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Existem vários perigos biológicos capazes de contaminarem alimentos e causarem DTA (Doenças Transmitidas por Alimentos). Nesse contexto, imagine, por exemplo, a seguinte situação: Frederico e seu irmão têm um restaurante de comida japonesa. Os dois compram salmão do único fornecedor das redondezas que apresenta CNPJ para comercialização e alvará de funcionamento da Secretaria de Saúde. Por serem clientes do estabelecimento há dois anos, eles recebem descontos a cada compra. No entanto, no momento da entrega do salmão, Frederico percebeu que a qualidade do produto não era mais a mesma: o peixe não estava refrigerado e a durabilidade havia reduzido significativamente. Mariana, de 26 anos, gestante de dois meses, cliente antiga de Frederico e do irmão, foi ao restaurante e pediu um temaki Filadélfia. No mesmo dia, Mariana passou mal e foi hospitalizada, apresentando sintomas de febre superior a 38ºC, diarreia, náuseas, vômito intenso, febre, dor no corpo, calafrios, confusão mental e cansaço. Dois dias depois, ainda no hospital, ela recebe a notícia de que perdeu o bebê em decorrência da infecção alimentar. O médico do hospital, então, notificou à Vigilância Sanitária, que foi até o local, coletou amostras do produto e levou ao laboratório para solicitar análise microbiológica. Sendo assim, considerando essas informações e os conteúdos estudados, analise a situação narrada e identifique qual foi a doença, os sintomas associados, o agente causador do surto e as medidas de controle. Diante desses sintomas pode-se suspeitar tanto de doença infecciosa causada pela bactéria Listeria monocytogenes quanto pela salmonella. Ambas doenças podem ser contraídas por meio do consumo de água e alimentos contaminados, e os sintomas são muito parecidos, tais como dor abdominal intensa, cólicas, náusea, febre, diarreia, calafrios, mal-estar, dentre outros. A Literiose, por vezes pode ser assintomática, sendo mais comum em pessoas que tenham o sistema imunológico comprometido, como os portadores de doenças crônicas, em gestantes, crianças e idosos. Quando presentes, os sintomas se apresentam entre 3 e 60 dias após o consumo do alimento contaminado Os sintomas de listeriose podem variar de 3 a 60 dias após o contato com a bactéria responsável pela doença. Por sua vez, os sintomas da samonelose costumam se manifestar em uma janela de 12 a 36 horas depois da ingestão do alimento ou da água contaminada com a bactéria. Outra diferença entre as duas doenças é que a infecção por listeriose acomete febre alta, superior a 38º, enquanto a salmonella não tifoide a febre é moderada. Por sua vez, quando a samonella ocasiona a febre tifoide um dos sintomas é a febre alta . Contudo, quando a paciente for gestante, ambas infecções em seus quadros mais graves podem provocar em morte do bebê, parto prematuro ou infecção no momento do parto, podendo ser feito exame de sangue e pesquisa da bactéria nas fezes, lavado gástrico, placenta ou líquido amniótico, no caso das grávidas. A transmissão da bactéria Listeria monocytogenes ocorre por meio do consumo de água e alimentos contaminados, como por exemplo leite não pasteurizado, derivados do leite, frutas, verduras, legumes, carnes, peixes, frutos do mar defumados e congelados, e embutidos, como a salsicha. Trata-se de agente resistente a todas as etapas do processamento e manipulação de alimentos; podendo, assim, ser encontrada inclusive em alimentos processados, o que torna as condições de armazenamento o principal aspecto a ser observado a fim de evitar a proliferação desta bactéria. Por sua vez, a bactéria Salmonella pode ser a do tipo entérica, que é a responsável por causar a enterocolite aguda, doença essa que provoca dores intensas e inflamações no trato do sistema digestivo, especialmente no delgado e grosso. A Salmonella enterica se divide em outras seis subespécies, como a Salmonella spp, a qual também tem subdivisões, resultando na Salmonella typhi. A Salmonella é transmitida ao organismo por meio da ingestão de alimentos que estejam contaminados com essa bactéria, tais como ovos malcozidos, carnes de aves, o leite não pasteurizado e água. Como esse agente é passado adiante por meio de fezes contaminadas, más condições de higiene contribuem para a propagação da doença. Essa doença é dividida em salmonelose não tifóide, na qual o paciente fica doente por um determinado período, apesar dos sintomas severos, e são poucas as chances de óbito, e a febre tifóide (causada pela Salmonella typhi), em que o paciente precisa de atendimento médico urgente por conta de elevadas taxas de óbito. Como o contágio por Salmonella está relacionado ao preparo correto de alimentos e ao contato com fezes de animais infectados, e o da e da Listeria monocytogenes por alimentos em que houve a proliferação da bactéria, as medidas preventivas devem focar na higiene alimentar, no armazenamento dos alimentos, e no contato do ser humano com o meio-ambiente, sendo, portanto, o saneamento básico a principal medida de controle. Ainda pensando na prevenção de ambas as doenças, as ações individuais para evitar o contágio consistem em cozinhar bem os alimentos como carnes, peixes e ovos, sendo que esses últimos devem ser lavados antes de sua manipulação. Outrossim, o alimento deve ser conservado de maneira adequada e sua manipulação deve ser sempre realizada em local limpo. Além, deve-se sempre lavar as mãos, especialmente antes e após o preparo ou consumo de alimentos, bem como se ocorrer o contato das mãos com objetos sujos, tais como depois de ir ao banheiro, manusear ou limpar espaços com animais. As frutas, verduras e legumes para consumo devem ser lavadas a fim de reduzir a probabilidade de ingerir algum alimento contaminado. Essa lavagem deve ser realizada com o uso de água corrente, após o molho em água com hipoclorito de sódio 2,5%, na proporção de 10ml para cada litro d’água. Diante de todas essas variáveis, considerando que Mariana apresentou os sintomas no mesmo dia da ingestão do alimento contaminado, levando em consideração a janela de aparecimento dos sintomas, acredito que a paciente tenha ingerido a bactéria do tipo salmonella.
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