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Casamento Anulável

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FACULDADE DE CIÊNCIA E TECNOLOGIAS MATER CHRISTI 
AMANDA REBOUÇAS DE OLIVEIRA 
JÚLIA RUAMA P. DA SILVA 
LAURA LAIRONNY SILVA NUNES 
THAMIRES CARMINDA GARCIA ARRUDA 
THAMIRIS DA SILVA COSTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
CASAMENTO ANULÁVEL (ART. 1.550, CC/02) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MOSSORÓ/ RN 
2015 
INTRODUÇÃO 
 
 O presente trabalho tem o condão de realizar uma abordagem, ainda 
que breve, acerca do conceito de casamento anulável e das hipóteses de 
anulabilidade. Quando o casamento ocorre ferindo somente o interesse das 
pessoas, a reação é moderada no ordenamento jurídico. Por não haver 
ameaça à ordem pública, as partes podem dispor da possibilidade de intentar a 
ação anulatória ou permitir que o ato jurídico defeituoso convalesça. 
 Especificamente, pretende-se discutir o artigo 1550 do Código Civil que 
aborda as causas do casamento anulável e os efeitos jurídicos decorrentes 
deste. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Casamento Anulável 
 
O casamento anulável é aquele em que as partes, ao convolar núpcias, 
contaminam o ato com vícios sanáveis. As hipóteses de anulabilidade do 
casamento encontram-se em rol taxativo previsto no art. 1.550 do CC, sem 
prejuízo de outros dispositivos que completam o tratamento da matéria: 
 
Art. 1.550. É anulável o casamento: 
 
I - de quem não completou a idade mínima para casar; 
 
II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante 
legal; 
 
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558; 
 
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o 
consentimento; 
 
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse 
da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges; 
 
VI - por incompetência da autoridade celebrante. 
 
Parágrafo único. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato 
judicialmente decretada. 
 
 Isto posto, passa-se à análise de cada uma destas causas. 
 
1. Nubente que não completou a idade mínima para casar e o nubente em 
idade núbil sem autorização para o casamento (art. 1.550, incisos I e II, 
CC/02) 
 
Primeiramente é importante deixar claro que o código de 2002, no seu 
artigo 1.517, diz que a idade mínima para o casamento é aos 16 anos para 
ambos os sexos. Isso porque anteriormente a idade mínima era de 16 anos 
para as mulheres e 18 anos para os homens, pelo fato de se entender que a 
mulher tende a amadurecer mais rápido. 
Entende-se que será anulável o casamento para menores de 16 anos, 
valendo salientar que mesmo atingindo a idade mínima para o casamento (16 
anos) até os 18 anos, o nubente necessita da autorização dos pais ou de seus 
representantes legais (tutor ou curador) para o matrimônio. Sendo que a falta 
dessa autorização também não sendo suprida pelo juiz é causa de 
anulabilidade do casamento 
Apesar do dito anteriormente é necessário frisar que o código abre 
exceções, pois o casamento que traz como resultado a gravidez não pode ser 
anulado pelo fato da idade dos nubentes e mais: poderá confirmar o casamento 
o menor que completar a idade núbil, isso pelo suprimento judicial ou com 
autorização legal de seus representantes. 
Caso haja uma propositura da ação judicial que tende a anulação de 
casamento em razão da idade dos nubentes somente poderá ocorrer pelo o de 
menor idade entre os cônjuges, ou pelos representantes legais ou seus 
antecedentes. 
É importante ressaltar que, a autorização concedida pelo representante 
legal poderá ser revogada até o dia da celebração do casamento. Trata-se, 
primordialmente, do exercício de um direito potestativo. 
 
2. Do casamento nulo por vício de vontade (art. 1550, III, CC/02) 
 
 Conforme dispõe o inciso III do art. 1.550, também será anulável o 
casamento quando ocorrer vício de vontade na sua celebração. Entende-se 
então, que a intenção do legislador ao tratar desta hipótese foi garantir que a 
vontade dos nubentes seja livre e de boa-fé quando da convolação de núpcias. 
 Os artigos 1.556 a 1558 vêm complementar o disposto no referido inciso, 
ao detalhar os vícios de vontade no reconhecimento da anulabilidade do 
casamento, que serão analisados em seguida. 
 
 3.1. Casamento celebrado havendo erro essencial quanto à pessoa do 
outro cônjuge (arts. 1.550, III, 1.556 e 1.557 do CC): 
 
 O casamento pode ser anulado quando houver, por parte de um dos 
nubentes, erro essencial quanto à pessoa do outro. Necessário se faz, então, 
explicar o que se entende por erro. Segundo Caio Mário Da Silva Pereira, 
citado por Pablo Stolze: 
 
“quando o agente, por desconhecimento ou falso conhecimento das 
circunstâncias, age de um modo que não seria a sua vontade, se 
conhecesse a verdadeira situação, diz-se que procede com erro.” 
 
 Como se sabe, no erro, a pessoa se engana sozinha, sendo esse o 
requisito essencial para a anulação do casamento. O dolo, então, conforme a 
doutrina majoritária, não anula o casamento. Nesse sentido, observa Venosa: 
 
“o dolo, como causa de anulação, colocaria sob instabilidade desnecessária 
o casamento, permitindo que defeitos sobrepujáveis na vida doméstica 
fossem trazidos à baila em um processo.” 
 
 Embora a lei não estabeleça distinções, o erro é um estado de espírito 
positivo, ou seja, a falsa percepção da realidade, ao passo que a ignorância é 
um estado de espírito negativo, o total desconhecimento do declarante a 
respeito das circunstâncias do negócio. 
 Tradicionalmente, o erro é considerado como causa de anulabilidade do 
negócio jurídico se for essencial (substancial) ou escusável (perdoável). 
 Nesse sentido, dispõe o Código Civil: 
 
“Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de 
vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por 
pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio”. 
 
 Substancial é o erro que incide sobre a essência do ato que se pratica, 
sem o qual este não seria realizado. É o caso do colecionador que, 
pretendendo adquirir uma estátua de marfim, compra, por engano, uma peça 
feita de material sintético. 
 O art. 1.557 da codificação traz um rol de situações caracterizadoras do 
erro, e que merecem atenção especial: 
 Inciso I – o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, 
sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida 
em comum ao cônjuge enganado: A honra deve ser tida em sentido amplo, 
englobando tanto a autoestima (honra subjetiva) quanto a reputação social 
(honra objetiva). Na última ideia estaria também a boa fama. Vários são os 
exemplos apontados pela doutrina e jurisprudência sendo interessante citar os 
seguintes: casamento celebrado com homossexual, com bissexual, com 
transexual operado que não revelou sua situação anterior, com viciado em 
tóxicos, com irmão gêmeo de uma pessoa, com pessoa violenta, com viciado 
em jogos de azar, com pessoa adepta de práticas sexuais não convencionais, 
entre outras hipóteses. 
 Inciso II – A ignorância de crime anterior ao casamento e que por sua 
natureza torne insuportável a vida conjugal: Como o requisito da 
insuportabilidade prevalece, não há necessidade do trânsito em julgado da 
sentença penal, bastando a repercussão social do crime. Todavia, segundo 
Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona, a gravidade do crime não deve ser aferida 
segundo um padrão objetivo, mas, sim, na medida do sofrimento 
experimentadopelo cônjuge enganado. O referencial de análise, pois, para a 
aferição da invalidade, é a repercussão do ato na vítima, e não na sociedade. 
Exemplo: casar-se com um grande traficante de drogas, ou até mesmo com o 
autor de um simples furto, desconhecendo essa característica do outro 
cônjuge. 
 Inciso III – A ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico 
irremediável ou de moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou pela 
herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua 
descendência: Por defeito físico irremediável entenda-se uma incapacidade 
física grave, que inabilite o seu portador a realizar atos fundamentais da vida 
civil, com reflexos prejudiciais na esfera do casamento. Exemplos de defeito 
físico irremediável: hermafroditismo (duas manifestações sexuais); 
deformações genitais; ulcerações no pênis e impotência coeundi (para o ato 
sexual). É importante destacar que a impotência generandi ou concipiendi 
(para ter filhos) não gera a anulabilidade do casamento. Exemplos de moléstia 
grave e transmissível: tuberculose, AIDS, hepatite, sífilis, epilepsia, hemofilia 
etc. Em todos os casos relacionados, há presunção absoluta da 
insuportabilidade da vida em comum, razão pela qual ela não é mencionada na 
lei. 
 Inciso IV – A ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave 
que, por sua natureza, torne insuportável a vida em comum ao cônjuge 
enganado: Essa causa de anulação de casamento, como todas as outras 
estudadas, deverá provir de um fato anterior ao matrimônio, uma vez que, se 
lhe for posterior, renderá ensejo apenas ao desfazimento da relação conjugal. 
Exemplos de doença mental grave: esquizofrenia, psicopatia, psicose, paranoia 
etc. Não há necessidade de a pessoa estar interditada, não se confundindo a 
hipótese com a nulidade do art. 1.548, I, do CC. 
 Percebe-se que a lei não elenca mais como fundamento do erro quanto 
à pessoa o defloramento da mulher, ignorado pelo marido (art. 219, IV, do 
CC/1916). É evidente que esse dispositivo perdeu a aplicação prática há 
tempos, antes mesmo do Código Civil de 2002, não estando adaptado às 
mudanças de costumes em nosso País. 
 
 3.2. Da coação (arts. 1.550, III, e 1.558 do CC): 
 
 A coação constitui um vício da vontade ou do consentimento, havendo 
tratamento específico na Parte Geral do Código Civil (arts. 151 a 155). Quanto 
ao casamento, consta conceito específico de coação no art. 1.558, que assim 
dispõe: 
 
“É anulável o casamento em virtude de coação, quando o consentimento de 
um ou de ambos os cônjuges houver sido captado mediante fundado temor 
de mal considerável e iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de 
seus familiares.” 
 
Enquanto o dolo manifesta-se pelo ardil, a coação traduz violência. 
De acordo com Stolze e Pamplona, entende-se como coação capaz de 
viciar o consentimento toda violência psicológica apta a influenciar a vítima a 
realizar um ato que a sua vontade interna não deseja efetuar. 
São dois os tipos de coação: física (vis absoluta) e moral (vis 
compulsiva). A coação física é aquela que age diretamente sobre o corpo da 
vítima. A doutrina entende que esse tipo de coação neutraliza completamente a 
manifestação de vontade, tornando o negócio jurídico inexistente. 
A coação moral (vis compulsiva), por sua vez, é aquela que incute na 
vítima um temor constante e capaz de perturbar seu espírito, fazendo com que 
ela manifeste seu consentimento de maneira viciada. Por não tolher 
completamente a liberdade volitiva, é causa de anulabilidade do negócio 
jurídico, e não de inexistência. 
O sujeito que é ameaçado de sofrer um mal físico se não contrair o 
matrimônio com determinada pessoa, por exemplo. Embora ele tenha a opção 
de aceitar ou não, se o fizer, não se poderá dizer que externou livremente a 
sua vontade. 
Afastando-se um pouco da regra geral que toma como referência a 
figura do homem médio na análise dos defeitos do negócio jurídico, ao apreciar 
a coação, deve o juiz atentar para as circunstâncias do fato e condições 
pessoais da vítima. 
Nesse sentido, o art. 152 do CC, aplicável à invalidade do casamento: 
 
“No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a 
saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que 
possam influir na gravidade dela”. 
 
Clóvis Beviláqua, citado por Pablo Stolze, acrescenta que não se 
considera coação: a ameaça de um mal impossível, remoto, evitável, ou menor 
do que o mal resultante do ato; e o temor vão, que procede da fraqueza de 
ânimo do agente. 
 
3. Do incapaz de consentir e de manifestar de forma inequívoca a sua 
vontade (art. 1.550, IV, CC/02) 
 
 Essa previsão engloba as pessoas com redução parcial quanto à 
vontade, caso dos ébrios habituais, dos viciados em tóxicos, entre outros. 
Como se vê, nos casos citados, a vontade existe, mas não de forma plena. 
 É importante ressaltar que, embora não haja disposição expressa no 
Código Civil, tais circunstâncias deverão se verificar no momento da 
celebração, consoante, inclusive, deixa claro o Estatuto das Famílias, em seu 
art. 30, IV. 
 Uma pessoa, por exemplo, que haja sido induzida quimicamente a 
manifestar concordância não poderá participar da celebração matrimonial por 
conta da sua inaptidão para declarar de forma totalmente livre a sua vontade. 
Também é o caso daquele que, embora goze de discernimento, esteja 
com as suas faculdades cognitivas embaraçadas, no momento do ato, como 
nas hipóteses de embriaguez e toxicomania. 
Todavia, se a embriaguez ou a toxicomania manifestada — ou qualquer 
outra causa debilitante — for profunda, patológica e permanente poderá 
traduzir enfermidade mental, de maneira que o casamento será considerado 
nulo de pleno direito (art. 1.548, I), e não simplesmente anulável. 
 
4. Do casamento celebrado por procuração, havendo revogação do 
mandato (art. 1.550, V, CC/02) 
 
 O casamento realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro cônjuge 
soubesse da revogação do mandato, também constitui causa de anulação do 
matrimônio. É importante ressaltar que para que seja causa de anulação, os 
contraentes não poderão ter coabitado após a celebração do casamento e que 
o mandato declarado inválido por sentença judicial equipara-se à revogação de 
mandato, como prescreve o parágrafo único do artigo 1.550 do Código Civil de 
2002. 
Conforme observa Pablo Stolze, trata-se, em verdade, de uma aplicação 
do princípio da eticidade no Direito de Família, porquanto o nubente que, ao 
revogar o mandato, omite-se em comunicar, atua, inequivocamente, em franco 
desrespeito ao dever anexo de informação, decorrente da cláusula geral de 
boa-fé objetiva. 
 
5. Casamento celebrado perante autoridade relativamente incompetente 
(art. 1.550, VI, CC/02) 
 
 A doutrina majoritária entende que a interpretação mais razoável desse 
dispositivo aponta no sentido de considerarmos que apenas a incompetência 
territorial ou relativa resulta na anulabilidade do casamento celebrado, 
porquanto, em se tratando de incompetência absoluta da autoridade 
celebrante, o matrimônio deverá ser considerado inexistente, e não 
simplesmente inválido. 
 A título de exemplo, pense-se o caso de um juiz de paz de uma 
determinada localidade que realiza o casamento em outra, fora de sua 
competência. Segundo Maria Helena Diniz, aqui também se enquadra a 
incompetência ratione personae, quando o substituto do juiz de casamento for 
incompetente. 
 O art. 1.554 do CC/2002 serve como luva para essa hipótese prevendo 
que: “Subsiste o casamento celebrado por aquele que, sem possuir a 
competência exigida na lei, exercer publicamenteas funções de juiz de 
casamentos e, nessa qualidade, tiver registrado o ato no Registro Civil”. A 
hipótese é de convalidação do ato, sanando o vício de forma e conservando o 
casamento. 
 O prazo para a propositura da ação anulatória em ambos os casos é 
decadencial de dois anos contado da data da celebração do casamento. 
Segundo Tartuce, essa ação caberá somente aos cônjuges, que são únicos 
interessados na ação. De qualquer forma discute-se a possibilidade do MP 
promover essa ação. 
 
PRAZO E LEGITIMAÇÃO PARA ANULAÇÃO DO CASAMENTO 
Importante frisar, nesse ponto, que os prazos para a propositura da ação 
anulatória de casamento são decadenciais e não prescricionais. 
Os prazos decadenciais para o exercício do direito potestativo de anular 
o casamento estão previstos no art. 1.560, CC/02: 
“Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação anulatória do casamento, a 
contar da data da celebração, é de: 
I – cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 1.550; 
II – dois anos, se incompetente a autoridade celebrante; 
III – três anos, nos casos do incisos I e IV do art. 1.557; 
IV – quatro anos, se houver coação. 
§ 1.º Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anular o casamento dos 
menores de dezesseis anos, contado o prazo para o menor do dia em que perfez essa 
idade; e da data do casamento, para seus representantes legais ou ascendentes. 
§ 2.º Na hipótese do inciso V do art. 1.550, o prazo para anulação do 
casamento é de cento e oitenta dias, a partir da data em que o mandante tiver 
conhecimento da celebração.” 
Vale elencar, ainda, que, diferentemente do nulo – em que a ação 
poderá ser promovida pelo Ministério Publico ou por qualquer interessado – 
apenas alguns legitimados previamente definidos em lei, poderão propor a 
ação anulatória, conforme previsto no art. 1.552, CC/02: 
“Art. 1.552. A anulação do casamento dos menores de dezesseis anos será 
requerida: 
I – pelo próprio cônjuge menor; 
II – por seus representantes legais; 
III – por seus ascendentes.” 
Outrossim, existe a legitimidade específica, que opera-se no caso de 
vício de vontade, conforme previsto no art. 1.559, CC/02: 
“Art. 1.559. Somente o cônjuge que incidiu em erro, ou sofreu coação, pode 
demandar a anulação do casamento; mas a coabitação, havendo ciência de vicio, 
valida o ato, ressalvadas as hipóteses dos incisos III e IV do art. 1.557.” 
Atuando como fator validante do matrimonio anulável por erro essencial, 
a coabitação é o fator importante para tal, válido na incerteza de o erro provir 
da falta de conhecimento de moléstia perigosa e transmissível, de defeito físico 
irremediável ou de doença mental grave, anteriores ao casamento. 
Frisa-se que anteriormente ao mover da ação de inviabilidade do 
casamento é plausível que a parte requeira a medida cautelar de separação de 
corpos, nada impedindo que tal seja incidental. 
 
EFEITOS JURÍDICOS DO CASAMENTO ANULÁVEL 
 
 Primeiramente, é importante ressaltar que a medida judicial adequada 
para o reconhecimento do vício é denominada ação anulatória de casamento, 
que tem natureza constitutiva negativa, o que justifica os prazos decadenciais. 
 A anulação do casamento gera importantes efeitos jurídicos, entretanto, 
é bom relembrar que a anulabilidade (nulidade relativa) de determinado ato, 
considerada em uma escala de gravidade jurídica e impacto eficacial, é mais 
branda do que a hipótese de nulidade absoluta e que a busca da preservação e 
conservação do negócio jurídico também se aplica à matéria matrimonial. Em 
virtude disso, o próprio legislador cuidou de estabelecer, expressamente, 
especiais situações de aproveitamento do ato maculado. 
 O art. 1.551, por exemplo, impede a anulação do casamento por motivo 
de idade, caso haja resultado gravidez. Isso porque, consumada a concepção, 
essa jovem, ainda menor, pretendendo levar adiante a gravidez, assumirá as 
responsabilidades da maternidade, junto daquele com quem se casou, ainda 
que não tivesse a idade exigida por lei. 
Contemplou-se, ainda, uma especial forma de “confirmação” do 
casamento inválido, consoante se pode verificar na leitura do art. 1.553: 
 
“O menor que não atingiu a idade núbil poderá, depois de completá-la, 
confirmar seu casamento, com a autorização de seus representantes legais, 
se necessária, ou com suprimento judicial.” 
 
 Nessa mesma linha, afastando-se do sistema da nulidade absoluta, 
previu ainda, o legislador, o convalescimento do matrimônio anulável do menor 
em idade núbil, quando não autorizado pelo seu representante legal, caso a 
ação anulatória não seja proposta no prazo decadencial de 180 dias, bem 
como se ficar comprovado que os representantes legais do nubente assistiram 
à celebração ou, por qualquer modo, manifestaram a sua aprovação (art. 
1.555). 
 Anulado o matrimônio, a sentença que o invalida retrotrai os seus efeitos 
para atingi-lo ab initio, cancelando inclusive o seu registro, razão por que os 
cônjuges retornam ao estado civil de solteiro. 
 Cumpre destacar, também, que deve haver uma preservação quanto 
aos filhos, pois em relação a esses o casamento produzirá todos os efeitos. 
Assim como o divórcio também não muda os direitos e deveres de pais e filhos, 
a anulação do casamento não pode prejudicar a família. Se não houver acordo 
entre os pais, haverá então aplicação de regras que tratam da guarda. Cabe ao 
juiz decidir sobre a visita, alimentos, e geralmente ele dará preferência à 
guarda compartilhada, enfim, o mais necessário e cabível para o caso, 
objetivando sempre o melhor interesse dos filhos. 
 Por fim, estabelece o art. 1.564 que, quando o casamento for anulado 
por culpa de um dos cônjuges, este incorrerá: na perda de todas as vantagens 
havidas do cônjuge inocente e na obrigação de cumprir as promessas que lhe 
fez no contrato antenupcial. 
 Segundo Pablo Stolze, Maria Berenice Dias e outros doutrinadores, o 
legislador deveria, nesse particular, ter evitado a utilização da palavra “culpa”, 
pois esta é de difícil — senão impossível — mensuração na vida afetiva que se 
desconstrói, optando por referir apenas que o cônjuge que desse causa à 
invalidade, poderia suportar, no caso concreto, tais efeitos sancionatórios. 
Isso se mostra ainda mais evidente, na contemporaneidade, em que há 
um evidente declínio de importância da culpa no âmbito da responsabilidade 
civil e, especialmente, das relações de família. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conclusão 
 
O presente trabalho tratou das hipóteses da anulabilidade do 
casamento. Foi visto que, nos eventuais casos de anulabilidade, a lei impõe 
um tratamento menos severo, uma vez que não há interesse social no 
desfazimento do matrimônio, como ocorre na nulidade absoluta. Visou o 
Código Civil, proteger aqueles que, por algum dos motivos elencados pelo art. 
1.550, decidiram anular o enlace matrimonial. 
É importante para o estudante de direito, bem como para qualquer 
cidadão conhecer as possibilidades em que o casamento poderá ser anulado, 
visto que, na maioria das vezes, a anulação decorre de um consentimento 
defeituoso, eivado de erro ou pela imaturidade ou defeito mental daquele que 
se casou. A ausência desse tipo de conhecimento pode ocasionar prejuízos 
que, mais tarde, se tornarão insanáveis. Estudos como este colaboram para o 
aprendizado do aluno que futuramente irá instruir pessoas que não têm acesso 
a esse tipo de informação.Referências Bibliográficas 
 
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 9ª Edição. São 
Paulo: Revista dos Tribunais, 2013. 
 
DINIZ, Maria Helena, Curso de direito civil brasileiro, volume 5 : Direito 
de família - 28. ed. - São Paulo: Saraiva, 2013. 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo Curso de 
Direito Civil, vol. 6: Direito de Família: As famílias em perspectiva 
constitucional. 4ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2014. 
 
TARTUCE, Flávio. Direito Civil, vol. 5: Direito de Família. 9ª edição. São 
Paulo: Método, 2014.

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