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Capítulo 6_ Pessoa Jurídica

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Jurídica
Pessoa
1. Introdução e conceito
· Com o desenvolvimento da sociedade e a necessidade de agrupar-se para atingir metas, surge a pessoa jurídica, sendo tal figura moldada por um fato social
· O direito vê a importância de personalizar tal grupo, para que possa proceder a uma unidade, participando de um comércio jurídico, com individualidade 
· Conceitua-se pessoa jurídica como o grupo humano, criado na forma da lei d dotado de personalidade jurídica própria, para a realização de fins comuns 
2. Denominações
· Não existe uma uniformidade quanto à expressão a ser adotada para caracterizar a figura jurídica, por isso, tratando-se da forma mais expressiva e exata, a legislação brasileira adota o termo pessoa jurídica
3. Natureza jurídica da pessoa jurídica (teorias explicativas)
· Indagado a respeito da natureza jurídica de determinada figura, deve-se apontar em que categoria se enquadra, ressaltando as teorias explicativas de sua existência
3.1. Teorias Negativistas
· Respeitável plêiade de juristas negava existência à pessoa jurídica
· Outra vertente imaginava a pessoa como uma forma de condomínio ou propriedade coletiva. Não seria sujeito de direito, apenas uma massa de bens
· Na teoria da mera aparência, defende-se que a associação formada por um grupo de indivíduos não possuiria personalidade jurídica própria, pois os associados (pessoas físicas) seriam considerados em conjunto
· Indivíduos seriam aqueles que compõe a pessoa jurídica
3.2. Teorias Afirmativas
· As necessidades sociais e o progresso material e espiritual fizeram nascer correntes de pensamento em sentido contrário, que reconheciam personalidade própria às pessoas jurídicas
· As vertentes são
a) Teoria da Ficção: não reconhecia existência real à pessoa jurídica, imaginando-a como abstração, mera criação da lei
Seriam pessoas por ficção legal, uma vez que somente os sujeito de dotados de vontade poderiam, por si mesmos, titularizar direitos subjetivos
b) Teoria da Realidade Objetiva (Organicista): a pessoa jurídica não seria mera abstração ou criação da lei
Teria existência própria, real e social, como os indivíduos
c) Teoria da Realidade Técnica: vertente situada a meio do caminho entre as duas doutrinas. 
A pessoa jurídica teria existência real, não obstante a sua personalidade ser conferida pelo direito
· A personificação da pessoa jurídica é uma construção técnico-jurídico, podendo,inclusive, operar-se a suspensão legal de seus efeitos
· A outorga da personalidade jurídica a entidade de existência ideal por finalidade, em verdade, o livre estabelecimento de relações jurídicas lícitas, facilitando o comércio e outras atividades negociais
4. Pressupostos existenciais da pessoa jurídica
· Como antecedente lógico ao surgimento da pessoa jurídica, faz-se mister a conjugação de três pressupostos básicos
a) Vontade humana criadora
A vontade humana traduz o elemento anímico para a formação de uma pessoa jurídica, não podendo criar-se uma pessoa jurídica por simples imposição estatal
b) A observância das condições legais para sua instituição
A aquisição da personalidade jurídica exige, na legislação em vigor, a inscrição dos seus atos constitutivos no registro peculiar
c) A Ilicitude de seu objetivo (ou finalidade)
Não há que se reconhecer existência legal e validade à pessoa jurídica que tenha objeto social ilícito ou proibido por lei, pois a autonomia da vontade não chega a esse ponto
5. Surgimento da pessoa jurídica
· A inscrição do ato constitutivo ou do contrato social no registro competente é a condição para a atribuição da personalidade jurídica 
· Registro da pessoa jurídica tem natureza constitutiva 
· Segue-se o artigo 46 do Novo Código Civil
5.1. Sociedades Irregulares ou de fato
· Antes do registro não há Pessoa Jurídica de direito
· Preterição dessa solenidade implica o reconhecimento somente de uma sociedade irregular ou de fato 
5.2. Grupos Despersonalizados
· “Há entidades que não podem ser submetidas ao regime legal das pessoas jurídicas do Código Civil, por lhe faltarem requisitos imprescindíveis à subjetivação, embora possam agir, sem maiores dificuldades, ativa ou passivamente. São entes que se formam independente da vontade de seus membros ou em virtude de um ato jurídico que vincula as pessoas físicas em torno de bens que lhes suscitam interesses, sem lhes traduzir affectio societatis. Donde se infere que os grupos despersonalizados ou com personificação anômala constituem um conjunto de direitos e obrigações, de pessoas e de bens sem personalidade jurídica e com capacidade processual, mediante representação” - Maria Helena Diniz
· Sobre a matéria, dispõe o artigo 75 do Código de Processo Civil
6. Capacidade e representação da pessoa jurídica
· Não poderá praticar todos os atos jurídicos admitidos para a pessoa natural 
· Não exerce faculdades decorrentes dos direitos puros de família, nem pode ser objeto de institutos protetivos como a tutela, curatela ou ausência
· Pessoa jurídica detém capacidade jurídica especial
· Não se deve praticar atos ou celebrar negócios que extrapolam sua finalidade social
· “O órgão da pessoa jurídica não é representante legal. A pessoa jurídica não é incapaz. O poder de representação, que ele tem, provém da capacidade mesma da pessoa jurídica. Se as pessoas jurídicas fossem incapazes, os atos dos seus órgãos não seriam seus. Ora, o que a vida nos apresenta é exatamente a atividade das pessoas jurídicas através dos seus órgãos: os atos são seus, praticados por pessoas físicas” - Pontes de Miranda
7. Classificação da pessoa jurídica
7.1. Pessoas Jurídicas de Direito Público
· Os Estados soberanos do mundo, as organizações internacionais (ONU, OIT…) e outra entidades semelhantes são pessoas jurídicas de direito público externo
· As pessoas jurídicas de direito público interno, são (segundo Art.44) 
a) a União
b) os Estados, o distrito federal e os territórios
c) os municípios
d) as autarquias
e) as demais entidades de caráter público criadas por lei
7.2. Pessoas Jurídicas de Direito Privado
· O artigo 44 do código civil classifica as pessoas jurídicas de direito privado em: 
7.2.1. Associações
· Entidades de direito privado, formadas pela união de indivíduos com propósito de realizarem fins não econômicos
· Sua finalidade pode ser educacional, lúdica, profissional, religiosa…
· Apesar de não ter finalidade econômica, não estão impedidos de gerar lucros que sirvam para manter-se
· A receita obtida deve ser revertida em benefício para a associação
· A lei se preocupa em estabelecer um conteúdo mínimo necessário para coibir abusos
7.2.2. As sociedades
· O novo código civil trouxe normas referentes ao direito societário, revogando boa parte da legislação comercial até então em vigor
a) Constituição das sociedades
· Espécie de corporação, dotada de personalidade jurídica própria, e instituída por meio de um contrato social, com o precípuo escopo de exercer atividades econômicas e partilhar lucros
· O contrato social, nesse contexto, desde que devidamente registrado, é o ato constitutivo da sociedade
b) Classificação das sociedades
· Dependendo da atividade realizada, a sociedade poderá ser civil ou mercantil
· A sociedade mercantil realiza atos de comércio para a obtenção de lucros, já a sociedade civil, não atuam como comerciantes (advogados, dentistas, médicos…)
· O novo código civil atualizou os termos sendo eles agora sociedades empresárias e sociedades simples
· As sociedades empresárias são aquelas compostas por empresários, ou seja, “aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens e serviços” (Art.966), substituindo termo comerciante
· A sociedade simples constitui-se de pessoas jurídicas que, embora persigam proveito econômico, não emprendem atividades empresarial
· Equiparam-se aos conhecidos como sociedades civis, não tendo obrigação legal de inscrever seus atos constitutivos no registro público de empresas mercantis, somente no cartório de registro civil de pessoas jurídicas
7.2.3. As fundações
· Resultam nãoda união de indivíduos, mas da afetação de um patrimônio, por testamento ou escritura pública que faz o seu instituidor, especificando o fim para o qual se destina
· Sua finalidade pode ser somente para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência (Art.62)
· Para sua criação existe uma série ordenada de etapas:
I. Afetação de bens livres por meio de ato de dotação patrimonial
II. Instituição por escritura pública ou testamento
III. Elaboração de estatuto
IV. Aprovação dos estatutos
V. Realização do registro civil
7.2.4. As organizações religiosas
· Podem ser consideradas organizações religiosas todas as entidades de direito privado, formadas pela união de indivíduos com o propósito de culto a determinada força sobrenatural, por meio de doutrina ou ritual próprio, envolvendo, em geral, preceitos éticos
· Todavia, estão sob a sombra da lei, não as eximindo da apreciação judicial dos seus atos
7.2.5. Os partidos políticos
· Entidades integradas por pessoas com ideias comuns, tendo por finalidade conquistar o poder para a consecução de um programa
· É proibido a eles receber recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiro
7.2.6. As empresas individuais de responsabilidade limitadas
· Em 2011, consagrou-se no ordenamento jurídico brasileiro, a possibilidade de criação de pessoa jurídica constituída de apenas uma pessoa natural
8. Responsabilidade civil e penal das pessoas jurídicas
· As pessoas jurídicas respondem, com seu patrimônio, por todos os atos ilícitos que participarem, por meio de seus representantes (Art.389)
· Pela inexistência biológica não há falar em pena de privação de liberdade, mas sim em imposição de multas, penas restritivas de direito ou prestação de serviços à comunidade
9. Desconsideração de personalidade jurídica (disregard doctrine)
· Com a doutrina da desconsideração da personalidade da pessoa jurídica, pretendeu-se justificar a superação da personalidade jurídica da sociedade em caso de abuso, permitindo-se o reconhecimento da responsabilidade ilimitada dos sócios
· Em linhas gerais, a doutrina da desconsideração pretende o sofrimento episódico da personalidade jurídica das sociedade, em caso de fraude, abuso, ou simples desvio de função, objetivando a satisfação de terceiro lesado junto ao patrimônio dos próprios sócios, que passam a ter responsabilidade pessoal pelo ilícito causado
9.1. Esclarecimentos terminológicos
· Deve-se ter em mente a diferenciação entre despersonalização (extinção da personalidade jurídica) e desconsideração (superamento do episódio)
9.2. Hipóteses de aplicação
· Artigo 50: Em casa de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do ministério público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidas aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica
10. Extinção da pessoa jurídica
· Poderá ocorrer de forma: 
a) Convencional: quando deliberada pelos próprios integrantes da pessoa jurídica, respeitando o estatuto ou o contrato social
b) Administrativa: resulta da cassação da autorização do funcionamento exigida para determinada sociedade se constituírem e funcionarem
c) Judicial: nesse caso, observada uma das hipóteses de dissolução previstas em lei ou no estatuto, os juiz, por iniciativa por qualquer um dos sócios, poderá, por sentença, determinar sua extinção
11. Pessoas jurídicas de direito privado e a pandemia da covid 19
· A conhecida como “lei da pandemia”, declarou que pessoas jurídicas de direito privado deveriam seguir determinadas normas sanitárias, como proibição de assembléias e reuniões.

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