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MEDCURSO 2021 PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO Objetiva controlar os fatores com impacto na evolução cirúrgica. Avaliação do risco cirúrgico Avaliação Cardiovascular Não operar se cardiopatia ativa (angina instável, ICC descompensada, arritmia grave ou valvopatia grave). Índice de risco cardiovascular revisado (IRCR): 1. Coronariopatia 2. Insuficiência cardíaca 3. Doença renal crônica (Cr > 2) 4. DM com insulina 5. Doença cerebrovascular (AVC ou AIT) 6. Cirurgia: torácica, abdominal ou vascular suprainguinal (grande porte) Se < 2 fatores, paciente seguro (< 1% de risco). Se >= 2 fatores, avaliar capacidade funcional (MET). • Se < 4 METS, realizar teste cardíaco não-invasivo (como ecocardiograma transtorácico). Capacidade funcional: quantifica o gasto energético diário do coração. • < 4 METS: comer, vestir, andar em volta de casa... • 4-10 METS: subir um lance de escadas, andar rápido, trabalho doméstico... • > 10 METS: natação, tênis, futebol... Para anestesia/cirurgia, são necessários ao menos 4 METS. Resumo do estado clínico ASA 1 Saudável ASA 2 Doença sistêmica sem limitação (como DM/HAS controlados) ASA 3 Limita, mas não incapacita (como IAM prévio) ASA 4 Limita e incapacita (como IC não compensada) ASA 5 Moribundo (expectativa de óbito, como ruptura de aneurisma de aorta ou AVE hemorrágico com HIC) ASA 6 Morte Cerebral Emergência: utiliza-se o sufixo “E”. Exames pré-operatórios Dependem do paciente e do tipo de cirurgia. Com relação ao paciente IDADE EXAMES < 45 anos Dispensado 45-54 anos ECG para homens 55-70 anos ECG + hemograma (para todos) > 70 anos ECG + hemograma + eletrólitos + glicemia + função renal * Outros exames na dependência da patologia de base. Exemplo: hepatopatia (acrescentar coagulograma). Com relação à cirurgia EXAMES INDICAÇÕES Coagulograma Estimativa de perda > 2L, neurocirurgia, cirurgias cardíaca e torácica Rx de tórax Cirurgia cardíaca e torácica Medicação de uso crônico Manter (inclusive no dia) Suspender Corticoide em uso crônico (e adicionar hidrocortisona IV para modular a resposta ao trauma) Antidiabético oral (geralmente no dia!) • iSGLT2: 3-4 dias antes • Acarbose: 24h antes Anti-hipertensivo (IECA/BRA na prática é variável) AINEs (1-3 dias antes): interfere em função plaquetária Insulina (porém em doses mais baixas devido ao jejum pré-operatório) • NPH: ½ ou 2/3 da dose • Glargina: ½ da dose * Tolera-se glicemia até 180 mg/dL. Antiagregante plaquetário (7-10 dias antes) • AAS em coronariopatia: manter. Exceto se neurocirurgia. -- Novos anticoagulantes (24/48h antes) -- Warfarin (4/5 dias) para INR =< 1,5 Realizar anticoagulação de ponte (trocar Warfarin por heparina até poucas horas antes) em pacientes que não podem ficar sem anticoagulação. • HNF: 6h antes. • HBPM (clexane/enoxaparina): 24h antes. -- Estrogênios: sempre que possível, devem ser suspensos 4 semanas antes da cirurgia devido ao risco de TVP/TEP. Curiosidade: ervas medicinais/fitoterápicos também precisam ser perguntadas. Deve- se suspender Gingko (48h antes), Alho (7 dias antes) e Ginseng (7 dias antes). Profilaxia antibiótica Evitar infecção da ferida operatória (S. aureus). Tipo Definição Exemplos Esquema Limpa Não penetra tratos biliar, respiratório, GI e urinário Neurocirurgia e cirurgia ortopédica Realizar se incisão óssea ou prótese Limpa-contaminada Penetra de forma controlada (sem extravasamento) Colecistectomia por colelitíase Cefazolina (cefalosporina de 1ª geração) Contaminada Penetra sem controle; “ite” sem pus; trauma recente Colecistectomia por colecistite Cefazolina (cefalosporina de 1ª geração) Infectada “ite” supurada; trauma antigo; contaminação fecal PAF não tratado há horas ATBterapia OBS: no sítio colorretal, eleva-se a concentração de micro-organismos Gram – e anaeróbios. Por isso, cobre-se com quinolona, aminoglicosídeo, metronidazol ou outra classe com essa cobertura. OBS²: a antibioticoprofilaxia deve atuar durante a cirurgia, sem necessidade de manter. Por isso, geralmente utiliza-se 1 dose (ação por 3-4 horas). Utilizar mais doses se cirurgia prolongada ou se sangramento excessivo durante a cirurgia. Administrar a 30-60 minutos antes da primeira incisão cirúrgica. Extras Tricotomia Jejum Se possível, não realizar para evitar infecção local. Se for necessário, realizar sem trauma e no momento da cirurgia (para evitar tempo de contaminação). Líquidos claros: 2h (solução com glicose inclusive) Leite materno: 4h Leite não-humano: 6h Sólidos: 6-8h COMPLICAÇÕES CIRÚRGICAS Febre no contexto cirúrgico Perioperatório 24-72h de pós-operatório > 72h de pós-operatório Infecção pré-existente Reação à droga ou transfusão Hipertermia maligna Atelectasia (principalmente em cirurgias abdominais por hipoventilação) Infecção necrosante de ferida (S. pyogenes ou Clostridium perfringens) Infecção: ferida operatória (S. aureus), ITU, pneumonia Parotidite supurativa (S. aureus) – comum em homem diabético Trombose venosa profunda Reação à droga Hipertermia maligna: síndrome muscular hereditária fármaco-induzida! Exposição A: anestésico inalatório ou succnilcolina. A exposição provoca oferta exagerada de cálcio muscular que promove hipermetabolismo muscular (hipercapnia, rabdomiólise, hipertermia, contratura, acidose). O tratamento é feito com cessação da exposição medicamentosa, resfriamento (compressas, soro resfriado), bicarbonato IV, oferta de O2, entre outros. Antídoto: dantrolene (realiza o fechamento dos canais de cálcio)! Evitar bloqueadores dos canais de cálcio. Complicações da ferida operatória Seroma Hematoma Deiscência aponeurótica Coleção de líquido linfático na ferida operatória provocada pela incisão de vasos linfáticos. Não há extravasamento. Coleção de sangue ou coágulo em ferida operatória provocada por lesão vascular. Representa um foco infeccioso. Defeito musculoesquelético. Manifesta saída de líquido serohemático entre o 4-14º dia de PO. Geralmente autolimitado. Pode ter a reabsorção acelerada por curativo compressivo ou aspiração. Se pequeno, aguardar reabsorção. Se volumoso, reabrir para drenar. Trata-se com reabordagem e correção da sutura. Infecção de ferida operatória Infecção em local operado em até 30 dias (ou 1 ano se prótese) após procedimento. Superficial Profunda Restrita à pele e subcutâneo. • Clínica: febre + dor + flogose + pus. • Tratamento mecânico: retirada dos pontos + drenagem do pus + lavagem da ferida. Alcança fáscia e músculos. • Clínica: febre + dor + flogose + pus. • A exploração da FO confirma a profundidade. • Tratamento mecânico + antibiótico. De órgãos e cavidades Atinge órgãos e cavidades. • Clínica: febre + distensão + toxemia. • Tratamento: antibiótico + drenagem. Outras complicações Bexigoma por retenção urinária Massa "cística" palpável na pelve após uma cirurgia realizada com raquianestesia. Incidência varia de 4 a 25%, sendo mais comum após procedimentos cirúrgicos perineais, ginecológicos, do trato urinário inferior e após cirurgia anorretal. Patogenia: o estímulo doloroso pode desencadear a retenção por inibição reflexa da contratilidade detrusora, além de impedir a inibição alfa-adrenérgica. Além disso, a utilização de agentes anestésicos com ação anticolinérgica ou alfa-adrenérgica e a hiperdistensão vesical, provocada pela hidratação no intraoperatório, são fatores que contribuem para o aparecimento da retenção urinária aguda nestes casos. O tratamento para essa condição é a sondagem vesical de alívio porque, em geral, o efeito das medicações cessará em breve. Não devemos manter a sonda vesical por aumentar o risco de infecção urinária. Acúmulo de secreção serosa Ocorre comumente em dissecções extensas. Para evitar esta complicação,pode-se colocar um dreno com sucção na região subcutânea, que pode ser retirado quando o débito for menor do que 50 ml/24 horas. • Alto débito: > 200 a 500 ml/dia. • Baixo débito: < 200 a 500 ml/dia. Cefaleia pós-raquianestesia É uma situação relativamente comum e benigna que ocorre por possibilidade de extravasamento e perda de LÍQUOR pelo sítio de punção. Manifesta-se com cefaleia que melhora em decúbito e piora em ortostase. Pode ser tratada com analgesia e hidratação vigorosa ou mesmo com tampão sanguíneo no sítio de punção em sintomáticos.
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