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Introdução: De acordo com a OMS, nas últimas décadas, cerca de 4 a 5 milhões de óbitos anuais ocorreram por infecções respiratórias agudas. Em 2010, houve uma redução de 25% na incidência de pneumonia; No entanto, em países em desenvolvimento, as pneumonias na infância ainda são muito comuns. Além disso, são mais graves e causam maior mortalidade. No Brasil, as pneumonias agudas são responsáveis por 11% das mortes de crianças com idade inferior a 1 ano, e por 13% dos óbitos de crianças de 1 a 4 anos de idade. Desde a introdução das vacinas conjugadas pneumocócicas 10 e 13 valentes, verificou-se uma diminuição significativa da incidência de infecção invasiva por esse agente. As pneumonias são doenças infecciosas do trato respiratório inferior, gerando um processo inflamatório com evolução aguda e que acometem alvéolos, árvore brônquica e interstício. Fatores de risco: Desnutrição; Baixo peso ao nascer; Prematuridade; Ausência de aleitamento materno; Permanência em creche e escolas; Episódios prévios de sibilos e pneumonia; Vacinação incompleta; Variáveis socioeconômicas e ambientais. Aspectos fisiopatológicos: O aparelho respiratório é protegido por mecanismos de defesa e a quebra dessa proteção é importante para a aquisição da pneumonia; Mecanismos de defesa: - Filtragem das partículas nas cavidades nasais; - Reflexo da epiglote que previne as aspirações; - Reflexo da tosse; - Função mucociliar que promove adesão e eliminação de agentes infecciosos; - Fagocitose, sistema complemento, enzimas e substâncias locais que promovem a neutralização de bactérias; - Presença de anticorpos que facilitam a opsonização e fagocitose e a drenagem linfática. Via de aquisição de pneumonia aspiração de secreção de orofaringe; Infecção viral na orofaringe quebra dos mecanismos de defesa: aumento da produção de secreção, multiplicação bacteriana nas vias aéreas inferior + diminuição da atividade mucociliar + alteração na produção de Ac e atividade bactericida dos macrófagos Pneumonia. Etiologia: Grande número de agentes etiológicos; Patógeno não identificado em 40-60% dos casos; Agentes encontrados: diferentes para cada faixa etária; Os vírus predominam nos primeiros anos, especialmente nos lactentes, sendo o VSR (vírus sincicial respiratório) o mais frequente; Streptococcus pneumoniae é uma causa importante em todas as faixas etárias, em especial nos lactentes e pré- escolares; Mycoplasma pneumoniae e Chlamydia pneumoniae: escolares e adolescentes. Quadro clínico: Em recém-nascidos e lactentes, os sinais e sintomas frequentemente são inespecíficos; Depende de vários fatores como: agente etiológico, idade da criança, tamanho do inóculo e resposta imunológica do indivíduo; Os menores de cinco anos de idade costumam de pródromos de febre baixa e rinorreia, devido a uma infecção viral prévia das vias aéreas superiores, antes de apresentar sintomas do TRI. Pneumonia bacteriana: febre alta, dor abdominal e torácica, prostração, dificuldade para se alimentar e tosse produtiva; Toxemia, prostração, palidez e cianose associada ao desconforto respiratório são sinais de gravidade; Ausculta pulmonar: estertores finos, médios ou grossos, localizados ou disseminados em ambos os hemitórax e respiração soprosa; Murmúrio vesicular diminuído = derrame pleural ou atelectasia; Valorizar o exame físico: percussão – macicez; Palpação: aumento do frêmito toraco-vocal. Diagnóstico: - Radiografia de tórax: Não define com precisão a etiologia das PAC e não separa os quadros bacterianos daqueles não bacterianos; Deve ser realizada em pacientes com hipoxemia/hipóxia, com esforço respiratório e para os que não apresentam boa resposta ao tratamento para avaliar complicações; Crianças com sinais e sintomas sugestivos de PAC sem indicação de internação não necessitam realizar radiografia de tórax de rotina devido a baixa concordância entre os sinais clínicos e as alterações radiográficas. - Hemoculturas: Método confiável, porém de baixa positividade, variando de 10 a 35% dos casos internados. Características da Pneumonia pelos agentes etiológicos mais frequentes: - Pneumonia por Streptococcus pneumoniae: Coco gram positivo; Todas faixas etárias (lactentes e pré-escolares); A pneumonia pneumocócica é precedida por um quadro de IVAS; Febre, tosse e taquipneia; Lesão pulmonar depende da via de disseminação. O acometimento pode ser localizado em um segmento ou loco, ou ainda pode ter o aspecto de bronpneumonia. - Pneumonia por Haemophilus influenzae: Cocobacilos gram-negativos, que ocorrem em formas encapsuladas e não encapsuladas; 20 a 30% produzem betalactamase, o que origina a resistência a penicilina; Incidência: < 5 anos, porém a incidência vem se tornando cada vez menor em razão da cobertura vacinal; Associação com: otite, epiglotite, meningite. - Pneumonia por Staphylococcus aureus: Bactéria gram-positiva colonizadora da pele e mucosas; A infecção invasiva por S. aureus é em geral grave em razão da alta virulência do agente; A maior incidência ocorre no período neonatal, diminuindo no decorrer dos primeiros dois anos de vida. - Pneumonia por Mycoplasma: Acomete pré-adolescentes e adolescentes; Inicialmente pródromos virais: cefaleia, mialgia, febre baixa ou moderada; Tosse seca prolongada (3-4 semanas); Associação com OMA, miringite bolhosa e anemia hemolítica. - Pneumonia por Streptococcus do grupo B: Cocos gram-positivos; Incidência: primeiros três meses de vida; Colonizador do canal de parto; Fatores de risco: febre materna durante o trabalho de parto, ruptura prematura de membranas, amnionite, prematuridade e baixo peso ao nascer. Vacinas pneumocócicas: Resistência do Pneumococo à penicilina: Mecanismo de resistência não é a produção de beta- lactamases, mas sim alterações na proteína da parede bacteriana responsável pela ligação à penicilina; No Brasil as taxas de Pneumococos resistentes à penicilina vem aumentando nos últimos anos. 1993-2003: a prevalência de pneumococo não sensível a penicilina era de 10% e menos de 1% de cepas apresentavam alta resistência. A partir de 2000, foram 21,8% de cepas resistentes sendo 4% com alta resistência, e em 2003 foi para 28,1% e 7,7% respectivamente. Classificação da gravidade em menores de dois meses: SpO2 < 92%, cianose; FR > ou = 40 rpm; Dificuldade respiratória; Apneia intermitente, gemido; Impossibilidade de se alimentar; Incapacidade da família em tratar o paciente no domicílio. Tratamento: Ambulatorial x Internação Critérios para internação: - Idade < 2 meses; - Prematuridade ou baixo peso ao nascer; - Falha de terapêutica ambulatorial; - Tiragem subcostal; - Sinais de hipoxemia; - Comorbidades: anemia, cardiopatia, desnutrição grave; - Recusa em ingerir líquidos; - Convulsões, apneias; - Sinais radiológicos de gravidade: derrame pleural, pneumatoceles, abscesso; - Problema social. 1. Tratamento ambulatorial: 2 meses a 5 anos: Amoxicilina; > 5 anos: Amoxicilina ou Claritromicina ou Azitromicina; Falha terapêutica: Amoxicilina com clavulanato, ou cefuroxima; > 6 anos devido à incidência de Mycoplasma Pneumoniae e Chlamydia Pneumoniae, pode se optar pela introdução de macrolídeos. Quando indicar macrolídeos? O tratamento com macrolídeos em crianças < 5 anos não tem se mostrado mais eficaz que o tratamento convencional com Amoxilina. É indicado quando há suspeita clínica de pneumonia atípica. Se ausência de melhora após 48 a 72 horas de uso de Amoxicilina, aumenta-se a suspeita de infecção pelo M, pneumoniae ou C. pneumoniae. É recomendado acrescentar omacrolídeo à Amoxicilina ou substituí-la pelo macrolídeo. 2. Tratamento hospitalar: < 2 meses: Ampicilina + amicacina ou gentamicina; em caso de falha terapêutica: Cefotaxima ou Ceftriaxone; considerar oxacilina (suspeita de S. aureus); 2 meses a 5 anos: Penicilina Cristalina ou Ampicilina; em caso de falha terapêutica: Cefuroxima ou Ceftriaxone + Claritromicina; > 5 anos: Penicilina Cristalina ou Ampicilina; em caso de falha terapêutica: Cefuroxima ou Ceftriaxone + Claritromicina. Complicações e falha terapêutica: Paciente instável e ou se febre persistir após 48-72h da admissão, deve-se pesquisar complicações, sendo o derrame pleural o mais frequente.
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