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Carla Bertelli – 3° Período Malária Problema 19 Definição A malária é uma doença infecciosa febril aguda. Pode ser causada por quatro protozoários do gênero Plasmodium: Plasmodium vivax, P. falciparum, P. malariae e P. ovale. No Brasil, somente os três primeiros estão presentes, sendo o P. vivax e o P. falciparum as espécies predominantes. Transmitido pela picada de mosquitos do gênero Anopheles (anofelinos ou mosquito prego, popularmente) infectados com o Plasmodium. Doença febril aguda causada por protozoário do gênero plasmodium – a doença é causada pela picada da fêmea do mosquito gênero Anopheles Pigmento Malárico Também denominado hemozoína, resulta da degradação da hemoglobina ingerida pelos parasitos da malária (PLASMODIUM) durante o seu ciclo de vida assexuado nas hemácias. O pigmento malárico é um sub-produto do metabolismo do parasita, é liberado na corrente sanguínea após a lise eritrocítica e é ingerido pelos fagócitos, onde persiste por longos períodos. Vetor A malária é transmitida pelo mosquito da Família Culicidae e Gênero Anopheles. Estes, possuem metamorfose completa, ou seja, passam pelos estágios de ovo, larva, pupa e adulto. Os estágios de ovo, larva, pupa são aquáticos. Os adultos são terrestres. O mosquito necessita, para o seu desenvolvimento, de criadoros de porte pequeno a médio, água limpa, fria e corrente com sombra Os ovos são elípticos. Cada fêmea põe 50- 500 ovos individualmente. As pupas têm formato de vírgula e constituem o estágio de transição para a forma adulta. Quando adultos, as fêmeas são hematófagas e precisam do repasto sanguíneo completo para o amadurecimento dos ovos. Carla Bertelli – 3° Período Parasito A malária é causada pelo protozoário da classe Aconoidasida, Família Plasmodiidae e Gênero Plasmodium. Existem cinco espécies de Plasmodium causadoras da doença em humanos: Ciclo de Vida O Plasmodium apresenta um ciclo de vida heteroxênico, ou seja, para completar o seu ciclo de vida precisa de dois hospedeiros diferentes: um vertebrado e outro invertebrado. CICLO BIOLÓGICO DO PARASITO NO HOMEM O ciclo assexuado do plasmódio, denominado esquizogônico, inicia-se após a picada do anofelino, com a inoculação de esporozoítos infectantes no homem. A seguir, os esporozoítos circulam na corrente sanguínea durante alguns minutos e rapidamente penetram nas células do fígado (hepatócitos), dando início ao ciclo pré- eritrocítico ou esquizogonia tecidual. A duração varia de acordo com a espécie: • P. falciparum = 6 dias • P. vivax = 8 dias • P. malariae = 12 a 15 dias • P. vivax e P. ovale = desenvolvimento lento de alguns dos seus esporozoítos, formando os hipnozoítos (formas latentes). Ao final do ciclo tecidual, os esquizontes rompem o hepatócito, liberando milhares de elementos-filhos na corrente sanguínea, chamados merozoítos. Cada espécie vai liberar, também, uma quantidade diferente de merozoítos: • P. falciparum = 40.000 • P. vivax = 10.000 • P. malariae = 2.000 Os merozoítos irão invadir as hemácias, dando início ao segundo ciclo de reprodução assexuada dos plasmódios: o ciclo sanguíneo ou eritrocítico. Durante um período que varia de 48 a 72 horas, o parasito se desenvolve no interior da hemácia até provocar a sua ruptura, liberando novos merozoítos que irão invadir novas hemácias. Inicialmente, no ciclo sanguíneo, o parasito sofre uma série de transformações morfológicas – sem divisão celular – até chegar a fase de esquizonte, quando se divide e origina novos merozoítos que serão lançados na corrente sanguínea, após a ruptura do eritrócito. Carla Bertelli – 3° Período CICLO BIOLÓGICO DO PARASITO NO MOSQUITO A reprodução sexuada (esporogônica) do parasito da malária ocorre no estômago do mosquito, após a diferenciação dos gametócitos em gametas e a sua fusão, com formação do ovo (zigoto). Este se transforma em uma forma móvel (oocineto) que migra até a parede do intestino médio do inseto, formando o oocisto, no interior do qual se desenvolverão os esporozoítos. O tempo requerido para que se complete o ciclo esporogônico nos insetos varia com a espécie de Plasmodium e com a temperatura, situando-se geralmente em torno de 10 a 12 dias. Os esporozoítos produzidos nos oocistos são liberados na hemolinfa do inseto e migram até as glândulas salivares, de onde são transferidos para o sangue do hospedeiro humano durante o repasto sanguíneo. ESQUEMA - CICLO DE VIDA DO PLASMÓDIO Homem com gametócitos no sangue -> Gametócitos ingeridos pelo anofelino -> gametócitos amadurecem no estômago do mosquito = macrogametas -> fecundação -> formação do ovo ou zigoto -> ovo móvel ou oocineto -> encistamento do ovo -> formação de esporozoitos dentro do oocisto -> rompimento do oocisto levando a liberação de milhares de esporozoitos nas glândulas salivares do mosquito -> inoculação em hospedeiro pela picada do anofelino -> esporozoitos atingem os hepatócitos -> hepatócitos crescem e formam milhares de merozoitos -> rompimento do hepatócito com liberação dos merozóitos -> Merozopitos penetram hemácias formamando trofozoítos jovens -> Trofozopito ameboide -> Esquizonte -> Rosácea -> Rompimento da rosácea liberando merozoítos, que invadem novas hemácias* -> Formação de gametócitos para infectar outro mosquito A ruptura e consequente liberação de parasitos na corrente sanguínea é o paroxismo malárico, ou seja, irá se repetir com o término do novo ciclo. Fisiopatologia O ciclo evolutivo do plasmódio é complexo. Como os mosquitos se alimentam de sangue humano, os esporozoíto introduzidos pela saliva e em poucos minutos infectam as células hepáticas. Nas células hepáticas os parasitas se multiplicam rapidamente para formar um esquizonte contendo milhares de merozoítos. Após um período de dias a várias semanas, que varia de acordo com a espécie de Plasmodium, os hepatócitos infectados liberam os merozoítos, que rapidamente infectam os eritrócitos. Os parasitas intraeritrocitários podem continuar a reprodução assexuada para produzir mais merozoítos ou dar origem a gametócitos capazes de infectar o próximo mosquito faminto. Durante sua reprodução assexuada nos eritrócitos, cada uma das quatro formas da malária se desenvolve em trofozoítos com aparência distinta. Assim, a espécie de malária que é responsável pela infecção pode ser identificada em esfregaços espessos de sangue periférico apropriadamente corados. A fase sexual é completada quando o trofozoíto origina novos merozoítos, que são liberados através da lise das células. Carla Bertelli – 3° Período As características clínicas e anatômicas específicas da malária se relacionam aos seguintes fatores: • “Chuvas” de novos merozoítos são liberadas dos eritrócitos em intervalos de aproximadamente 48 horas para P. vivax, P. ovale e P. falciparum e 72 horas para o P. malariae. Os episódios de tremores, calafrios e febre coincidem com essa liberação • Os parasitas destroem grande número de eritrócitos, causando desse modo anemia hemolítica. • Um pigmento marrom derivado da hemoglobina e característico da malária é chamado de hematina, liberado pela ruptura dos eritrócitos e responsável pela coloração do baço, fígado, linfonodos e medula óssea. • A ativação de mecanismos de defesa do hospedeiro leva ao desenvolvimento de marcante hiperplasia de fagócitos mononucleares, produzindo esplenomegalia maciça e hepatomegalia ocasional Malária falcípara fatal Geralmente atinge o cérebro, uma complicação conhecida como malária cerebral. Normalmente, os eritrócitos apresentam suas superfícies negativamente carregadas que interagem fracamentecom as células endoteliais. A infecção dos eritrócitos por P. falciparum leva ao aparecimento de pontos superficiais positivamente carregados contendo proteínas codificadas pelo parasita, que se ligam a moléculas de adesão expressas no endotélio ativado. Várias moléculas de adesão das células endoteliais, incluindo a molécula de adesão intercelular 1 (ICAM-1), foram indicadas na mediação dessa interação, que conduz ao aprisionamento dos eritrócitos nas vênulas pós capilares. Em uma infeliz minoria de pacientes, principalmente crianças, esse processo envolve os vasos cerebrais, que se tornam ingurgitados e obstruídos. A malária cerebral progride rapidamente; convulsões, coma e morte geralmente ocorrem em um período de dias a semanas. Felizmente, a malária falcípara geralmente apresenta evolução crônica, que pode ser pontuada a qualquer momento pela febre blackwater. O gatilho dessa rara complicação ainda permanece obscuro, encontrando-se associado à hemólise intravascular maciça, hemoglobinemia, hemoglobinúria e icterícia O prognóstico para os pacientes com a maioria das formas da malária é favorável com tratamento quimioterápico adequado; contudo, o tratamento da malária falcípara está se tornando mais difícil com a emergência de cepas resistentes às drogas. Devido às consequências potencialmente sérias da doença, o diagnóstico e o tratamento precoce são importantes. A solução definitiva está no desenvolvimento de uma vacina efetiva, perseguida por muito tempo, mas ainda ilusória. MANIFESTAÇÕES CLINICAS O quadro clínico da malária pode ser leve, moderado ou grave, na dependência da espécie do parasito, da quantidade de parasitos circulantes, do tempo de doença e do nível de imunidade adquirida pelo paciente. Assim, teremos sintomas da malária gerais com diferenciações que podem determinar as variações na evolução clínica da doença, por exemplo, o P. falciparum pode resultar em forma grave e complicada, caracterizada pelo acometimento e disfunção de vários órgãos ou sistemas. QUADRO CLÍNICO GERAL Presença da clássica tríade febre, calafrio e dor de cabeça. Sintomas gerais, como mal- estar, dor muscular, sudorese, náusea e Carla Bertelli – 3° Período tontura, podem preceder ou acompanhar a tríade sintomática. Forma clínica não complicada: período de incubação varia de 7-14 dias. Porém em P. viviax e P. malarie pode chegar a meses. Caracterizado pelos sintomas gerais com duração de 6-12 horas. Após os primeiros paroxismos, a febre pode passar a ser intermitente. Forma clínica grave e complicada: Apresenta mais sintomas: prostração, alteração da consciência, dispneia ou hiperventilação, convulsões, hipotensão arterial ou choque, edema pulmonar, hemorragias, icterícia, hemoglobinúria, hiperpirexia (>41oc) e oligúria. Exames laboratoriais podem detectar uma: anemia grave, hipoglicemia, acidose metabólica, insuficiência renal, hiperlactatemia e hiperparasitemia. A presença de mais de um desses critérios determina a forma grave e indica internação hospitalar. Fatores que determinam a suscetibilidade a forma grave: Diagnóstico Gota espessa: Baseia-se no encontro de parasitos no sangue. Permite diferenciação das espécies de Plasmodium e do estágio de evolução do parasito circulante. Pode-se ainda calcular a densidade da parasitemia em relação aos campos microscópicos examinados: Testes rápidos imunocromatográficos: Baseiam-se na detecção de antígenos dos parasitos por anticorpos monoclonais, que são revelados por método imunocromatográfico. São realizados em 15- 20 minutos. A reação é revelada macroscopicamente em fita de nitrocelulose, demonstrada abaixo. Assim, os antígenos irão se combinar com os anticorpos, formando uma banda em região específica. Cada banda contém o anticorpo de cada espécie e existe ao fim uma banda controle, que deve sempre corar. Entre suas desvantagens estão: • Não distinguem P. vivax, P. malariae e P. ovale; • Não medem o nível de parasitemia; • Não detectam infecções mistas que incluem o P. falciparum • Além disso, seus custos são ainda mais elevados que o da gota espessa e pode apresentar perda de qualidade quando armazenado por muitos meses em condições de campo. Carla Bertelli – 3° Período Protozoário no Fígado Ao picar o indivíduo, os mosquitos introduzem na corrente sanguínea junto com a saliva os esporozoítos, alguns são fagocitados e outros penetram nos hepatócitos, onde vão se multiplicar (esquizogonia), dando origem aos esquizontes teciduais hepáticos. Manifestações Clínicas e Formas Quadro Geral – Presença da classe tríade febre, calafrio e dor de cabeça. Sintomas gerais como mal-estar, dor muscular, sudorese, náusea e tontura, podem preceder ou acompanhar a tríade sintomática. Forma Clínica Não Complicada Período de incubação varia de 7-14 dias.Porém em P.viviax e P. malarie pode chegar a meses. Caracterizado pelos sintomas gerais com duração de 6-12 horas. Após os primeiros paroxismos, a febre pode passar a ser intermitente.
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