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ANATOMIA CLÍNICO-CIRURGICA DOS ÓRGÃOS INGUINO-ESCROTAIS: - importa considerar o conhecimento e caracterização anatomofisiológica dos componentes do escroto e funículo espermático destinados à função do controle da temperatura para viabilizar a espermatogênese, bem como a estrutura angioarquitetônica para a promoção do fenômeno da ereção peniana. De modo aplicado, destacam-se os processos inflamatórios como as orquites e hidrocele, além das intervenções cirúrgicas – orquiectomia (castração), deferectomia e epididimectomia (cavalos), hérnias inguinais e rufiorrafias em ruminantes quando da exploração da referida região no sexo masculino. A glândula mamaria, por sua vez, presente na região inguinal, é sede de diversas patologias (mastite) de grande importância clínica para os ruminantes. -O conhecimento da dinâmica testicular das diferentes espécies de animais domésticos é importante para diagnosticar casos de hipoplasia testicular, isto é, desenvolvimento subnormal dos testículos, que podem desencadear graves distúrbios em sua fisiologia. Também importa considerar os casos de criptorquidia no ato da castração de animais, bem como as patologias envolvidas com a mama (úbere) quando se trata de ruminantes. ● Dissecação da Região Inguino-escrotal para Estudo Clínico-cirúrgico -Região Escrotal (de localização púbica ou perineal) 1. Incisão e rebatimento da pele do escroto e da túnica dartos aderida à ela, internamente; 2. Incisão e rebatimento da fáscia escrotal, que é integrada externamente pela fáscia cremastérica, e internamente, pela fáscia espermática interna (túnica vaginal comum). Em conjunto também é inciso o folheto parietal da túnica vaginal (própria). 3. Acesso à cavidade vaginal contendo o testículo aderido á túnica pariental pelos ligamentos próprio do epidídimo e ligamento da cauda do epidídimo; 4. Exposição do folheto visceral da túnica (própria) que se adere intimamente à túnica albugínea do testículo e do epidídimo. 5. Incisão do folheto visceral junto ao orifício inguinal externo para exposição dos elementos integrantes do funículo espermático: (Canal deferente; Artéria testicular; Plexo pampiniforme e Mesórquio); ● Anatomia Cirúrgica do Escroto: -Os testículos, gônadas pares, são contidos dentro do escroto uma bolsa de pele e fáscias subjacentes, e coberto por fina cápsula fibrosa, a túnica albugínea. - A Cútis escrotal é fina, geralmente glabra e rica em melanina, cuja parede contém músculo liso denominada de Túnica Dartos que se segue com a fáscia espermática externa. Testículos e epidídimo unem-se pelos ligamentos próprio e o da cauda do epidídimo à túnica vaginal parietal. -A Túnica vaginal parietal representa o peritônio que se afunila pelo ânulo inguinal constituindo o cordão espermático enquanto recobre todo o testículo. Recobrindo intimamente o testículo e particularizando os componentes do funículo espermático encontra-se a Túnica Vaginal Visceral que se expressa ainda na forma do mesórquio e mesoducto. Entre estas duas camadas vaginais está a Cavidade Vaginal, dentro da qual se movimento o testículo. -O músculo cremáster é uma faixa que passa pelo cordão espermáticos como extensão do músculo oblíquio interno do abdome, indo até a extremidade captata do testículo, que, ao se contrair, aproxima o testículo do abdômen quando da necessidade de aquecê-lo. ● Orquiectomia ou Castração - Conceito e Tipos 1. Orquiectomia fechada - usada em bovinos; faz-se a ligadura da túnica vaginal parietal contendo as estruturas do funículo espermático; vantagens que tem menos risco de ocorrer contaminação, porém como liga muitas estruturas e vasos causa mais edema escrotal. 2. Orquiectomia aberta - usada em cães e gatos; ligadura é feita ligando o funículo espermático com a túnica vaginal visceral; como é realizada em ambiente estéril não tem riscos de infecção, causa menos edema pois liga menos estruturas e no cão é mais realizada a pré-escrotal por causar menos edema, e no gato é feita a incisão no escroto. 3. Orquiectomia semi-fechada - feita nos equinos, pois este tem um testículo muito próximo à parede abdominal, ou seja, um funículo espermático curto e tem posição horizontal; feita com o testículo descoberto e o funículo espermático. -Na técnica cirúrgica (Orquiectomia ou Castração): incisada na linha média sobre o testículo, dirigida ventralmente através da túnica vaginal e da túnica albugínea para o parênquima testicular; O pólo cranial do testículo com o plexo pampiniforme move-se livremente, mas o pólo caudal está fixo ao escrotal pelo ligamento da cauda do epidídimo. Este ligamento precisa ser incisado antes do testículo ser removido. Pela opção da castração fechada, o funículo espermático é transfixado e ligado em torno da Túnica Vaginal Parietal; Caso seja a opção pela castração aberta, esta túnica é incidida longitudinalmente, para permitir a transfixação e ligadura dos componentes do cordão juntamente com a túnica vaginal visceral. Segue-se remoção dos testículos. A túnica vaginal é reconduzida à bolsa escrotal, sem a necessidade de suturá-la. Em felinos, ao invés da incisão pré-escrotal, preconiza-se uma incisão em cada lado do escroto. A incisão pode seguir o mesmo padrão de sutura ou ser deixada aberta. ● Dissecação da Região Peniana e Mamária para Estudo Clínico-cirúrgico - Região Peniana: 1. Abertura e exploração do óstio prepucial e bainha prepucial 2. Dissecação dos vasos: a. do bulbo, a. profunda do pênis. a. e v. dorsal do pênis e veias prepuciais. 3. Flexura sigmóide peniana (caprino), músculos retratores do pênis. ● Anatomia do Pênis: -O pênis é o órgão copulador masculino e no estado quiescente está escondido em uma invaginação da cútis do abdome denominado prepúcio. -O pênis é constituído de dois corpos cavernosos e um corpo esponjoso, sendo este o mais delicado e envolvido por uma túnica albugínea. -No cão e no gato, a parte distal do corpo cavernoso se transforma no osso peniano. A glande do pênis dos animais domésticos têm formas muito diferentes entre as espécies. A formação do corpo cavernoso também apresenta grandes diferenças. Em algumas espécies, pouco sangue adicional precisa ser retido para fazer com que o tipo fibroelástico de pênis se torne ereto no momento da cópula. -O varrão, o touro, o carneiro, são animais que possuem este tipo fibroelástico. Eles apresentam ainda uma flexura sigmóide, o “S” peniano quando o pênis está no seu estado quiescente. -No tipo musculocavernoso de pênis, é necessário reter uma quantidade de sangue relativamente muito maior para se obter a ereção > na hora da copula o penis do cao fica ereto pressionando a artéria dorsal do penis e retendo sangue nessa região, prolongando a ereção; Este tipo é encontrado no garanhãoe, atipicamente no cão. O m. retrator do pênis faz com que este retorne para o interior do prepúcio após a cópula. Os mm. isquiocavernosos originam os corpos cavernosos do pênis. No pênis do suíno existe ainda um divertículo prepucial que armazena urina e resto de tecidos e células. Este divertículo é testosterona dependente e após uma castração, é necessário esperar por volta de 60 dias para que ele regrida.. ● Anatomia Cirúrgica do Funículo Espermático e seus componentes -Contidos no cordão ou funículo espermático encontram-se o ducto deferente, vasos testiculares – artéria e veia testicular, linfáticos e nervos . -A veia testicular, de aspecto sinusoidal, forma o plexo pampiniforme atravessado por uma artéria de trajeto tortuoso > Este plexo é o responsável pelo resfriamento do sangue arterial que irriga os testículos por troca de calor favorecido pelo contato íntimo entre suas paredes; Dentro do cordão espermático o ducto deferente é fechado separadamente sobre sua própria prega mesentérica, o mesoducto deferente. ● Deferectomia e Epididiectomia (em equino – caudepididiectomia): 1. Conceitos - Consistem na interrupção cirúrgica do canal deferente e epidídimo, respectivamente, pela ressecção de fragmentos com transfixação e ligadura dos cotos desses órgãos . 2. Técnica Cirúrgica: O ducto deferente é alcançado quando de sua travessia pelo funículo espermático. Em cães e gatos, a incisão é realizada lateralmente ao corpo do pênis, buscando-o na posição mediana do funículo, enquanto o plexo pampiniforme se posta lateralmente dentro desta estrutura. Nos ruminantes, a deferectomia pode ser realizada no longo funículo que sustenta testículos pendulosos. No equino é de difícil acesso dando preferência pela epididiectomia motivada pela posição horizontal do mesmo e pela curta extensão do cordão espermático. A Técnica de ressecção bilateral é realizada entre 2 –3 cm na porção funicular do ducto deferente, mediante acesso cranial do escroto, enquanto que a Ressecção bilateral da cauda do epidídimo é mediante acesso ventral da bolsa escrotal.