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Resumo do Módulo de Oncologia - Câncer de Mama e Câncer de Ovário

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N I C O L E M A L H E I R O S - M E D I C I N A 
N I C O L E M A L H E I R O S - M E D I C I N A 
 
1 Nicole Malheiros – Medicina FUNORTE 2022.1 
PROBLEMA 01 - FECHAMENTO 01 
OBJETIVOS: 
1- CARACTERIZAR O CANCER DE MAMA: EPIDEMIOLOGIA, FATORES DE RISCO, MANIFEST. CLÍNICAS, TIPOS 
PRINCIPAIS, MODALIDADES DO TRATAMENTO, ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAIS E PROGNÓSTICO 
2- DISCUTIR AS ESTRATÉGIAS DE RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO 
3- DESCREVER A CLASSIFICAÇÃO DE BIRADS PARA MAMOGRAFIA E USG DE MAMA 
4- ANALISAR O CÂNCER DE OVÁRIO (FOCAR EM CA EPITELIAL): EPIDEMIOLOGIA, FATORES DE RISCO, 
DIANGNÓSTICO, MANISFESTAÇÕES CLÍNICAS, EXAME FÍSICO, ESTADIAMENTO E OPÇÕES DE TRATAMENTO. 
 
1- CARACTERIZAR O CÂNCER DE MAMA 
 
Pode ser definido como uma proliferação de células epiteliais malignas que revestem os ductos ou lóbulos da mama. As neoplasias 
epiteliais da mama são a causa mais comum de câncer em mulheres (excluindo o câncer de pele), sendo responsáveis por cerca de 
um terço de todas as neoplasias em mulheres. 
O câncer de mama é uma doença dependente de 
hormônios. As mulheres sem ovários funcionais, que nunca 
receberam terapia de reposição estrogênica, não desenvolvem 
câncer de mama. A proporção da doença entre mulheres e homens é 
de cerca de 150:1. 
As três datas na vida de uma mulher que exercem maior impacto 
sobre a incidência de câncer de mama são: a idade em que ocorre a 
menarca, a primeira gestação a termo e a menopausa. 
O papel da dieta na etiologia do câncer de mama é controverso. 
Embora exista uma associação entre a ingestão total de calorias e de 
gorduras e o risco de câncer de mama, o exato papel das gorduras na 
dieta ainda não foi comprovado. Uma ingestão calórica elevada contribui para o risco de câncer de mama de múltiplas formas: 
menarca precoce, idade mais avançada da menopausa e aumento das concentrações de estrogênio na pós-menopausa, refletindo 
elevação da atividade de aromatase nos tecidos adiposos. A obesidade central constitui um fator de risco tanto para a ocorrência 
quanto para a recorrência do câncer de mama. Uma ingestão moderada de álcool também eleva o risco por um mecanismo ainda 
desconhecido. 
A terapia de reposição hormonal (TRH) possui um efeito poderoso sobre o risco de câncer de mama. A utilização combinada de 
estrogênios equinos conjugados e progestágenos aumenta o risco de câncer de mama e de eventos cardiovasculares adversos, porém 
diminui o risco de fraturas ósseas e de câncer colorretal. No geral, houve mais eventos negativos com a TRH; 6 a 7 anos de TRH quase 
duplicam o risco de câncer de mama. 
A maioria dos cânceres de mama é constituída por tumores epiteliais que se desenvolvem das células do interior dos ductos e lóbulos; 
menos comuns são os cânceres não epiteliais das células de suporte do estroma (p. ex., angiossarcoma, sarcomas primários do 
estroma, tumor filoide). 
O câncer de mama é dividido em carcinoma in situ e câncer invasivo. 
Figura 1. ANATOMIA DAS MAMAS 
 
2 Nicole Malheiros – Medicina FUNORTE 2022.1 
Carcinoma in situ é a proliferação das células neoplásicas dentro dos ductos e lóbulos e sem a invasão do tecido estromal. Há 2 tipos: 
 Carcinoma ductal in situ (LCIS): cerca de 85% dos carcinomas in situ são desse tipo. LCIS é geralmente detectado apenas por 
mamografia. Pode envolver uma área pequena ou extensa da mama; se houver uma área extensa, focos invasivos 
microscópicos podem se desenvolver ao longo do tempo. 
 Carcinoma lobular in situ (CLIS) muitas vezes é multifocal e bilateral. Existem 2 tipos: clássico e pleomórfico. CLIS clássico 
não é maligno, mas aumenta o risco de desenvolver carcinoma invasivo em qualquer mama. Essa lesão palpável geralmente 
é detectada por biópsia; raramente é visualizado em mamografia. CLIS pleomórfico tem um comportamento que se parece 
mais parecido com CDIS; ele deve ser excisado para margens negativas. 
O carcinoma invasivo é originariamente um adenocarcinoma. Cerca de 80% são do tipo ductal infiltrativo; a maior parte dos tumores 
restantes é do tipo lobular infiltrativo. Formas histológicas raras incluem carcinomas medulares, metaplásicos, mucinosos e tubulares. 
Carcinoma mucinoso tende a desenvolver em mulheres mais velhas e ser de crescimento lento. Mulheres com esses tipos raros de 
câncer de mama têm um prognóstico muito melhor do que as mulheres com outros cânceres de mama invasivos. 
Câncer de mama inflamatório é câncer de crescimento rápido, muitas vezes fatal. As células neoplásicas bloqueiam os vasos linfáticos 
na pele da mama; como resultado, a mama parece inflamada, e a pele parece mais espessa, semelhante à casca de laranja (peau 
d'orange). Geralmente, o câncer de mama inflamatório se espalha para os gânglios linfáticos na axila. Os linfonodos se parecem com 
nódulos duros. No entanto, muitas vezes nenhuma massa é sentida na própria mama porque esse tipo de câncer é disperso por toda 
a mama. 
A Doença de Paget Mamária (não confundir com a doença óssea metabólica, também chamada de doença de Paget) é a forma do 
CDIS que se estende sobre a pele do mamilo e da aréola, manifestando-se como uma lesão da pele (p. ex., lesão eczematosa ou 
psoriafórmica). As células malignas características, chamadas de células de Paget, estão presentes na epiderme. Mulheres com doença 
de Paget do mamilo muitas vezes têm câncer subjacente invasivo ou in situ. 
 Idade: o fator de risco mais forte para o câncer da mama é a idade. A maioria dos cânceres de mama ocorre em mulheres > 50. 
 História familiar: ter parentes em 1º grau (mãe, irmã, filha) com câncer de mama dobra ou triplica o risco de desenvolver câncer, 
mas a história em parentes mais distantes aumenta o risco apenas levemente. Quando ≥ 2 parentes em 1º grau desenvolvem 
câncer de mama, o risco pode ser 5 a 6 vezes mais elevado. 
 Mutação no gene do câncer de mama: cerca de 5 a 10% das mulheres com câncer de mama são portadoras de uma mutação em 
um dos 2 genes do câncer de mama conhecidos, BRCA1 e BRCA2. Mulheres sem história familiar de câncer de mama em pelo 
menos 2 parentes de 1º grau têm escassa probabilidade de serem portadoras dessa mutação no gene e, portanto, não precisam 
de triagem para mutações em BRCA1 e BRCA2. Homens portadores da mutação no BRCA2 também apresentam maior risco de 
desenvolver. Mulheres com mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 devem realizar acompanhamento rigoroso ou medidas 
preventivas, como o uso de tamoxifeno ou raloxifeno, ou realizar mastectomia bilateral profilática. 
 História pessoal: câncer de mama invasivo in situ prévio aumenta o risco. O risco de desenvolver câncer na mama contralateral 
após mastectomia é cerca de 0,5 a 1% por ano durante o acompanhamento. 
 História ginecológica: menarca precoce, menopausa tardia ou primeira gestação tardia aumentam o risco. Mulheres que 
engravidaram pela primeira vez após os 30 anos de idade apresentam maior risco que as nulíparas. 
 Alterações mamárias: As lesões benignas que podem aumentar levemente o risco de desenvolver câncer de mama invasivo 
incluem fibroadenoma complexo, hiperplasia moderada ou florida (sem atipias), adenose esclerosante e papiloma. A hiperplasia 
ductal ou lobular atípica aumenta o risco de câncer de mama em 4 a 5 vezes; o risco aumenta para 10 vezes em pacientes que 
também tenham história familiar de câncer de mama invasivo em parentes em 1º grau. A densidade mamária aumentada, 
identificada na mamografia, está associada a risco maior de câncer de mama. 
 Carcinoma lobular in situ (LCIS): LCIS prévio aumenta o risco de desenvolver carcinoma invasivo em qualquer mama em cerca de 
25 vezes; o carcinoma invasivo desenvolve-se em cerca de 1 a 2% das pacientes com LCIS anualmente. 
 Uso de contraceptivos orais: aumenta muito pouco o risco (em cerca de 5 casos a mais a cada 100.000 mulheres). O risco 
aumenta principalmente durante os anos de uso de contraceptivos e diminui durante os 10 anos subsequentes à interrupção do 
fármaco. Hormonioterapia: na pós-menopausa (estrogênios com progesterona) parece aumentar moderadamente o risco somente após 
3 anos de uso. Após 5 anos de uso, o risco aumenta em cerca de 7 a 8 casos por 10.000 mulheres por ano de uso (aumento de 
https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/ginecologia-e-obstetr%C3%ADcia/menopausa/menopausa#v25242237_pt
 
3 Nicole Malheiros – Medicina FUNORTE 2022.1 
cerca de 24% no risco relativo). O uso de estrogênios isolados não parece aumentar o risco de câncer de mama (como informado 
em Women's Health Initiative). Os moduladores seletivos de receptores de estrogênios (p. ex., raloxifeno) podem reduzir o risco 
de desenvolver câncer de mama. 
 Radioterapia: A exposição à radioterapia antes dos 30 anos de idade aumenta o risco. A irradiação de campos estendidos para 
tratar linfoma de Hodgkin aumenta em cerca de quatro vezes o risco de câncer de mama durante os 20 a 30 anos subsequentes. 
 Dieta: A dieta pode desempenhar papel relevante na causa ou promoção do crescimento do câncer de mama, mas ainda faltam 
evidências conclusivas sobre o efeito de uma dieta específica (p. ex., rica em gorduras). As mulheres na pós-menopausa e obesas 
apresentam risco maior, mas não há evidências de que modificações na dieta diminuam o risco. Para as mulheres obesas que 
ainda menstruam, o risco pode ser menor. 
 Fatores de estilo de vida: fumo e álcool podem contribuir para maior risco de câncer de mama. Mulheres são aconselhadas a 
parar de fumar e reduzir o consumo de álcool. Em estudos epidemiológicos, a ingestão de álcool está associada a maior risco de 
câncer de mama; no entanto, é difícil estabelecer a causalidade. A American Cancer Society recomenda não mais que uma dose 
de bebida alcoólica por dia para mulheres. 
 
 
Muitos cânceres de mama são descobertos como uma massa detectada pela paciente ou durante um exame físico de rotina ou uma 
mamografia. Com menos frequência, o sintoma apresentado é dor ou aumento ou espessamento não definido das mamas. 
A doença de Paget mamária apresenta alterações cutâneas, incluindo eritema, crostas, descamação e secreção; esses sintomas 
geralmente parecem tão benignos que a paciente os ignora, atrasando o diagnóstico por um ano ou mais. Cerca de 50% das pacientes 
com doença de Paget do mamilo têm uma massa palpável na apresentação. 
Algumas pacientes com câncer de mama apresentam sinais de doença metastática (p. ex., fratura patológica, disfunção pulmonar). 
Um achado comum durante o exame físico é uma massa dominante ou assimétrica — uma massa distinta do resto do tecido mamário. 
Alterações fibróticas difusas em um quadrante da mama, geralmente no quadrante superior externo, são mais características de 
distúrbios benignos; espessamento um pouco mais firme em apenas uma mama 
pode ser sinal de câncer. 
Cânceres de mama mais avançados são caracterizados por um ou mais dos seguintes: 
 Aderência da massa à parede torácica ou pele sobrejacente 
 Nódulos ou úlceras satélites na pele 
 Amplificacão das marcas comuns da pele resultantes de edema cutâneo 
causado por invasão dos vasos linfáticos dérmicos (a assim chamada peau 
d’orange — casca de laranja) 
Linfonodos axilares densos ou fixos sugerem que o tumor já se espalhou, assim como 
linfadenopatia supraclavicular ou infraclavicular. 
Figura 2. Eritema difuso, edema e inversão do mamilo 
na mama esquerda, num câncer inflamatório 
 
4 Nicole Malheiros – Medicina FUNORTE 2022.1 
 
Figura 2: Aspecto em casca de laranja, presente em cânceres avançados ou inflamatórios/ Figura 3: Doença de Paget do mamilo, o carcinoma 
ductal in situ estende-se sobre o mamilo e a aréola e causa descamação, prurido e dor em queimação no mamilo acometido/ Figura 4: Massa 
mamária 
Para a maioria dos cânceres de mama, o tratamento envolve cirurgia, radioterapia e terapia sistêmica. A escolha 
do tratamento depende das características do tumor e da paciente. As recomendações para a cirurgia estão evoluindo e incluem o 
encaminhamento precoce a um cirurgião plástico ou de reconstrução para cirurgia oncoplástica (que combina a remoção do câncer 
com a reconstrução da mama). 
 
 
 Mastectomia Radical: inclui a retirada total da mama, dos dois músculos peitorais e de todos os linfonodos axilares. Sua indicação 
é rara, restringindo-se nos dias atuais a tumores volumosos e/ou profundos englobando o músculo peitoral maior. 
 
 Mastectomia Preservadora de Pele: As principais indicações desse procedimento são tumores T1-2, carcinomas 
multicêntricos/multifocais e carcinomas ductais in situ extensos. Evidentemente, estão excluídos dessa forma de tratamento 
tumores com extensão clinicamente detectável à pele e tumores com exames de imagem mostrando distância do tumor – pele 
menor do que 2 cm. A reconstrução mamária imediata, seja por implantes, ou por tecido autólogo, é tempo obrigatório nesse 
tipo de cirurgia. 
 
 Adenectomia Mamária: A retirada do corpo glandular mamário, com preservação de pele, aréola e papila. Essa técnica é uma 
interessante alternativa para tumores multicêntricos/multifocais pequenos, não compatíveis com cirurgias conservadoras, com 
distância do tumor até o complexo aréolo-papilar, avaliada em pelo menos 2 cm pelos métodos clínicos de imagem, (mamografia, 
ultrassonografia e ressonância magnética). Pode ser usada também após QT neoadjuvante com redução da massa tumoral. 
 
 Cirurgia Conservadora: para carcinomas de mamas medindo até 2 a 3 cm, a cirurgia conservadora, que preconiza a retirada 
parcial da mama seguida de RT e dissecção axilar completa, fornece os mesmos resultados oncológicos, comparativamente à 
 
5 Nicole Malheiros – Medicina FUNORTE 2022.1 
mastectomia. O principal problema encontrado nas pacientes submetidas à ressecção segmentar da mama é recidiva local (RL) 
em 5 a 10% dos casos, que traz, além de grave prejuízo emocional, repercussão negativa no próprio prognóstico oncológico. 
A preocupação com a possibilidade de minimizar o risco de RL após ressecção segmentar da mama, justifica a avaliação 
intraoperatória das margens cirúrgicas (AIMC) no tratamento conservador do câncer de mama, que resulta em modificação da 
execução (ampliação de margens) em cerca de 40% das vezes. Os resultados estéticos consignados são quase sempre muito bons, 
principalmente quando são associados princípios e manobras de cirurgia oncoplástica, que incluem a simetrização da mama 
contralateral. 
 
 Dissecação Linfonodal Regional/Dissecação de Linfonodos axilares (DLA): a excisão de linfonodos acometidos reduz a chance 
de recorrência axilar, evita RT nessa via de drenagem e fornece parâmetros para a orientação terapêutica. No entanto, a retirada 
total dos linfonodos dos três níveis axilares tem se mostrado excessiva na maioria dos casos e até iatrogênica. 
 
 Biopsia do Linfonodo Sentinela (BLS): devido aos problemas relacionados a iatrogenia, surgiu a ideia da dissecção axilar seletiva 
radioguiada ou guiada pelo corante azul, baseada na biópsia do linfonodo sentinela. O Linfonodo Sentinela é por definição o 
primeiro linfonodo a receber a drenagem da mama onde está localizado o tumor. Sua identificação, biópsia e avaliação 
citopatológica, no momento da cirurgia, permitem definir a extensão da dissecção axilar, evitando assim, a retirada excessiva dos 
linfonodos axilares e consequentemente alguns efeitos adversos decorrentes dessa cirurgia. 
 
O comprometimento da drenagem linfática ocorre frequentemente após a remoção de linfonodos axilares (DLA ou BLS) ou 
radioterapia, resultando em aumento importante do membro decorrente do linfedema. A magnitude do efeito é mais ou menos 
proporcional ao número de nódulos removidos; assim, BLS causa menos linfedema do que DLA. 
Usar roupas de compressão e prevenção da infecção nos membros afetados (p. ex., usar luvas durante o trabalho de jardinagem) 
são importantes para evitar linfedemas. Evitar medição da pressão arterial ipsolaterale punção venosa às vezes também é 
recomendado, embora as evidências sejam mínimas. 
 
Se ocorrer linfedema, um terapeuta especialmente treinado deve tratá-lo. Técnicas especiais de massagem, aplicadas uma ou 
duas vezes ao dia, podem ajudar a drenar o líquido das áreas congestas em direção aos vasos linfáticos em funcionamento; deve-
se aplicar uma bandagem pouco elástica imediatamente após a drenagem linfática manual e a paciente deve realizar exercícios 
diários, conforme prescrito. Após a redução do linfedema, geralmente em 1 a 4 semanas, as pacientes devem continuar com os 
exercícios diários e a bandagem no membro afetado durante a noite, indefinidamente. 
 
 Tratamento Adjuvante: destruição da doença micrometastática oculta, provável responsável pela recorrência do câncer de 
mama entre as mulheres tratadas com cirurgia e/ou RT. A decisão do uso do tratamento deve levar em consideração o risco de 
recorrência da doença apenas com o tratamento local, a magnitude do benefício com a aplicação da terapia e a toxicidade do 
tratamento, incluindo as condições gerais da paciente. Diversos fatores prognósticos são capazes de predizer o risco de 
recorrência futura ou morte por câncer de mama, como: idade, comorbidades, tamanho do tumor, grau histológico, número de 
linfonodos axilares envolvidos, expressão de receptores hormonais e o status HER-2. A indicação do uso de tratamento adjuvante 
se baseia não no risco estimado de recidiva imposto por uma determinada condição clínica, mas em nossa capacidade de 
efetivamente impor uma redução significante desse risco. 
Há três modalidades de tratamento empregadas como terapia adjuvante no câncer de mama precoce, a saber: 
• tratamento endócrino como, por exemplo, tamoxifeno, inibidores de aromatase (IAs) ou supressão ovariana; 
• terapia anti-HER-2 como, por exemplo, trastuzumabe; 
• QT. 
 
 Tratamento Endócrino Adjuvante: o tratamento hormonal, ao prevenir que as células neoplásicas recebam estimulação dos 
estrógenos endógenos, é a pedra angular do tratamento adjuvante sistêmico, em função de seu benefício relativo (habitualmente 
maior que o da QT) e em função da proporção de pacientes candidatas a essa modalidade. Pacientes com CLIS são tratadas com 
tamoxifeno oral diário. Para mulheres na pós-menopausa, raloxifeno ou um inibidor da aromatase é uma alternativa. 
 Tamoxifeno: O tamoxifeno se liga de maneira competitiva aos receptores de estrogênio. O tamoxifeno adjuvante, por 
5 anos, reduz a probabilidade anual de morte em cerca de 25% em pacientes na pré e pós-menopausa, 
independentemente do comprometimento dos linfonodos axilares; o tratamento por 2 anos não é tão efetivo. Se 
houver tumores nos receptores de estrogênio, o tratamento para 10 anos parece prolongar a sobrevida e reduzir o risco 
de recorrência em comparação com 5 anos de tratamento. O tamoxifeno pode induzir ou exacerbar os sintomas da 
menopausa, mas reduz a incidência de câncer de mama contralateral e diminui o colesterol sérico. Ele aumenta a 
 
6 Nicole Malheiros – Medicina FUNORTE 2022.1 
densidade óssea em mulheres na pós-menopausa e pode reduzir o risco de fraturas e de doença cardíaca isquêmica. 
Entretanto, ele aumenta significativamente o risco de desenvolver câncer endometrial, sendo a incidência relatada de 
1% em mulheres na pós-menopausa após 5 anos de uso. Desse modo, caso essas pacientes apresentem sangramento 
de escape ou sangramento real, devem ser avaliadas para câncer endometrial. Apesar desses dados, a melhora na taxa 
de sobrevida de mulheres com câncer de mama supera o risco elevado de morte decorrente de câncer endometrial. O 
risco de tromboembolismo também é maior. 
 Inibidores da aromatase: esses fármacos (anastrozol, exemestano, letrozol) bloqueiam a produção periférica de 
estrogênio em mulheres na pós-menopausa. Recentemente se provaram mais efetivos que o tamoxifeno e estão se 
tornando o tratamento de escolha para câncer de mama inicial em mulheres na pós-menopausa com receptor positivo. 
O letrozol pode ser usado por mulheres na pós-menopausa que tenham completado o tratamento com tamoxifeno. O 
tempo de uso ideal dos inibidores da aromatase ainda não foi estabelecido. Um estudo recente mostrou que o 
prolongamento para 10 anos resultou em menor taxa de recorrência do câncer de mama e maior taxa de sobrevida livre 
de doença. Não houve alteração na sobrevida geral e uma taxa mais alta de fraturas e osteoporose em pacientes 
tratadas por um período de tempo prolongado. 
 O raloxifeno, também indicado para prevenção, não é indicado para o tratamento. 
 
 Hormonioterapia (HT) adjuvante na pré-menopausa: Aproximadamente 60% das mulheres pré-menopausadas com câncer de 
mama apresentam RE positivo. Na pré-menopausa, o mais largamente empregado é o tamoxifeno. Porém, supressão ovariana 
(SO) ou ablação ovariana (AO), sozinhas ou em combinação com tamoxifeno, também são estratégias efetivas no tratamento 
adjuvante de mulheres pré-menopausadas com câncer de mama RH positivo. Há vários métodos disponíveis de SO/AO, tais como 
ooforectomia cirúrgica, ablação ovariana induzida por RT ou supressão ovariana farmacológica, a qual é realizada pelos agonistas 
do LHRH (hormônio liberador do hormônio luteinizante). 
 
 Quimioterapia Adjuvante (QT): a QT adjuvante é recomendada para mulheres sem evidência de doença metastática com 
carcinoma ductal ou lobular invasivo, com linfonodos positivos ou T > 1 cm, devendo ser considerada em pacientes jovens (< 40 
anos) com T de 0,6cm a 1cm e com invasão angiolinfática, ou grau 3 ou HER-2 positivo. A grande dificuldade na escolha reside em 
pesar a magnitude do ganho absoluto à luz da toxicidade inerente a cada tratamento. 
 Tratamento Neoadjuvante: O tratamento sistêmico pré-operatório foi inicialmente 
empregado em pacientes portadoras de câncer de mama irressecável ao 
diagnóstico, na tentativa de tornar possível a realização de procedimento cirúrgico. 
Vem sendo rotineiramente incluída no tratamento multidisciplinar do câncer de 
mama localmente avançado (CMLA), inclusive em tumores ressecáveis, e inúmeros 
estudos clínicos realizados confirmaram sua eficácia e informação prognóstica. 
A QT neoadjuvante é considerada a modalidade padrão no tratamento dos casos 
não metastáticos de doença irressecável, câncer de mama inflamatório (CMI) e, mais 
recentemente, dos tumores localmente avançados operáveis, com objetivo de 
procurar permitir a realização de cirurgia conservadora. 
 
 Radioterapia: Indica-se radioterapia depois de mastectomia se qualquer um dos 
seguintes está presente: O tumor primário tem ≥ 5 cm ou os Nódulos axilares estão envolvidos. 
Nesses casos, a radioterapia após a mastectomia reduz consideravelmente a incidência de recorrência local na parede torácica e 
nos linfonodos regionais e melhora a taxa geral de sobrevida. Os efeitos adversos da radioterapia (p. ex., fadiga, alterações 
cutâneas) são geralmente transitórios e leves. Efeitos adversos tardios (p. ex., linfedema, plexopatia braquial, pneumonite 
radioativa, dano à coluna, câncer secundário, toxicidade cardíaca) são menos comuns. 
Para melhorar a radioterapia, pesquisadores estão estudando vários novos procedimentos. Muitos desses procedimentos visam 
direcionar mais precisamente a radiação para o câncer e evitar no restante da mama os efeitos da radiação. 
 
 Mastectomia Profilática Contralateral: uma opção para algumas mulheres com câncer de mama (p. ex., aquelas com mutação 
genética que confere um alto risco de câncer de mama). 
Em mulheres com carcinoma lobular in situ em uma das mamas, é igualmente provável que o câncer invasivo se desenvolva nas 
duas mamas. Portanto, a única maneira de eliminar o risco de câncer de mama para essas mulheres é a mastectomia bilateral. 
 
7 Nicole Malheiros – Medicina FUNORTE 2022.1 
As vantagens da mastectomia profilática contralateral são: Menor risco de câncer de mama contralateral (especialmenteem 
mulheres com história familiar de câncer de mama ou de ovário); Melhora na sobrevida em pacientes com câncer de mama com 
uma mutação genética herdada (p. ex., mutação BRCA1 ou BRCA2) e, possivelmente, em mulheres diagnosticadas antes dos 50 
anos de idade; Diminuição da ansiedade em algumas pacientes; Diminuição da necessidade de exames de imagem de 
acompanhamento incômodos; 
As desvantagens da mastectomia profilática contralateral são: Um aumento quase duas vezes maior nas taxas de complicações 
cirúrgicas; A mastectomia profilática contralateral não é mandatória, mesmo para pacientes com maior risco de desenvolver 
câncer na mama contralateral. Vigilância rigorosa é uma alternativa razoável. 
 
 Procedimentos Reconstrutivos: pode ser feita durante a mastectomia inicial 
ou cirurgia conservadora da mama ou mais tarde como um procedimento 
separado. O momento da cirurgia depende da preferência da paciente, bem 
como da necessidade de uma terapia adjuvante, como radioterapia. No 
entanto, fazer radioterapia primeiro limita os tipos de cirurgia reconstrutiva 
que podem ser realizados. Portanto, recomenda-se consultar um cirurgião 
plástico no início do planejamento do tratamento. 
- Reconstrução protética: colocação de um implante de silicone ou salino, às 
vezes depois que um expansor de tecido é usado; 
- Reconstrução autóloga: transferência de retalho muscular (utilizando o 
latíssimo do dorso), glúteo máximo ou reto abdominal inferior. 
As vantagens da reconstrução da mama incluem melhoria da saúde mental em 
pacientes que têm mastectomia. As desvantagens incluem complicações 
cirúrgicas e possíveis efeitos adversos a longo prazo dos implantes. 
Também deve-se considerar consulta inicial com um cirurgião plástico quando 
a tumorectomia é realizada. As melhores candidatas à cirurgia oncoplástica 
(que combina remoção do câncer com reconstrução da mama) são pacientes 
com mamas ptóticas (flácidas). Mastopexia contralateral pode melhorar a 
simetria. 
 
O prognóstico a longo prazo depende do estágio do tumor. 
O estado linfonodal (incluindo número e localização dos linfonodos) é o mais importante. A cada linfonodo comprometido estima um 
aumento de 6% no risco de recorrência. Além disso, pacientes sem linfonodos comprometidos apresentam chances muito menores 
de recorrência, em comparação, mulheres que apresentam comprometimento apresentam 70% chance de recorrência em 10 anos. 
O prognóstico de sobrevida de 5 anos está relacionado ao estágio do câncer: 
 Localizado (confinado ao local primário): 98,8% 
 Regional (confinado aos linfonodos regionais): 85,5% 
 Distante (com metástase): 27,4% 
 Desconhecido: 54.5% 
Prognóstico pior está associado aos outros fatores a seguir: 
 Idade precoce: pacientes com diagnóstico entre os 20 e 40 anos possuem prognóstico reservado do que aquelas com 
diagnóstico em idade mais avançada. 
 Tumor primário maior: tumores maiores têm chance maior de terem linfonodos positivos, além de prognóstico reservado 
independente do acometimento linfonodal. 
 Graduação maior: pacientes com tumores pouco diferenciados têm prognóstico reservado. 
Figura 3. Reconstrução da mama usando o procedimento 
com retalho do músculo transverso reto do abdome 
 
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 Ausência de receptores de estrogênio e progesterona: pacientes com tumores RE+ têm prognóstico um pouco melhor e 
maior probabilidade de se beneficiarem com a hormonioterapia. Pacientes com receptores de progesterona no tumor 
podem ter prognóstico melhor. Pacientes com receptores para estrogênio e progesterona no tumor podem ter melhor 
prognóstico que aquelas com apenas um receptor, mas esse benefício ainda não está claro. 
 Presença da proteína HER2: quando o gene HER2 [HER2/neu (erb-b2)] se encontra amplificado, ocorre a superexpressão de 
HER2, aumentando o crescimento e a reprodução celular e geralmente resultando em células tumorais mais agressivas. A 
superexpressão de HER2 é um fator de risco independente, mas pode estar associada a grau histológico alto, a tumores RE—
, a maior proliferação e a um tamanho maior do tumor, sendo todos estes fatores de prognóstico reservado. 
 Presença de mutações nos genes BRCA: em qualquer estádio, as pacientes com a mutação no gene BRCA1 parecem 
apresentar prognóstico pior do que aquelas com tumores esporádicos, talvez porque tenham uma proporção maior de 
cânceres de alto grau e receptor de hormônio negativo. As pacientes com a mutação no gene BRCA2 provavelmente 
apresentam o mesmo prognóstico do que aquelas sem a mutação se o tumor têm características similares. Em pacientes 
com ambas as mutações nos genes, o risco de um 2º câncer no tecido mamário remanescente é maior (talvez de até 40%). 
a vivência do câncer de mama pode gerar altos níveis de estresse patológico, acarretando num 
impacto significativo em outros aspectos da saúde da mulher, seja nos âmbitos físicos, psicológicos, seja nos sociais. Devido ao 
estresse crônico, evidenciou-se um maior risco ao sobrepeso e obesidade, bem como o estresse acarretou impacto sobre a 
imunovigilância destas pacientes. 
O diagnóstico gera surpresa e tensão ante o desconhecido, além de sentimentos de negação e tristeza, entretanto em muitos casos, 
estes são acompanhados de uma aceitação e do uso da religiosidade e/ou espiritualidade, que possuem um valor precioso para lidar 
com a vivência do câncer e com as alterações, em especial as emocionais, posteriores à descoberta do diagnóstico neoplásico. A 
utilização da crença em algo maior e mais poderoso, atrelado ao reconhecimento dos papéis existenciais da paciente enquanto 
mulher, mãe e esposa, acaba motivando essas mulheres a enfrentarem o processo contra o adoecimento. 
Processos grupais também promovem um ambiente de compartilhamento de emoções, auxiliam no manejo do sofrimento, 
promovem psicoeducação e o enfrentamento do câncer de mama. O apoio ou suporte social, seja informacional seja emocional, 
parecem atuar como fator protetivo ao processo de coping no tratamento e em casos de mastectomias. 
Alterações associadas à qualidade de vida, de sono, sintomas ansiosos e depressivos, estão significativamente alterados em pacientes 
que vivenciam o processo de adoecimento por câncer de mama e podem colaborar para um agravamento do quadro clínico em 
questão. Importante destacar que os sintomas físicos, como desconfortos, náuseas e nictúria, parecem ter impacto e gerar má 
qualidade de sono, o que, por sua vez, afeta a qualidade de vida e o bem-estar psicológico das pacientes estudadas. 
Há também um impacto negativo relacionado ao tratamento quimioterápico para o câncer de mama, em especial em dimensões 
como imagem corporal, no sentido de uma alta insatisfação com a sexualidade, expressa em um sentimento de inapetência. Agrava-
se com crenças de não-desejabilidade pelos parceiros, somando-se à dor, em razão do surgimento e do aumento de desconfortos 
físicos como náuseas e vômitos, além dos impactos sociais. 
A mulher com câncer de mama necessita de cuidados físicos e psicológicos permanentes. O tratamento, quando acaba, pode deixar 
sequelas na paciente: a mudança que houve em sua vida, o luto por ter perdido um órgão tão simbólico, as intervenções invasivas, as 
dores, o medo da reincidência, bem como sua reabilitação biopsicossocial são alguns dos aspectos que fomentam a necessidade de 
ser trabalhar com uma mulher mastectomizada de maneira duradoura, para lhe promover, assim, uma saúde integral. 
A uma grande importância da intervenção psicológica, pois a mesma promove entendimento e suporte emocional frente ao 
diagnóstico e busca trabalhar com a paciente seus comportamentos de risco frente à doença propriamente dita e ao tratamento. No 
contexto da reabilitação psicossocial, o apoio social tem sido referido como importante fator de restabelecimento das condições de 
saúde, contribuindo para que a mulher que recebe o diagnósticodo câncer de mama enfrente as vicissitudes do tratamento 
oncológico com menor exposição aos estressores psicossociais. 
2- ESTRATÉGIAS DE RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO 
 
9 Nicole Malheiros – Medicina FUNORTE 2022.1 
 Todas as mulheres devem passar por triagem para câncer de mama. Modalidades de triagem incluem: 
 Mamografia (incluindo digital e 3-D) 
 Exame clínico das mamas (ECM) por profissionais de saúde 
 Exames de imagem por ressonância magnética (RM) para paciente de alto risco 
 Autoexame de mama (AEM) mensal 
Mamografia: Na mamografia, radiografias de baixa dosagem de ambas as mamas são tiradas em 2 incidências (oblíqua e 
craniocaudal). A mamografia de rastreamento – exame de rotina em mulheres sem sinais e sintomas de câncer de mama – é 
recomendada na faixa etária de 50 a 69 anos, a cada dois anos. Período no qual os benefícios do exame superam os riscos. Fora 
dessa faixa etária e dessa periodicidade, os riscos aumentam e existe maior incerteza sobre benefícios. 
Apresenta maior acurácia em mulheres mais idosas, porque, com o envelhecimento, o tecido fibroglandular da mama é substituído 
por gordura, que pode ser diferenciada mais facilmente das alterações teciduais. A mamografia é menos sensível em mulheres com 
tecido mamário denso, e alguns estados exigem que as pacientes sejam informadas de que têm tecido mamário denso quando ele é 
detectado por mamografia. 
As diretrizes para mamografia de triagem em mulheres com risco médio de câncer de mama variam, mas, em geral, inicia-se a triagem 
aos 40, 45 ou 50 anos e é repetida a cada um ou dois anos até os 75 anos ou uma expectativa de vida de < 10 anos . Os médicos 
devem certificar-se de que as pacientes entendem qual é o risco individual de câncer de mama e perguntar quais testes elas preferem. 
Considera-se que o risco médio durante a vida de uma mulher desenvolver risco de câncer de mama é < 15%. 
Apenas 10 a 15% das anormalidades detectadas em mamografias de rotina resultam de câncer— a taxa de falso-negativos é 85 a 
90%. Resultados falso-negativos podem exceder a 15%. Muitos dos falso-positivos são causados por lesões benignas (p. ex., cistos, 
fibroadenomas), mas há novas preocupações sobre a detecção de lesões que atendem as definições histológicas de câncer, mas não 
para a evolução em câncer invasivo durante a vida de uma paciente. 
A acurácia depende em parte do equipamento utilizado e da experiência do mamografista. Alguns centros usam a mamografia 
computadorizada (imagens digitalizadas) para ajudar no diagnóstico. Tais aparelhos podem ser ligeiramente mais sensíveis para 
câncer de mama invasivo em mulheres com < 50 anos, quando os resultados são interpretados por radiologistas, mas provavelmente 
não quando interpretados por detecção automática do computador. 
Tomossíntese mamária (mamografia 3D), feita com mamografia digital, aumenta ligeiramente a taxa de detecção de câncer e diminui 
a taxa de repetição das imagens; esse teste é útil para mulheres com tecido mamário denso. Mas o teste expõe às mulheres a quase 
duas vezes mais radiação do que a mamografia tradicional. 
Embora a mamografia utilize baixas doses de radiação, exposição à radiação tem efeitos cumulativos sobre o risco de câncer. Quando 
se inicia a triagem radiológica em uma idade jovem, o risco de câncer é maior. Os custos incluem não apenas aquele dos próprios 
exames, mas os custos e os riscos dos testes diagnósticos necessários para avaliar os resultados falso-positivos. 
Exame de mama 
O valor do autoexame clínico de rotina ou de mama é controverso. Algumas sociedades não recomendam nenhuma dessas 
modalidades de triagem de rotina em mulheres com risco médio. Outras sociedades defendem o autoexame clínico e de mama como 
componentes importantes de triagem para o câncer de mama. 
O exame clínico de mama (ECM) geralmente é parte dos cuidados de rotina anuais para mulheres > 40. Nos EUA, o EMC aumenta em 
vez de substituir a triagem mamográfica. No entanto, em alguns países onde a mamografia é considerada muito cara, o ECM é a única 
triagem; relatórios sobre sua eficácia nesse papel variam. 
Atualmente não se recomenda o autoexame das mamas (AEM) como técnica a ser ensinada às mulheres para rastreamento do 
câncer de mama. Grandes estudos sobre o tema demonstraram baixa efetividade e possíveis danos associados a essa prática. 
Entretanto, a postura atenta das mulheres no conhecimento do seu corpo e no reconhecimento de alterações suspeitas para procura 
de um serviço de saúde o mais cedo possível – estratégia de conscientização – permanece sendo importante para o diagnóstico 
precoce do câncer de mama. A mulher deve ser estimulada a conhecer o que é normal em suas mamas e a perceber alterações 
 
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suspeitas de câncer, por meio da observação e palpação ocasionais de suas mamas, em situações do cotidiano, sem periodicidade e 
técnica padronizadas como acontecia com o método de autoexame. 
 
Figura 4. 1) Círculos: mover os dedos em pequenos círculos ao redor da mama, começando no mamilo e movendo gradualmente para fora. / 2) Fatia: visualizar a 
mama como uma torta dividida em fatias iguais, começando na borda externa da mama e movendo-se em direção ao mamilo para palpar cada fatia / 3) Linhas: 
mover os dedos para cima e para baixo em linhas verticais, indo da região axilar até abaixo da mama, e repetindo o movimento para cima e para baixo até que 
toda a região mamária e axilar tenha sido verificada. 
 
Ressonância Magnética: A RM é melhor que o ECM ou a mamografia para a triagem em mulheres de alto risco (p. ex., > 20%), como 
aquelas que apresentam mutações no gene BRCA. Para essas mulheres, a triagem deve incluir RM, bem como mamografia e ECM. A 
RM possui maior sensibilidade, mas pode ser menos específica. Pode-ser recomendar RM para mulheres com tecido mamário denso 
como parte da avaliação geral que inclui a avaliação de risco. 
É feito por meio da: 
 Triagem por mamografia, exame clínico das mamas e exame de imagem 
 Biópsia, incluindo avaliação de receptores de estrogênio e progesterona e para proteína HER2 
Quando uma anormalidade é detectada durante o exame físico ou por um procedimento de triagem, é necessário realizar exames 
para diferenciar as lesões benignas de câncer. Como a detecção e o tratamento precoces melhoram o prognóstico, essa diferenciação 
deve ser conclusiva antes do fim da avaliação. 
Se houver suspeita de câncer avançado com base no exame físico, deve-se fazer inicialmente uma biópsia; a estratégia é a mesma 
que a da avaliação de uma massa na mama, que tipicamente inclui a ultrassonografia. Em todas as lesões que podem ser câncer 
devem ser feitas biopsias. Uma mamografia bilateral pré-biópsia pode ajudar a delinear outras aéreas que devem ser biópsiadas e 
fornece dados iniciais que servirão como referência no futuro. Entretanto, os resultados da mamografia não devem alterar a decisão 
de fazer a biópsia, se essa decisão se basear em achados físicos. 
Biópsia: Biópsia é a remoção de uma pequena quantidade de tecido para avaliação anatomopatológica da presença (ou não) de 
câncer. A amostra removida durante a biópsia é analisada por um patologista, médico especializado na interpretação de exames 
laboratoriais e avaliação de células, tecidos e órgãos para diagnosticar a doença. Se células cancerígenas estão presentes, o patologista 
determinará o tipo de câncer de mama a que corresponde. 
Existem vários tipos de biópsias, como a biópsia de aspiração por agulha fina, biópsia por agulha grossa e biópsia cirúrgica, cada uma 
com seus prós e contras. A escolha do tipo de biópsia depende da sua situação específica. Alguns dos fatores que o médico irá 
considerar incluem tipo de lesão, tamanho, localização, quantidade de tumores e outros problemas clínicos e preferências pessoais 
da paciente. 
Os principais tipos de biópsias para diagnóstico do câncer de mama são: 
 Punção aspirativapor agulha fina (PAAF): consiste na remoção de uma amostra de células do tecido mamário suspeito 
para exame. É usada uma agulha mais fina acoplada a uma seringa para aspiração do tecido. O posicionamento da agulha é 
comumente guiado por ultrassom. A coleta do material é realizada com movimentos de vai-e-vem da seringa. O 
procedimento descrito poderá ser repetido diversas vezes, até que se obtenha quantidade suficiente de material, que 
 
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posteriormente será colocado em lâminas. 
 
 Biópsia por agulha grossa (Core biopsy): A biópsia de fragmento com agulha ou core biopsy consiste na retirada de 
fragmentos de tecido, com uma agulha de calibre um pouco mais grosso que da PAAF, acoplada a uma pistola especial. O 
posicionamento da agulha de biópsia poderá ser guiado por ultrassom, mamografia ou ressonância magnética. O 
procedimento é realizado com anestesia local e geralmente se retiram vários fragmentos de alguns milímetros. Esse é 
geralmente o tipo de biópsia preferido se houver suspeita de câncer de mama. 
 
 Biópsia cirúrgica: Em casos raros, é necessária a cirurgia para remover todo ou parte do nódulo para exame. Nesse 
procedimento o cirurgião remove todo o nódulo ou área anormal, bem como uma área de tecido mamário normal como 
margem de segurança. 
Biópsia do linfonodo: Se os linfonodos axilares estão aumentados, eles serão investigados para determinar a disseminação 
da doença. Mesmo se os linfonodos não se encontrem alterados, os gânglios linfáticos axilares geralmente são estudados 
para metástases, no momento da cirurgia para retirada do tumor mamário. Isto é realizado com a biópsia do linfonodo 
sentinela ou dissecção dos linfonodos axilares. 
Independentemente do tipo de biópsia realizado, as amostras de tecido da área suspeita serão enviadas para análise em um 
laboratório de patologia. 
 
 
Avaliação após o diagnóstico de câncer: 
Depois que o câncer é diagnosticado, geralmente faz-se uma avaliação multidisciplinar para planejar testes e tratamentos adicionais. 
A equipe multidisciplinar central normalmente é formada por um cirurgião oncológico mastologista, um oncologista clínico e um 
radiologista oncológico, além de outros especialistas em câncer (junta examinadora do tumor). 
Parte de um espécime de biópsia positiva deve ser analisado quanto a receptores de estrogênio e progesterona e proteína HER2. 
Deve-se testar as células do sangue e da saliva a procura de mutações gênicas hereditárias que predispõem ao câncer de mama 
quando: 
 História familiar incluir casos múltiplos de câncer de mama precoce. 
 O câncer de ovário desenvolve-se em pacientes com história familiar de câncer de mama ou de ovário. 
 Cânceres de mama e ovário ocorrem na mesma paciente. 
 As pacientes tiverem ascendência de judeus asquenazes. 
 História familiar incluir um único caso de câncer de mama em homem. 
 O câncer de mama se desenvolve aos < 45 anos de idade. 
 
12 Nicole Malheiros – Medicina FUNORTE 2022.1 
 O câncer não tem receptores de estrogênio ou progesterona ou superexpressão da proteína HER2 (câncer de mama triplo 
negativo). 
Deve-se realizar radiografia de tórax, hemograma completo, testes hepáticos e dosagem dos níveis de cálcio sérico para verificar a 
presença de doença metastática. 
Para cintilografia óssea, as indicações incluem: 
 Dor óssea 
 Níveis séricos elevados de fosfatase alcalina 
 Câncer em estágio III ou IV 
Obtém-se TC abdominal, se as pacientes apresentarem: 
 Resultados anormais de testes hepáticos 
 Exame abdominal ou pélvico anormal 
 Câncer em estágio III ou IV 
Obtém-se TC abdominal, se as pacientes apresentarem: 
 Sintomas pulmonares, como falta de ar 
 Câncer em estágio III ou IV 
A RM geralmente é realizada por cirurgiões para o planejamento pré-operatório; pode determinar de maneira mais precisa o tamanho 
do tumor, envolvimento da parede torácica e número de tumores. 
 
3- CLASSIFICAÇÃO DE BIRADS 
BI-RADS (Breast Imaging-Reporting and Data System) é uma ferramenta de avaliação de risco e garantia de qualidade desenvolvida 
pela American College of Radiology que fornece uma classificação amplamente aceita e um esquema de relatório para imagens 
da mama. 
 
 
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Figure 1. BIRADS 0: exame inconclusivo. Essa categoria indica que as imagens colhidas não são suficientes para um diagnóstico 
preciso. Assim, exames complementares são necessários para a produção do laudo. 
 
Figura 5. BIRADS 1: Exame normal ou negativo: Essa categoria indica que nada de mau foi encontrado. O risco de malignidade é 
zero e é indicado apenas o rastreamento mamográfico periódico, de rotina. 
 
Figure 2. BIRADS 2: Achados mamográficos benignos. Dentre estas alterações podemos citar: linfonodos (que são ínguas dentro 
das mamas), calcificações do tipo benignas, nódulos de gordura, implantes de silicone, fibroadenomas calcificados, dentre outros. 
 
14 Nicole Malheiros – Medicina FUNORTE 2022.1 
 
Figure 3. BIRADS 3: Achados provavelmente benignos. No caso de as lesões encontradas serem da categoria 3, reduz-se o espaço 
de tempo entre uma mamografia e outra. Então, a conduta, nestes casos, é repetir a mamografia em 6 meses. 
 
Figure 4. BIRADS 4: Achados mamográficos suspeitos. Todos os casos desta categoria devem ser submetidos à biópsia. Aqui 
podem ser incluídas os agrupamentos de calcificações finas e irregulares, heterogêneas grosseiras, calcificações amorfas (sem 
forma definida), distorções arquiteturais e os nódulos mal definidos. 
 
Figure 5. BIRADS 5: Achados altamente suspeitos. Aqui estão incluídos os nódulos espiculados e as calcificações pleomórficas, ou 
seja, de formas irregulares e tamanhos e densidade variadas. A conduta de ordem é a biópsia de mama. 
BIRADS 6: Exame com lesão com malignidade confirmada, mas que não foi completamente retirada. Esta categoria engloba os 
pacientes que estão em tratamento com quimioterapia com a finalidade de reduzirem a lesão, antes da cirurgia definitiva. Aqui o 
paciente já está fazendo, ou deve fazer imediatamente, tratamento oncológico do câncer de mama. Pode-se até fazer a biópsia, mas 
dificilmente uma cirurgia para remoção completa da lesão deixará de ser necessária. 
 
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4- ANALISAR O CÂNCER DE OVÁRIO DE ETIOLOGIA EPITELIAL 
Os cânceres que surgem próximos ou no interior do ovário representam na verdade um conjunto de neoplasias diversas. Esse conjunto 
de neoplasias, em geral referido como “câncer ovariano”, representa a neoplasia ginecológica mais letal nos EUA e em outros países. 
A mais comum e mais letal das neoplasias ovarianas surge do epitélio ovariano ou, alternativamente, do epitélio vizinho especializado 
da trompa de Falópio, do corpo uterino ou do colo uterino. Tumores epiteliais podem ser benignos (50%), malignos (33%) ou de 
malignidade marginal (16%). 
A idade influencia o risco de malignidade; tumores em mulheres mais jovens mais provavelmente são benignos. As malignidades 
epiteliais ovarianas mais comuns são os tumores serosos (50%); os tumores mucinosos (25%), endometrioides (15%), de células claras 
(5%) e os de histologia celular transicional ou de Brenner (1%) constituem proporções menores de tumores ovarianos epiteliais.
Os tumores epiteliais do ovário apresentam um pico de incidência em mulheres em torno dos 60 anos de idade, 
embora a idade da apresentação possa oscilar entre os extremos da vida adulta, com casos reportados de mulheres com 20 a 90 
anos. 
Uma minuciosa análise histológica e molecular do epitélio das trompas demonstra anormalidades moleculares e histológicas, 
chamadas de lesões do carcinoma intraepitelial tubular seroso (STIC), em uma elevada proporção de mulheres passando por salpingo-
ooforectomias redutoras de risco no contexto da presença de mutações germinativas de alto risco em BRCA1 e BRCA2, assim como 
em uma modestaproporção de mulheres com câncer ovariano na ausência de tais mutações. 
O risco de câncer de ovário aumenta por 
 História de câncer de ovário em um parente de 1º grau 
 Nuliparidade 
 Idade fértil atrasada 
 Menarca precoce 
 Menopausa atrasada 
 História pessoal ou familiar de câncer endometrial, de mama ou de cólon 
O risco diminui por 
 Uso de contraceptivos orais 
Alterações germinativas nos genes de câncer de mama 1 (BRCA1) e câncer de mama 2 (BRCA2) são identificadas em 14 a 18% das 
pacientes com câncer de ovário seroso de alto grau; 3% têm mutações BRCA (BRCAm) somáticas ou inativação devido à metilação. A 
deficiência na recombinação homóloga [que está envolvida no reparo de danos ao DNA e na replicação] é detectada em cerca de 
metade dos pacientes com câncer ovariano seroso de alto grau. 
Mutações no gene autossômico dominante BRCA estão associadas a um risco de 50 a 85% de desenvolver câncer de mama ao longo 
da vida. Mulheres com mutações no gene BRCA1 têm risco de vida de 20 a 40% de desenvolvimento de câncer de ovário; o risco entre 
as mulheres com mutações no BRCA2 aumenta menos. A incidência dessas mutações é mais alta em judeus asquenazes do que na 
população em geral. As mutações em vários outros genes, incluindo TP53, PTEN, STK11/LKB1, CDH1, CHEK2, ATM, MLH1 e MSH2, 
foram associadas a câncer de mama e/ou ovário hereditário. 
A disgenesia gonádica XY predispõe ao câncer de ovário de células germinativas. 
 
 Carcinoma ovariano epitelial seroso de alto grau, carcinomas de tuba uterina e carcinomas peritoneais compartilham 
comportamento clínico e tratamento. A maioria (90%) dos cânceres de ovário se desenvolve a partir de células epiteliais; o restante 
(tumores de células germinativas, tumores do cordão sexual/estroma) se desenvolve a partir de outros tipos de células do ovário. 
 
16 Nicole Malheiros – Medicina FUNORTE 2022.1 
O carcinoma epitelial ovariano pode ser dividido em cinco subtipos: 
 Seroso de alto grau 
 Seroso de baixo grau 
 Endometrioide 
 Células claras 
 Mucinoso 
Carcinoma ovariano seroso de alto grau é o subtipo mais comum (> 70%) dos carcinomas epiteliais. Na apresentação, quase 27% das 
pacientes com cânceres ovarianos do epitélio em estágio I têm histologia mucinosa, mas < 10% nos estádios III e IV têm. 
Células germinativas cancerosas geralmente ocorrem em mulheres com < 30 anos. 
Câncer de ovário se dissemina por: 
 Extensão direta 
 Esfoliação das células na cavidade peritoneal (semeadura peritoneal) 
 Disseminação linfática para a pelve e em torno da aorta 
 Menos frequentemente, por via hematológica ao fígado ou pulmões 
As neoplasias do ovário tendem a ser indolores, a menos que sofram torção. Os sintomas então costumam 
estar relacionados à compressão de órgãos locais ou ocorrem devido a sintomas de doença metastática. 
Mulheres com tumores localizados no ovário apresentam uma incidência aumentada de sintomas, incluindo desconforto pélvico, 
inchaço e prováveis alterações no padrão urinário ou intestinal. Infelizmente, esses sintomas com frequência são subestimados pela 
mulher ou pela equipe de tratamento de saúde. 
Tumores de alto grau geram metástase no início do processo neoplásico. Por tenderem a esfoliar para a cavidade peritoneal 
apresentam sintomas disseminados. Como: um período de muitos meses de queixas progressivas com combinações de azia, náuseas, 
saciedade precoce, indigestão, constipação e dor abdominal. Os sinais incluem o rápido aumento da cintura abdominal devido ao 
acúmulo de ascite, o que alerta o paciente e seu médico para o fato de que os sintomas gastrintestinais observados estão 
provavelmente associados a uma patologia séria.
 
 
 as técnicas eficientes de rastreamento devem ser sensíveis e, mais importante, altamente 
específicas, para minimizar o número de resultados falso-positivos. Mesmo um teste com 98% de especificidade e 50% de 
sensibilidade apresentaria um valor preditivo positivo de apenas cerca de 1%. 
 
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 Ultrassonografia (para suspeita de cânceres em estádios iniciais) ou TC ou RM (para suspeita de cânceres em estádios 
avançados) 
 Marcadores tumorais (p. ex., antígeno do câncer [CA] 125) 
 Estadiamento cirúrgico 
Suspeita-se de câncer de ovário em mulheres com o seguinte quadro: 
 Massas anexiais inexplicáveis 
 Distensão abdominal inexplicável 
 Mudanças em hábitos intestinais 
 Perda ponderal não intencional 
 Inexplicável dor abdominal 
Exames de imagem: Se existe a suspeita de câncer em estádio inicial, a ultrassonografia é feita em primeiro lugar; os seguintes achados 
sugerem presença de câncer: 
 Um componente sólido 
 Excrescências superficiais 
 Tamanho > 6 cm 
 Formato irregular 
 Baixa resistência vascular detectada por estudos de fluxo transvaginal com Doppler 
Se existe a suspeita de câncer em estádio avançado (p. ex., baseada em ascite, distensão abdominal ou nodularidade, ou fixação 
detectada durante o exame físico), TC ou RM é feita geralmente antes da cirurgia para determinar a extensão de câncer. 
Marcadores tumorais: Marcadores tumorais, incluindo a subunidade beta da gonadotrofina coriônica humana (beta-hCG), 
desidrogenase láctica (DHL), alfa-fetoproteína, inibina e CA 125, são normalmente medidos em pacientes jovens, que têm maior risco 
de tumores não epiteliais (p. ex., tumores de células germinativas, tumores estromais). Em pacientes na perimenopausa e pós-
menopausa, somente o CA 125 é medido, porque na maioria das vezes os cânceres de ovário nessa faixa etária são tumores epiteliais. 
O CA 125 está elevado em 80% dos cânceres de ovário epiteliais, mas pode estar moderadamente elevado em endometriose, doença 
inflamatória pélvica, gestação, miomas, inflamação do peritônio ou em câncer do ovário não peritoneal. 
Uma mista sólida e cística massa pélvica em mulheres na pós-menopausa, especialmente se o CA 125 estiver elevado, indica câncer 
de ovário. 
Biópsia: A biópsia não é recomendada rotineiramente, a menos que a 
paciente não seja candidata à intervenção cirúrgica. Nesses casos raros, 
amostras são obtidas por biópsia com agulha para massas ou aspiração 
de líquido ascítico com agulha. 
Para massas que aparecem como benignas na ultrassonografia, a análise 
histológica não é requerida, e a ultrassonografia é repetida após 6 
semanas. Entre as massas benignas que aparecem, incluem-se 
teratomas císticos benignos (cistos dermoides), cistos foliculares e 
endometriomas. 
Os cânceres também são classificados histologicamente de 1 (menos 
agressivo) a 3 (mais agressivo). A classificação mais recente distingue 
Figure 6. Imagem escaneada da lâmina, mostrando segmentos da parede 
de um tumor cístico originado no ovário. As projeções papilíferas estão 
voltadas para o interior do cisto; são constituídas por tecido neoplásico 
maligno. A superfície externa é lisa. 
 
18 Nicole Malheiros – Medicina FUNORTE 2022.1 
cânceres ovarianos epiteliais como de baixo grau (grau 1) ou de alto grau (grau 2 ou 3). 
 
Triagem: Não há teste de triagem para câncer de ovário. Entretanto, mulheres com um risco hereditário conhecido, como aquelas 
com mutações BRCA, devem ser acompanhadas atentamente. 
CA 125 não é recomendado como teste de triagem para mulheres assintomáticas com risco médio, pois seu valor preditivo é baixo. A 
triagem de mulheres assintomáticas com ultrassonografia e a medida de CA 125 sérico podem detectar alguns casos de câncer no 
ovário, mas não apresenta melhora nos resultados de rastreamento e no prognóstico, mesmo em subgrupos de alto risco (incluindo 
mulheres com mutações no BRCA). 
Deve-se considerar a avaliação de síndrome de câncer hereditário em todas as mulheres diagnosticadas com câncer de ovário, de 
tubas uterinas ou peritoneal, e elas devem ser submetidas a uma avaliação de risco genético. Uma mutação da linha germinativa ou 
somática BRCA1 ou BRCA2 pode afetar o tratamentoe a terapia de manutenção. Deve-se obter uma história pessoal e familiar 
detalhada de outros tipos de câncer para identificar mulheres com maior probabilidade de ter uma síndrome de câncer hereditário. 
Deve-se examinar nas mulheres anormalidades do gene BRCA se a história familiar incluir qualquer um dos seguintes: 
 Diagnóstico de câncer de ovário, antes de 40 anos, em algum parente em 1º grau. 
 Diagnóstico de câncer de mama e ovário em apenas um parente e 1º grau, se um dos cânceres foi diagnosticado antes da 
idade de 50 anos 
 Dois casos de câncer de ovário em parentes em 1º e 2º graus da mesma linhagem 
 Dois casos de câncer de mama e um caso de câncer de ovário em parentes em 1º ou 2º grau da mesma linhagem 
 Um caso de câncer de mama e um caso de câncer de ovário em parentes em 1º ou 2º grau da mesma linhagem, se o câncer 
de mama foi diagnosticado antes dos 40 anos, ou o câncer de ovário foi diagnosticado antes dos 50 anos 
 Dois casos de câncer de mama em parentes em 1º ou 2º grau da mesma linhagem, se ambos os casos foram diagnosticados 
antes dos 50 anos 
 Dois casos de câncer de mama em parentes em 1º ou 2º grau da mesma linhagem, se um deles foi diagnosticado antes dos 
40 anos 
Além disso, se mulheres judias asquenazes tiverem um membro da família com diagnóstico de câncer de mama antes dos 50 anos de 
idade ou com câncer de ovário, a triagem para anormalidades no gene BRCA deve ser considerada. 
TRATAMENTO: a principal manobra diagnóstica e terapêutica é determinar se o tumor é benigno ou maligno e, no caso de ser maligno, 
se foi originado no ovário ou se é um sítio de doença metastática. 
Em geral, as mulheres passam por uma salpingo-ooforectomia unilateral e, caso a patologia revele uma malignidade ovariana primária, 
o procedimento será seguido por histerectomia, remoção da trompa e do ovário remanescente, omentectomia, amostragem de 
linfonodo pélvico e algumas biópsias randômicas da cavidade peritoneal. 
Se houver evidência de doença intra-abdominal maciça, deverá ser feita uma tentativa de citorredução máxima do tumor (associada 
a um melhor prognóstico), mesmo que envolva ressecção parcial do intestino, esplenectomia e, em certos casos, cirurgia abdominal 
superior mais extensa. Uma vez que os tumores tenham sido removidos cirurgicamente, as mulheres são tratadas com um derivado 
da platina, em geral um taxano. 
Em pacientes com disseminação extensa, a cirurgia não é indicada ou pode ser adiada se tiverem um ou mais dos seguintes: 
 Múltiplas metástases hepáticas 
 Linfadenopatia na porta hepatis 
 Linfonodos suprarrenais para-aórticos 
 
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 Doença mesentérica difusa 
 Evidências de doença pulmonar pleural ou do parênquima 
Essas pacientes são tratadas com quimioterapia neoadjuvante (p. ex., carboplatina mais paclitaxel) Cirurgia às vezes pode ser feita 
após a quimioterapia inicial. 
Quando histerectomia e salpingo-oofrectomia bilateral são feitas, todos os tecidos visivelmente afetados são removidos 
cirurgicamente (citorredução), se possível. A citorredução está associada a maior tempo de sobrevida; o volume de doença residual 
remanescente após a citorredução correlaciona-se inversamente com o tempo de sobrevida. Citorredução pode ser: 
 Completa: citorredução para doença não macroscopicamente visível 
 Ótima: citorredução com doença residual que tem ≤ 1 cm de diâmetro máximo do tumor, conforme definido pelo 
Gynecologic Oncology Group 
 Sub-ótima: citorredução com algum nódulo tumoral remanescente visível > 1 cm 
A citorredução ótima é menos provável se os pacientes têm: 
 Estado de baixo desempenho 
 Idade > 60 anos 
 Estado físico 3 ou 4 da American Society of Anesthesiologists 
 Comorbidades médicas 
 Estado nutricional deficiente 
 Doença extra-abdominal 
 Tumor de grande volume 
 Envolvimento do intestino grosso 
 Metástases nos linfonodos retroperitoneais acima dos vasos renais > 1 cm na maior dimensão 
 Envolvimento do fígado parenquimatoso 
 CA 125 > 500 U/mL pré-operatório 
Os níveis de CA-125 em geral se elevam como primeiro sinal da recidiva; entretanto, os dados não são claros se a 
intervenção precoce influencia a sobrevida dos pacientes que sofrem recidiva. 
A recidiva da doença é efetivamente controlada, porém não curada, com agentes quimioterapêuticos. Eventualmente todas as 
mulheres com doença recorrente desenvolvem doença refratária à quimioterapia, sendo comuns a ascite refratária, a fraca motilidade 
intestinal e a obstrução ou pseudo-obstrução devido ao intestino aperistáltico infiltrado pelo tumor. A cirurgia dirigida para aliviar a 
obstrução intestinal, a radioterapia localizada para aliviar a pressão ou a dor devido às massas ou a quimioterapia paliativa podem ser 
de grande ajuda.
Pode-se detectar a recorrência do câncer de ovário sorologicamente com marcadores tumorais (p. ex., CA 125) e/ou por sinais 
radiológicos de progressão. O tratamento da recorrência depende do tempo entre a conclusão do tratamento com platina e a 
detecção da recorrência [intervalo livre de platina (ILP)]: 
 Consideram-se que pacientes com IFP ≥ 6 meses têm doença sensível à platina. 
 Consideram-se que pacientes com IFP < 6 meses têm doença resistente à platina. 
Se o câncer recomeçar ou progredir após quimioterapia efetiva, a quimioterapia é reiniciada. Fármacos úteis podem incluir 
doxorrubicina lipossomal, docetaxel, paclitaxel, gencitabina, bevacizumabe e uma combinação de ciclofosfamida mais bevacizumabe 
ou gemcitabina mais cisplatina. A terapia com agentes biológicos está sob estudo. 
Se o câncer de ovário sensível à platina recorrer, usa-se um inibidor de PARP — olaparibe, niraparibe ou rucaparib — para terapia de 
manutenção. 
 
 
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REFERÊNCIAS: 
 DE ARAÚJO, Tereza Cristina Santos. Aspectos Psicossociais Do Câncer De Mama Feminino: Revisão Da Literatura. Revista 
Saúde e Desenvolvimento Humano. Canoa, v. 4, n. 2, 2016. 
 Recomendações do Ministério da Saúde para o rastreamento do câncer de mama, INCA - Instituto Nacional de Câncer, 
2019. 
 INSTITUTO ONCOGUIA, Biópsia da Mama - Instituto Oncoguia, 2014. 
 Medicina Interna de Harrisson, 19°ED. 
 Tratado de Oncologia – Paulo Hoff, 2013 
 Oncologia Para Graduação, 3° ed. Revisada e ampliada, 2013 
 FEBRASGO. Tratado de Ginecologia. 2019 
 RAMIREZ, Pedro T ; SALVO, Gloria, Câncer ovariano, Manuais MSD edição para profissionais 
 MARY ANN KOSIR, Câncer de mama, Manuais MSD edição para profissionais.

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