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Contribuições de Janusz Korczak para a Administração Escolar

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA
 
 
 
 
FLAVIANE JUSSARA SIQUEIRA SILVA
JULIANE DA SILVA LIMA
ROSILENE DA FONSECA REZENDE
 
 
 
 
 
 
 
AS CONTRIBUIÇÕES DE JANUSZ KORCZAK PARA A ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
 
 
 
 
 
 
 
 
BELÉM
2022
FLAVIANE JUSSARA SIQUEIRA SILVA
JULIANE DA SILVA LIMA
ROSILENE DA FONSECA REZENDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AS CONTRIBUIÇÕES DE JANUSZ KORCZAK PARA A ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
 
 
 
Trabalho que corresponde as Perspectivas de Gestão Educacional: Da administração à Gestão: mudança pragmática, baseado no fundamento, orientação teórica e busca de soluções a partir do pensamento de JANUSZ KORCZAK, para a disciplina de Gestão de Sistemas e Unidades Escolares, referente a fase l de desenvolvimento da disciplina, Unid. II. 
 
Orientadora: Profa. Dra. Telma Guerreiro Barroso.
 
 
 
 
BELÉM
2022
SUMÁRIO:
• INTRODUÇÃO…..…………………………………………………...……. 04
Uma retrospectiva da análise do PPP
Problemas identificados na Escola Espaço do Saber 
• CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA..................................................... 05
• CONCEITUANDO O PROBLEMA ……………………………………… 06
CONHECENDO JANUSZ KORCZAK, SUAS PRÁTICAS COMO 
EDUCADOR E GESTOR…………………………………......................... 07
• HENRYK GOLDSZMIT.....................……………………………...….…. 07
• DE HENRYK GOLDSZMIT À JANUSZ KORCZAK ……………,….… 09 
• JANUSZ KORCZAK – DE MÉDICO À EDUCADOR...........................10
• A GESTÃO PRATICADA POR JANUSZ KORCZAK......................... 14
• CONCLUSÃO – CONTRIBUIÇÃO DE JANUSZ
 PARA O PROBLEMA APONTADO.................................................... 16
• REFERÊNCIAS.................................................................................... 18
INTRODUÇÃO
 O presente trabalho tem como objetivo buscar amenizar problemas existentes no ambiente escolar citados no trabalho anterior: os problemas ligados à falta de comunicação que leva à uma não democratização do Projeto Político Pedagógico gerando o conflitos no ambiente escolar.
Sendo assim, estudos foram feitos através de pesquisas sobre teorias e práticas do autor Janusz Korczak, profissional compromissado com a educação de crianças. Janusz foi médico, escritor, jornalista, comunicador e pedagogo. Possuía uma metodologia pedagógica centrada na amorosidade, na auto gestão, compreensão, na solidariedade e na comunicação. 
A partir da análise de suas teorias e práticas educativas e administrativas é possível obter reflexões sobre a eficácia das suas ideias através de ações desenvolvidas na escola observada neste trabalho.
Para iniciar o trabalho e aplicar o ponto de vista de Janusz Korczak foi necessária uma análise da sua trajetória e sua vivência como educador e gestor. Passando por sua infância, que foi um tanto conturbada pelos momentos impulsivos de seu pai, era uma criança que só ficava em casa e mais tarde teve que trabalhar e estudar. Era um leitor assíduo, desejava ser escritor, e foi, mas sua graduação foi em medicina. Como médico ajudou muitas pessoas carentes, em especial as crianças, como educador, ajudou na construção de sujeitos, fez diferença na vida das crianças, nas instituições de ensino através de sua prática pedagógica.
 A partir deste trabalho se conhecera mais sobre Henryk Goldszmit. Esse era o nome de Batismo de Janusz Korczak e suas contribuições para a administração pedagógica.
CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA
CENTRO EDUCACIONAL ESPAÇO DO SABER
O Centro Educacional Espaço do Saber, localizado no Bairro Águas Brancas – Ananindeua/Pa, possui uma educação de qualidade, estrutura e o conforto necessário, da educação infantil ao ensino fundamental l, compreendo a importância para o desenvolvimento social e educacional de seus alunos. 
A referida escola foi fundada em 10.12.2019, e o projeto pioneiro era a criação de uma Eco escola, com o objetivo de sensibilizar os estudantes para as questões do desenvolvimento sustentável, através de ações orientadas ao aprendizado, sendo que, a implementação do projeto inicial não foi concretizada, passando a ser Escola Municipal. Possui o Conselho Escolar Da Escola Municipal, fundado em 21 de março de 2020, com o objetivo de zelar pela manutenção da escola e assegurar a qualidade do ensino, sua atividade principal está voltada a Associações de Defesa de Direitos Sociais, as atividades ligadas à Cultura e à Arte. 
Atualmente conta com 55 funcionários divididos entre, professores, coordenação, auxiliares de serviços gerais, e seguranças, 420 alunos das séries, Jardim l ao 5º ano, com 10 salas de aulas, nos turnos, manhã, e à tarde, com uma média de 210 alunos por turno. Atrelado a inclusão, o Centro Educacional Espaço do Saber, possui o Atendimento Educacional Especializado (AEE) para receber alunos com deficiência. 
Quanto a sua infraestrutura, possui alimentação para os alunos, água filtrada, energia da rede pública, esgoto e coleta de lixo periódica. Na instalação, contam com 06 banheiros, sendo 3 banheiros adequados e adaptados a alunos com deficiência e mobilidade reduzida da educação infantil, e 3 banheiros com instalações simples, parque infantil, biblioteca, laboratório de informática, quadra de esportes, pátio coberto, cozinha, área verde e possui também acesso à internet. Quanto aos equipamentos utilizados no processo de ensino-aprendizagem, a escola conta com 05 computadores, impressora e projetor multimídia (data show). 
Outros projetos foram criados e continuam funcion0ando na escola, como, o antibullying, contra a violência infantil, o projeto floresça e família escola, que visam a orientação, quanto à preservação do meio ambiente, consequências causadas pelo bullying e violência, despertando consciência das questões atuais, sensibilização a comportamentos adequados, aos alunos, familiares e à comunidade. 
CONCEITUANDO O PROBLEMA
Dentre inúmeros problemas encontrados dentro da escola, foi escolhido falar sobre a falha de comunicação que se dá dentro desse ambiente. Podendo fazer uma controvérsia do que se tem no Projeto da escola e como ele vem sendo trabalhado na prática. Será observado o papel do Coordenador Pedagógico, o profissional que deve atuar como articulador entre educadores, alunos, gestão e família no ambiente escolar. A escola, como um todo, deve estar sempre em diálogo com todos que a compõem e a falta da comunicação gera falhas e insegurança nos membros pertencentes a ela. A criação de um Projeto Político Pedagógico sem democracia gera conflitos sobre o que a instituição prega e o que vem sendo praticado. Funcionários insatisfeitos com as regras e praticamente sem direito de opinar, como se estivessem ali apenas para seguirem ordens.
CONHECENDO JANUSZ KORCZAK, SUAS PRÁTICAS COMO EDUCADOR E GESTOR
Para se dar início, faz-se uma apresentação sobre o médico pediatra, pedagogo, comunicador e escritor Janusz Korczak. 
Janusz pouco conhecido no Brasil, foi de grande influência para muitos gestores educadores. Sua forma de ensinar as crianças era sempre através do diálogo contendo carinho, amorosidade, respeito. Quando criança estudou em uma escola rígida, autoritária e punitiva e essa vivência fez ele ver o quanto aquele tipo de educar não era necessário e era inválido para se alcançar o que desejava: crianças disciplinadas, educadas, com responsabilidade e de respeito.
Para conhecer um pouco mais deste extraordinário educador, fez-se um estudo sobre ele, quando ainda atendia somente pelo nome Henryk Goldszmit, a criança Henryk que mais tarde assumiu o pseudônimo de Janusz Korczak.
HENRYK GOLDSZMIT 
Henryk nasceu em Varsóvia, na Polônia, em 22 de julho de 1878. Henryk fez parte da terceira geração de sua família. Era uma família da elite judaica integrada à sociedade polonesa, mas que preservava as tradições culturais judaicas. Sua família era formada por seu avô Hirsh Goldszmith, sua avó Emília, sua mãe Cecylia e sua irmã Anna.
Seu avô era médico e seu pai advogado, ambos buscavam a integraçãodo povo judeu na Polônia.
Filho de Joseph e Cecylia, Henryk Goldszmit foi ensinado dentro de casa até completar seus sete anos por um tutor, depois foi estudar na escola russa elementar, onde a língua polonesa e história eram proibidas. O sistema educativo nas escola era punitivo, autoritário. Os professores periodicamente agrediam os alunos com puxões de orelha e/ou espancamento com réguas (SARUE 2011).
Henryk Goldszmit viveu sob domínio russo, a Polônia no final do século XIX pertencia à Rússia e estava em guerra contra o Japão. Nessa época as escolas da Polônia aceitavam criança judias com raríssimas exceções e ele foi uma delas (SARUE, 2011).
Mais tarde Henryk escreve um livro entitulado “Quando eu voltar a ser criança”, nele era como se descrevesse os castigos sofridos durante sua permanência na escola pelos professores. Não se sabe se falava de sua própria escola, sobre o que ele passava de fato e ainda escreveu o que gostaria que a escola oferecesse.
Em casa, Henryk e sua irmã Anna eram proibidos de brincar na rua, pois a mãe deles não achava esse comportamento adequado para as crianças de bons modos e educadas.
Trancado dentro de casa, Henryk ficava por horas brincando de montar com seus cubos de brinquedos ou apreciava as crianças no pátio. Por muitas vezes enquanto brincava com seus blocos seu pai lhe chamava a atenção e usava palavras ofensivas em seus momentos impulsivos, pois já não era o mesmo, sua saúde mental já não era a mesma.
Papai tinha razão quando me chamava de boboca ou de simplório ou mesmo, nos momentos particularmente tempestuoso, de imbecil ou de burro. A vovó era a única a acreditar na minha boa estrela. Senão era sempre “preguiçoso”, “chorão” – (já o disse), “idiota”, “imprestável” (KORCZAK, 1986, p.11, apud SARUE, 2015, p.26).
 Se percebe que a infância de Henryk foi um tanto conturbada pelos momentos de instabilidade emocional do pai, que sofrera um colapso mental quando ele tinha apenas 11 anos, e tinha muitos momentos impulsivos, o que fez com que ele fosse internado inúmeras vezes em um sanatório. Por outro lado Henryk recebia muito carinho de sua avó materna Emília, que o acolhia com amor e ele dividia seus pensamentos e sonhos com ela. Quando ele tinha 14 anos sua avó faleceu e a família sofria pela perda e pela impulsividade de seu pai. Isso mexeu muito com o pensamento de Henryk, pois acreditava que poderia também ficar louco, acreditava que poderia ser hereditário e teve pânico do hospital psiquiátrico onde várias vezes seu pai foi internado.
Como os recursos financeiros de sua família foram direcionados para o tratamento de seu pai, ele teve que estudar num ginásio russo, não era mais uma escola de elite, ficava em um subúrbio de Varsóvia.
Joseph, pai de Henryk, faleceu em 1896, com 52 anos apenas, suspeita de suicídio e esse fato marcou muito a vida de Henryk e de sua família.
Nessa época Henryk estava com 18 anos, passou a ter a responsabilidade de ajudar a família financeiramente. Passou a ministrar aulas particulares e se deu conta que gostava de ensinar às crianças e que tinha facilidade em ensinar. Assim, ele estudava e trabalhava durante o dia e a noite escrevia poesias e sátiras, pois pensava em ser escritor, gostava muito de ler, conhecia as obras de Pestalozzi, do qual era admirador.
Apesar de ter o desejo em ser escritor, em 1898, com 20 anos, entrou na universidade de medicina da Varsóvia (há relatos que escolheu medicina por ser a vontade de seu pai), privilégio conquistado por um restrito círculo de judeus devido às leis antissemitas. Como médico ele passaria a integrar a sociedade polonesa, muito contribuiria com sua função nesta sociedade que vivia em guerra contra o Japão.
DE HENRYK GOLDSZMIT À JANUSZ KORCZAK 
Na universidade, Henryk passou a ser conhecido pelo pseudônimo de Janusz Korczak. Um pouco antes de entrar para a universidade ele se inscreveu em um concurso literário com uma peça teatral com o título “KTÓREDY?” (DE QUE MODO?) e assinou como Janasz Korczak. A escolha desse nome se deu graças a um livro que ganhou, livro este que contava com a história de um herói órfão, corajoso e de origem nobre, o Janasz. Henryk usou então esse nome.
Durante a impressão, a pessoa responsável pela edição trocou a letra “a” pela letra “u", fixando Janusz. Ele assume então o pseudônimo com a grafia errada. A escolha pelo pseudônimo teve duas razões, uma com o objetivo de preservar o anonimato familiar e a outra era para obter um nome polonês, pois o nome Goldszmit era, sem dúvidas, de origem judaica e muito discriminado na época. 
De Henryk Goldszmit nasceu Janusz Korczak.
Korczak, mesmo cursando medicina, escrevia artigos sobre a criança. Escreveu inúmeros artigos infantis e adultos, e seus estudos estavam voltado para a saúde das crianças carentes de Varsóvia. Formou-se como médico pediatra. Das crianças pobres de Varsóvia cobrava um valor irrisório ou não cobrava, mas das famílias de elite ele costumava cobrar bem caro, assim ele conseguia custear suas idas aos subúrbios para ajudar as crianças mais carentes.
Ainda como estudante de medicina, Janusz fez inscrição como voluntário para uma colônia de férias de crianças judias, onde seria a oportunidade de conviver com elas fora do hospital. Durante sua estadia ao lado das crianças, pôde fazer observações acerca de seus comportamentos e teve oportunidade de realizar algumas de suas ideias que tinha sobre atitudes educacionais, e fazia tudo com amor, com respeito, pois havia percebido nelas uma grande carência.
Atuou como médico durante a Guerra entre Japão e Russa, participou do front na Ucrânia e via inúmeras crianças com ferimentos de guerra e isso lhe causava comoção.
Durante todo o período que Janusz ficou na guerra assinava atuando como médico usou seu nome de batismo, mas para assinar os artigos que escrevia sobre a criança e que enviava para a revista Voice em Varsóvia assinava com seu pseudônimo Janusz Korczak.
Quando Janusz retornou da guerra seu nome já era muito conhecido, tinha fama e o chamavam de a nova voz da literatura polonesa.
 
JANUSZ KORCZAK – DE MÉDICO À EDUCADOR
Em 1898 Janusz entrou para a universidade e para dar continuidade nos seus estudos como médico, Korczak viajou para Berlim para estudar pediatria. Viajou também para Zurique para estudar sobre o comportamento infantil. Ainda que formado como médico, continuava a escrever sobre a criança.
Durante sua viagem conheceu médicos renomados, os quais ele acompanhou nos tratamentos que faziam em hospitais psiquiátricos, em asilos, com pessoas que tinham necessidades especiais e ainda em centros de detenção de jovens infratores.
Quando retornou à Varsóvia, em 1908, com 30 anos, viu que de nada serviriam as técnicas aprendidas, constatou com desespero que tudo o que aprendeu não adiantaria em nada para curar as crianças, pois o ambiente era pobre demais, inóspito.
Nesse período de chegada a Varsóvia foi convidado para uma festa de um abrigo que seu amigo, médico dermatologista, Isaak Eliasberg e sua esposa estavam organizando. A festa tinha como objetivo a arrecadação de fundos para conseguir recursos para o abrigo. Como o nome de Korczak já era bem conhecido, consagrado na cidade, sua presença foi de grande peso para que conseguissem maiores e melhores recursos.
Durante a programação do obrigo, Korczak conheceu Stefania Wilczinska, a Stefa. Stefa fazia parte da gestão do abrigo e tinha ideias muito parecida com as dele, logo se tornaram muitos amigos. Foi através de Stefa que ele se aproximou mais da pedagogia. A partir deste dia, diante do convite para fazer parte da sociedade que tinha como proposta ajudar aos órfãos, Korczak, em suas horas vagas, ia ao abrigo brincar com as crianças e conversar com Stefa, que além de amiga, mais tarde passou a ser sua ajudante no orfanato Dom Sierot. Stefa.
Aos 34 anos, Korczak decidiu dedicar-se ao trabalho com as crianças órfãs. Ele foi deixando sua carreira como médico em segundo plano e cada vez mais se dedicando à educação, a formação educacional. Abraçou a relaçãoe o empenho voltado à educação do público infantil e a medicina passou a ser praticada somente quando havia demanda de algum diagnóstico ou tratamento de acordo com as necessidades de cada criança.
De qualquer modo, sua atividade de clínica médica foi diminuindo. Ele começava a interessar-se pela educação das crianças e afirmava que a medicina podia curar as pessoas, mas não poderia torná-las melhor, melhorar o mundo. Assim começou a trabalhar como professor, conjugando a sua prática médica à educação (MARANGON, 2005, p.58 apud DALMASIO, 2022, p.27).
Korczak, através de suas pesquisas e suas observações e pelas experiências de sua própria prática construiu sua obra como pedagogo. Para ele o indivíduo deveria ser visto em sua totalidade, visando sempre o desenvolvimento integral da criança e sua aprendizagem.
Janusz voltou-se para a área pedagógica com uma dedicação enorme às crianças órfãs e sem casas. Dedicou-se também a criação de lares para elas, não gostava da palavra orfanato, queria devolver o lar que lhes foram tirados.
Dom Sierot e Nasz Dom foram os dois lares mais evidente criados por Korczak.
O Dom Sierot, mais conhecido como O Lar das Crianças, funcionou de 1912 à 1942, sua criação foi voltada para as crianças judias carentes. Korczak e Stefa administram até o fim de suas vidas, pois foi também a casa deles. Antes de fundar O Lar das Crianças, Janusz viajou para França e Inglaterra a fim de conhecer os conteúdos aplicados na educação e também a estrutura dos orfanatos. A estrutura e a organização de um dos visitados lhe impressionou e voltou para Varsóvia certo de seus propósitos e o que poderia instalar em seu orfanato.
Korczak e Stefa planejaram então o orfanato. Em 1910 ele comprou um lote de na rua Krochmalna, n° 42, em Varsóvia. A obra contou com a ajuda de dois amigos arquitetos. Dom Sierot, O Lar das Crianças, foi construído conforme o idealizado visando o pleno desenvolvimento da criança.
Em 1912 o orfanato ficou pronto com instalações modernas, dormitórios separados para meninas e meninos, sala de refeição, área de lazer, sala de estudos, biblioteca, cozinha moderna, tudo muito bem estruturado para ser um aconchegante lar para as crianças.
Em 1918 Korczak foi convidado pelo Ministério da Educação Polonês à auxiliar na direção de outro orfanato, o Nasz Dom, Nosso Lar, juntamente com Maryna Falska, pedagoga e já experiente na área, pois já havia dirigido outro orfanato. O Nasz Dom ficava há 20 km de Varsóvia, foi criado para filhos de operários e para o acolhimento de crianças católicas. O prédio não era adequado para uma instituição de ensino, não havia água encanada nem esgoto, não tinha sala pra refeição e quartos que dessem conforto às crianças, não havia quintal e, apesar dessas dificuldades, os métodos educacionais de Korczak implantados junto à Maryna desde os primeiros dias.
Diante a falta de saneamento básico e da falta de estrutura, Korczak e Maryna planejaram construir um novo orfanato, o qual pusesse ter melhores condições e conforto. Em 1919 iniciaram a obra transferindo o Nasz Dom para Beilany em Varsóvia com a ajuda da esposa do Marechal, a sra Alexandra Pilsudska, para a arrecadação de fundos. O novo Nasz Dom foi construído de 1927 a 1928, mas funcionava desde 1919 com Maryna como diretora e Janusz Korczak como conselheiro pedagógico.
O novo orfanato foi planejado com uma estrutura como se fosse um avião, para focar mais interessante para as crianças. Ficou muito confortável e com espaços apropriados para todas as atividades. Korczak ficou no Nasz Dom de 1919 a 1936.
O tratamento praticado por Korczak nos orfanatos para com as crianças era de grande respeito e fazia com que eles desenvolvessem a autonomia e a prática da autogestão.
Nesses orfanatos eram recolhidos por ele crianças e jovens das ruas de Varsóvia. A situação da época era de grande crise econômica na Polônia, pois era resultado de dois períodos de guerras, a guerra russo-japonesa (1904-1905) e posteriormente a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Em setembro de 1939 (início da Segunda Guerra Mundial), os alemães iniciaram os ataques aos subúrbios de Varsóvia na Polônia. A cidade resistiu durante semanas, sofrendo humilhações diárias. Em 1940 o orfanato Dom Sierot teve que ser transferido para o Gueto de Varsóvia, local estipulado pelos alemães. Durante o período em que ficaram no Gueto, a vida das crianças no orfanato continuou com os mesmos com os mesmos bons costumes e as leis internas.
As crianças ouviam as histórias de seus professores, brincavam com seus jogos habituais, e continuavam a reunir sua “corte” – tudo com a seriedade e a concentração apropriadas. Korczak estava ali ao lado delas, e as crianças sentiam sua presença sem que ele pesasse sobre elas, ou elas sobre ele. Ele cuidava para que as crianças ao menos continuassem a estudar leitura, escrita e aritmética, e até inventou um novo sistema de “cartões de estudo individual”. Ocasionalmente ele convidava conhecidos estudiosos judeus, que estavam agora confinados ao gueto, para lecionar matérias de natureza histórica, social ou literária. ( ARNON, 2005, p.69 apud SARUE, 2011, p.48).
Entre julho e setembro de 1942, mais de 300.000 pessoas foram para o Gueto de Varsóvia para serem exterminadas. As crianças de Dom Sierot, entre outras vítimas, foram enviadas para o norte no campo de extermínio de Treblinka em agosto de 1942. Korczak poderia ficar livre, pois era reconhecido internacionalmente, mas preferiu seguir junto com as suas 200 crianças (eram mais ou menos isso, não se sabe a quantidade), Stefa e outros professores. Um guarda o reconheceu e disse que ele poderia sair dali se quisesse e se recusou a sair de perto das crianças, que assim como ele, eram judias. 
Cada criança seguia com um brinquedo e estavam bem vestidas, pois Janusz pediu para que vestissem suas melhores roupas e pegassem seus brinquedos preferidos. Todos seguiam marchando para o vagão do trem que os levariam até a morte, seguiam sem que houvessem empurrões ou que precisassem ser empurradas como sempre acontecia e isso gerou admiração nos guardas. Ao chegarem em Treblinka, todos desembarcaram e seguiram rumo às câmaras de gás. Foi a última marcha de Korczak e suas crianças.
Nessa época, antes de sua morte, Janusz fazia anotações diárias, anotações que mais tarde foram traduzidas para o português como “Diário do Gueto". Sua última anotação foi em 4 de agosto, o que faz acreditar que foram para o campo de extermínio dia 5 ou 6 de agosto de 1942.
O orfanato Nasz Dom, nessa época de invasão ainda era dirigido por Maryna Falska, foi esconderijo de muitas crianças judias ajudadas por ela. Maryna chegou a fazer contato com Janusz Korczak oferecendo ajuda para sua fuga, mas ele recusou. Em 1944 o Nasz Dom foi evacuado para Pruskow na Polônia, ordenado pelos alemães, foi nesse mesmo ano que Maryna morreu repentinamente. Seu corpo foi encontrado no orfanato em 7 de setembro de 1944. Há duas teorias para sua morte, uma é que foi por ataque cardíaco e a outra que seria suicídio. 
A GESTÃO PRATICADA POR JANUSZ KORCZAK
Nesses orfanatos, ele praticava a pedagogia democrática e inovadora com um modelo de autogestão e de grande respeito às crianças e jovens. Essa foi sua obra vital, pois trouxe novo conhecimento sobre o universo infantil, seus direitos e sua dignidade (SARUE. 2011, P.13).
Korczak pregava o respeito às crianças e criticava o que chamava de “tirania dos adultos”. Segundo ele, as crianças não vão tornar-se pessoas no futuro porque já são pessoas. Foi influenciado pelo pensamento pedagógico do começo do século 20, que criticava a escola tradicional, segundo a qual as crianças eram tratadas como pequenos adultos, sem interesse pelas especificidades dessa fase. A escola tradicional pouco contribui para a formação dos sujeitos. Um professor que só transmite seu conhecimento a quem ainda não tem consciência de seu papel na sociedade, vai só fazer com que ele reproduza o que ouviu. CRUZ cita um depoimento de um aluno que foi apresentado por Novinsk, o qual buscava exporo legado de Korczak:
“Caro professor"
Eu sou sobrevivente de um campo de concentração, meus olhos viram o que nenhum ser humano deveria testemunhar.
•Câmaras de gás construídas por engenheiros ilustres
•Crianças envenenadas por médicos altamente especializados
•Recém-nascidos mortos por enfermeiras renomadas 
•Mulheres e bebês assassinados e queimados por gente formada em ginásio, colégio e universidade.
Por isso, caro professor, eu duvido da educação.
E eu lhe formulo um pedido:
Ajude seus estudantes a se tornarem humanos. Seu esforço, professor, nunca deve produzir monstros eruditos e cultos, psicopatas e Eichmans educados.
Ler, escrever, aritmética, são importantes, somente se servirem a tornar nossas crianças seres humanos.
Este depoimento mostra que o ensino só será eficaz se ajudar na transformação do sujeito, se for contribuir para a educação de sujeitos conscientes de seu papel na sociedade e que possa ajudar na construção de um mundo melhor.
Korczak era a favor de uma educação não repressiva, que não fosse baseada no medo, mas que acompanhasse a curiosidade infantil. Ele mesmo vivenciou em sua infância as regras punitivas e não levou isso para sua vida. Não ensinou o que aprendeu na infância, ele foi capaz de transformar seus conhecimentos que obteve com a leitura, com sua família, em uma prática diferenciada, voltada na cooperação e no diálogo entre a convivência com sujeitos em constante processo de formação.
Sempre acreditou que as crianças são capazes de aprender e ensinar, assim como os professores. Ninguém era detentor de todo o saber, todos estão em processo de aprendizagem.
Durante sua gestão nos orfanatos, sempre foi amoroso, respeitava as crianças em sua totalidade. Buscava por ouvir cada uma, suas queixas, seus feitos realizados com sucesso ou mesmo o que não conseguiram realizar. As atividades realizadas dentro dos orfanatos ou lares, como ele preferia dizer, era de responsabilidade de todos transformou as crianças em seus ajudantes, valorizando-as. Delegava várias funções da casa aos seus pupilos por acreditar que, assim, se tornariam responsáveis pelo que havia lá e participariam do processo educacional de todos que morassem e trabalhassem no orfanato.
Korczak não era o único gestor da instituição, todos eram, pois a democracia estava presente em tudo, todos participavam dos conselhos, das divisões de tarefas e tudo era feito através da comunicação. Janusz deixava claro que elas tinham todo o direito cobrarem por seus direitos de serem ouvidas, de falar quando se tem algo a dizer. Elas tinham todo o direito de serem crianças e era respeitado o tempo de cada uma em seu processo de desenvolvimento e aprendizagem. As crianças eram e são dignas de respeito.
CONCLUSÃO
CONTRIBUIÇÃO DE JANUSZ PARA O PROBLEMA APONTADO 
Na busca de solucionar o problema de falta de comunicação e diálogo na escola, utilizando como referência as ideias e pensamentos de Janusz Korczak, que pregava o respeito aos menores e aos demais membros das instituições de ensino. Utilizava uma administração baseada na autogestão. É justamente o planejamento adequado a ser adotado pelas escolas, priorizando a comunidade escolar, onde todos possam participar de forma ativa nas tomadas de decisões, gerando assim, um ambiente de cooperação, e participação, onde houvesse o acompanhamento da coordenação pedagógica em sala, considerando a metodologia de ensino do docente e as especificidades do aluno. Janusz utilizou a gestão participativa, com diálogo aberto à todos. Ele transformou as crianças em seus ajudantes, valorizando-as. Delegava várias funções da casa a esses pequenos por acreditar que, assim, se tornariam responsáveis pelo que havia lá e participariam do processo educacional de todos, que morassem e trabalhassem no orfanato. As escolas, assim como os orfanatos, são criadas para atenderem as crianças e adolescentes, elas precisam serem consultadas, ouvidas e assim a escola cada vez mais poderá oferecer uma educação mais eficaz, e ela será vista como uma instituição social, democrática.
Contudo, acredita-se que os valores e ensinamentos de Janusz Korczak devem ser defendidos e podem servir de modelo e orientação às instituições educacionais, inserindo o respeito e o amor as crianças, alcançando os objetivos e criando um ambiente desejado. Para Korczak era importante que as crianças se sentissem como em um ambiente familiar e por isso os orfanatos ofereciam uma educação adequada como em um ambiente doméstico. A autogestão de Korczak dava direito a todos na participação do que se esperava dos orfanatos e se a autogestão fosse adotada pela Escola Espaço do Saber, teria uma boa eficácia, pois com a elaboração democrática do Projeto Político Pedagógico todos estariam cientes de suas obrigações, do objetivo que a escola busca alcançar e poderiam contribuir de bom ânimo para alcançar o desejável.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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Dalmasio, Olini Gioconda. Os caminhos pedagógicos de Janusz Korczak: Análise documental de
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 Belo Horizonte. v. 1. n. 1. p. 1-7. out. 2007.
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