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Pietra Rosa TXIX Anestesiologia Para a manutenção da VA patente faz-se necessário não apenas reconhecer os componentes anatômicos, mas a inter-relação entre as estruturas, pois, muitas vezes, a visualização direta não é possível - Duas cavidades ou fossas divididas pelo septo nasal (parede mediana) - O septo nasal é composto pela cartilagem septal anteriormente e pelos ossos etmoide (superiormente) e vômer (inferiormente) - Na parede lateral da cavidade nasal estão presentes três turbinas (conchas) que dividem a cavidade em três meatos - O teto da cavidade nasal é formado pela região cribiforme, parte do osso etmoidal - A mucosa da cavidade nasal é ricamente vascularizada - Por causa de desvios de septo, deve-se determinar qual é o lado mais permeável para a passagem dos dispositivos - O meato inferior (entre a concha inferior e a base da cavidade nasal) é a principal passagem para os dispositivos nasais de VA - A cavidade oral conduz à orofaringe - O limite inferior é a língua e o superior, o palato duro e o mole - Estende-se da base do crânio até a cartilagem cricoide, anteriormente, e a borda inferior da sexta vértebra cervical, posteriormente. - É mais larga na região do osso hioideo e mais estreita no esôfago - Divide-se em nasofaringe, orofaringe e laringofaringe (o local mais comum de obstrução após a aspiração de corpo estranho) - A nasofaringe tem função primariamente respiratória e a orofaringe, função digestiva - A faringe é a via comum para alimentação e gases respiratórios - A patência da faringe é vital para a desobstrução das vias aéreas - Local frequente de obstrução de via aérea durante sedação e anestesia - No adulto, a laringe se situa entre a terceira e a sexta vértebras cervicais - Nove cartilagens a compõem - As não pareadas são a tireoide, a cricoide e a epiglote e as emparelhadas são as aritenóideas, as corniculadas e as cuneiformes. - Elas estão ligadas e suportadas por membranas, articulações sinoviais e ligamentos Há, ainda, os músculos intrínsecos (esfeno-hióideo, esternotireóideo, tíreo-hióideo, estilofaríngeo e constrictor faríngeo inferior) e extrínsecos (posterior cricoaritenóideo, cricoaritenóideo lateral, aritenóideo transversal, aritenóideo oblíquo, ariepiglótico, vocais, tireoaritenóideo, cricotireóideo) - A laringe tem inervação formada pelo nervo laríngeo inferior (recorrente) e pelo nervo laríngeo superior, ambos ramos do nervo vago (X) - O nervo recorrente é responsável pela inervação motora de todos os músculos da laringe, com exceção do músculo cricotireóideo, que é inervado pelo ramo externo do nervo laríngeo superior - A inervação sensitiva de toda a laringe é formada pelo ramo interno do nervo laríngeo superior Cavidades nasais Boca Faringe Laringe Pietra Rosa TXIX Anestesiologia - A inervação sensitiva da epiglote é densa, principalmente as pregas vocais, que são mais fortemente inervadas posteriormente do que anteriormente - Inicia-se na cartilagem cricoide (região de C6) e continua por 10 a 20 centímetros até a carina - É formada por 16 a 20 anéis compostos de cartilagens em sua porção anterior e tecido fbroelástico posteriormente - No sexto anel, a traqueia se torna intratorácica - Na carina, a traqueia se bifurca em dois brônquios: o direito, mais curto (2 centímetros) e retilíneo do que o esquerdo (5 centímetros) - Local mais provável de intubação seletiva - Sempre que for acessar uma via aérea emergencial se acessa pela membrana da cartilagem cricóide - Geralmente as cordas vocais são brancas - Epiglote: tampa do esôfago • Está aberta durante os movimentos respiratórios • Durante a fala e alimentação a epiglote está fechada, evitando a aspiração • Engasgo = movimento de contração da glote - Classificação mais conhecida - Mede o volume da boca - Quanto mais alta a classificação mais difícil é a entubação - TÉCNICA: • Paciente sentado com o pescoço em posição normal, boca em abertura total e língua em protrusão máxima • O observador deve estar sentado, com os olhos à mesma altura do paciente - CLASSIFICAÇÃO: • I: visibilidade completa das tonsilas palatinas, da úvula e palato mole • II: visibilidade do palato mole, da parte superior das tonsilas palatinas e da úvula • III: o palato duro e o mole e a base da úvula são visíveis • IV: apenas o palato duro é visível - DIFICULDADE DA VIA AÉREA: • Classe I e II: menor probabilidade de via aérea difícil • Classe III e IV: provável via aérea difícil - Sem a protrusão da língua - Ideal é que a abertura seja > 3cm para que seja possível colocar o laringoscópio - Teste é favorável quando a pessoa consegue avançar a linha dos incisivos, além dos incisivos da maxila - Se conseguir morder o lábio superior → significa que será possível deslocar a mandíbula durante a manobra de laringoscopia, facilitando a visualização da traqueia e a intubação - Quanto mais alto mais difícil - UPPER LIP BIT TESTE (AVANÇO MANDIBULAR) Traqueia Observações Avaliação de Mallampati Avaliação Bucal Protusão da mandíbula Pietra Rosa TXIX Anestesiologia - Uma extensão cervical boa, sem limitação significa que durante as manobras de laringoscopia, consegue uma linha média dos eixos oral, faríngeo, laríngeo melhor, facilitando a intubação - < 6,5cm se correlaciona com uma facilidade de intubação Esses testes possuem sensibilidade e especificidade baixa quando isolados, mas quando feitos em conjunto a chance de conseguir identificar cada paciente vai ser maior É importante realizar a avaliação de uma possível via aérea difícil pois o manejo das vias aéreas é o que mais mata na anestesia - Avaliação pré-operatória (exame físico da via aérea) da via aérea deve ser realizada de rotina na tentativa de identificar fatores que possam levar à dificuldade para antecipar possíveis dificuldades - Toda vez que faz a avaliação da via aérea, o manejo é mais seguro quando possíveis problemas são identificados antes da cirurgia, permitindo a adoção de estratégias e planos com o objetivo de reduzir o risco de complicações - CLASSIFICAÇÃO: ASA I: paciente com saúde normal (saudável, não tabagista, nenhum ou mínimo uso de álcool) ASA II: paciente com doença sistêmica leve, doenças leves, sem limitações funcionais significativas (tabagista atual, etilista social, gestação, obesidade, HAS ou DM controlados, doença pulmonar leve) ASA III: paciente com doença sistêmica grave, limitações funcionais significativas (uma ou mais doenças moderadas ou grave: DM descompensada, HAS com muitas medicações, renal crônico, cardiopata etc.) ASA IV: paciente com doença sistêmica grave com ameaça constante de morte (IAM recente (< 3 meses), AIT, AVC, disfunção valvar grave, insuficiência respiratória aguda, IR terminal) ASA V: paciente moribundo sem expectativa de sobrevida se não for operado (aneurisma abdominal/ torácico roto, trauma maciço, sangramento intracraniano, isquemia mesentérica, disfunção de múltiplos órgãos) ASA VI: paciente com morte encefálica declarada, cujos órgãos estão sendo removidos para doação Máscara “selada” à face do paciente - FiO2 a 100% com fluxo de 5 a 10l/min: • Ventilação espontânea durante 3 a 5 min • 4 manobras de CV durante 30 segundos • 8 manobras durante 1 min conseguiriam fazer uma pré- oxigenação adequada - POR QUE É IMPORTANTE FAZER UMA PRÉ- OXIGENAÇÃO CORRETA? • Porque depois que faz uma indução anestésica, utiliza drogas que vão causar depressão respiratória • Se não pré-oxigenar (ventilar o paciente através da máscara facial), o paciente entrará em apneia e vai dessaturar Deve ser feita a pré-oxigenação de todos os pacientes Extensãocervical Distância tireo-mento Exame físico Guideline do ASA Pietra Rosa TXIX Anestesiologia - DEFINIÇÃO: Ventilação difícil, larigoscopia difícil, intubação difícil e falha de intubação terapêutica - Ausência de expansão torácica (tórax subir e descer) - Ausência de ruídos respiratórios (na ausculta pulmonar está sem murmúrio vesicular) - Dessaturação - Cianose - Alterações hemodinâmicas secundárias à cianose/hipercarpia (sinais de arritmia ou bradicardia no ECG) - Ausência capnografia/capnometria (capnógrafo ou analisador de gases vê que não tem troca de CO2) que podem ajudar a ventilar o paciente - CÂNULA OROFARÍNGEA/DE GUEDEL: • O tamanho é escolhido da rima da boca até o lobo da orelha • Ao introduzir, coloca a face convexa para baixo (ponta em direção ao palato mole) e quando chega no palato mole - palato duro, gira em 180° e introduz até o final - CÂNULA NASOFARÍNGEA: • Mais maleável (de silicone) • Introduzida na narina do paciente, chega até a orofaringe - passa a base da língua • Usada em situação que não consegue abrir a boca do paciente difíceis - Idade ≥ 46 anos - IMC ≥ 30 - Sexo masculino - Mallampati III ou IV - Presença de massa (tumor) ou radiação (já fez quimioterapia – pacientes mais difíceis de entubar e ventilar) no pescoço - Distância tireo-mentoniana pequena (menor que 6cm) - Apneia do sono - Presença de dente 5 - Barba (único que pode ser modificado) - Pescoço grosso (e curto) - Mobilidade limitada da coluna cervical - Protrusão limitada da mandíbula - LARINGOSCOPIA: • Movimento que faz de colocar o laringoscópio através da boca do paciente, identificar as estruturas, para depois fazer a intubação - Alinhamento dos 3 eixos: eixo oral, faríngeo e laríngeo - É importante colocar o coxim occipital + estender a cervical para ter o alinhamento perfeito e ter as melhores condições desde a primeira tentativa - Posicionar adequadamente o paciente antes da laringoscopia: alinhamento mais próximo possível dos eixos (eixo oral (OA), eixo faríngeo (PA), eixo laríngeo (LA)) Sinais de ventilação inadequada Dispositivos acessórios Critérios de ventilação e laringoscopia Laringoscopia otimizada Pietra Rosa TXIX Anestesiologia - LARINGOSCOPIA DIFÍCIL: • Impossibilidade de visualizar qualquer parte das cordas vocais após várias tentativas através da laringoscopia convencional (incidência de 1,5-2% dos casos) • SE FOR DIFICIL DE ENTUBAR, NA DÚVIDA, NÃO INDUZA - BURP (BACK, UP, PRESSURA RIGHT): • Para trás, para cima e para minha direita • Tira a linha para esquerda • Entra com o laringo no canto direito e empurra a estruturas para esquerda • Traz a glote para a direita de forma a conseguir desobstruir e facilitar a intubação - LÂMINA CURVA: • Mais utilizado • Lâmina curva de Macintosh • Com a lâmina curva sempre apoiar a ponta do laringoscópio na valécula do paciente o Coloca a ponta da lâmina na valécula e vê a epiglote - LÂMINA RETA: • Ponta da lâmina passa a epiglote e levanta a epiglote junto com as estruturas o Não visualiza a epiglote, somente as estruturas glóticas (cordas vocais, aritenóide e a abertura/fenda glótica) o A ponta da lâmina fica posterior e abaixo da epiglote • Utilizada em pacientes pediátricos Manobra de compressão laríngea externa Laringoscópios Pietra Rosa TXIX Anestesiologia Realizo adequadamente ventilação manual sob máscara? - Máscaras faciais - Sistema bolsa-válvula-máscara (quando o paciente exala o ar interno sempre vai em direção dele, pois a válvula é unidirecional) - TÉCNICA DE VENTILAÇÃO MANUAL C E E: • Um operador só, ele faz um C e um E com a máscara no rosto do paciente e pressionando- a, realizando uma vedação de forma que o ar não escapa - TÉCNICA DE VENTILAÇÃO MANUAL DE DUAS MÃOS (V E OU TWO THUMBS DOWN): • Utilizando a região hipotênar e com os outros dedos traz a mandíbula para cima, abre a via área do paciente de forma que a base da língua não fique mais colabada • Outra pessoa bombeia o ar • Recomendada pelo ATLS Oferece uma melhor visualização, oferecendo uma melhor taxa de sucesso Utiliza-se a orientação mediana Requerem um aprendizado para manejo do aparelho Primeiro iremos ver o palato mole, depois a úvula, pilares amigdalianos e assim por diante - VISUALIZAÇÃO FÁCIL: • GRAU I: vê todas as estruturas (glote, epiglote, cordas vocais, aritenóide, laringe) o Assim 95% da IOT são fáceis (95%) • GRAU IIA: não tem toda a abertura da fenda glótica visível, tem praticamente só a parte posterior da glote o Em alguns casos haverá a necessidade de utilização de alguns acessórios (fio guia, bougie) para auxiliar na intubação - VISUALIZAÇÃO MAIS RESTRITA: • GRAU IIB: consegue ver a parte posterior da glote (visualização da aritenóides) o Se fizer a manobra de compressão laríngea externa (BURP), é possível passar de uma visualização IIb para IIa o Pode utilizar o bougie para auxiliar • GRAU IIIA: consegue levantar a epiglote, mas não consegue ver direito as aritenoides o Se fizer a manobra de compressão laríngea externa (BURP), em 75% das vezes, pode mudar a classificação III a em II b e II b em II a o Pode utilizar o bougie para auxiliar Classificação de Cormarck e Lehane Pietra Rosa TXIX Anestesiologia - VISUALIZAÇÃO DIFÍCIL: • GRAU IIIB: epiglote aderida a laringe, praticamente não vê nenhuma estrutura o A probabilidade de intubação difícil é maior que 75% dos casos o Se fizer a manobra de compressão laríngea externa (BURP) melhora, mas não é tão efetiva quanto a visualização restrita - pode tirar o III b para o IIIa • GRAU IV: nenhuma estrutura laríngea visível o Há necessidade de técnicas especiais para IOT → videolaringoscópio, broncofibroscopia o Se fizer a manobra de compressão laríngea externa (BURP) melhora, mas não é tão efetiva quanto a visualização restrita A forma mais comum de intubação traqueal oral é aquela realizada por laringoscopia direta Por meio de um laringoscópio convencional, visualizam-se diretamente as pregas vocais e o tubo traqueal Basicamente, consiste na obtenção de uma linha de visão direta desde a cavidade oral até a laringe O deslocamento da língua e da epiglote é indispensável para o sucesso da laringoscopia direta Sempre pegar o laringoscópio com a mão esquerda 1. Inserção da lâmina do laringoscópio no lado direito da boca do paciente, afastando o lábio inferior dos incisivos 2. Inserção gradual da lâmina no centro da boca com desvio da língua para a esquerda até a visualização da epiglote 3. No caso de lâmina curva (Macintosh), a ponta deve ser posicionada na valécula. A pressão sobre esta causa tensão no ligamento hioepiglótico, o que eleva a epiglote e expõe as pregas vocais 4. No caso de lâmina reta (Miller), a ponta da lâmina deve ultrapassar a epiglote e elevá-la diretamente 5. Tração do laringoscópio para cima e para a frente (45 graus). A força deve ser empregada no cabo, em direção ao teto, com o punho fixo e com movimento do ombro e braço esquerdos. A alavanca não melhora a visualização da glote e pode causar danos aos dentes e à gengiva 6. Após a visualização das pregas vocais, o tubo traqueal deve ser introduzido pelo lado direito da boca, a fim de não prejudicar a visão da glote. 7. Avaliar a intubação seletiva brônquica 8. Nos casos de tubos com balonete, insuflar até a pressão máxima, entre 25 e 30 cmH2 O 9. Confirmação da intubação da traqueia por ETCO2, inspeção e ausculta pulmonar 10. Fixação do tubo traqueal Equipamento: mau funcionamento, ausência de material adequado Paciente: mal formações congênitas, alterações anatômicasAnestesiologista: preparo/intepretação pré- operatório inadequada, familiaridade com dispositivos ou não, técnica ruim/inexperiência Tentar 2 a 3x no máximo Pietra Rosa TXIX Anestesiologia - BOUGIE/ESTILETES FLEXÍVEIS: • GEB (gum elastic bougies) • Guia introdutor de IOT • É uma estrutura de comprimento de 35-60cm • Flexível, mas com certa rigidez • Ponta de angulação de 35° • Usado principalmente em IIb e IIIa - DISPOSITIVOS SUPRA-GLÓTICOS: • Máscara laríngea • Utilizados quando não consegue intubar ou quando for uma cirurgia muito rápida • Dispositivos de resgate de via aérea para ofertar O2 • Apoia a ponta dela no esôfago e abertura dela cai em cima da abertura glótica de forma a entrar na traqueia e realizar a ventilação • CONTRAINDICAÇÕES FORMAIS: o Risco de regurgitação do conteúdo gástrico o Baixa complacência pulmonar/alta resistência à ventilação o Alteração anatômicas - BRONCOFIBROSCÓPIO: • Utilizado para intubação difícil • Sistema óptico que tem uma câmera na ponta • Técnica muito mais avançada de manejo da via aérea Mais difícil do que entubar é extubar Não se pode extubar um paciente instável, não importa apenas a via aérea para extubação Pode as vezes ser necessário encaminhá-lo para UTI Uma via aérea difícil é complicada para entubar e para extubar Antecipe possibilidade de IOT difícil Algoritmos individualizados VAD (para cada pessoa, situação e instituição) Suspeita de dificuldade: mantenha ventilação espontânea, NÃO entubar Garanta a oxigenação sempre: se não conseguir entubar o paciente -> hipoxia, dano cerebral permanente e morte