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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA Departamento de Ciências de Educação Curso de Licenciatura em Ensino de História Os Reinos Afro-Islamicos da Costa Sérgio Manuel Jamisse Maxixe, Junho de 2020 1 INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA Departamento de Ciências de Educação Curso de Licenciatura em Ensino de História A Os Reinos Afro-Islâmicos da Costa Sultanato Xeicados Sérgio Manuel Jamisse Maxixe, Junho de 2020 2 Trabalho de campo a ser submetido na Coordenação do Curso de Licenciatura em Ensino de História do ISCED. Tutor: Dr. Nazir Gani Índice Introdução...................................................................................................................................4 Os reinos afro-islâmicos da costa...............................................................................................5 Sultanato.....................................................................................................................................5 Xeicado.......................................................................................................................................5 Sultanatos e os Xeicados.............................................................................................................5 Formação dos reinos afro-islâmicos da costa..............................................................................6 Origem dos reinos afro-islâmicos da costa..................................................................................6 Estrutura Sociopolítica dos reinos afro-islâmicos da costa.........................................................7 Actividades Económicas dos reinos afro-islâmicos da costa......................................................7 Decadência dos reinos afro-islâmicos da costa..........................................................................8 Conclusão...................................................................................................................................9 Bibliografia...............................................................................................................................10 3 Introdução África tem sido desde sempre um continente onde os povos praticam, de forma continuada, permanentes movimentos migratórios, sejam de carácter cultural e civilizacional, particularmente devido a vários motivos, como o comércio. Foram esses movimentos migratórios que permitiram no período entre século o estabelecimento dos povos árabes na região costeira. A partir das referências documentais, com a presença Islã em África, as estruturas sociais, econômicas e políticas africanas não pararam de sofrer mudanças, devido, tanto a fatores internos de ordem demográfica ou ecológica, quanto a forças externas tais como o comércio de escravos, o islã e o capitalismo. O presente trabalho, aborda a vida dos reinos afro-islâmicos da costa africana, resultantes da islamização por meio da presença de comerciantes muçulmanos estrangeiros e das relações econômicas e políticas que estabeleceram com os governantes locais. Referir que, os povos árabes possuem importância histórica no contexto internacional, em geral, e na política africana, concretamente devido à propagação da fé islâmica que os levou a atravessar o Sinai e a colonizar todo o Norte de África e algumas ilhas do Índico, bem como as consequências que daí advieram. Este trabalho tem como objectivo geral conhecer a vida dos reinos afro-islâmicos da costa. E para se alcançar com êxito o objetivo geral, foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos: Identificar os reinos afro-islâmicos da costa; Explicar a origem dos reinos afro-islâmicos da costa; Caracterizar a estrutura sociopolítica dos reinos afro-islâmicos da costa; Descrever as actividades económicas praticadas pelos reinos afro-islâmicos da costa; Explicar as causas da decadência dos reinos afro-islâmicos da costa; Tratando-se de um trabalho de natureza qualitativa, a sua realização procedeu-se através de pesquisa bibliográfica exploratória, baseada em páginas disponíveis na internet (artigos em pdf, revistas, jornais, dicionários, entre outros) que debruçam sobre o assunto e procurando, dentro do possível, obter informações actualizadas. 4 1. OS REINOS AFRO-ISLÂMICOS DA COSTA Historicamente, o estabelecimento de viajantes e comerciantes Árabes na Costa Africana, dado como um fenómeno de longa duração, teve igualmente repercussões, nomeadamente o surgimento dos primeiros estados em Moçambique, ainda como resultado das relações, as comunidades, em grande parte no litoral foram submetidos à islamização. De entre os estados resultantes desse processo, pode-se mencionar que os reinos afro-islâmicos da costa estruturaram-se em comunidades políticas, nomeadamente: os xeicados e os sultanatos, cujas independências ou subordinações, foram variando ao longo do tempo. 1.1 Sultanato Termo que provém de "sultão", um título islâmico com diversos significados históricos, que foi aplicado por certos governantes muçulmanos que reivindicavam quase total soberania. Assim, considera-se Sultanato ao um sistema de governo dirigido por um sultão, título dado a certos príncipes maometanos, senhores poderosos e despóticos. 1.2. Xeicado De acordo com o dicionário da língua portuguesa, o termo "xeicado" significa cargo, dignidade ou território da jurisdição de um xeique. Assim, considera-se Xeicado, ao sistema de governo dirigido por um xeque, chefe de tributo árabe. 1.3. Sultanatos e os Xeicados São dois reinos afro-islâmicos da costa, que surgiram como resultado das relações estabelecidas entre os comerciantes Árabes e a população moçambicana. Portanto, aqui se destaca a diferênça dos dois reinos, pois enquanto o sultanato era dirigido por um sultão, o xeicado é dirigido por um xeique. Estes reinos islamizados tornaram-se importantes no litoral norte de Moçambique, especialmente quando o comércio de escravos sobrepôs-se ao de marfim. Pois, depois da 5 https://pt.wikipedia.org/wiki/Isl%C3%A3o https://www.meudicionario.org/cargo https://pt.wikipedia.org/wiki/Soberania https://pt.wikipedia.org/wiki/Mu%C3%A7ulmanos abolição oficial do tráfico de escravos estes reinos asseguraram a continuação clandestina do negócio. 1.4. Formação dos reinos afro-islâmicos da costa De acordo com os historiadores, foi entre os séculos IX e XIII que começaram a fixar-se na costa oriental de África populações oriundas da região do Golfo Pérsico, que era naquele tempo um importante centro comercial. Estes povos fundaram entrepostos na costa africana e muitos geógrafos daquela época referem um activo comércio com as terras de Sofala, incluindo a troca de tecidos da Índia por ferro, ouro e outros metais. A partir do século X, os mercadores árabes que demandavam as costas de Sofala foram difundindo o islão entre as populações costeiras, mas foi apenas após a instalação em Zanzibar dum xeicado dependente do sultanato de Oman, no século XVII, que começaram a organizar-se pequenos estados de organização islâmica. Com o crescimento demográfico, novas invasões e principalmente com a chegada dos mercadores, a estrutura política tornou-se mais complexa, com linhagens dominando outras e finalmente, formando-se verdadeiros reinos da região a destacar: o Sultanato de Angoche, Xeicado de Quitangonha, Reino de Sancul e o Xeicado de Sangage. 1.5. Origem dos reinos afro-islâmicos da costa Segundo se conta, a origem do sultanato de Angoche está ligada a fixação, em Angoche, de refugiados de Quíloa já estabelecidos em Quelimane e na Ilha de Moçambique, antes da chegada dos Portugueses. O seu primeiro sultão foi Xosa, filho de Hassani que vivera em Quelimane por ter constatado que Angoxe reunia melhores condições para o comércio. O Xeicado deSancul, teve origem no século XVI por Imigrantes da Ilha de Moçambique na baía de Mokambo, a sul da Ilha de Moçambique, entre Lumbo e Mongincual; O Xeicado de Quitangonha, tal como Sancul, este Xeicado foi formado no século XVI por emigrantes da Ilha de Moçambique e ocupava a área da península de Matibane e o Norte da Ilha de Moçambique. 6 O Xeicado de Sangaje, era um reino dependente de Angoche. que estabeleceu a sua autonomia no século XIX na base de alianças com a administração portuguesa, dirigentes de Sancul e com os comerciantes baneanes da Ilha de Moçambique, no rio Metomode; 1.6. Estrutura Sociopolítica dos reinos afro-islâmicos da costa Em todos os renos afro-islâmicos da costa, a religião islã constituia um elemento ideológico muito forte para a coesão social no seio das comunidades e tinha uma influência moral e cultural na vida das populações. A islamização influenciou a religião tradicional, a língua, o vestuário, os costumes e tradições. A sociedade angocheana era fundamentalmente patrilinear. Os filhos de Xosa e sua esposa macua, Mwana Moapeta, deram origem a quatro linhagens angocheanas: Inhanandare, Inhamilala, Mbilizini e Inhaitide. A linhagem dominante era, inicialmente, a do Inhanandare. Durante três gerações, a sucessão do sultanato seguiu o modelo patrilinear. A situação mudou quando o quarto sultão morreu sem deixar filhos varões. Sucedeu-lhe a sua irmã Milidi, casada com Inhamilala. Esta morreu sem deixar descendência, o que provocou uma luta pelo poder entre os Inhamilala e os Inhanandare. Derrotados os Inhanandare, estes foram expulsos de Angoche. O poder político nestes reinos dependia da regiosidade, encontrando respaldo nos símbolos e rituais religiosos, que contribuiam para a sua legitimação. No Xeicado de Sancul, a sucessão do poder era feita por alternância de linhagens para evitar conflitos. Diferente do que acontecia em outros xeicados e no sultanato de Angoxe. 1.7. Actividades Económicas dos reinos afro-islâmicos da costa A principal actividade económica praticada pelos reinos afro-islâmicos da costa era o comércio de escravos, praticando-se em menor escala, o comércio do marfim e do ouro. Angoche, transformou-se num importante centro comercial, quando a capital do Estado dos Mwenemutapas mudou para próximo do rio Zambeze e se abriram novas rotas comerciais seguindo os rios Mazoe e Luenha. Mantinha relações comerciais com Melinde, Mombaca, 7 Quíloa e outras regiões. Atingiu a sua maior prosperidade entre os séculos XVIII e XIX, quando se transformou num importante centro de comércio de escravos. 1.8. Decadência dos reinos afro-islâmicos da costa Os acontecimentos ocorridos na 2ª metade do séc. XVI, enfraqueceram a estrutura política e o comércio destes reinos, facilitando a penetração portuguesa. Em 1854, ocorreu o ataque de João Bonifácio Alves da Silva, rei do Estado Militar da Maganja da Costa, dando-se a fuga de Mussa para Madagáscar em 1861. Apesar de grande resistência que os reinos opuseram aos portugueses, foram obrigados a seguir uma politica mais moderada. O último acto de revolta verificou-se em 1903-1904, quando a politica portuguesa de ocupação efectiva decorria tendo o xeique Mahamu Amade e suas forças atacado o Mussuril nesse período. A principal causa da decadência dos reinos foi o processo de ocupação feito pelos portugueses no quadro da ocupação colonial que termina com a prisão e deportação de Mussa-Phiri para Temo onde morreu. Assim, a penetração dos interesses capitalistas nas terras destes reinos e a consequente introdução de impostos e outras imposições agressivas aumentaram as contradições e criaram as condições para o conflito. Etretanto, as causas que explicam a decadência dos reins afro-islâmicos da costa, resumem-se: nas rivalidades internas e as lutas entre linhagens; no declínio do comércio de escravos; no enfraquecimento politico ocasionado pela morte do quarto sultão, que não deixou um sucessor masculino; nas campanhas de ocupação e de conquista levadas a cabo pelos Portugueses a partir de 1885. Nestas campanhas, destacaram-se os sultões Ibrahimo, Farelay e Mussa Quanto, que ofereceram uma tenaz resistência a presença portuguesa. Só em 1910 é que Angoche foi dominada. 8 Conclusão Terminado o trabalho, chega-se a conclusão de que, os reinos afro-islâmicos da costa surgiram como resultado da chegada dos Árabes em África, especialmente em Moçambique, provenientes do Golfo pérsico e instalando-se progressivamente ao longo da costa africana. Estes reinos tornaram-se muito importantes na história e tinham muitos aspectos em comum, praticavam o comércio de escravos, professavam a religião islâmica e teoricamente encontravam-se subordinados aos portugueses. Grande parte da população destes reinos ficou islamizado, a cultura árabe influenciou a vida do dia a dia das pessoas viviam nestes reinos. Numa primeira fase, estes reinos dedicavm-se ao comércio do ouro, marfim, entre outros. Qando a procura dos escravos ultrapassou o comércio de marfim, estes reinos especializaram- se neste comércio. Assim, os Xeicados e Sultanatos, tornaram-se importantes quando o comercio de escravos ultrapassou o comercio norrmal a partir do século XVIII, quando passaram a ser os principais exportadores clandestinos de escravos. Os portugueses tentaram regulamentar e ganhar o seu apoio na luta contra os chefes locais agradando-lhes com cargos administrativos-militares, subalternos, capitão-mor, bem como as remunerações pelo exercício desses cargos, mas os xeiques e os sultões encararam essas remunerações como tributo que lhes eram devidos pelos portugueses. 9 Bibliografia https://www.teorico.co.mz/2018/06/reinos-afro-islamicos.html https://2012congressomz.files.wordpress.com/2013/08/t03c02.pdf http://princidonioabraomathavel.blogspot.com/2017/08/cadernos-de-historia-viii.html https://sites.google.com/site/ischoolmaputo5/ciencias-sociais/i-o-povo-de-mocambique-a- muito-muito-tempo/os-reinos-afro-islamicos-da-costa http://macua.blogs.com/files/hist%C3%B3ria-pre-colonial-de-mo%C3%A7ambique.pdf https://semnegativa.blogspot.com/2020/03/o-xeicado-de-sangaje.html 10 https://www.teorico.co.mz/2018/06/reinos-afro-islamicos.html https://semnegativa.blogspot.com/2020/03/o-xeicado-de-sangaje.html http://macua.blogs.com/files/hist%C3%B3ria-pre-colonial-de-mo%C3%A7ambique.pdf https://sites.google.com/site/ischoolmaputo5/ciencias-sociais/i-o-povo-de-mocambique-a-muito-muito-tempo/os-reinos-afro-islamicos-da-costa https://sites.google.com/site/ischoolmaputo5/ciencias-sociais/i-o-povo-de-mocambique-a-muito-muito-tempo/os-reinos-afro-islamicos-da-costa http://princidonioabraomathavel.blogspot.com/2017/08/cadernos-de-historia-viii.html https://2012congressomz.files.wordpress.com/2013/08/t03c02.pdf
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