Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Karla Mendonça A concentração sérica de sódio (natremia) é responsável pela osmolaridade dos nossos fluidos. A dosagem normal de sódio é de 135 – 145 mEq/L. A osmolaridade tem uma faixa de variação normal, porém se for muita, será um problema. Menos água = desidratação = aumento de sódio (concentrado, hipernatremia). A membrana plasmática funciona como uma membrana semipermeável, separando o intracelular do extracelular. O principal soluto extracelular é o sódio e intracelular o potássio. Osmpl: 2x [Na] + [glicose]/18 + [ureia]/6 O sódio é o principal íon que modifica a osmolaridade. *DM2 varia osmolaridade pela quantidade de glicose. Faixa da osmolaridade: 275 a 290 mOsm/L A osmolaridade plasmática possui dois mecanismos regulatórios: • ADH (se ativa com a osmolaridade alta, o ADH reabsorve água pelos canais de aquaporina, a urina fica mais concentrada, para reduzir a perda de água se a pessoa não bebe água) • Centro da sede (se ativa com a osmolaridade alta, fica no hipotálamo). É produzido no hipotálamo e armazenado na neuro-hipófise. Se a osmolaridade cair para menos de 275 mOsm/L = suprime a liberação do ADH. O ADH regula a reabsorção de água no túbulo renal e consequentemente a concentração urinária. Outro estímulo a secreção de ADH é a redução do volume circulante efetivo em pelo menos 8%. O centro da sede é representado por um grupo de neurônios do hipotálamo ativados por aumento da osmolaridade sérica (> 290 mOsm/L). A sede é o principal fator protetor contra a hiperosmolaridade. Ex: Após exercício físico prolongado o indivíduo aumenta produção de ADH e estimula a sede. Melhorar osmolaridade para diminuir a sede. Mas porque é instantâneo quando bebemos água não temos sede, sendo que não é tão rápido que regulamos a osmolaridade? Receptores na faringe dão a sensação de saciedade. Em 20- 30min a água é absorvida. Se a quantidade de água não foi suficiente para diminuir a osmolaridade, temos sede novamente. Na < 135 mEq/L É o distúrbio mais encontrado em pacientes hospitalizados. Ela expressa na maioria das vezes um estado hiposmolaridade ou hipotônico (excesso de água no organismo) Em paciente com IC, cirrose hepática temos um quadro de hipervolemia, em que sódio fica diluído, e por isso temos hiponatremia, mas não pela perda de sódio pelo organismo. Hiponatremia Hipotônica Hipo volêmica Normo volêmica Hiper volêmica Karla Mendonça • Hiponatremia hipovolemia: perde água e sódio também. Paciente desidratado. Diminuição da volemia Sódio urinário < 20mEq/L nos indica que as perdas são extrarrenais de volemia (vômitos diarreia, hemorragias) ⎯ Nas hemorragias temos perda de sódio por conta que esse íon está presente no vaso sanguíneo. Sódio urinário > 40 mEq/L nos indica que a perda pode ser causada por diuréticos tiazídicos; síndrome perdedora de sal; hipoaldosteronismo. ⎯ Diuréticos tiazídicos: o mecanismo de ação é perda de íon para levar a água junto. • Normovolêmica: pode ser por incapacidade de excretar água livre (aumento do ADH), nos casos de: ⎯ Hipotireoidismo, Insuficiência Suprarrenal, Síndrome da antidiurese inapropriada (SIAD) Podendo ser também por conta da baixa de soluto (e alta do solvente): ⎯ Polidipsia primária(>16L), alcoolismo, desnutrição, RTU de próstata. • Hipervolêmica: muita água, muito volume, e assim dilui o sódio. Cursam com o aumento da água corporal total (edema). Há perda de volume para o 3º espaço, tendo hipovolemia relativa pelo aumento na secreção do ADH. ⎯ ICC, cirrose, insuficiência renal. Diurético de alça (furosemida), porque o tiazídico pode perder mais sódio. Se houver queda abrupta para abaixo de 125 mEq/L em indivíduos normais ou abaixo de 130 mEq/L em indivíduos muito idosos ou com hipertensão IC. Pode haver transferência de liquido do extra para o intracelular (Edema neuronal) causando cefaleia, náuseas, vômitos, agitação, desorientação, crise convulsiva, coma e até óbito. A redução da osmolaridade é a principal manifestação clínica. O maior risco é quando a alteração de sódio de forma aguda. Se instalação lenta, geralmente indivíduos assintomáticos (cautela na correção). Sangramento agudo, IRA, doenças neurológicas podem causar perda de sódio. Paciente Hipovolêmico: • Soro Fisiológico 0,9% para restaurar volemia. O SF possui uma quantidade de sódio semelhante a do nosso corpo, por isso não repõe, só mantém. Crônica Normo ou hipervolêmica: • Suspender medicamentos que causam diminuição de sódio (antidepressivos, anticonvulsivantes e diuréticos) • Restrição hídrica ou uso de furosemida. • Bloqueadores do receptor da vasopressina (ADH) Hiponatremia Aguda sintomática (< 48h): • Reposição de sódio endovenoso. • Aumentar 3-6 mEq em 3h e máximo 12 mEq/dia. • Realizar com solução salina a 3% (150 ml NaCl 20% + 850 ml ABD ou SF 0,9% 9 partes + 1 parte NaCl 20%) Karla Mendonça *ABD é água biodestilada (água pura): nada de sódio. *SF com concentração de 0,9% Opção 1: 850 ml de ABD + 150ML de NaCl 20% (para tirar a prova se está certo, multiplica 150 x 20 = 3000 e divide por 1000 = 3, ou seja, Nacl 3% de sódio. Nesse caso não mexemos com o ABD, porque não há nada de sódio na água biodestilada). Opção 2: 900ml de NaCl 0,9 + 100ml de NaCl 20% (para tirar a prova faz 900 x 0,9 = 810 e soma a 100 X 20 = 2000, dá igual a 2810 e divide por 1000 = 2,81). Ou seja, próximo a 3%. • Homem = 0,6 (constante) X peso do paciente X variação do Na (valor do Na do paciente – valor de referência do Na). O máximo da variação de Na+ é 12 ao dia. Se a variação é 25, dá só 12 no dia. • Na mulher = 0,5 (constante) X peso do paciente X variação do Na+ Exemplo: Feminino, 60 anos, pesa 60 Kg e possui sódio de 115 mEq/L. • Variação de Na+ é 20, se fizer 135-115. Mas só fazemos 12. Déficit de sódio: 0,5X60X12= 360. **Espera-se que no dia seguinte esteja 127 o Na+ da paciente, já que 115 + 12 = 127. Volume de sódio NaCl a ser infundido: (Déficit de sódio X100) / 51. • 1º infusão (variação 3mEq/L) – 3 h. • 2º infusão (variação 12mEq/L) – 24 h. No exemplo o volume a ser infundido: é (360 X 100):51 = 705 ml de salina 3% / 24h. *Faz 700ml de soro. Uso EV: 900ml de SF 0,9 + 100ml de NaCl 20% Desprezar 300ml e administrar o restante em BIC a 30ml/h Um frasco de 1000ml de SF, descarta 100ml e adiciona NaCl 20% (10 ampolas). Bomba de infusão continua (BIC). Exemplo: masculino, 50 anos, pesa 60 Kg e apresenta Na= 110 mEq/L Responda: - Qual a quantidade de salina a 3% deverá ser infundida nas primeiras 3 horas? - Qual a quantidade de salina a 3% deverá ser infundida em 24 horas considerando como máximo de variação do sódio 12 mEq? Posso variar de 3 a 6mEq/L nas primeiras 3h. Se variar muito em 3h, lembrar que nas outras 21h posso variar só o restante para completar 12. R: Déficit de sódio: 0,6X60X3= 108 Quantidade de salina 3%: (108x100): 51= 211 ml em 3 horas 0,6X60X12 = 432. 432X100 / 51= 847ml. BIC = 35ml/h em 24h. Prescrição: 850ml de ABD e 150ml de NaCl 20%, descartar 150, e o restante corre em BIC 35ml/h. Na > 145 mEq/L A hipernatremia pode ser devido à perda de água, expressando um estado hiperosmolar sanguíneo, ou seja, osmolaridade alta. Com as osmolaridade alta há o estimulo da sede e o estimulo ao ADH. Ex: diarreia. Perde liquido e sódio. Aumenta osmolaridade. Aumenta a sede = equilibra a osmolaridade, e a hipernatremia. Se a causa é a desidratação, hidratação resolve. Na maioria das vezes a hipernatremia representa um estado de desidratação Pode acontecer por: ⎯ Perda de água livre ou de fluidos hipotônicos; ⎯ Incapacidade de ingerir ou ter acesso a líquidos;Karla Mendonça Em indivíduos com o centro da sede funcionando normalmente a ingesta de líquidos corrigirá o processo. É mais comum com recém-natos, lactentes (que dependem do adulto para ingerir água), idosos (centro da sede envelhecido, falta de mobilidade/ acamados), intubados, rebaixamento de sensório. Em um paciente desidratado, temos alteração do sódio e da ureia. Ureia aumenta em paciente hipovolêmico, mesmo sem IRA. O objetivo da correção é baixar o sódio em no máximo 10 mEq/dia. 1. Perdas cutâneas (suor, febre, queimaduras, respiração); paciente com doença respiratória, que fica taquipnéico aumenta a perda de liquido pela respiração. 2. Diarreia osmótica; às vezes, tem já uma diarreia e toma uma bebida hipertônica (mais eletrólitos que solvente), ou seja, que possui alta concentração, no intestino essa solução hipertônica “puxa” água, e assim tem diarreia osmótica. 3. Poliúria osmótica (diabetes mellitus); 4. Diabetes insipidus; 5. Diuréticos de alça; no caso, de um paciente com IC edemaciado, usa furosemida; compensado, reduzir a dose do diurético, mas não reduzimos, assim, o diurético em excesso pode desidratar o paciente. 6. Hiperaldosterismo primário; a aldosterona reabsorve sódio no tubo coletor, e um pouco de água também. Para cada sódio reabsorvido, um hidrogênio ou potássio são secretados na urina. No hiperaldosterismo (rara), temos muita aldosterona sendo liberada, muita reabsorção de sódio, não eliminando na urina. 7. Hipodipsia (redução patológica da ingestão de liquido); 8. Administração de sódio (salina hipertônica, excesso de sal, ingestão de água salgada); água do mar, afogamento, o paciente absorve muito sódio. Desidratação neuronal (encefalopatia hiperosmolar): quando o sódio aumenta no meio extracelular, a osmolaridade aumenta, começa a sair liquido do neurônio para equilibrar essa concentração (desidrata o neurônio); rebaixamento de sensório, crise convulsiva, coma. Fraqueza e dor muscular. Podemos ter hemorragia intraparenquimatosa, subaracnóide e subdural (em crianças). Reposição de água livre (preferível a via oral). Pode fazer administração por sonda nasoentérica. Se for necessária reposição por via endovenosa, poderá ser utilizada: Soro Glicosado 5% (não tem sódio), Salina hipotônica 0,45% ou 0,2% (menor que 0,9% porque essa é concentração do plasma). O soro fisiológico tem quase que a mesma concentração de sódio da nossa corrente sanguínea. ABD pura estimula a hemólise. 500ml de ABD + 500ml NaCl 0,9% = a concentração cai pela metade, para 0,45%. • Homem: 0,5 x peso x (Na paciente/Na desejado -1) • Mulher: 0,4 x peso x (Na paciente/Na desejado -1) Salina 0,45%(2x), salina 0,2%(1,33x) ou SG 5% (1x). Karla Mendonça Exemplo: Paciente do sexo masculino, 70 Kg, Na=160 mEq/L, estado comatoso. Em 24h Na+ desejado: 160 – 10= 150 mEq/L Qual o déficit de água? H: 0,5 x peso x (Na paciente/Na desejado -1) 0,5 x 70 x (160/150 – 1) = 2,3 L (2.300 ml) Então: Soro glicosado 5% = 2.300 ml Salina 0,2% = 3.000 ml (x 1,33) Salina 0,45% = 4.600 ml (x 2). Porque só 2.300ml é de água realmente. K< 3,5 mEq/L O Potássio é um cátion que se encontra em sua maior parte no ambiente intracelular. O maior reservatório de potássio no corpo é o músculo esquelético, por isso, quando temos alteração desse íon, podemos ter comprometimento muscular (fraqueza muscular). Musculatura lisa também pode ser comprometida, como a contração do intestino. O potássio também é envolvido pela contração cardíaca e na condução do estimulo cardíaco (arritmia). A calemia é o nível de potássio no sangue, que é baixa e deve ser mantida de 3,5 – 5,5 mEq/L. Após ingesta de K a maioria irá para o intracelular. A insulina e a adrenalina são hormônios que promovem um influxo acelerado de potássio. O potássio que sobrou será eliminado pelo rim 6-8h após a ingesta, por ação da aldosterona. A aldosterona regula a eliminação de K no túbulo coletor, retém Na+ em troca de K ou H. Pode ocorrer por baixa ingesta, perdas anormais ou estímulo ao influxo intracelular exagerado. A causa deve ser sempre investigada. As manifestações clínicas acontecem geralmente com K< 3,0 Pode levar a distúrbios de condução cardíaca, disfunção da musculatura esquelética e lisa. 1. Fraqueza muscular e fadiga 2. Palpitações (extrassístole ou arritmias). Extrassístole = batimento fora do habitual, vem de um lugar diferente do nó sinusal. 3. Dispneia (fraqueza dos músculos respiratórios) 4. Parestesias, cãibras musculares, hiporreflexia 5. Constipação e distensão abdominal 6. Alterações no eletrocardiograma (Onda T aplainada, alargamento QTi, onda P apiculada) ECG: onda T achatada e reduzida de tamanho. Onda P aumentada. Intervalo QT aumenta. • Baixa Ingesta • TGI (vômito, diarreia..). Perde potássio, queda do potássio total. • Alcalose metabólica = ph alterado faz com que mais potássio entre dentro da célula, o potássio extracelular reduz. Algumas situações deslocam o potássio para o intracelular. • Diuréticos (tiazídicos, alça) • Poliúria e hipomagnesemia. O magnésio e o potássio dependem um do outro, quando um sofre queda, o outro também sofre. • Medicamentos (penicilina.) • Insulina, Adrenalina, Beta-2-agonista para asma (medicações, deslocamento). Muita insulina e muita adrenalina modificam o equilíbrio. • Reposição de cloreto de potássio VO ou EV • Leve/moderado (3-3,5): tratamento via oral (ex: KCl 6% 15- 30 ml 3x/dia). Xarope de KCl ou comprimido. • Grave (K< 3,0): Reposição intravenosa. VO + EV. Ampolas de KCL de 10% ou Karla Mendonça 19,1% em BIC. Associa o tratamento para via oral. Temos valor máximo de potássio dia, se não irrita o vaso sanguíneo, sem acesso central (pode diluir mais). Destruição celular aumenta o potássio. iECA inibe a aldosterona, reduz a eliminação de potássio, faz hipercalemia. K> 5,5 mEq/L Distúrbio menos comum do que a hipocalemia. A principal causa é a Insuficiência Renal (dificuldade em eliminar potássio). Quando a ingesta de potássio se torna maior paulatinamente há aumento da excreção pelo néfron distal (ação da aldosterona). O aumento agudo do potássio pode levar a alterações no tecido cardíaco e muscular esquelético. Podendo ser crônica ou aguda. Há indicação de diálise quando tem hipercalemia grave (maior que 7,5 ou ECG alterado) e refrataria. O eletrocardiograma possui padrão progressivo de alteração de acordo com a gravidade e rapidez. ⎯ Alterações do ECG: onda T alta e apiculada, fica simétrica, naturalmente é apiculada (alteração mais importante). Onda P achatada. Intervalo QT reduz. Alargamento do QRS. Valores maiores que maiores que 6,5 possuem uma chance maior de complicações. Hipercalemia grave: K>7,5 ou alterações ECG. Retenção de potássio: IRA, DRC, administração de potássio em excesso (hipocalemia grave, repõe potássio, VO, pode aumentar com xarope oral). Dificilmente a ingesta de alimentos aumentam o potássio. Saída de potássio da célula, já que a destruição celular aumenta o potássio: hiperosmolaridade, exercício físico extenuante, acidose metabólica (distúrbio da insuficiência renal), rabdomiólise, hemólise (lesão celular), drogas (digitálicos, BB), paralisia periódica hipercalêmica. Pseudohipercalemia: hemólise das células da amostra de sangue após coleta (coleta de sangue, demora, hemólise de hemácia, pode dar hipercalemia, extravasou o potássio. Sangue armazenado inadequadamente). ⎯ Gluconato de cálcio 10% - ampola 10 ml endovenosa. Não reduz potássio, estabiliza a membrana cardíaca, impede arritmia grave. Para pacientes com hipercalemia grave (maior que 7,5 ou ECG alterado). Até em casos de PCR. ⎯ Glicoinsulinoterapia:10 UI Insulina Regular + SG 50% 100 ml (correr em 20 a 60 minutos) – meia vida: 4-6 horas. Como em casos de acidose metabólica, que o potássio sai do meio intracelular para o extra. Damos insulina para entrada na célula, associamos com glicose para o paciente não fazer hipoglicemia. ⎯ Bicarbonato de sódio: alcaliniza o plasma. Em casos de acidose metabólica. ⎯ Nebulização com Beta-2-agonista: estimula a entrada de potássio na célula – 10 a 20 gotas salbutamol/Fenoterol. ⎯ Diuréticos de alça (Furosemida). Tiazídico faz uma queda de potássio muito pequena. Com de alça eliminamos potássio pela urina. Tem IRA, deu diurético, não urinou grande quantidade, paciente refratário e grave = diálise. ⎯ Resina de troca (sorcal): perda por via intestinal, mecanismo de quelante. O sorcal demora agir.
Compartilhar