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- -1 Treinamento como ferramenta estratégica para as empresas Irma Carina Brum Macolmes Introdução As pessoas têm sido vistas como um diferencial competitivo, que permitem que a organização atinja seus objetivos. Mas para que isso ocorra, elas devem ser capacitadas. Em virtude disso, a gestão de pessoas passou a dedicar grande atenção às ações de treinamento e desenvolvimento. Mas quais as principais diferenças entre treinamento e desenvolvimento? O que influenciaria um colaborador a se sentir motivado a frequentar um curso oferecido pela empresa? A realização de cursos pode ser um fator motivacional? Neste tema, abordaremos as respostas para essas questões. Bom estudo! Ao final desta aula, você será capaz de: • Identificar a importância dos processos de treinamento e desenvolvimento nas organizações; • Reconhecer as ações de treinamento e desenvolvimento como uma estratégia organizacional na busca do alcance das metas corporativas. Evolução da aprendizagem organizacional A gestão de pessoas passou por um processo de evolução que impactou, também, na área de treinamento e desenvolvimento. Se antes as pessoas que trabalhavam para uma instituição eram vistas simplesmente como um grupo de trabalhadores, atualmente, busca-se considerar as peculiaridades de cada indivíduo. Além disso, as ações de aprendizagem organizacional, que anteriormente eram planejadas com base na média de conhecimento do grupo, passaram a se preocupar em contemplar especificidades das pessoas. (CHIAVENATO, 2007) Durante o período que se seguiu após a Revolução Industrial, considerava-se que a gestão dos fatores tradicionais de produção (natureza, capital e trabalho) poderia conferir sucesso a uma empresa. Atualmente, os elementos que são tidos como fundamentais à longevidade e ao bom desempenho de uma organização são a rapidez de resposta e a inovação em produtos e serviços. Esse cenário levou a gestão de pessoas a evoluir, pensando no capital intelectual dos trabalhadores como uma vantagem competitiva, resultando na valorização das iniciativas de treinamento e desenvolvimento. (CHIAVENATO, 2007) • • - -2 Assim, os trabalhadores passaram a ser os principais responsáveis pelo alcance de bons resultados. Deixaram de ser vistos como meros recursos produtivos e passaram a ser encarados como pessoas, que devem ter suas especificidades consideradas. (CHIAVENATO, 2007) Figura 1 - Pessoas como pessoas e pessoas como recursos Fonte: Elaborado pela autora, baseado em Chiavenato, 2007. Essa mudança na visão sobre o papel das pessoas fez com que as ações de treinamento passassem a ser vistas como uma estratégia organizacional na busca do alcance das metas corporativas, pois é por meio delas que os funcionários são capacitados, desenvolvem conhecimentos, habilidades e atitudes e, consequentemente, alcançam melhores níveis de desempenho individuais e em equipe, o que acaba por refletir nos resultados da empresa. Dessa forma, ações com o objetivo de treinar e desenvolver esses indivíduos tornaram-se foco de atenção da área de gestão de pessoas. Conforme Chiavenato (2006, p. 153): Se encararmos as pessoas como recursos – isto é, recursos humanos – a primeira conclusão que se tira é a de que elas constituem os únicos recursos eminentemente vivos e dinâmicos com que a empresa pode contar. Na realidade, as pessoas apresentam uma incrível aptidão para o desenvolvimento. Desenvolvimento é a capacidade de aprender novas habilidades, obter novos conhecimentos e modificar atitudes e comportamentos. (...) O treinamento faz parte do desenvolvimento das pessoas. Em outras palavras, o treinamento é um aspecto específico do desenvolvimento pessoal. E este, por seu lado, é um aspecto específico do desenvolvimento organizacional. SAIBA MAIS Leia o artigo Capital intelectual como vantagem competitiva: um estudo bibliográfico, de Violin e Silva (2014), para verificar detalhes sobre a visão atual da Gestão de Pessoas, segundo a qual o capital intelectual dos empregados é uma vantagem competitiva para a empresa. - -3 A figura a seguir apresenta a visão de Chiavenato (2006) sobre as diferenças entre treinamento, desenvolvimento de pessoal e desenvolvimento organizacional. Para o autor, o treinamento aborda programas de curto prazo, com resultados imediatos; o desenvolvimento de pessoal trabalha com programas de médio prazo; e o desenvolvimento organizacional trabalha com programas de longo prazo. O treinamento, portanto, faz parte de um processo maior, que é o desenvolvimento de pessoal, e ambos, por sua vez, fazem parte do desenvolvimento organizacional. Figura 2 - Desenvolvimento de pessoal e desenvolvimento organizacional Fonte: Elaborado pela autora, baseado em Chiavenato, 2006. Para Meneses, Zerbini e Abbad (2006), a principal diferença entre ações desenvolvidas com intuito de capacitar um trabalhador estaria no fato dele estar ou não desenvolvendo, atualmente, atividades relacionadas ao curso que está sendo ministrado. Para os autores, o treinamento seria, justamente, o tipo de ação, que incluiria capacitação para atividades que estão sendo desempenhadas pelo treinando, naquele momento. Nota-se que a visão de Meneses, Zerbini e Abbad (2006) não contraria a de Chiavenato (2006), visto que, nos dois casos, treinamento estaria relacionado a programas de curto prazo para o desenvolvimento da atividade ou cargo atual, e para as quais se espera um retorno rápido, enquanto o desenvolvimento seria algo pensando em longo prazo. EXEMPLO Quando precisamos, por exemplo, capacitar alguém para utilizar um determinado , ésoftware realizado um treinamento, ou seja, um programa de curto prazo, cujo objetivo é, ao final do curso, que a pessoa tenha condições de operar o programa. Por outro lado, se a empresa pretende formar líderes para futuramente assumirem cargos gerenciais, será necessário desenvolver uma ação de médio prazo, na qual deverão ser trabalhados diferentes conteúdos, comportamentos e atitudes. Essa formação seria um programa de desenvolvimento pessoal. - -4 Motivação e capacitação Na Gestão de Pessoas, o tema motivação refere-se a pensar no que impulsiona um indivíduo a adotar um determinado comportamento. Para Maximiano (2009), trata-se da explicação do que motiva o desempenho das pessoas na situação de trabalho. Como o desempenho da instituição depende do desempenho das pessoas, entender esse processo é algo muito importante para a administração das organizações. Assim, a motivação das pessoas seria formada pela combinação de fatores internos e estímulos externos. Os fatores internos são as necessidades, aptidões, interesses, valores e habilidades das pessoas. Já os estímulos externos são os incentivos oferecidos pelo ambiente, que fazem com que o interesse da pessoa seja despertado. (MAXIMIANO, 2009) Figura 3 - Motivação: motivos internos e externos Fonte: Elaborado pela autora, baseado em Maximiano, 2009. A relação entre motivação e treinamento apresenta duas possibilidades: a motivação do indivíduo para participar das ações de educação corporativa; e o treinamento como um fator externo, que serve de estímulo ao indivíduo, para que se sinta motivado a desenvolver suas atividades. Mourão e Marins (2010), analisaram elementos que influenciariam as pessoas de uma organização a estarem dispostas a realizarem cursos. Dentre os principais fatores estaria a forma como os colegas mais antigos se manifestam para os novatos com relação ao tema, ou seja, se são realizados comentários positivos relacionados à importância da realização de treinamentos. Assim, quando funcionários antigos relatam que os treinamentos FIQUE ATENTO Treinamentos são ações desenvolvidas dentro de programas de curto prazo, que têm por objetivo capacitar alguém para desenvolver atividades relacionadas ao cargo que ocupa no momento. Desenvolvimento refere-se a ações de médio prazo, que buscam fornecer condições para que apessoa evolua na carreira. - -5 importância da realização de treinamentos. Assim, quando funcionários antigos relatam que os treinamentos oferecidos fornecem conhecimento para correta execução das atividades do cargo, e que existe uma tendência ao reconhecimento e à valorização daqueles que os cursam, haveria uma maior possibilidade daquele que está chegando se interessar por participar das atividades. Por outro lado, conversas que sinalizam que a participação nessas atividades não é valorizada pela empresa, podem servir como um desestímulo para os colegas que estão chegando. Ou seja, nesta perspectiva, a motivação para aprender estaria relacionada também com a expectativa de reconhecimento e de recompensas futuras. Figura 4 - Influência dos colegas na motivação para aprender Fonte: Pressmaster, Shutterstock, 2018. As capacitações influenciam na motivação das pessoas, pois essas iniciativas buscam proporcionar atualização de conhecimentos, além de possibilitarem a realização de novas atividades, o que acaba por gerar as expectativas de reconhecimento anteriormente mencionadas. Mas na visão de Sallorenzo (2010 MOURÃO; MARINS, 2010, p. 189)apud (...) a motivação do treinando após o treinamento tem uma relação maior com o resultado do treinamento em curto prazo, mas à medida que o treinado distancia-se do evento instrucional o resultado passa a ser cada vez mais controlado pelo ambiente de trabalho. Isso corrobora a visão apresentada anteriormente, que valoriza a influência dos colegas na motivação das pessoas. Dessa forma, é importante que os treinamentos não se limitem ao repasse de conteúdo, mas que exista também a preocupação em trabalhar comportamentos e atitudes, para que possíveis visões negativas a seu respeito sejam revertidas. - -6 Fechamento A gestão de pessoas evoluiu e as ações de treinamento e desenvolvimento seguiram essas mudanças. O capital intelectual dos empregados passou a ser visto como um diferencial competitivo. Com isso, as ações de capacitação passaram a ser consideradas uma estratégia organizacional na busca do alcance das metas corporativas. Para que esses treinamentos possam influenciar positivamente na motivação dos empregados, seja para frequentar um curso ou para desenvolver suas atividades após o treinamento, é importante que o conteúdo ministrado seja aplicável às atividades dos participantes. Referências CHIAVENATO, Id. . São Paulo: Atlas, 2007.Administração de recursos humanos ______. . Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.Administração geral e pública MAXIMIANO, A. C. A. . São Paulo: Atlas, 2009.Introdução à Administração MENESES, P.; ZERBINI, T.; ABBAD, G. Conceitos em treinamento, desenvolvimento e educação de pessoas. In: MENESES, P.; ZERBINI, T.; ABBAD, G. . Porto Alegre: Artmed, 2010.Manual de treinamento organizacional MOREIRA, G.; VIOLIN, F. L.; SILVA, L. C. da. Capital intelectual como vantagem competitiva: um estudo bibliográfico. , São Paulo. v. IV, n. 3, set/out/nov/dez 2014. DisponívelReCaPe - Revista de Carreiras e Pessoas em: < >. Acesso em: 08/07/18.https://revistas.pucsp.br/index.php/ReCaPe/article/view/21839/16084 MOURÃO, L.; MARINS, J. Quem está motivado para aprender nos cursos oferecidos pelas empresas? ,Paidéia Ribeirão Preto, v. 20, n. 46, May/Aug. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php? >. Acesso em 08 jul. 2018.script=sci_arttext&pid=S0103-863X2010000200006&lng=en&tlng=en FIQUE ATENTO Treinamentos devem ser aplicáveis, pois se os funcionários não conseguem identificar uma importância prática do curso para realização de suas atividades, é natural que acabem se desestimulando a realizar novas capacitações. - -1 Treinamentos Técnicos e Comportamentais Irma Carina Brum Macolmes Introdução Necessidades de treinamento indicam lacunas de conhecimentos, habilidades ou atitudes que podem ser apresentadas pelos funcionários de uma empresa. Essa carência prejudica o desempenho da organização, por isso, é muito importante identificá-las. Assim, utiliza-se, normalmente, o levantamento das necessidades de treinamento. Mas qual a importância desse levantamento para o planejamento das ações de treinamento? Como definir se essas necessidades deverão ser tratadas por meio de treinamentos técnicos ou comportamentais? Em que consiste cada uma dessas modalidades de treinamento? Essas e outras questões serão respondidas no decorrer deste estudo. Acompanhe! Ao final desta aula, você será capaz de: • Identificar métodos de levantamento de necessidades de treinamento através do perfil da equipe e empresa, e distinguir treinamentos técnicos e comportamentais de acordo com a necessidade levantada. Levantamento de Necessidades de Treinamento – LNT As necessidades de treinamento correspondem a lacunas de conhecimentos, habilidades ou atitudes necessárias para o bom desempenho das atividades empresarias. Para Abbad e Mourão (2012, p, 110), “Necessidades de treinamento são descrições de lacunas nas competências humanas voltadas geralmente para o trabalho”. A identificação dessas necessidades é chamada de Levantamento de Necessidades de Treinamento – LNT. Um levantamento bem feito influencia positivamente na efetividade dos treinamentos que são ofertados pela empresa, pois essa ferramenta possibilita a identificação, com precisão, do que é necessário desenvolver por meio das iniciativas de educação corporativa. (ABBAD; MOURÃO, 2012) Meneses, Zerbini e Abbad (2010) destacam a importância de não realizar o levantamento de treinamentos “via cardápio”, caracterizado pela simples realização de perguntas aos funcionários ou chefias. Esse treinamento tem seu modo de funcionamento estruturado da seguinte forma: primeiro, questiona-se quais cursos de capacitação • FIQUE ATENTO Ações de educação corporativa que não são planejadas a partir de um correto levantamento das necessidades de treinamento tendem a não impactar no desempenho da empresa e podem significar um desperdício de tempo e recursos. - -2 seu modo de funcionamento estruturado da seguinte forma: primeiro, questiona-se quais cursos de capacitação deveriam ser realizados, em seguida, analisa-se essas respostas, dadas pelos próprios responsáveis da área de treinamento e desenvolvimento da instituição, e, por fim, elabora-se um planejamento das atividades que serão desenvolvidas. Esse procedimento, embora confira celeridade ao processo, apresenta muitas falhas. As áreas, normalmente, não apresentam condições de identificar com precisão as carências, as habilidades e os comportamentos que devem ser trabalhados. Assim, a empresa investe em ações que não trazem os resultados significativos, além de desperdiçar tempo e dinheiro. McGehee e Thayer (1961 apud MENESES, ZERBINI E ABBAD, 2010) dividem o levantamento das necessidades de treinamento em três níveis: o organizacional, o de tarefas e o individual. No primeiro, é definido em qual área o treinamento é necessário e se essa solução realmente pode impactar no desempenho da instituição. Já no nível de tarefas, busca-se identificar as operações executadas em uma determinada atividade e quais as condições que são realizadas. Por último, o nível individual refere-se à identificação do desempenho esperado do empregado naquela atividade e quais os possíveis desvios ocorridos. Figura 1 - Necessidade de treinamento no nível individual Fonte: Elaborado pela autora, baseado em Chiavenato, 2006. Portanto, é possível perceber que o levantamento de necessidades de treinamento é algo que deve fazer parte de FIQUE ATENTO Vamos imaginar duas situações: 1) Uma chefia diagnosticou em uma equipe dificuldades apresentadas na elaboração de planilhas eletrônicas. Todos os funcionários envolvidos participaram de cursos para dominar a ferramenta. Porém, não foram identificadas melhorias em seus desempenhos. Isto ocorreu porque a dificuldade na criação de planilhas não estava apresentada pela inabilidade em dominaro , mas, sim, pela falta de outrossoftware conhecimentos básicos, como matemática e estatística. 2) Em uma editora, alguns textos não eram formatados corretamente pela equipe de redação. Assim, a chefia cogitou que um treinamento sobre o programa pudesse solucionar o problema. Porém, aqueles funcionários desconhecem as regras da ABNT. Portanto, um curso preparatório sobre o programa de edição de texto não resolveria o transtorno da formatação errada do material. - -3 Portanto, é possível perceber que o levantamento de necessidades de treinamento é algo que deve fazer parte de uma ação maior das empresas, conduzida, assim, pela equipe de Treinamento e Desenvolvimento - T&D. É interessante mapear quais competências (experiência, conhecimento, habilidade, atitude e comportamento) são necessárias para a execução das diversas atividades da organização. Além disso, é necessário verificar quais dessas características são importantes para cada cargo e analisar se as pessoas que os ocupam precisam de ações para suprir as lacunas. Figura 2 - Mapeamento de competências Fonte: Marekuliasz, Shutterstock, 2018. Após essa identificação das necessidades de treinamento, inicia-se a fase de planejamento das ações que serão desenvolvidas pela empresa. O intuito da ação é fornecer meios para que os participantes aprendam conteúdos e modifiquem comportamentos, visando melhores resultados individuais, em equipe e para a organização. Treinamentos técnicos e Treinamentos comportamentais As ações de educação corporativa têm por objetivo transmitir conteúdos técnicos (treinamento técnico) ou modificar comportamentos (treinamentos comportamentais). De acordo com Chiavenato (2006), há três categorias para o treinamento técnico. A primeira é aquela que busca SAIBA MAIS Para entender mais sobre a importância desses treinamentos, leia o artigo Diagnóstico da necessidade de treinamento: o caso Beta Engenharia (COSTA, 2013). Esse escrito, apresenta um exemplo prático da necessidade de treinamento em uma empresa. - -4 De acordo com Chiavenato (2006), há três categorias para o treinamento técnico. A primeira é aquela que busca capacitar tecnicamente, pautando-se na transmissão de informações. Essa seria a inciativa mais simples, pois apenas repassa informações ou conhecimentos para as pessoas na execução de suas tarefas. Em contrapartida, a segunda procura desenvolver conceitos, por isso, é mais complexa. Seu objetivo é elevar a capacidade de abstração de ideias, estimulando, assim, que os participantes pensem de forma mais ampla. Por fim, o treinamento que tenta melhorar ou desenvolver habilidades necessárias para execução de tarefas é uma prática que prepara o participante para execução de atividades referentes ao cargo ocupado, isto incluiria, por exemplo, a operação de equipamentos, máquinas e ferramentas. Figura 3 - Treinamentos técnicos Fonte: : Lisa F. Young, Shutterstock, 2018 No entanto, os treinamentos comportamentais são aqueles que buscam desenvolver ou modificar comportamentos. Assim, Chiaventato (2006) o conceitua como a ferramenta motora para o desenvolvimento ou modificação de atitudes. As ações normalmente trabalhadas nesses treinamentos relacionam-se a mudanças de atitudes e conscientização para determinados aspectos comportamentais. Figura 4 - Treinamentos comportamentais Fonte: Wavebreakmedia, Shutterstock, 2018. Considerando um treinamento misto, em que uma equipe de T&D identifica que existe uma resistência em um - -5 Considerando um treinamento misto, em que uma equipe de T&D identifica que existe uma resistência em um grupo com relação ao uso de equipamentos, a simples explicação de como utilizá-los não será suficiente para que mudem a visão a respeito da importância de usá-los. Será necessário uma iniciativa para modificar o comportamento dessas pessoas, ou seja, um treinamento comportamental. Os participantes deverão ser sensibilizados para mudarem sua postura sobre o assunto. Pois, se não perceberem o uso dos equipamentos como fundamental, de nada adiantará saberem como usá-los. Fechamento As necessidades de treinamento referem-se a lacunas de conhecimentos, habilidades e atitudes que os empregados possuem e que podem interferir negativamente no desenvolvimento de suas atividades na empresa. Para o diagnóstico dessas lacunas, utiliza-se o levantamento das necessidades de treinamento. A partir desse material, são planejadas ações que podem ter foco no desenvolvimento de conhecimentos técnicos (treinamentos técnicos) ou no desenvolvimento de habilidades e modificação de atitudes (treinamentos comportamentais). Treinamentos planejados, baseado no levantamento de necessidades, levam a melhores resultados e evitam o desperdício de recursos, que ocorre quando uma ação de treinamento acaba por não impactar no desempenho dos participantes e, consequentemente, da empresa. Referências ABBAD, G. da S.; MOURÃO, L. Avaliação de necessidades de TD&E: proposição de um novo modelo. RAM - Rev. , v. 13, n. 6, Edição Especial, São Paulo, nov./dez. 2012, p. 107-137. Disponível em: <Adm. Mackenzie http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/RAM/article/view/3339/3897>. Acesso em: 11/07/18. CHIAVENATO, I. . Rio de Janeiro, Elsevier, 2006.Administração geral e pública COSTA, D. V. F. et al. Diagnóstico da necessidade de treinamento: o caso Beta Engenharia Ltda. Revista Estudos , Santa Cruz do Sul, n. 37, p.190-214, jan./jun. 2013. Disponível em: <https://online.unisc.br/seer/index.do CEPE php/cepe/article/view/3527/2753>. Acesso em: 12/07/18. MENESES, P.; ZERBINI, T.; ABBAD, G. . Porto Alegre: Artmed, 2010. Manual de treinamento organizacional - -1 O Instrutor de Treinamento e Desenvolvimento Irma Carina Brum Macolmes Introdução O instrutor de Treinamento e Desenvolvimento exerce um papel fundamental no processo de aprendizagem dos participantes de uma ação de educação corporativa. Mas qual o perfil desejado para um instrutor de treinamento? Quais papéis vêm sendo assumidos por esse profissional com o passar do tempo? E como pode ser realizada a apresentação e a integração do instrutor com os participantes? Essa e outras questões serão apresentadas no decorrer desse estudo. Acompanhe! Ao final desta aula, você será capaz de: • definir o perfil técnico e comportamental do instrutor de treinamento; • identificar os papéis do instrutor de treinamento e os métodos de apresentação e de integração com os participantes. O perfil do Instrutor de Treinamento O instrutor exerce nas atividades de educação corporativa o mesmo papel que desempenha um professor nas instituições formais de ensino. A principal diferença entre os dois profissionais está no fato que dos instrutores espera-se conhecimento pleno sobre as tarefas que irão abordar em seu curso, não fazendo exigência de nível hierárquico ou titulação específica, como ocorre com os professores. A expectativa é que os profissionais de Desenvolvimento e Treinamento (T&D) consigam repassar aos participantes a forma mais adequada para realizar uma determinada tarefa. (CALLEGARI, 2010) Ainda assim, em alguns treinamentos, é necessário que o instrutor apresente uma titulação específica para poder ministrar o curso e certificar as pessoas, como na área da Saúde. Em outros casos, embora não seja necessário, a titulação pode ser um diferencial, por exemplo, quando um técnico em segurança do trabalho ministra um treinamento sobre o uso de máscaras e óculos para execução de uma atividade. Em alguns cursos, a titulação é dispensável, visto que não agrega valor ao curso, como seria o caso de um treinamento sobre planilhas eletrônicas. • • - -2 Na maioria das vezes, não há exigência de uma certificação especifica para que o profissional exerça o papel de instrutor, além de não haver obrigatoriedade de uma formação docente. Mas isso não significa que é dispensável conhecimentos técnicos e algumas habilidadesno exercício da função. Dentre as habilidades esperadas está a de saber lidar com processos de aprendizagem que possuem adultos como público-alvo. Essa educação é chamada de Andragogia e apresenta algumas peculiaridades. Para Martins (2013, p.45), “a andragogia corresponde à ciência que estuda as melhores práticas para orientar adultos a aprender”. Há outras habilidades e atitudes esperadas de instrutores, tais como o estímulo aos participantes e a utilização de metodologias adequadas ao público-alvo. Esse estímulo, em grande parte, é fruto de uma postura que demonstre disposição para interagir, responder dúvidas e ouvir críticas. A escolha da metodologia precisa ser pautada nos conhecimentos técnicos e no estudo sobre o processo de aprendizagem. Figura 1 - Instrutor deve se mostrar disponível aos treinandos Fonte: Phovoir, Shutterstock, 2018. Callegari (2010, p. 88), em entrevista com instrutores de uma indústria, levantou questionamentos sobre quais FIQUE ATENTO Em muitos casos, a contratação de um profissional certificado para execução de uma atividade de T&D é obrigatória. Essa exigência pode ser verificada junto aos órgãos que regram o funcionamento da área, tais como conselhos profissionais ou associações de classe. SAIBA MAIS No texto Andragogia: considerações sobre a aprendizagem do adulto, de Carvalho et al (2010), é possível consultar mais informações sobre a ciência da andragogia, para um aprofundamento teórico sobre a aprendizagem do adulto. - -3 Callegari (2010, p. 88), em entrevista com instrutores de uma indústria, levantou questionamentos sobre quais as habilidades que esses profissionais consideravam importantes para o exercício da atividade. A autora organizou as respostas em quatro categorias: habilidades comunicacionais, interacionais, cognitivas e pessoais. Os resultados apontados pela pesquisa foram: • habilidades comunicacionais: boa entonação de voz, capacidade de despertar o interesse, capacidade de transmitir o assunto de acordo com o treinando, clareza na comunicação, facilidade de se expressar em público e saber dosar as palavras; • habilidades interacionais: bom relacionamento, capacidade de compreender o outro, dar liberdade para experimentar, flexibilidade e saber conversar; • habilidades cognitivas: capacidade de observação, conhecimento de didática, conhecimento do assunto, criatividade e dar exemplos que se relacionem com as vivências dos treinandos; • habilidades pessoais: assumir desconhecimento, capacidade natural (inato), comportamento coerente, dar retorno das pendências, franqueza, gostar de dar treinamento, organização, passar segurança, respeito, responsabilidade, sensibilidade, ser carismático, ser paciente, ser suave, ter boa imagem perante as pessoas – credibilidade e tranquilidade. Nessa pesquisa, os próprios instrutores identificaram uma série de habilidades necessárias ao desenvolvimento de suas atividades. Muitas delas, referiam-se mais a atitudes do que a habilidades, como é o caso de assumir desconhecimento e franqueza. Nessa análise, também foram relatados pontos relacionados às características pessoais, como capacidade natural para exercer a atividade. Porém, a maioria dos itens listados podem ser objeto de treinamento para os instrutores. (CALLEGARI, 2010) Os papéis assumidos pelo instrutor Ao longo dos anos, instrutores assumiram diferentes papéis no ambiente empresarial. Nos anos 1970, os treinamentos buscavam aprimorar a qualidade dos produtos, devida à competitividade do mercado de trabalho. Para alcançar esse objetivo, funcionários mais experientes ensinavam os mais novos, exercendo o papel de instrutor. (CALLEGARI, 2010) A aprendizagem ocorria no próprio local de trabalho e a metodologia utilizada consistia no instrutor demonstrar como deveria ser feito o ofício. Assim, o aprendiz repetia inúmeras vezes cada tarefa, até que elas fossem corretamente realizadas. A aprendizagem acontecia por meio de tentativas e erros, para assim chegar a um padrão de excelência. Não havia, portanto, uma sistematização do processo de aprendizado. Cada instrutor levava o tempo que achava necessário e ensinava os novos colegas da forma que considerava mais adequada (CALLEGARI, 2010). Assim, era bastante comum que as pessoas começassem a trabalhar bastante jovens em • • • • FIQUE ATENTO Nem sempre quem sabe realizar uma atividade, sabe ensiná-la. Algumas pessoas realizam suas atividades com muita destreza, mas não possuem facilidade para se comunicar. Esta carência pode ser trabalhado por meio de cursos específicos, cabendo a área de T&D da empresa qualificar os funcionários que irão ministrar os treinamentos - -4 (CALLEGARI, 2010). Assim, era bastante comum que as pessoas começassem a trabalhar bastante jovens em uma empresa e ali aprendessem uma atividade com os mais experientes, que geralmente também haviam começado jovens e aprendido da mesma maneira. Figura 2 - Treinamentos até os anos 70 Fonte: Goodluz, Shutterstock, 2018. Depois dos anos 1980, a visão sobre o treinamento de trabalhadores foi ampliada. As ações são desenvolvidas de forma sistemática e organizada. Além disso, essas iniciativas passam a trabalhar conhecimentos, habilidades e atitudes dos funcionários, visando corresponder aos objetivos definidos pela empresa. A partir disso, o instrutor é aquele profissional que tem a função de repassar as competências específicas relativas ao trabalho. A sua formação torna-se fundamental para que o treinamento apresente resultados positivos. (CALLEGARI, 2010) EXEMPLO No treinamento em que os procedimentos são repassados nas empresas pelos mais antigos aos mais novos, sem uma sistematização, é possível que sejam ensinados alguns vícios praticados por quem executa. É o caso, por exemplo, de um instrutor que diz não utilizar os equipamentos de segurança por não identificar riscos na atividade ou porque nunca sofreu um acidente. - -5 Figura 3 - Treinamentos a partir dos anos 1980 Fonte: Goodluz, Shutterstock, 2018. Nesse panorama, os treinamentos passam a ser ações mais estruturadas, com um planejamento realizado a partir dos objetivos da organização e das lacunas de competências apresentadas pelos funcionários. Apresentação e integração do instrutor com os participantes Há várias ferramentas capazes de auxiliar o instrutor no intuito aperfeiçoar o desempenho dos participantes em um treinamento. Uma delas é a dinâmica de grupo, abordada pela área de Gestão de Pessoas. Conforme Andrade (2005, p.17), “dinâmica de grupo é uma técnica que significa colocar um grupo de pessoas em movimento através de jogos, brincadeiras, exercícios, quando são vivenciadas situações simuladas, proporcionando situações da vida real (...)”. Algumas dinâmicas de grupo podem ser utilizadas em diversos processos dentro da empresa, inclusive em treinamentos, na promoção da integração do instrutor com os participantes. - -6 Figura 4 - Dinâmicas de grupo. Fonte: Monkey Business Images, Shutterstock, 2018. Nessa perspectiva, a autora apresenta duas técnicas para as dinâmicas de grupo. A primeira é a apresentação aos pares, que consiste em distribuir os participantes em duplas, sendo que cada um entrevistará o outro, de acordo com uma série de perguntas propostas pelo instrutor. Ao final, cada participante deverá apresentar o companheiro ao grande grupo. A segunda é a técnica alfândega, que consiste no instrutor definir mentalmente um critério para que um objeto passe ou não pelo controle de saída. Pode ser uma cor, uma letra, um tamanho etc. Os participantes perguntam se um determinado objeto pode passar pela alfândega, assim, dependendo da resposta do instrutor, eles buscam identificar o critério estabelecido para esse controle. (ANDRADE, 2005) Há muitos estudos que abordam essas práticas, tanto na área de Psicologia quanto na Administração, assim, a escolha em utilizar essas atividades deve consideraro público-alvo. Uma técnica que funciona bem em um grupo pode não funcionar em outro, cabendo ao instrutor ter sensibilidade para perceber essas peculiaridades. Fechamento O profissional que exerce a função de instrutor de T&D possui um papel muito importante no processo de aprendizagem dos participantes. Embora não se exija uma titulação específica ou formação docente, espera-se do profissional o domínio dos conhecimentos que serão repassados e algumas habilidades e atitudes. Entre elas, está a habilidade de conduzir um processo de aprendizagem para adultos e uma postura amigável com todos os integrantes. Para estreitar o relacionamento entre todos os envolvidos é possível utilizar dinâmicas de grupo, que devem ser criteriosamente selecionadas a partir das características do público-alvo. Referências ANDRADE, S.G. : jogos e exercícios. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005.Teoria e prática de dinâmica de grupo CALLEGARI, R. A prática educativa do instrutor de treinamento na indústria. Porto Alegre: PUCRS, 2010. - -7 CALLEGARI, R. A prática educativa do instrutor de treinamento na indústria. Porto Alegre: PUCRS, 2010. Disponível em: < >. Acesso em 17 jul. 2018.http://hdl.handle.net/10923/2862 CARVALHO et. al. Andragogia: considerações sobre a aprendizagem do adulto. REMPEC - Ensino, Saúde e , v. 3, n. 1 p. 78-90 Abril 2010. Disponível em: <http://www.ensinosaudeambiente.uff.br/index.phpAmbiente /ensinosaudeambiente/article/view/108/107>. Acesso em: 17/07/2018. MARTINS, R.M.K. Pedagogia e andragogia na construção da educação de jovens e adultos. ,Rev. Ed. Popular Uberlândia, v. 12, n. 1, p. 143-153, jan./jun. 2013. Disponível em: <http://www.seer.ufu.br/index.php /reveducpop/article/view/20331/12520>. Acesso em: 17/07/2018. - -1 Importância da capacitação do instrutor Irma Carina Brum Macolmes Introdução As ações de Treinamento e Desenvolvimento são momentos em que participantes e instrutores podem compartilhar informações e experiências. Mas como ocorre o compartilhamento de informações e experiências durante uma ação de treinamento? Alguns métodos de treinamento oferecem maior integração que outros? Para que o processo de aprendizagem ocorra da melhor forma possível, é importante que os instrutores se dediquem permanentemente a aprimorar seus conhecimentos, habilidades e atitudes. Você sabe quais conhecimentos devem ser aprimorados pelos instrutores com o objetivo de garantir um bom treinamento? Vamos conhecer? Bom estudo! Ao final desta aula, você será capaz de: • identificar o treinamento como um momento de compartilhar e trocar informações e experiências; • reconhecer a necessidade de constante atualização para o bom desempenho profissional. Treinamento como compartilhamento de informações e experiências Os treinamentos são excelentes momentos para compartilhamento de informações e experiências entre os participantes e com o instrutor. O método escolhido pelo instrutor pode permitir mais ou menos interação e, consequentemente, diferentes níveis de troca. Tanke (2005) analisa os principais métodos de treinamento - método da preleção, treinamento no cargo, simulação e dramatização - identificando o quanto cada uma dessas técnicas permite o compartilhamento de informações e experiências entre os participantes. Acompanhe! • Método da preleção O primeiro método apresentado por Tanke (2005) consiste na utilização de aulas expositivas sobre os temas que serão abordados no treinamento. Além do conteúdo que será apresentado, o instrutor deve aproveitar para relatar suas experiências e estimular para que os participantes façam o mesmo. Com este método, o treinamento se torna mais leve, possibilitando a interação entre participantes e deles com o instrutor, o que permite grande compartilhamento de informações e experiências. • • • - -2 Figura 1 - Método da preleção Fonte: Shutterstock, 2018. • Treinamento no cargo Trata-se da execução das tarefas, ainda durante o processo de aprendizagem, no ambiente real. O cargo de trainee, que existe em algumas empresas, representa bem essa ideia. Nesse modelo, o treinando aprende a atividade no próprio local de trabalho, a partir de informações que são repassadas pelos colegas. Mas a prática de um funcionário antigo treinar um novo pode proporcionar o repasse de ações que não são as consideradas como as mais adequadas pelos gestores da empresa. Além disso, o desempenho de alguém que está aprendendo enquanto executa a função tende a ser inferior aos demais, o que poderá comprometer a qualidade dos serviços prestados pela empresa e, consequentemente, o próprio desempenho da organização. • FIQUE ATENTO Optar por qualificar os novos funcionários, utilizando apenas a experiência dos mais antigos pode significar desperdícios de recursos, pois podem ser repassados métodos para execução de uma atividade que não sejam os mais eficientes. - -3 • Técnica de simulação Na técnica de simulação, o ambiente de trabalho é reproduzido. Podemos dizer que funciona nos moldes do laboratório utilizado no ambiente escolar. Com esse método, é possível trabalhar com situações que simulam o que acontece no ambiente de trabalho sem que essas práticas interfiram no ambiente real, ou seja, um erro que foi cometido no ambiente simulado não afetará a produção no ambiente oficial. A desvantagem do método de simulação está em seu alto custo. Assim, ele é ideal para grupos menores, possibilitando, também, grande interação e compartilhamento de informações e experiências. (TANKE, 2005) Figura 2 - Simulação Fonte: Shutterstock, 2018 • Dramatização Por fim, Tanke (2005) traz a dramatização, que normalmente é utilizada para trabalhar atitudes. Essa técnica permite que os treinandos simulem situações da vida real, diferentemente da simulação, que trata de situações do ambiente de trabalho. Este método pode ser utilizado para trabalhar situações hipotéticas difíceis, que podem surgir em atendimentos ao público, por exemplo. Ele permite muita troca de experiências e informações, tanto entre os participantes quanto com o instrutor, visto que a simulação de situações do cotidiano possibilita que as pessoas relatem e debatam momentos pelos quais já passaram, a forma como reagiram e qual foi o resultado final das situações. FIQUE ATENTO O treinamento no cargo oferece o risco de perpetuar práticas menos eficientes, pois é o funcionário mais antigo que decide o que será repassado e de que forma se dará esse processo. Informações inadequadas podem ser repassadas como se fossem as mais apropriadas para execução da atividade. • • - -4 Figura 3 - Dramatização Fonte: Heather Dillon, Shutterstock, 2018. A intensidade do compartilhamento de informações e experiências pode ser diretamente afetada pelo método de treinamento definido pelo instrutor. Para Noe (2015), o ideal seria utilizar vários métodos de treinamento dentro de uma mesma ação de capacitação, pois, dessa forma, as vantagens de cada um deles seriam aproveitadas e diferentes estímulos para aprendizagem e variadas possibilidades de interação seriam oferecidas. Ações de T&D e a tecnologia Há, ainda, a necessidade de conferir especial atenção às ações de T&D que são realizadas com a utilização de ferramentas tecnológicas, posto que garantir a interação entre os participantes, nessa modalidade, é um desafio a ser superado. Conforme Vergara (2007), uma das questões que surgem quando se discute EaD é o relacionamento entre os EXEMPLO Em uma capacitação, é possível utilizar aulas expositivas para passar o conteúdo técnico. Nesse momento, a troca de informações, normalmente, é limitada, pois o instrutor é quem mais se manifesta, mas, ainda assim, ele poderá relatar suas experiências durante a palestra. Após essa exposição, podem ser realizadas dramatizações, que simulem situações da vida real para que sejam trabalhados os comportamentos. Nessa prática, ainteração e o compartilhamento de informações e experiências são maiores. - -5 Conforme Vergara (2007), uma das questões que surgem quando se discute EaD é o relacionamento entre os participantes, pois, embora essas ações envolvam racionalidade, não é possível ignorar a presença dos afetos humanos. Assim, para que as iniciativas de T&D mediadas por soluções tecnológicas permitam o compartilhamento entre os treinandos, é necessário o estímulo permanente, tanto da participação das pessoas quanto da exposição de relatos das suas experiências. Essa é uma das atitudes que se espera do instrutor que atua na modalidade a distância. Estudar para capacitar Sabemos que para estar apto a realizar um treinamento, é preciso que o instrutor seja previamente capacitado. Porém, além disso, ele deve permanecer sempre estudando, em busca do aperfeiçoamento de suas competências e evolução do conhecimento (MADRUGA, 2018). Nesse sentido, além de ter o pleno domínio da parte técnica que será trabalhada, é necessário que o instrutor esteja em constante atualização, para que não corra o risco de repassar informações que já não se encontram mais vigentes ou tecnologias que são consideradas ultrapassadas. SAIBA MAIS Para aprofundar seu conhecimento, leia o texto A interação na pedagogia a distância: a visão de tutoria e estudantes, de Batista e Gobara (2016). No artigo, os autores realizaram uma pesquisa que buscou analisar as dificuldades de interação vivenciadas pelos participantes de atividades desenvolvidas na modalidade EAD. - -6 Figura 4 - Atualizando conhecimento Fonte: sergign, Shutterstock, 2018. Veja que, aos instrutores que trabalham desenvolvendo habilidades, o pleno domínio da técnica que será repassada é fundamental, uma vez que não é possível, por exemplo, ensinar a dirigir uma empilhadeira se o próprio instrutor não souber dirigi-la com destreza. Porém, no caso dos instrutores que atuam com cursos com enfoque comportamental, é necessário o estudo e o pleno domínio da utilização dos novos métodos que surgem constantemente, para que sejam utilizados os recursos mais adequados para determinado grupo. Conhecimentos que agregam Embora a formação docente não seja uma obrigatoriedade para os instrutores, a leitura de materiais sobre o processo de ensino e aprendizagem pode trazer um conhecimento extremamente útil. Ao estudar a Didática, por exemplo, o instrutor apropria-se de técnicas e métodos que facilitam o repasse de conteúdo a um determinado grupo, podendo obter melhores resultados na construção do conhecimento. Para Santos (2011), a Didática envolve todas as ações nas quais há alguém ensinando ou aprendendo, por isso, é a ferramenta básica para o sucesso profissional, não apenas de professores e instrutores, em qualquer área do trabalho humano. Além disso, Madruga (2018) chama atenção para o fato de que um instrutor, quando vai ministrar um treinamento, precisa não apenas ter estudado sobre o tema que irá desenvolver, mas também sobre questões relacionadas à própria empresa, como quais produtos ou serviços comercializa, e detalhes sobre a cultura organizacional. Por fim, entenda que um treinamento certamente produzirá melhores resultados se a linguagem e os exemplos forem pensados para o público-alvo, para isso é necessário que o instrutor estude sobre o universo que cerca os treinandos. - -7 Fechamento Neste tema, vimos que as ações de treinamento, além de serem um momento de repasses de conhecimentos, possibilitam trocas de informações e experiências entre os participantes. Essa interação - entre os participantes e deles com o professor - apresenta diferentes níveis, de acordo com o método selecionado. Entenda que é importante que o instrutor se dedique a estimular a participação das pessoas, especialmente em atividades que utilizam soluções tecnológicas. Além disso, entendemos que para que o instrutor desempenhe um bom trabalho é fundamental que permaneça estudando e busque o aprimoramento de seus conhecimentos, habilidades e atitudes. Além dos conhecimentos técnicos, ao ministrar um curso, é importante que o instrutor esteja informado sobre questões relacionadas ao funcionamento e à cultura da organização. Referências BATISTA, E. M.; GOBARA, S. T. A interação na pedagogia a distância: a visão de tutoria e estudantes. Revista , v. 10, n. 1, p. 169-186, 2016. Disponível em: <Eletrônica de Educação http://www.reveduc.ufscar.br/index.php >. Acesso em 20.07.2018./reveduc/article/viewFile/1349/473 MADRUGA, R. . São Paulo: Saraiva,Treinamento e desenvolvimento com foco em educação corporativa 2018. NOE, R. A. : teoria e prática. Porto Alegre: AMGH, 2015.Treinamento e desenvolvimento de pessoas SANTOS, V. P. P. dos. Didáticas: métodos e práticas de ensino na educação de jovens e adultos. Revista Eletrônica de Ciências da Educação, Campo Largo, v. 10, n. 2, dez. 2011. Disponível em: <www. periodicosibepes.org.br/index.php/reped/article/download/850/641>. Acesso em: 26/07/18. TANKE, M. L. Administração de recursos humanos em hospitalidade. Stamford: Cengage Learning, 2005. VERGARA, S. C. Estreitando relacionamentos na educação a distância. . v. V, ed. especial,Cadernos EDAPE.BR Jan., 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cebape/v5nspe/v5nspea10.pdf>. Acesso em: 19/07/18. - -1 Postura e comportamentos Irma Carina Brum Macolmes Introdução A ética é uma parte da filosofia que busca estudar valores e princípios que norteiam o comportamento de indivíduos ou de grupos. Assim como há alguns comportamentos que são considerados aceitos e outros não pela sociedade, para os profissionais também existem aquelas condutas que são encaradas como adequadas e outras que não são vistas dessa forma. Muitas profissões possuem um Código de Ética que expressa o que é permitido e o que é vedado aos profissionais da área. No caso dos instrutores, como no de muitas outras profissões, não há esse documento, mas, ainda assim, é possível afirmar que há comportamentos que são esperados e dos profissionais que ministram treinamentos. Mas quais seriam esses comportamentos? Além disso, outras questões podem influenciar no bom desempenho de um instrutor. Entre elas estão uma boa dicção e oratória. Enquanto a primeira trata da articulação dos sons, a segunda se refere à arte de falar em público. Como proceder quando um instrutor apresenta dificuldades com a dicção? E existiriam técnicas que facilitam a oratória? Essas e outras questões serão compreendidas nesta aula. Bons estudos! Ao final desta aula, você será capaz de: • listar os comportamentos éticos necessários em um treinamento e selecionar técnicas de oratória, identificando posturas e vocabulários. A ética e o treinamento A ética é um ramo da filosofia que se preocupa com valores, princípios e normas morais que norteiam a atuação de indivíduos ou grupos. Esses elementos relacionam-se diretamente com o período e o local que se está analisando, pois mudam de uma sociedade para outra. Não serão os mesmos, por exemplo, em uma tribo indígena e em grupo que vive em uma cidade, assim como não eram os mesmos em épocas anteriores à nossa. Nota-se, portanto, que a ética consiste, na verdade, na identificação dos valores, dos princípios e das normas morais para aquele determinado grupo. Não é mais aceito, por exemplo, que as pessoas resolvam diferenças em um duelo, pois atualmente isso seria um homicídio. No entanto, isso já foi considerado normal em diversas sociedades. Pode-se afirmar que a ética preocupa-se não somente com a identificação dos valores que são aceitos pelo grupo, mas também com o fato de cada indivíduo agir de acordo com esses valores ou não. Quando dizemos, por exemplo, que alguém não teve ética, o que queremos dizer é que ele não agiu de acordo com valores, princípios e normas que são considerados adequados por nossa sociedade, neste momento. Assim como ocorre nas relações entre os indivíduos na sociedade,também há valores, princípios e normas que esperamos por parte dos profissionais com os quais convivemos, e que também estão diretamente relacionadas ao local e ao momento histórico. Há um tempo atrás, era perfeitamente aceito por nossa sociedade que os professores fossem extremamente rígidos com as crianças. Atualmente, isso é inadmissível, o que demonstra que os valores não são estáticos, ao contrário, são bastante dinâmicos e evoluem junto com a sociedade. Algumas profissões apresentam códigos de ética próprios, que são documentos que expressam os comportamentos desejados e indesejados de um profissional da área. Observe, por exemplo, algumas definições do código de Ética do Profissional Psicólogo. • - -2 do código de Ética do Profissional Psicólogo. Um Código de Ética profissional, ao estabelecer padrões esperados quanto às práticas referendadas pela respectiva categoria profissional e pela sociedade, procura fomentar a autorreflexão exigida de cada indivíduo acerca das suas práxis, de modo a responsabilizá-lo, pessoal e coletivamente, por ações e suas consequências no exercício profissional. A missão primordial de um código de ética profissional não é de normatizar a natureza técnica do trabalho, e, sim, a de assegurar, dentro de valores relevantes para a sociedade e para as práticas desenvolvidas, um padrão de conduta que fortaleça o reconhecimento social daquela categoria. (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2014, p. 5). Figura 1 - Ética Fonte: garagestock, Shutterstock, 2018. Cabe destacar que não são todas as profissões que possuem um código de ética. No entanto, existe uma série de comportamentos que são esperados para um profissional de qualquer área, a partir dos valores, princípios e normas morais considerados adequados para a sociedade na qual vivemos. Não é entendido como um comportamento correto, por exemplo, falar mal dos clientes ou utilizar falsas declarações para comercializar produtos ou serviços. Por outro lado, demonstrar comprometimento com a realização das atividades é um comportamento esperado de qualquer profissional. A área de instrutores não possui um documento específico para reger a conduta desses profissionais. Porém, muitas das regras aplicadas em códigos de éticas profissionais de outras áreas são bastante óbvias e esperadas de qualquer indivíduo. O Código de Ética dos Biólogos, por exemplo, define como deveres manter-se FIQUE ATENTO Códigos de ética buscam registrar, por meio de regramento, condutas que já se esperam normalmente de todos indivíduos que compõem a sociedade. Portanto, o fato de uma profissão não possuir esse documento, não desobriga os profissionais de terem uma conduta pautada por esses princípios. - -3 de qualquer indivíduo. O Código de Ética dos Biólogos, por exemplo, define como deveres manter-se permanentemente atualizado e exercer sua atividade com dedicação e responsabilidade (CONSELHO FEDERAL DE BIOLOGIA, 2002). Mesmo que uma profissão não possua um documento registrando formalmente que seus profissionais devem se manter atualizados e exercerem sua atividade com dedicação e responsabilidade, espera-se isso de qualquer profissional, pois esses são valores, princípios e normas que são considerados adequados de acordo com a sociedade na qual vivemos. Não esperamos, independentemente da área, ser atendidos por profissionais desatualizados ou que não sejam dedicados. Figura 2 - Ética profissional do instrutor Fonte: 3D_creation, Shutterstock, 2018. Por exercerem atividades similares àquelas exercidas pelos professores, os comportamentos esperados dos instrutores são bastante semelhantes. Embora os educadores também não possuam um Código de Ética, a Associação Universitária de Pedagogia do Brasil (2009) elaborou uma proposta de regramento que estabelece as obrigações desses profissionais. Dentre elas, encontram-se: respeitar os direitos fundamentais, atuar com zelo, discrição e honestidade, manter-se atualizado e atuar a serviços do bem comum, dentre outros. Técnicas de oratória Você já ouviu que dicção e oratória são importantes no processo de comunicação? Mas o que elas significam? São mesmo diferentes? De acordo com Passadori (2009, p. 75), a dicção é “a mãe da clareza ao falar”, ou seja, ela envolve a articulação dos sons durante o processo de fala. Uma boa dicção facilita a compreensão da ideia que está sendo transmitida. - -4 A oratória, por sua vez, refere-se à arte de falar em público, de forma clara e com objetividade. Essa habilidade é muito importante para expressar ideias e consiste em um diferencial para profissionais que precisam argumentar e convencer pessoas, tais como os advogados; participar de reuniões, como executivos; ou ministrar palestras e ações de treinamento e desenvolvimento, como os instrutores. Segundo D’Addario (2015, p. 17), oratória é ”a arte de informar, causar impacto, comover e entreter um auditório através de um discurso”. A oratória não deve ser encarada como uma ferramenta de manipulação que é utilizada apenas para persuadir ou convencer, porque a sua definição básica está relacionada, em particular, com a arte, o que significa que também pode servir para deleitar ou agradar ao espectador, leitor ou ouvinte. Para Polito (2016), existem comportamentos adequados para profissionais, como professores e gerentes de treinamento, que precisam falar para outras pessoas. A postura deve ser convicta, firme e interessada nas manifestações dos participantes, com gestos moderados. O orador deve estimular uma comunicação visual entre ele e os participantes. Além disso, é importante que todos que estão ouvindo tenham condições de compreender o que está sendo falado. Ou seja, se o público é diversificado, devem ser evitados termos técnicos ou muito complexos, que exigem conhecimento prévio. A fala deve ser pausada, com energia e audível. E é fundamental que os argumentos sejam expostos com objetividade para reter a atenção de quem está acompanhando. Por fim, pode-se destacar que o profissional deve passar uma imagem de seriedade (que não deve ser confundida com mau-humor) e naturalidade. Figura 3 - Oratória Fonte: Maxim Blinkov, Shutterstock, 2018. Para que seja possível realizar uma boa apresentação, deve-se utilizar um roteiro de planejamento (POLITO, 2017). Para isso, é preciso definir o assunto que será tratado. Embora geralmente essa definição seja externa ao orador, cabendo normalmente à equipe de treinamento e desenvolvimento da empresa para a qual o instrutor FIQUE ATENTO As condições do som interferem diretamente na qualidade da palestra ou da aula. Mesmo que o instrutor não possua dificuldades com a fala, é importante verificar as condições de equipamentos de som e até mesmo a acústica da sala. Microfones com problema ou salas muito grandes, onde não é possível ouvir adequadamente o que está sendo dito, desmotivam os ouvintes a manterem a atenção no instrutor. - -5 orador, cabendo normalmente à equipe de treinamento e desenvolvimento da empresa para a qual o instrutor está trabalhando, um mesmo tema pode ser abordado sob diferentes aspectos, o que confere certa discricionariedade a quem vai falar. Além disso, ainda de acordo com Polito (2017), é importante ter bem claro o objetivo que se quer atingir (informar, persuadir ou motivar o grupo, por exemplo), pois isso é determinante na forma como será feita a comunicação. É fundamental, ainda, dedicar um tempo conhecendo detalhes sobre o público, como formação, faixa etária, sexo e características socioculturais, por exemplo, e se informar sobre recursos disponíveis para o curso ou evento, tais como tamanho do espaço, conexão com internet e disponibilidade de equipamentos. Vale ressaltar também a importância de preparar apresentações que sigam uma lógica, seguindo uma introdução, o desenvolvimento do que foi apresentado na introdução e o fechamento da apresentação, com a retomada das principais ideias que foramdiscutidas no desenvolvimento. Figura 4 - Planejamento de uma apresentação Fonte: Shutterstock, 2018. Matos (2009) destaca a importância da comunicação não-verbal: posturas e atitudes passam mensagens, que às vezes são mais fortes do que as que estão sendo verbalizadas, podendo auxiliar ou atrapalhar o processo de compreensão do que está sendo dito. Um instrutor deve procurar demonstrar simpatia, disposição para ouvir, tolerância a diferentes manifestações e opiniões e humildade para assumir que não tem condições de responder a um determinado questionamento sem pesquisar previamente a respeito. Para quem deseja desenvolver as habilidades de fala – especificamente em público - existe o profissional de de oratória. Para quem tem dificuldades com a dicção, por questões físicas ou emocionais, existe acoaching possibilidade de consultar fonoaudiólogos, sendo que nos casos em que o fator emocional está presente, normalmente conta-se também com a atuação de psicólogos e psicopedagogos. EXEMPLO Um instrutor, ao final do treinamento, solicita que as pessoas se manifestem sobre o que acharam do curso e afirma que todos podem se sentir à vontade para manifestar críticas e sugestões. No entanto, durante o curso, ele teve uma postura não-verbal que demonstrava contrariedade quando as pessoas se manifestavam. Assim, é provável que ninguém queira falar. - -6 Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de identificar que a ética consiste em uma área de filosofia que estuda valores, princípios e normas aceitas por uma determinada sociedade em um determinado momento. Com base nesses valores, são estabelecidos comportamentos e condutas que são considerados adequados ou não à vida em sociedade. Isso também ocorre com relação à atuação profissional dos indivíduos. Espera-se determinados comportamentos dos profissionais que fazem parte daquela determinada categoria. Em alguns casos, isso é registrado em um Código de Ética. No caso dos instrutores, embora não exista esse documento, espera-se algumas atitudes tais como simpatia, disposição para ouvir manifestações que reflitam diversidade de opiniões e humildade para reconhecer que há alguns assuntos que não domina e precisará aprofundar estudos para emitir uma opinião. Sobre a importância da dicção e da oratória para os profissionais que atuam ministrando treinamentos, foi possível identificar que ambas são fundamentais, sendo que a primeira se refere à pronúncia das sílabas e a segunda, à arte de falar em público. Dicção e oratória adequadas permitem que as ideias sejam transmitidas de forma clara e objetiva, facilitando o entendimento dos ouvintes. Instrutores que apresentem dificuldades em relação a essas habilidades devem buscar auxílio junto a especialistas em fala, tais como fonoaudiólogos e psicopedagogo. Referências ASSOCIAÇÃO UNIVERSITÁRIA DE PEDAGOGIA DO BRASIL. .Código de Ética do Profissional Pedagogo Disponível em: < >. Acesso em: 20/07/18.http://aunipedag.com.br/arquivos/Revista_Aunipedag_20_10_15.pdf CARVALHO, S. et al. Tratamento para adolescentes e adultos gagos. Revista de extensão universitária da UFS, São Cristóvão-SE, n. 2, 2013, p. 183-190. Disponível em: <https://seer.ufs.br/index.php/revex/article/view/2329 >. Acesso em: 26/07/18./2062 CONSELHO FEDERAL DE BIOLOGIA. Código de Ética do Profissional Biólogo. Disponível em: <http://www. >. cfbio.gov.br/artigos/RESOLUcaO-N%C2%BA-2-DE-5-DE-MARcO-DE-2002 Acesso em: 20/07/2018. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. . Brasília: Conselho Federal deCódigo de ética profissional do psicólogo Psicologia, 2014. Disponível em: <https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/Co%CC%81digo-de-% >. Acesso em: 20/07/2018.C3%89tica.pdf D’ADDARIO, M. : Técnicas e Exercícios. Canadá: Babelcube, 2015.Manual de oratória MATTOS, G. G de. : como facilitar a comunicação na empresa, pelaComunicação empresarial sem complicação SAIBA MAIS Leia o artigo Tratamento para Adolescentes e Adultos Gagos, de Carvalho et al. (2013) para saber mais sobre o trabalho desenvolvido por fonoaudiólogos junto ao público adulto que apresenta problemas na fala. - -7 MATTOS, G. G de. : como facilitar a comunicação na empresa, pelaComunicação empresarial sem complicação via da cultura e do diálogo. Barueri, SP: Manoel, 2009. PASSADORI, R. . São Paulo: Gente, 2009.As 7 dimensões da comunicação verbal POLITO, R. : como organizar e transmitir ideias. São Paulo: Benvirá, 2017.Assim é que se fala ______. . São Paulo: Benvirá, 2016.Como falar corretamente e sem inibições - -1 Andragogia: conceitos e aplicações Lívia da Cruz Introdução Um dos pontos que devem ser levados em consideração ao se desenvolver uma atividade de treinamento, seja no meio organizacional ou não, é o público-alvo. Mas quão relevante é essa informação? É importante diferenciar as técnicas e as metodologias a serem aplicadas no caso de os participantes do treinamento serem adolescentes ou adultos, por exemplo? Essa clareza quanto a ciência do público ao qual o treinamento se dirige, deve permitir que você saiba diferenciar a andragogia da pedagogia, como também perceber a força da andragogia no contexto empresarial. Ou será que você acreditava que o modo em que as aprendizagens foram compartilhadas no processo básico de formação seria o mesmo aplicado aos treinamentos da empresa? Essas e outras questões serão estudadas nesta aula. Ao final desta aula, você será capaz de: • distinguir andragogia e pedagogia, compreendendo seus conceitos e aplicações; • compreender a andragogia na realidade das empresas atuais. Andragogia Pedagogiaversus Para começar os seus estudos, vamos pensar, inicialmente, em pedagogia. Enquanto sujeitos sociais, passamos por diferentes etapas de desenvolvimento, sendo esses de ordem biológicas, psicológicas e sociais. E a educação é o elemento norteador dessas etapas, que não é representada de modo homogêneo, pois compreende desde aspectos de postura social até o resgate de algumas teorias. A educação por teorias retoma o ambiente escolar, onde havia o acesso a um tipo específico de materiais para leitura, a realização de algumas atividades e avaliações e a interação com colegas de sala. Os personagens principais desse ambiente são os professores e os estudantes. O compartilhamento das informações caracteriza a pedagogia, que etimologicamente significa “[…] =Paidós criança, = conduzir, = tratado, ciência […]” (BENEDICTO; BRITO, 2004, p. 3). Segundo Libâneo (2011Agein Logos apud DOURADO et al., 2017, p. 105), pedagogia é “[...] o campo do conhecimento que se ocupa do estudo sistemático da educação, um ato educativo, da prática reflexiva [...]”. Partindo dessa perspectiva, como podemos estabelecer a relação desses estudos sistemáticos ao meio organizacional, quando envolve adultos? Para entender essa questão, é preciso compreender o que é Andragogia. A partir do entendimento da organização como um sistema, seria possível apresentar um conjunto de teorias educativas (representadas pelas técnicas profissionais), e, assim, manter a prática pedagógica, entendendo essa prática como o modelo tradicional, com as informações repassadas e sem incentivo para a apresentação de questionamentos, ou mesmo compartilhamento de vivências. Mas, é preciso considerar que o meio • • - -2 questionamentos, ou mesmo compartilhamento de vivências. Mas, é preciso considerar que o meio organizacional se constitui para além dos registros textuais, estando também caracterizada pelas práticas, pelas vivências, pelas relações interpessoais, pelos desafios capitais, dentre outros aspectos. Figura 1 - Ambiente de educação com base na pedagogia Fonte: Rawpixel.com, Shutterstock, 2018. A andragogia foi constituída a partir da ampliação da percepção sobre o meio organizacional, que potencializou a busca por uma ciência que permitisse a conexão entre os aprendizados formativos e a diversidade das vivênciasapresentadas pelos sujeitos representantes desse espaço profissional. É importante ter em mente que a andragogia sustenta a atenção ao processo diferenciado da aprendizagem de sujeitos adultos. Etimologicamente, é “[…] a junção de duas palavras gregas, andros (macho) e agogus, que significa guiar pela mão, líder, condutor. […]” (ROSSETTI, 2013, p. 11). De acordo com Oliveira (2011 apud FRANCO et al., 2015, p. 82), [...] A abordagem andragógica sugere que o adulto maduro não deve ser dependente das interpretações alheias para estabelecer o seu posicionamento no seu meio social. O adulto analisa o ambiente que o cerca, por meio de sua consciência crítica, para, então, decidir o que é melhor para si e o que agrega benefícios aos demais. [...]. O aprendizado pelos sentidos está diretamente relacionado com as experiências do sujeito, e, assim, as teorias SAIBA MAIS Apesar de ficar em evidência no final do século XX, a andragogia já possuía registros de estudos no século XIX. Nos tempos modernos, Malcolm Knowles (1913 - 1997) representou a educação focada nos adultos. No século XXI seguimos com os estudos e práticas andragógicas. Para saber mais sobre a constituição dessa ciência, leia os primeiros capítulos do livro “Aprendizagem de resultados: uma abordagem prática para aumentar a efetividade da educação corporativa”, de Knowles, Holton e Swanson (2009). - -3 O aprendizado pelos sentidos está diretamente relacionado com as experiências do sujeito, e, assim, as teorias /técnicas compartilhadas não devem ser absorvidas instantaneamente, e, sim, analisadas por esse sujeito. Figura 2 - O aprendizado pela Andragogia Fonte: Robert Kneschke, Shutterstock, 2018. O conhecimento dos pressupostos da andragogia promove o respeito para com as vivências do ‘outro’, a legitimação do autoconceito e da aprendizagem pelas experiências. A Andragogia no contexto organizacional No meio organizacional, o estabelecimento da comunicação assertiva apresenta-se como um ponto essencial para que as relações entre as diferentes categorias profissionais sejam éticas e atentas aos objetivos do meio que representam. A conquista dessa cultura permite que as ações de mudança ocorram. Mas, para isso, é necessário que o desenvolvimento técnico e gerencial ocorra gradativamente, o que fundamenta a aplicabilidade da andragogia. A partir dessa ciência, é possível perceber os diferentes saberes dos grupos e subgrupos que representam a organização, bem a proposta de aprendizado promotor de indagações, responsabilidades e atitudes. FIQUE ATENTO O estabelecimento do autoconceito é essencial na visão da andragogia, pois evidencia a apropriação do sujeito para com as normas do contexto organizacional, bem como a ciência e valoração do seu desenvolvimento e histórico profissional. - -4 Figura 3 - Os sete principais aspectos chave de trabalho com a abordagem andragógica Fonte: Elaborado pela autora, baseado em FEUER; GERBER (1988) e SCALABRIM (2006 apud FRANCO et al., 2015) O reconhecimento das potencialidades de cada sujeito dentro de uma organização permite que as estratégias de aprendizado da abordagem andragógica, além de motivarem as mudanças internas, impulsionem a visibilidade externa. - -5 No desenvolvimento do treinamento organizacional pautado na abordagem andragógica, a interação entre cada participante da equipe é essencial, o que é potencializado pela organização do espaço físico do ambiente empresarial. Figura 4 - As interações na abordagem andragógica Fonte: wavebreakmedia, Shutterstock, 2018. A legitimação e a aplicabilidade da abordagem andragógica em uma organização não está delimitada a um tipo específico de atuação no mercado, mas, sim, na disponibilidade do grupo organizacional que percebe a importância da ampliação/complementação do conhecimento tácito, junto a novas vertentes funcionais e teóricas. Segundo Knowles, Holton, Swanson (2011, p. 143), “[...] a andragogia é igualmente aplicável (...) [nos diferentes] cenários, pois se concentra na transação de aprendizagem [...]”. O contato direto entre o mentor e cada um dos aprendizes, sendo esses representados por suas vivências, seus EXEMPLO Como exemplo do desenvolvimento prático da abordagem andragógica, pense em um treinamento aplicado em uma empresa de segurança privada. Nesse contexto, os participantes apresentam propostas de resolução de problemas, de acordo com a área de atuação, e participam de atividades de interação, compartilhando vivências e aprendizados. Isso possibilita a revisão da cultura organizacional, assim como a fundamentação do papel do instrutor de treinamento no grupo. FIQUE ATENTO A reunião de um grupo de colaboradores/funcionários em uma sala, onde todos sentam em círculo, mas que somente uma pessoa (gestor/instrutor) compartilha as informações e não credita as vivências dos demais colegas, não caracteriza a Andragogia. - -6 diferentes] cenários, pois se concentra na transação de aprendizagem [...]”. O contato direto entre o mentor e cada um dos aprendizes, sendo esses representados por suas vivências, seus saberes no meio organizacional, fundamentam a andragogia. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de entender que a diferença entre a pedagogia e a andragogia é a forma como o aprendizado é compartilhado. Na pedagogia, o educador direciona o aprendizado do estudante (o que e como) e na andragogia o mentor (instrutor de treinamento) direciona o que deve ser aprendido, mas é o sujeito (colaborador/funcionário) que identifica as estratégias de apreensão e de aplicabilidade da formação repassada. Além disso, foi possível compreender que a acolhida da andragogia no contexto organizacional parte do pressuposto da mudança, onde as relações estabelecidas entre o mentor e os aprendizes contemplam as vivências e os aprendizados para além de formulários técnicos. Referências DE BENEDICTO, S. de C.; BRITO, Mozar José de. :Aprendizagem Transformativa no Espaço Organizacional Revisão Conceitual e Contribuições para os Estudos Organizacionais. 2004. Disponível em: <http://www.anpad. >. Acesso em: 16 ago. 2018.org.br/admin/pdf/enanpad2004-cor-1576.pdf DOURADO, R. de C. S; et al. O Curso de Pedagogia e suas Implicações na Formação do Educador da EJA. Rev. FSA. v. 14, n. 4, art. 6, p. 100-119. Teresina, jul./ago, 2017. Disponível em: <http://www4.fsanet.com.br/revista/index. >. Acesso em: 06/08/18.php/fsa/article/view/1398/1283 FRANCO, D. S. et al. A Andragogia na educação corporativa: o caso de uma empresa metalúrgica. Revista de . v.13, n.2, p. 74-99. Piracicaba, maio/ago., 2015. Disponível em: <Administração da UNIMEP http://www. raunimep.com.br/ojs/index.php/regen/article/view/695/618>. Acesso em: 06/08/18. KNOWLES, M. S.; HOLTON, E. F.; SWANSON, R. A. : uma abordagem prática paraAprendizagem de resultados aumentar a efetividade da educação corporativa. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. ROSSETTI, C. M. S. Andragogia: Modelo de facilitação de aprendizagem de adultos. n. 6. PortoRevista da SBDG. Alegre, set., 2013. Disponível em: < >. Acesso em: 10http://skaprendizagem.com.br/artigos/Artigo_Carmem.pdf /08/18. - -1 Como o adulto aprende? Lívia da Cruz Introdução Em algum momento, você deve ter resgatado na lembrança os tempos de escola, certo? Além de recordar o nome do professor ou professora preferida, é provável que também apareça na sua memória aquela tarde em que ficou horas anotando o conteúdo repassado. Essas lembranças são importantes para que possamos compreender as diferenças entre o modo em que você, eu e os colegas aprendemos na escola e o que é proposto como aprendizado na Andragogia. Neste tema, abordaremos as técnicas de aprendizagem andragógicas, que são processuais, holística e reforçam a autoaprendizagem. Além disso, conheceremos o Ciclo de Aprendizagem Vivencial (CAV) e como as atividades se conectam. Bom estudo! Ao final desta aula,você será capaz de: • explicar as técnicas de aprendizagem utilizadas na Andragogia; • reconhecer o processo de ensino e aprendizagem considerando o Ciclo de Aprendizagem Vivencial. Técnicas de aprendizagem A efetivação das atividades de treinamento organizacional demanda um conjunto de ações. Dentre elas está a identificação da técnica de aprendizagem que irá condizer com a sua prática e com as provocações que pretende despertar junto ao grupo de participantes. Tendo como referência a Andragogia, existem algumas orientações quanto ao norteamento das técnicas de aprendizagem a serem desenvolvidas, conforme veremos a seguir. A aprendizagem na base freiriana Ao seguirmos na linha do resgate proposto na introdução, você deve ter lembrado da fase em que o hábito de questionar o educador não era incentivado, ao considerarmos a representação dos espaços de educação formal que se pautavam no modelo tradicionalista. Mas, internamente, você sabia que tinha uma história para compartilhar e que iria contribuir para o seu aprendizado e dos colegas; assim como, provavelmente, enriqueceria a aula e, por fim, resultaria em novo sentido a relação com o conteúdo repassado, visto que seria estabelecido o sentido entre o teorizado e o vivenciado por você. Essa mesma lógica configura-se nos treinamentos organizacionais. É importante que o instrutor de treinamento cultive um espaço de aprendizagem, onde os participantes também sejam autores do processo. Para Paulo Freire (1921-1997) (1996 apud ROSSETTI, 2013) o ato de ensinar vai além do repasse automático (depósito) de conhecimentos, configurando um universo em que a formação de novos saberes seja uma realidade. Assim, de acordo com Rosetti (2013, p. 6), “[...] os educandos vão se transformando em reais sujeitos da construção e da reconstrução do saber ensinado e aprendido, ao lado do educador, transformado em facilitador igualmente sujeito do processo.” • • - -2 sujeito do processo.” Figura 1 - Compartilhamento de vivências Fonte: Rawpixel.com, Shutterstock, 2018. O instrutor e os participantes compartilham as vivências e se percebem na transformação dos saberes (o saber da vivência inicial - o saber técnico - o saber refletido - o saber ressignificado e dividido com o ambiente). Esse apanhado de saberes, reforça a síntese das diferentes experiências compartilhadas entre os sujeitos presentes nessa relação de aprendizados. A aprendizagem centrada no ‘eu’ rogersiano Trata-se do modelo de aprendizagem que representa os enunciados de Carl R. Rogers (1902 - 1987) e sua abordagem centrada no ‘eu’. Rogers chama a atenção para a importância do papel do instrutor no processo de aprendizagem, pois esse, enquanto um ser mutável, lida com as verdades ‘em si’, a relação dessas com as verdades ‘do meio’ ao qual faz parte, mas, também, com a ciência de que esse meio é instável (ao considerar que o futuro ainda é algo a ser acessado). (ROSSETTI, 2013) Essa mutação, além de acompanhar o instrutor, faz parte da vivência de cada participante, o que denota a constituição de uma relação empática. O instrutor é “[...] alguém que possibilita a aprendizagem ligado ao contexto, para um aprendiz real em tempo real” (ROSSETTI, 2013, p. 6). Esse fato, em coerência com a Andragogia, legitima a singularidade dos participantes, em que cada um é constituído por suas particularidades, pela sua visão do mundo e pelo que vivencia no âmbito social. - -3 Figura 2 - O reflexo como representação das particularidades Fonte: Shutterstock, 2018. Nessa perspectiva, identificamos a concepção de um processo de aprendizagem que possibilite a abordagem centrada no ‘eu’, em que esse ‘eu’ é incentivado a se desenvolver internamente e nas relações sociais que estabelece. Atrelado a esse desenvolvimento está o processo de tomada de decisão, onde o ‘eu’ reconhece e assume as responsabilidades de suas escolhas. A aprendizagem kolbiana Com base nos aportes de David A. Kolb, a aprendizagem é compreendida como a transformação das experiências, em que o aprofundamento do que cada sujeito vivencia permite a constatação do ser holístico. (PIMENTEL, 2007) O ser holístico evidencia a importância de enxergar a si e ao ‘outro’ de modo completo, ou seja, pela reunião de suas características externas e internas, em que algumas são compartilhadas naturalmente e outras permanecem em sigilo. A classificação, significação, do que o ‘eu’ experiencia, faz sentido para ‘mim’, o que não necessariamente pode ocorrer na relação com o ‘outro’, ou mesmo com os aprendizados apresentados. Como fundamentação dessa percepção de aprendizagem, Kolb desenvolveu o Ciclo de Aprendizagem Vivencial – CAV, conforme veremos a seguir. Acompanhe! FIQUE ATENTO O processo de tomada de decisão também caracteriza a abordagem de Rogers, que é identificado pela teoria Humanista. - -4 Ciclo de Aprendizagem Vivencial - CAV O Ciclo de Aprendizagem Vivencial (CAV) é constituído pelo conjunto de quatro elementos que formam duas dimensões. A dimensão pautada na compreensão da realidade, que é representada pela Experiência Concreta (EC) - o sentir - e a Conceituação Abstrata (CA) - o pensar. A outra dimensão atém-se à transformação, sendo composta pela Observação Reflexiva (OR) - o observar - e a Experimentação Ativa (EA) - o fazer. Figura 3 - Ciclo de Aprendizagem Vivencial Fonte: PIMENTEL, 2007, p. 164. O elemento Experiência Concreta (EC) está associado ao que será vivenciado pontualmente pelo sujeito, “[...] as FIQUE ATENTO O CAV também é identificado como o Ciclo de Aprendizagem Experiencial. - -5 O elemento Experiência Concreta (EC) está associado ao que será vivenciado pontualmente pelo sujeito, “[...] as ações são referenciadas em conhecimentos e processos mentais já existentes, aprendidos anteriormente. Principalmente por atitudes de experimentação, obtém-se a matéria-prima para aprendizagens ulteriores” (KOLB, 1984 apud PIMENTEL, 2007, p. 163), ou seja, para aprendizagens posteriores. A Observação Reflexiva (OR) corresponde a reflexão em si, reverberar sobre o vivenciado, simbolizando uma observação interna. Dentre as atitudes que permitem a sua caracterização, encontramos: a possibilidade de realizar escolhas e suas implicações, a ciência do ajuntamento dos eventos experienciados, a semelhança das percepções sobre um evento/tema, estabelecimento de associações, caracterização de itens. (PIMENTEL, 2007) Na Conceituação Abstrata (CA) há o movimento do pensar, em que é estabelecida uma análise, ligação, entre o saber experienciado e o saber compartilhado, teorizado. A Experimentação Ativa (EA) está marcada pela ação, atitude. Trata-se do momento de praticar no social o que foi experienciado no ciclo. De acordo com Pimental (2007, p. 163), ela é caracterizada pela “aplicação prática dos conhecimentos e processos de pensamento tornados refletidos, explicados e generalizados. A ação está centrada em relações interpessoais, com destaque à colaboração e ao trabalho em equipe.” Como cada uma dessas etapas compõem um ciclo, fica o registro de que cada sujeito irá experienciar o CAV constantemente, pelo menos enquanto nos mantivermos ativos e em contato com novos aprendizados nas relações intra e interpessoais. O CAV e as interconexões O CAV pode ser representado por uma proposta de aprendizagem pautada em quatro comportamentos dispersos, a serem apresentados no quadro a seguir. SAIBA MAIS Assista a entrevista de David A. Kolb disponível no canal Het Onderwijs Draait Door, no YouTube. - -6 Figura 4 - CAV e os estilos de aprendizagem Fonte: Elaborado pela autora, baseado em Sonaglio; Godoi; Silva, 2013. O detalhamento dos quatro comportamentos que representam uma amplificação das possibilidades de identificação do CAV pode contribuir para o planejamento inicial dos treinamentos, mas é importante lembrar das variações das relações sociais e o sentido atribuído às vivências particulares
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