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Direito do Trabalho - Contrato Individual de Trabalho Geraldo M. Batista Curriculum: www.geraldofadipa.comunidades.net 1 1. Contrato Individual de Trabalho. A CLT define empregador e empregado nos artigos 2º e 3º, respectivamente. Já a definição de contrato individual do trabalho está insculpida no artigo 442. Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego. Os contratos têm na livre vontade (tanto na gênese quanto na manifestação) o seu elemento central. Em que pese terem as normas legais trabalhistas natureza de ordem pública, devido ao seu escopo de proteção do trabalhador, eis que formam o que a doutrina trabalhista denomina de patamar mínimo civilizatório de direitos, não podendo ser derrogadas pelas vontades de empregadores e empregados, o Direito do Trabalho é considerado como um ramo do Direito Privado - e não do Direito Público, porque as partes do contrato – empregador e empregado – têm autonomia de vontade para firmarem o contrato, e, salvo nos casos de estabilidade previstos em lei, também têm autonomia de vontade para encerrarem o contrato de emprego. Assim, a teor da norma disposta no art. 444 da CLT, tudo que for incluído no contrato de trabalho, tácita ou expressamente, que for para melhorar as condições do trabalho em relação ao mínimo previsto nas leis é válido. Observações. Acordo expresso. Quando seus termos foram combinados expressamente pelo empregador e pelo empregado, isto é, houve uma declaração de vontade expressa do empregador e outra do empregado. Acordo tácito. Não houve previamente as declarações de vontade do empregado e a do empregador; simplesmente o trabalhador passou a prestar serviços ao contratante em sede de uma relação de trabalho onde estão presentes os elementos que caracterizam sua natureza jurídica como sendo de relação de emprego. Assim, a relação de emprego existe e está protegida pela legislação trabalhista, não socorrendo ao empregador alegar que não houve um acordo expresso para a prestação de trabalho. O estudioso do Direito do Trabalho não deve se esquecer nunca de que entre os princípios protetivos do trabalhador está incluído o que considera o contrato de trabalho como um “contrato realidade”. Isto significa que não importa se o contrato foi expresso ou tácito, se escrito ou verbal, o que importa é que se estiverem presentes em um caso concreto os elementos caracterizadores de um contrato de emprego, como tal será considerado pelo Direito. Os contratos de emprego, salvo em alguns casos específicos onde devem ser escritos, como o de aprendizagem, podem ser verbais. Obviamente que um contratante que tenha um mínimo de cautela preferirá sempre contratos escritos, porque em caso de litígios a prova de suas cláusulas ficará muito mais fácil. Direito do Trabalho - Contrato Individual de Trabalho Geraldo M. Batista Curriculum: www.geraldofadipa.comunidades.net 2 2. Contratos por prazo determinado (ou a termo) e contratos por prazo indeterminado. Por ser mais vantajoso para o empregado, a ordem justrabalhista restringe drasticamente as hipóteses em que é possível a existência de contratos por prazo determinado. Assim, só é permitido contrato de trabalho por prazo determinado nas hipóteses previstas no artigo 443. Há, ainda, outras limitações ao contrato a termo: Não pode ser por prazo superior a dois anos nos contratos por prazo determinado em geral, art. 445, caput; porém, no caso de contratos de experiência, art. 445, §2º, não poderá ser por prazo superior a 90 dias. Se um contrato por prazo determinado for prorrogado por mais de uma vez, passa a ter natureza jurídica de contrato por prazo indeterminado, desde o início do contrato, com efeito retroativo, portanto (art. 451). Após o término de um contrato por prazo determinado, se for firmado outro contrato de trabalho entre o mesmo empregador e o mesmo empregado este será considerado por prazo indeterminado se não houver um intervalo de, no mínimo, 06 meses entre o fim do primeiro e o início do segundo, salvo as exceções previstas no artigo 452. 3. Alteração do contrato de emprego. Antes de iniciarmos o novo assunto - Alteração do Contrato de Trabalho, deve-se ressaltar a suma importância para o Direito do Trabalho das normas insculpidas nos artigos 2º, §2º, 9º, 448 e 449 da CLT. Art. 2º, §2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas. A norma supra fornece uma abrangente garantia quanto ao pagamento dos direitos dos empregados, tudo dentro do princípio de proteção do trabalhador que informa o Direito do Trabalho. Art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação. Este preceito é instrumento fundamental para que as normas trabalhistas não sejam tornadas inoperantes por todo o tipo de fraudes, como as contratações de empregados sob forma de pseudos cooperados ou de pessoas jurídicas (pejotização), por exemplo. Nestas fraudes costuma-se observar as formas, porém, na substância, o que se constata é que há verdadeiras relações de emprego sob o manto de outras relações de trabalho. Direito do Trabalho - Contrato Individual de Trabalho Geraldo M. Batista Curriculum: www.geraldofadipa.comunidades.net 3 Esta norma é que fundamenta o princípio fundamental do Direito do Trabalho denominado contrato realidade, segundo o qual, em cada caso concreto o que importa é a realidade existente na relação de trabalho, ou seja, se ali estiverem presentes os elementos que caracterizam o contrato de emprego, como tal será considerado, mesmo que documentos e acordos digam que se trata de outra relação de trabalho. Art. 448 – A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados. Esta norma determina que se houver sucessão quanto aos proprietários da empresa, ou se houver alteração em sua natureza jurídica (por exemplo, uma empresa por cotas de responsabilidade limitada passar a ser uma sociedade anônima), os contratos de trabalho permanecerão incólumes. A norma supracitada é uma ferramenta muito importante para proteção dos direitos dos empregados. Art. 449 - Os direitos oriundos da existência do contrato de trabalho subsistirão em caso de falência, concordata ou dissolução da empresa. § 1º Na falência, constituirão créditos privilegiados a totalidade dos salários devidos ao empregado e a totalidade das indenizações a que tiver direito. Dentro do princípio fundamental do valor social do trabalho e tendo em vista a natureza jurídica do salário como verba alimentícia, o pagamento de salários tem precedência em relação aos demais débitos do devedor, inclusive na falência. O artigo 83 da Lei nº 11.101/2005, que regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário ou sociedade empresária, dispõe que os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinquenta) salários - mínimos por credor e os decorrentes de acidentes de trabalho têm preferência em relação a todos as outras espécies de crédito na falência. 4. Alteração do Contrato de Emprego Por ter natureza jurídica de contrato de trato sucessivo (também chamado de contrato de execução continuada), o contrato de emprego pode vir a sofrer alterações durante sua existência. O princípio fundamental que se aplica às alterações na relação de emprego é o da não modificação in pejus (em prejuízo) para o empregado(art. 468, caput, da CLT). Art. 468. Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. Portanto, modificações, somente se o empregado concordar e que não lhe traga prejuízos, que deverão ser averiguados em cada caso concreto. Alterações que ocorrem na prática e respectiva fundamentação Direito do Trabalho - Contrato Individual de Trabalho Geraldo M. Batista Curriculum: www.geraldofadipa.comunidades.net 4 Alteração de função. Cargo de confiança (CLT, art. 468, § único). Reversão do ocupante do cargo de confiança à função anterior, com perda da gratificação de função. Decorre do poder diretivo do empregador Substituição, comissionamento ou interinidade (CLT, art. 450 e 475, § 2º. Decorre do poder diretivo do empregador. Ao empregador cabe deslocar funcionalmente o empregado, assegurando-lhe todos os direitos do substituído. Gestação (CLT, art. 392, § 4º, I). Durante a gravidez a empregada tem o direito de ser transferida de função sem prejuízo de seus salários, se necessário para preservar sua saúde ou da criança em gestação. Alteração de salário: Convenção ou acordo coletivo de trabalho (CF, art. 7º, VI). Pode haver redução de salários mediante norma insculpida em acordo ou convenção coletiva de trabalho, tendo como limite o salário mínimo. Atenção. Aqui, releva frisar que acordos ou convenções coletivas têm como objetivo a melhoria das condições de trabalho e de remuneração em relação ao mínimo que a legislação trabalhista garante. Admite-se redução de algum direito patrimonial dos trabalhadores (aqueles referentes à saúde e Segurança e medicina do Trabalho são infensos a negociação coletiva, porque são irrenunciáveis, conforme jurisprudência pacificada do Egrégio TST) desde que no conjunto do diploma coletivo haja um ganho em relação ao patamar mínimo legal (teoria do conglobamento). Assim, redução de salários em sede de acordo ou convenção coletiva é possível, mas desde que haja um forte motivo, de tal monta a colocar em risco os próprios empregos, como por exemplo, uma fase de queda da atividade econômica da empresa que ponha em risco a sua existência. Reversão ao cargo de origem (CLT, art. 450, Súmula 372 do TST). Com a reversão ao cargo de origem, não há direito à gratificação de função, salvo se o empregado permaneceu no cargo por 10 (dez) ou mais anos. Supressão de adicional de insalubridade ou periculosidade (art. 194 da CLT). Estes adicionais são devidos somente enquanto o trabalhador estiver exposto a agentes insalubres ou perigosos. 5. Alteração do local de trabalho (transferência). 6. Artigos 469 e 470 da CLT - Regra geral: o empregador não pode transferir o empregado sem a sua concordância para localidade diversa do que foi contratado. Não é considerada transferência se não acarretar mudança de domicílio do empregado. Domicílio, aqui, deve ser entendido como residência. Direito do Trabalho - Contrato Individual de Trabalho Geraldo M. Batista Curriculum: www.geraldofadipa.comunidades.net 5 Há três correntes na doutrina a respeito do que não implica em mudança de residência do empregado: se for trabalhar em outra unidade do empregador na mesma cidade; se no mesmo município; se numa região metropolitana. Nesta situação, alteração do local de trabalho, encontra-se em conflito a necessidade do empregador de transferir o empregado versus a comodidade e conforto do empregado em se deslocar rapidamente e com conforto de sua residência ao local do trabalho e vice- versa. Podem ser transferidos unilateralmente os empregados que exerçam cargos de confiança e aqueles que tenham como condição implícita ou explícita a transferência quando esta decorra de real necessidade de serviço (ex.: um mestre de obras contratado para dirigir obras de uma construtora no interior do Estado ou mesmo no país afora). Transferência provisória. Em caso de necessidade provisória dos serviços do trabalhador a ser transferido, porque se for necessidade permanente, o empregador tem é de contratar outro empregado. O empregado tem o direito de uma compensação, um adicional de 25% dos salários de acréscimo. O que seria transferência provisória? Há divergência na doutrina, tendo alguns doutrinadores a opinião de que seria aquela com duração máxima de 06(seis) meses. Outros há que entendem que seria provisória aquela até o empregado adquira imóvel residencial no local de trabalho; e outra corrente defende que provisória é aquela transferência que não se estabilizou plenamente no contrato, ou seja, deve-se perquirir é pelas características da prestação de serviços no novo local de trabalho, se definitivas ou não. É lícita a transferência se houver extinção do estabelecimento onde o empregado trabalhe. As despesas acarretadas pela transferência, se determinada unilateralmente pelo empregador sempre serão custeadas por este, pois têm caráter indenizatório, inclusive aquelas em que não implicar em mudança de residência, se houver um acréscimo no custo do deslocamento do trabalhador de sua casa à empresa e vice-versa. Súmula 29 do TST. A propósito, atente-se que tudo que o empregado gasta para o trabalho (ferramentas, combustível se trabalho externo, etc.) é de responsabilidade do empregador como verbas indenizatórias, eis que ele é que se beneficia da atividade econômica, e, por outro lado, não se incorpora ao contrato de trabalho. Já tudo que o empregador paga ao empregado pelo trabalho tem caráter salarial, e, portanto, incorpora-se ao contrato de trabalho. Assim, por exemplo, se o empregador fornece um carro a um empregado para este usar em sua vida privada, este benefício tem caráter salarial; porém, se o carro foi fornecido para que este possa trabalhar como viajante, por exemplo, está utilidade não tem caráter salarial.
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