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ZAZ1374 - Princípios da Nutrição Animal Prof. Ives Bueno 1 d a CONTEÚDO LIVRE PARA TODOS OS ALUNOS DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA L Metabolismo Alimentos contendo nutrientes e energia: • Carboidratos • Proteínas • Lipídeos Produtos finais: • CO2 • H2O • NH3 CATABOLISMO Macromoléculas celulares: • Polissacarídeos • Proteínas • Lipídeos • Ácidos nucleicos Precursores moleculares: • Açúcares • Aminoácidos • Ácidos graxos • Bases nitrogenadas ANABOLISMO ADP+HPO4 NAD+ NADP+ FAD ATP NADH NADPH FADH2 Carboidratos P rin c íp io s d a N u triç ã o A n im a l Z A Z -1 3 7 4 O que são carboidratos? Carboidratos (ou hidratos de carbono, ou glicídios) são substâncias orgânicas ternárias compostas de carbono, hidrogênio e oxigênio, encontrando-se o hidrogênio e o oxigênio na mesma proporção que na formação da molécula de água, donde o nome CARBOIDRATO. Cn(H2O)n sacarose Composição dos carboidratos São constituídos principalmente por: Hexosanas (formadas por hexoses ou moléculas de 6 átomos de carbono) Pentosanas (formadas por pentoses ou moléculas de 5 átomos de carbono) Trioses e dioses estão algumas vezes presentes Glicose C6H12O6 Carboidratos O termo glicídio (ou glucídio) deriva-se do grego glukus, que significa doce Os glicídios (CHO) são sintetizados pelos vegetais clorofilados Os principais glicídios são os açúcares, os amidos, as celuloses, as gomas e substâncias afins Açúcares e amido são facilmente digeridos pelos animais e têm elevado valor alimentício (energético) Celulose e outros glicídios complexos são digeridos com mais dificuldade, normalmente com gasto energético e em simbiose com microrganismos ZAZ1374 - Princípios da Nutrição Animal Prof. Ives Bueno 2 Carboidratos Esqueleto de carbono usado para a produção de energia e síntese de outras substâncias Afinidade pelo ácido fosfórico para a produção de compostos de alta energia (ATP) Participação nas estruturas bioquímicas do DNA e do RNA Presença em certas plantas de glicosídeos tóxicos aos animais Carboidratos A – OSES: açúcares redutores não hidrolisáveis (monossacarídeos) B – OSÍDIOS: compostos que dão origem , por hidrólise, a uma ou mais OSES HOLOSÍDIOS – se todos os produtos da hidrólise são oses HETEROSÍDIOS – se as oses não forem os únicos resultantes da hidrólise Carboidratos A – OSES (monossacarídeos) A.1 – TRIOSES: diidroxiacetona (ausente nos alimentos naturais) gliceraldeído (constituinte da triose-fosfato) Carboidratos A – OSES (monossacarídeos) A.2 – PENTOSES: ribose (constituinte das nucleoproteínas e presente em todos os tecidos); xilose (presente nos tecidos de sustentação dos vegetais); arabinose (gomas vegetais) ramnose e fucose (presentes em algas) Carboidratos A – OSES (monossacarídeos) A.3 – HEXOSES: glicose (tecidos animais e vegetais, livre ou combinada); manose (açúcar protídico dos animais); galactose (constituinte da lactose do leite); frutose (constituinte da sacarose e da inulina nos tecidos vegetais e no esperma) Carboidratos B – OSÍDIOS B.1 – HOLOSÍDIOS: B.1.a – Diholosídios (dissacarídeos): formados por duas moléculas de monossacarídeos sacarose (cana-de-açúcar, beterraba) (gli-fru) trealose (cogumelos) (gli-gli) lactose (leite) (gal-gli) maltose (produto da hidrólise do amido e do glicogênio) (gli-gli) celobiose (produto da hidrólise da celulose) (gli-gli) ZAZ1374 - Princípios da Nutrição Animal Prof. Ives Bueno 3 Carboidratos B – OSÍDIOS B.1 – HOLOSÍDIOS: B.1.b – Poliholosídios (polissacarídeos): formados por três ou mais moléculas de monossacarídeos rafinose (beterraba) amido (reserva glicídica dos vegetais) inulina (reserva glicídica de certos tubérculos) glicogênio (reserva glicídica dos animais) celulose (constituinte da parede celular das plantas) Carboidratos B – OSÍDIOS B.1 – HOLOSÍDIOS: B.1.b – Poliholosídios (polissacarídeos): formados por três ou mais moléculas de monossacarídeos lignina (não é CHO verdadeiro. Pertence às matérias pécticas) quitina (pertence às matérias pécticas. Presente em insetos) gomas (contituídas de pentosanas. Goma xilana e goma arabana) Carboidratos B – OSÍDIOS B.2 – HETEROSÍDIOS: por hidrólise, resultam em um ou mais glicídios e outros componentes a fração não-glicídica é formada por taninos, flavonas, alizarina e outros normalmente possuem propriedades farmacodinâmicas ou tóxicas Os carboidratos na nutrição animal P rin c íp io s d a N u triç ã o A n im a l Z A Z -1 3 7 4 Carboidratos na nutrição Plantas 75 % (constituinte mais importante) (sacarose, amido, celulose, hemicelulose, pectina, lignina) Animais 0,5 a 1,0 % (glicose e glicogênio) Em nutrição animal, classificamos em dois grandes grupos: Carboidratos não estruturais (AMIDO, AÇÚCARES) Carboidratos estruturais (CELULOSE, HEMICELULOSE, PECTINA) OU Carboidratos não fibrosos (AMIDO, AÇÚCARES, PECTINA) Carboidratos fibrosos (CELULOSE, HEMICELULOSE) Carboidratos na nutrição Presente nos grãos de cereais, nas folhas dos vegetais, palhas, talos, nos tubérculos, raízes e frutos A lactose do leite é importante nutriente energético de origem animal A glicose é o nutriente glicídico celular O amido é a reserva glicídica dos vegetais A celulose é um componente da estrutura da célula vegetal muito abundante, tornando-se importante na alimentação de ruminantes ZAZ1374 - Princípios da Nutrição Animal Prof. Ives Bueno 4 Funções nutricionais dos carboidratos P rin c íp io s d a N u triç ã o A n im a l Z A Z -1 3 7 4 Funções nutricionais dos carboidratos Para ao animais, os carboidratos desempenham as seguintes funções: 1. Energética 2. Metabolismo das gorduras 3. Formação das gorduras de reserva, da lactose e dos lipídios da produção 4. Economia de proteínas 5. Lastro 6. Outras Função energética Carboidratos são a maior fonte de energia das dietas Todos os nutrientes orgânicos podem ser usados para geração de energia Os carboidratos são os mais importantes e mais baratos Carboidratos podem ser digeridos e absorvidos em grande quantidade e facilmente Função no metabolismo das gorduras A diminuição da ingestão de glicídios pode conduzir a distúrbios graves A falta de carboidratos leva a utilização de maiores quantidades de lipídios No metabolismo dos lipídios, os radicais acetilados são condensados com ácido oxalacético Ácido oxalacético é produzido a partir do ácido pirúvico, que por sua vez é produzido a partir da glicose Na falta de glicídios, os radicais acetilados vão originar corpos cetônicos Função na formação de gorduras de reserva, da lactose do leite e das gorduras das produções Toda absorção de glicídios acima da capacidade de estocagem de glicogênio é direcionada a formação de gordura O excedente possibilita a engorda dos animais bem como a produção de gorduras que compõem os produtos animais (leite, ovos...) Na lactação, a glândula mamária retira glicose do sangue para a formação de galactose e síntese da lactose (gli+gal) Função na economia de proteínas Caso haja deficiência de carboidratos na dieta do organismo, os glicídios animais podem ser produzidos a partir de aminoácidos (gliconeogênese) Esta síntese não é boa solução metabólica, muito menos econômica Assim, uma dieta adequada em glicídios (energia) economiza proteínas para uso mais nobre ZAZ1374 - Princípios da Nutrição Animal Prof. Ives Bueno 5 Função de lastro Com exceção dos ruminantes e dos herbívoros monogástricos com efetiva fermentação colo-cecal, nos quais desempenham função especial, as fibras têm como principal papel a função de lastro Proporciona adequada repleção do sistema digestório Proporciona condições normais de peristaltismo intestinal Atua como um atributo puramente físico: volume Função de lastro As fibras sempre devemfazer parte das dietas Para ruminantes: proporção elevada 20 a 33% ou até mais Equídeos e coelhos: muito importante Suínos: 3 a 10% Aves: 2 a 5% Funções específicas de alguns glicídios Glicose – para monogástricos, é a forma essencial sob a qual os glicídios são distribuídos aos tecidos Hexosaminas – 2-aminoglicose e 2-aminogalactose participam em vários polissacarídeos como quitina e ácido hialurônico Galactose – entra na composição das glicoproteínas Pentoses – a D-ribose e a desoxirribose entram na constituição de ácidos nucleicos (multiplicação celular; transmissão gênica) Ácidos pirúvico, oxalacético e -cetoglutárico – ácidos resultantes do catabolismo dos glicídios que possuem papel importantíssimo no metabolismo de glicídios, proteínas e lipídios Os carboidratos na nutrição de monogástricos P rin c íp io s d a N u triç ã o A n im a l Z A Z -1 3 7 4 Digestão e absorção dos carboidratos por monogástricos O amido (amilose e amilopectina) é a principal fonte de carboidratos para o monogástricos Outras fontes importantes na dieta de monogástricos são a lactose (leite) e a sacarose (cana-de-açúcar e beterraba) Enzimas hidrolisam estes compostos em unidades menores, passíveis de absorção Amido AMILOSE AMILOPECTINA Cadeia linear, não ramificada, de 250 a 300 monômeros, pontes glicosídicas α 1-4 Cadeia ramificada, menos hidrossolúvel que a amilose, cerca de 1400 monômeros, pontes glicosídicas α 1-4 e α 1-6 a cada 24-30 moléculas ZAZ1374 - Princípios da Nutrição Animal Prof. Ives Bueno 6 Digestão e absorção dos carboidratos Vilosidades Enterócitos - enzimas para hidrólise de sacarídeos: sacarase maltase isomaltase lactase α-dextrinase Digestão e absorção dos carboidratos amilopectina amilose -dextrina maltotriose maltose maltotriose lactose sacarose galactose glicose lactase frutose sacarase glicose maltase maltase maltase amilase Tr an sp o rt e at iv o -dextrinase Metabolismo dos carboidratos Os carboidratos absorvidos sob a forma de glicose, galactose e frutose são metabolizados de três maneiras: 1. Como fonte imediata de energia 2. Como precursor de glicogênio do fígado e dos músculos 3. Como precursor de triglicerídeos Glicose-6-fosfato Glicose Frutose-6-fosfato Frutose-1,6-difosfato Dihidroxiacetona fosfato Gliceraldeído-3-fosfato Hexoquinase Isomerase Fosfofrutoquinase ATP ADP ATP ADP Fonte de energia Glicólise (via Embden-Meyerhof-Parnas) Como glicose possui 6 C, a glicólise de 1 molécula de glicose pode gerar 2 moléculas de gliceraldeído-3- fosfato (3 C), com gasto de 2 ATP ADP ATP Fonte de energia Glicólise (via Embden-Meyerhof-Parnas) Gliceraldeído-3-fosfato 1,3-difosfoglicerato 3-fosfoglicerato 2-fosfoglicerato fosfoenolpiruvato piruvato Pi NAD+ NADH2 ADP ATP H2O Desidrogenase Quinase Mutase Enolase Piruvato quinase A cada 2 moléculas de gliceraldeído-3-P, são gerados 4 ATP e 2 NADH2, que por sua vez gerarão 6 ATP (fosforilação oxidativa) com gasto de 2 ATP para entrar na mitocôndria Produção de ATP: - 2 + 4 + 4 = 6 ATP Fonte de energia Glicólise (via Embden-Meyerhof-Parnas) O piruvato pode penetrar na mitocôndria Na mitocôndria, o piruvato é descarboxilado oxidativamente, produzindo por molécula de piruvato 15 ATP Então por molécula de glicose são gerados 6 ATP na formação de 2 piruvatos, mais 30 ATP na sua descarboxilação, totalizando 36 ATP. Durante este processo, 39% da energia são conservados, o restante é perdido durante o processo (desperdício calórico) ZAZ1374 - Princípios da Nutrição Animal Prof. Ives Bueno 7 De glicose para glicogênio Excesso de energia é armazenado Formas de armazenamento de energia no animal: glicogênio e gordura Quando o animal se alimenta (carboidratos), o teor sanguíneo de glicose aumenta Insulina desencadeia a transformação da glicose em glicogênio Glicogênio: composto de elevada energia e de fácil mobilização No entanto, a quantidade de glicogênio é baixa Jejum de 24 horas praticamente reduz a zero a reserva de glicogênio pâncreas pâncreas insulina glucagon estimula estimula Célula beta Célula alfa Célula alfa Célula beta Alto teor de glicose Baixo teor de glicose Fígado absorve glicose e armazena na forma de glicogênio Fígado quebra o glicogênio e libera a glicose alimento Regulação da glicemia De glicose para gordura A capacidade de armazenar energia na forma de glicogênio é bastante limitada Assim, quando a ingestão de carboidratos excede as necessidades normais, o açúcar é transformado em gordura Este princípio é usado na engorda de animais Os carboidratos na nutrição de ruminantes P rin c íp io s d a N u triç ã o A n im a l Z A Z -1 3 7 4 Carboidratos no rúmen No rúmen os carboidratos sofrem dois processos: 1. Hidrólise 2. Fermentação Como consequência do aproveitamento dos carboidratos pelos microrganismos, enquanto os monogástricos absorvem monossacarídeos dos carboidratos, os ruminantes absorvem AGCC e pouco ou quase nada de monossacarídeos Degradabilidade ruminal dos carboidratos ZAZ1374 - Princípios da Nutrição Animal Prof. Ives Bueno 8 Velocidade de fermentação dos carboidratos 1. Glicose, frutose, sacarose – Imediata 2. Maltose, Lactose, Galactose – Rápida 3. Amido – Velocidade intermediária 4. Celulose e hemicelulose – Lenta 5. Lignina – Muito lenta (praticamente nula) Ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) Provenientes de: 1. Fermentação microbiana 2. Alimentos previamente fermentados (SILAGENS) Ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) Concentração de AGCC no rúmen depende de: 1. Dieta. Variação na composição dos carboidratos a. Celulose. Predomina ácido acético b. Amido. Predomina ácido propiônico Ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) Concentração de AGCC no rúmen depende de: 2. Nível de ingestão. Relacionado ao tempo de retenção. ↑ nível de ingestão ↓ TMRrúmen ↓ ácido acé�co ↓ nível de ingestão ↑ TMRrúmen ↑ ácido acé�co Ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) Concentração de AGCC no rúmen depende de: 3. pH AGCC pH Acético 6,0 – 7,0 Propiônico Pico = 5,9 Butírico Pico = 5,5 Lático < 5,0 A maior parte da energia consumida pelos ruminantes provem de: 1. Polissacarídeos das paredes de células vegetais (CHO fibrosos) 2. Polissacarídeos de reserva (CHO não fibrosos) Carboidratos do alimento ZAZ1374 - Princípios da Nutrição Animal Prof. Ives Bueno 9 Maior parte: CHOs estruturais Celulose: homopolissacarídeo, constituída por unidades de glicose (Gli) ligadas entre si por ligações glicosídicas β-1,4 Gli – Gli – Gli – Gli – ... – Gli – Gli – Gli – Gli Carboidratos da forrageira Tipo de CHO Leguminosastemperadas Gramíneas temperadas Gramíneas tropicais Açúcares solúveis 2 - 5 3 - 6 1 - 5 Amido 1 - 11 0 - 2 1 - 5 Frutosanas - 3 - 10 - Celulose 20 - 35 15 - 45 22 - 40 Hemicelulose 4 - 17 12 - 27 25 - 40 Pectina 4 - 12 1 - 2 1 - 2 Hemicelulose e pectina: composições heterogêneas de polissacarídeos Hemicelulose: arabinoxilanas + xiloglicanas + glicomananas Pectina: ácido galacturônico (e seu metil derivado) + galactose + arabinose Carboidratos da forrageira Metabolismo microbiano dos carboidratos P rin c íp io s d a N u triç ã o A n im a l Z A Z -1 3 7 4 Rúmen Tanque de fermentaçãoTanque de fermentação Estabilidade de temperatura, anaerobiose e pH Estabilidade de temperatura, anaerobiose e pH Estrutura física e composição química dos alimentos variam muito Estrutura física e composição química dos alimentos variam muito Ao invés de 1 ou 2 tipos de microrganismos inúmeros microrganismos pertencentes a 4 principais grupos (bactérias, arqueias, protozoários e fungos) Ao invés de 1 ou 2 tipos de microrganismos inúmeros microrganismos pertencentes a 4 principais grupos (bactérias, arqueias, protozoáriose fungos) Desenvolvimento da microbiota O rúmen de bezerro recém-nascido é pouco desenvolvido e não contém bactérias Os primeiros microrganismos a se desenvolverem são bactérias anaeróbias, seguidas pelas bactérias celulolíticas e fungos e, em seguida, pelos protozoários ciliados Ao primeiro dia, o rúmen é inoculado com um grande número de bactérias através da saliva da mãe; se a separação ocorre muito cedo, o bezerro sofre de estresse, redução da imunidade e atraso no desenvolvimento do rúmen Desenvolvimento da microbiota ZAZ1374 - Princípios da Nutrição Animal Prof. Ives Bueno 10 A transição do leite para sólidos deve ocorrer após a colonização microbiana estar completa, a fim de evitar distúrbios digestivos nos animais jovens Quando o ecossistema microbiano está estabilizado, o ruminante jovem está pronto para digerir alimentos sólidos. Número e tipo de bactérias no rúmen dependem em grande parte da dieta Desenvolvimento da microbiota Desenvolvimento do ecossistema microbiano ruminal A colonização do rúmen segue uma sequência muito precisa: Bactérias anaeróbias aparecem já após algumas horas do nascimento, Bactérias celulolíticas e arqueias metanogênicas em 2-4 dias de idade, Fungos anaeróbios colonizam o rúmen durante a segunda semana, Protozoários ciliados começam a se estabelecer somente na terceira semana. Desenvolvimento da microbiota Rúmen esôfago orifício retículo-omasal FASE GASOSA FASE SÓLIDA FASE LÍQUIDA alimentos grossos alimentos finos Contrações do retículo-rúmen Bactérias e arqueias do rúmen População na ordem de 1010-1011/ml de líquido ruminal Mais de 200 espécies identificadas no rúmen Correspondem a até 50% do total de biomassa microbiana Importante fonte de proteína microbiana, que supre o ruminante com 75-80% de sua proteína metabolizável Bactérias e arqueias do rúmen Produzem enzimas que digerem as fibras Funções especializadas: incluindo degradação e uso da celulose, hemicelulose, amido, açúcares, proteínas, lipídios Produção de gases geradores do efeito estufa (subprodutos da fermentação) Tempo de vida: 20 minutos – 3 horas ZAZ1374 - Princípios da Nutrição Animal Prof. Ives Bueno 11 Protozoários do rúmen População ao redor de 106/ml de líquido ruminal Podem representar até 50% da biomassa microbiana Dois tipos de protozoários: 1. Entodiniomorfos – produzem enzimas que ajudam na digestão 2. Holotriquias – ingerem bactérias e açúcares solúveis (engolfamento) Tempo de vida de 8 a 36 horas Fungos do rúmen A presença e a função de fungos anaeróbios no rúmen têm sido uma incógnita até recentemente Compreendem até 8% da massa microbiana Atacam a parede celular do alimento vegetal Podem solubilizar pequenas quantidades de lignina, liberando nutrientes para as bactérias Degradam celulose e hemicelulose Ciclo de germinação de 24 horas Fungos do rúmen Fungos ruminais Fatores de crescimento Competição pelos açúcares Anaerobiose Estímulo aos fungos solubilizadores de tecidos lignificados Fortalece a atividade bacteriana hehemicelulose celulose hemicelulose pectina frutosanas amido pentoses ácidos urônicos galactose frutose dextrinas celobiose maltose glicose piruvato AGCC Degradação dos carboidratos no rúmen celulose hemicelulose pectina frutosanas amido pentoses ácidos urônicos galactose frutose dextrinas celobiose maltose glicose piruvato AGCC Degradação dos carboidratos no rúmen Celulose: hidrolisada por endo e exocelulases que atacam as ligações β 1-4 no interior e no final da cadeia de polímeros – liberam celobiose e glicose ZAZ1374 - Princípios da Nutrição Animal Prof. Ives Bueno 12 celulose hemicelulose pectina frutosanas amido pentoses ácidos urônicos galactose frutose dextrinas celobiose maltose glicose piruvato AGCC Hemicelulose: digestão mais complexa – estrutura heterogênea (varia entre plantas ou entre tecidos) – a hidrólise bacteriana resulta em pentoses (xilose, xilobiose e arabinose) Degradação dos carboidratos no rúmen celulose hemicelulose pectina frutosanas amido pentoses ácidos urônicos galactose frutose dextrinas celobiose maltose glicose piruvato AGCC Pectina: digestão complexa – a hidrólise bacteriana resulta em hexoses (galactose e ácidos glicurônico e galacturônico) Degradação dos carboidratos no rúmen celulose hemicelulose pectina frutosanas amido pentoses ácidos urônicos galactose frutose dextrinas celobiose maltose glicose piruvato AGCC Degradação dos carboidratos no rúmen Frutosanas: hidrolisadas – liberando frutose celulose hemicelulose pectina frutosanas amido pentoses ácidos urônicos galactose frutose dextrinas celobiose maltose glicose piruvato AGCC Degradação dos carboidratos no rúmen Amido: hidrolisado por amilases dos tipos α e β e também por isoamilases – α-amilases hidrolisam ligações no interior da cadeia, liberando maltose e as β-amilases, no final da cadeia, liberando glicose – isoamilases quebram ligações α-1,6, nos pontos de ramificação. Líquido Esquema básico da degradação microbiana de carboidratos LÍQUIDO RUMINAL MICRORGANISMO amido celulose hemicelulose pectina Enzimas microbianas xilose glicose PIRUVATO Glicólise ADP + NAD ATP + NADH+H Crescimento microbiano Líquido Esquema básico da síntese de AGCC e da restauração de NAD LÍQUIDO RUMINAL ADP + NAD glicose PIRUVATO Acetato Propionato Butirato Crescimento microbianoATP NADH+H PIRUVATO Crescimento microbianoATP NADH+H NAD CH4 NAD CO2 ZAZ1374 - Princípios da Nutrição Animal Prof. Ives Bueno 13 Degradação dos carboidratos no rúmen celulose enzima bacteriana quebra a ligação entre moléculas de glicose bactéria ruminal a glicose fornece energia para a bactéria absorvidos pela parede ruminal fonte de energia para o ruminante subprodutos da fermentação da glicose Uma série de outros carboidratos também pode ser hidrolisada por enzimas extracelulares bacterianas específicas até moléculas menores. Moléculas com 1, 2 ou até 3 unidades monométricas podem ser transportadas para o interior da célula bacteriana e, então metabolizadas. Degradação dos carboidratos no rúmen Extracelular Intracelular Difusão facilitada Difusão passiva Próton Simporter Sódio Simporter Transp. Choque Sensitivo Sistema Fosfotransferase S S S S S S S S S S-P H+ H+ S S Na+ Na+ ATP ADP+Pi EIII EII HPr-P EIII-P PEP HPr EI EI-P Pir Transporte de nutrientes através das membranas celulares bacterianas Extracelular Intracelular Difusão facilitada Difusão passiva Próton Simporter Sódio Simporter Transp. Choque Sensitivo Sistema Fosfotransferase S S S S S S S S S S-P H+ H+ S S Na+ Na+ ATP ADP+Pi EIII EII HPr-P EIII-P PEP HPr EI EI-P Pir Transporte sem gasto de energia e sem proteínas carreadoras Obs.: apenas não-ionizadas Ex.: NH3 Transporte de nutrientes através das membranas celulares bacterianas Extracelular Intracelular Difusão facilitada Difusão passiva Próton Simporter Sódio Simporter Transp. Choque Sensitivo Sistema Fosfotransferase S S S S S S S S S S-P H+ H+ S S Na+ Na+ ATP ADP+Pi EIII EII HPr-P EIII-P PEP HPr EI EI-P Pir Transporte de nutrientes através das membranas celulares bacterianas Transporte sem gasto de energia mas com proteínas carreadoras Obs.: também ionizadas Ex.: glicose, glicerol e alguns a.a. Extracelular Intracelular Difusão facilitada Difusão passiva Próton Simporter Sódio Simporter Transp. Choque Sensitivo Sistema Fosfotransferase S S S S S S S S S S-P H+ H+ S S Na+ Na+ ATP ADP+Pi EIII EII HPr-P EIII-P PEP HPr EI EI-P Pir Transporte de nutrientes através das membranas celulares bacterianas Transporte com gasto de energia e com proteínas carreadoras Obs.: usa o gradiente iônico Ex.: H+ - açúcares, ác.s orgânicos Na+ - a.a. ZAZ1374 - Princípios da NutriçãoAnimal Prof. Ives Bueno 14 Extracelular Intracelular Difusão facilitada Difusão passiva Próton Simporter Sódio Simporter Transp. Choque Sensitivo Sistema Fosfotransferase S S S S S S S S S S-P H+ H+ S S Na+ Na+ ATP ADP+Pi EIII EII HPr-P EIII-P PEP HPr EI EI-P Pir Transporte de nutrientes através das membranas celulares bacterianas Transporte com gasto de energia e com proteínas carreadoras Obs.: hidrólise de um ATP Ex.: açúcares Extracelular Intracelular Difusão facilitada Difusão passiva Próton Simporter Sódio Simporter Transp. Choque Sensitivo Sistema Fosfotransferase S S S S S S S S S S-P H+ H+ S S Na+ Na+ ATP ADP+Pi EIII EII HPr-P EIII-P PEP HPr EI EI-P Pir Transporte de nutrientes através das membranas celulares bacterianas Transporte envolve sequência de translocações do grupo fosfato Obs.: hidrólise de um ATP Ex.: açúcares Metabolismo celular bacteriano Fermentação: processo exergônico; converte substrato fermentescível em AGCC, CH4, NH3 e, ocasionalmente, ácido lático. Cerca de 6-8% da energia é perdida calor Fontes de C e N Fontes energéticas Fermentação Calor Energia metabólica (ATP, gradientes eletroquímicos) Reações de polimerização Custo energético de mantença Reações fúteis Calor Matéria microbiana Metabolismo celular bacteriano Metabolismo celular bacteriano Uma parte dos monossacarídeos que entra na célula microbiana é utilizada em reações de síntese (polímeros da parede celular) A maior parte é fermentada pelas bactérias pela rota glicolítica (Embden-Meyerhof- Parnas) Glicose-6-fosfato Glicose Frutose-6-fosfato Frutose-1,6-difosfato Dihidroxiacetona fosfato Gliceraldeído-3-fosfato Hexoquinase Isomerase Fosfofrutoquinase ATP ADP ATP ADP ADP ATP Gliceraldeído-3-fosfato 1,3-difosfoglicerato 3-fosfoglicerato 2-fosfoglicerato fosfoenolpiruvato piruvato Pi NAD+ NADH2 ADP ATP H2O Desidrogenase Quinase Mutase Enolase Piruvato quinase Metabolismo celular bacteriano - glicólise - ZAZ1374 - Princípios da Nutrição Animal Prof. Ives Bueno 15 Metabolismo celular bacteriano O piruvato é o intermediário comum do catabolismo dos açúcares pelas bactérias. A partir do piruvato, várias rotas poder ser utilizadas até os produtos finas da fermentação Acetato, propionato e butirato são os produtos mais importantes O piruvato pode ser metabolizado para produtos mais oxidados (acetato) ou mais reduzidos (propionato, butirato e lactato) Monossacarídeo Piruvato Produtos mais oxidados (i.e. acetato) Produtos mais reduzidos (i.e. propionato, butirato, lactato) NAD+ NADH Fdox Fdred H+ H2 CO2 CH4 NADH NAD+ Ferox Ferred Metabolismo celular bacteriano Metabolismo celular bacteriano A estequiometria da equação de conversão de um mol de glicose para ácidos graxos de cadeia curta e lactato é a seguinte: Glicose 2 acetato + 2 CO2 + 8 H (∆H = -251 kcal) Glicose butirato + 2 CO2 + 4 H (∆H = -118 kcal) Glicose + 4 H 2 propionato (∆H = +60 kcal) Glicose 2 lactato (∆H = -16 kcal) Piruvato Acetil-SCoA Acetil-fosfato Acetato Coenzima A NAD+ NADH2 ADP ATP Quinase CO2 Coenzima A Pi Formação do acetato Fosfoenolpiruvato HSCoA NAD+ NADH ADP ATP Carboxiquinase CO2 HSCoAPi Piruvato Oxaloacetato ADP ATP Piruvato quinase CO2 ATP ADP+Pi Carboxilase Malato Malatodesidrogenase Fumarato H2O Fumarase Succinato NAD+ NADH Fumarato redutase Succinil-SCoA ATP ADP+Pi Sintetase Metil malonil-SCoA PropionatoPropionil fosfatoPropionil-SCoA Mutase Carboxilase CO2 Quinase ATPADP Formação do propionato (via succinato) Piruvato Lactato NADH NAD+ Lactil-SCoA acetato Acetil-SCoA Lactato desidrogenase Acrilil-SCoA Propionil-SCoA H2O NAD+ NADH Propionato Acetil-SCoAAcetato Formação do propionato (via acrilato) ZAZ1374 - Princípios da Nutrição Animal Prof. Ives Bueno 16 HSCoA CO2 Piruvato Acetil-SCoA NADHNAD+ Acetoacetil-SCoA HSCoA Acetil-SCoA Tiolase β-Hidroxibutiril-SCoA NADHNAD+ Crotonil-SCoA H2O Butiril-SCoA NAD+ NADH Butiril fosfato Pi HSCoA Butirato ATPADP Formação do butirato Resumindo... Glicose 2 piruvato 2 NADH H+ 2 etanol 4 NADH H+ 2 lactato 2 NADH H+ 2 acrilato 2 propionato 2 NADH H+ 2 succinato 2 propionato 4 NADH H+ + 2 CO2 2 CO2 2 acetil Co-A 2 acetato butirato 4 NADH H+ 2 NADH H+ CO2 Produção de AGCC ruminal 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Tempo após ingestão do alimento (h) 0 160 140 120 100 80 60 40 20 C o n ce n tr aç ão d e A G C C ( m m o l/ l) Concentrado Volumoso
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