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Casos Clínicos na Osteoporose
Chapter · May 2019
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15 authors, including:
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
Spine Infections View project
Guidelines on treatment of Type 2 Diabetes View project
Antonio Tirado
Hospital de Santa Maria
18 PUBLICATIONS   61 CITATIONS   
SEE PROFILE
Carlos Vaz
University of Porto
36 PUBLICATIONS   220 CITATIONS   
SEE PROFILE
Davide Carvalho
Universidade do Porto / Centro Hospitalar Universitário de S. João/ i3S Instituto d…
499 PUBLICATIONS   2,401 CITATIONS   
SEE PROFILE
Gisela Eugénio
Centro Hospitalar do Baixo Vouga
34 PUBLICATIONS   118 CITATIONS   
SEE PROFILE
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Casos Clínicos 
na Osteoporose
12 especialistas | 12 perfis de doentes | 12 casos clínicos
Coordenação:
Dr.ª Eugénia Simões
Colaboração:
Dr. António Tirado
Prof. Doutor Carlos Vaz
Prof. Doutor Davide Carvalho
Dr.ª Gisela Eugénio
Prof. Doutor Jaime Branco
Dr. José António Costa
Dr. José Carlos Romeu
Dr.ª Manuela Micaelo
Prof. Doutor Mário Rui Mascarenhas
Dr.ª Teresa Nóvoa
Dr.ª Viviana Tavares
A rAzão de ser deste mAnuAl
Assente no espírito de partilha de experiências e de conheci-
mentos, o presente manual nasceu da vontade de evidenciar 
diferentes realidades, onde a osteoporose se assume como 
um denominador comum. 
Os casos clínicos aqui apresentados refletem diferentes di-
mensões na osteoporose, demonstrando alguns dos desa-
fios que os especialistas confrontam na prática clínica atual. 
Com o aumento da esperança média de vida e o contínuo en-
velhecimento da população, a osteoporose é, hoje, uma das 
patologias mais comum em todo o mundo, representando 
um problema grave de saúde pública. 
Além da exposição dos casos clínicos propriamente ditos, 
este livro apresenta ainda o perfil de cada um dos especia-
listas convidados, com o intuito de dar a conhecer um pouco 
melhor o seu percurso profissional a par de um tema de re-
levância dentro do vasto campo da osteoporose. 
É também neste espaço que os respetivos autores têm a 
oportunidade de lançar um breve olhar sobre os casos crite-
riosamente elegidos, colocando em evidência as principais 
especificidades que os demarcam, sem o intuito de ocorrer 
em conclusões abrangentes ou extrapolações de resultados.
 
Espera-se, pois, que esta obra possa representar um impor-
tante contributo para todos aqueles que desenvolvem a sua 
atividade clínica em prol do doente com osteoporose. 
Cientes de que a troca de práticas e saberes é um legado 
inestimável, os autores deste projeto ambicionam que este 
livro corresponda inteiramente às expectativas de quem o 
lê.
Nota iNtrodutória 
3
Dr.ª Eugénia Simões (coordenadora)
Guidelines atuais e futuras: os desafios 
Dr.ª Teresa Nóvoa
Prevenir a osteoporose – “doença silenciosa” 
Caso Clínico: Prevenção primária da primeira fratura 
Dr. António Tirado
Atuar perante as fraturas vertebrais osteoporóticas 
Caso clínico: Cifose por fraturas dorsais em osteoporose 
secundária 
Dr.ª Eugénia Simões
O papel da prevenção secundária nas fraturas do colo 
femoral 
Caso clínico: Osteoporosefraturária: efeito “dominó” 
(co-autoria: Dr.ª Nathalie Madeira)
Prof. Doutor Mário Rui Mascarenhas
Os desafios da osteoporose no jovem adulto 
Caso clínico: Osteoporose no jovem adulto 
Prof. Doutor Davide Carvalho
As particularidades da osteoporose masculina
Caso clínico: Fraturas vertebrais compressivas com 
perda estatural num jovem 
Prof. Doutor Carlos Vaz
Especificidades da osteoporose no idoso 
Caso clínico: Osteoporose no indivíduo idoso 
Dr.ª Viviana Tavares
A abordagem sequencial na osteoporose 
Caso Clínico: Tratamento sequencial da osteoporose 
Dr. José Carlos Romeu
Quando considerar uma resposta inadequada à 
terapêutica? 
Caso Clínico: Resposta inadequada à terapêutica 
ÍNDICE 
54
Dr.ª Gisela Eugénio
Corticoterapia: risco acrescido de fratura 
Caso Clínico: Osteoporose e corticosteroides 
Dr.ª Manuela Micaelo
A doença renal crónica como fator precipitante de 
osteoporose 
Caso clínico: Desafios no tratamento da osteoporose na 
doença renal crónica
Dr. José António Costa
Osteoporose associada às doenças reumáticas 
inflamatórias 
Caso Clínico: Abordagem do doente com doença 
reumática de longa evolução: a importância da avaliação 
das comorbilidades e manifestações extra-articulares 
(co-autoria: Dr.ª Joana Rodrigues)
Prof. Doutor Jaime Branco
Questões do tratamento da osteoporose a longo prazo
Caso Clínico: Tratamento da osteoporose a longo prazo 
(co-autoria: Dr. Tiago Costa) 
06
10
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46
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52
56
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60
62
66
68
72
74
ÍNDICE
Guidelines atuais e futuras: 
os desafios
Em Portugal, estima-se que a prevalência da osteoporose seja 
acima dos 10%, sendo de 17% nas mulheres e 2,6% nos homens1. 
Estima-se ainda que cerca de 40 mil fraturas osteoporóticas 
ocorrem anualmente no nosso país2, o que se traduz num eleva-
do fardo socioeconómico. As fraturas de fragilidade represen-
tam uma elevada mortalidade e morbilidade, com consequên-
cias graves para a economia e sistemas de saúde a nível mundial. 
A atualização, em 2018, das recomendações portuguesas para 
a prevenção, diagnóstico e tratamento da osteoporose primá-
ria3, por parte da Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR), 
alerta-nos para estes números, ao mesmo tempo que fornecem 
orientações precisas para diferentes questões como a avaliação 
do risco de fratura, o início da terapêutica, as opções farmacoló-
gicas e a duração do tratamento, entre outras.
Na sua opinião, considera que a atualização das recomendações 
portuguesas para a prevenção, diagnóstico e tratamento da os-
teoporose primária corresponde às necessidades reais sentidas 
na prática clínica?
Estas novas recomendações, elaboradas pelo Grupo de Estudo 
de Doenças Ósseas Metabólicas (GEODOM) da SPR, para além de 
atualizarem as últimas guidelines publicadas em 2007, traduzem- 
-se, sem dúvida, num artigo mais didático, com indicações precisas, 
fundamentadas e aplicáveis na prática clínica diária, sobretudo nos 
cuidados de saúde primários (CSP). 
Quer em termos de prevenção, como do diagnóstico e da terapêu-
tica, julgo que as 11 questões clínicas selecionadas e que compõem 
esta atualização são, de facto, as mais assertivas para a prática clí-
nica. Neste sentido, o artigo está construído na forma de respostas 
a essas perguntas, podendo orientar, de forma abrangente, em di-
ferentes situações.
Como avaliar o risco de fratura, quando recorrer à medição da den-
sidade mineral óssea ou quando não há indicação para a densito-
metria óssea, quem tratar e como tratar, quais as indicações para o 
intervalo/paragem da terapêutica com bisfosfonatos, quando sus-
peitar de osteoporose secundária, quais as melhores estratégias 
preventivas de osteoporose e quando referenciar a um reumato-
logista são algumas das orientações que se podem encontrar de 
forma muito precisa e de grande mais-valia para a prática clínica. 
É certo que, como qualquer guideline, as recomendações são infor-
mações gerais que podem ser consideradas nas decisões clínicas 
individuais. Tem de existir sempre um bom senso clínico por parte 
de cada médico de modo a encontrar a solução mais adequada para 
o seu doente. 
Um outro aspeto desta atualização, e que poderá ser interpretada 
de forma mais controversa, mas é, sem dúvida, bastante útil, rela-
ENTREVISTA 
ciona-se com a eficácia dos fármacos e suas indicações, assim como o posicionamento desses 
fármacos em termos de custo-benefício. 
Esta atualização das recomendações, coloca mais ênfase no FRAX e retira um pouco o 
protagonismo à densitometria óssea…
É uma tendência geral, não só a nível nacional, e que tem alterado o paradigma da osteo-
porose. Até há uns anos, o raciocínio clínico baseava-se muito na densidade mineral óssea 
e, atualmente, baseia-se mais no FRAX®, enquanto ferramenta para avaliação dos fatores 
de risco clínicos de fraturas de fragilidade, sendo um deles a densidade mineral óssea, mas 
existindo outros, como por exemplo, a existência de fratura do colo do fémur na história fa-
miliar, sobretudo em familiares de 1.º grau, e a ocorrência de fratura de fragilidade prévia. A 
evidência revela-nos que, de facto, o FRAX®, validado para a nossa população, é a forma mais 
adequada de avaliar o risco de fratura.
Há também, nas recomendações, um enfoque crucial na prevenção da osteoporose. O 
que é preciso fazer ou mudar para prevenir a osteoporose?
Como medidas preventivas não farmacológicas, as recomendações trazem esse enfoque para 
o exercício físico (recomendável ao longo da vida da pessoa, adaptado às diversas fases da 
vida) e para a alimentação saudável (nomeadamente a dieta mediterrânica que, para além dos 
benefícios do ponto de vista cardiovascular, é também vantajosa para a aquisição e manuten-
ção da massa óssea), assim como a ingestão adequada de cálcio e a exposição solar apropriada 
por causa da importância da vitamina D. Pensa-se que 60 a 80% da aquisição do pico da massa 
óssea é determinada de forma genética. Porém, a evidência também nos diz que a adoção de 
um estilo de vida saudável é essencial para alcançar esse potencial genético. Deste modo, faz 
todo o sentido intervirmos nestes fatores de risco modificáveis que nos permitem capitalizar 
massa óssea e reduzir o risco de fratura. O próprio exercício físico, para além de evitar a perda 
da massa óssea, permite um fortalecimento muscular e auxilia na prevenção de quedas. 
Implementar estas medidas preventivas, é o principal desafio na osteoporose?
Felizmente, já começamos a assistir a uma mudança na mentalidade dos portugueses e a 
procura por uma alimentação saudável e pelo exercício físico é cada vez mais visível. Em todo 
o caso, a promoção por um estilo de vida saudável e sua adesão deve continuar a ser sempre 
uma orientação da nossa parte para os doentes e, por vezes, nem sempre é tão bem con-
seguido. Porém, diria que o verdadeiro desafio é a própria especificidade da osteoporose, 
enquanto doença silenciosa. É crucial o diagnóstico precoce da osteoporose e, neste aspeto, 
a densitometria óssea tem o seu papel. 
É importante que o clínico saiba e identifique os fatores de risco em utentes acima dos 50 anos 
e, no caso de existirem fatores de risco que justifiquem, seja solicitada uma densitometria ós-
sea. Se houver uma densidade mineral óssea baixa, podemos estabelecer o diagnóstico pre-
coce de osteoporose. Como se sabe, a osteoporose é assintomática até acontecer a primeira 
fratura ou a primeira fratura identificável. Convém relembrar que a fratura vertebral muitas 
vezes é assintomática, o que reforça a necessidade, também, de um diagnóstico precoce.
Dentro dos fatores de risco para causas secundárias de osteoporose e fraturas de fragi-
lidade, as mulheres são um grupo de risco que deve ser avaliado…
Exatamente, mas não só... As mulheres, principalmente as que têm uma menopausa precoce, 
dr.ª eugénia simões 
assistente Hospitalar 
Graduada de 
reumatologia no 
instituto Português 
de reumatologia 
e Coordenadora do 
livro Casos Clínicos na 
osteoporose
76
8 9
constituemum grupo de risco e devem ser avaliadas e acompanhadas, independentemente 
de terem outros fatores de risco para a osteoporose. Sabemos que a menopausa é, por si 
só, uma situação de risco para a osteoporose. Outras causas, essas relacionadas com relacio-
nadas com a osteoporose secundária, podem estar relacionadas com a toma de corticoides, 
disfunção da tiroide ou o hiperparatiroidismo primário, por exemplo.
 
A baixa/moderada adesão à terapêutica por parte dos doentes com osteoporose é uma 
realidade evidenciada nestas recomendações. Quais as razões?
Para além de serem, muitas vezes, doentes polimedicados, a verdade é que, como é uma pato-
logia assintomática, não é fácil convencer o doente – principalmente o doente que não sofreu 
fratura – que necessita de fazer corretamente a sua medicação. Algo que se agrava, quando 
a terapêutica é um bisfosfonato oral que tem um modo de administração menos agradável 
(estar em jejum e após a toma estar em pé/sentado durante 30 minutos) e pode ter alguns 
efeitos secundários indesejáveis. Doentes que já sofreram fraturas, têm uma melhor perceção 
do que é a osteoporose e, por norma, acabam por ter uma melhor adesão à terapêutica. 
De salientar que, para sabermos o resultado da terapêutica – e neste aspeto as mulheres 
são mais ansiosas e questionam muito se a terapêutica está a ter efeito – a densitometria 
óssea tem o seu papel. Sabemos que as terapêuticas são eficazes, mas há fármacos, como é 
o caso do raloxifeno, que tem uma eficácia anti-fraturária, mas esta eficácia é independente 
do efeito sobre a densidade mineral óssea e, como tal, tem cada vez menos indicação. Outras 
terapêuticas, como os bisfosfonatos, o denosumab ou a teriparatida têm uma eficácia anti-
-fraturária e aumentam a densidade mineral óssea. Quando tal não acontece, em princípio 
só há duas razões: ou o doente não faz uma boa adesão e uma boa administração do medi-
camento ou há uma outra condição clínica que pode ter passado despercebida ao médico, 
como uma alteração da tiroide ou um défice de vitamina D, entre outras. 
Doentes que não evidenciem uma boa adesão à terapêutica de primeira linha (bisfosfo-
natos de forma oral), é recomendável a substituição da terapêutica?
Nessas situações, sim. Quer através do ácido zoledrónico de administração intravenosa ou 
do denosumab de administração subcutânea, consegue-se um melhor controlo da toma do 
fármaco – diria que, deste modo, a adesão é quase 100%. Também em situações de intolerân-
cia oral, má absorção ou em casos de contraindicação como a insuficiência renal é necessá-
rio considerar a substituição da terapêutica de primeira linha. A verdade é que, atualmente, 
dispomos de terapêuticas eficazes e seguras, sendo importante o diagnóstico precoce da 
patologia, o tratamento atempado e o acompanhamento destes doentes para inverter os 
números elevados de fraturas e os custos associados. 
O que é importante no papel das sociedades científicas para a prevenção das fraturas?
Acima de tudo é essencial haver uma boa articulação entre as várias sociedades. A osteopo-
rose é uma patologia que, pelas suas características, acaba por ser uma entidade transversal 
e que exige um envolvimento multidisciplinar. Neste sentido, a SPR, a SPODOM, a Sociedade 
Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia (SPOT), a Sociedade Portuguesa de Medicina Fí-
sica e de Reabilitação (SPMFR), a Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG), a Sociedade 
Portuguesa de Menopausa (SPM) e a Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e 
Metabolismo (SPEDM) são entidades que, de uma forma ou de outra, têm ligação com doen-
tes com osteoporose. É claro que esta articulação tem também de ser estabelecida ao nível 
dos CSP. A Medicina Geral e Familiar tem o seu papel primordial na implementação das medi-
das preventivas e na identificação dos fatores de risco de fratura.
Na sua perspetiva, quais os passos futuros a serem adotados?
A maior parte dos doentes que sofre fraturas, nomeadamente fraturas do colo do fémur, 
tem indicação cirúrgica. Contudo, grande parte destes doentes, quando tem alta do Serviço 
de Ortopedia, não é referenciada, nem tratada – estes doentes saem do hospital sem pres-
crição de terapêutica farmacológica para a osteoporose. Isto é grave, na medida em que sa-
bemos que um doente com fratura osteoporótica sem ser tratado tem um risco acrescido de 
sofrer nova fratura. Além disso, um doente com fratura do colo do fémur tem indicação para 
tratamento e, neste ponto, não podem haver dúvidas. 
A International Osteoporosis Foundation (IOF), a SPR, a Sociedade Portuguesa de Osteopo-
rose e Doenças Ósseas Metabólicas (SPODOM), assim como outras associações e socieda-
des científicas internacionais, pretendem alterar esta situação, de modo a que a mesma não 
aconteça ou aconteça cada vez menos. Para alcançar este objetivo, a Prof.ª Doutora Helena 
Canhão e a Prof. Dr.ª Ana Rodrigues, através do GEODOM da SPR, têm estado envolvidas 
no desenvolvimento de um projeto nacional – o Grupo de Centros de Ligação para Fraturas 
(Fracture Liason Centers Group) – que, de certa forma, vai permitir a captação destes doentes. 
Em finais de 2018, o Grupo de Centros de Ligação para Fraturas arrancou em 15 centros de 
Reumatologia. Através do estabelecimento de protocolos com os Serviços de Ortopedia e/
ou com a Medicina Geral e Familiar, os Centros de Ligação para Fraturas vão permitir, para o 
doente com fraturas primárias, um diagnóstico, terapêutica e referenciação de forma mais 
célere e mais eficaz, assim como o adequado seguimento destes casos.
Referências bibliográficas
1. Branco JC, Rodrigues AM, Gouveia N, et al. Prevalence of rheumatic and musculoskeletal diseases and their im-
pact on health-related quality of life, physical function and mental health in Portugal: results from EpiReumaPta 
national health survey. RMD Open. 2016;2(1):e000166. 2. Circular Normativa Direção Geral da Saúde – Orientação 
técnica sobre suplemento de Cálcio e Vitamina D em pessoas idosas. Nº: 13/DSCS/DPCD/ DSQC Ad. 3. Rodrigues AM, 
et al. Portuguese recommendations for the prevention, diagnosis and management of primary osteoporosis - 2018 
update. Acta Reumatol Port. 2018 Jan-Mar;43(1):10-31.
ENTREVISTA 
«o verdadeiro desafio é a própria especificidade 
da osteoporose, enquanto doença silenciosa. É cru-
cial o diagnóstico precoce da osteoporose e, neste 
aspeto, a densitometria óssea tem o seu papel.»
Perfil - dr.ª euGÉnia simões
É reumatologista do Instituto Português de Reumatologia (IPR) desde 
Fevereiro de 1994. Nesta Instituição é responsável por uma Consulta de 
Doenças Ósseas Metabólicas. É responsável técnica pelo Sector de Den-
sitometria Óssea, tendo igualmente desempenhado funções de Direção 
Clínica.
Possui Certificação técnica em Densitometria Óssea pela ISCD, pela IOF 
e competência Técnica pela Ordem dos Médicos.
Pertenceu aos Corpos Sociais do IPR e Direção da Sociedade Portuguesa 
de Doenças Ósseas Metabólicas.
Participa regularmente em diversas reuniões nacionais e internacionais, 
como palestrante convidada, com a apresentação de trabalhos científi-
cos, alguns deles distinguidos com prémios.
Publicou diversos trabalhos em várias revistas nacionais e internacionais.
Pertence ao grupo de Trabalho da DOR, ao Grupo de estudos da Artrite 
Reumatóide (GEAR) e das Doenças Ósseas Metabólicas (GEODOM) da 
SPR, da qual foi relactora. 
É sócia da Sociedade Portuguesa de Reumatologia, Sociedade Portugue-
sa de Doenças Ósseas Metabólicas, Sociedade Portuguesa de Doenças 
Psicossomáticas, da ANDAR e da APOROS.
Prevenir a osteoPorose – 
– “doença silenciosa”
A prevenção da osteoporose deve iniciar-se na infância e adoles-
cência para diminuir, em cerca de 50%, o risco de fratura na idade 
adulta. De acordo com a Dr.ª Teresa Sampaio Nóvoa, assistente 
graduada de Reumatologia do Hospital do Divino Espírito Santo 
de Ponta Delgada, a identificação dos grupos de risco deve igual-
mente ser valorizada, tendo em conta os fatores de risco fixos 
e modicáveis, sendo que «omaior desafio é alterar os fatores 
de risco modificáveis, na medida do possível, e instituir medidas 
preventivas de perda de massa óssea». 
A prevenção da osteoporose começa, desde logo, na infância «com 
hábitos de vida saudáveis, para adquirir um pico de massa óssea 
adequada. É na infância que a massa óssea se forma paralelamente 
ao crescimento do esqueleto. Os ossos são um tecido vivo e o es-
queleto cresce continuamente, desde o nascimento até aos 20 anos, 
altura em que se atinge o tamanho e estrutura máxima (e também 
o pico de massa óssea)». 
Neste sentido, é importante nas crianças e nos adolescentes consi-
derar «uma dieta adequada de cálcio, evitar a malnutrição (princi-
palmente a proteica), manter um adequado aporte de vitamina D, 
praticar regularmente exercício físico e evitar o tabaco. Estas me-
didas estão relacionadas com uma diminuição de risco de fratura 
na idade adulta de cerca de 50%.» Uma vez obtido o pico de massa 
óssea, «ele é mantido por um processo denominado remodelação 
óssea: processo contínuo, no qual o osso é renovado e criado. No 
início da idade adulta, a formação óssea é mais importante do que 
a reabsorção, mas à medida que a idade vai avançando o processo 
vai-se invertendo», explica a Dr.ª Teresa Sampaio Nóvoa.
Neste contexto, é importante «identificar os grupos de risco, como 
por exemplo as mulheres pós-menopáusicas. Todos os doentes que 
apresentam fatores de risco de desenvolvimento de uma fratura, 
devem ser seguidos regularmente. Os fatores de risco que nos aju-
dam a identificar estes doentes, podem ser classificados em fixos e 
modificáveis» (ver tabela).
Uma vez identificados os doentes de risco, o maior desafio é, na 
opinião da reumatologista, «alterar os fatores de risco modificáveis, 
na medida do possível, e instituir medidas preventivas de perda de 
massa óssea. Algumas das medidas mais importantes incluem a prá-
tica de exercício físico (caminhadas, corridas e aeróbica) e exercícios 
com resistência (pesos), a dieta com ingestão adequada de cálcio e 
de proteínas (leite e derivados, brócolos e espinafres, linhaça, grão 
de bico, sardinha), a exposição solar frequente (15 minutos por dia 
sem protetor solar em zonas do corpo descobertas de roupa) para 
PREvENção PRimáRiA DA PRimEiRA fRATuRA 
dr.ª teresa sampaio 
nóvoa
assistente Graduada de 
reumatologia do Hospital 
do divino espírito santo de 
Ponta delgada
10
fAToRES DE RiSco fixoS fAToRES DE RiSco moDificávEiS
- Idade superior a 65 anos - Alcoolismo (+ de 3 unidades/dia)
- Sexo feminino - Tabagismo
- História familiar de osteoporose - Baixo IMC (18,5 Kg/m2)
- História de fratura prévia - Nutrição pobre
- Etnia (caucasianos e asiáticos) - Deficiência de vitamina D
- Menopausa/ovariectomia - Baixa ingestão de cálcio na dieta
- Terapêutica prolongada com corticoides 
(+5mg/dia por mais de 3 meses)
- Quedas frequentes
- Doenças inflamatórias crónicas como a artrite 
reumatoide
- Hipogonadismo primário ou secundário masculino
que exista metabolismo da vitamina D, a avaliação e prevenção das quedas (retirar obstácu-
los à livre circulação, proporcionar uma boa iluminação, sedação adequada ao estado vígil do 
doente, calçado adequado e correção da visão e audição) e cessação tabágica e alcoólica».
Os desafios da “doença silenciosa”
 
Uma vez estabelecida e diagnosticada a osteoporose, «esta tem de ser tratada par evitar a 
fratura primária. O diagnóstico é feito através da densitometria óssea (DXA), quando existe 
uma densidade mineral óssea (DMO) inferior a 2,5 desvios padrões pela densitometria óssea 
(normalmente medido ao nível da coluna lobar e colo do fémur e/ou antebraço)», refere a Dr.ª 
Teresa Sampaio Nóvoa. Uma das recomendações portuguesas para tratar a osteoporose é de 
«basear-se no risco de um doente desenvolver uma fratura osteoporótica a dez anos, estima-
do pela ferramenta FRAX®Port. A DXA deve ser realizada quando exista uma probabilidade 
razoável de ela alterar a decisão de tratar/não tratar que pode ser tomada com base na ava-
liação de risco do FRAX®Port, feito sem a DXA. De qualquer modo a presença de fraturas de 
fragilidade prévias justifica a decisão de tratamento farmacológico, independentemente da 
estimativa de risco do FRAX®Port». 
Muitas pessoas «não sabem que têm osteoporose até ao aparecimento da primeira fratura, ra-
zão pela qual esta doença, muitas vezes, é denominada de “doença silenciosa”. O não diagnós-
tico precoce representa um risco em si, na medida em que o desconhecimento da existência 
da patologia aumenta o risco de fratura. Os dados atuais apontam que 1 em cada 3 mulheres 
e 1 em cada 5 homens sofrem de fraturas osteoporóticas e que a cada 3 segundos há um osso 
que se parte, devido a esta doença, logo esta doença tem um grande impacto socioeconómi-
co. Portanto, o não diagnóstico, constitui por si só um risco acrescido de fratura por não se 
poder prevenir a mesma, para além das implicações socioeconómicas de suma importância».
Outra questão, pelo facto de a osteoporose ser uma “doença silenciosa”, prende-se com «a 
não adesão ao tratamento. «O facto de o doente não sentir os sinais ou sintomas da doença 
faz com que, muitas vezes, resista à instituição da terapêutica médica. Assim, a decisão de 
utilização de um fármaco deve ser uma decisão conjunta, tomada pelo médico e pelo doente, 
tendo em conta a gravidade da osteoporose, a existência de fraturas prévias e a existência de 
outras doenças que possam interferir com o tratamento», afirma a especialista, concluindo: 
«É muito importante responsabilizar o doente pela sua doença e pelo seu tratamento, bem 
como pelo seu estado de saúde posterior. Os doentes com osteoporose devem manter um 
seguimento regular no seu médico, de modo a vigiar a evolução da doença e a resposta ao 
tratamento instituído.»
11
cASo clíNico
Prevenção Primária 
da Primeira fratura
Na prevenção primária da primeira fratura, as guidelines suge-
rem como terapêutica de primeira linha os bisfosfonatos, não 
sendo possível quando há a existência de determinadas compli-
cações associadas, como descreve o caso clínico apresentado, 
que terapêutica usar?
L.M.P.P., de 75 anos de idade, viúva, 4.º ano de escolaridade, do-
méstica de profissão.
Antecedentes pessoais: antecedentes de carcinoma da mama 
sob terapêutica hormonal, antecedentes de radioterapia, fibrilha-
ção auricular paroxística – hipocoagulada, osteoartrose axial (cer-
vical, dorsal e lombar), hérnia de hiato esofágico, gastrite crónica, 
litíase renal.
Menarca aos 14 anos, Gesta-6 Para- 6, menopausa cirúrgica aos 
39 anos sem THS: Histerectomia com anexectomia bilateral aos 39 
anos de idade.
História clínica: doente referiu, desde há vários anos, “dores nos 
ossos”, inicialmente não as sabendo especificar. Após inquéri-
to dirigido, apuramos os seguintes sintomas: lombalgia de ritmo 
mecânico com irradiação pelo membro inferior esquerdo com pa-
restesias, mas sem quaisquer alterações motoras; cervicalgia de 
ritmo mecânico; gonalgias bilaterais de ritmo mecânico; talalgias 
de ritmo mecânico e artralgias das interfalângicas distais de am-
bas as mãos. Negava a existência de artrites ou rigidez matinal, de 
hábitos etílicos ou tabágicos. Apresentava uma baixa ingestão de 
produtos lácteos. Negava história de quedas e história anterior de 
fraturas. Não fazia nem nunca tinha feito qualquer tipo de exercí-
cio físico. Referia sentir que estava a ficar mais pequena, mas não 
sabia especificar quanto. Na revisão por órgão e sistema referia: 
taquicardias frequentes acompanhadas de sudação; epigastralgias 
frequentes e refluxo gastroesofágico. Estava medicada com: pan-
toprazol 20- 1 comp./dia, metamizol magnésico 575 em sos, riva-
roxabano 15 mg-1/dia, glucosamina, condroitina, msm, colagénio 
marinho, ácido hialurónico, quercetina e silício-1+1 por dia, diosmi-
na 450 mg+hesperidina 50 -1+1/dia.
Exame objetivo: doente lúcida, colaborante e orientada no tempo 
e no espaço. Idade aparente compatível com a idade real.
Peso: 60,8 Kg; Altura:153 cm; IMC: 26 Kg/m2; TA:123/75; F.C: 66 
bpm. Marcha sem alterações; cifose dorsal; boa mobilidade cer-
vical embora dolorosa nos movimentos de rotação; ligeira dimi-
nuição da flexão lombar; sem alterações dos movimentos ativos 
cASo clíNico: PREvENção PRimáRiA DA PRimEiRA fRATuRA 
ou passivos dos membros superiores; ligeira diminuição e dolorosa da rotação externa de 
ambas as coxo-femurais particularmente à esquerda; crepitações de ambos os joelhos, mas 
sem limitações aos movimentos ativos ou passivos; Hallux valgus bilaterais.
Exames complementares de diagnóstico: Rx da coluna lombar: osteofitose periférica e 
artrose das interapofisárias posteriores. Osteopenia radiológica. Rx da coluna cervical: os-
teofitose periférica. Artrose das interapofisárias posteriores. Discopatia C5-C6. Anterolis-
tese de C4-C5. Rx da coluna dorsal: osteofitose marginal. Osteopenia radiológica. Rx da ba-
cia: coxartrose bilateral mais evidente à esquerda. Rx das mãos: artrose das interfalângicas 
proximais e distais de ambas as mãos. Densitometria óssea: coluna lombar T score -2.8; Z 
score -2,0 e colo do fémur T score -3,5; Z score-1,3. Rotinas: hemograma sem alterações; 
Velocidade de sedimentação de 17; proteína C reativa de 0,25; Ureia: 52 mg/dl; creatinina: 
0.70 mg/dl; glicemia: 82mg/dl; Provas hepáticas sem alterações; colesterol total: 215 mg/dl; 
HDL: 63 mg/dl; LDL: 115 mg/dl; F. reumatoide negativo; cálcio: 8,8 mg/dl; fósforo: 2,5mg/
dl; depuração da creatinina: 75,64 ml/min; vitamina D (25-Hidroxi-Vitamina D3): 40 ng/ml e 
TSH: 1.48 ulU/ml. 
Diagnóstico: Osteoartrose axial e periférica e Osteoporose.
Discussão da terapêutica da osteoporose
Estamos perante uma doente com um diagnóstico de osteoporose e que apresenta fatores 
de risco para a mesma, logo tem um risco fraturário elevado. Ao pensar no tratamento para 
esta doente e tendo em conta as guidelines, a terapêutica de primeira linha seriam os bisfos-
fonatos. No entanto, esta doente tem alguns problemas que nos impedem a sua utilização 
e que são:
  a existência de uma fibrilhação auricular ativa e o facto de estar hipocoagulada;
  sintomatologia gastroesofágica ativa.
Assim sendo, uma boa escolha para esta doente foi a terapêutica com desonumab 60 mg sc 
de 6/6 meses.
dr.ª teresa sampaio 
nóvoa
assistente Graduada de 
reumatologia do Hospital 
do divino espírito santo de 
Ponta delgada
1312
AtuAr perAnte As “frAturAs 
vertebrAis osteoporóticAs”
Sendo a osteoporose uma “doença silenciosa”, o primeiro sinal 
é, na maioria das vezes, a fratura. Porém, as fraturas vertebrais, 
frequentes na osteoporose, nem sempre são identificadas e 
são, muitas vezes, confundidas com outras causas de “dor nas 
costas”. O diagnóstico e terapêutica precoces são fundamen-
tais para prevenir novas fraturas osteoporóticas. «Nos últimos 
tempos, temos assistido a um incremento substancial do núme-
ro de fraturas de fragilidade. Com o aumento da longevidade 
nas sociedades desenvolvidas, existe naturalmente uma inci-
dência maior destas», afirma o Dr. António Tirado, ortopedista 
com longos anos de experiência, que trabalha na “Unidade da 
Coluna” do Serviço de Ortopedia do Hospital de Santa Maria, 
em Lisboa.
«As fraturas osteoporóticas mais frequentes são as vertebrais, 
seguidas pelas de anca e punho. Afetam essencialmente pessoas 
com mais de 60 anos e podem ocorrer com um mínimo esforço ou 
uma queda da própria altura. Estas podem impossibilitar os mo-
vimentos normais da articulação envolvida, sendo acompanhadas 
de dor e de impotência funcional», descreve o Dr. António Tirado. 
Nas fraturas vertebrais, «frequentemente os doentes confundem 
os sintomas com “dores nas costas”, desvalorizando o evento e 
não recorrendo, aos serviços clínicos. Acontece, por vezes, que o 
próprio médico de Medicina Geral e Familiar, perante as queixas 
de raquialgia, prescreve terapêutica analgésica sem investigar a 
origem daquela, considerando tratar-se de um sintoma associado 
à patologia degenerativa da coluna ou a um problema muscular. 
Assim, em até 60 a 70% dos casos este tipo de fratura não é diag-
nosticada».
«As consequências das fraturas vertebrais osteoporóticas» explica 
o Dr. António Tirado, «são a perda progressiva de altura do doente 
e a deformidade da coluna, tanto no plano sagital (cifose), como 
no coronal (escoliose), ou mesmo em ambos os planos. O excesso 
de carga a que são submetidas as restantes vertebras, na nova po-
sição decorrente da fratura, pode levar a novas fraturas vertebrais. 
Num período inicial, o organismo consegue adaptar-se utilizando 
mecanismos fisiológicos de compensação. Quando estes são esgo-
tados, como acontece ao aparecer novas fraturas, torna-se mais 
difícil manter o equilíbrio normal, com inclinação do tronco e difi-
culdade na marcha». 
Em estádios mais avançados, podem «aparecer complicações mais 
sérias como a diminuição da função motora global e da função 
respiratória, cansaço rápido com as atividades da vida diária, aca-
FrATurAs DorsAis em osTeoporose secunDáriA 
mamento, obstipação, escaras, infeções respiratórias, agravamento progressivo do estado 
geral e aumento do risco de morte. Este é um processo fisiopatológico bem conhecido e 
descrito como “cascata da fratura vertebral osteoporótica”, perante o qual devemos agir de 
forma mais pró-ativa e menos contemplativa», salienta o especialista.
Tratar a fratura e evitar novas fraturas
Quando a fratura osteoporótica acontece e o doente é atendido de urgência, «é frequente 
percebermos que não há uma história prévia de osteoporose e o ortopedista acaba por ser o 
médico de primeira linha a encarar este diagnóstico. Isto é algo que, idealmente não deveria 
acontecer. O desejável seria que o doente com osteoporose tivesse acesso ao diagnóstico 
e ao tratamento de forma precoce, evitando assim qualquer fratura de fragilidade. Está de-
monstrado em diferentes estudos que, quando a osteoporose é tratada, o risco de fratura 
diminui em 50 a 60%», refere o clínico, acrescentando: 
«Também é verdade que, habitualmente, o médico ortopedista centra-se no tratamento da 
fratura e não orienta o da osteoporose; deixa assim uma janela aberta para o aparecimento 
indesejado de novas fraturas. Não podemos esquecer que a consequência mais grave da 
osteoporose é a fratura. No caso específico da fratura do colo do fémur, ela é responsável 
por uma mortalidade de 20% no primeiro ano pós-fratura».
Tentando dar resposta ao cenário anteriormente descrito, nos últimos anos foram criados a 
nível internacional os chamados “Centros de Ligação de Fraturas” (Fracture Liason Services). 
Os seus principais objetivos incluem «a deteção e tratamento da fratura de fragilidade, o 
estudo da patologia de base, a orientação terapêutica da osteoporose e a prevenção secun-
dária de novas fraturas». 
«Isto é realizado por equipas multidisciplinares, que incluem ortopedistas, enfermeiros, fi-
sioterapeutas, assistentes sociais, médicos de outras especialidades com dedicação à osteo-
porose, formando uma pirâmide cuja base assenta nos cuidados prestados pelos centros 
de saúde. É necessário salientar que a osteoporose e as suas consequências muitas vezes 
requerem uma abordagem que vai além do tratamento cirúrgico e farmacológico, incluindo 
aspetos como os hábitos alimentares, o exercício físico e as condições médio-ambientais», 
conclui o Dr. António Tirado. 
Dr. António tirado
Assistente Graduado de 
ortopedia na unidade 
da coluna do serviço de 
ortopedia do Hospital de 
santa Maria, do centro 
Hospitalar universitário 
Lisboa norte (cHuLn)
1514
cAso clínico
cifose por frAturAs DorsAis 
eM osteoporose secunDáriA
As fraturas vertebrais são as fraturas de fragilidade mais 
frequentes na população que sofre de osteoporose. Carac-
terizam-se pelo aparecimento progressivo, sem antecedente 
de trauma ou perante um trauma de baixa energia, como a 
queda da própria altura. 
Mais de 30% das mulheres pós-menopáusicas e até 50% dos 
homens com diagnóstico de osteoporose podem teruma causa 
subjacente (osteoporose secundária). Com frequência a etiolo-
gia é multifactorial. Quando o diagnóstico e orientação corretos 
da causa subjacente são feitos, pode ser desnecessário o trata-
mento da osteoporose. 
Causas frequentes de osteoporose secundária são: certas me-
dicações prolongadas (corticoides, inibidores da bomba de 
protões, anticonvulsivantes, quimioterapia), doenças renais ou 
hepáticas, síndromes de malabsorção intestinal, doenças endo-
crinológicas (diabetes, hipertiroidismo, hipogonadismo), entre 
outras. 
Caso clínico
O caso que descrevemos é de uma doente de 63 anos, com 
trombocitopenia idiopática. Referenciada da consulta de Hema-
tologia, por queixas de dorsalgia com meses de evolução. 
Referia aparecimento progressivo de postura cifótica e episó-
dios repetidos de dor, com irradiação para a região abdominal 
e inguinal, sem história traumática. Existia perda ponderal (de 
50 para 36 kg) e de estatura (de 1,50m para 1,39 m), nos últimos 
anos.
Tinha iniciado corticoterapia (prednisolona 10 a 20 mg/dia) três 
anos antes, para tratamento da doença de base; negava outras 
terapêuticas osteopenizantes, fraturas ou história familiar de 
osteoporose. Menarca: 14 anos; menopausa fisiológica: 55 anos. 
A doente iniciou seguimento na nossa consulta em janeiro de 
2016. As radiografias realizadas previamente mostravam colap-
so vertebral em D7, D8 e D11. 
Posteriormente, observou-se também colapso de D12 e D10. 
Era muito evidente um agravamento sequencial da cifose dor-
sal, comparativamente com radiografia de tórax de 2015 e 
quando comparadas as radiografias mais recentes.
cAso clínico: FrATurAs DorsAis em osTeoporose secunDáriA 
Dr. António tirado
Assistente Graduado de 
ortopedia na unidade 
da coluna do serviço de 
ortopedia do Hospital de 
santa Maria, do centro 
Hospitalar universitário 
Lisboa norte (cHuLn)
1716
A doente foi submetida a vertebroplastia em D10 e cifoplastias em D11 e D12. O pós-
-operatório decorreu favoravelmente, com alta para o domicílio 48h depois. 
Foi solicitada ressonância magnética da coluna dorsal e lombo-sagrada, a qual eviden-
ciou edema nos cortes STIR nas fraturas de D11, 12 e no corpo vertebral de D10. Os 
restantes colapsos vertebrais encontravam-se com sinais de consolidação.
1918
Durante o seguimento em consulta, verificou-se o rápido alívio da dor. Foi referenciada 
às consultas de Osteoporose Fraturária e de Doenças Ósseas Metabólicas, para estudo 
complementar de outras possíveis causas associadas e início de terapêutica adequada. 
Os únicos fatores de risco para osteoporose encontrados foram o tratamento com me-
tilprednisolona em dosagem superior a 10 mg/dia desde o diagnóstico da doença e o 
baixo índice de massa corporal. 
Após estudo analítico, de DXA e exclusão de outras causas, concluiu-se o diagnóstico de 
osteoporose grave secundária a corticoterapia oral. 
Foi decidido tratamento com teriparatide, por história prévia de intolerância ao alendro-
nato (tonturas, náuseas e vómitos).
Após 18 meses de terapêutica (teriparatide, 1 inj. sc. de 20 mg/dia), foi realizada transi-
ção para denosumab (1 inj. sc. de 60 mg/semestral), que manteve até ao momento atual, 
sem intercorrências. Durante ambos os períodos, o tratamento foi suplementado com 
cálcio e vitamina D, em dosagens terapêuticas. 
Tanto em consulta de Ortopedia como de Reumatologia (Doenças Ósseas Metabólicas), 
constatou-se a boa evolução clínica e imagiológica.
A doente continua em seguimento na consulta de ambas as especialidades médicas. 
Conclusões
1. A orientação diagnóstica e terapêutica da fratura vertebral por osteoporose secundária 
frequentemente precisa da intervenção de equipas multidisciplinares, para chegar ao corre-
to diagnóstico e orientação terapêutica.
2. A osteoporose secundária a corticoides predispõe com frequência a uma muito deficiente 
qualidade óssea, tornando difícil o tratamento cirúrgico quando aparece a fratura. Nestes 
casos, o reforço cimentado tem-se mostrado um recurso complementar de grande utilida-
de.
cAso clínico: FrATurAs DorsAis em osTeoporose secunDáriA 
O papel da prevençãO secundária 
nas fraturas dO cOlO femOral
Dentro do espetro das fraturas osteoporóticas, a fratura do 
colo femoral (também designada por fratura da anca ou do 
colo do fémur) é a mais dramática do ponto de vista clínico. 
Por norma, este tipo de fratura (que surge a partir dos 70 anos) 
não passa despercebido e acarreta custos diretos e indiretos 
avultados. A Dr.ª Eugénia Simões, assistente hospitalar gradua-
da de Reumatologia no Instituto Português de Reumatologia 
(IPR), sublinha a importância da prevenção secundária, na qual 
se incluem «o reconhecimento das pessoas em risco de osteo-
porose, a identificação dos doentes com fraturas prévias e o 
respetivo tratamento da patologia osteoporótica». 
Estima-se que «20% dos doentes com fratura do colo femoral mor-
rem no primeiro ou no segundo ano após o procedimento cirúr-
gico. Entre os que sobrevivem, apenas 1/3 recupera a autonomia 
que tinham antes da fratura; 1/3 fica dependente de terceiros; e 
1/3 fica totalmente dependente ou acamado. Estes indicadores 
são preocupantes e devem-nos obrigar a refletir sobre a necessi-
dade de reforçarmos a aposta na prevenção secundária», conside-
ra a Dr.ª Eugénia Simões. 
Neste sentido, é expetável que, num doente com fratura prévia 
(vertebral ou no punho, por exemplo), venha a ocorrer mais tar-
de uma fratura do colo femoral. Portanto, o papel da prevenção 
secundária torna-se bastante pertinente. «Das atitudes a tomar 
fazem parte o reconhecimento das pessoas em risco de osteopo-
rose, a identificação dos doentes com fraturas prévias (não esque-
cendo que, muitas vezes, a fratura vertebral passa despercebida) 
e o respetivo tratamento da patologia osteoporótica (aliando as 
medidas farmacológicas com as não farmacológicas)», refere a es-
pecialista, acrescentando: 
«A prevenção secundária só é realmente eficaz se abranger uma 
dimensão multidisciplinar. Atendendo a que as quedas constituem 
o principal fator desencadeante das fraturas do colo femoral, tem 
de existir uma estratégia preventiva destinada às pessoas de ida-
des mais avançadas. Este trabalho pode ser facilitado pelos tera-
peutas ocupacionais ou até pelos próprios especialistas de Me-
dicina Geral e Familiar (MGF). Além da modificação de eventuais 
hábitos de risco, o objetivo passa por assegurar que o doente usa 
próteses oculares indicadas e/ou que tem os défices de audição 
corrigidos.» 
Vigilância e reforço do equilíbrio
Nas populações idosas, é particularmente importante uma vigilân-
OStEOPOROSE fRAtuRáRIA: EfEItO “DOmInó” 
dr.ª eugénia simões
assistente Hospitalar 
Graduada de reumatologia 
no instituto português de 
reumatologia (ipr)
20
cia adequada da medicação. «Classicamente, fármacos como os corticoides estão associa-
dos à osteoporose e ao risco de fraturas, pelo que a sua utilização deve ser devidamente 
monitorizada. Mais recentemente, foi publicado um estudo que associa também os inibi-
dores da bomba de protões (cujo uso é bastante frequente entre as populações de idades 
mais avançadas). Este trabalho, aliás, reforça a ideia que já prevalecia há algum tempo: estes 
fármacos constituem, de facto, um fator de risco independente de fratura osteoporótica1», 
esclarece. 
A prevenção secundária inclui ainda a prática de exercício físico – sobretudo o treino e o re-
forço do equilíbrio, com vista à proteção das quedas. A reumatologista adianta que, de uma 
forma geral, «há um reconhecimento da utilidade do exercício. No entanto, não há ainda 
uma estratégia a nível nacional capaz de assegurar a prestação destes cuidados a todos os 
doentes que deles necessitam». 
Na opinião da Dr.ª Eugénia Simões, «não há ainda a noção exata, entre a população, da seve-
ridade e das consequências inerentes às fraturas do colo femoral. Mesmo entre a comunida-
de médica, aliás, deveria haver uma maior sensibilização. Grande parte dos doentes com fra-
turas querecorrem à urgência são intervencionados cirurgicamente e, aquando da alta, não 
são referenciados para a Reumatologia nem sequer medicados de forma adequada. Seria 
de extrema importância determinar se a fratura resultou de um processo osteoporótico». 
As ilações do estudo SCOOP
Com vista a uma avaliação e identificação mais rigorosa dos doentes em risco de fratura do 
colo femoral, importa destacar as evidências do estudo Screening in the community to reduce 
fractures in older women (SCOOP)2, realizado no Reino Unido e que envolveu dois grupos: 
«um constituído por mulheres previamente tratadas com fármacos anti-osteoporóticos e 
avaliadas com recurso ao FRAX® (i.e., com fatores de risco clínico e sem densitometria reali-
zada) e um outro formado por mulheres que não fizeram a avaliação por FRAX®». 
Segundo os resultados, no primeiro grupo «foram identificados mais doentes que vieram 
a ter fraturas do colo femoral e, através da terapêutica, evitou-se uma maior ocorrência 
desse mesmo tipo de fraturas (embora não tenha acontecido o mesmo com outras fraturas 
clínicas)». 
A especialista diz que, daqui, devem ser retiradas duas ilações: «em primeiro lugar, e no 
que diz respeito aos fatores de risco para a osteoporose, é importante a identificação dos 
doentes verdadeiramente em risco para a fratura do colo femoral; e, sem segundo lugar, 
talvez seja pertinente englobar a densitometria em doentes específicos, de maneira a evi-
tar a ocorrência dos restantes tipos de fraturas. Seguramente que, aplicando o FRAX®, os 
especialistas identificarão muitos mais doentes que venham a ter fratura do colo femoral. 
Há, assim, um reforço da utilidade desta ferramenta». 
 
 
Referências bibliográficas 
1. Liu J, Li X, Fan L, Yang J, Wang J, Sun J, Wang Z. Proton pump inhibitors therapy and risk of bone diseases: an update 
meta-analysis. Life Sci. 2019 Feb 1;218:213-223. 2. Lee Shepstone et al. Screening in the community to reduce fractu-
res in older women (SCOOP): a randomised controlled trial. The Lancet. 2018, Feb 24, vol. 391, nr. 10122; p713-812. 
21
CASO ClínICO
OsteOpOrOse fraturária: 
efeitO “dOminó”
A ocorrência de fratura de fragilidade prévia constitui um dos 
principais fatores de risco (fR) para a ocorrência de novas fra-
turas osteoporóticas. Para além do tratamento farmacológico 
da osteoporose (OP), todos os FR modificáveis devem ser corri-
gidos para controlar da melhor forma esta doença que é “silen-
ciosa” até ser complicada pela ocorrência de fraturas. Apresen-
tamos o caso de uma doente com múltiplos fR para OP.
Doente do sexo feminino*, 54 anos, caucásica, técnica de labora-
tório, seguida em consulta de Reumatologia por Artrite Psoriática 
(AP), forma poliarticular, “AR-Like”, com cerca de 25 anos de evo-
lução, sob metotrexato 15 mg semanal, lansoprazol 30 mg e cele-
coxib 200mg em SOS, referenciada à consulta de Doenças Ósseas 
Metabólicas (DOM) da nossa Instituição, em Junho de 2009, por 
OP fraturária. 
1.ª consulta de DOm (06/2009): Apurou-se a ocorrência de 6 episó-
dios anteriores de quedas da própria altura, a primeira nos últimos 
7 anos, tendo estas resultado em fraturas do colo do úmero direito 
(figura 1), do ramo ísquio-púbico direito e de 5 costelas; menarca 
aos 10 anos; menopausa aos 44 anos; vários episódios de recurso 
a corticoterapia em baixa dose, por curtos períodos, durante epi-
sódios de agudização da sua artrite; consumo de leite e iogurtes 
diariamente; consumo esporádico de um copo de vinho ao almoço; 
consumo de cerca de um maço de tabaco por dia entre os 15 e os 25 
anos (10 Unidades maço/ano); mãe com antecedente de fratura de 
colo do fémur aos 80 anos, na ausência de traumatismo. 
Antecedentes pessoais: para além da AP, referia hipertensão ar-
terial, medicada desde há 9 anos com indapamida. Era portadora 
CASO ClínICO: OStEOPOROSE fRAtuRáRIA: EfEItO “DOmInó” 
de densitometria óssea (DEXA), (02/2008, tabela 1) com níveis de DMO do colo do fémur 
compatíveis com OP e de radiografias da coluna dorsal com deformação do corpo vertebral 
de D7 e D10 (figura 2), tendo sido introduzida suplementação de cálcio e realizada perfusão 
de ácido zoledrónico 3 meses após a realização destes exames. 
A doente era seguida anteriormente numa consulta privada de Reumatologia e cumpria 
irregularmente terapêutica com bisfosfonatos orais.
Exame objetivo: altura de 1,51 m (-3 cm que aos 25 anos), peso de 107,2 kg, resultando num 
índice de massa corporal (IMC) de IMC 47,01 kg/m2 (obesidade grau III); lesões de psoríase 
na superfície extensora dos cotovelos; palpação dolorosa e tumefação de cotovelos, pu-
nhos, joelhos e tibio-társicas. 
Exames complementares de diagnóstico: VS 61 mm/H, PCR 4,14 mg/dL; hipergamaglo-
bulinemia de base larga; hemograma, função renal e hepática, fosfatase alcalina, cálcio e 
fósforos séricos, cálcio urinário, PTH, 25-hidroxivitamina D, TSH, T4L, prolactina, proteino-
grama, imuno-eletroforese sérica e urinária sem alterações de relevo, marcadores de reab-
sorção e formação não aumentados. Nova DEXA (04/2009, tabela 1) que mostrou aumento 
da Densidade Mineral Ósssea (DMO) tanto a nível lombar como do colo do fémur; novas 
radiografias da coluna dorsal revelaram deformação dos corpos vertebrais de D7, D8, D9 e 
D10 (figura 3), portanto com agravamento em relação ao estudo axial anterior. 
Dada a ocorrência de novas fraturas, apesar da melhoria da DMO após tratamento com bis-
fosfonato, decidiu-se trocar de mecanismo de ação, suspendendo-se o ácido zoledrónico e 
iniciando hormona paratiroideia (09/2009). 
Consulta de Reumatologia (08/2009): Paralelamente à terapêutica para a OP, foi ajustada 
a terapêutica imunomoduladora para controlo da atividade da AP. Fez ecografia abdominal, 
renal, pélvica, estudo mamário e torácico sem alterações, decidindo-se iniciar etanercept 
(12/2009), com resposta favorável. 
Reavaliação na consulta de DOm (03/2011): Após 16 meses sob hormona paratiroideia, o 
tratamento foi interrompido por esta ter sido retirada do mercado, tendo sido proposto áci-
do zoledrónico, que foi iniciado em 06/2011. Por ter sido identificado nódulo da supra-renal 
direita em RMN, a doente foi seguida em consulta de Endocrinologia onde efetuou estudo 
e onde se concluiu que se tratava de um adenoma não funcionante. 
dr.ª eugénia simões
assistente Hospitalar 
Graduada de reumatologia 
no instituto português de 
reumatologia (ipr)
2322
dr.ª nathalie madeira
interna de reumatologia 
(ipr)
L1-L4 COlO DO fémuR
DMO (g/cm2) T-score
Δ exame 
prévio
 DMO (g/cm2) T-score
Δ exame 
prévio
02/2008* 0,843 -1,9 0,483 -3,3
04/2009* 0,887 -1,5 +5,2% 0,527 -2,9 + 0,2%
10/2010 0,808 -2,1 0,631 -2,5
04/2013 0,907 -1,2 + 12,2% 0,729 -1,7 + 15,4%
06/2015 0,933 -0,9 + 2,9% 0,729 -1,7 + 0,1%
05/2017 0,971 -0,6 + 4,0% 0,673 -2,2 - 7,7%
*exames realizados em densitómetro de outra instituição, não podendo ser comparados com os mais recentes 
figura 1. Radiografia dos ombros AP: status pós fratura da cabeça do úmero direito
tabela 1. Evolução densitométrica
CASO ClínICO: OStEOPOROSE fRAtuRáRIA: EfEItO “DOmInó” 
2524
Reavaliação na consulta de DOm (12/2015): Cumpriu 
terapêutica com ácido zoledrónico anual, com melho-
ria da DMO (04/2013, 06/2015 tabela 1), mantendo 
contudo uma elevada frequência de quedas, algumas 
atribuídas a um défice de equilíbrio associado à obesi-
dade, resultando em nova fratura de costela (11/2015). 
Foi referenciada à consulta de cirurgia da obesidade 
onde foi proposta cirurgia barátrica, que realizou em 
12/2015. 
Reavaliação na consulta de DOm (05/2017): A doen-
te tinha perdido cerca de 50 kg, referia uma melhoria 
franca do equilíbrio durante a marcha, referindo “não 
tropeçar tanto” (sic) e negando a ocorrência de quedas 
e de novas fraturas. Radiograficamente também não 
se verificou a ocorrência de novas deformações verte-
brais, e apesar de na reavaliação por DEXA se verifi-
car um agravamento da DMO a nível do colo do fémur 
(-7,7%, ver tabela 1), este resultado foi interpretado 
comcautela, considerando-se que a perda considerá-
vel de peso veio alterar a leitura da DEXA. A doente 
tinha efetuado um total 5 infusões de ácido zoledrónico (última em 03/2016), decidiu-se 
realizar um “drug holiday” de um ano e retomar ácido zoledrónico em 03/2018. 
Reavaliação na consulta de DOm (07/2018): Em janeiro de 2018 a doente sofreu novamen-
te uma queda, resultando em fratura do colo do fémur direito. Foi submetida a artroplastia 
total, esta posteriormente complicada por infeção peri-protésica, protelando a administra-
ção de ácido zoledrónico para 12/2018. 
Discussão
Na altura da sua referenciação para a consulta de DOM, a doente apresentava um T-score 
do colo do fémur ≤ -2,5 e tinha sofrido 7 fraturas em contexto de traumatismos de baixo 
impacto, cumprindo desta forma critérios para OP severa, segundo a OMS. Como FR não 
modificáveis apresentados pela doente apontamos o facto de se tratar de uma mulher pós-
-menopáusica, com menopausa precoce (< 45 anos) e com história familiar em 1.º grau de 
fratura muito provavelmente em contexto de OP (mãe com fratura do colo do fémur na 
ausência de traumatismo). 
Dos FR modificáveis fazem parte o consumo de tabaco, que a doente suspendeu há cerca de 
20 anos; a propensão para as quedas, que se atribuiu em parte a um défice de estabilidade 
associada ao elevado grau de obesidade, sendo este argumento corroborado pelo facto da 
doente referir um incremento significativo da sua segurança na marcha e a ausência de que-
das nos meses a seguir à cirurgia bariátrica; a sua doença reumática inflamatória sistémica, 
AP, tanto pela patologia em si, justificando a necessidade do controlo inflamatório, como 
pelos fármacos utilizados para o seu tratamento e para a prevenção de complicações gas-
trointestinais a estes associados: corticoides, inibidores da bomba de protões e metotrexa-
to. É indiscutível nesta doente a importância da realização da cirurgia bariátrica, devido ao 
risco cardiovascular associado ao seu grau de obesidade. No entanto, segundo a literatura, 
este tipo de intervenção tem vindo a mostrar efeitos prejudiciais na OP. De fato, vários 
estudos prospetivos têm mostrado que a cirurgia bariátrica está associada não somente 
ao aumento dos marcadores de turnover ósseo, em favor do aumento da reabsorção, mas 
também à diminuição da DMO. Um risco aumentado de fratura em qualquer localização em 
doentes submetidos a procedimentos cirúrgicos bariátricos tem sido apontado. 
Em suma, verificou-se que nesta doente, apesar da tentativa de correção dos múltiplos FR e 
da instituição de terapêutica para a OP após as primeiras fraturas, novas fraturas foram sur-
gindo, culminando na ocorrência da fratura osteoporótica mais temida: a fratura do colo do 
fémur. Devido ao seu elevado risco de fratura, é muito provável que esta doente não possa 
suspender a terapêutica dirigida à OP. O denosumab, atualmente já com dados de seguran-
ça a 10 anos, será com certeza o próximo fármaco a considerar nesta doente. 
figura 2. Radiografia da coluna dorsal 
perfil: deformação de D7 e D10 
 
Referências bibliográficas
1. National Osteoporosis Foundation. Clinician’s Guide to Preven-
tion and Treatment of Osteoporosis. Washington, DC: National 
Osteoporosis Foundation; 2013. 2. Lespessailles E, Hammoud E, 
Toumi H, Ibrahim-Nasser N. Consequences of bariatric surgery 
on outcomes in rheumatic diseases. Arthritis Res Ther. 2019 Mar 
28;21(1):83.
figura 3. Radiografia da coluna dorsal perfil: deformação de 
D7, D8, D9 e D10
* Doente também seguida pelo Dr. Luís Miranda.
Os desafiOs da OsteOpOrOse 
nO jOvem adultO
A existência de fatores hereditários são motivo de suspeita de 
osteoporose no jovem adulto, sobretudo «se os progenitores 
tiverem já sofrido fratura osteoporótica ao longo da vida (es-
tima-se que o peso da componente genética seja na ordem dos 
30-40%)». Tal como sublinha o Prof. Doutor Mário Rui Mascare-
nhas, assistente hospitalar graduado de Endocrinologia no Ser-
viço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo do Hospital 
de Santa Maria, do Centro Hospitalar e Universitário de Lisboa 
Norte (CHULN), em alguns casos «a administração de determi-
nados fármacos e a presença de patologias também poderão 
favorecer a perda de massa óssea». 
Não raras vezes, os jovens adultos ficam surpreendidos com o diag-
nóstico de fratura por osteoporose, na medida em que se trata 
de complicação de uma patologia muito associada às idades mais 
avançadas. Na fase em que há o “surto” de crescimento (durante a 
puberdade), a ocorrência de fraturas é uma realidade frequente – 
e esse é o sinal mais visível de uma eventual fragilidade óssea por 
vezes já detetável. 
No jovem adulto, e de acordo com o Prof. Doutor Mário Rui Mas-
carenhas, as fraturas «estão geralmente associadas a doenças que 
originam uma acentuada fragilização do osso. Alguns défices enzi-
máticos, por exemplo, podem contribuir para que algumas crianças 
nasçam já com osteoporose fraturária, cujo grau de severidade é 
tal que o óbito acaba por ocorrer nas primeiras semanas de vida. A 
designada osteogénese imperfeita e o hipogonadismo são outras 
situações associadas à diminuição de massa óssea. A ocorrência de 
fratura é um episódio que demonstra que já existe uma osteopo-
rose estabelecida (ou uma osteoporose relativamente grave)». 
A asma, só por si, origina diminuição da densidade de massa óssea. 
O tratamento (com recurso a corticoides) desta condição «tam-
bém poderá levar à paragem do crescimento. Essa noção tem de 
estar bem presente em especialidades como a Pediatria e a Pneu-
mologia, já que têm um contacto privilegiado com os doentes mais 
jovens (e, nesse sentido, deverão estar particularmente atentos a 
eventuais alterações)». 
Não significa isto que todos os indivíduos com patologias, como as 
referidas anteriormente, tenham automaticamente um diagnósti-
co de osteoporose. «A massa óssea poderá apresentar valores nor-
mais; mas, ainda assim, a microarquitetura do osso pode já estar de 
tal forma alterada que a possibilidade de pequenos traumatismos 
causarem fraturas é bastante elevada», refere o endocrinologista.
OSTEOPOROSE NO jOvEM ADULTO 
Evolução da osteoporose nas populações jovens 
«Quando pesquisamos os fatores secundários que resultam na perda de massa óssea, em 
cerca de 50% a 60% dos homens (até 50 anos de idade) é possível detetar uma causa. Nas 
mulheres, e mesmo na pós-menopausa, em cerca de 30% dos casos também é possível iden-
tificar o motivo para uma perda de massa óssea acentuada, comparativamente com as par-
ceiras da mesma idade», afirma o Prof. Doutor Mário Rui Mascarenhas. 
Nos jovens adultos, «a abordagem constitui um enorme desafio, já que é preciso chegar a 
um diagnóstico de uma eventual patologia subjacente (e isto caso a osteoporose não esteja 
associada a condições clínicas que causem secundariamente osteoporose ou medicações, 
por exemplo)». Comparativamente com as pessoas com 70 ou mais anos de idade, o proces-
so de desenvolvimento da osteoporose nos jovens adultos «parece ocorrer de uma forma 
mais célere. Sabemos que há um pico de formação de massa óssea que se atinge durante 
a terceira década de vida. Esse pico, aliás, acaba por ser maior nos homens do que nas mu-
lheres. É igualmente conhecido que, por altura do climatério, a falência ovárica faz com que 
se verifique uma perda significativa de densidade mineral óssea – e que poderá atingir até 
cerca de 50% do conteúdo ósseo que existia anteriormente. Significa isto que a ausência de 
estrogénios é, de facto, um fator bastante relevante». 
Abordagem terapêutica e vigilância 
O tratamento dos jovens adultos com osteoporose exige algum cuidado por parte do espe-
cialista médico. Não se encontrando qualquer patologia subjacente, a abordagem terapêu-
tica «é empírica e passa por inibir a ação das células que destroem o osso (ou seja, contribuir 
para que haja uma diminuição da reabsorção óssea). Já nos indivíduos em que há a identifi-
cação de uma causa patológica, essa doença deveser tratada – e confirmar posteriormente 
se a abordagem terapêutica é ou não suficiente para aumentar a massa óssea e inverter ou 
travar o processo da reabsorção óssea», acrescenta o Prof. Doutor Mário Rui Mascarenhas. 
Em caso de fratura no adulto jovem (e sem que haja qualquer causa identificada), deve-se 
«recorrer a terapêuticas que não permaneçam durante muitos anos no osso (isto porque 
não se conhece verdadeiramente qual o seu efeito a nível do organismo a médio e a longo 
prazo). Esta é uma preocupação recorrente em indivíduos em idade fértil, por exemplo». A 
avaliação é sempre feita caso a caso, com o intuito de determinar «eventuais necessidades 
de correção e de estipular medidas preventivas – quer em relação aos fatores que resultam 
na perda de massa óssea, quer em relação ao risco de quedas. De notar que a avaliação do 
risco de fratura terá de ser realizada com frequência». 
O impacto da osteoporose (ou das doenças subjacentes à diminuição da densidade mineral 
óssea) é particularmente «tremendo nos jovens adultos. Esta é uma população bastante 
ativa, que se encontra na plenitude das suas capacidades, e as fraturas vertebrais podem 
resultar em queixas dolorosas crónicas, na região da coluna. Independentemente da idade 
em que ocorre, qualquer fratura envolve sempre o risco de comorbilidades e até mesmo de 
mortalidade mais precoce», conclui o especialista.
prof. doutor mário rui 
mascarenhas
assistente Hospitalar 
de endocrinologia do 
Hospital de santa maria, 
do Centro Hospitalar 
universitário de lisboa 
norte (CHuln) e professor 
de endocrinologia e 
doenças do metabolismo 
da faculdade de medicina 
de lisboa (fmul)
2726
CASO CLíNiCO
OsteOpOrOse nO jOvem adultO
Antes dos 40 anos de idade, o risco de fratura osteoporótica 
é geralmente baixo, mesmo em pessoas com níveis baixos da 
DMO. O caso clínico que se segue é referente a doente jovem 
que sofreu um episódio de fratura osteoporótica de uma vér-
tebra, o que também aumenta o risco de fratura subsequente, 
sobretudo nos 2 anos seguintes. Apesar da massa óssea ter um 
componente genético importante, diversos fatores, como os do 
ambiente, podem influenciar a otimização do pico máximo de 
massa óssea e posteriormente a manutenção desta.
Doente 34 anos de idade, sexo feminino, caucasiana, doméstica, 
enviada para avaliação da etiologia de osteoporose grave. A doen-
te referiu raquialgia súbita e lacinante, na região dorso-lombar, 
quando efetuava uma limpeza de mesa baixa, há 4 anos. O diag-
nóstico de fratura osteoporótica da vértebra D12 efetuara-se há 
dias por RM da coluna dorso-lombar (figura 1) por dor persistente.
A doente referiu amenorreia secundária, após períodos de oligo-
menorreia desde os 23 anos idade. A doente contou sofrer cefa-
leias frontais e o aparecimento progressivo de acne facial, associa-
do ao da pilosidade na face e tronco desde tal data; menarca aos 
12 anos de idade, ciclos regulares até há 4 anos. Nulípara.
A doente negou quedas e/ou fraturas prévias, medicações recen-
tes e/ou corticoterapia crónica, traumas cranianos, episódios de 
fraturas de fragilidade nos pais.
A observação detetou acne facial, na região do mento e face dorsal 
do trono. Hirsutismo ligeiro na face, região inter-mamária, mamas 
e linha branca. Galactorreia bilateral. Sem estrias nem distribuição 
facio-troncular do tecido adiposo superficial.
Exames requisitados: 
Laboratório: hemograma, eletroforese das proteínas, provas de 
função renal, hepática, tiróide e eixo hipotálamo-hipófise-córtex 
da suprarrenal nos parâmetros de referência para a normalidade.
- PRL = 453 ng/mL LH = 0,1 UI/l FSH = 0,9 UI/l Estradiol = 15pg/mL
- Calcémia = 9,7 mg/dL P = 3,1 mg/dl PTHi = 69 pg/ml 25(OH)D = 
16,5 ng/mL
- Fosfatase alcalina total = 81 UI/mL CTX = 0,68ng/ml P1NP = 32
DXA = DMO diminuída, com Z-score = -2,1 DP e T-score = -2,0 DP.
Ressonância magnética crânio-encefálica (RM CE) = Macroadenoma 
da hipófise holosselar, sem invasão das estruturas vizinhas.
CASO CLíNiCO: OSTEOPOROSE NO jOvEM ADULTO 
A doente foi medicada com bromocriptina, fármaco dopaminérgico, com reinício das mens-
truações três meses depois e com ciclos regulares, tendo realizado 2 anos depois nova RM 
CE que não mostrava tecido tumoral na região da hipófise. A doente teve indicação para 
parar a bromocriptina com manutenção da estabilidade clínica e biológica. No entanto a 
doente a dor dorso-lombar permaneceu, apesar da medicação com tapentadol, um analgé-
sico opióide forte. 
Discussão
Não existem dados epidemiológicos que permitam saber qual a prevalência de fraturas os-
teoporóticas em adultos jovens. Um episódio fraturário por osteoporose em adulto jovem é, 
em geral, muito raro e pode refletir uma densidade mineral óssea baixa em adulto jovem, um 
pico de massa óssea baixo, uma perda de massa óssea precoce ou uma combinação de ambos. 
A osteoporose idiopática associa-se frequentemente a pico máximo de massa óssea baixo 
e é provável que a DMO baixa já seja de longa duração e se mantenha estável. A osteopo-
rose secundária pode detetar-se já em idades muito precoces, podendo mesmo surgir em 
crianças e em adolescentes, dependendo da sua etiologia, como por exemplo a osteogé-
nese imperfeita e a hipofosfatasia (quadro 1). Outro aspeto importante é que as fraturas 
se repetem muitas vezes e em locais não habituais das fraturas osteoporóticas nos idosos. 
Antes dos 40 anos de idade, o risco de fratura osteoporótica é geralmente baixo, mesmo em 
pessoas com níveis baixos da DMO. Esta doente era jovem e sofreu um episódio de fratura 
osteoporótica de uma vértebra, o que também aumenta o risco de fratura subsequente, 
sobretudo nos 2 anos seguintes.
prof. doutor mário rui 
mascarenhas
assistente Hospitalar 
de endocrinologia do 
Hospital de santa maria, 
do Centro Hospitalar 
universitário de lisboa 
norte (CHuln) e professor 
de endocrinologia e 
doenças do metabolismo 
da faculdade de medicina 
de lisboa (fmul)
2928
iNíCiO 
jUvENiL
ENDOCRiNO-
PATiAS
OUTRAS 
DOENçAS
iATROgENiA
ESTiLO DE 
viDA
Idiopática Hipogonadismos Artrite reumatoide
Corticoterapia 
prolongada
Alcoolismo, tabagis-
mo crónicos
Doenças Colagénio 
/ genéticas
Osteomalácia Doença celíaca Levotiroxina
Fraca ingestão de 
cálcio
Síndrome 
Ehler-Danlos
Hipertiroidismo Nefropatia crónica Anticonvulsivantes Excesso de cafeína
Síndrome Marfan Hiperparatiroidismo Hepatopatia crónica Anticoagulantes Sedentarismo
Osteogénese
 imperfeita
Diabetes mellitus 
tipo 1 e tipo 2
Doença inflamatória 
intestino
Inibidores da recap-
tação da serotonina
Imobilização 
prolongada
Hipofosfatasia Hiperprolactinémias
Inibidores da aro-
matase
Emagrecimento
Cushing endógeno
Inibidores das bom-
bas de protões
Acromegalia
Cirurgias extensas 
do tubo digestivo
Anorexia nervosa Transplantes
Tabela 1. Etiologias da DMO baixa e da osteoporose em adultos jovens, por doenças, medicações e tipo do estilo 
de vida.
Apesar da massa óssea ter um componen-
te genético importante, diversos fatores, 
como os do ambiente podem influenciar 
a otimização do pico máximo de massa 
óssea e posteriormente a manutenção 
desta. Entre tais fatores, salientam-se 
doenças, fármacos e o estilo de vida. 
Na avaliação clínica é importante a de-
teção da etiologia da DMO reduzida ou 
da osteoporose (quadro 1). Neste caso, 
a doente tinha história de alterações dos 
ciclos menstruais com oligomenorreia e 
amenorreia secundária prolongada, indi-
ciando a presença de hipoestrogenismo 
(ou hipogonadismo). A galactorreia, le-
vou à suspeição de hiperprolactinémia. 
Como a doente negou a ingestão de fár-
macos, a suspeita de uma causa orgânica 
da hiperprolactinémia por lesão da hipó-
fise foi colocada, confirmada pelos exa-
mes requisitados. 
A hiperprolactinémia prolongada pode 
ser causa de hipogonadismo hipogona-
dotrófico (níveis dos esteróides sexuais e 
das gonadotrofinas reduzidos no sangue 
periférico). O hipoestrogenismo decor-
rente da hiperprolactinémia causa habi-
tualmente uma perda precoceda massa 
óssea e desenvolvimento de osteoporo-
se, por aumento intenso da atividade dos 
osteoclastos. 
A densitometria bifotónica para estudo do componente ósseo deve ser considerada apenas 
em adultos jovens com fraturas por fragilidade ou fatores de risco relevantes para a massa 
óssea diminuída ou mesmo osteoporose. 
Antes de se atingir o pico máximo de massa óssea, é inadequado expressar os resultados da 
densidade mineral óssea (DMO) com o T-score, sendo necessário usar o Z-score para qualifi-
cação ou diagnóstico da osteoporose e a sua interpretação deve ser cuidadosa. 
A DMO revela apenas o risco de fratura osteoporótica, que está estabelecido apenas para 
mulheres na pós-menopausa. O CTX, marcador da atividade dos osteoclastos, aumentado 
CASO CLíNiCO: OSTEOPOROSE NO jOvEM ADULTO 
3130
Figura 1. Ressonância magnética da coluna vertebral: obser-
va-se fratura com concavidade da face superior do corpo da 
vértebra D12.
e a elevação ligeira do P1NP, marcador bioquímico da atividade dos osteoblastos, mostra-
ram um aumento do “turnover ósseo”, favorecendo a perda de massa óssea e o aumento 
consequente da fragilidade do tecido ósseo, favorecendo o aumento do risco de fraturas 
osteoporóticas. A medicação com a bromocriptina provocou o desaparecimento da imagem 
tumoral na RM, a normalização dos níveis de PRL e normalização dos níveis de esteroides 
sexuais e a normalização dos ciclos menstruais.
O tratamento etiológico da osteoporose em adultos jovens será o preferencial, sempre que 
possível, com a compensação de uma doença, em caso de iatrogenia com a utilização da 
menor dose que seja exequível de um fármaco. Exceto se complicadas por fraturas de fragi-
lidade, nestas faixas etárias não se preconizam associações as terapêuticas usadas na osteo-
porose da pós-menopausa, mesmo que a DMO seja muito reduzida.
Os bisfosfonatos podem permanecer no tecido ósseo durante anos, não se conhecendo os 
seus efeitos a longo prazo em pessoas adultas jovens; a teriparatida tem indicação para uti-
lização durante dois anos na vida; a paragem do tratamento com o denosumab pode causar 
um regresso rápido ao estádio prévio à medicação. 
Nos casos de fraturas osteoporóticas em adultos jovens a utilização de tais medicamentos 
não é consensual e as opiniões são muitas vezes contraditórias. Os doentes com osteopo-
rose ser instruídos educados sobre um estilo de vida saudável e o seu seguimento é impor-
tante para confirmar que a DMO permanece estável, sendo deste modo possível adiar o 
tratamento empírico para a osteoporose por muitos anos.
As pArticulAridAdes 
dA osteoporose mAsculinA
De acordo com o Prof. Doutor Davide Carvalho, presidente da 
Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabo-
lismo (SPEDM), «embora a osteoporose seja tipicamente uma 
doença feminina, em particular a pós-menopáusica, nos últimos 
25 anos, a osteoporose masculina tem adquirido protagonismo 
e tem sido progressivamente reconhecida como um problema 
de saúde pública devido à ocorrência cada vez maior de fraturas 
de fragilidade1. A osteoporose masculina pode ser considerada 
primária ou secundária2. O envelhecimento e o hipogonadismo 
associado são fatores muito importantes1». 
A osteoporose está muito associada às mulheres, podendo ser 
um desafio acrescido quando o doente é do sexo masculino. «É 
essencial que os próprios médicos pensem na possibilidade de um 
diagnóstico de osteoporose quando estão perante um doente do 
sexo masculino – nem sempre isso acontece e, com frequência, os 
doentes têm alterações ósseas, até mesmo fraturas, sem se pen-
sar que se pode estar perante uma osteoporose subjacente a um 
problema hormonal», afirma o Prof. Doutor Davide Carvalho.
No desenvolvimento e perda de massa óssea há diferenças mar-
cadas entre homens e mulheres. «Nos primeiros dias de vida, o 
desenvolvimento dos ossos é influenciado por múltiplos fatores: 
nível de atividade física, corpulência e fatores hormonais (hormo-
nas sexuais, somatotrofina e IGF-1), tendo a puberdade um papel 
crucial sobre a formação e o desenvolvimento ósseo em homens e 
mulheres», refere o especialista, acrescentando:
«Os homens iniciam, em geral, a puberdade mais tarde e conti-
nuam na puberdade por mais tempo que as mulheres, o que pode 
causar diferenças no desenvolvimento ósseo. Os homens tendem 
a ter membros mais longos que as mulheres. A calcificação das 
cartilagens de crescimento que limita o crescimento ósseo, ocor-
re mais tarde, e por isso, os homens tendem a ter um período de 
maturação óssea mais longo3. As hormonas sexuais desempenham 
um papel importante no crescimento ósseo e na massa óssea pre-
sentes no fim da puberdade4. Nos homens, a testosterona durante 
a puberdade leva ao desenvolvimento de esqueleto maior, ao con-
trário dos estrogénios5.»
Quanto à densidade mineral óssea, «os estrogénios normalmen-
te reduzem a reabsorção óssea, conservando a massa óssea. A 
testosterona também pode reduzir a reabsorção óssea, mas esse 
efeito parece ser devido à conversão da testosterona em estro-
génios. A testosterona também tem um efeito direto, ainda que 
pequeno, na formação óssea6. Ao atingir a vida adulta, os homens 
OStEOPOrOSE MASCulinA 
possuem maior pico de massa óssea, ossos mais longos (devido à puberdade mais tardia) e 
maior resistência óssea7.»
No entanto, há muitas circunstâncias, «particularmente nas situações de hipogonadismo 
(quer de origem testicular ou de origem hipofisária), em que os doentes apresentam, de 
forma precoce, uma diminuição significativa da massa óssea e consequente aumento do 
risco de fraturas. De frisar que a maioria dos casos de osteoporose no sexo masculino está, 
muitas vezes, ligada ao hipogonadismo». 
Nas formas do hipogonadismo congénito, «o doente apresenta uma diminuição dos níveis 
de testosterona muito cedo, não atingindo o pico de massa óssea, sendo, muitas vezes, a 
manifestação inicial a fratura. São indivíduos mais longilíneos, mais altos e com membros 
mais longos, porque falta a testosterona para se dar a ossificação das cartilagens do cres-
cimento, tendo maior probabilidade de quedas e de fraturas. Por outro lado, o hipogona-
dismo faz com que o doente tenha menos massa muscular o que leva a que o doente faça 
menos atividade física, o que agrava também a diminuição da massa óssea». 
Por vezes, «a osteoporose é a primeira manifestação do hipogonadismo. Estabelece-se o 
diagnóstico de osteoporose e na investigação das suas causas secundárias, acabamos por 
estabelecer o diagnóstico de hipogonadismo. Noutros casos, o doente já tem estabelecido, 
há bastante tempo, o hipogonadismo, como nos casos de hipogonadismo congénito, e a 
nossa atuação é verificar as repercussões do hipogonadismo sobre o órgão alvo que é o 
osso, estabelecendo-se posteriormente o diagnóstico de osteoporose». 
De acordo com o especialista, em termos de tratamento, «temos de tratar a situação de 
base – neste caso do hipogonadismo – mas também fazer a avaliação e o tratamento da os-
teoporose, utilizando os fármacos anti-osteoporóticos convencionais. Normalmente, quan-
do fazemos terapêutica de substituição hormonal (THS) num doente com hipogonadismo, 
conseguimos obter alguma recuperação da massa óssea. O mesmo se aplica às causas se-
cundárias de osteoporose, uma vez que a resolução do hiperparatiroidismo ou do hipercor-
tisolismo acaba por ser suficiente para melhorar, de forma parcial, a osteoporose (o que não 
invalida a necessidade de fazer a terapêutica anti-osteoporótica)». 
Referências bibliográficas
1. Willson, T., et al., The clinical epidemiology of male osteoporosis: a review of the recent literature. Clin Epide-
miol, 2015. 7: p. 65-76. 2. Watts, N.B., et al., Osteoporosis in men: an Endocrine Society clinical practice guideline. J 
Clin Endocrinol Metab, 2012. 97(6): p. 1802-22. 3. Seeman, E., Growth in bone mass and size - are racial and gender 
differences in bone mineral density more apparent than real? J Clin Endocrinol Metab, 1998. 83(5): p. 1414-9. 4. 
Karsenty,

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