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07/06/2022 19:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/28 GESTÃO DE PESSOAS AULA 3 Prof.ª Erika Gisele Lotz 07/06/2022 19:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/28 CONVERSA INICIAL Olá, seja bem-vindo(a)! Esta aula tem por objetivo apresentar a você os aspectos constituintes da gestão de desempenho humano nas organizações. Assim, você conhecerá o conceito de desempenho, os níveis da gestão de desempenho e a gestão de desempenho individual. Distinguirá acompanhamento de performance e gestão de desempenho, à luz dos clientes finais de cada processo. Você também conhecerá os benefícios da gestão de desempenho e será apresentado ao novo modelo de gestão de desempenho, aquele praticado tendo em vista os modelos ágeis de gestão. Aprenderá sobre as diferenças entre o modelo tradicional de gestão de desempenho e o modelo ágil, assim como sobre o importante papel do líder/gestor nesse processo. Terá a oportunidade de conhecer modalidades de avaliação de desempenho, assim como os pontos de alerta no processo que podem impactar de modo não tão positivo o resultado da avaliação. Conhecerá as etapas sequenciais da avaliação de desempenho, o feedback, o feedfoward e o plano de desenvolvimento individual. Bons estudos! TEMA 1 – GESTÃO DE DESEMPENHO “É impossível avaliar a força que possuímos sem medir o tamanho do obstáculo que podemos vencer.” (H. W. Beecher) Quando se trata da gestão de pessoas, tão importante quanto adotar critérios válidos para trazer a pessoa certa para o lugar certo também é ter cuidado e atenção ao desempenho, à gestão do desempenho e ao desenvolvimento das pessoas na organização. 07/06/2022 19:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/28 1.1 O QUE É DESEMPENHO? Ao buscarmos o significado da palavra desempenho, encontramos os seguintes registros: 1. recuperação daquilo que estava empenhado; resgate; 2. cumprimento de obrigação ou tarefa; execução; 3. modo de agir ou de se comportar; atuação, comportamento; 4. grau de eficiência no cumprimento de determinada função. Ao analisarmos o conceito, temos que desempenho é resultado dos conhecimentos, habilidades, atitudes, comportamentos, valores e emoções que foram empenhados no decorrer da realização de uma tarefa ou cumprimento de uma missão. Assim, desempenho ou performance é o resultado direto de algo ou alguém e pode se dar em escala individual/funcional; setorial e organizacional. É a ação intencional decorrente da aplicação de potenciais e competências, que permite o alcance de objetivos desejados. Devido à influência de variáveis distintas, o indivíduo não pode ser responsabilizado isoladamente pelos resultados obtidos (Souza, 2009). Cabe aqui destacar a ênfase dada pelo autor supracitado, de que é preciso nos mantermos alerta ao fato de que o desempenho, ou seja, a entrega final, pode sofrer influências de fatores externos, que podem potencializar ou diminuir o desempenho individual. Portanto, é importante ter em perspectiva que o desempenho humano nas organizações deve considerar a ação de múltiplos fatores, e por esse motivo ser realizada de forma sistêmica. O que significa considerar os diversos elementos que o influencia, tais como: assertividade da escolha do profissional com as habilidades e competências técnicas e comportamentais congruentes com as demandas do cargo; clareza de metas de produtividade individual, da área e da organização e do clima organizacional; a qualidade da comunicação e dos processos internos; estrutura disponível ao exercício das atribuições do cargo; qualidade do relacionamento com o gestor imediato e a saúde do clima organizacional. Apenas para elencar alguns exemplos. Figura 1 - Desempenho humano nas organizações 07/06/2022 19:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/28 O desempenho individual é resultado, portanto, do grau de competências técnicas e comportamentais que o profissional carrega e desenvolve por meio de experiências. Mas não se pode desconsiderar, no desempenho individual, a relação desse profissional com fatores ambientais, sejam estes de ordem de estrutura física, sejam de ordem relacional. 1.2 GESTÃO DE DESEMPENHO Para iniciarmos este tema, novamente trazemos à reflexão a afirmação de Peter Drucker: “o que pode ser medido pode ser melhorado”. É assim também com o desempenho humano nas organizações. Daí a relevância dos processos de acompanhamento de performance e gestão de desempenho nas organizações. Por meio da gestão de desempenho, é possível identificar oportunidades de fortalecimento e aumento da performance, seja no nível do indivíduo, do grupo e da organização. A gestão de desempenho é um processo com inputs e outputs, ou seja, entradas e saídas, como ilustra o Quadro 1. Quadro 1 – Entradas e saídas Nível individual Nível da área/setor Nível organizacional Entrada Saída Entrada Saída Entrada Saída Análise de critérios. Apresentação de Recebimento de feedback. Acordo de plano individual de Consolidação de desempenho versus padrão Revisão do plano de ação setorial. Levantamento de aprendizados por meio das estratégias utilizadas. Análise do ambiente organizacional – interno e externo. Revisão do plano estratégico organizacional. 07/06/2022 19:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/28 desempenho versus padrões. Oferta de feedback. ação – Plano de Desenvolvimento Individual (PDI). estabelecido por meio de OKRS e KPIs. Estruturação de planos de ação. Consolidação de desempenho versus padrão para toda a organização. Estruturação dos planos de ação. Fonte: Elaborado com base em Malheiros, 2014. Conforme ilustra o quadro apresentado, a gestão de desempenho apresenta três níveis: o institucional, o da área e o individual. Para que o processo de gestão de desempenho tenha a devida acurácia, é fundamental que exista clareza sobre metas e objetivos de cada cargo, de cada área e da organização como um todo. Essa clareza é obtida por meio da especificação de OKRs e KPIs, conforme apresentado em conteúdos anteriores. Nesta aula, vamos nos ater à gestão de desempenho individual. A gestão do clima organizacional será objeto de estudo posterior. 1.2.1 GESTÃO DO DESEMPENHO INDIVIDUAL A gestão de desempenho individual é um processo que parte da clareza do que se espera em relação às entregas do cargo, os desafios enfrentados e a serem enfrentados pelo profissional no exercício de suas atribuições, por análises críticas e apreciativa e pela definição de metas de desenvolvimento individual. A Figura 2 a seguir apresenta maiores detalhes sobre o processo. Figura 2 - Gestão do desempenho individual 07/06/2022 19:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/28 Fonte: Elaborado com base em Malheiros, 2014. Ao realizar uma breve análise das informações trazidas pela figura acima, você identifica claramente o ciclo PDCA de gestão e melhoria contínua dos processos. Melhoria esta que só é possível por meio da sinergia entre o setor de RH da empresa e o gestor da área, que no dia a dia da operação acompanha os resultados, identifica os pontos fortes das políticas, passa feedbacks a respeito de programas de treinamento e desenvolvimento. 3.3 BENEFÍCIOS DA GESTÃO DE DESEMPENHO A gestão de desempenho promove ganhos para todos os atores envolvidos no processo: o profissional; a área; o gestor da área; e a organização, conforme destaca o Quadro 2. Quadro 2 – Benefícios da gestão de desempenho 07/06/2022 19:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/28 Tendo em vista os ganhos que promove a todos os envolvidos, a gestão de desempenho deve ser cuidadosamente orquestrada, numa parceria entre o setor de RH e o gestor da área. TEMA 2 – ACOMPANHAMENTO DE PERFORMANCE E AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO “Acompanhamento de performance? Avaliação de desempenho? Não é tudo a mesma coisa? O gestor responde um questionário, às vezesa empresa oportuniza que a gente faça uma alta avaliação. O gestor dá uma nota, às vezes a gente fica contente, às vezes não… Porque aprece que ele só enxerga o que interessa para ele. Essa nota às vezes ajuda a gente a progredir de nível… Ou não… Aí voltamos para casa como se tivéssemos que voltar para a primeira página do livro e ler tudo de novo para ver o que a gente não aprendeu”. O “desabafo” que inicia este tema nos ajuda a compreender a relevância da separação entre os processos de acompanhamento de performance à luz dos OKRs e a avaliação de desempenho à luz dos KPIs, muitas vezes a serem realizados por um comitê de avaliação, que tem por objetivo apoiar a tomada de decisão sobre encarreiramento, remuneração variável, bônus, entre outros. Sobre a separação dos processos, a seguir trataremos do preparo para conduzir os processos. 2.1 SEPARAÇÃO DOS PROCESSOS 07/06/2022 19:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/28 Qual o objetivo da avaliação de desempenho? Municiar o RH de informações para tomar decisões a respeito de mérito e promoções? Ou identificar oportunidades de desenvolvimento dos profissionais e construir estratégias para elevar a performance? Quando a resposta é os dois, temos uma importante análise a realizar: a análise a respeito dos instrumentos utilizados para cada propósito. Homem de Mello (2019, p. 13) explica: Será que o mesmo instrumento é eficaz para a estes dois objetivos? Não estaríamos utilizando a mesma rede para pescar peixes de tamanhos bem distintos? E por quê? Processos que levam tomada de decisão sobre carreira, bônus e promoções e processos que alicerçam desenhos de programas e estratégias de crescimento e desenvolvimento, tem clientes finais diferentes. Dessa forma, clareza de propósito é a chave para compreendermos a diferenciação entre acompanhamento de performance e avaliação de desempenho, sob a ótica de quem é o cliente final: Acompanhamento de performance: tomada de decisão sobre progressão, bonificações, entre outros. Cliente final: colaborador. Avaliação de desempenho: crescimento e desenvolvimento, levantar oportunidades de aprendizagem. Cliente final: empresa. Assim, se os clientes são diferentes, questiona Homem de Mello (2019, p. 13), “como vamos fazer um processo de avaliação comum aos dois objetivos?”. Faz sentido criarmos um mesmo carro para atender aos mercados de luxo e de serviços de vigilância? Colocarmos uma sirene na Mercedes e bancos de couro reguláveis eletronicamente numa viatura policial? Como somos grandes fãs do design centrado no usuário (UCD), queremos que nossas ferramentas — e os processos que dão vida a elas — sejam otimizadas para quem mais deve extrair valor delas. (Homem de Mello, 2019, p. 15) Assim, é essencial que a abordagem adotada pela organização para avaliar desempenho e promover desenvolvimento leve em consideração os eixos da entrega e dos comportamentos. Além disso, que considere o potencial e o quanto chave é a entrega desse profissional para os resultados da organização. O Quadro 3 apresenta os sinalizadores mais marcantes de cada processo. Quadro 3 – Propósitos diferentes, processos diferentes 07/06/2022 19:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/28 Fonte: Elaborado com base em Homem de Mello, 2019. É importante observar que cada processo se vale de um tipo de avaliação tendo em vista o resultado que deseja produzir. O acompanhamento de performance trabalha com avaliações diagnóstica e formativa, ao passo que na avaliação de desempenho, encontramos avaliação de controle e de classificação. Justamente porque devem apoiar a tomada de decisão sobre bônus, promoções, desligamentos, entre outros. Quadro 4 – Acompanhamento de performance e avaliação de desempenho ACOMPANHAMENTO DE PERFORMANCE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO Objetivo: Crescimento e desenvolvimento. Objetivo: Tomada de decisão sobre promoções, realizar ranqueamento de performance Práticas Práticas Elaboração de um instrumento que dialogue com os comportamentos requeridos para o exercício da função e para as entregas do cargo. Autoavaliação. Avaliação do gestor. Rodadas de feedback e feedfoward. Plano de desenvolvimento individual. Adoção de escalas quantitativas Comparação entre performances Ranqueamento de performance tendo em vista KPIs Resultado para tomada de decisões estratégicas de gestão de pessoas Instrumento Instrumento [1] 07/06/2022 19:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/28 Avaliação diagnóstica: identificar o desempenho do profissional. É o ponto de partida e fornece elementos para a elaboração de planos de treinamento e desenvolvimento. Avaliação formativa: ocorre ao longo de todo o processo de trabalho. O foco é auxiliar o profissional no desempenho das atividades reforçando pontos positivos e sinalizando oportunidades de melhorias. São avaliações de oportunidade e ocorrem de modo informal. Avaliação de controle: ocorre no final de um período e encerra um ciclo de avaliação. Tende a ocorrer anualmente e é concluída com a atribuição de um conceito ou nota. É a avaliação oficial e formal que irá gerar o documento que será utilizado para a remuneração variável, promoção entre outros. Avaliação de classificação: tem por objetivo construir um ranking de desempenho caso a empresa adote política de premiação por desempenho. Dessa forma, temos por resultado do acompanhamento de performance a elaboração do Plano de Desenvolvimento Individual. Como resultado da avaliação de desempenho, a tomada de decisão sobre progressão na carreira e a elegibilidade à remuneração variável, bônus, entre outros. 2.2 ACOMPANHAMENTO DE PERFORMANCE Acompanhar vem do latim companio, de cum panis, companhia, “aquele com quem se repartia o pão” (cum, com; panis, pão). Acompanhar remete a “estar junto com”, “seguir na mesma direção” e compartilhar do mesmo sentimento. O acompanhamento e a performance são formativos, apreciativos e devem ocorrer em ciclos curtos, durante o processo de trabalho. Tem por objetivo contribuir com o desempenho do profissional, destacar pontos de força e identificar oportunidades de desenvolvimento, tendo em vista os desafios que o profissional irá enfrentar no próximo ciclo de atividades. (Lotz, 2021) A aprendizagem é a palavra-chave do acompanhamento de performance. É um processo de mudança de comportamento obtido por da experiência construída por fatores emocionais, neurológicos, relacionais e ambientais. A aprendizagem é fruto da interação entre estruturas mentais e o meio ambiente. 2.3 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO A avaliação de desempenho incide sobre métricas e KPIs de modo a proporcionar o “julgamento sistemático para justificar aumentos salariais, promoções, transferências e, muitas vezes, demissões de funcionários”, como explica Chiavenato (2014, p. 211). 07/06/2022 19:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/28 O ideal sobre elegibilidade a recompensas e remunerações variáveis, assim como para progressão de nível no plano de carreira da organização, é que tal tomada de decisão passe pelo Comitê de Avaliação. Esse comitê tem por objetivo “zelar pelos critérios de avaliação e possibilitar maior aceitação das avaliações pelos demais colaboradores da empresa. A avaliação é realizada a partir dos fatores estabelecidos na descrição das atividades e, consequentemente, no número de graus atribuídos para cada fator” (Marras, 2012). É importante ter em perspectiva que a avaliação de desempenho é o processo de reflexão crítica sobre o desempenho de uma pessoa, comparando-o a um referencial preestabelecido. Tem por objetivo contribuir para aprimorar o desenvolvimento das pessoas. A avaliação de desempenho contempla os aspectos técnicos do desempenho (uso de máquinas, equipamentos); os aspectos processuais (execução de procedimentos); e os comportamentais (relacionais). Portanto, para que exista uma avaliação eficaz, é fundamental que esse referencial seja estabelecidocom critérios claros e objetivos e que estejam fortemente atrelados aos requisitos do cargo, à cultura e aos objetivos estratégicos da organização. 2.3.1 O novo modelo de gestão de desempenho O novo modelo de gestão de desempenho é fluido e ágil. Os atores, ou seja, gestores/líderes e o setor de RH abordam e enfrentam os desafios e os problemas do desempenho; conversam abertamente sobre estratégias que para ultrapassar tais desafios; atuam como parceiros, dado que compartilham de objetivos comuns, que quando alcançados promovem ganhos aos envolvidos. O acompanhamento de performance não é um fim, mas um meio para identificar os avanços de desempenho profissional, as oportunidades de melhoria à luz dos gaps identificados entre o que a empresa espera e o que o profissional entrega. À luz dessa avaliação, o gestor pode fundamentar o feedback, apoiar o feedfoward e construir junto ao profissional metas de desenvolvimento, promovendo acompanhamento e apoio contínuo para a elevação dos patamares de resultados. É fundamental que o gestor da área ofereça ao setor de RH feedbacks sobre a eficácia dos instrumentos de avaliação de desempenho. De nada adianta preencher formulários extensos e detalhados sobre a performance do colaborador se tais informações não assegurarem direcionamentos para melhoria contínua e segurança para tomada de decisões de carreira e a 07/06/2022 19:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/28 remuneração do profissional. É um cuidado contínuo, que além de respeitoso deve salvaguardar as informações para tomada de decisão assertiva do gestor da área em relação à sua equipe. E é possível que ao estudar este tema você esteja se perguntando sobre baseado em que especificamente os autores têm proposto essa separação de processos de acompanhamento de performance e de avaliação de desempenho. Encontramos as respostas nos modelos de gestão ágil, cuja gênese se deu na indústria de desenvolvimento de softwares e que vem ganhando notoriedade em esfera global dada a sua eficiência e produtividade. TEMA 3 – DESEMPENHO INDIVIDUAL EM TEMPOS DE GESTÃO ÁGIL Em se tratando da gestão do desempenho individual, não poderíamos fechar nossos olhos a toda essa profunda transformação que vem ocorrendo em virtude da crescente adoção dos métodos ágeis de gestão. Os métodos ágeis surgiram “na indústria de Tecnologia da Informação para resolver problemas comuns a quase toda organização que precisa gerenciar projetos: as etapas de produção muito longas e sem entregas definidas; a falta de clareza e comunicação entre os times; o desalinhamento entre equipe e cliente e outros” (Tameirão, 2021). Os métodos ágeis estão alicerçados em ciclos curtos, interativos e incrementais de entrega, assinalados pela inspeção e adaptações com o objetivo de promover melhorias contínuas nos processos, para a equipe e para o cliente final. Os métodos ágeis oportunizam ambientes ágeis de desenvolvimento, alicerçados em equipes com autonomia, tendo em vista a elevada competência de auto-organização e autogestão para o alcance de metas e objetivos. Atualmente, os métodos ágeis são adotados globalmente e voltados a todo tipo de atividade produtiva, seja ela industrial ou de serviços, dado que a experiência vem demostrando serem mais eficazes e produtivas do que os modelos tradicionais. E o que afinal é gestão ágil? A gestão ágil é um formato de administração em que o principal foco é aumentar a produtividade da empresa, tornando o trabalho dos colaboradores mais rápido e eficiente, além de reduzir desperdícios de tempo e de material. Tem como objetivo fazer da produção da empresa um local de melhoria contínua, na qual a companhia está sempre buscando por novas formas de aprimorar os seus processos (Fatoretto, 2020). 07/06/2022 19:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/28 Peter Drucker, ao afirmar que “no início de um projeto podemos fazer tudo, mas não sabemos nada. Ao final do projeto sabemos tudo, mas já não podemos fazer nada” acaba por tecer uma crítica instigante aos modelos tradicionais de gestão. A gestão ágil é pautada em ciclos breves, sendo que a cada ciclo, um conjunto de funcionalidades predeterminado é entregue. Quadro 5 – Gestão tradicional Waterfall versus Gestão Ágil TRADICIONAL Maior comunicação com o cliente no início e no final do processo. Comunicação continuada com o cliente durante todas as etapas. ÁGIL Geralmente, possuem etapas de implementação mais longas. Etapas de implementação interativas e mais curtas. Os requisitos são definidos antecipadamente. Os requisitos evoluem ao longo do projeto. Escopo definido no início do projeto. Escopo definido ao longo do projeto com especificidades e ajustes contínuos. Interação entre as equipes etapas específicas. Interação entre as equipes durante todas as etapas. Testes acontecem no final. Testes acontecem a cada interação. Fonte: Elaborado com base em Matsumoto, 2019. Por meio da adoção de métodos ágeis, a empresa e o time do projeto são altamente adaptáveis às mudanças inesperadas que apesar do planejamento impecável possam vir a ocorrer no decorrer da caminhada e que não tinham como terem sido previstas antecipadamente. Sendo assim, a gestão ágil “é uma abordagem leve para o gerenciamento de projetos. Ou seja, o projeto é todo dividido em etapas menores, para que seja mais fácil aplicar mudanças sem comprometer a qualidade” (Matsumota, 2019). 3.1 GESTÃO TRADICIONAL E GESTÃO ÁGIL O modelo de gestão — tradicional ou ágil — promove profundas influências na forma de gerir o desempenho individual. O Quadro 6 destaca as principais características de cada modelo. Quadro 6 – Acompanhamento tradicional versus OKRs 07/06/2022 19:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/28 Em relação às novas tecnologias e modelos ágeis de gestão, temos que a “velocidade interativa dessa nova realidade torna processos anuais ou semestrais obsoletos, pois não mais representam a velocidade com que as coisas acontecem no trabalho e no mercado. Portanto, processos que antes eram anuais passam a ser semestrais, trimestrais ou até mais frequentes” (Mello, 2019, p. 20). Assim, tem se desenhado a gestão do desempenho individual à luz dos OKRs e KPIs. Os OKRs “dividem o foco da gestão de desempenho na transparência dos objetivos, na accountability em todos os níveis hierárquicos e na motivação e no engajamento das pessoas. Esse novo cenário traz consigo a necessidade da área de RH se reinventar”, explica Herrero Filho (2021, p. 204). 07/06/2022 19:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/28 A título de ilustração, tomemos as inovações de organizações do Vale do Silício, que têm “chacoalhado” as práticas de RH e inspirado novas práticas para a gestão do desempenho. Tais empresas, ao repensar os antigos modelos, consideram o perfil das novas gerações, a exemplo dos millennials. Empresas como Netflix, Facebook, Adobe e Google têm adotado práticas cada vez mais inovadoras de acompanhamento de performance. No Quadro 7, você pode conferir algumas das práticas adotadas por elas. Quando 7 – Modelos de avaliação centrados em talentos Fonte: Elaborado com base em Mello, 2019. As mudanças nas práticas em acompanhamento de performance e avaliação de desempenho têm sido adotadas também por organizações não consideradas baluartes da meritocracia tradicional, a exemplo da General Eletric (GE), ao utilizar feedback fluido avançando em práticas ágeis de gestão de desempenho. É essencial que os processos de gestão de desempenho individual também acompanhem os modelos ágeis de Gestão Industrial e Social 4.0, para que possam ser compatíveis com as necessidades de aprimoramento e desenvolvimento do trabalhador e do time de trabalho em ritmo desse novo modelo de gestão, sob pena de existir um descompasso entre as entregas da gestão ágil e o desenvolvimento das pessoas na organização. 3.2 GESTÃO ÁGIL E O OLHAR PARA O PAPEL DO LÍDER 07/06/202219:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/28 De acordo com Klaus Schwab (2016), fundador do Fórum Econômico Mundial, a Indústria 4.0 é responsável por aprimorar processos, tornar cada vez mais assertiva e ágil a comunicação e promover ganhos em eficiência e produtividade. Ele ainda alerta que essa revolução 4.0 demanda muito mais competências voltadas à tecnologia e enfatiza a relevância das habilidades humanas, tais como empatia e liderança. E quem são os líderes da gestão 4.0 ? Líderes “não são mais administradores. Agora, eles carregam consigo à responsabilidade da cultura e do propósito da empresa. Líder é um treinador que ajuda seu time se construir e desenvolver” (Alves, 2021). Com a gestão 4.0, compete ao gestor/líder estimular o desenvolvimento do time, identificar e atuar de forma ágil sobre gaps e oportunidades de capacitação e aprimoramento, e com isso assegurar o aprendizado e a alta performance. Por ter um foco maior no cliente, com a gestão 4.0, os líderes acabam desempenhando um novo papel, atuando mais como facilitadores e agregadores do que, meramente, como um tradicional chefe. Por conta disso, o desafio do gestor está em entender seu potencial e o de sua equipe para criar um ambiente tecnológico capaz de extrair o melhor das habilidades de cada um. Sob o contexto da gestão 4.0, as habilidades que mais oferecem um diferencial na hora de lidar com o cliente são as que envolvem capacidade de inovação, espírito empreendedor, curiosidade, criatividade, imaginação, inteligência social e inteligência emocional. Para concretizar tal propósito, gestores/líderes criam ciclos de entregas ágeis, eficientes e precisos, agindo em tempo real à oportunidade de aprendizado que se apresenta, sem que tenham que “esperar” pela avaliação anual formal. A Indústria 4.0, assinalada pela transformação digital, exige comportamento ágil por parte de líderes/gestores, de modo que tenham subsídios para tomar decisões em tempo real e de forma descentralizada. A luz dos modelos de gestão ágil, a forma de realizar o acompanhamento de performance e a gestão do desempenho individual estão caminhando para um novo modelo. No mundo da Revolução Industrial e Social 4.0, das inovações disruptivas, tecnologias e mídias digitais, não é possível realizar a avaliação do desempenho da organização uma vez por ano. Os [2] 07/06/2022 19:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/28 esforços das pessoas, o desempenho de todos os níveis da organização e os resultados precisam ser avaliados em tempo real. (Herrero Filho, 2021, p. 115) TEMA 4 – CONSIDERAÇÕES SOBRE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO Até aqui, discutimos sobre a relevância da clareza das métricas, OKRs e KPIs dos cargos. Discutimos também a relevância da separação dos processos de acompanhamento de performance e de avaliação de desempenho, dado que cada processo tem um cliente final diferente. Mas será que tais aspectos esgotam os cuidados no momento de avaliar o desempenho de um profissional? Certamente não esgotam! É essencial ter o cuidado não apenas com o instrumento a ser utilizado, mas sobretudo com o olhar de quem avalia. 4.1 MODALIDADES DE AVALIAÇÃO Existem muitas modalidades de avaliação de desempenho disponíveis no mercado, desde as que contemplam a análise individual, a análise entre colaborador e gestor, até as mais complexas, a exemplo da 360 graus. O Quando 8 apresenta algumas das modalidades. Quadro 8 – Modalidades de avaliação de desempenho individual Modalidades Características Autoavaliação Realizada por si e para si. Muito útil quanto aplicada pela empresa, ocasião em que o gestor também pode fazer uma avaliação que depois será analisada em conjunto com a avaliação que o próprio colaborador fez de si. Avaliação 180 graus O gestor imediato avalia o desempenho de cada membro de sua equipe, à luz dos critérios de desempenho, metas, OKRs e KPIs. Essa modalidade oportuniza orientação, aconselhamento, informação e acordo de desenvolvimento individual. Muito útil quando combinada com a autoavaliação. Avaliação 360 graus O profissional é avaliado por uma série de avaliadores, a exemplo do gestor imediato, pares, liderados e em alguns casos inclui-se na avaliação clientes e fornecedores. Essa modalidade oportuniza feedback dos atores que compõem o entorno desse profissional. Avaliação de Desempenho por Competências Mensura o desempenho do profissional, relacionando-o com as competências ideais para o desempenho de sua função e para o cumprimento dos objetivos organizacionais. Dessa forma, considera três fatores básicos: o CHA: C – Conhecimento: aptidões cognitivas, “saber algo”; H – Habilidade: domínio psicomotor, “saber fazer” ou know-how; e A – Atitude: fator motivador, “querer fazer”, ou seja, a ação expressa pelo comportamento. Tem por objetivo mensurar o grau de contribuição de cada colaborador para a organização, assim como a qualidade da execução das responsabilidades, destacando os pontos fortes, os pontos que pedem atenção para desenvolvimento e fortalecimento e o potencial de cada membro do time. Modalidade de avaliação de caráter eminentemente quantitativo, correspondem aos resultados alcançados [3] 07/06/2022 19:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 18/28 Metas e resultados pelo colaborador em determinado período. Tem por objetivo identificar se o avaliado atendeu às expectativas da organização. Por ser baseada em números OKRs e KPIs , tende a ser uma modalidade de avaliação objetiva, segura e de elevada assertividade. Modalidade de avaliação que se mostra útil para ranquear colaboradores por nível de produtividade. Fonte: Elaborado com base em Software de Avaliação, 2021. A escolha da modalidade de avaliação provavelmente não será uma escolha isolada do gestor da área, mas sim um modelo avaliado e selecionado pela área de RH com apoio do Comitê de Avaliação, assim como o desenho do instrumento terá participação ativa do setor de pessoas da empresa. Atualmente, as empresas têm contratado softwares de gestão de pessoas que apresentam tal funcionalidade, competindo apenas à parametrização dos aspectos a serem avaliados. A adoção da tecnologia para a avaliação de desempenho traz múltiplos benefícios, que incluem a agilidade, a possibilidade de cruzamento de dados, a análise de relatórios, entre outros. Além dessas modalidades de avaliação, também podemos destacar a adoração de avaliação do líder pelo seu time. O gestor é responsável por conduzir a equipe para os objetivos da área e da organização. Por isso, é essencial coletarmos as impressões do time a respeito de sua forma de fazer a condução dessa jornada. Tal avaliação permite identificar os pontos fortes do modelo de gestão do líder, assim como identificar oportunidades de desenvolvimento em questões técnicas e sobretudo relacionais. 4. 2 PONTOS DE ATENÇÃO “Para quem só sabe usar martelo, todo problema é um prego.” (Abraham Maslow) Podemos ter um instrumento muito bem elaborado, com métricas claras, mas é essencial que o setor de RH e o gestor da área realizem um trabalho conjunto sobre o propósito e os ganhos do acompanhamento de performance e avaliação de desempenho, à luz do desenvolvimento e da cultura da aprendizagem. Por esse motivo, é essencial atentar aos seguintes aspectos: preparar a organização para o processo: esclarecendo junto a todos os membros da empresa o real objetivo e os ganhos para os atores envolvidos; escolher um período apropriado para a realização das análises, incluindo o calendário de devolutivas e feedbacks dos gestores para os colaboradores; fortalecer a cultura da aprendizagem e desenvolvimento: por meio da adoção e do rigoroso acompanhamento e mentoria na jornada da realização do PDI; 07/06/2022 19:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 19/28 disseminar a diferença entre avaliação e julgamento, sendo a primeira alicerçada em critérios, e não em apreço pessoal; e a segunda, realizada à luz de filtrosindividuais que podem levar a distorções. Ao tratarmos das possíveis distorções, que são causadas por “vícios” de avaliação, o Quadro 9 elenca algumas que podem ocorrer de forma frequente, sobre as quais tanto o gestor quanto o RH da empresa podem agir sobre, com o objetivo de inibi-las ou eliminá-las. Quadro 9 – Distorções frequentes nas avaliações Distorção Características Subjetivismo Atribuir ao avaliado qualidades e defeitos do próprio avaliador; ou avaliar em função de valores e objetivos pessoais, que não coincidem com os valores, objetivos e interesses da organização. Unilateralidade Valorizar aspectos que o avaliador julga importantes, mas não o são para a empresa ou para a posição que o avaliado ocupa. Tendência central Não assumir valores extremos por medo de prejudicar os fracos ou de assumir responsabilidades pelos que são avaliados como excelentes. Se alguém for avaliado muito mal, poderá surgir a pergunta: por que nenhuma providência foi tomada? E se for avaliado muito bem: estará o avaliado em condições de assumir a posição do avaliador? Efeito de halo Julgar todas as características como um conjunto homogêneo, sem considerar as diferenças de cada item da avaliação, isto é, todos os itens da avaliação recebem o mesmo conceito, correspondente à impressão geral do avaliado. Recenticidade (ou falta de memória) Ater-se apenas aos últimos acontecimentos, omitindo fatos ocorridos há mais tempo, mas dentro do período de avaliação. Supervalorização da avaliação Crença de que o processo de avaliação de desempenho é capaz de resolver todos os problemas apresentados pelas pessoas no ambiente de trabalho. A correção e desenvolvimento das pessoas só ocorre por meio de ações. Desvalorização da avaliação Crença de que a avaliação de desempenho seja algo apenas uma tarefa burocrática imposta pela organização e em nada contribui para o desenvolvimento e desempenho das pessoas. Falta de técnica Desconhecimento de técnicas para a condução de uma avaliação realizando-a utilizando somente o senso comum. Força do hábito Insensibilidade para apontar variações do avaliado com relação a ele mesmo em períodos anteriores. Posições contrárias Interpretações equivocadas da finalidade da avaliação, que tem como objetivo melhorar o desempenho na atual função ou fornecer informações para tomada de decisão em relação ao avaliado. Fonte: Elaborado com base em Lacombe e Heilborn, 2003. Ao analisarmos as mais frequentes distorções, podemos identificar o quanto é necessário a ação preparatória e de sensibilização dos avaliadores, de modo eliminar possíveis distorções, que só fazem promover fissuras nas relações e descomprometimento por parte do profissional que venha a se sentir lesado por conta do “julgamento” do gestor. 07/06/2022 19:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 20/28 TEMA 5 – FEEDBACK, FEEDFOWARD E PDI “Sorte é o que acontece quando a preparação encontra a oportunidade.” (H.W. Beecher) A gestão de desempenho só faz sentido se utilizar o processo de acompanhamento e avaliação para criar estratégias que fortaleçam a cultura do aprendizado e do desenvolvimento. Por esse motivo, é fundamental olharmos para os passos seguintes para a conclusão desse ciclo do processo, conforme ilustra a Figura 3. Figura 3 – Distorções frequentes nas avaliações Somente dando sequência às etapas das conversas de feedback e feedfoward, desenho, realização e acompanhamento de PDI que de fato fechamos o ciclo da gestão de desempenho. 5.1 FEEDBACK “Você não tem o direito de sair da presença de uma pessoa sem a deixar melhor e mais feliz.” (Madre Teresa de Calcutá) Feedback é um termo de língua inglesa em que feed é traduzido por alimentar e back, retroceder. O feedback é um instrumento essencial para a aprendizagem e o desenvolvimento no âmbito das organizações, dado que tem origem em uma avaliação, ou seja, um olhar crítico e apreciativo sobre uma determinada prática ou resultado. 07/06/2022 19:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 21/28 A avaliação é um processo abrangente da existência humana, que implica na reflexão crítica sobre a prática, na direção de identificar avanços, resistências e possibilidades do avaliado. Também contribui para a tomada de decisão sobre estratégias para superar os obstáculos e atingir os resultados desejados. (Vasconcellos, 1995 citado por Gramms e Lotz, 2014) O feedback, portanto, em muito se distancia de um ataque pessoal, mas é por essência uma ferramenta altamente positiva para desenvolvimento do indivíduo e do grupo. O Quadro 10 apresenta os pressupostos do feedback. Quadro 10 – Pressupostos do feedback Pressupostos Aplicação O feedback é uma oportunidade de melhoria. Uma crítica pode ser uma consultoria grátis para o aprimoramento do processo ou do resultado (eficiência e eficácia). Identificar oportunidade de melhoria e refletir a respeito, permite a mudança de curso e a autocorreção. O feedback é uma ferramenta de aprendizagem. Existe a tendência de o feedback ser considerado um ataque pessoal. Quando isto ocorre, o indivíduo se envolve com os aspectos emocionais e deixa de ver com a clareza necessária a oportunidade de melhoria que o feedback pode representar. Ao conseguir afastar o sentimento de ser pessoalmente atacado, o colaborador se torna hábil em utilizar o feedback como ferramenta para melhorar seus resultados. O foco do feedback é a tarefa e não a pessoa. Separar o comportamento do indivíduo. O indivíduo é maior do que seu comportamento, que pode ser modificado. Ouvir atentamente sem se defender, pois o pensamento da defesa impede que se ouça o que está sendo dito e, consequentemente, se perca a oportunidade de melhorar. A crítica deve ser analisada a partir de evidências e fatos. Ao receber um feedback, deve-se buscar provas que fundamentem a veracidade da afirmação. Cada argumento da crítica deve ser avaliado em separado e buscadas evidências para embasar a análise. O feedback deve ser recebido como um presente. O presente do feedback pode vir em papel pardo e amassado. O que está sendo dito pode causar um impacto negativo no primeiro momento, por isso merece reflexão. Considere e agradeça o feedback como se fosse um presente e retire dele todos os possíveis benefícios para a melhoria. Fonte: Gramms e Lotz, 2014. Quando gestor e colaborador compreendem os pressupostos do feedback, é possível tornar a conversa apoiadora e enriquecedora, dado que ambos estão no mesmo time e o objetivo é ganhar o 07/06/2022 19:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 22/28 jogo. É imperativo que seja ofertado com cuidado, pois uma fala descuidada ou “um único detalhe perdido ou palavra mal comunicada pode estragar tudo e colocar o engajamento, a motivação e o comprometimento a perder”, explica Hermann (2016, p. 15). Por isso, é fundamental que o gestor cultive o hábito de planejar, mesmo que mentalmente o feedback que oferecerá ao membro do time. Planejar o feedback contribui no sentido de esclarecer o resultado que se deseja obter com aquela conversa. Daí a relevância de considerar os seguintes aspectos: o que falar, por que falar, como falar, quando falar e onde falar. Quadro 11 – Planejamento do feedback Aspecto Cuidados O que falar Abordar pontos específicos dos comportamentos que necessitam aprimoramento. Por que falar Fundamentar as razões pelas quais o comportamento precisa ser modificado, informar qual é o impacto causado pelo comportamento atual para o indivíduo, para o grupo e para a organização e discutir acerca do comportamento esperado e seus impactos. Como falar A comunicação está embasada não apenas naquilo que é verbalizado, mas também nas mensagens não verbais. Por isso, a importância de prestar atenção no tom de voz, na posição do corpo, na expressão facial e no ritmo de respiração. Quando falar Escolher o momento oportuno para falar. Certificar-se de que é o momento certo de oferecer aquela informação.Atenção para não o fazer quando estiver ocorrendo uma situação adversa ou emergencial. Onde falar Procurar um local reservado para dar feedback. Elogios podem feitos em público. Oferecer feedback corretivo acerca de um comportamento exige respeito, por isso é fundamental oferecer privacidade. Fonte: Gramms e Lotz, 2013. Um modelo de feedback que tem angariado popularidade no âmbito organizacional é o Feedback SCI, desenvolvido pelo The Center for Creative Leadership com o propósito de construir e ampliar a capacidade de liderança nas organizações. O modelo, que acompanha a metodologia da Comunicação Não Violenta (CNV) , que afasta o julgamento, olha para os fatos e trata a comunicação de forma clara e compassiva, encontrando sustentação em três pilares: situação, comportamento e impacto, como ilustra o Quadro 12. [4] 07/06/2022 19:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 23/28 Quadro 12 – Feedback SCI Em se tratando desse modelo de feedback, é essencial lidar com aquilo que é em despeito daquilo que poderia ter sido. A beleza do fato de lidar com a realidade é que ela permite identificar o que é importante fazer para modificar os resultados. O feedback contribui para a tomada de decisão sobre estratégias para superar os obstáculos e atingir os resultados desejados (Lotz, 2018; Vasconcellos, 1995). 5.2 FEEDFOWARD “O que nos parece uma provação amarga pode ser uma bênção disfarçada.” (Oscar Wilde) “O insucesso é apenas uma oportunidade para recomeçar de novo com mais inteligência.” (Henry Ford) Quando os resultados obtidos em termos de desempenho do profissional se distanciam dos desejados, gestor e colaborador estão diante de uma excelente oportunidade de refletir sobre comportamentos, processos e a partir daí levantar aprendizados, tendo em vista perguntas muito simples: O que pode ser feito de forma diferente da próxima vez? O que podemos aprender com esse resultado? De que maneira essa situação sinaliza oportunidades de desenvolvimento de competências? O que é possível fazer agora para inibir a ocorrência desse resultado no futuro? Essas perguntas convidam a olhar para a frente, para a adoção de novas perspectivas e comportamentos. É então que entra em cena o feedfoward. O termo foi desenvolvido por Marshall 07/06/2022 19:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 24/28 Goldsmith, coach norte-americano e um dos mais influentes especialistas em gestão, segundo a American Management Association. O feedfoward tem por propósito gerar acompanhamento sistêmico e, principalmente, de alavancar o processo de desenvolvimento. Acompanha e expande o potencial do processo de feedback, pois segmenta e clarifica o que fazer para alcançar o objetivo desejado (Lotz, 2021). É importante destacar que o feedfoward contribui para o desenvolvimento de todos no ambiente de trabalho, oportunizando: escolher uma mudança de comportamento que faça uma diferença positiva na vida; descrever esse comportamento para os colegas; pedir duas sugestões para essa mudança de comportamento; ouvir as sugestões e tomar notas sem fazer comentários; agradecer pelas sugestões; perguntar aos outros os que eles gostariam de ver acontecer e de mudar. O feedfoward completa o processo de aprendizagem, instiga olhar para a frente, para o campo das possibilidades, para os aprendizados e as ações a serem tomadas para produzir resultados diferentes da próxima vez, e assim consolidar a cultura do desenvolvimento e da melhoria contínua. 5.3 PLANO DE DESENVOLVIMENTO INDIVIDUAL (PDI) “As pessoas que vencem nesse mundo são as que procuram as circunstâncias de que precisam e, quando não as encontram, as criam.” (Bernard Shaw) O Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) é um plano que registra as ações cujo propósito é identificar, nutrir e fortalecer competências comportamentais e técnicas tendo em vista a alta performance, a melhoria contínua, o desenvolvimento da carreira e os objetivos estratégicos do escritório. Compõe o modelo de gestão alicerçado na cultura da aprendizagem e melhoria contínua. O PDI é uma cocriação entre o profissional e gestor imediato, onde o profissional é 100% responsável por realizar as ações de desenvolvimento o gestor imediato atua como mentor e apoiador no decorrer da jornada, oferecendo feedbacks sobre os resultados obtidos tendo em vista a adoção de novos comportamentos. 07/06/2022 19:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 25/28 O PDI tem por objetivo: criar, disseminar e fortalecer a cultura de aprendizagem e melhoria contínua; favorecer a cultura da mentoria e da parceria entre gestor e profissional; definir metas e formalizar acordos de desenvolvimento de competências; programar ações de desenvolvimento; acompanhar execução das ações e melhoria contínua. O PDI é um documento que pode seguir a lógica do 5W2H, método que tem por objetivo registrar as ações a serem empreendidas para o fortalecimento de determinada competência. Note que o PDI não se debruça somente aos pontos de atenção ou de fragilidade do profissional, mas também ao fortalecimento dos pontos fortes do profissional. Os pontos fortes são núcleos doadores de força, e por isso é fundamental que sejam nutridos. O PDI pode incluir estratégias de mentoring, de coaching, leituras, filmes, cursos para desenvolvimento de competências técnicas, entre outros. Para finalizar, é sempre bom atentar para o fato de que o desenvolvimento do profissional não é de competência única e exclusiva da empresa, colocando-o em posição reativa e se desenvolvendo apenas quando a empresa oferta a oportunidade. O desenvolvimento profissional é antes de tudo uma escolha pessoal. Em tempos de internet, há que considerar uma rica oferta de programas de desenvolvimento tanto de competências técnicas quanto comportamentais a disposição de todos. Programas inclusive gratuitos. Em outros termos, é fundamental que o profissional assuma o protagonismo de sua carreira e desenvolvimento. Caso a empresa oferte programas de desenvolvimento profissional, cabe a este extrair o mais alto aprendizado. Caso não, cabe a ele traçar uma rota de desenvolvimento para melhorar sua performance. FINALIZANDO Nesta aula, você aprendeu sobre desempenho e as etapas da gestão de desempenho e compreendeu que este é fruto das competências individuais e que também sofre influências de fatores externos, tais como as condições de trabalho, o relacionamento com pares e gestores e o 07/06/2022 19:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 26/28 clima organizacional. Observou a distinção entre o acompanhamento de performance e a avaliação de desempenho como processos distintos, dado os clientes diferentes. Enquanto o acompanhamento de performance tem como cliente final o colaborador e seu desenvolvimento, a avaliação de desempenho tem por objetivo a tomada de decisões sobre progressão e carreira e elegibilidade para recompensas e bônus. Distinguiu também o modelo tradicional do modelo ágil de acompanhamento de performance, assim como o relevante papel do gestor no processo de desenvolvimento do time. Conheceu as modalidades de avaliação de desempenho e os cuidados com as distorções nas avaliações. Compreendeu a importância do feedback e da construção do Plano de Desenvolvimento Individual para fechar todo o ciclo de gestão do desempenho nas organizações. REFERÊNCIAS ALVES, V. RH 4.0: o que é, desafios e ações para aplicar no seu setor. Gupy.io, 16 jun. 2021. Disponível em: <https://www.gupy.io/blog/rh-4-0>. Acesso em: 26 ago. 2021. COMUNICAÇÃO Não Violenta: O que é e como usá-la no dia a dia para vivermos melhor? Blog Escola em Movimento. Disponível em: <https://escolaemmovimento.com.br/blog/comunicacao- nao-violenta/>. Acesso em: 26 ago. 2021. FATORETTO, M. As metodologias da Gestão Ágil. Escola EDTI, 4 set. 2020. Disponível em: <https://www.escolaedti.com.br/gestao-agil>. Acesso em: 26 ago. 2021. GONÇALVES, D. Gestão 4.0: o que todo gestor precisa saber.CIO, 25 abr. 2019. Disponível em: <https://cio.com.br/carreira/gestao-4-0-o-que-todo-gestor-precisa-saber/>. Acesso em: 26 ago. 2021. GRAMMS, L. C.; LOTZ, E. G. Aprendizagem organizacional. Curitiba: Instituto Federal do Paraná, 2013 _____. Coaching e mentoring. Curitiba: InterSaberes, 2014. HERRERO FILHO, E. Os OKRs e as métricas exponenciais: a gestão ágil da estratégia digital. Rio de Janeiro: Alta Books, 2021. LACOMBE, F.; HEILBORN, G. Administração, princípios e tendências. São Paulo: Saraiva, 2003. 07/06/2022 19:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 27/28 LOTZ, E. G. Retenção de talentos. Curitiba: InterSaberes 2021 MATSUMOTA, L. Três diferenças da gestão tradicional e ágil. Digital Strategy and IT Innovation, 29 jul. 2019. Disponível em: <https://leonardo-matsumota.com/2019/07/29/tres-diferencas-da- gestao-tradicional-e-agil/>. Acesso em: 26 ago. 2021. SCHWAB, K. The Fourth Industrial Revolution: what it means and how to respond. World Economic Forum, 14 jan. 2016. Disponível em: <https://www.weforum.org/agenda/2016/01/the- fourth-industrial-revolution-what-it-means-and-how-to-respond/>. Acesso em: 26 ago. 2021. TAMEIRÃO, N. Metodologias ágeis: o que são e quais os principais tipos. Blog da Samba, 20 ago. 2021. Disponível em: <https://sambatech.com/blog/insights/metodos-ageis/>. Acesso em: 26 ago. 2021. VASCONCELLOS, C. S. Avaliação: concepção dialética do processo de avaliação escolar. São Paulo: Libertad, 1995. A autoavaliação clarifica, reforça e fortalece a ideia dos critérios de desempenho na mente do profissional. O conceito de gestão 4.0 foi inspirado na Quarta Revolução Industrial, a qual é marcada pela convergência de tecnologias digitais, físicas e biológicas. Por ter surgido devido à Indústria 4.0, é necessário, para fazer uso desse tipo de gestão e andar lado a lado com as exigências competitivas do mercado, que os gestores sigam três premissas básicas: automatização do produto, integração de todos os setores do negócio e virtualização dos processos (Gonçalves, 2019). Entende-se por competência o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que o profissional deve possuir, de acordo com a atividade. A avaliação de desempenho por competências é definida como uma análise sistemática do desempenho de cada profissional da empresa, em função das tarefas que desempenha, das metas que possui, das atitudes que são esperadas e dos resultados a serem alcançados, além do seu potencial de desenvolvimento. (Software de Avaliação, 2021). [1] [2] [3] 07/06/2022 19:11 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 28/28 É uma abordagem que busca a resolução de conflitos por meio de diversas práticas que estimulam a compaixão e a empatia. Baseia-se em habilidades de linguagem e comunicação que fortalecem a capacidade de continuarmos humanos mesmo em condições adversas. Seu foco é reformular a maneira pela qual nos expressamos e também ouvimos os outros, porque nós sempre focamos no falar. Segue as seguintes etapas: observação; sentimento; necessidade; pedido. (Escola em Movimento, 2021) [4]
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