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Síndrome diarreicas Conceito: consiste na alteração do hábito intestinal, com diminuição da consistência das fezes, aumento do volume e/ou maior conteúdo do fluído fecal, com ou sem aumento do número de evacuações Sintomas associados • febre • tenesmo/urgência fecal • inapetência/anorexia • dor abdominal • flatulência • náuseas/vômitos • perda de peso * Pode ou não vir acompanhada de outros sintomas Classificação Quanto à fisiopatologia 1. Osmótica Ocorre quando há grande quantidade de substâncias osmoticamente ativas, pouco absorvidas, no lúmen intestinal, levando à retenção osmótica de água para manter a osmolaridade intraluminal ex: uso de álcool, medicamentos (sorbitol, manitol), intolerância à lactose e frutose - Melhora com o jejum - Associação/piora dos episódios com a ingesta do alimento suspeito, flatulência. ao exame, distensão abdominal, hipertimpanismo, hiperemia perianal 2. Secretória - Decorre da anormalidade do mecanismo de secreção intestinal, induzida por toxinas bacterianas, vírus, hormônios e medicamentos. Logo, ocorre aumento da secreção dos fluídos isotônicos (sais e água) da mucosa intestinal Decorre de dano ao nível do epitélio dos enterócitos por ação de vírus • Causa mais comum: infecções produtoras de enterotoxinas Ex: infecção por E. coli enterotoxigênica • Produção excessiva de hormônios e secretagogos Ex: gastrina (gastrinoma), síndrome carcinoide (serotonina, prostaglandinas, calcitonina), VIPomas, outros - Diarreia alta, não disentérica, geralmente indolor, com febre, c/s desidratação, que persiste com o jejum, aquosa com grande volume 3. Inflamatória ou exsudativa - Secundária a processos inflamatórios, com consequente lesão de mucosa e aumento da permeabilidade intestinal Camyla Ponte - PM Ex: Doença inflamatória intestinal, neoplasias, shiguelose, colide pseudomembranosa - Presença de sangue misturado as fezes e muco desinteria - Aumento do ritmo intestinal > 5x/dia (até 20x/dia), com fezes de pequeno volume, que persistem com o jejum - Tenesmo, urgência e até incontinências fecais 4. Motora - Aceleração e/ ou redução do trânsito intestinal, causando inadequada mistura do alimento com as enzimas digestivas, e o pouco contato com a superfície absortiva, por ressecção intestinal ou fístulas enteroentéricas → prejudica a capacidade absortiva • Doenças funcionais ex: SII • Doenças metabólicas • Doenças endócrinas ex: hipertireoidismo, DM • Fármacos 5. Disabsortiva - Associada ao déficit da absorção – a má absorção de lipídios pode induzir diarreia com fezes gordurosas, de odor fétido e difíceis de escoar - Deficiencias digestivas e lesões parietais que impedem a correta digestão ou absorção Ex: pancreatite crônica com insuficiência pancreática - Presença de restos de alimentos ( ex: macarrão, carne) - Esteatorreia – fezes amareladas, grudam no vaso sanitário ou boiam, amareladas, de mau odor - Grande volume fecal e intestinal <5x/dia Perda de peso Quanto à cronologia 1. Aguda – até 15 dias de duração (até 2 semanas) 2. Persistente – 16 a 30 dias de duração (entre 2 e 4 semanas) 3. Aguda crônica – mais de 30 dias de duração (mais de 4 semanas) Diarreia aguda Diarreia crônica A maioria é infecciosa (viral ou bacteriana); possibilidade de protozoários Manifestações associadas: náuseas, vômitos, febre, hipoatividade, outros contactantes com quadro similar, sintomas de VAS Parasitoses, doenças funcionais, intolerâncias alimentares, DII, infecções crônicas (imunocomprometidos), neoplasias, medicamentos Local de origem Alta (intestino delgado) Baixa (intestino grosso) • Grande volume evacuado • Frequência pequena • Ausência de muco, pus ou sangue nas fezes • Dor em mesogástrio • Ausência de tenesmo • Presença de restos de alimentares • Cessa com o jejum • Pouco volume evacuado • Frequência alta • Pode cursar com muco, pus ou sangue nas fezes (desinteria) • Dor em hipogástrico/ fossa ilíaca • Com tenesmo • Ausência de restos alimentares • Diminui mas não cessa com o jejum • Pode haver esteatorréia (gordura nas fezes) • Distensão abdominal - Não é raro que características de diarreia alta e baixa estejam no mesmo paciente - A diarréia pode ser manifestação de doença funcional, situação em que não é acompanhada de comprometimento sistêmico ou doença orgânica. São evidências de que a diarréia tem causa orgânica a ocorrência durante a noite, a presença de sangue nas fezes, hipotrofia muscular, esteatorréia, a queixa de dor abdominal, emagrecimento, febre, adenomegalia, massas palpáveis no abdômen, sintomas carenciais, anemia e redução do subcutâneo Anamnese 1. As características do início da diarréia → (congênita, início abrupto ou gradual) 2. Avaliar duração do episódio → (aguda, persistente ou crônica) 3. Avaliar o possível agente etiológico (infeccioso ou não infeccioso) 4. Classificar como a diarreia em inflamatória ou não inflamatória 5. Diarreia funcional x Diarreia orgânica 6. Avaliar gravidade do quadro 7. O padrão de diarreia → (contínua ou intermitente) 8. Fatores epidemiológicos, como viagens antes do início da diarreia, possível exposição a alimento ou água contaminada e doenças em membros da família ou em pessoa da relação do paciente 9. Características das fezes → ( aquosas, sanguinolentas ou esteatorréia) 10. Presença ou ausência de incontinência fecal 11. Sintomas associados → • Presença ou ausência de dor abdominal e sua característica. Dor abdominal está frequentemente presente na doença inflamatória, intestinal, síndrome do intestino irritável e isquemia mesentérica • Perda de peso, o que pode acontecer com qualquer doença que provoque diarréia, uma vez que o paciente, geralmente, diminui a ingestão com a intenção de reduzir o sintoma. Entretanto, perda de peso acentuada pode indicar má-absorção, neoplasia ou isquemia • Febre, dor abdominal, náuseas e vômitos 12. Fatores agravantes, como alimentação ou estresse ou medicamentos 13. Fatores de melhora, como alterações na alimentação 14. Resultados de exames já realizados. 15. Fatores iatrogênicos. História pregressa de ingestão de medicações, radioterapia e operações deve ser esclarecida 16. Diarréia factícia, provocada pela ingestão de laxantes, deve ser considerada em todo paciente com o sintoma. Ela está, geralmente, associada a desordens na alimentação, ganhos secundários ou antecedentes de simulação de doença. 17. Presença de doença sistêmica, como hipertireoidismo, diabetes melito, doenças do colágeno, doenças inflamatórias, neoplasias ou síndrome da imunodeficiência adquirida. Exame físico - Desidratação - Níveis pressóricos - Temperatura - Nível de consciência - Estado nutricional - Palidez - Icterícia - Presença de linfonodos ou massas abdominais - Toque retal : diarreias inflamatórias, neoplasias, avaliar fístulas * Outros dados importantes são eritemas, úlceras na boca, nódulos na tireóide, sibilos na ausculta pulmonar, artrite, ruídos cardíacos, hepatomegalia, massa abdominal, ascite, edemas e o exame anorretal Investigação da diarreia - É indicado nas seguintes situações • Diarreia inflamatória • Sanguinolenta • Severa depleção de volume • Duração maior que 3 dias • Hospedeiro imunocomprometido • Dor abdominal importante e persistente • Sinais de irritação peritoneal • Surto na comunidade • Sinais de doença sistemática Avaliação laboratorial Diagnóstico diferencial de diarreia • Incontinência fecal • Diarreia fictícia • Síndrome de Munchausen • Bulimia
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