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Alterações do fígado e pâncreas exócrino (primeira parte) Alterações degenerativo- necróticas • Esteatose É uma alteração extremamente comum em medicina veterinária e humana. REVISÃO DO CAMINHO DO METABOLISMO DOS ÁCIDOS GRAXOS NO FÍGADO.: em condições normais, quando os AG entram nos hepatócitos, os hepatócitos retiram os AG e eles são ou catabolizados ou conjugados, para produção de colesterol, e para síntese de lipídeos complexos e para produção de energia a partir da beta oxidação. A esteatose ocorre por determinadas situações, tais como: excesso de AG, oriundos da alimentação ou da lipólise (ocorre em indivíduos que ficam sem se alimentar por longos períodos de tempo); pode ocorrer por uma função anormal dos hepatócitos, que leva a uma redução na utilização dos AG (ex.: lesão mitocondrial, que pode ser ocasionada por hipoxia ou toxina); menor formação de apoproteínas, que leva a uma diminuição na formação e excreção de lipoproteínas; distúrbios no deslocamento e fusão de vesículas. A esteatose possui causas variadas, sendo algumas delas: hipóxia (leva a uma alteração de mitocôndria, como em casos de anemia e ICC), leva a uma redução na síntese de ATP e consequentemente aumento de AG por excesso de A.CoA; desnutrição (menor produção de fosfolipídeos e apoproteína, levando a um acúmulo dos AG); agentes tóxicos (levam a lesão do RER, e diminuição da produção das lipoproteínas). As causas específicas de esteatose hepática são: lipidose hepática felina (causa idiopática, comum em gatos anoréxicos e obesos, gatos adultos a idosos); pico de lactação ou final da gestação (ocorre em bovinos de corte antes do parto em bovinos de leite depois do parto); toxemia da gestação em ovinos (especialmente em ovinos com prenhez gemelar); doenças endócrinas (como diabetes melitus e hipotireoidismo). Na patologia o fígado assume um aspecto mais claro, ficando mais amarelado. Além disso, o órgão fica aumentado com bordas arredondadas; o órgão se rompe com mais facilidade ao ser manipulado. Na microscopia temos os hepatócitos com citoplasma estendido. • Padrões de degeneração e necrose hepatocelular Como o fígado responde a uma injúria? Ele responde com um determinado padrão, que pode ser: ➢ Zonal: é subdividida em centrolobular (periacinar); mediozonal; periportal (centroacinar). Centrolobular: é o mais comum, é a área menos oxigenada e tem uma alta atividade enzimática por causa do citocromo P450 nos hepatócitos dessa região. Como causas, nós temos: ICC direita, anemia, intoxicações, plantas tóxicas e intoxicação por cobre (comum em ovinos e menos comum em bovinos). Mediozonal: é menos comum, os exemplos mais comuns são aflatoxicoses em suínos e equinos, corticóide em cães e hexaclorofeno em gatos. Periportal: é a menos comum por ser uma área pobre em enzimas. Só ocorre quando o animal é exposto a uma toxina que não precisa ser metabolizada. ➢ Aleatório: ocorre de forma individual ou em múltiplos focos de tamanhos variados. Isso é característico de doenças infecciosas, que levam ao quadro de necrose hepática aleatória. Na patologia encontramos pontos brancos milimétricos distribuídos de forma disseminada pelos lóbulos hepáticos. ➢ Maciço: encontramos lóbulos inteiros ou contíguos. Observamos áreas mais escuras na patologia. • Hiperbilirrubinemia e icterícia A diferença entre ambos é que na Hiperbilirrubinemia temos níveis acentuadas de bilirrubina na corrente sanguínea sem que o animal expresse isso clinicamente. Já a pigmentação amarelada que encontramos na necrópsia ou no exame clínico, chamamos de icterícia, um nível maior de hiperbilirrubinemia maior que começa a atingir os tecidos. Ocorre por uma hemólise intravascular (mais comum em ruminantes), por lesão hepática (mais comum em equinos) ou por uma colestase (icterícia pós hepática, quando há uma obstrução da circulação biliar). OBS.: quando um animal fica se alimentar sem muito tempo, pode apresentar um quadro de icterícia. Alterações circulatórias • Congestão Como causas nós temos: alterações no miocárdio ou nas válvulas (mais comum em cães; pericardite traumática (mais comum em bovinos); trombose e neoplasias (menos comum). As causas podem também levar a uma congestão aguda ou crônica, sendo que em ambas vemos um padrão lobular mais acentuado. Na aguda vemos o fígado mais avermelhado, arredondado e aumentado. Na crônica, o fígado fica com aspecto em noz moscada, padrão lobular acentuado e o animal começa a desenvolver outras alterações, como ascite. • Telangiectasia É uma alteração sem significado clínico, muito comum em bovinos (principalmente bovinos em confinamento) e felinos. Seu mecanismo de desenvolvimento é desconhecido. Ela é uma dilatação dos sinusoides hepáticos. Na morfologia, o fígado fica com áreas vermelho escuras e deprimidas, que lembram dilatações. Alterações vasculares • Desvios portossistêmicos Também conhecidos como: anastomose, desvios (shunts). Pode ser congênito, onde o animal nasce com o problema por uma persistência do ducto venoso. Nesse caso o fígado fica com os lóbulos menores; ou adquirido, sem relação com o ducto, o animal desenvolve a anastomose por uma hipertensão portal ou obstrução de veia porta. Vemos muita fibrose, e cirrose. Respostas do fígado à injúrias crônicas: fibrose, hiperplasia de ductos biliares e cirrose. A fibrose é muito comum e seu padrão pode determinar sua causa. Inicialmente, os hepatócitos entram em processo de degeneração, e se a causa da injúria não for retirada, o tecido entra em necrose e é substituído pelo tecido conjuntivo fibroso. A hiperplasia de ductos biliares é uma reação crônica e não específica, sua patogenia não é 100% conhecida, mas ela ocorre principalmente em doenças com obstrução da bile. A cirrose hepática também pode ser chamada de fígado em estado terminal. Ela apresenta fibrose difusa mais nódulos de regeneração. Como causas temos: introxicação por alcalóides pirrolizidínicos; drogas anticonvulsivantes; obstrução extra hepática crônica; hepatite e colangite crônica; intoxicação por cobre. Na cirrose o fígado fica menor e a superfície irregular; tem múltiplos nódulos e o fígado fica mais firme. Consequências da insuficiência hepática: encefalopatia hepática, hiperbilirrubinemia, alterações vasculares, distúrbios metabólicos, síndrome hepato cutânea e fotossensibilização.
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