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3 - Apostila_Psicod_Rorschach_atualizada_REVISADA EM 2018 (2)

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APOSTILA: PSICODIAGNÓSTICO DE RORSCHACH (USO DIDÁTICO) 
Proibida a reprodução em qualquer meio digital 
________________________________________________________ 
 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA DE INTERPRETAÇÃO 
 
PSICODIAGNÓSTICO DE RORSCHACH 
 
 
 
Organização: Profa. Dra. MARIA CRISTINA B. M. PELLINI 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
REVISADA - 2018 
APOSTILA: PSICODIAGNÓSTICO DE RORSCHACH (USO DIDÁTICO) 
Proibida a reprodução em qualquer meio digital 
________________________________________________________ 
 2 
 
 ORIENTAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DO RELATÓRIO DE RORSCHACH 
 
Profa. Ms. Vanda C. Ramiro 
 
A interpretação do método de Rorschach, segundo nossa acepção, 
baseada nos estudos de Aníbal Silveira, procura compreender o indivíduo 
analisando o protocolo como um todo, onde cada índice possui o seu 
valor Interpretativo em si, porém, deve ser relacionado e comparado 
com os demais índices também encontrados. 
 
Além da comparação de cada índice com os demais, deve-se comparar 
cada índice entre os dois conjuntos de pranchas: Monocromáticas e 
Coloridas, na medida em que cada conjunto de prancha revela o modo 
como o examinando lida com diferentes situações de vida. 
 
Como já foi descrito no texto sobre Teoria da Personalidade, a 
Afetividade nos mobiliza durante toda a vida, em todos os momentos, 
sendo a mola propulsora para a manutenção da vida e para a satisfação 
das necessidades relativas aos instintos s e aos sentimentos. 
 
Entretanto, existem situações onde somos mais mobilizados 
afetivamente, e outros momentos mais neutros, onde prevalecem a 
tomada de decisão, a atuação mais prática, a predominância da 
utilização da inteligência, sendo o apelo afetivo reduzido. 
 
Através da análise dos índices encontrados nos dois conjuntos de 
pranchas pode-se verificar corno o examinando lida com diferentes 
situações de vida, sendo o que faz diferir os dois jogos de pranchas é a 
presença ou ausência da cor. A cor é entendida como um estímulo que 
toca os indivíduos e desse modo, a maneira do examinando reagir frente 
as pranchas coloridas revelam seu modo de lidar com as situações que o 
mobilizam no nível dos afetos e a ausência da cor pranchas 
APOSTILA: PSICODIAGNÓSTICO DE RORSCHACH (USO DIDÁTICO) 
Proibida a reprodução em qualquer meio digital 
________________________________________________________ 
 3 
monocromáticas - nos indicariam a maneira de o indivíduo reagir frente 
a situações onde a afetividade é menos intensa, mais neutra. Portanto: 
Pranchas Monocromáticas: Os índices encontrados neste conjunto de 
pranchas revelam corno o indivíduo reage à situações do cotidiano, 
momentos mais neutros, onde a solicitação é mais prática, que exigem 
iniciativa e tomada de decisão. Tratam-se de situações onde a 
mobilização afetiva é menos intensa. 
 
Pranchas Coloridas: Os índices aqui encontrados revelam como o 
examinando reage frente a situações de maior apelo afetivo, seja no 
nível mais básico e instintivo ou mais socializado, dos sentimentos. 
Caracterizam-se por situações de relacionamento interpessoal mais 
íntimo, próximo ou intenso. 
 
Caso os resultados encontrados entre os dois conjuntos de pranchas 
sejam semelhantes, utilizam-se os resultados do Total para 
interpretação, já que nesse caso o modo do examinando lidar com 
diferentes situações é semelhante. Quando os resultados são divergentes 
entre as pranchas monocromáticas e coloridas, a interpretação deverá 
ser, específica a cada conjunto de pranchas, não devendo ser utilizados 
os dados do Total, na medida em que o examinando lida diferentemente 
dependendo da situação em que se encontra envolvido. 
 
Dessa maneira, teremos corno interpretação final, o resultado da 
corroboração do psicograma como um todo, e na medida em que o 
instrumento se propõe a avaliar as características da personalidade do 
examinando, verificaremos se o modo de ser e de reagir do indivíduo se 
diferencia em situações diversas. 
 
Para se chegar à interpretação, cujo objetivo é levantar um "perfil" o 
mais fiel e profundo possível de personalidade do examinando, quer seja 
quanto os aspectos situacionais, como também os aspectos estruturais, 
o relatório é dividido em três etapas: 
APOSTILA: PSICODIAGNÓSTICO DE RORSCHACH (USO DIDÁTICO) 
Proibida a reprodução em qualquer meio digital 
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 4 
 
 
 Tipo de Trabalho Mental Aspectos cognitivos 
 Feitio de Personalidade Disposições conativas 
  Síntese Condições afetivo-emocionais 
 
Tipo de Trabalho Mental: Nesta etapa será verificado de que maneira 
o indivíduo percebe o ambiente, compreende-o e estabelece relações 
entre os fatos, bem como de que o modo se adapta à realidade externa. 
Dessa maneira compreende-se como "funciona” o trabalho mental de 
observação, elaboração, comumcação e adaptação à realidade externa. 
 
Feitio de Personalidade: Será verificada a dinâmica e estrutura da 
personalidade em cada um dos seus setores: Afetividade, Conação e 
Inteligência. Desse modo, abordaremos a dinâmica psíquica do indivíduo, 
seu modo de reagir afetivamente, emocionalmente e Intelectualmente, 
bem como sua maneira de estabelecer relacionamentos interpessoais. 
 
Síntese: Neste momento serão enfatizados os aspectos mais relevantes 
e marcantes de toda interpretação, fornecendo uma conclusão a respeito 
da personalidade do examinando, bem como o prognóstico, e as 
indicações necessárias ao caso estudado. 
 
0 objetivo do relatório é apresentar o psicodiagnóstico do examinando, 
de modo descritivo, buscando desenvolver objetividade, clareza e 
precisão ria expressão das interpretações. 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA: PSICODIAGNÓSTICO DE RORSCHACH (USO DIDÁTICO) 
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 5 
ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO 
Profa.Dra. Maria Cristina B.M. Pellini 
 
Relatório do Método, de Rorschach aplicado em identificação do 
examinando avaliado segundo critérios de normas do Prof. Dr. Aníbal 
Silveira 
 
I - Tipo de Trabalho Mental (aspectos cognitivos) 
 
1.1 - Capacidade Associativa (R) e tempo de resposta (T) 
 
 - Nº Respostas (capacidade associativa) 
- T/R (ritmo de produção) 
 
1.2 - Observação da realidade 
 
 - Percepção (estilo perceptual do examinando) 
 - G: R (capacidade de planejamento) 
 - G: M (planejamento X capacidade concentração) 
 
 
1.3 Comunicação 
 
 - Faixa de conteúdos (interesse do examinando) 
 -%H, H: pH, qualidade H (como vê a si e os outros) 
 - comunicação não verbal, comentários, observações 
 
1.4 - Adaptação Cognitiva à Realidade Externa: 
 
 - % F (grau de contato com a realidade), 
 - RMI - %F+, %A, %V (adaptação à realidade externa) 
 
APOSTILA: PSICODIAGNÓSTICO DE RORSCHACH (USO DIDÁTICO) 
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________________________________________________________ 
 6 
II – Feitio de Personalidade 
 
2.1 Condições Afetivo-Emocionais 
 
 - Af (afetividade), Imp (impulsividade, Resp. Cor (reação afetiva) 
 
 2.2 – Dinâmica Emocional 
 
- Resp. Luminosidade (dinâmica emocional) 
 
 2.3 – Esfera Intelectual 
 
- Resp. Movimento, Resp. Perspectiva, M:Ps, Eq e Eq' (relacionamento 
interpessoal) 
 
III - Síntese do Relatório 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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________________________________________________________7 
I – TIPO DE TRABALHO MENTAL 
(ASPECTOS COGNITIVOS) 
 
Textos Organizados pela Profa.Dra. Maria Cristina B.M. Pellini 
 
Traduz a maneira do examinando captar o ambiente, elaborar seus dados e se 
adaptar à realidade percebida, ou seja, como o indivíduo observa, elabora e 
comunica o resultado de seu trabalho intelectual. 
 
0 indivíduo necessita estar observando para poder elaborar os fatos percebidos, 
tanto num trabalho indutivo, concreto, como num raciocínio dedutivo, abstrato, 
de compreensão dos eventos. Após isso, o indivíduo reage comunicando esse 
processo, revelando a maneira através da qual se adapta à realidade externa. 
Naturalmente, nesse processo de trabalho mental, atuam aspectos afetivos, 
conativos e intelectuais que interferem na compreensão dos fatos e na adaptação 
à realidade externa. 
 
Cada índice será compreendido individualmente e deverá, quando possível e 
necessário ser relacionado a outros índices. As expectativas utilizadas na 
interpretação provêm dos estudos e pesquisas de Aníbal Silveira na população 
brasileira. 
 
1.1 CAPACIDADE ASSOCIATIVA (R) E TEMPO DE RESPOSTA (T) 
 
1.1.1 R- número de respostas (esperado = 29 a 53(**) - para o Total) 
 
Traduz a capacidade associativa do examinando, ou seja, sua capacidade de 
produção intelectual no meio. 
 
R - na média - indica adequada capacidade associativa, de produção. 
 
(**) - VALORES SRSP – TABELA 2010 
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R - traduz elevada capacidade associativa. No entanto, é preciso verificar 
outros dados que podem estar associados à elevação do número de respostas. 
 
 R  sugere rebaixada capacidade associativa, de produção intelectual. 
 
É esperado que o número de respostas nas prs. Coloridas seja maior que nas prs. 
monocromáticas tanto por ser um aspecto comum encontrado na população 
amostra, como por ser esperada maior produção e envolvimento nas situações 
de maior apelo afetivo, logo a interpretação será feita pelo resultado do R total 
do protocolo se houver maior número de respostas nas pranchas coloridas, já 
que é este o resultado normalmente encontrado, portanto esperado. Entretanto, 
podem ocorrer dois casos que devem ser analisados da seguinte forma: 
 
R mono > R color - indica dificuldade de produção frente a situações de 
mobilização afetiva, podendo estar relacionada a bloqueio afetivo, pouca 
sensibilidade afetiva ou ainda que o examinando evita reagir às solicitações 
afetivas do ambiente, talvez por sentir-se ameaçado e confuso, retraindo-se 
como defesa. Posteriormente, quando a esfera afetiva for especialmente 
analisada, poderá ser verificado a que aspecto está relacionada a redução das 
respostas nas prs. coloridas. 
 
R color o dobro ou mais das R mono - revela dificuldade em produzir frente a 
situações onde é pouco mobilizado pelo afeto, tratando-se de indivíduo 
intensamente suscetível para com as implicações afetivas do ambiente. 
 
 1.1.2 Ritmo de produção (T/R - esperado = 18" a 48") 
 
Traduz o ritmo da produção mental do examinando, ou seja, quanto tempo 
necessita para desenvolver seu trabalho intelectual, suas atividades. 
 
T/R na média- indica adequado ritmo de produção intelectual do examinando, 
onde revela capacidade em desenvolver seu trabalho mental em um tempo 
razoável. 
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TIR - indica lentidão no ritmo do trabalho mental, ou seja, o trabalho mental do 
examinando requer um tempo elevado para se desenvolver. 
T/R - indica ritmo acelerado do trabalho mental, onde o examinando necessita 
pouco tempo para realizar seu trabalho mental. 
 
1.2 OBSERVAÇÃO DA REALIDADE 
 
1.2.1 Percepção 
 
As modalidades referem-se a área de localização das respostas do examinando, 
revelando-nos, portanto, para que dados das situações tende a dirigir sua 
atenção. Nesse sentido, através da análise das modalidades podemos verificar se 
o examinando tende a captar as situações como um todo, se é capaz de perceber 
os aspectos negativos e os obstáculos das situações. 
 
Através dos cálculos das modalidades obtemos o índice PERC (tipo de percepção) 
que já nos revela se cada modalidade encontra-se dentro do esperado, se está 
elevada, rebaixada ou ausente enquanto que o dado bruto não nos dá a 
dimensão da proporção do dado em relação ao resto do protocolo (por exemplo: 
G=7 possuí um significado diferente em relação a um protoloco onde R = 10 e 
outro onde R = 50) e como o índice PERC é calculado a partir do número de 
respostas é através de seu resultado que analisaremos o tipo de percepção do 
examinando. 
 
Espera-se que o indivíduo normal, adulto, apresente como resultado PERC = G P 
p (significando que: G ≈25; P ≈ 60; p ≈10) que nos indicaria de modo genérico, 
que o examinando é capaz de perceber os aspectos mais amplos das situações 
(indicado por G), captar os aspectos mais práticos, óbvios e concretos dos 
estímulos P e analisar as minúcias e detalhes das situações (p). É esperado, 
portanto, o surgimento das modalidades principais (G, P e p) dentro da 
expectativa, sendo que qualquer elevação de uma das modalidades implicará no 
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rebaixamento de outra, onde os aspectos relacionados a estas alterações devem 
ser cuidadosamente analisados. 
 
Apresentaremos, inicialmente, as características indicadas a cada uma das 
modalidades principais, esperadas em todos os protocolos, sendo, portanto, 
analisada sua presença e ausência. 
 
MODALIDADES PRINCIPAIS 
 
a) G. resposta global - tal resposta é classificada quando o examinando fornece 
uma resposta ou a combinação de vários elementos, englobando toda a prancha: 
 
Ex: Pr. I - Morcego Pr. X - 0 fundo do mar 
 
Interpretação básica - Na medida em que é capaz de dirigir sua atenção e 
elaborar uma resposta englobando toda a prancha, indica capacidade em 
compreender as situações como um todo, em apreciar as situações de modo 
amplo, em examinar o ambiente em sua totalidade, o que implica em capacidade 
de planejar a partir da observação mais ampla das experiências e da associação 
dos fatos em um contexto mais geral. 
 
Pode-se destacar dois tipos de respostas globais, sendo necessário verificar que 
tipo prevalece no protocolo: 
 
G imediata - onde a observação da realidade é mais sintética e concreta. 
 
G combinada - há maior capacidade de generalização, abstração e prospecção, 
implicando em inteligência abstrata e em elevada capacidade de planejamento. 
 
Elevação de G - indica tendência a abstrações e teorizações (além da elevação 
das características básicas já apresentadas), se prevalecer G combinada;quando 
prevalecer G imediata,indica visão superficial sobre os fatos. 
 
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Rebaixamento (ou ausência) de G - indica dificuldade ou (ausência) de 
planejamento, implicando em prejuízo na observação da realidade como um todo 
(ou ainda em incapacidade na organização das experiências de modo amplo). 
(Verificar se não está sendo substituído por GE) 
 
b) P. pormenor primário - classifica-se como P respostas associadas em áreas 
que a maioria das pessoas seleciona para associar respostas: 
 
Ex: Pr. I - Uma pessoa (P) 
 Pr. X - Caranguejo (P) 
 
Interpretação básica - Desde que são áreas freqüentemente percebidas pelas 
pessoas, revela capacidade em captar os elementos óbvios, evidentes, essenciaisdas situações, implicando em inteligência prática e concreta. 
 
Elevação de P - apego aos aspectos evidentes das experiências, com provável 
dificuldade de abstração (quando G e/ou GE rebaixado ou ausente). Quando 
muito elevado pode indicar falta de reflexão pessoal, observação extremamente 
concreta dos fatos ou até estereotipia na visão dos fatos (isto quando %F+). Já 
se for acompanhado por %F-  indica distorção na percepção dos fatos. 
 
Rebaixamento (ou ausência) de P - dificuldade (ou incapacidade quando P 
ausente) em captar os aspectos mais óbvios, evidentes das situações, denotando 
prejuízo na observação prática e concreta dos fatos. 
 
c) p - pormenor secundário - tal reposta é classificada quando a área 
selecionada para a resposta é raramente utilizada pelas pessoas para associação 
de respostas. 
 
Ex: Pr. I - montanha (p 22) 
 Pr. X - macaco (p21) 
 
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Interpretação básica - Na medida em que são áreas da prancha que são 
percebidas com pouca freqüência pelas pessoas, denota capacidade em captar as 
minúcias, detalhes, os aspectos menos evidentes das situações, implicando em 
atitude de análise e pesquisa. 
 
Elevação de p - elevada atenção aos detalhes das situações, tratando-se de 
indivíduo minucioso na análise dos fatos. Quando for muito elevado indica apego 
desmedido a aspectos pouco essenciais dos estímulos. Quando acompanhado de 
%F+ pode indicar mecanismos obsessivos, e se associado a %F- indicaria 
mecanismos compulsivos. 
 
Rebaixamento (ou ausência) de p - dificuldade (ou incapacidade quando p 
ausente) em captar detalhes, minúcias das situações, denotando prejuízo na 
análise e pesquisa mais detida dos fatos. 
 
MODALIDADES SECUNDÁRIAS 
 
Tais tipos de respostas não são "esperadas" que surjam (freqüência esperada - 
máximo de 5%), portanto, sua ausência não deve ser analisada. Caso ocorram é 
importante verificar em que freqüência ocorrem para avaliar a intensidade da 
presença das características implicadas. 
 
d) E - resposta de espaço - classifica-se quando a associação do sujeito é 
realizada numa área em branco da prancha, podendo ou não ser combinada com 
pormenores da prancha E(P); p(E). 
 
Ex: Pr. II - foguete (E 5) 
 Pr. IX - Violão (E 8) 
 
Interpretação básica - De modo geral indica tendência à oposição, necessidade 
de defesa de autonomia, preocupação com os obstáculos do ambiente e com os 
aspectos negativos das situações. 
 
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Convém observar com que tipo de determinante (ver no protocolo as respostas 
do examinando) vêm associada a resposta de espaço, podendo haver, caso haja 
a predominância da associação com determinado determinante, a presença de 
algumas características específicas. 
 
e) GE global com espaço - tal resposta é classificada quando toda a área da 
prancha é associada a algum espaço da figura. 
 
Ex: Pr I - Borboleta com pintas nas asas (G + E 30) 
 
Interpretação básica - Na medida em que o examinando é capaz de elaborar 
uma resposta em toda a prancha, incluindo os espaços contidos nela, implica em 
elevada capacidade de planejamento e abstração, capacidade em integrar os 
aspectos positivos e negativos das situações o que, entretanto, provoca desgaste 
de energia, 
 
Convém ressaltar que, como a maioria dos índices analisados no Método de 
Rorschach, o tipo de percepção deve ser comparado entre os dois conjuntos de 
pranchas, possibilitando-nos avaliar, se dependendo da situação na qual o 
examinando encontra-se envolvido, seu modo de perceber, captar os estímulos e 
distribuir a atenção pelos eventos externos modifica-se. Nesse caso, deve-se 
analisar a especificidade de cada situação, desconsiderando-se, então, os valores 
do total e analisando o PERC de cada conjunto de pranchas (mono e color) 
 
1.2.2 Capacidade de Planejamento X Produção 
 
a) G:R - Através de G podemos verificar a capacidade de planejamento do 
examinando, enquanto que em relação ao R podemos analisar a capacidade de 
produção. (Esperado G:R = 1:4) 
 
Através da produção G : R, podemos constatar quanto o indivíduo planeja o que 
produz. 
 
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A expectativa é de que o protocolo do examinando normal apresente por volta de 
1 G para cada 4R, quando podemos afirmar que há maior planejamento anterior 
a produção realizada. 
 
Quando encontramos um nº maior de G do que o esperado, pode-se dizer que há 
excessivo planejamento, que o examinando planeja além do que produz e 
quando o nº de G é inferior ao esperado, conclui-se que o examinando não 
planeja sua produção. 
 
b) G: M - Ao compararmos G: M, verificamos se o examinando tem capacidade 
para concretizar (M) seus planos (G). 
 
Espera-se 3G para cada 1M, demonstrando que há planejamento satisfatório da 
utilização do potencial intelectual e capacidade intelectual para cada 
concretização dos planos. (Esperado G:M = 3:1) 
 
Quando, em relação à expectativa, G for elevado, indica que o examinando 
desperdiça potencial intelectual por não planejar um modo satisfatório de utilizá-
la. 
 
1.3 COMUNICAÇÃO DO TRABALHO MENTAL 
 
Neste momento do relatório passaremos a interpretar os conteúdos, verificando: 
 
a) Diversificação de interesses e tipo de interesse predominante: 
 
- através da verificação dos tipos diferentes de conteúdos que aparecem no 
protocolo, observamos se o examinando apresenta diversificação de interesses 
pelo ambiente em seus aspectos afetivos, intelectuais ou superficiais e qual tipo 
de interesse é predominante. 
 
- verificar se predominam, numericamente: 
 
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 Afetivos - A, H, pH, pA, an, sx, fg, al - estes conteúdos refletem interesses de 
caráter mais afetivo, básico e até primário e inerente ao indivíduo, revelando que 
encontra-se mais envolvido por aspectos afetivos, pessoais e por seus 
relacionamentos. É esperado maior número de respostas deste tipo (até 75%), 
entretanto, se forem muito numerosos em relação aos demais, podem estar 
indicando preocupação e envolvimento intenso com aspectos pessoais, mais 
afetivos, bem como preocupação ligada aos relacionamentos interpessoais. 
 
 Intelectuais - ab, arq, art, mI, ci, rl, pz, ant - são conteúdos que traduzem 
interesses que envolvem maiores construções intelectuais, conhecimentos, 
organizações. Podem estar indicando indivíduos que foram mais estimulados 
culturalmente e intelectualmente. Caso sejam muito numerosos em relação aos 
afetivos, podem indicar fuga de envolvimento, para com aspectos mais pessoais, 
envolvendo-se mais com aspectos racionais e intelectuais como defesa. 
 
 Concreto e superficiais - bt, ggr, mp, nat, nv, obj, vst - trata-se de 
conteúdos que expressam menor envolvimento tanto pessoal quanto intelectual. 
 
b) Padrão de Interação social e pessoal: 
 
Será verificado, principalmente, pela análise dos conteúdos H e pH que 
apareceram no protocolo, quando em número elevado. 
 
%H conteúdo humano - traduz o grau de interesse do examinando pelos 
relacionamentos interpessoais, assim como a natureza específica desses 
relacionamentos. (Esperado -10% a 20%) 
 
% Hm indica interesse pelos outros e pelos relacionamentos interpessoais. 
 
%H indica interesse maior que a maioria das pessoas pelos relacionamentos 
Interpessoais, podendo, ainda, denotar conflitos no relacionamentointerpessoal, 
daí o examinando estar mais voltado para esse aspecto. 
 
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É preciso verificar a profissão do examinando, assim como a qualidade e tipo das 
respostas dadas, antes de formalizar a interpretação. Caso a profissão do 
indivíduo esteja ligada a relacionamentos interpessoais, como psicólogo, 
cientistas sociais, pedagogos, etc, é natural que revele maior número de 
respostas de humano, não podendo aí ser considerada imediatamente a 
interpretação de conflitos nos relacionamentos, a menos que tal aspecto seja 
confirmado por outros dados. 
 
%H preocupação com os relacionamentos interpessoais, com o 
comportamento, as atitudes das pessoas, sugerindo busca de 
seus parâmetros no outro. 
 
%H  indica dificuldade nas relações interpessoais por desinteresse pelos outros 
e pelos relacionamentos, possivelmente originado por conflitos em 
relacionamentos anteriores. 
 
H: pH Analisamos também a relação entre H e pH para verificarmos se 
predomina visão integrada de si e do outro (H) ou se prevalece visão 
parcial e isolada (pH). 
 
Esperado - H > pH - traduz capacidade de ver o outro e a si mesmo de forma 
integrada. 
 
Quando H < pH - indica conflitos ou empobrecimento nos relacionamentos 
interpessoais por não perceber o outro e a si de maneira 
integrada, relacionando-se com aspectos parciais e 
isolados das pessoas. Pode revelar ainda, preocupação 
elevada para com sua pessoa, estando mais voltado para 
si do que para os demais e para os relacionamentos. 
 
Quando pH encontrar - se intensamente associado a olhos traduz preocupação 
com a intenção dos outros sentindo-se observado, vigiado, 
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preocupado com a opinião alheia, sendo que quando este 
aspecto for muito elevado, sugere tendência à paranóia. 
 
OBS: %H, H: pH será verificado nas pranchas mono e color. 
 
QUALIDADE e TIPO das RESPOSTAS H: 
 
 Quanto mais semelhante os seres humanos vistos com o examinando (em 
termos de sexo, idade, raça, etc.) indica maior auto-aceitação, aceitação de suas 
características, o que pode implicar na possibilidade de estabelecer bons 
relacionamentos. 
 
 Quanto mais distantes forem as figuras vistas (sexo, idade, raça, 
impessoalidade na descrição) traduzem maior dificuldade em aceitar suas 
próprias características, sugerindo dificuldade nos relacionamentos interpessoais. 
 
 Figuras humanas vistas como monstros assustadores - indica relacionamentos 
percebidos como ameaçadores, onde o outro é percebido como assustador. 
 
 Respostas de máscaras, fantasias - desejo de simulação, de aparentar, 
mostrar algo que não é. 
 
c) Outros Conteúdos - Interpretar apenas quando a freqüência ou a 
"construção` da resposta for significativa. 
 
sx conteúdo sexual - normalmente ocorre em menor número, quer seja por 
escrúpulos, cerimônias para com o aplicador ou por repressões verdadeiras. 
 
Esperado - 1 a 2 
 
Ausência de sx - a priori indicaria repressão ou dificuldade em relação à 
sexualidade, no entanto, é comum sua ausência em nossa cultura ligada a pudor 
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excessivo. Pode indicar repressões, onde nesses casos as respostas são 
substituídas por respostas simbólicas ou de cobertura. 
 
Sx - traduzem dificuldades e conflitos na área da sexualidade, principalmente 
se forem respostas perseverativas ou de má qualidade (com F-, Fº) 
 
an - anatomia - trata-se de conteúdo que aparece com razoável freqüência nos 
protocolos em geral, porém em menor número que A e H. (até 10%) 
 
an - sugere que o examinando encontra-se preocupado com o futuro 
principalmente em relação à saúde, assim como, se muito elevado indica 
tendência à hipocondria, especialmente se as respostas forem associadas à 
perceptos de má forma (F-, Fo) 
 
Quando as repostas an forem associadas à cor - sugerem afetos negativos; à 
ossos - bloqueios afetivos. 
 
Entretanto, é preciso antes de atribuir qualquer interpretação, verificar a 
profissão do examinando, já que é esperado um número maior destas respostas 
em protocolos de profissionais das áreas médicas, biomédicas, em radiologistas, 
etc. 
 
É necessário verificar também se o examinando não está passando por algum 
problema de saúde ou preocupado com a saúde de alguém significativo, ou se 
tem uma história de vida ligada a problemas de saúde. 
 
Existem poucos estudos relacionados aos demais conteúdos, o que nos permite 
pouco aprofundamento. Apenas nos deteremos em sua análise caso algum ocorra 
com freqüência elevada, ex: bt=2, ggr=3, nat=2, fg=3, ml=8, neste caso ml é 
significativo, sendo preciso aí interpretá-lo e entendê-lo dentro da dinâmica 
estudada, pois podem estar apresentado simbolicamente algum conteúdo 
significativo. 
 
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ab abstração - indica indivíduo que se deixam levar mais passivamente, 
tendendo a devaneios. 
 
al alimento - quando ligados à determinantes da série cor traduzem impulsos 
afetivos positivos e fortes. 
 
art arte - interesse ativo pela arte. Se muito elevado em relação aos conteúdos 
afetivos pode indicar fuga para aspectos de envolvimento menos pessoal 
como forma de defesa para com aspectos da afetividade. 
 
bt botânica - indicam indiretamente sexo, quando não forem ligados a cor, 
traduzem tensão sexual não resolvida, muito freqüente em adultos imaturos. 
Quando ligados à cor (com FC, CF) indica maior tranqüilidade quanto à 
sexualidade. 
 
fg fogo - quando ligados à vida indica afetos positivos; se ligados à destruição 
(p. ex. explosão) reflete afetos negativos, hostilidade, agressividade. 
 
ggr acidentes geográficos - indicam sentimentos de inferioridade, 
principalmente quando relacionados a respostas grandiosas como 
montanhas. Indicam tendência à evasão, medo de autoridade quando 
relacionados a respostas de buraco, cratera. 
 
nat natureza - tendência a se retirar da competição intelectual. obj objeto - se 
ultrapassar 10% sugere ausência de concentração, dispersão do 
pensamento. 
 
pz paisagem - quando ligada à luminosidade sugere sentimento de que algo 
interno está se desintegrando. 
 
Deve-se ressaltar que para efetuarmos análise adequada e correta dos 
conteúdos, faz-se necessário ler e retomar as respostas do protocolo e não 
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ater-se apenas aos resultados da ficha de cálculos, já que o dado numérico não 
nos transmite a dimensão, a construção da figura vista, sendo necessário neste 
momento, "sentir” a resposta do sujeito e buscar compreender a noção simbólica 
de suas respostas. 
 
d) Comentários do examinando durante a prova, expressão não-verbal, 
observações do aplicador 
 
Nesse momento do relatório vale a pena ressaltar aspectos do comportamento 
não-verbal, atitude do examinando frente a situação de teste, comentários, 
enfim, "mecanismos" que foram observados pelo aplicador como significativos. 
 
1.5. ADAPTAÇÃO À REALIDADE EXTERNA 
 
As três esferas da personalidade - inteligência, afetividade e conação - participam 
do processos de adaptação à realidade externa. De alguma maneira cada 
indivíduo adapta-se às situações utilizando de seus recursos internos. Para 
integrar-se à realidade o examinandoestabelece contato com o meio externo 
(%F), voltando-se para o meio, para percebê-lo. A qualidade do contato pode ser 
objetiva e crítica (%F+) ou subjetiva e até mesmo distorcida (%F-). A ligação 
afetiva estabelecida com o meio (%A) e a assimilação das normas e padrões 
sociais (%V) também concorrem para a adaptação ao meio. 
 
Silveira construiu o índice RMI (relação para com a média intelectual) para 
avaliar a maneira pela qual o indivíduo adapta-se, ou integra-se intelectualmente 
à realidade externa. 
 
Ao estudarmos a Teoria da Personalidade proposta por Silveira, observamos que 
o setor intelectual, embora seja o último a se desenvolver, é o que vai reger os 
demais setores. Estamos tratando aqui da inteligência no aspecto qualitativo, que 
permite a cada indivíduo adaptar-se, integrar-se e relacionar-se com o mundo de 
modo maduro e socializado. A inteligência é que proporciona o desenvolvimento 
dos afetos de um nível primário para um nível mais socializado e que permite a 
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orientação das ações de modo organizado, e que levam ao alcance dos objetivos 
propostos por cada indivíduo. 
 
Veremos a seguir através de que índices e o que estes avaliam, para que possam 
nos conduzir a análise da adaptação ao meio. 
 
a) Grau de Contato com a Realidade Externa - %F - Respostas de Forma 
 
As respostas de forma são as mais freqüentes nos protocolos de Rorschach. As 
solicitações afetivas do sujeito provocam o trabalho mental em fase construtiva. 
A observação dos aspectos formais da realidade externa impõem a noção de 
ordem e estabilidade que levam o indivíduo à subordinação à realidade e ao 
controle da exteriorização livre dos impulsos afetivos. Cabe aqui retomarmos 
alguns conceitos da Psicanálise que podem nos auxiliar a compreender o 
processo de desenvolvimento da criança e o surgimento das respostas de Forma. 
 
A criança é submetida ao Princípio do Prazer, onde o pensamento reflete 
processo primário, não havendo perspectiva de tempo, nem habilidade para 
retardar a gratificação. As necessidades são básicas e instintivas e não existe a 
percepção do "outro" ou dos objetos como entidades independentes. 0 outro e os 
objetos são percebidos segundo a sua utilidade para reduzir ou resolver tensões 
e impulsos e satisfazer os desejos. Conforme a noção do meio aumenta, e ocorra 
maior participação da inteligência, a criança passa a desenvolver sua percepção 
de modo ativo organizando seletivamente o "percebido" de acordo com o tipo de 
organização de sua personalidade. Ao conseguir observar a realidade, o outro e 
os objetos como distintos de si, torna-se capaz de subordinar os instintos à 
realidade - Princípio da realidade. 
 
Nesse sentido, ao dar forma aos objetos, a criança está entrando em contato 
com o meio externo, voltando-se para a realidade para percebê-la tal como é, e 
já não totalmente relacionada a seus desejos e impulsos. 
 
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Através, então, do número de respostas de forma (%F) verificado no protocolo, 
observaremos o quanto o indivíduo se volta para o meio para percebê-lo, e 
em que medida percebe o meio sem se envolver com ele, estabelecendo um 
contato mais impessoal para compreender a realidade como esta se apresenta. 
 
Esperado - 55% a 73 % (no total) 
 
Interpretação: 
 
%Fm: adequado grau de contato com a realidade, indicando que o examinando 
volta-se para o meio satisfatoriamente para percebê-lo. 
 
%F: desinteresse pelo ambiente, que pode se dar por acentuado envolvimento 
pessoal ou subjetivo. Nesse caso, o examinando encontra-se mais voltado para 
si, tendo dificuldade em perceber a realidade como esta se apresenta. Pode 
indicar imaturidade psicológica se estiver muito rebaixado. 
 
% F : contato superficial, pobre, pouco criador, atitude de desconfiança ou 
medo de revelar se. Nesse caso, o examinando mantêm contato formal, pouco 
utilizando-se de recursos internos, carecendo de imaginação e criatividade. 
 
b) Adaptação à realidade externa - RMI 
 
A adaptação à realidade externa está relacionada a capacidade do indivíduo em 
aceitar os limites, as exigências e solicitações do meio de modo satisfatório e 
adequado. 
 
Esperado - 44% a 52% (no total) 
 
RMI: indica indivíduo que encontra-se adaptado à realidade, com satisfatória 
aceitação das limitações e exigências do meio. 
 
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RMI: reflete dificuldade em aceitar o meio e suas implicações o que leva a 
prejuízo na adaptação à realidade externa 
 
RMI : indica submissão e passividade para com as implicações da realidade. 
Quando %F+, %A, %V indica preocupação excessiva com seus próprios 
problemas. 
 
Através do RMI verificamos o "quanto" o examinando encontra-se adaptado, 
entretanto é necessário avaliar como, de que maneira está ocorrendo sua 
adaptação. Dessa forma, compreenderemos de que modo os aspectos 
intelectuais, afetivos e conativos estão participando de sua integração ao meio. 
Para isso analisaremos os índices que compõem o RMI: 
 
RMI = %F+ + %A+ %V 
 3 
 
% F+: esfera conativa - através deste índice podemos observar a capacidade de 
evocação das imagens, a utilização da memória. Observamos a 
capacidade de atenção e concentração e, verificamos o quanto o 
examinando é capaz de efetuar noção objetiva e crítica dos fatos 
externos. Nesse sentido, as respostas de forma, em geral, estão 
relacionadas com a esfera conativa e como a participação desta esfera 
ocorre na adaptação à realidade externa. 
 
Esperado – 78% a 90% (no total) 
 
%F+m capacidade de atenção e concentração satisfatória que possibilitam a 
percepção objetiva da realidade externa e a capacidade de controle e 
retardamento dos processos impulsivos e afetivos. Refletem prevalência 
do juízo crítico na análise dos fatos. 
 
%F+ quando encontra-se entre 75% a 82% - indica dificuldade em manter a 
atenção satisfatoriamente, mas que, no entanto, não prejudica a análise objetiva 
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dos fatos, já que prevalece o juízo crítico e de realidade. 
 
%F+ inferior a 75% - visão pessoal, subjetiva e distorcida dos fatos por 
instabilidade conativa, indicando prejuízo na atenção e concentração. 
Prevalece o juízo de valor levando a deficiência de auto-controle e 
incapacidade de objetivação. 
 
%F+  excessiva atenção e concentração sobre os fatos externos, indicando 
exigências de auto-domínio imposta pelo próprio sujeito. Outros fatores 
podem, estar associados dependendo da relação com outros índices 
 
- mecanismo obsessivo - se p elevado 
- pobreza de imaginação e espontaneidade - %F e lambda  
- depressão, falta de autonomia, incapacidade para divergir (estes aspectos 
dependem da combinação de vários outros índices para ser confirmado - p.ex. 
M=0, l , l’ etc). 
 
%A esfera afetiva - reflete a ligação afetiva do examinando com o meio, 
revelando o quanto se envolve emocionalmente com as situações. As 
respostas de animal são as respostas predominantes das crianças, 
refletindo suas primeiras identificações, que contém o aspecto emocional 
relacionado às suas primeiras experiências. No adulto refletem este 
aspecto de envolvimento emocional com o meio. 
 
Esperado - 28% a 46% (no total) 
 
% Am ligação - envolvimento emocional estável com o meio 
 
%A  tensão emocional na ligação com omeio, na medida em que se envolve 
intensamente e de modo afetivo com as situações. Trata-se de indivíduos 
que buscam o familiar como forma de segurança. Quando muito elevado 
reflete imaturidade (pensamento infantil, estereotipado, rígido, imaturo). 
 
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%A  escassa ligação, envolvimento emocional com o meio, sugerindo 
instabilidade emocional. Caso seja muito rebaixado pode estar indicando 
apatia ou embotamento afetivo (desinteresse pelas coisas e relacionamentos 
mais comuns). 
 
%V esfera intelectual - são respostas de elevada freqüência na população, 
refletindo no indivíduo que as apresenta, sua capacidade de assimilação das 
normas e padrões sociais, indicando o quanto aceita os padrões da 
coletividade. Este índice reflete a lógica intelectual, a aceitação e assimilação 
dos padrões comuns do grupo social. 
 
Esperado – 16% a 28% 
 
% Vm adequado grau de assimilação, aceitação das normas e padrões sociais. 
 
%V dificuldade, por vezes intensa, em aceitar as normas e padrões da 
coletividade, o que deve prejudicar sua adaptação ao meio 
 
 
%V  conformidade, em alguns casos excessiva, indicando pouca restrição ao 
que é imposto, às normas e padrões sociais, refletindo passividade, 
provavelmente ligada à necessidade de aprovação. 
 
Podemos observar vários casos onde o índice RMI encontra-se na média, 
enquanto os índices que o compõem encontram-se alterados. Nota-se, nestes 
momentos, a utilização intensa por parte do examinando, de alguma esfera, seja 
para compensar ou em detrimento de outra. Nesse sentido, é importante 
observar cuidadosamente cada índice que compõe o RMI e como eles atuam na 
adaptação à realidade externa. Cabe lembrar que, embora os índices atuem 
sobre o RMI, não atuam diretamente um sobre o outro, ou seja a elevação da 
%F+ não gera a elevação ou rebaixamento da %A ou da %V, por exemplo, não 
havendo inter-relação direta entre si. 
 
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II - FEITIO DA PERSONALIDADE 
 
2.1 ESFERA CONATIVA 
 
A esfera conativa compreende o setor da personalidade que reúne dinamismos 
que antecedem e possibilitam o comportamento explícito, de natureza intelectual, 
e afetivo-emocional. Nesse sentido, é através da atuação no meio, seja explícita 
ou a nível mental, que o indivíduo busca a satisfação de seus impulsos afetivos e 
de suas necessidades intelectuais. 
 
No Rorschach, a esfera conativa do examinando será compreendida pela análise 
dos índices: 
 
 Conação (Con) 
 Lambda (L) 
 
a) Conação 
 
A conação, que não se confunde com ação explícita, mas corresponde à 
disposição interna para ação, fornece informação quantitativa da capacidade do 
examinando para agir no meio externo de maneira adequada, bem como sua 
capacidade para organizar a ação explícita. 
 
Essa capacidade de organização da atuação é possível pelo desempenho das 
funções subjetivas da conação: 
 
1. Iniciativa: função que permite o desencadeamento da ação propriamente 
dita e que estimula a percepção e o raciocínio (verificado através da %F). 
 
2. Manutenção: função que possibilita a estabilidade da atenção, dando 
continuidade aos atos, bem como mantendo o raciocínio ou a observação 
(verificado através da %F+) 
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3. Inibição: responsável pelo bloqueio ou pela moderação da exteriorização 
explícita, na medida em que através da crítica, refreia os impulsos 
inadequados (verificado através da %F +). 
 
0 índice Conação é obtido através da fórmula [Con = %F+ - (100 - %F)], na 
medida em que as respostas da forma do protocolo revelam o interesse pelo 
meio (%F) e a capacidade de atenção e concentração (%F+), o que possibilita a 
organização da ação explícita. 
 
Essa atribuição de organização às respostas de forma, ocorre na medida que 
estas traduzem a utilização explícita das funções subjetivas da conação 
(iniciativa-%F, manutenção -%F+; e inibição-%F+), pois a adequação da 
percepção das formas nos fornece informações sobre a organização interna do 
examinando, traduzindo a coerência e adequação de sua atuação (Con). 
 
A atuação no meio só poderá ocorrer na medida em que o examinando mantenha 
grau de contato adequado com a realidade - o que é aferido pela %F e que 
demonstre objetividade na percepção dos fatos, possibilitando análise crítica dos 
mesmos através da atenção e concentração no seu contato com o meio - o que é 
verificado pela interpretação da %F+. 
 
A percepção do mundo externo varia segundo a fase de desenvolvimento. 
Inicialmente a criança percebe e responde de modo difuso aos estímulos de seu 
mundo interno e aos do ambiente externo. Não há perspectiva de tempo, mas 
apenas habilidade mínima em retardar a resposta ou a gratificação. Os objetos 
são percebidos segundo sua utilidade para reduzir ou resolver suas tensões e 
impulsos. Seu comportamento acha-se submetido ao "Princípio do Prazer” , 
segundo a teoria psicanalítica, e o pensamento reflete o processo primário. 
 
Com o amadurecimento, ocorre maior participação das funções intelectuais e da 
noção no meio objetivo, e o indivíduo torna-se capaz de subordinar seus instintos 
ao "Princípio de Realidade", que depende da capacidade crescente de retardar a 
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gratificação e portanto de inibir a reação motora imediata, sendo ela substituída 
pelos processos de pensamento (elaboração intelectual). 
 
Assim, as respostas dadas às manchas - ambíguas - podem ser mais ou menos 
congruentes com a forma do estímulo, daí a classificação: F+, F-, Fº - que 
demonstra o grau de maior ou menor objetividade na observação que o 
examinando faz da realidade. 
 
logo: 
 
Con na média - demonstra adequado grau de liberdade subjetiva para agir no 
meio, o que implica em disposição para atuação e capacidade de organizar a 
ação. Nesse sentido, indica capacidade de iniciativa (desde que %F m ), 
manutenção da ação e bloqueio de ações inadequadas (desde que %F+m ou 
elevado). 
 
Esperado de 44% a 54% 
 
Con  ação demasiadamente subordinada aos estímulos do meio e elevada 
disposição para agir no meio; tal característica pode estar relacionada a: 
 
 Elevada atenção e concentração (%F+) e excessivo bloqueio de ações 
inadequadas com intensa necessidade de auto-domínio, podendo haver até 
rigidez mental em seu modo de atuar (quando %F+) 
 
 Ligação muito superficial, indivíduo pouco criador, com pouca imaginação e 
elevada iniciativa (quando %F) 
 
Con  subjetivismo intenso, que bloqueia ou desgasta a ação prática. Implica 
em reduzida disposição para agir no meio e dificuldade em organizar as 
atividades práticas no meio por: 
 
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 Instabilidade conativa, subjetividade (ou até distorção) na análise dos fatos em 
função de prejuízo intenso na atenção e concentração (%F+ ) 
 
 Contato precário com a realidade, reduzido interesse pelos estímulos 
externos,tratando-se de indivíduo intensamente voltado para aspectos internos 
(%F) 
 
b) Lambda 
 
O índice Lambda nos fornece a intensidade de utilização de recursos internos da 
personalidade, isto é, o quanto o examinando se utiliza de disposições subjetivas 
no contato individual com o ambiente, no trabalhomental e conseqüentemente 
em seu comportamento manifesto. Os recursos internos utilizados pelo indivíduo 
podem estar relacionados à disposição afetivo-emocionais (RC/RL) e/ou à 
construções intelectuais (RM/RPs). 
 
É obtido pelo cálculo: (R - F) 
 F 
 
Portanto, o resultado (valor de Lambda), será a quantidade dos demais 
determinantes - além da forma -utilizados pelo examinando. 
 
Esperado de 0,35% a 0,83% 
 
Logo: 
 
Lambda na média - traduz a existência de recursos subjetivos e a utilização 
destes na ação explícita. 
 
Lambda  reflete indivíduo que utiliza plenamente seus recursos internos em seu 
contato com o meio, assim como na ação prática, sugerindo indivíduo mais 
criativo ou demasiadamente subjetivo (verificar a qualidade dos recursos 
apresentados pela análise dos determinantes). 
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Lambda  demonstra pobreza de recursos internos, assim como não utilização 
dos recursos que possui - indivíduo que não utiliza seu potencial intelectual, 
afetivo-emocional. 
 
Correlação Conação e Lambda Tendo compreendido cada um dos índices 
separadamente, podemos passar para a segunda etapa da interpretação da 
Esfera Conativa na elaboração do psicograma (relatório), que é, fazer uma 
correlação entre os índices Con e Lambda. 
 
 NOTA: Tal comparação será feita no grupo de pranchas monocromáticas, assim 
como no grupo de pranchas coloridas, a fim de verificarmos a influência dos 
momentos psicológicos que acaso estejam em ação, ou seja, como reage a 
esfera conativa frente as situações mais neutras e como se dá o processo frente 
aos estímulos afetivos 
 
 
Resumo adaptado dos textos: 
 
* COELHO, Lúcia "Esfera Conativa" In: Epilepsia e Personalidade, Cap.11. 
* K. SHELDON J. "A percepção da forma e o funcionamento do ego”. 
* SILVEIRA, Aníbal Identificação do Fator Determinante Forma Critério para 
avaliação" 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 31 
2.2 CONDIÇÕES AFETIVO-EMOCIONAIS 
 
Esfera Afetiva 
 
Compreende-se por Esfera Afetiva o setor básico da personalidade que reúne 
funções subjetivas-instintos e sentimentos que estimulam o ser humano 
constantemente à satisfazer as necessidades da própria existência e da espécie 
(manutenção da vida-instinto nutritivo; sexual; aprovação; etc.) e que mantém 
ativo o interesse em ampliar suas relações interpessoais. 
 
No Rorschach a estrutura e dinâmica da Esfera Afetiva do examinando é obtida, 
principalmente, pelo estudo das respostas às pranchas coloridas. Especialmente, 
através da análise dos índices Afetividade (Af) e Impulsividade (Imp) e das 
respostas de Cor - FC, CF, C - propriamente ditas. 
 
Nesse sentido, torna-se necessário compreender de que modo ocorre e é 
organizada a percepção da cor. 
 
0 indivíduo é atingido passivamente pela cor, esta parece se "apossar do olhar" 
enquanto as formas e demais aspectos demandam uma observação mais ativa 
"as cores gritam, as formas são silenciosas" (Schachtel). 
 
A criança reage à luz, à cor e ao contraste, muito antes que sua capacidade de 
articulação e compreensão tenham se desenvolvido, pois a percepção sensorial e 
de caráter imediato autocêntrica predomina sobre a organização formal dos 
conteúdos. 
 
Neste tipo de percepção do mundo (autocêntrica), há pouca ou nenhuma 
"objetivação", o objeto não existe por si e sim pelo que ele provoca na criança, 
em função de si mesmo, de suas necessidades mais básicas, das sensações de 
prazer ou desprazer que experimenta. 
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 32 
Com o amadurecimento afetivo e cognitivo, torna-se possível perceber os objetos 
como realmente são, ou seja, a percepção objetiva e ativa dos fatos torna-se 
preponderante aos sentidos (percepção Alocêntrica). 
 
O objeto, então, é percebido como existente independente do indivíduo, que 
procura aproximar-se dele conscientemente, para analisá-lo apesar do sentimento 
que o estímulo lhe provoca. É possível através do trabalho mental fazer uma 
análise crítica do objeto chegando ao seu conteúdo específico, selecionando suas 
qualidades e defeitos. 
 
Mesmo que o examinando não dê respostas de cor, ele reage à ela; às vezes não 
as verbaliza por inibição ou bloqueio da expressão dos afetos. O importante é 
observar como o examinando "lida" com seus afetos através de seu modo de 
reagir frente às pranchas coloridas. 
 
Alguns adultos respondem à cor como as crianças - cor ligada a prazer/desprazer 
(percepção autocêntrica), outros a percebem de maneira distanciada e objetiva 
(percepção alocêntrica), ou são capazes de percebê-las das duas maneiras (o que 
é esperado). 
 
Para Hermann Rorschach, então, as Respostas de Cor são representantes da 
afetividade e seu número, fornece uma medida da habilidade do examinando em 
responder aos estímulos afetivos e expressar seus afetos. 
 
Portanto, para classificarmos uma resposta com determinante "Cor", não é 
suficiente que ela tenha sido notada, mas sim, que a cor da figura determine-a, 
pois o importante é observar como o examinando "lida" com a cor: integrando-a 
ou não à forma em maior ou menor intensidade, criticando-a, negando-a, etc. 
 
Hermann Rorschach (1967) estava consciente da diferença no impacto de 
diferentes cores e do "significado do padrão seletivo" das respostas de um 
examinando a certas cores e de quanto ele evita outras. Ele acentua que: 
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 33 
"Indivíduos controladores de seus afetos mostram preferência pelas figuras azuis 
e verdes e evitam o vermelho de maneira notável".(p.79) 
 
O vermelho, segundo pesquisas feitas, está ligado a afetos mais primitivos e 
emoções básicas: sexo, tendências agressivas e destrutivas - conscientes ou não. 
Uma interpretação fiel de seu significado, depende da análise do conteúdo e de 
todo o contexto da resposta, assim como a qualidade formal da mesma (uma CF 
e uma C são menos integradas que uma FC). 
 
Mesmo entre duas respostas de percepção da cor pura (C), há diferença 
qualitativa, isto é, uma pode ser percepção da cor crua e indiferenciada - ex: "céu 
azul" - enquanto a outra, uma percepção diferenciada, na qual se dá atenção às 
nuances mais finas e específicas da cor - ex: "céu azul pálido que às vezes se vê 
no início da primavera". 
 
Este tipo de resposta só é possível quando a percepção da cor, não permanece 
num nível primitivo, mas passou por um desenvolvimento que requer um grau 
considerável de atenção às nuances da cor e quanto esta atenção também está 
presente e é efetiva enquanto se responde às figuras, o que será compreendido 
pelo estudo específico das três categorias de respostas cromáticas - FC CF e C - 
que diferem quanto ao grau com que os impulsos da individualidade (funções 
afetivas básicas - impulsos e sentimentos) atuam no comportamento manifesto 
do examinando. 
 
Portanto, para compreendermos a esfera afetiva propriamente dita, 
observaremos os índices Afetividade, Impulsividade e as Respostas de Cor, 
embora através de outros índices (como R, RMI, %F+, Con, etc.) e de como estes 
se apresentam às pranchas monocromáticas e coloridas também verificamos 
traços, características da personalidade do indivíduo relativos ao seu modo de 
lidar particularmente com as situações afetivas. 
 
 
 
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 34 
a) índices Afetividade (Af) e Impulsividade (Imp) 
 
Afetividade 
 
Af = Nº Resp. Prs. Coloridas 
 Nº Resp. Prs. Moriocromáticas 
 
Esperado: 1,12 a 1,84 
 
Af na média - Denota sensibilidade às estimulações afetivas do meio 
(dependendo do índice lmp) será verificado se essa sensibilidade é a nível mais 
socializado Imp na média) ou a nível mais primário, instintivo (Imp ) 
 
Quando: 
 
Af  Indica reduzida sensibilidade aos estímulos afetivos, traduzindo 
dificuldade do examinando em reagir às solicitações afetivas do ambiente, por 
indiferença ou insensibilidade afetiva. 
 
Af  Indica elevada sensibilidade aos estímulos afetivos do ambiente. 
 
Impulsividade 
 
Imp = Resp. Prs. II + III 
 Resp. Prs. VIII + IX + X 
 
Esperado: 0,32 a 0,70 
 
Segundo Hermann Rorschach, as pranchas II e III, subentendem um estímulo 
mais biológico (instintos) do que social (pela participação da cor vermelha) e 
permitem a manifestação da ação psicológica individual, enquanto as outras - 
VIII, IX e X - estimulam fundamentalmente expressão das funções da 
sociabilidade (sentimentos). 
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Logo, Impulsividade traduz sensibilidade aos estímulos afetivos mais básicos, 
mais primários, primitivos, pouco elaborados, que, no entanto, são necessários 
por estimularem as funções da individualidade e os instintos básicos da 
manutenção da vida, de aprovação, etc. 
 
Quando: 
 
Imp na média - Denota que as disposições afetivas do examinando obedecem a 
impulsos mais aceitáveis socialmente. 
 
Imp  - Basicamente significa alto nível de impulsividade, sendo que dependendo 
de outros índices do protocolo, poderá traduzir impulsividade positiva (impulso 
para a luta, "garra") ou negativa (agressividade destrutiva). É preciso, então, 
verificar no protocolo, os recursos que o examinando utiliza para refrear ou não 
sua impulsividade, que são: 
 
M (M>m+m') - através da autonomia, auto-controle; 
 
FC (FC>CF + C) - por expressões de afeto mais controladas; 
 
C’ através da adaptação cultural; 
 
%F+ através do juízo crítico elevado que leva a controle rígido de 
comportamentos 
inadequados; 
 
%A - através de tensão emocional; 
 
Con  - reduzida disposição para ação; 
 
%V  - submissão as normas e padrões sociais. 
 
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Imp  - Significa baixo nível de impulsividade, (talvez por baixo "nível de energia 
vital", características de quadros depressivos, por exemplo). Ou então, significa 
pressão intensa dos impulsos primários, determinando ansiedade e bloqueio no 
trabalho mental (principalmente quando há falta de respostas nas pranchas II e 
III ou, quando Af). 
 
Após a observação e compreensão de cada um dos índices separadamente, é 
preciso ainda, compará-los - Af e Imp - para se concluir sobre a dinâmica da 
repercussão dos estímulos afetivos no examinando. 
 
b) Significado das respostas de cor - FC, CF, C 
Exteriorização das reações afetivas. 
Esperado: FC> CF + C (adulto) 
 
FC - Resposta onde a forma, o contorno externo é preciso e essencial para que 
tenha sido realizada a associação, sendo também codeterminada pela cor; são 
designadas como resposta de forma e cor. Ex: Pr. VIII - P 2 – “Uma flor, uma 
orquídea rosa e alaranjada" 
 
Traduz maneira mais adequada e amadurecida de reação afetiva; o ambiente e o 
outro são levados em consideração; denota ainda subordinação da afetividade à 
realidade externa levando em consideração o local onde está, os sentimentos 
alheios. 
 
Indica capacidade de auto-controle reagindo adequadamente aos esrimulos 
afetivos. 
 
FC  - (em relação à CF e C - indica subordinação extrema à realidade externa, 
necessidade intensa de aceitação, traduzindo excesso de consideração pelas 
situações e pelos demais na expressão dos afetos (principalmente quando CF for 
ausente). 
 
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CF - Resposta onde prevalece a cor da mancha sem deixar de considerar a forma, 
que no entanto tem um papel secundário - resposta cor-forma. 
 
Ex: Pr. II - P 3 “ manchas de sangue" 
Pr. X - G 'Jardim com muitas flores e vegetação coloridos" 
 
Demonstra maior subjetividade, menor subordinação ao meio externo, tendo 
pouca consideração pela situação e pelos outros ao expressar seus afetos. Indica 
maior egocentrismo ou tendência a ele. Trata-se de indivíduos onde as reações 
afetivas são mais espontâneas, sendo entusiastas, com menor controle sobre 
seus impulsos. 
 
Quando: 
 
CF + C > FC - indica instabilidade, chegando o examinando à reações pouco 
apropriadas, egocêntricas. 
 
CF  - denota irritabilidade e sugestionabilidade afetiva, 
 
FC > CF + C - indica flexibilidade na reação afetiva, ou seja, existe uma 
compreensão e também a possibilidade de expressar os afetos de modo 
adequado porém com espontaneidade. (desde que CF ≠ 0) 
 
C - Interpretações determinadas exclusivamente pela cor das manchas, sem levar 
em conta a forma -respostas cromáticas primárias. 
 
Ex: Pr. IX - "Carnaval - Inq. Porque é colorido, lembra carnaval" 
 
Pr. II - P 3 “sangue porque é vermelho" 
 
Traduz incapacidade de controlar as reações afetivas, levando à impulsividade, a 
liberação desproporcional da carga afetiva - o indivíduo não leva em consideração 
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a intensidade do estímulo nem o meio externo e as pessoas à sua volta ao 
expressar seus afetos, o que sugere reações intensas, explosivas. 
 
Geralmente surge em protocolos de indivíduos imprevisíveis quanto a 
manifestação afetiva com reações abertamente efusivas ou agressivas 
(principalmente quando as C estão associadas a um sentimento: alegria, raiva, 
tristeza, etc.). 
 
C - demonstra ausência patológica de auto-controle, explosividade (com 
ausência de FC e/ou CF) 
 
AUSÊNCIA de RESPOSTAS de COR - FC, CF, C: 
 
 De modo geral, reflete um grau de indiferença em relação aos estímulos 
afetivos do mundo externo, devido a: 
 
 Bloqueio das manifestações afetivas por visão estreita do mundo, falta de 
receptividade para com os valores afetivos em função de como se desenvolveu 
sua adaptação cultural; ou por atitude habitualmente rígida e compulsiva; 
 
 Fuga dos afetos por sentir-se ansioso frente a eles, ansiedade frente aos 
estímulos afetivos. 
 
Crítica à cor - o examinando não aceita a cor da mancha. 
 
Ex: Pr. VIII - P1 “Um leão, mas não existe leão rosa" 
 
Traduz não aceitação dos estímulos afetivos tais como eles são apresentados, por 
não conseguir integrá-los adequadamente devido à dificuldade de abstração e 
tendência ao concretismo, ou seja, o examinando "critica" as imperfeições do 
ambiente por necessidade de pautar-se em situações nitidamente definidas - 
concretas (devido a dificuldade de abstração que é uma alteração intrínseca da 
esfera intelectual). 
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Esse dinamismo leva o examinando a vivenciar insegurança afetiva-emocional 
que é expressa em reações afetivas inadequadas, com necessidade acentuada de 
"dominar" o ambiente, chamando atenção sobre si. 
 
2.3 - DINÂMICA EMOCIONAL 
 
SérieLuminosidade 
 
As respostas de Luminosidade (L, l, l´, C´) - associações elaboradas a partir da 
percepção das nuances e dos contrastes de claro e escuro nas figuras - traduzem 
a capacidade do examinando em selecionar as diferentes gradações, nuances dos 
estímulos do meio e revelam o modo como o indivíduo "sente" as situações e 
adapta-se emocionalmente a elas através das reações emocionais provocadas 
pelas noções reais ou imaginárias que possuem em relação às experiências 
vivenciadas. 
 
Todo conhecimento do meio externo está ligado à emoção, tratando-se de um 
elemento básico na aprendizagem, na medida que a emoção é o resultado do 
impacto do conhecimento sobre o estímulo afetivo. 
 
Por exemplo: diante de um gesto de carinho (estímulo afetivo) o indivíduo se 
emociona, pois compreende esse gesto (intelectualmente) como sendo uma 
expressão de amor do outro para com ele. 
 
Para melhor compreendermos a dinâmica emocional faz-se necessário analisar 
como se inter-relacionam as esferas da personalidade. 
 
O interesse intelectual pelos eventos externos é despertado pela afetividade que 
estimula diretamente a inteligência e mobiliza a conação. 
 
Ao mesmo tempo que há o estímulo afetivo, isto é, o interesse, sobre o trabalho 
mental, ocorre uma repercussão desta noção aprendida sobre o mundo afetivo. 
Este dinamismo constante que se estabelece desde os primeiros contatos do ser 
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humano com a realidade, é o que Silveira e implicitamente outros autores 
consideram como emoção (Coelho, 1980 p.87)". 
 
Desta forma a emoção envolve desde a solicitação da elaboração contínua da 
realidade percebida, bem como os estímulos que são percebidos ou evocados, 
possuem repercussão afetiva. 
 
A repercussão afetiva, que inicia-se desde o começo da vida, é que leva ao 
estabelecimento do nexo entre os diversos estímulos externos. No início da vida 
as experiências são sentidas com elevada carga afetiva, relacionada com 
sensação de prazer e desprazer. Por exemplo, quando o bebê tem uma sensação 
de desprazer relacionada à fome e encontra-se no escuro de seu quarto e em 
outro momento tem sensação de prazer ao ser satisfeito e o ambiente encontra-
se iluminado, ele tende a estabelecer um nexo, uma relação entre 
prazer/desprazer com claro/escuro. Pode-se perceber que este nexo é primário, 
sincrético e carregado de sensações intensas. Tratam-se das emoções mais 
primárias. 
 
Com o amadurecimento, através da evolução dos relacionamentos interpessoais e 
com o aparecimento do raciocínio lógico na compreensão dos fatos externos, as 
emoções vão se diferenciando, os nexos emocionais se estabelecem de forma 
mais apropriada, possibilitando relações sociais mais complexas. 
 
Nesse sentido, as situações são constantemente analisadas pelo indivíduo, a 
partir do seu significado, e relacionadas às suas necessidades. “O tom emocional 
é a experiência de tais significados do ponto de vista afetivo e não do julgamento 
e do raciocínio" (Coelho, 1980 p.88)). 
 
Podemos perceber, portanto, que há uma estimulação afetiva (fome) que leva a 
seleção de estímulos (luz) que estejam relacionados ao prazer e desprazer 
sentidos. A seleção de estímulos passa a provocar um impacto afetivo na medida 
em que o nexo emocional é estabelecido. 
 
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As emoções podem vir acompanhadas por reações neuro vegetativas (sudorese, 
taquicardia, etc), que poderão ser mais ou menos intensas. O processo emocional 
é o dinamismo que permite o contato com o meio externo, embora não seja 
necessariamente consciente. 
 
Se a análise terapêutica não conseguir provocar emoções, ela não se torna capaz 
de restabelecer o nexo emocional que foi estabelecido entre a reação afetiva e a 
experiência que a provocou; o mesmo acontece com o aprendizado, que só é 
possível na medida em que provoque emoção. 
No entanto, se a emoção for muito intensa ou se o processo de maturação 
afetivo-emocional do indivíduo não se efetuou integralmente, o resultado poderá 
se negativo, ou seja, poderão ser desencadeados dinamismos psicológicos 
anormais que bloqueiam ou prejudicam o trabalho mental, chegando até a 
bloquear a ação prática como por exemplo: estados de pânico frente uma 
situação de perigo mortal - que impedem o indivíduo de raciocinar e/ou de agir. 
 
Logo, em nível intenso, a emoção poderá indicar ansiedade, insegurança 
afetivo-emocional, depressão. 
 
Significado das respostas de luminosidade - L, l, l´, C' – 
Esperado: L+C' > l + l´ 
 
L - Resposta de forma definida vista dentro da mancha, determinada pela 
luminosidade, através de tons claro-escuro, exigindo uma maior capacidade 
elaborativa (dedução e abstração), de busca de significados de modo objetivo. 
 
Ex: Pr. lX, p sem localização - "Um jacaré. Inq: Esse contraste de tons forma 
um jacaré perfeito, a cabeça, boca, olho e o corpo". 
 
0 indivíduo é capaz de dissociar os vários elementos do meio e em seguida cria 
novas formas segundo sua própria concepção e de acordo com as necessidades 
atuais. 
 
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Isso permite ao indivíduo uma plena adaptação emocional às várias situações 
objetivas, de forma pessoal, flexível e criadora, predominando o raciocínio 
dedutivo, abstrato. 
Traduz indivíduo sensível quanto à apreciação das nuances dos comportamentos 
e das variações emocionais dos outros indivíduos, o que lhe permite atuar com 
tato e cautela nas relações interpessoais na medida em que percebe as atitudes - 
o humor das situações. 
 
Traduz também, necessidade consciente de aprovação social. 
 
Quando: 
 
L - demonstra excessiva cautela no contato com o meio por necessidade 
intensa de aprovação e de afeição - indivíduo busca no meio as razões dos 
sentimentos que percebe em si, principalmente dos seus sentimentos de rejeição, 
insegurança, insuficiência, procurando justificar a causa de sua ansiedade (L 
persecutório) 
 
L ausente - sugere ansiedade ou depressão (confirmar com outros dados do 
protocolo) bem como prejuízo da utilização do raciocínio dedutivo e abstrato em 
suas reações emocionais. Indica falta de sensibilidade em captar as nuances dos 
comportamentos e das variações emocionais dos outros e das situações, não 
tendo desenvolvido atitude de tato e cautela nos relacionamentos. 
 
l- Respostas em que as tonalidades da figura são utilizadas como determinante 
com pouca participação da forma, sendo esta secundária. 
 
Ex: Pr. IV - "Pêlos" - lnq: (manchas dentro de P1) Pêlos por causa dessas 
manchas mais claras e mais escuras, que me parece pêlos. 
 
Indica ligação emocional com o ambiente peculiar à fase infantil do 
desenvolvimento. Envolve maior participação da afetividade e maior preocupação 
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com sensações subjetivas. 0 indivíduo é sensível às variações emocionais embora 
não consiga compreendê-las objetivamente. 
 
Sua ocorrência, até certo ponto, é importante, na medida em que sugere 
espontaneidade nas reações emocionais, já que o indivíduo se permite "sentir" 
sensações mesmo não tendo compreensão objetiva delas (desde que L > l + l’). 
 
l - Revela indivíduo submisso que precisa sentir devagar os outros e as 
situações 
que deve enfrentar, pois ele "tateia" em busca de seu objeto de medo que não é 
claro, objetivo para ele prevalece uma "sensação" que leva,geralmente, à 
"repressão dos afetos" (pois o indivíduo não consegue "lidar" adequadamente 
com os afetos à medida que não há objetividade e clareza). 
 
l- Indica repressão dos afetos por necessidade de ser amado, ser aceito e 
receber afeto. 
 
l ausente - Denota contato mais rigido, auto-exigência de sempre compreender e 
localizar as causas das emoções, o indivíduo não se permite sentir apenas as 
"sensações" sem reconhecer intelectualmente seu significado. 
 
l'- Respostas resultantes de sensações táteis apenas, (maciez, leveza, 
viscosidade) com ausência completa de forma, de estrutura. 
 
Ex: Pr. IV, P1 alguma coisa mole, viscosa, bem nojenta mesmo". 
 
Pr. VI, C - "parece um monte de sujeira". 
 
Indicam reações emocionais muito primárias, ligadas às primeiras experiências 
com o meio (que são presididas pelos sentidos - tato, olfato, sensações 
musculares, e de calor). Indica sensação de desconforto, de ansiedade, 
insegurança. 
 
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l’ (em adultos) - Implica em reações emocionais imaturas, infantis, denotando 
ansiedade, insegurança, conflitos emocionais intensos e retração emocional (o 
indivíduo se "perde" no medo, na ansiedade). Torna-se dependente do outro 
porque perde a noção objetiva no contato. 
 
C’ - Resposta de Tons acromáticos (branco, preto, cinza), usados como cor na 
resposta, porém com forma implícita na associação. 
 
Ex: Pr. V, G - Morcego. Inq: é igualzinho e também é preto, morcego é preto". 
 
Reflete a assimilação dos elementos de aculturação individual. O elemento afetivo 
surge como uma experiência emocional resultante do amadurecimento 
psicológico, e portanto, da adaptação cultural. 
 
Denota indivíduo prudente, que aprendeu a temer seus afetos em razão de 
desapontamentos anteriores; indivíduo que aprendeu a controlar suas emoções 
(trabalho mental de indução). 
 
C´ - Indica excesso de prudência onde o indivíduo busca utilizar experiências 
passadas como forma de aprendizagem (“gato escaldado"). Possivelmente 
"sentiu" situações de sua vida como desapontadoras levando-o a temer seus 
afetos. Deste modo, pode estar relacionado a depressão ou humor depressivo. 
 
C  ou ausente - traduz dificuldade em aprender e utilizar experiências passadas 
na busca de melhores formas de atuar, indicando carência de prudência em suas 
reações. 
 
As respostas de Luminosidade podem ocorrer em adicional a outros 
determinantes. Nesse caso, a intensidade das características que representam é 
reduzida, não plenamente desenvolvidas. Podemos dizer portanto que se: 
 
(L) Significa que o examinando no momento, ainda não faz uso do tato e 
cautela em suas relações interpessoais, pois ainda não amadureceu a 
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capacidade de perceber as nuances emocionais; não consegue ainda 
captar plenamente e objetivamente o "humor" das situações embora 
exista tentativa por parte do sujeito para que isto ocorra. Podemos 
portanto, concluir que através de maior auto-conhecimento e 
amadurecimento psicológico poderá vir no futuro a desenvolver maior tato 
e cautela nos relacionamentos. É importante verificar se estes (L) estão 
relacionados à percepção de "olhos" nas figuras vistas, pois neste caso, 
traduzem preocupação do sujeito por sentir-se observado, analisado, 
levando-o a agir com desconfiança. 
 
(l) Indica insegurança afetiva-emocional permeando toda a ligação do 
indivíduo com o ambiente, onde o envolvimento emocional com o meio é 
acompanhado de "certa" sensação de ansiedade sem, no entanto, 
compreender objetivamente as razões desta insegurança. Tal 
característica pode manifestar-se claramente nas situações de stress. 
 
(l´) denota ansiedade latente, não manifesta, como "pano de fundo" nas 
ligações do indivíduo com o meio, ou seja, o examinando sente o 
desconforto ansioso, mas não consegue objetivar a sensação de 
ansiedade, indicando angústia - surgindo intensamente nas situações de 
stress, quando o indivíduo encontra-se mais pressionado. 
 
(C’) Neste caso, o examinando ainda não desenvolveu capacidade de se 
utilizar do aprendizado, ou seja, indica potencial para uso da prudência nos 
relacionamentos interpessoais, para utilização da aprendizagem das 
experiências passadas em sua adaptação, mas que no momento ainda não 
é plenamente utilizado pelo examinando, sendo que, através do processo 
do desenvolvimento psicológico ou através do processo terapêutico (maior 
autoconhecimento) poderá vir a amadurecer e utilizar-se destas 
características-prudência. 
 
 
 
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2.4 - ESFERA INTELECTUAL 
 
A Esfera Intelectual compreende o conjunto das funções psíquicas - observação, 
elaboração e comunicação - responsáveis pela adaptação lógica e objetiva do 
indivíduo ao meio. 
 
Estas funções são interdependentes e indispensáveis ao objetivo final - a 
adaptação do indivíduo -embora possam ser agrupadas em três níveis distintos: 
 
 O da observação (concreta e abstrata) - responsável pela captação dos dados 
externos. (Primeiro o examinando observa a figura) 
 O da elaboração (indutiva e dedutiva) - que se constitui num processo ativo do 
trabalho mental para a construção de uma idéia ou pensamento (após 
observar a figura, o examinando irá selecionar informações pertinentes aos 
estímulos percebidos, chegando então, ao conceito, à resposta). 
 Comunicação (mímica, verbal e abstrata) - que permite a integração do 
indivíduo à realidade propriamente dita, à medida em que ele expõe o 
resultado de seu trabalho mental através de conceitos, idéias, ou seja, é o 
resultado da interpretação pessoal do indivíduo pelo ambiente observado (é a 
verbalização da resposta propriamente dita). 
 
No Rorschach, o estudo da Esfera Intelectual Intrínseca é feito pela análise 
minuciosa das Respostas de Movimento - M, m, m' - que irão traduzir os aspectos 
relativos ao potencial intelectual do examinando propriamente dito, do qual ele se 
utiliza para resolver logicamente as situações com as quais se depara. E da Esfera 
Intelectual Extrínseca é feita pela análise das respostas de Perspectiva - Ps, ps, 
ps' - quanto ao aspecto do uso do potencial intelectual no meio. 
 
Assim, é necessário estudarmos apuradamente cada uma das respostas da série 
movimento e da série perspectiva para a compreensão total da estrutura e 
funcionamento da Esfera Intelectual do examinando. 
 
 
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2.4.1 - Esfera Intelectual Intrínseca 
 
Respostas de Movimento - M, m, m´ 
 
As Respostas de Movimento de modo geral, indicam a capacidade intrínseca de 
elaboração intelectual do indivíduo, resultante da interpretação das noções 
estabelecidas segundo concepções ou fantasias peculiares do indivíduo, portanto mais 
ligadas à constituição do indivíduo, a seu temperamento do que às exigências do meio, 
caracterizando, a estrutura constitucional de personalidade do indivíduo e traduzindo 
características pessoais, próprias do examinando. 
 
M - Resposta de movimento humano 
 
Indicam basicamente: 
 
1) Autonomia -Capacidade de auto-afirmação - indicando presença de papéis de 
atuação desenvolvidos, tendências definidas, valores próprios, indivíduo que tende a 
agir segundo suas próprias idéias e referências, vive sua vida sem ser influenciado por 
outros. 
 
Segundo Piotrowsky, as respostas de movimento humano (M),

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