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Expansão Ultramarina

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Resumo Expansão Ultramarina e Pioneirismo Português 
A Expansão Ultramarina, juntamente com o Renascimento e com a Reforma Protestante, foi uma mudança da mentalidade da mentalidade, e o homem desse fenômeno é o mais interessante, já que ele tem uma mentalidade medieval com uma visão já renascentista. Ao mesmo tempo que está buscando seus limites, buscando saber até onde vai seu conhecimento (e, portanto, domínio) de forma racional, ele ainda acredita que a Terra é plana (tinha medo de ir até a “borda” e cair em um abismo eterno), que existem monstros e, quando percebe que, na verdade, a Terra é redonda, se perguntou “será mesmo?”. Tinha dificuldade de acreditar em suas descobertas, já que havia um imaginário medieval muito forte. 
Um comerciante conhecido com Marco Polo foi para o Oriente (para onde se acredita ser a China) e, quando voltou para Europa, escreveu o “Livro das Maravilhas”, em que contava as maravilhas vistas no Oriente. Ele, em sua obra, descrevia cidades de ouro, prata e muita fartura.
Dessa maneira, o homem, com mentalidade medieval, passa a ver o Oriente como uma espécie de Paraíso. Por isso, muitos foram estimulados a se lançar ao oceano, apesar de a maioria nunca ter retornado, muito menos encontrado o Paraíso descrito por Marco Polo.
ANTECEDENTES 
Os fatores que estimularam essa aventura e, consequentemente, a mudança de mentalidade foram:
Minas de Metais Preciosos se esgotando na Europa
Na Europa, cada vez mais buscava-se cunhar moedas e, para isso, eram necessários metais preciosos, que não existiam em abundância no continente europeu, enquanto eram descritas cidades de ouro e prata no “Livro das Maravilhas”.
Terras cultiváveis mais escassas na Europa
Por causa do arroteamento exagerado, mudanças climáticas e falta de esterco (todos aqueles fatores ambientais da Crise do Feudalismo no século XIV), as terras estavam se desgastando e era cada vez mais difícil produzir nelas, assim, a fome assustava o homem. Enquanto no livro de Marco Polo era descrita a completa fartura alimentícia.
Controle Comercial dos italianos/mulçumanos
As rotas comerciais entre Oriente e Europa eram feitas entre a Itália e, a partir dos séculos XIV e XV (após a invasão turca no Império Bizantino), os turcos, que monopolizaram as rotas e aumentaram os preços. Dessa maneira os italianos estavam comprando os produtos a preços altos e vendendo a preços mais altos ainda. Por isso, os europeus veem a necessidade de buscar novas rotas comerciais para chegar ao Oriente.
Ideal Missionário Religioso
Esse ideal e´ diferente de no neocolonialismo, quando interesse religioso é tão importante quanto o econômico, político e militar.
No século XV, tendo em vista a Teoria Milenarista (o mundo poderia acabar a qualquer instante, já que não se sabia a partir de quando os 1000 anos de prosperidade da religião Católica começaram a ser contados), os homens renascentistas acreditavam em sua fé e acreditavam que deveriam levar a palavra da salvação para os povos Orientais.
OBS: Colonialismo x Imperialismo 
 Convertiam povos porque acreditavam tinham interesses econômicos e - precisavam criar um padrão para mercado ---- consumidor e mão de obra
Formação dos Estados Nacionais 
Sem Estado Nacional não há navegações, já que é o Estado que as patrocinam e a burguesia que financia (empresta dinheiro). No entanto, se o Estado não estiver centralizado, a burguesia não sente segurança para emprestar o dinheiro, assim, esse é um fator obrigatório para a expansão ultramarina de um país.
Sendo assim, se configura como um dos fatores que justifica Portugal e Espanha terem sido os primeiros a iniciar as expansões ultramarinas. Portugal foi bastante precoce: o primeiro país a formar o Estado Nacional, e, a Espanha, o terceiro.
EXPANSÃO PORTUGUESA
O marco do início das navegações portuguesas foi 1415, quando houve a tomada de Celta, no Norte da África. O grande objetivo dos portugueses nesse primeiro momento era buscar novas rotas comerciais para as Índias, assim, eles queriam contornar a África para chegar até seu destino, mas não imaginavam que era um continente tão grande.
O primeiro grande limite para os portugueses foi o Cabo do Bojador, que fica mais ao norte da África:
A solução encontrada pelos portugueses foi então fazer uma espécie de “barriga” na rota, para que o navio passasse mais longe do continente e não fosse levado para águas rasas pelas massas de ar.
A partir dessa vitória, os portugueses começaram a estabelecer feitorias no litoral (apenas) da África. Importante ressaltar que as feitorias eram fortificações imensas com objetivo de proteger e exercer comércio, mas não podem ser vistas como políticas administrativas e econômicas e, dessa maneira, ainda não caracterizam colonização. Não por causa da política administrativa, já que ela já existia, por exemplo, em uma feitoria podiam viver mais de 200 pessoas, assim, havia uma espécie de governador do local. No entanto, não havia políticas econômicas: até o comércio era realizado sem cobrança de impostos.
Agora, vamos estudar os fatores que justificam o pioneirismo português:
Localização Geográfica
Portugal era o único país que tinha navegação exclusivamente ultramarina. Os portugueses, sempre em sua história, viraram os olhos para o oceano e se esqueceram do continente. Por serem cercados de mar em grande parte de sua extensão, eles tinham uma grande venda de peixes e não tinham o mesmo medo que as outras nacionalidades do oceano.
Portugueses tinham grande integração comercial
No século XIV, todas as Hansas de grande riqueza ou começavam ou terminavam em Portugal, é o caso da Hansa do Mar Mediterrâneo (Lisboa à Itália) e Hansa do Norte (Holanda à Cidade do Porto). Essa característica provoca uma grande interação da burguesia portuguesa com outras burguesias, de vários países, o que aumenta seus lucros.
Dessa forma, a burguesia portuguesa do século XV está lucrando e tem condições de financiar as navegações portuguesas para a criação de ainda mais rotas.
Centralização política 
Portugal, como já foi dito, foi precoce em sua história e, no século XII, já se tornou o primeiro Estado Nacional do mundo. Agora vamos explorar um pouco da história de Portugal:
A história de Portugal é diferente do resto dos países da Europa, tanto que é marcada por guerras de reconquista contra os mouros. Quando essas guerras terminaram, o rei, sem recursos para prestigiar seus guerreiros, resolveu fazer um ato simbólico e ceder um condado ao General de Borgonha, que também casou com a filha do rei de Leão e Castela.
O general e a princesa pediram independência ao rei, mas ele não permitiu, contudo afirmou que caso tivessem um filho homem, ele, sendo seu neto, conseguiria independência das terras do pai (que até aquele momento, era o Condado de Portocale), não estando mais vinculado ao Reino de Galiza (comandado por Leão e Castela). Foi o que aconteceu com Dom Afonso, primeiro rei de Portugal.
Em 1383, Dom Fernando morreu e, não tendo um descendente, uma guerra civil pelo trono foi travada entre João I de Portugal e João I de Castela, o que desencadeou o conhecido conflito bélico e político: Revolta de Avis.
João I de Portugal, ou Dom João de Avis, venceu e centralizou o poder, sendo coroado como rei. A casa de Avis foi uma das casas mais importantes para as Grandes Navegações. Contudo, um fato interessante, que mudou a história de Portugal e pode ter sido um dos fatores responsáveis por Portugal não ter abrigado a Primeira Revolução Burguesa, ocorreu. Quando Dom João Avis foi coroado, ele não perdoou a nobreza que não o apoiou durante a Guerra Civil.
Os nobres foram presos e Dom João vendeu o título de nobreza para a alta burguesia, que se torna nobreza togada, que é um grupo que temdinheiro e trabalha como burguesia, mas tem título de nobreza. Ou seja, esse grupo econômico e social muito poderoso precisava legitimar o poder do Estado, para que esta instituição cedesse de volta poder a ele e, assim, foi criado o Estado Absolutista Espanhol.
Vemos, então, um contexto em que há uma burguesia com muito dinheiro se sentindo segura para emprestar dinheiro para o Estado, que protege seus interesses, o que encoraja muito as grandes navegações portuguesas.
Escola de Sagres era portuguesa
A Escola de Sagres era a melhor escola náutica do mundo, foi fundada pelos mouros, mas quando Portugal tomou posse da região, resolveu manter a escola. 
O diferencial da Escola de Sagres é que ela sempre estava atualizada, com as melhores cartas e as melhores técnicas, o que é devido a um aspecto místico da escola: todos que estudavam lá formavam uma espécie de sociedade, que prometia que caso descobrisse algo diferente, voltaria para ensinar seus feitos na escola.
O slogan da instituição era “Navegar é preciso, viver não é preciso”, já que a cada 3 navegantes que se lançavam no oceano, 2 morriam. Os estudantes sabiam dos riscos, mas acreditavam que, se não estivessem navegando, também não estariam vivendo.
Por essas características, sempre pairou um ideal místico sob a escola. O próprio Bartolomeu Dias, navegador português e primeiro a atravessar o Cabo das Tormentas, quando aprendeu a fazê-lo voltou e ensinou para os estudantes suas técnicas.
No caso do Cabo das Tormentas, deveria fazer-se o contrário de no Cabo do Bojador: o navio deveria passar mais próximo do continente para não sofrer tanta influência das correntes marítimas, mais especificamente entre os corais e a terra.
Em 1488, Bartolomeu Dias atravessou o Cabo das Tormentas e, em 1498 Vasco da Gama tenta chegar às Índias. Ele conseguiu, mas para fazer a viagem, levou 5 totens (grande pedra que demarca território de um país), sendo que só estabeleceu 4 feitorias na África, usando 4 de seus totens e sobrando 1, que retornou para Portugal. Isso pode nos parecer algo normal, mas não era: os navegadores não levavam mais totens do que iriam precisar e, analisando o percurso efetuado por Vasco – que se distanciou da Costa Africana- , muitos especialistas acreditam que seu objetivo era chegar às Américas antes de ir para as Índias, mas, por algum motivo, acabou não conseguindo.
Quando estava deixando, mais especificamente o que hoje conhecemos como Índia, Vasco bombardeou uma feitoria turca no local, por ter recebido críticas dos turcos. Assim, em 1500, a coroa portuguesa mandou um diplomata para as Índias para desfazer o mal intendido causado pela compusividade de Vasco da Gama, foi ele Pedro Álvares Cabral.
Teoricamente Pedro Álvares deveria ir apenas para resolver esse conflito diplomático, mas se perdeu em uma tempestade e acabou chegando no Brasil, e, coincidentemente tinha um totem, mesmo que sua missão não tivesse relacionada à conquista de nenhum território. Muita sorte, não? Ou o mais provável: tudo isso havia sido planejado.
Quanto à Espanha, o país também estava fazendo sua expansão marítima, um dos principais navegadores que era italiano, porém estava sob comando da Coroa Espanhola, foi Cristóvão Colombo, que foi quem descobriu que a terra é redonda .
Cristóvão, pensando que a terra era redonda, acreditava que poderia chegar ao oriente indo pelo ocidente, assim, em 1491 apresentou para o rei e a rainha da Espanha na época: Isabel de Castella e Fernando Aragão (são os avós de Carlos V) uma proposta, em que receberia navios para fazer sua rota e chegar ao Oriente. 
Isabel de Castela, então, disponibilizou a construção de 3 navios para Cristóvão Colombo: Santa Maria, Pinta e Mina, já que a Espanha estava preocupada com a expansão portuguesa e precisava de dinheiro.
Cristóvão saiu de Sevilla, uma região com porto fluvial e navegou até chegar na América Central (região de Cuba, República Dominicana) em 12 de outubro de 1492.
O navegador acreditava fielmente que havia chegado às Índias e que eram terras descritas pelo “Livro das Maravilhas”, já que a região era como um dos trechos do livro: habitada por pessoas peladas, com vegetação fechada e aves estranhas e, quando a notícia chega na Europa, os portugueses não achavam que os espanhóis haviam achado um novo continente, para eles era parte das Índias.
Nesse momento, foi estabelecido o Tratado de Tordesilhas, que dividiu o mundo em dois, tendo como referencial o Cabo Verde. Foi traçado um paralelo fictício a 100 léguas de Cabo Verde e, posteriormente, por pedidos portugueses, a 270 léguas dele, assim, o que estava a direita era espanhol e o que estava a esquerda era português. 
Outro navegador italiano que trabalhou a disposição da Coroa Espanhola foi Américo Vespúcio, que foi quem entendeu que a América na verdade era um continente.
Voltando para o Tratado de Tordesilhas, a partir de quando ele foi realizado, se iniciou a ocupação da América, que foi traumática e violenta, os índios, por exemplo do México e Peru, não estavam preparados para as armas de fogo e cavalos que os espanhóis trouxeram, com intuito de promover sua doutrina, especialmente a religiosa.
Na segunda metade do século XVI, se iniciam as expansões francesas e inglesas. Os ingleses e franceses achavam que poderiam ir pelo Norte, contornar a América e chegar às Índias e, assim, os ingleses acabaram achando os Estados Unidos e os franceses, o Canadá. Portanto o Tratado de Tordesilhas, apesar de dividir o mundo apenas entre os portugueses e espanhóis, não era reconhecido por outros países, que continuavam com sua expansão.
Outro navegador, a serviço espanhol, importante para a história foi Fernão de Magalhães, o primeiro a contornar a América, morrendo nas Filipinas, por um ataque indígena. Após sua morte, o navegador Sebastião Elcano assumiu sua missão e continuou a viagem, chegando onde tinha partido, a Espanha, e reafirmando o que havia sido proposto por Cristóvão: a Terra é redonda.
Salientando que as Expansões Ultramarinas não podem ser consideradas como sendo uma forma de globalização, já que não há troca de culturas entre os povos, apenas uma imposição das doutrinas europeias sobre as outras (eurocentrismo).
Consequências
Antes das expansões, como já discutido em resumos posteriores, o eixo econômico mundial era o Mar Mediterrâneo, onde a maior parte das rotas comerciais passavam. Depois desse fenômeno de expansão, havia rotas por todo o mundo, especialmente pelo Oceano Atlântico, novo eixo econômico.
Houve o aumento das companhias de comércio, já que era muito mais vantajoso vender o monopólio de uma região que o monopólio de produtos. E também houve a valorização do capital oriundo do comércio, o que fez a burguesia comercial faturar bastante. Um personagem que, especificamente, saiu lucrando foram os banqueiros, que emprestavam dinheiro para os Estados, sendo parceiros na exploração. Um exemplo foram os banqueiros italianos, que ajudavam o Estado Espanhol com a exploração nas Índias.
Uma outra consequência das Expansões Ultramarinas foi a Alta Geral dos Preços, que se iniciou internamente na Espanha e, depois, se espalhou para o resto da Europa, mas não será aprofundada no presente resumo por já ter sido discutido no resumo cujo nome é “Tipos de Mercantilismo”.

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