frequente no cólon esquerdo, desde o 
ângulo esplênico, pode acometer outras 
regiões, mas se dá mais frequentemente do 
lado esquerdo 
 
 
 
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QUADRO CLÍNICO: 
 Dor abdominal  cólica leve, algumas 
vezes intensa 
 Fezes diarreicas com sangue 
LABORATORIAL: 
 Leucocitose 
 Acidose metabólica 
 Lactato 
- Representam a má perfusão 
- Acidose metabólica + toque retal 
sanguinolento em aspecto de geleia de 
framboesa sinal sugestivo de isquemia 
mesentérica 
COMPLEMENTARES: 
 TC de abdome com contraste 
 Colonoscopia 
- Radiografia pode dar sinais indiretos: 
 THUMB PRINTING  pode sugerir 
edema de alças  não é achado 
exclusivo da colite isquêmica 
 
 
 
 PNEUMATOSE INTESTINAL  é a 
presença de gás na parede do trato 
gastrointestinal 
 
 
 
 
 
 
 
 
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FISIOPATOLOGIA: 
- A lesão isquêmica da mucosa intestinal 
ocorre quando há privação de oxigênio e 
nutrientes para o tecido manter o metabolismo 
e a integridade celular. A resposta 
fisiopatológica a um fluxo reduzido é 
inicialmente o aumento acentuado na atividade 
motora intestinal, o que resulta em aumento na 
demanda de oxigênio 
- À medida que a integridade capilar é 
comprometida, o intestino torna-se 
hemorrágico e edemaciado, com aumento da 
pressão hidrostática intraluminal, e passa a 
comprometer mais ainda o fluxo sanguíneo 
- Além disso, a produção de metabólitos 
tóxicos pode exacerbar a lesão isquêmica. 
Com a perda da barreira de proteção da luz 
intestinal, aumentam as condições para 
translocação bacteriana e sepse 
- Os mediadores vasoativos e as endotoxinas 
bacterianas liberadas na cavidade peritoneal 
acarretam uma variedade de efeitos 
fisiológicos, como depressão cardíaca, choque 
séptico e insuficiência renal aguda. Esses 
efeitos podem levar a óbito antes mesmo da 
necrose completa da parede intestinal 
Acidose metabólica persistente é um 
parâmetro importante no diagnóstico de infarto 
intestinal 
QUADRO CLÍNICO: 
- Varia e depende do grau de oclusão arterial 
- Na fase inicial, os sintomas são inespecíficos, 
com predomínio de dor abdominal tipo em 
aperto de forte intensidade e de difícil 
localização, podendo ser referida pelo paciente 
como surda ou em cólica 
- Antecedentes como arritmia cardíaca ou 
insuficiência vascular periférica devemser 
investigados 
- Uma das características mais marcantes dos 
quadros de abdome agudo vascular é a 
dissociação entre a queixa do paciente e o 
exame físico. O primeiro relata dor de forte 
intensidade, mas o exame físico não mostra 
sinais de peritonite. Isso acontece quando já 
há necrose intestinal instalada e denota 
prognóstico ruim 
- A angina abdominal, comum nos quadros de 
isquemia crônica, consiste em episódios de 
dor abdominal, normalmente desencadeados 
no período pós-prandial, e, com isso, o 
paciente fica com “medo de comer” e pode 
perder peso. As dores abdominais melhoram 
espontaneamente, mas aumentam de 
frequência e intensidade 
- Outro achado bastante sugestivo de isquemia 
intestinal é a presença de fezes 
mucossanguinolentas ao toque retal (fezes 
“em geleia de framboesa”) 
DIAGNÓSTICO: 
EXAMES COMPLEMENTARES: 
- A acidose metabólica persistente é um 
parâmetro importante no diagnóstico de infarto 
intestinal. As enzimas séricas (desidrogenase 
láctica, fosfatase alcalina, amilase e 
creatinofosfoquinase) costumam estar 
aumentadas, mas são inespecíficas 
- A radiografia simples pode fornecer sinais 
indiretos, como pneumoperitônio, líquido livre 
na cavidade, espessamento na parede das 
alças e gás na circulação portal 
- O sinal classicamente descrito como “alças 
carecas” é altamente sugestivo de isquemia 
intestinal 
- Outros exames de imagem, como tomografia 
e ultrassonografia, são pouco elucidativos 
- A laparoscopia pode ser alternativa tanto 
para diagnóstico quanto para evitar 
laparotomia desnecessária 
- Caso a condição clínica permita, o estudo 
angiográfico pode ser indicado para descartar 
uma embolia da MAS 
 
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- A arteriografia seletiva permite diferenciar a 
isquemia oclusiva da não oclusiva, identifica o 
local e a natureza da obstrução e podendo, 
inclusive, ser terapêutica por técnicas 
endovasculares 
- Outros exames de imagem vascular não 
invasivos também são úteis, como o Doppler e 
angiotomografia. São quatro as causas mais 
frequentes de abdome agudo vascular 
TRATAMENTO: 
- A fase inicial consiste na compensação 
clínica 
- Não é infrequente o cirurgião indicar a 
cirurgia e, durante a laparotomia exploradora, 
deparar com necrose extensa sem nenhuma 
possibilidade terapêutica 
- Diversas formas são propostas para a 
avaliação da viabilidade intestinal, como 
Doppler, termometria e fluoresceinoscopia. 
Entretanto, a avaliação clínica da coloração da 
alça, da presença ou não de peristalse, 
visualização se há sangramento vermelho-
vivo, presença de pulso no meso e 
temperatura da alça podem ser suficientes na 
maioria das situações 
- O tratamento deve ser orientado de acordo 
com a etiologia, o que nem sempre é possível. 
Em casos limítrofes, deve-se considerar a 
laparotomia entre 48 e 72 horas. Além disso, 
mesmo a embolectomia ou as 
revascularizações não apresentam resultados 
satisfatórios. Pode ser necessário um second 
look em casos duvidosos para avaliar se a 
isquemia progrediu 
- Optando pela ressecção intestinal, deve-se 
avaliar o intestino remanescente. Pacientes 
que conseguem se recuperar da cirurgia, mas 
desenvolvem a síndrome do intestino curto, 
são candidatos a nutrição parenteral definitiva, 
além de sofrerem quadros de diarreia e 
disabsorção. Logo, observa-se que o resultado 
é diretamente proporcional à precocidade do 
diagnóstico e ao início de medidas gerais e 
específicas de suporte 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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