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OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Descrever o papel da tecnologia de alimentos e de sua industrialização. > Explicar os processos que revolucionaram a tecnologia de alimentos. > Identificar pontos críticos de controle em alimentos e as boas práticas da indústria. Introdução A industrialização dos alimentos traz consigo o aumento da validade do produto, destrói microrganismos, evita o surgimento de compostos indesejáveis, além de muitas vezes torná-lo mais agradável. Essa industrialização, no entanto, também tem aspectos negativos, como, por exemplo, a perda de nutrientes e a mudança na composição do alimento, devido a fatores como pH, temperatura, luz, oxigênio, etc. Por isso, é muito importante que se tenha um controle desses alimentos, a fim de garantir a sua qualidade. A globalização e a consequente mudança no ritmo de vida das pessoas têm feito com que elas busquem por alimentos saudáveis e saborosos, mas que sejam rápidos e fáceis de preparar. Para oferecer uma alimentação saudável e sem riscos à população, entretanto, não basta processá-los, faz-se necessário trabalhar com ingredientes de qualidade, com a menor quantidade possível de aditivos sintéticos. Introdução à tecnologia de alimentos Manuela Lisboa Neste capítulo, você vai estudar os processos que revolucionaram a tecnologia de alimentos, a industrialização dos produtos, além de conhecer os pontos críticos de controle em alimentos e as boas práticas da indústria. Industrialização de alimentos A alimentação passou, desde o início da civilização, por grandes mudanças. Os seres humanos primitivos, antes de viverem em sociedade, caçavam, plantavam, descobriram o fogo e começaram a utilizá-lo para o preparo de alimentos. A descoberta desse processo foi positiva, pois trazia palatabilidade ao alimento, melhorando o seu sabor, cor, textura e odor. Perceberam também que as plantas tinham um ciclo, e que, em vez de simplesmente retirá-las do meio ambiente, eles poderiam plantar e, assim, não precisariam mais viver como nômades em busca de alimentos para garantir a sua sobrevivência. Nesse contexto, estabeleceram-se as comunidades, começaram a viver em sociedade, com divisões de tarefas entre os seus membros, como caçar e plantar. Com o tempo, o alimento passou a ser utilizado como moeda de troca, em que aqueles que plantavam trocavam o seu produto com aqueles que caçavam e vice-versa. A partir disso, os seres humanos aprenderam técnicas de cultivo, além de produzir em maior quantidade, de modo que começaram a “sobrar” alimentos. Então, foi preciso buscar técnicas que permitissem aumentar o prazo de vali- dade do produto a partir do processamento dos alimentos, mas que também se adequassem às formas de armazenamento para que esses alimentos não estragassem ou se perdessem. O excesso de produção e a falta de tecnologia e de métodos adequados de armazenamento na época trouxeram preocupação quanto à conservação desses alimentos aos povos pré-históricos, que já buscavam formas de re- duzir as perdas pós-colheita e diminuir o desequilíbrio entre a produção e a demanda de alimentos (CORREIA; FARAONI; SANT’ANA, 2008). Ao longo do tempo, importantes aprendizados quanto ao processamento e à conservação dos alimentos foram sendo adquiridos, e técnicas antigas ainda são utilizadas até hoje para a produção de alimentos, embalagens e equipamentos. Segundo Teixeira et al. (2015), mudanças na vida em sociedade, como, por exemplo, o êxodo rural, a participação da mulher no mercado de trabalho e o crescimento populacional, geraram mudanças importantes nos hábitos ali- mentares dos seres humanos. A partir disso, foi necessário produzir, portanto, alimentos em grande escala, por meio de equipamentos para processar e armazenar os alimentos, adequando técnicas e adotando métodos industriais. Introdução à tecnologia de alimentos2 Como resultado, esse tipo de alimento passou a ter maior tempo de validade, melhoria da qualidade, facilidade e segurança no seu transporte, além de aumentar a variedade de alimentos. Nesse contexto, a tecnologia de alimentos surgiu como um vínculo entre a produção e o consumo de alimentos. Seu objetivo é processar, elaborar, preservar, armazenar e comercializar os alimentos de maneira adequada, garantindo a qualidade dos produtos, segurança alimentar e lucratividade para a indústria. Para entender o processamento dos alimentos, é importante com- preender alguns conceitos. � Alimento: é tudo aquilo que pode ser ingerido e trará algum benefício à saúde do indivíduo, tendo as seguintes subdivisões: � Alimentos simples: alimentos de apenas uma molécula, como carboidrato, proteína, lipídios, etc. � Alimentos compostos: mistura de mais de uma molécula que formará um outro elemento, como, por exemplo, leite, ovos, carnes, etc. � Alimentos in natura: alimentos que não sofreram nenhum processamento. A industrialização de alimentos pode ser feita a partir de diferentes ali- mentos advindos da natureza, de origem animal e/ou vegetal, como carnes, pescados, leites, frutas, vegetais, cereais, ovos e mel, tendo ainda, dentro desses grupos, derivados. Também podem ser industrializados produtos em pó, desidratados, fermentados, condimentados, emulsionados, em conserva, geleias, bebidas alcoólicas ou não alcoólicas, entre outros. Conforme o Guia alimentar para a população brasileira, do Ministério da Saúde (BRASIL, 2014), é possível classificar os alimentos em três classes, de acordo com a tecnologia empregada ou não na sua obtenção: � alimentos in natura ou minimamente processados, que são os alimentos que não passaram por nenhum processo, ou que tiveram retiradas somente as suas partes não comestíveis; � alimentos processados, que são aqueles que passaram por um processo mínimo, como adição de sal, açúcar, etc.; � alimentos ultraprocessados, que são os alimentos prontos para con- sumo, com adição de conservantes e outros ingredientes. Introdução à tecnologia de alimentos 3 É importante destacar que o consumo desses alimentos deve ser balanceado, para que possamos ingerir todos os nutrientes neces- sários a uma dieta saudável, que inclui, por exemplo, carboidratos, proteínas, lipídios, fibras, vitaminas e sais minerais. Evolução dos processos tecnológicos Como já mencionado na seção anterior, a indústria de alimentos passou por diversas transformações e mudanças desde a pré-história, e os processos que influenciaram a tecnologia de alimentos são principalmente a fermentação, a pasteurização, a salga e a desidratação. Outra descoberta importante para a tecnologia de alimentos foi a conservação (p. ex., os homens pré-históricos descobriram que a carne, ao ser assada ou cozida, demorava mais para es- tragar). Os métodos de conservação, além de reduzir ou eliminar a ação dos agentes deteriorantes, também modificam ou eliminam uma ou mais condições que auxiliam no desenvolvimento das reações químicas e no crescimento de microrganismos, fazendo com que o produto seja um substrato inadequado aos microrganismos (NESPOLO et al., 2015). A seguir, veja mais detalhes sobre esses processos. Fermentação Fermentação é uma técnica que transforma alimentos em outros alimentos, em remédios e em outros produtos. Esse processo pode ser feito a partir de microrganismos e tem como objetivos aumentar o prazo de validade de um produto, torná-lo mais digerível e melhorar as suas características sensoriais, como cor, sabor, odor, textura, etc. A fermentação é um processo conhecido desde o início da civilização. Antes mesmo de se entender como acontecia esse processo, já eram ela- borados produtos a partir dele, como, por exemplo, a fabricação de vinhos, pães e queijos. Hoje, alguns exemplos de alimentos produzidos com o uso da fermentação são iogurte, chucrute, salame, vinagre, entre outros. A fermentação alcoólica acontece pela transformação da glicose em etanol, liberando gás carbônico. Na fermentação de pães, ocorre a quebra do amido em açúcaresmais simples, etanol e gás carbônico, gerando o crescimento da massa (CARELLE; CÂNDIDO, 2015). Introdução à tecnologia de alimentos4 Por meio do processo de fermentação alcoólica, podem ser produ- zidos vinhos a partir das uvas, sidras de maçãs, vinhos de seiva de palmeiras, cervejas de cevada ou de milho, chongju de arroz (um vinho refinado, de origem coreana), entre outras bebidas alcoólicas (CAMPBELL-PLATT, 2015). Pasteurização O processo de pasteurização foi descrito por Louis Pasteur, em 1864, ao identificar que era possível aumentar o prazo de validade dos alimentos ao aquecê-los e depois resfriá-los se fizesse uma relação entre tempo e tempe- ratura. Essa descoberta auxiliou na conservação do leite, por exemplo, pos- sibilitando que produtores enviassem seus produtos a locais mais distantes. A pasteurização é considerada um processo relativamente brando, que consiste em elevar a temperatura de um alimento por um curto período e, como resultado, tem-se a diminuição significativa de microrganismos no alimento (MELLO et al., 2018). Atualmente, a pasteurização já é largamente utilizada na produção de leite, sucos, vinhos, ovos, vinagre, cerveja, enlatados, entre outros (CARELLE; CÂNDIDO, 2015). Dois processos de pasteurização bastante utilizados na indústria são a pasteurização lenta, que utiliza temperatura mais baixa (58 °C a 70 °C) por 30 minutos, e a pasteurização rápida, que utiliza temperatura mais alta (72 °C a 75° C) por alguns segundos (3 a 15). Vale ressaltar que o tempo e a tem- peratura podem variar dependendo do tipo de alimento a ser pasteurizado (CARELLE; CÂNDIDO, 2015). Esterilização A partir da pasteurização, novos processos tecnológicos surgiram, como a esterilização. A esterilização é um método de conservação no qual alimentos são aquecidos a uma temperatura alta o suficiente por um tempo adequa- damente longo para destruir células microbianas vegetativas e esporos e para inativar as enzimas. O processamento por meio de temperatura ultra-alta, o UHT (do inglês ultra-high temperature), consiste no aquecimento dos alimentos a uma tempe- ratura de cerca 130 °C a 150 °C por alguns segundos. Após isso, o envasamento é realizado em recipientes pré-esterilizados. Os objetivos da esterilização do recipiente são destruir os microrganismos patogênicos e deteriorantes e Introdução à tecnologia de alimentos 5 inativar as enzimas, a fim de se ter um produto mais seguro e com maior prazo de validade, além de garantir que as características sensoriais permaneçam inalteradas, devido ao cozimento do produto (FELLOWS, 2019). Vida de prateleira Vida de prateleira pode ser entendida como o tempo em que o produto pode ser consumido/utilizado, garantindo as características que a indústria/em- presa se propôs a entregar ao consumidor. Segundo Fellows (2019), o prazo de validade de um produto alimentício depende de diversos fatores, como formulação, métodos de processamento, embalagem utilizada e condições de armazenamento. Para garantir e determinar o prazo de validade, é necessário compreender a interação entre esses fatores e avaliar as reações químicas, as alterações microbiológicas e as mudanças das características sensoriais e/ou nutricionais. Com o objetivo de aumentar o prazo de validade do produto sem reduzir qualidade e segurança para o consumidor, as empresas utilizam recursos como técnicas de conservação e aditivos para que ele permaneça estável por muito mais tempo. Como resultado, as empresas conseguem enviar o produto de uma cidade para outra e até mesmo de um país para o outro, garantindo que chegue ao seu destino com a qualidade esperada. Para identificação do prazo de validade de um produto, as empresas elaboram diferentes testes que possibilitam avaliar por quanto tempo as características do produto podem ser mantidas. A maioria das empresas utilizam os testes de vida de prateleira acelerado, método que possibilita obter uma resposta mais rápida, pois, caso precisassem esperar o prazo de vencimento do produto, em alguns casos demorariam meses, o processo de desenvolvimento do produto e o seu lançamento levariam muito tempo, além do aumento dos custos de produção. A vida de prateleira dos alimentos pasteurizados geralmente é prolongada somente por alguns dias ou semanas; já a esterilização estende esse prazo por meses (FELLOWS, 2019). Ingredientes de qualidade, processos adequados e boas práticas de fabricação são fatores que auxiliam na conservação de alimentos por mais tempo, aumentando o seu prazo de validade. Introdução à tecnologia de alimentos6 Segurança alimentar e APPCC Existe uma grande preocupação com relação à qualidade de alimentos. Por isso, várias ferramentas de gestão da qualidade foram criadas e utilizadas a fim de atender aos requisitos de idoneidade em respeito ao consumidor, oferecer um produto seguro e, ao mesmo tempo, contemplar as exigências de comercialização, principalmente as de exportação, nas quais os critérios são bem mais rigorosos. Esses métodos e ferramentas, além de trazer qualidade ao consumidor, contribuem para a redução de custos de produção gerados por perdas, entre outros benefícios (FURTINI; ABREU, 2006). A indústria de alimentos não mede esforços para que os produtos pro- cessados cheguem à mesa do consumidor com qualidade. Para isso, além da escolha dos insumos, faz-se necessário garantir boas práticas de fabricação em todas as etapas de produção e manuseio daquele produto. Isso se inicia na escolha da matéria-prima ou do agricultor e termina na venda do produto. As instituições que fiscalizam a produção dos alimentos têm dado a de- vida atenção ao seguimento das normas e controles de qualidade, a fim de evitar problemas como surtos alimentares e doenças causadas por eles. Nesse contexto, tem sido utilizado o termo “segurança alimentar”, que é um conjunto de medidas a fim de evitar a contaminação de alimentos por agentes químicos, físicos e biológicos, que podem gerar algum tipo de doença ou problema à população. Cabe às empresas alimentícias brasileiras, portanto, respeitarem as normas que regem a produção de alimentos. Essas normas instituem como obrigatório o uso das boas práticas de fabricação (BPF), que exigem condições higiênico-sanitárias adequadas à produção de alimentos. No Brasil, as normas e os padrões de segurança alimentar são estabelecidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste- cimento (Mapa), pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelo Ministério da Saúde. Para saber mais, consulte as seguintes legislações: � Resolução nº 216, de 15 de dezembro de 2004, da Anvisa, que dispõe sobre o Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. � Resolução nº 275, de 21 de outubro de 2002, da Anvisa, que fala sobre os locais industrializadores de alimentos. � Portaria n° 46, de 10 de fevereiro de 1998, do Mapa, que institui o sistema de análise de perigos e pontos críticos de controle (APPCC). Vale lembrar que as legislações estão em constante alteração e atualização. Por isso, é necessário estar atento às orientações dos órgãos responsáveis. Introdução à tecnologia de alimentos 7 Sistema APPCC O sistema de análise de perigos e pontos críticos de controle (APPCC) é um sistema de controle e prevenção no processo de produção dos alimentos. É considerado uma ferramenta da gestão da qualidade e é de implantação obri- gatória nas unidades que industrializam produtos alimentícios. Com caráter preventivo, ele busca identificar pontos críticos na produção dos alimentos, a fim de aplicar medidas corretivas para controlá-los. Esses pontos críticos podem ser de caráter biológico, físico ou químico. Esse sistema de qualidade tem como filosofia a prevenção, racionalidade e especificidade no controle de riscos que um alimento pode oferecer. Seu foco principal é a qualidade sanitária, devido à resistência e à mutação dos microrganismos, tornando aqueles que estavam sob controleum possível risco aos indivíduos mais vulneráveis, como idosos e crianças (FURTINI; ABREU, 2006). Além disso, o sistema APPCC visa à identificação de perigos associados ao processo, às matérias-primas, aos insumos e às embalagens, estabele- cendo formas de controle para garantia da segurança durante a produção. Em resumo, é uma ferramenta de prevenção de problemas, o que contribui grandemente para a segurança alimentar e a diminuição de custos e perdas de produtos (BERTOLINO, 2010). Para implantar o sistema APPCC, é necessário que as BPF e os procedi- mentos operacionais padronizados (POP) tenham sido elaborados e estejam sendo cumpridos integralmente, pois eles previnem, diminuem e controlam alguns perigos (FURTINI; ABREU, 2006). A implementação tanto das BPF como dos POPs deve ser feita em conjunto com os colaboradores. Não basta apenas escrevê-los; é necessário ensiná-los, compreendê-los e colocá-los em prática. Por isso, é preciso dar treinamento e reciclagem aos funcionários para que eles entendam a sua importância. Após a implementação das BPF e dos POPs, é importante elaborar um relatório a fim de verificar em cada setor da produção se os itens estão ou não em conformidade, para, então, planejar a implementação do sistema APPCC, que envolve sete princípios básicos, descritos a seguir. Introdução à tecnologia de alimentos8 Análise de perigos Na etapa de análise de perigos, é elaborada uma listagem com os perigos (quí- micos, físicos e biológicos) que podem trazer prejuízo à saúde do consumidor, desde a matéria-prima até o produto final, identificando a probabilidade e a severidade. Podem ser incluídos nessa listagem a competência dos funcioná- rios e o transporte dos alimentos, isto é, etapas que agem diretamente sobre o alimento. Depois de identificado o possível problema, é a hora de definir qual é a chance de ele acontecer, qual será o seu impacto, e quais medidas de controle devem ser adotadas (SILVEIRA; DUTRA, 2012). Ponto de controle e ponto crítico O ponto de controle (PC) ocorre quando o perigo é controlado pelas medidas preventivas e é considerado qualquer ponto que controle o perigo. Já o ponto crítico de controle (PCC) é quando o perigo precisa ser controlado naquela etapa, pois não será possível controlá-lo posteriormente. Para definir o PCC, é importante utilizar o fluxograma em conjunto com uma árvore decisória em cada etapa do processo a fim de identificá-lo (SILVEIRA; DUTRA, 2012). Limite crítico No estabelecimento do limite crítico, são definidos os valores mínimo e/ou máximo de aspectos que possam ser medidos, como tempo, temperatura, umidade, etc. Nessa etapa, algumas empresas adotam faixas de valores aceitáveis que sejam seguros para diminuir a ocorrência de desvios (FURTINI; ABREU, 2006). Programa de monitorização do limite crítico De acordo com a Portaria nº 46, de 10 de fevereiro de 1998 (BRASIL, 1998), o programa de monitoramento precisa ser capaz de identificar qualquer perda de controle com tempo hábil para que seja possível adotar medidas corretivas. Os principais métodos para garantir esse monitoramento são observação contínua, avaliação sensorial e avaliação das características físicas, químicas e microbiológicas. Ações corretivas A etapa de ações corretivas só será utilizada quando o programa de monito- ramento detectar valores fora do limite aceitável daquele risco. É necessário Introdução à tecnologia de alimentos 9 definir as ações corretivas para aquele perigo de forma específica e suficiente para que seja possível eliminar o perigo após a sua aplicação (BRASIL, 1998). Registros Na etapa de registro, são registradas as informações que indicam o cum- primento da norma. Os registros devem ser simples e de fácil acesso, mas, ainda assim, é necessário treinar os colaboradores envolvidos nessa etapa (SILVEIRA; DUTRA, 2012). Procedimentos de verificação Na etapa de verificação, será possível identificar se o processo está funcio- nando adequadamente de acordo com o sistema APPCC. Nesse momento, há uma revisão de tudo que já foi feito a fim de garantir a segurança total do processo (FURTINI; ABREU, 2006). Conforme visto ao longo deste capítulo, a tecnologia de alimentos tem um papel fundamental na segurança dos alimentos, pois, por meio da evolução de seus processos, foi possível implantar sistemas que garantem segurança e qualidade, bem como evitar riscos à saúde do consumir. Além disso, a tecnologia de alimentos trouxe maior competitividade e lucro para as em- presas do ramo alimentício, uma vez que, se identificados antecipadamente os problemas na industrialização, será possível aplicar medidas de controle e correção ao longo do processamento dos alimentos, evitando perdas e prejuízos. Referências BERTOLINO, M. T. Gerenciamento da qualidade na indústria alimentícia: ênfase na segurança dos alimentos. Porto Alegre: Artmed, 2010. BRASIL. Ministério da Agricultura e Abastecimento. Portaria n. 46, de 10 de fevereiro de 1998. Institui o sistema de análise de perigos e pontos críticos de controle: APPCC a ser implantado nas indústrias de produtos de origem animal. Brasília: Ministério da Agricultura e Abastecimento, 1998. Disponível em: https://www.defesa.agricultura. sp.gov.br/legislacoes/portaria-ma-46-de-10-02-1998,687.html. Acesso em: 26 jul. 2021. BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf. Acesso em: 26 jul. 2021. CAMPBELL-PLATT, G. Ciência e tecnologia de alimentos. Barueri: Manole, 2015. CARELLE, A. C.; CÂNDIDO, C. C. Tecnologia dos alimentos: principais etapas da cadeia produtiva. São Paulo: Erica, 2015. Introdução à tecnologia de alimentos10 CORREIA, L. F. M.; FARAONI, A. S.; SANT’ANA, H. M. P. Efeitos do processamento indus- trial de alimentos sobre a estabilidade de vitaminas. Alimentos e Nutrição, v. 19, n. 1, 2008. Disponível em: http://serv-bib.fcfar.unesp.br/seer/index.php/alimentos/article/ view/204/209. Acesso em: 26 jul. 2021. FELLOWS, P. Tecnologia do processamento de alimentos: princípios e prática. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019. FURTINI, L. L. R.; ABREU, L. R. Utilização de APPCC na indústria de alimentos. Ciência e Agrotecnologia, v. 30, n. 2, 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cagro/a/ksm xct3g5RcWZbgQ59Tnz3v/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 26 jul. 2021. MELLO, F. R. et al. Tecnologia de alimentos. 2. ed. Porto Alegre: Sagah, 2018. NESPOLO, C. R. et al. Práticas em tecnologia de alimentos. Porto Alegre: Artmed, 2015. SILVEIRA, V. M.; DUTRA, P. R. S. Programa de análise de perigos e pontos críticos de controle. Recife: EDUFRPE, 2012. TEIXEIRA, E. M. et al. Produção agroindustrial: noções de processos, tecnologias de fabricação de alimentos de origem animal e vegetal e gestão industrial. São Paulo: Érica, 2015. Leituras recomendadas BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução n. 216, de 15 de setembro de 2004. Dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/ anvisa/2004/res0216_15_09_2004.html. Acesso em: 26 jul. 2021. BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução RDC n. 275, de 21 de outubro de 2002. Dispõe sobre o regulamento técnico de procedimentos operacionais padronizados aplicados aos estabelecimentos produtores/ industrializadores de alimentos e a lista de verificação das boas práticas de fabricação em estabelecimentos produtores/industrializado- res de alimentos. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. Disponível em: https://bvsms. saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2002/anexos/anexo_res0275_21_10_2002_rep. pdf. Acesso em: 26 jul. 2021. GAVA, A. J. Tecnologia de alimentos: princípios e aplicações. Barueri: Nobel, 2009. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovadono momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Introdução à tecnologia de alimentos 11