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Sistema Digestório 1 e 2- Esôfago e Estômago Aula 09 Esôfago Fisiologia Lembrem: O esôfago se divide em três partes. ⅓ proximal: parte superior ou cervical; ⅓ médio: parte média ou torácica; ⅓ distal: parte inferior. No terço inferior, temos a junção esôfago-gástrica (a nível diafragmático). Atresia de Esôfago e Fístula traqueoesofágica Caso Clínico Paciente masculino, nascido no Hospital Regional de Presidente Prudente, advindo de uma gestação gemelar complicada por pré-eclâmpsia, sendo necessária interrupção da gravidez com 39 semanas e 4 dias por parto cesáreo. Ao nascimento, pesava 2,730 gramas e apresentava ausência do reflexo de busca e sucção, bradicardia e cianose central, necessitando de 3 ciclos de ventilação com pressão positiva (VPP), apresentando, em seguida, desconforto respiratório. RN evoluiu com piora do desconforto respiratório e queda de saturação, apresentando salivação intensa com melhora após manobras respiratórias e aumento de FiO2. Durante passagem de sonda, observou-se resistência para progressão. No dia 14/08/2018, foi realizada tratamento cirúrgico. O exame de imagem é esse ao lado. Qual a principal hipótese diagnóstica? Atresia esofágica + Fístula traqueoesofágica distal https://periodicos.ufba.br/index.php/cmbio/article/view/37804/25158 Atresia de Esôfago A atresia de esôfago é uma má-formação congênita, onde há ausência da porção média do esôfago (mais comumente a nível da bifurcação traqueal). Pode ou não estar associado à fístula traqueoesofágica (proximal e distal). A atresia deriva do desenvolvimento incompleto e defeituoso do esôfago e da traqueia, ocorrendo a partir da quarta semana de gestação. Isso se dá devido à formação dos dois a partir da faringe primitiva, o que os torna comunicantes durante um período da vida intrauterina. Atresia sem fístula (5-10%); Atresia com fístula proximal (1%); Atresia com fístula distal (80-85%); Atresia com fístula proximal e distal (1-3%); Fístula em H, sem atresia (5-8%). Mais comum (87% dos casos) Clínica Polidrâmnio; Sialorreia; Cianose; Tosse; Pneumonia de repetição; Broncoaspiração de conteúdo gastroesofágico; Ausência da bolha gástrica na vida intrauterina (depende da presença ou não de fístula); Vômitos. Fístula Traqueoesofágica A fístula traqueoesofágica é uma comunicação entre a traqueia e o esôfago, podendo ser proximal, distal, ambas ou em H (sem atresia). Atresia esofágica + Fístula proximal e distal Fluoroscopia O que é isso? Fístula em H -> Há gás na bolha gástrica. O paciente tem tosse, broncoaspiração e pneumonia de repetição. Os exames sem contraste podem vir normais, apresentando alteração no Raio X baritado. Fístula em H VACTREL Procuramos outras anomalias congênitas quando diagnosticamos uma atresia ou fístula esofágica. V -> VÉRTEBRAS A -> ATRESIA ANAL C -> CORAÇÃO T -> TRAQUEOESOFÁGICA (Fístulas) R -> RENAIS E -> ESÔFAGO (Atresia) L -> LIMBS (membros) Acalásia e Megaesôfago Acalasia A acalasia é uma obstrução funcional congênita, a qual atrapalha a passagem do conteúdo esofágico para o estômago. É caracterizada pela tríade: Relaxamento incompleto do esfíncter esofágico inferior (EEI); Tônus elevado do EEI; Aperistalse esofágica. Com isso, o alimento se acumula no tubo esofágico, causando hipertrofia e dilatação do órgão. Classificação A acalasia é predominante em adultos jovens (entre 20-50 anos) e pode ser primária ou secundária. Primária: derivada da degeneração dos neurônios que inibem a porção distal do esôfago, do N. vago extraesofágico e dos plexos nervosos mioentéricos. A causa é desconhecida -> gera aumento do tônus do EEI, ausência do relaxamento e aperistalse. Secundária: causada por outra doença, em especial, a Doença de Chagas (Trypanosoma cruzi) -> o agente causa depleção do plexo mioentérico de Auerbach e Meissner, gerando falha do esfíncter e da peristalse. O esôfago dilata. https://anatpat.unicamp.br/pecascard32.html Diagnóstico Esofagografia; EDA; Manometria esofágica; Exame histopatológico das camadas musculares esofágicas -> pacientes em pós-cirúrgico. Pelo EDA, vemos esbranquiçamento da mucosa ACHADOS: Dilatação; Tortuosidade esofágica; Esvaziamento deficiente; Estreitamento da junção esofagogástrica (sinal de bico de pássaro); Ausência ou diminuição da bulha gástrica; Motilidade anormal; Aumento da pressão basal (manometria esofágica); Desaparecimento das ondas peristálticas primárias + ondas de contração simultâneas Ondas Terciárias -> dismotilidade (ondas anárquicas) Esofagograma Megaesôfago É uma complicação da acalasia, sendo caracterizado pela dilatação exacerbada do esôfago após a destruição dos plexos nervosos intramurais (principalmente pelo T. cruzi. As principais causas são gastrenterite eosinofílica, carcinoma gástrico infiltrativo do esôfago e DOENÇA DE CHAGAS. Há principalmente a destruição das células ganglionares dos plexos de Auerbach e Meissner. PRINCIPAIS ACHADOS: Dilatação esofágica; Ausência de peristaltismo; Presença das ondas terciárias + hipo ou acinesia; Não relaxamento do EEI; Sinal do bico de pássaro; Alargamento do mediastino (RX); Aumento da pressão intraesofágica (manometria); Nível líquido/de ar no esôfago; Afilamento gradual do segmento mais distal do esôfago. Sinal do Bico de Pássaro E a endoscopia? Solicito pra quê? Biópsia -> fazer diagnóstico diferencial com carcinoma gástrico infiltrativo e gastrenterite eosinofílica! No caso do megacólon, teremos: Estase alimentar; Diminuição das células ganglionares do plexo mioentérico. Clínica - Acalasia e Megaesôfago Dor torácica; Pirose; Regurgitação; Odinofagia; Disfagia; Pneumonias aspirativas de repetição. Qual a doença que faz diagnóstico diferencial pela clínica? Doença do refluxo gastroesofágico Definição: A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) caracteriza-se por refluxo anormal do conteúdo gástrico para o interior do esôfago. A DRGE pode apenas apresentar-se como entidade clínica sem lesões morfológicas. Alguns indivíduos podem ser assintomáticos e apresentar lesões endoscópicas e/ou histológicas. Fatores de risco: tudo que aumentar pressão intra-abdominal (obesidade,gravidez), tudo que relaxa o EEI(alimentação gordurosa, disfunção do EEI, álcool,chocolate) A duas principais consequências dessa entidade são as: esofagite de refluxo esôfago de Barrett. Esôfago de Barret É complicação da DRGE, caracterizado por metaplasia tipo intestinal dentro da mucosa escamosa esofágica. Confere risco ao aparecimento de adenocarcinoma de esôfago (5 a 10%). O achado característico no esôfago de Barrett, baseia-se no encontro, na endoscopia, de mucosa aveludada de cor avermelhada com projeções digitiformes acima da junção esôfago gástrica. Sendo o achado microscópico mais característico áreas de metaplasia tipo intestinal com células caliciformes. Podendo haver displasia. Diagnóstico: EDA + biópsia CARCINOMA ESCAMOCELULAR (CEC) DEF: é uma das neoplasias mais frequentes do esôfago,originando-se das células escamosas que revestem o lumem do esofago (plano estratificado não-corneificado). Epidemio: Associada na maioria das vezes ao uso do álcool e tabaco (aumentam o risco de modo sinérgico.) Diagnóstico: EDA + biópsia Estadiamento: USG, TC e RM Patogenia: A maioria dos carcinomas do esôfago (cerca de 60%) são polipóides (crescimento exofítico). Dos de crescimento endofítico, cerca de 15% infiltram a parede causando estenose através de reação desmoplásica. Os outros 25% destróem a camada muscular levando a atonia e dilatação da luz Acometem 1/3 médio do órgão. Obs: com o restante distribuído mais ou menos igualmente nos terços superior e inferior. Prognóstico:A mortalidade é desproporcionalmente alta, devido à localização mediastinal do esôfago, o que propicia a invasão precoce de estruturas nobres e torna a ressecção cirúrgica completa difícil ou impossível. Uma importante complicaçãoé a invasão do brônquio direito causando fístula esôfago-brônquica. https://endoscopiaterapeutica.com.br/video/esd-de-esofago/ Caso clínico Homem, 70 anos, hipertenso, previamente hígido, foi referenciado à EDA por sintomas dispépticos de início recente. Etilista social de grande quantidade, ex-tabagista há 15 anos. Negava perda de peso ou disfagia. Exame físico sem anormalidades. https://endoscopiaterapeutica.com.br/video/esd-de-esofago/ obs: está marrom amarelo devido ao iodo QUAL É A HIPÓTESE DIAGNÓSTICA? EDA: Lesão em terço superior do esôfago ADENOCARCINOMA DE ESOFAGO A maioria ocorre de uma evolução do esôfago de Barrett. Fatores de risco: DRGE, obesidade, alimentos gordurosos, homem e negro, entre outros Geralmente ocorrem no 1/3 inferior e pode envolver a cárdia. Alguns tipos de Helicobacter pylori estão associados a um menor risco de adenocarcinoma, pois causam atrofia gástrica, com redução da secreção ácida Clínica: Disfagia para sólidos início → disfagia para líquidos emagrecimento anorexia Caso clínico Dados do paciente Idade: 70 anos Gênero: Masculino HDA:Disfagia para sólidos por alguns meses com perda de peso de 30 kg. AP: DRGE + EDA: uma massa nodular que ocupava 50 - 74% da circunferência do esôfago distal. HD: ???? → adenocarcinoma esofágico ESOFAGITES Temos 2 etiologias principais para as esofagites, são elas: Esofagite por cândida e esofagite herpética Esofagite por Cândida: É a infecção altamente comum hoje em dia devido ao aumento de indivíduos imunocomprometidos, seja por: quimioterapia para neoplasias malignas, doenças que comprometem o sistema imunológico e pacientes em uso de imunossupressores em receptores de transplante Quando há sintomas, são eles: disfagia e odinofagia Dor com irradiação para as costas A lesão se estende do terço médio até o terço distal do esofago - A mucosa torna-se elevada, com nódulos e placas brancas, muito visíveis do centro europeu Esofagite herpética: Causada pelo vírus herpes simples, transmitida por contato direto Ocorre geralmente em indivíduos com neoplasias malignas Presença de lesões presentes na candidíase Macroscopicamente temos presença de vesículas e úlceras Microscopicamente, apresenta células multinucleadas Clínica é composta por: odinofagia, dor retroesternal, febre, disfagia, hemorragia e dores articulares Estômago Estenose Hipertrófica de piloro Definição Epidemiologia Clínica Aspecto radiológico Epidemiologia Crianças masculinas predominam, com uma proporção de 3:1 a 4:1 em relação às meninas Clínica: história de vômitos não-biliosos em jato, sinais de hiperperistalse gástrica: Ondas peristálticas vigorosas (ondas de Kussmaul), orientadas do quadrante superior esquerdo para o direito) "tumor" pilórico palpável ao exame físico (oliva pilórica) desidratação emagrecidas apetite voraz típico As principais alterações da estenose pilórica nas radiografias simples consistem em: a) dilatação gástrica marcante; b) inexistência de bulbo duodenal cheio de ar; c) escassez ou ausência de ar no intestino delgado e no intestino grosso d) conteúdo gástrico espumoso e moteado; e) pneumatose gástrica (rara) https://www.scielo.br/j/rb/a/dnZGVBfyy9HX6wdGbkJrH4H/?lang=pt# Sinais ecográficos O que pode ser visto na USG? 1. Sinal do alvo. Corresponde ao anel hipoecóico do músculo pilórico hipertrofiado em torno da mucosa ecogênica centralmente localizada. 2. Sinal do duplo trilho e sinal do cordão. Obtidos quando pequenas quantidades de líquido podem ser vistas aprisionadas entre dobras de mucosa ecogênica redundante. Menor do sexo masculino, 2 meses de vida, com história de vômitos em jato não biliosos após as mamadas. Chega a emergência com alcalose metabólica. Em anexo, imagem do exame físico e de estudos de imagem realizados. Qual o diagnóstico do bebê? HÉRNIA DE HIATO Hérnia hiatal o deslocamento de conteúdo abdominal para a cavidade torácica através do hiato diafragmático A frequência da lesão é mais comum em mulheres, e aumenta com a idade Temos 4 diferentes tipos de hérnia de hiato: 1) Tipo I: Pode ser chamada também de esofago curto, traciona o esofago para a cavidade torácica. 2) Tipo II: Hérnia paraesofágica, ou por rolamento, esofago permanece em posição normal, porém, parte do fundo gástrico é tracionado para a cavidade abdominal. 3) Tipo III: Por deslizamento, é a mais comum, porção subdiafragmática do esôfago e parte do estômago penetram no tórax 4) Tipo IV: Além do estômago, ocorre herniação de outras estruturas As principais causas são enfraquecimento dos músculos que se localizam em torno do hiato diafragmático e pode ser causada por condições que aumentam pressão da cavidade abdominal Os sintomas clínicos, quando aparece, costuma estar relacionado a pirose, refluxo gastroesofágico, aspiração noturna… Adenocarcinoma gástrico AG é a neoplasia gástrica mais frequente, representando 90% dos tumores malignos do órgão Possui várias “etiologias”, tanto infecciosas, como, por exemplo, fatores comportamentais Gastrite crônica é considerada condição pré-cancerosa O H. pylori é classificado como o carcinógeno do tipo I, a prevalência da infecção é muito comum em pacientes que possuem AG Além de gastrite crônica, úlcera péptica gástrica e os adenomas são consideradas condições pré-cancerosas para AG O AG é subdividido de acordo com a invasão da parede, é classificado como Carcinoma precoce e Carcinoma avançado AG Precoce: AG restrito à mucosa ou a mucosa e submucosa AG Avançado: Já existe invasão da camada muscular Existem 3 tipos de carcinomas gástricos precoces, sendo eles: Tipo I (protruso), tipo II (superficial) e tipo III (escavado) Existem 2 tipos de AG: Tipo intestinal: Origem nas células gástricas mucosas que previamente sofreram metaplasia intestinal, macroscopicamente tende a ser polipóide. Possui afinidade pelo sexo masculino, além de manter uma relação com a gastrite crônica Tipo difuso: Pouco diferenciado, tende a ser ulcerativo ou difusamente infiltrativo (linite plástica). Diferente do intestinal, esse tipo possui origem diretamente das células gástricas mucosas, além de não estar relacionado a gastrite. O AG avançado é classificado macroscopicamente em: Tipo I (veg. ou poli.), tipo II (lesão ulcerada, bordas elev.), tipo III (lesão ulceroinfiltrante, que possui preferência por surgimento nas paredes de órgãos, não possui limite definido) e tipo IV (lesão infiltrativa, limites imprecisos, cresce difusamente na parede do órgão, nós o chamamos de linite plástica, sua grande característica é a capacidade expansiva) Gastrite e Úlceras Gastrite A gastrite é uma inflamação da mucosa intestinal, predominantemente em região antral, podendo expandir para corpo e fundo. As causas mais comuns são infecção pelo H. pylori (principal causa) e a gastrite autoimune. Morfologia Placas de atrofia da mucosa; Redução das células parietais; Metaplasia intestinal -> presença de células caliciformes; Maior risco para úlcera péptica duodenal -> devido à localização antral; Agregados linfoides; Abscessos de criptas; Infiltrado neutrofílico; Displasia. Risco aumentado para… Linfomas e Adenocarcinoma gástrico! Doença Ulcerosa Péptica (DUP) É a ulceração crônica da mucosa gástrica derivada de uma infecção por H. pylori, uso de AINEs ou gastrite crônica, afetando o duodeno e o estômago. As gástricas são menos comuns do que as duodenais; No estômago, localizam-se majoritariamente na pequena curvatura; Úlceras gástricas e duodenais: Caracterizam-se pela parede perpendicular ao plano da mucosa. Morfologia Redondas ou ovais; Fundo limpo, com exsudato fibrino-purulento, tecido de granulação (cicatrização) e com acúmulo fibrinóide (nesta ordem); Bordas planas ou pouco elevadas; Pregas circundantes regulares e convergentes, de tamanhos iguais; Costumam ser únicas; Lesões mais profundas costumam ser > 0,6 cm; Defeito em saca-bocado; A quantidade de tecidofibroso no fundo da úlcera indica o tempo de lesão; A mucosa circundante pode apresentar gastrite crônica. E se o tecido fibroso for maior do que a mucosa? Torna-se uma úlcera PERFURANTE, ou seja, rompe a parede da mucosa e pode liberar gás para a cavidade abdominal -> pneumoperitônio. Também pode perfurar para outras vísceras, como o pâncreas (úlcera terebrante). Para diagnóstico de úlcera péptica, damos preferência à EDA, já que pode biopsiar e diferenciar lesões benignas e malignas. Dos exames de imagem, temos TC (identifica a descontinuidade da parede do estômago ou duodeno), Raio X (indica o pneumoperitônio por perfuração de úlcera). https://radiopaedia.org/articles/peptic-ulcer-disease
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