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APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DE GESTÃO DA QUALIDADE INTEGRADAS AO PDCA: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DE TRANSPORTE DE CARGAS Jorge Luís Teixeira Fernandes (Universidade de Franca ) jorgeltfernandes@hotmail.com Ranny Magalhães Silva (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais ) Ranny_ms@hotmail.com Adriel Magalhães Souza (Universidade de São Paulo ) adrielmagalhaes@usp.br A gestão da qualidade pode ser conceituada como um conjunto de técnicas e atividades operacionais que buscam avaliar um processo, de modo a fornecer informações sobre os problemas e, posteriormente, propor soluções, podendo essas serem aplicadas ao ciclo PDCA para melhoria contínua. Desta forma, o objetivo deste trabalho é a aplicação de ferramentas de qualidade integradas ao PDCA em uma empresa de transporte de cargas. Os métodos utilizados foram: 5W2H, Folha de Verificação, Diagrama de Ishikawa, Diagrama de Pareto e Gráfico de controle. Como principais resultados encontrados, pode-se citar que as ferramentas (cada qual com sua contribuição) proporcionaram a geração de análises do processo em questão, identificando os principais problemas e, como desdobramento, foi possível fornecer informações relevantes para tomada de futuras decisões. Desta forma, pode-se concluir que a aplicação das ferramentas da gestão de qualidade integradas ao PDCA é viável e trouxe benefícios e contribuiu na identificação e consolidação de melhorias à empresa analisada, resultando em propostas que gerem impactos positivos à empresa, cabendo à empresa a decisão de aplicação ou não dessas propostas. Palavras-chave: Gestão da qualidade. Organização. Gerenciamento. Planejamento. XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO “Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações” Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019. XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO “Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações” Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019. 1 1. Introdução Com o desenvolvimento do mercado e consequente aumento da concorrência, as empresas têm que buscar, cada vez mais, formas de manter sua vantagem competitiva, mantendo, no mínimo, seu espaço no mercado e buscando amplia-lo. Com mudanças tão rápidas, as organizações são obrigadas a rever seus processos e buscar maneiras de atender seus clientes, que ficam cada vez mais exigentes. Uma forma de ser competitivo é buscando a qualidade, que apesar de ser uma pratica utilizada a vários anos, contém ferramentas que se encaixam na realidade das empresas ainda hoje, sendo um fator de extrema importância (CAMPOS, 1992). A qualidade é uma característica de um produto ou serviço que busca atender as necessidades implícitas ou explicitas do cliente (LOBO, 2010). Também, segundo Campos (1992), um produto ou serviço de qualidade é aquele que atende perfeitamente, de forma confiável, de forma acessível, de forma segura e no tempo certo às necessidades do cliente. O controle de qualidade pode ser conceituado como um conjunto de técnicas e atividades operacionais que buscam atingir a satisfação dos requisitos de qualidade anteriormente estabelecidos. O objetivo desse monitoramento é amenizar as falhas e defeitos identificados no processo produtivo, fazendo com que aumente a produtividade e diminua os custos de produção (LOBO, 2010). Segundo Werkema (2006), o sistema citado acima teve seu início nos anos 30, nos Estados unidos, com a aplicação do gráfico de controle, inventado por Dr. Walter A. Shewhart, que faz a análise dos dados provenientes da inspeção, resultando numa ênfase maior na prevenção de problemas relacionados a qualidade, fazendo com que produtos com defeito parassem de ser produzidos. Esse método dependia muito de fatores humanos e culturais, apresentando diferenças de um país para outro. A versão desenvolvida no Japão foi evoluindo ao longo dos anos, dando origem ao Controle da Qualidade Total no estilo japonês. Outra ferramenta amplamente utilizada em busca do melhoramento continuo é o ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act), que traduzindo para o português se tornam planejar, executar, checar e agir, essas atividades são percorridas de forma cíclica com o objetivo de melhorar processos (SLACK et al., 1999). O ciclo PDCA também foi desenvolvido por Walter Shewhart, sendo aperfeiçoado, posteriormente por Edward Deming (CARPINETTI, 2012). Esse é um método gerencial que auxilia na tomada de decisões de modo que as metas da organização sejam alcançadas, garantindo sua sobrevivência, sendo de suma importância que todos os funcionários colaborem com a aplicação do PDCA (FALCONI, 2014). XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO “Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações” Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019. 2 A integração dessa metodologia com outras ferramentas da qualidade forma um poderoso instrumento de aprimoramento de processos, possibilitando a identificação rápida de problemas e suas soluções. É neste escopo que se insere este artigo, tendo por objetivo a aplicação de ferramentas de qualidade integradas ao PDCA em uma empresa de transporte de cargas, visando identificar os principais problemas e, como desdobramento, fornecer informações relevantes para tomada de futuras decisões e concomitantemente propor melhorias que gerem impactos positivos à empresa. 2. Pressupostos teóricos A seguir serão apresentadas as ferramentas da qualidade: PDCA, Folha de verificação, Diagrama de causa e efeito (Espinha de Peixe ou Ishikawa), 5W2H, Diagrama de Pareto e Gráfico de controle respectivamente. Como descrito anteriormente, o ciclo PDCA é composto por quatro etapas, que segundo Agostinetto (2006), podem ser descritas da seguinte maneira: Planejar: nesta etapa o problema é identificado, analisado e então é feito um plano para soluciona-lo, estabelecendo metas e objetivos para cumpri-lo, levando em conta os riscos, prazos e custos; Executar: neste momento, o plano de ação traçado anteriormente é colocado em prática, estabelecendo prioridades. Nesta fase, busca-se bloquear as causas dos problemas encontrados e coletar todos os dados necessários, além de treinar e motivar os envolvidos de modo a obter seu comprometimento; Checar: verifica-se se o plano de ação está sendo executado adequadamente, fazendo medições necessárias para então compara-las com os objetivos e metas colocados. De acordo com Prashar (2017), para esta etapa ser realizada com sucesso, na etapa anterior (Do – Executar), deve-se ter coletado todos os dados necessários para serem analisados de forma mais eficiente; Agir: Depois de feita a análise de dados, testa-se hipóteses e realiza-se ações para correção onde é necessário, visando a melhoria continua do sistema, padronizando as ações alinhadas com os resultados obtidos. Após a execução do ciclo ele pode ser repetido, tendo uma pequena variação, o P é substituído pelo S de Standard (padrão), pois o método já foi testado e então pode ser padronizado. A folha de verificação consiste em formulários cujos dados são coletados de forma fácil e sucinta, é uma ferramenta que busca simplificar, padronizar e organizar os dados registrados de XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO “Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações” Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019. 3 modo que estas informações sejam analisadas de forma otimizada, obtendo uma rápida percepção da realidade e consequente interpretaçãoda ação realizada, resultando na diminuição de erros (WERKEMA, 2006). Existem vários tipos de folhas de verificação, as mais comuns são: para distribuição do processo de produção, verificação de itens defeituosos, localização de defeitos e identificação das causas de defeitos (TRIVELLATO, 2010). Ainda segundo Trivellato (2010), a primeira citada acima é usada para coletar dados de amostras de produção, os dados são lançados em um histograma, onde são comparados com as especificações. A verificação de itens defeituosos é usada para conhecer quais defeitos são mais frequentes e quais as causas destes. Já a localização de defeito busca os defeitos externos e sua forma de ocorrência, conduzindo para onde e como ocorre o defeito. A folha usada para identificação das causas de defeitos é preenchida de forma que se torna clara a relação entre as causas e efeitos, posteriormente eles são analisados por outras ferramentas. O diagrama de Causa e Efeito, também conhecido como Diagrama de Ishikawa ou Espinha de Peixe, foi criado por Ishikawa para explicar a alguns engenheiros como variados fatores de um processo estavam inter-relacionados. Ele explicita a relação entre causas e efeitos de um procedimento que possam afetar o resultado apontado (WERKEMA, 2006). Segundo Werkema (2006), é aconselhável que se reúna o maior número de pessoas envolvidas com a área em que se encontra o efeito, de modo que o máximo de informações sejam extraídas para achar a causa, uma técnica bastante utilizada nesses casos, é o Brainstorming, que consiste no incentivo dos envolvidos em gerar um grande número de ideias em um curto período de tempo. A ferramenta 5W2H é um documento que identifica e organiza as informações de cada ação, ficando claro seus responsáveis, além de facilitar a identificação dos elementos que são necessários para uma melhor tomada de decisão (MEIRA, 2003). A sigla 5W2H significa as seguintes palavras do idioma inglês, que significam sete perguntas utilizadas para implementar soluções: why, what, where, when, who, how e how much, que traduzidos para o português significam, respectivamente: por que, o que, onde, quando, quem, como e quanto custa (MARSHALL et al, 2008). Ainda segundo Meira (2003), a técnica citada auxilia na análise do processo, problema ou ação a ser tomada, podendo ser utilizada em três etapas na solução de problemas, o diagnóstico, plano de ação e padronização. XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO “Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações” Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019. 4 De acordo com Slack et al. (1999), com o diagrama de Pareto pode-se distinguir o que é importante do que é menos importante, sendo uma técnica de classificação de informação, permitindo que as áreas mais críticas sejam priorizadas. Os gráficos (cartas) de controle são ferramentas para o monitoramento da variabilidade e para a avaliação da estabilidade do processo (WERKEMA, 2006). Ainda segundo Werkema (2006), essa ferramenta utiliza dados, com auxílio de métodos estatísticos, para identificar mudanças dentro de um processo, informando qual seu comportamento, se está dentro dos limites preestabelecidos, mostrando que se deve procurar a causa dessa variação. Porém, o gráfico de controle não tem como função identificar as causas da mudança, mas sim apontar se elas existem, a partir daí usa-se outras ferramentas para identifica-las. 2.1. Integração das ferramentas supracitadas no ciclo PDCA A integração das ferramentas da qualidade é feita em concordância com o ciclo PDCA, através das quatro etapas, segundo Falconi (1992). Na etapa P, as ferramentas que podem ser usadas, são a folha de verificação que coleta dos dados que auxiliam a verificar os fatos; o diagrama de causa e efeito que busca pela causa do problema, relacionando-o com os efeitos e o 5W2H que é utilizado para identificação de problemas, buscando também soluções para a melhoria do resultado. Na etapa D, a única ferramenta básica citada por Werkema (2006), é o gráfico de controle que permite a visualização das ações que estão efetivamente eliminando as causas. Na etapa C, Werkema (2006) avalia ser possível a utilização das ferramentas gráfico de controle e diagrama de Pareto, ambas com o objetivo de checar se as medidas utilizadas atingiram seu objetivo. E finalmente, na etapa A, ocorre a padronização, onde também podem ser usadas a folha de verificação, o diagrama de Pareto e o gráfico de controle (WERKEMA, 2006). 3. Material e métodos Neste estudo de caso procurou-se aplicar as seguintes metodologias, integradas ao ciclo PDCA, para verificar, analisar e mensurar, sob uma perspectiva qualitativa e quantitativa, os principais problemas em uma empresa de transporte de cargas: Brainstorming, 5W2H, Folha de Verificação, Diagrama de Ishikawa, Diagrama de Pareto e Gráfico de controle. Inicialmente, adotou-se na empresa uma Folha de Verificação realizada através de planilhas de Excel para observação de todo o processo in loco. Os dados retirados através do sistema de XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO “Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações” Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019. 5 rastreamento dos caminhões, da marca Veltec, em que consegue-se obter a quilometragem rodada por dia, dessa maneira, o gasto de combustível foi analisado diariamente juntamente com o gráfico de controle de combustível por veículo, que é feita na hora do abastecimento, contando as informações de quilometragem inicial, quilometragem final, quantidade de litros abastecido e média total do litro/km rodado. Desta forma, foi possível avaliar o desempenho de cada caminhão/motorista ao longo do período analisado. O Brainstorming foi realizado para elaboração do 5W2H, de modo a planejar estratégias e definir as metas a serem alcançadas. O Diagrama de Ishikawa foi elaborado, também por meio do Brainstorming, para relacionar as possíveis causas para o problema da empresa. O Diagrama de Pareto foi elaborado com todas as despesas e receitas relacionadas a cada caminhão, de modo a fornecer conhecimento sobre os elementos relacionados aos custos, podendo-se assim focar em quais elementos causam maior impacto e, futuramente, com a aplicação de algumas ações diminuir o custo. O gráfico de controle foi elaborado de modo a visualizar a variabilidade dos quilômetros rodados pelos caminhões. O objetivo de cada ferramenta supracitada foi o fornecimento de informações sobre os gastos e condições dos caminhões, de modo a facilitar a melhoria dos veículos, por meio da manutenção dos mesmos, com o foco principal de diminuir tempo do mesmo parado durante a manutenção. Deste modo, podendo-se preparar para fazer uma manutenção preventiva, que consequentemente aumentaria o lucro da empresa. Os dados aqui tratados são reais e por uma questão de sigilo dos mesmos o nome da empresa foi omitido. A empresa em análise possui 10 caminhões, que transportam principalmente frango e ração. As informações foram adquiridas em um período de 12 meses (janeiro a dezembro de 2018, correspondendo a 252 dias úteis). 4. Análise e apresentação dos resultados Por meio dos dados adquiridos pela Folha de Verificação (etapa “P” do PDCA) de cada caminhão, a Figura 1 apresenta o total de quilômetros rodados pelos dez caminhões, ao longo do ano de 2018, apresentando uma média de 81.983 km por mês. A partir das informações fornecidas elaborou-se o gráfico de controle (etapa “D” do PDCA) da variabilidade da quilometragem percorrida, conforme Figura 2, onde LCS é o Limite de Controle Superior e LIC é o Limite de Controle Inferior. Pode-se observar que dentro do períodoanalisado, 4 pontos (meses) são instáveis, pois estes estão fora dos limites de controle. Tais meses possuíram influências de alguma causa especial, por exemplo: devido à greve dos caminhoneiros (ocorrida entre 21-30 de maio de 2018) os meses de maio e junho foram XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO “Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações” Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019. 6 anormais. Em novembro de 2018, a causa foi o aumento da manutenção que foi de aproximadamente de 35%, e 10% menos do faturamento bruto em relação a outros meses de 2018. No mês de dezembro a instabilidade foi devido aos feriados de final de ano, em que, alguns caminhões ficaram parados, por consequência disso não se obteve um bom faturamento bruto, sendo 28% a menos em relação à média dos outros meses. Figura 1 – Análise do total de quilômetros percorridos ao longo de jan-dez de 2018 *Mês atípico devido à greve dos caminhoneiros Fonte: Autor Figura 2 – Gráfico de controle: variabilidade dos quilômetros rodados *Mês atípico devido à greve dos caminhoneiros Fonte: Autor Todavia, cabe ressaltar que a aplicação da Folha de Verificação proporcionou a geração de análises do processo em questão (como no caso do Gráfico de Controle que forneceu detecção de alterações no comportamento da quilometragem dos caminhões), algo que antes do período XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO “Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações” Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019. 7 analisado não era aplicado. A análise do processo trouxe vários benefícios para a empresa, dentre eles cita-se: reconhecimento dos pontos negativos, gastos desnecessários, observou-se qual o melhor pneu a ser colocado pelo tipo de serviço prestado, as necessidades de ter um planejamento mais adequado da manutenção e necessidade de ter uma cobrança mais rígida perante os motoristas em relação ao gasto excessivo de combustível. Para a estratificação e conhecimento dos custos da empresa, elaborou-se uma planilha (preenchida pelo gestor mensalmente) com todas as despesas e receitas relacionadas a cada caminhão. Desta forma, foi possível apurar os dados e desenvolver a ferramenta do Gráfico de Pareto (etapa “C” do PDCA), conforme apresentado pela Figura 3, onde é possível visualizar os gastos médios da empresa de janeiro a dezembro de 2018. Figura 3 – Gráfico de Pareto dos custos relacionados aos caminhões Fonte: Autor De acordo com o Gráfico de Pareto da Figura 3, o principal custo da empresa (52%) é relacionado ao gasto com combustível dos caminhões. Desta forma, ações que venham a minimizar o gasto de combustível foram levadas em consideração. Os principais fatores que influenciam neste item são: caminho feito pelos caminhões (sendo aproximadamente 65% de asfalto e 35% terra) exige assim, mais esforço dos caminhões. Outro fator seria o próprio motorista, por não ter consciência de uma direção econômica. Vários destes fatores influenciam na manutenção dos caminhões, havendo perda de tempo, com o caminhão parado para reparos por causa destes fatores. Apesar da bonificação dada XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO “Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações” Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019. 8 àqueles funcionários que obtiverem uma média de 40% do total gasto com combustível sobre o faturamento bruto, alguns ainda não se conscientizaram em economizar. Após a estratificação e ranqueamento dos custos da empresa elaborou-se um plano de ação para melhorá-los e/ou solucioná-los, aplicando-se a ferramenta 5W2H (etapa “P” do PDCA), conforme Tabela 1, sendo este baseado pela técnica brainstorming para sua elaboração. A seguir, os 6 itens da 5W2H (Tabela 1) serão brevemente abordados. 1- Definir quais itens deverão ser checados e após quantos quilômetros estes deverão ser monitorados/trocados. Por exemplo: troca de óleo do motor e filtros lubrificantes, combustível, filtro Racor e ar, a cada 30.000 km; troca dos filtros Racor e combustível, a cada 15.000 km, troca de óleo diferencial e câmbio, a cada 90.000 km, troca de óleo e filtro da parte hidráulica a cada 90.000 km; alinhamento e balanceamento dos eixos e rodas, 30.000 km; calibragem de pneus 1 vez a cada 15 dias; engraxar, 1 vez a cada 15 dias ou à cada 5000 km entre outras medidas; 2- Definir quais caminhões deverão iniciar na manutenção e fazer um planejamento para que não coincida datas para manutenção preventiva dos mesmos. As manutenções preventivas serão definidas juntamente com base nas trocas de óleo de motor que será feita em duas partes sendo uma simples (calibragem de pneus, engraxar e troca de filtro Racor e combustível) a outra parte completa (troca de óleo de motor e todos os filtros, alinhamento e balanceamento, check list da parte de suspensão, calibragem de pneus), tudo isso seguirá um planejamento por uma planilha elaborada pelo gestor, que deverá ser atualizada a cada 20 dias; 3- Itens a serem checados: bicos injetores, filtros e troca de óleos, alinhamento e balanceamento da parte de suspensão, calibrar os pneus, freios, fechos de mola, embuchamento dos fechos de molas e parte da suspensão dos eixos truck e tração; 4- Criar um estoque dos itens supracitados para evitar tempo ocioso dos caminhões, tais como: parte da suspensão, molas do fecho, buchas dos fechos de mola, pneus, cruzetas de Cardãn, óleos, filtros, lonas de freio, buchas das barras de direção, terminais de direção, rolamentos, retentores, entre outros; XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO “Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações” Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019. 9 Tabela 1 – 5W2H O que? Como? Quem? Quando? Onde? Por que? Quanto (R$)? 1-Definir as manutenções preventivas Planejando, procurando informações com pessoas especializadas em cada parte do processo de manutenção Gestor Imediato Garagem Programar a gestão da manutenção 0,00 2-Organizar a manutenção Fazer um planejamento estratégico Gestor Mensalmente Setor de manutenção Para melhoria da manutenção 0,00 3-Diminuir tempo ocioso dos caminhões Fazer manutenção preventiva no caminhão Mecânicos Período depende do km rodado Garagem Diminuir custo - 4-Diminuir o tempo para reposição das peças na manutenção preventiva Criar um estoque das principais peças Gestor e mecânicos Imediato Estoque Evitar a perda de tempo para reposição das peças utilizadas na manutenção 7.000,00 5-Diminuir o consumo de diesel Treinamento sobre direção econômica Gerência Imediato Sala de reuniões Diminuir os custos 0,00 6- Fazer análise da viabilidade econômica Usar o fluxo de caixa líquido Gestor Depois que planejar a manutenção Escritório Saber se o investimento de renovação e compra de novos veículos é viável 0,00 Fonte: Autor XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO “Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações” Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019. 10 5- Treinamento para definir meios e métodos para direção econômica, tais como: acelerar suave; descer engrenado; antecipar obstáculos; utilizar marchas altas; calibrar frequente e adequadamenteos pneus; evitar sobrepeso; evitar o uso do ar-condicionado em dias frios; fazer manutenção; utilizar corretamente os freios; entre outros; 6- Fazer uma análise da viabilidade econômica para compra de novos veículos e renovação de frota. Deste modo, o 5W2H proporcionou informações relevantes para tomada de futuras decisões, trazendo vários benefícios para o plano estratégico da manutenção, trazendo melhorias tanto econômicas quanto em qualidade de serviços de manutenção e na durabilidade dos caminhões. A partir do brainstorming, elaborou-se o Diagrama de Ishikawa (etapa “P” do PDCA), com classificação a partir dos 6 M’s, para proporcionar informações sobre as possíveis causas do principal problema da empresa, conforme Figura 4. Figura 4 – Diagrama de Ishikawa: classificação 6 M’s do problema Fonte: Autor Com o diagrama de Ishikawa, foram destacadas as principais possíveis causas que estão trazendo problema para empresa, explicitadas a seguir: 1. Ração/frango: muita das vezes o peso do frango excede o que é permitido para o caminhão, por ser animal existe uma variação no peso; aumentando o gasto; 2. Caminhões: com os caminhões obsoletos fica mais difícil ter um planejamento adequado na manutenção dos mesmos, consequentemente aumenta o tempo parado para manutenção. XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO “Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações” Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019. 11 3. Método: como a empresa é terceirizada, muitas das vezes há horários para carregar e descarregar, consequentemente o motorista se sente pressionado a “correr” para realizar a entrega no horário estipulado, facilitando assim as quebras na estrada. 4. Consumo elevado de combustível: ligado à aceleração alta do caminhão (maior consumo de combustível); além do sistema de injeção não ter passado por verificação periódica, podendo apresentar defeitos. 5. Motoristas: os motoristas da empresa nunca passaram por um treinamento de direção econômica e segura; observa-se também, uma grande rejeição a mudanças por parte destes; outro problema observado foi a contratação de motoristas sem experiência, e que ainda não recebem treinamento necessário. 6. Medição: observa-se a falta de atenção à medição do velocímetro e tacógrafo, se está funcionando corretamente. Além disso, destaca-se que durante o período analisado, a empresa recorreu à manutenção corretiva dos caminhões. Dentre os 10 caminhões analisados, 7 deles ficaram parados na manutenção após a falha de algum componente (os caminhões que ficaram mais tempo parados foram os caminhões 4º eixos que carregam ração) acarretando em tempo ocioso do mesmo para a troca/conserto do item defeituoso. A Figura 5 apresenta a quantidade de dias que cada um destes 7 caminhões ficaram parados (análise anual de jan-dez 2018), exibindo-se uma média de 35 dias ociosos por caminhão, sendo as principais causas que levam os caminhões para a manutenção são: quebra de molas, quebra de diferencial, cambio e motor. Figura 5 – Média de dias que cada caminhão ficou parado no ano de 2018 Fonte: Autor Desta forma, conforme já discutido no 5W2H, propõem-se a elaboração de um plano de manutenção preventiva. Espera-se com a manutenção preventiva menos tempo ocioso da produção diária dos caminhões, aumentando consequentemente, o faturamento da empresa, e XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO “Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações” Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019. 12 também a perda de desvalorização quando houver um plano de renovação da frota (aspecto muito importante para uma transportadora). 5. Conclusões e sugestões Baseado na metodologia proposta, pode-se concluir que: A aplicação das ferramentas da gestão de qualidade integradas ao PDCA é viável e trouxe benefícios e contribuiu na identificação e consolidação de melhorias à empresa analisada. A análise das ferramentas possibilitou a percepção de fatores antes não compreendidos pela empresa, fornecendo indicativos de como solucionar/minimizar alguns desafios. Cada ferramenta da gestão de qualidade aplicada ao PDCA pode fornecer contribuir de forma isolada e/ou em conjunto para avaliar a empresa. Por fim, após a aplicação e análise das ferramentas da gestão da qualidade na empresa de transportes de cargas pode-se propor melhorias que gerem impactos positivos à empresa, que são elas: Treinamento sobre direção: espera-se uma redução de 2-5% no consumo de combustível. Tal redução representaria de 25 a 60 mil reais, no período de um ano; Manutenção preventiva: pode-se verificar que a manutenção preventiva seria uma solução para o problema, gerando impactos economicamente positivos à empresa; Diminuir o tempo de dias parados na manutenção pela metade em comparação com 2018: através da manutenção preventiva, espera-se um ganho de aproximadamente de R$125.000,00. Ressalta-se que a utilização sistemática destas ferramentas da qualidade, bem como as propostas de melhoria, ficam a critério da empresa, cabendo a ela a decisão futura e contínua de aplicar ou não. REFERÊNCIAS AGOSTINETTO, J. S. Sistematização do Processo de Desenvolvimento de produtos, melhoria contínua e desempenho: o caso de uma empresa de autopeças. 2006. 121 p. Dissertação de Mestrado, Universidade de São Paulo, São Carlos. CAMPOS, V. F. TQC: Controle de qualidade total (no estilo japonês). Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1992. CARPINETTI, L. C. R. Gestão da qualidade: conceitos e técnicas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2012. FALCONI, V. TQC: controle da qualidade total (no estilo japonês). 8. ed. Nova Lima, MG: INDG Tecnologia e Serviços Ltda. 256 p, 2014. XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO “Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações” Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019. 13 GOUREVITCH, Philip. MORRIS, Errol. Procedimento operacional padrão: uma história de guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. LOBO, Renato Nogueirol. Gestão da Qualidade. 1. ed. São Paulo: Érica, 2010. MARSHALL JUNIOR, I. et al. Gestão da qualidade. 9. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2008. MEIRA, R. C. As ferramentas para a melhoria da qualidade. 2. Ed. Porto Alegre: SEBRAE/RS, 2003. PRASHAR, A. Adopting PDCA (Plan-Do-Check-Act) cycle for energy optimization in energy-intensive SMEs. Journal of Cleaner Production, v. 145, p.277-293, 2017. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. 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