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AULA 5 PLANOS DE CARREIRA E DESENVOLVIMENTO PESSOAL E PROFISSIONAL Profª Jane Vecki de Souza 2 INTRODUÇÃO O crescimento exponencial de organizações, a entrada de novas gerações e a explosão de startups nos fazem repensar novos moldes de reconsiderar o valor valioso do capital humano nas organizações. Ocorre que a ferramenta do assessment não somente foca a melhor pessoa para assumir determinada posição ou cargo, mas também em valorizá-la com plano de desenvolvimento aplicado e de forma individual, refinando e maturando habilidades essenciais e que muitas vezes estão pouco disponibilizadas. Como as organizações podem reter seus talentos? Nos processos de desenvolvimento de competências, torna-se crescente a busca por metodologias de gestão de pessoas que sejam atrativas para ambos, empresa e colaborador. A proposta desta aula é repensar processos empresariais que estão ao alcance de todos e que sejam geradores de crescimento na carreira e também instrumentar o aluno para que implemente alguns recursos que lhe promova novos insights, o quanto você pode aproveitar-se de suas habilidades intrínsecas, competências que já possui e que podem estar ainda adormecidas. Tais características de cunho estratégico ou não deverão representar parte do seu eu. É uma forma de descobrir quais talentos verdadeiramente já possui, reconhecê-los e melhor aproveitá-los em seu trajeto. A carreira, seja ela autônoma ou não, tem sua fonte de riqueza. E esta fonte está dentro de cada um de nós. Falaremos sobre empreendedorismo e intraempreendedorismo. De qualquer maneira, são complementares, evidenciam-se de dentro para fora. Na condição de Líder, tais atitudes devem ser mantidas e praticadas. O profissional que empreende é inovador, corajoso, ousado. Porém, suas decisões são bem desenhadas com análise prévia de cenários, ao contrário de pessoas que se dizem empreendedoras, mas na verdade são impulsivas e colhem resultados fúteis, sem nenhuma tangibilidade. A todos os profissionais de mercado, a lógica de uma carreira promissora é encontrada na capacidade de reconhecer quais são os nossos potenciais. Investir na profissão com a qual já temos forte afinidade e vocação, agrega-nos e contribui para deixarmos um legado. Bons estudos! 3 TEMA 1 – PROGRAMA DE ASSESSMENT PARA O MAPEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE TALENTOS O assessment (Programa de Desenvolvimento de Talentos) aplicado a empresas que promovem espaços para o crescimento horizontal e vertical nas carreiras tem sido cada vez mais praticado e em várias modelagens, conforme a cultura organizacional. Trata-se de um processo que mapeia o perfil de colaboradores em suas curvas de evolução e integra neste mapeamento as competências fundamentais com o respectivo plano de desenvolvimento, para que uma possível sucessão ocorra durante a jornada de carreira do profissional. A intenção é que o programa provoque um movimento espontâneo de quem participa, em prol de suas metas e/ou perspectivas de curto e médio prazo, que gere automotivação e inclinação para uma elevada produtividade. Ensina a perseverar diante das adversidades, ativa geralmente nosso pensamento, amplia a percepção do mundo maior e, assim, conseguimos nos conduzir com mais clareza, tomando decisões e fazendo escolhas com discernimento. Desta forma, o assessment corporativo auxiliará no conhecimento profundo de colaboradores, o que impacta em tomadas de decisão inteligentes sobre pessoas, já que elas definem o futuro de uma organização. Nesta linha mestra de pensamento, inserimos a “gestão de gente”, com empresas implantando sistemas de avaliação e feedbacks individuais, em que se visualiza o grande potencial humano como fonte de melhoria continua da estrutura empresarial. O capital humano na visão do programa se torna ponto primordial e, com base nele, novas estruturas organizacionais surgem e o crescimento passa a ser sustentável. 1.1 O método assessment na prática Para cada profissional participante do programa, é estabelecido um roteiro de expectativas, com perguntas estratégicas para o refino de seus atos. É utilizado ferramentas de aferição e mapeamento de potencial e personalidade. Entre elas, o método MPCG, o perfil DISC, MBTI, a Grafologia Estratégica e demais. Os Relatórios descritivo e quantitativo dos profissionais são gerados e compartilhados com a organização para o reconhecimento de seus talentos e como seguirão com seus planos de desenvolvimento. O profissional também recebe individualmente seu resultado e, junto ao mesmo, inicia um PDC, Plano de desenvolvimento de competências. 4 1.2 Os objetivos do assessment Encontrar os pontos de equilíbrio entre cargos, pessoas e resultados não é tarefa fácil. Há necessidade de uma gestão versátil, eclética, mutável, que reconfigure a rota sempre que necessário ou quando há sinalização de novas tendências de mercado, o que comumente presenciamos. O profissional neste período de vida precisa se readequar continuamente, estar pronto para movimentos rápidos, pois o que era de uma forma passa em minutos a ser diferente. Quando realizamos o processo de assessment, pessoas se tornam mais conhecedoras de si, dos seus talentos ou de seus pontos a evoluir e conseguem antecipadamente se melhorar. Essa é a essência do “mapeamento e desenvolvimento humano”. Vivemos empresarialmente possibilidades emergenciais de transições na carreira. Para tal, é de suma importância para corporações e seus talentos o preparo técnico e comportamental de seu capital humano, para que assumam determinados novos postos e com maestria. Trata-se de uma relação de parceria em que ambos ganham. 1.3 Os benefícios do assessment • A empresa pode estruturar políticas salariais com mais segurança, pois com o reconhecimento dos seus talentos torna justo e eficaz determinados reajustes; • Os feedbacks originados durante o percurso do projeto contribuem para que profissionais se ativem em prol de melhorias e manutenção do que está indo bem; • O alinhamento dos cargos e perfis promovidos corroboram para medidas com enfoque nas equipes de elevada performance; • Os talentos selecionados para novas posições-chave, devem assumir com maior potencial. Em síntese, o programa aqui estudado atrai os talentos, desenvolve competências, retém os potenciais e cria possibilidade de crescimento conforme o planejado. Equipes e Empresa caminham com certa uniformidade com relação às premissas que se estabelecem. A ideia é fazer com que cada profissional pense e imediatamente aja, que pratique com dinamismo psicofísico, que possa visualizar cenários futuros com suas aspirações supridas, que sinta sua força 5 interior e resgate seu grau de vontade e garra para lutar contra os obstáculos que aparecem. Assim, evita-se o comodismo, a rotina, a apatia por desesperanças. Ou seja, aquele pensamento que adormece muitas vezes o EU: “A empresa é conformista, não tem hábito de valorização, nunca vou crescer aqui mesmo” etc. Não cabe mais nas empresas comportamentos com tais pensamentos, assim como empresas também precisam adotar novos moldes de gerir pessoas, atendendo-as em suas buscas parcialmente e seguir aguardando em tempo hábil o retorno de tal investimento. 1.4 Os modelos de assessment Alguns estilos são comuns nas empresas: • Assessment pessoal: avalia o modelo de personalidade, características comportamentais para integrá-las ou movimentá-las junto as equipes profissionais; • Assessment para sucessão: avalia as perspectivas, aptidões e interesses dos profissionais e se estão em concordância com os objetivos da empresa. O período do processo varia entre duas e três sessões de duas horas cada; • Assessment de performance: avalia os níveis de potenciais e competências, o grau de entrega de cada colaborador e o impacto na produtividade e resultadosempresariais. Nesta configuração, é realizado um diagnóstico mais amplo, o período pode se estender de três para cinco sessões individuais, de duas horas cada. A avaliação ocorre com uma série de ferramentas e inventários de interesse ou métodos de aferição. Cada modelo apresentado tem sua especificidade e cada necessidade na empresa pode ser acessado um ou outro. É importante frisar que os programas de assessment são destinados ao desenvolvimento de carreira e não contemplam em seu escopo o desenvolvimento pessoal ou emocional. É apenas corporativo, com a finalidade de carreira e suas nuances. Geralmente, são destinados aos profissionais em posição executiva, lideranças intermediárias e futuros sucessores. No caso de lideranças, este processo se intensifica, devido ao grau de responsabilidade pela formação de 6 times, sendo fundamental para os mesmos as habilidades comportamentais e de liderança TEMA 2 – COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA CARREIRA Falamos anteriormente sobre o assessment, programa que mapeia e desenvolve competências. Nessa linha de pensamento, seguimos com a gestão do conhecimento, alimentada por um elenco de competências essenciais exigidas nas diversas profissões no mercado. Os impactos do capital intelectual nas organizações vêm sendo debatidos entre os estudiosos da área humanista. O capital intelectual se refere ao material intelectual de uma empresa, podendo ser assimilado como as informações, propriedade industrial ou experiências de uma instituição, capazes de gerar novos capitais (Stewart, 1998). Ele também é assimilado pelo autor como a adição do conhecimento de todos os colaboradores da empresa e que possuem potencial para aumentar as suas propriedades competitivas (Stewart, 1998). Tendo em vista um cenário extremamente ousado, que nos exige a multiplicidade de habilidades intelectuais e comportamentais, os ativos intangíveis se tornam o centro das atenções no mundo moderno. Ativos intangíveis (ser humano e sua riqueza intelectual) e os tangíveis (resultados gerados dessa riqueza) devem se complementar. Ambos são de significância para que uma empresa perdure. O capital intelectual é um ativo essencial nos nossos tempos digital e tecnológico, uma vez que a força motriz e braçal vem sendo menos procurada pela indústria, em decorrência da valorização das habilidades e esforços mentais e procura por pessoas com competências estratégicas, criativas e receptivas ao novo, a um constante aprendizado. Na visão de Stefano, os ativos intangíveis permitem grande exploração, haja vista que não exigem investimentos além dos necessários para a sua criação, e além disso quanto mais forem utilizados maior será o valor dele extraído (Stefano et al., 2014). Há na doutrina quem compreende os ativos intangíveis e o CI como sinônimos, diante de sua abstração e compartilhamento de idênticas características (Stefano et al., 2014). Sendo assim, é de significância que os ativos intangíveis devam ser administrados a fim de se atingir a efetividade das ações e programas internos de produção, para a competitividade e 7 sustentabilidade, passando a ser considerados como elementos que promovem as atividades da empresa. Consoante Araujo, Mottin e Rezende (2013, p. 287), “os ativos intangíveis são ativos usados na operação do negócio, mas que não têm substância física; todavia, tem significado potencial de geração de resultados”. De modo diverso, os ativos tangíveis são aqueles visíveis e que podem ser materializados (Freire, 2012). 2.1 As competências na atualidade O termo competência se tornou conhecido no âmbito organizacional no início do século passado, designando como qualificado o profissional que realizava com eficácia suas atividades. Somente a partir de 1970, inicia-se um grande interesse sobre esse tema, aumentando as discussões e pesquisas na área gerando um aumento significativo de conceitos e definições. Com uma visão corporativa, Carbone et al. (2009, p. 43) contribuem: [...] “entendem-se competências humanas como combinações sinérgicas de conhecimentos, habilidades e atitudes, expressas pelo desempenho profissional dentro de determinado contexto organizacional, que agregam valor a pessoas e organizações”. Segundo a visão de Rabaglio, “competências são um conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes e comportamentos que permitem ao indivíduo desempenhar com eficácia determinadas tarefas, em qualquer situação” (Rabaglio, 2001, p. 03). Sabemos que as competências comportamentais (atitudes), diferente das técnicas (o saber), são os diferenciais competitivos que o profissional pode demonstrar e que tem forte impacto sobre os resultados, entre elas a criatividade, flexibilidade, relacionamento interpessoal, empatia etc. Para conceituar habilidade, pode-se dizer que é a capacidade de realizar determinada tarefa a partir de uma teoria ou uma técnica. Ou seja, é ter uma aptidão específica para desenvolver uma determinada competência. Entende-se que competência é o saber adquirido pelo conhecimento e habilidade é o saber fazer, ou seja, colocar em prática o saber. 8 Mccauley (1989) definiu em sua obra, 16 competências referenciais, são elas: 1. Ser uma pessoa de muitos recursos: saber se adaptar a mudanças e situações ambíguas, ser capaz de pensar estrategicamente e tomar decisões acertadas mediante pressão; liderar sistemas de trabalho complexos e adotar condutas flexíveis de resolução de problemas; capacidade de trabalhar eficazmente com os superiores em problemas complexos de gestão; 2. Fazer o que sabe: perseverar e se concentrar mediante obstáculos, assumir, saber o que é necessário e seguir adiante; ser capaz de trabalhar só e também aprender com os demais, em caso de necessidade; 3. Aprender depressa: dominar rapidamente novas técnicas; 4. Ter espírito de decisão: atuar com rapidez de forma aproximativa e com precisão; 5. Administrar equipes com eficácia: delegar eficazmente, ampliar oportunidades e demonstrar justiça ante seus feitos; 6. Criar um clima propício ao desenvolvimento: ampliar os desafios e as oportunidades para criar um clima que favoreça o desenvolvimento de sua equipe; 7. Saber lidar com colaboradores quando apresentam problemas: agir com decisão e equidade quando tratar colaboradores com problemas; 8. Estar orientado para o trabalho em equipe; 9. Formar uma equipe de talentos: contratar pessoas com potencial; 10. Estabelecer boas relações na empresa: saber como estabelecer boas relações trabalho, negociar quando houver problemas, conseguir cooperação; 11. Ter sensibilidade: demonstrar interesse pelos demais e sensibilidade ante as necessidades de seus colaboradores; 12. Enfrentar os desafios com tranquilidade: apresentar atitude firme, contrapor com base em dados, evitar censurar os outros pelos erros cometidos, ser capaz de sair de situações constrangedoras; 13. Manter o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal: estabelecer prioridades na vida profissional e pessoal de forma harmoniosa; 14. Conhecer a si mesmo: ter a ideia exata de seus pontos fracos e fortes e estar disposto a investir em si mesmo; 9 15. Apresentar bom relacionamento: manifestar-se afável e dar mostras de bom humor; 16. Atuar com flexibilidade: capacidade para adotar comportamentos que, a princípio, podem parecer opostos – exercer liderança e deixar-se liderar. É previsível para profissionais que procuram incorporar e praticar essas e demais competências que emergem com a exponencialidade dos negócios que eles terão mais sucesso em suas carreiras. Por outro lado, empresas em contrapartida deverão investir no potencial de seus talentos e geri-los de tal modo que os retenha. Projetos de retenção que promovam oportunidades de maturação no comportamento e na liderança contribuirão constantemente para resultados deexcelência. A atração e retenção dos talentos gera a empresabilidade e a empregabilidade. As novas gerações que vêm emergindo em áreas tecnológicas, de inovação e (sabemos que esta área é a do momento presente e não mais do futuro), somando aos demais profissionais com outros indicadores potenciais, direciona empresas para uma atitude corporativa inteligente, manter quem já está, com sistemas atrativos de carreira e o selecionar com foco nas competências essenciais para cada cargo na organização (Mccauley, 1989). Hoje, as competências ainda assumem papel relevante quando o assunto é carreira. Por esta razão, os inúmeros projetos empresariais geridos por áreas de talentos humanos estão sendo disponibilizados. As transformações que vêm ocorrendo em tempo acelerado afetam o futuro do trabalho. Mudanças nos estilos de carreira, devido à automação e inteligência artificial, bem como demais atratividades tecnológicas, impõem às organizações um ritmo frenético que as obrigam a reconfigurar o grau de exigência quando contratam novos colaboradores e a pressionar àqueles que já fazem parte do quadro, que se reconstruam a partir de outras habilidades. TEMA 3 – DESAFIOS NA TRANSIÇÃO EM PAPÉIS DE LIDERANÇA Atualmente, lideranças têm sido convidadas a rever seus modelos comportamentais por meio de treinamentos e educação executiva. A mudança na forma de pensar e atuar deverá ser contínua, uma vez que vivemos momentos como nunca houve antes, com tantos desafios ao mesmo tempo, ocorrendo dentro e fora das organizações. Ao papel de líder, foi dado como missão 10 administrar esta era corporativa, com elevado desempenho e tônus/resiliência para superar-se frente aos mesmos. Será que existe uma fórmula de sucesso para as lideranças? O que se ensina nas melhores escolas de negócio sobre lideranças de processos e pessoas segue princípios situacionais, por meio do desenvolvimento pessoal e das competências inerentes aos seus atributos. Cada qual em sua posição vai se tornando destaque, autônomo e autossustentável. São muito os projetos que permitem aos líderes tal evolução. Cabe a ele buscar e aproveitar oportunidades de aprimoramento que a empresa lhe concede, no que tange à sua pessoa e ao papel que representa. Os programas apresentados neste módulo, entre eles coaching, mentoring, counseling e assessment, incluem técnicas para o alcance desta sabedoria na prática, entre elas o planejamento individual. Por várias vezes, citamos o autoconhecimento e o autodesenvolvimento. Sem dúvidas, o início e a potencialização de uma carreira executiva iniciam com estas duas competências. O’neill e Nalbandian focam em três principais desafios da liderança. O primeiro desafio se prende com o papel e a responsabilidade que o líder tem de assumir; o processo de transição de subordinado para líder ou de pessoa externa à organização para líder; e, também, o fato de ter de potencializar o envolvimento dos subordinados com a organização (O’neill; Nalbandian, 2018). Líderes devem ser formadores de futuros líderes. Deve ser uma constante esse estilo de liderar. O perfil do líder situacional é diferenciado, pois ele reconhece o perfil comportamental de seus colaboradores e age de acordo com as particularidades de cada um deles. Já Hay identificou outras situações que se revelam difíceis para um novo líder na organização: a tensão que este sente no momento de assumir a sua identidade perante a organização; a pressão para manter o entusiasmo perante os outros, muitas vezes deixando o que sente de lado; a tentativa de melhorar continuamente a sua autoconfiança, que acaba por ter grande impacto na dos outros; a pressão para saber tudo, tendo medo de errar perante a equipe; o fato de não conseguir fazer tudo sozinho e ter dúvidas; e o fato de não conseguir ser ele próprio e não conseguir estar a 100% na posição de líder, o que cria dúvidas em relação à sua capacidade para desempenhar o cargo. São inúmeras as dúvidas que eles têm na posição que ocupam e as incertezas e inseguranças que surgem. Trata-se de um cenário crítico para um ambiente organizacional altamente crítico e exigente (Hay, 2014). 11 Criar hábitos saudáveis na vida pessoal ajudam o líder deste século a lidar e gerenciar melhor tais dificuldades que se postam no cotidiano. As atitudes do líder podem ser repensadas enquanto papel que assume. Elaborar ações de curto prazo, com rotas possíveis de seguir, vão ajudá-lo na sustentação do papel que lhe cabe. É importante considerar as variáveis no que se espera de líderes por parte da organização e também expectativas de seu time. Personificar a figura do líder não é saudável e o impede de crescer e maturar suas competências de gestão, não sendo possível compreendê-lo como ser que sofre emocionalmente e outros males do século. Cuidar para que esta visão seja o mais real possível e devolver o seu direito de exercer o ofício com tudo o que tem direito. Para Watson, a figura heroica de um líder inibe a sua capacidade de desenvolvimento e não reconhece que este, à semelhança de todo o ser humano, tem crises de ansiedade e a necessidade de encontrar significado nos seus subordinados (Watson, 1994). Blanchard fala sobre a Liderança Situacional em termos de desenvolvimento de um referencial conceitual que procura destacar as variáveis situacionais chaves (Blanchard, 1986). Hersey e Blanchard definiram quatro estilos básicos de liderança associados ao modelo de liderança situacional, sendo eles: direcionador, orientador, apoiador e delegador. • Direcionador: o líder diz aos subordinados o que fazer. Ele passa a direção e também é responsável por explicar como executar as tarefas; • Orientador: é mais democrático que o anterior. Há troca de informações, compartilhamento entre o líder e os subordinados. O líder, quando exerce este papel, tem como objetivo vender a mensagem aos subordinados, levando-os a participar do processo e das tarefas; • Apoiador: o líder envolve os subordinados na tomada de decisão. As instruções do líder são limitadas e os subordinados têm um papel ativo na tomada de decisões e no direcionamento de como as tarefas são executadas; • Delegador: nesta abordagem, o líder tem pouco envolvimento nas tomadas de decisões, permitindo que os subordinados decidam e assumam a maior parte da responsabilidade. 12 TEMA 4 – CANVAS PESSOAL – METODOLOGIA PARA PLANEJAR E GERIR CARREIRA A estratégia do método Canvas pessoal inclui você idear, imaginar e transportar para um plano de ação seus pensamentos, para em seguida agir. Elaborado em 2013 por Tim Clark, Alexandre Osterwalder, Yves Pigneur e demais especialistas de outros países, trata-se de um modelo de negócios pessoal e não organizacional. Em inglês, Business Model You. A ferramenta, de forma metodológica, mapeia características pessoais e pontos fortes de nossa personalidade, de forma espontânea e sem julgamentos. O Canvas pessoal possibilita a reinvenção de sua carreira, seus hábitos de vida, empreender um novo negócio, clarificar sobre sua forma de atuar e impactar os meios, melhorar a performance na vida pessoal e profissional, permitir a organização de ideias, a mudança de pensamentos, a consciência de como você está contribuindo nos meios de convívio e os benefícios que estes recebem com seus atos. Abrange uma autoanálise integral de sua pessoa e os reflexos nos relacionamentos. A geração de ideias formatada pelo modelo é colaborativa, levando profissionais que executam o Canvas pessoal a buscarem suas metas com propósito. Aqui, o foco inicial ultrapassa a empresa e se concentra no profissional. Com base nas habilidades que identifica ter, disponibilizará valor agregado para seus meios profissionais, sejam negócios próprios ou parceiros. Ao preencher seu Canvas, você deverá olhar para si mesmo. Neste caso, o autoconhecimentoé de muita valia, pois lhe dá condições de responder a ferramenta com realismo. Perguntas Canvas: 1. Recursos: o Quem é você? O que você tem a oferecer para um negócio, como: experiência na área, rede de contatos, fluência em outros idiomas, ou seja, todos os recursos tangíveis e intangíveis que a sua carreira já agrega. o Quais seus interesses? o Quais suas habilidades, competências e talentos? o Qual a sua personalidade? 13 2. Atividades: o O que você faz no dia a dia que gera valor para o negócio? o O que você mais gosta de executar, quais tarefas considera as mais importantes e quais menos gosta. 3. Clientes: quem você ajuda? o Quem são as pessoas que dependem das tarefas executadas por você em sua organização (seu superior, supervisor etc.). o Para conhecê-los, basta responder duas questões simples: “a quem você se reporta?”; e “quem paga pelos seus serviços?”. 4. Propostas de valor: como você contribui? o Propostas de valor são competências e habilidades que podem agregar valor a um negócio diretamente, como uma especialização na área. o Pense em qual benefício você fornece aos clientes listados anteriormente? Que trabalho eles te contratam para executar? Onde você se destaca? o São elas: habilidade de comunicação e trabalhar bem com a equipe, postura de liderança, domínio da tecnologia e de outros idiomas, entre outros. 5. Canais: como conhecem você? Como você entrega o serviço? o Como os clientes potenciais descobrem como você pode ajudá-los? Como eles decidirão a compra pelos seus serviços? Como eles comprarão? Como você entregará o que os clientes compraram? Como vai saber que esses clientes estão satisfeitos e resolver possíveis problemas? o Comece a pensar nos canais que respondem melhor a sua realidade. Um blog pessoal, um portfólio, um número de telefone profissional são algumas opções. 6. Relacionamento: como vocês interagem? o Como é a sua relação com os seus clientes. De maneira mais específica, como você os atrai, fecha vendas, obtém receitas crescentes deles ao longo do tempo e os fideliza. 14 7. Fontes de receitas e benefícios: o que você ganha? o Comece a calcular o quanto você ganha em troca ao se manter em um emprego, ao abrir seu próprio negócio ou exercer qualquer outra atividade profissional. O que é mais valioso? o Liste o salário, as taxas de contratantes, as ações, os royalties e outros recursos monetários e financeiros. Também anote quais os benefícios tangíveis, como planos de saúde, ticket alimentação, carro ou ainda intangíveis, como qualidade de vida, tempo para dedicar-se à família e o que for importante para você. 8. Parcerias principais: quem ajuda você? o Na sua carreira, quem são aquelas pessoas que mais te ajudam? Quem são aqueles que lhe apoiam como profissional e ajudam a realizar seu trabalho com sucesso? Um chefe, um colega de trabalho, um familiar, seu parceiro ou parceira? Conseguiu pensar em alguns nomes? Então inclua-os no seu Canvas Pessoal. o Estas podem oferecer conselhos, motivação ou oportunidades de crescimento 9. Estrutura de custos: o que você dá ao seu trabalho? o Encaixam-se gastos como: taxas de treinamento ou assinatura, despesas de deslocamento e alimentação, uso de veículos, equipamentos ou vestuário especial; gastos com internet, telefone ou despesas que surgem do trabalho em casa ou nas instalações do cliente. Além deles, o tempo, expertise, energia, produtividade, motivação, horas vagas e assim por diante. TEMA 5 – EMPREENDEDORISMO PESSOAL E CARREIRAS AUTÔNOMAS 5.1 Conceito de empreendedorismo “A palavra empreendedor origina-se da palavra entrepreneur que é francesa, literalmente traduzida, significa aquele que está entre ou intermediário” (Hisrich; Robert, 1986, p. 96). A definição de empreendedor foi passando por mudanças ao longo do tempo, tornando-se nos dias de hoje em práticas mais complexas. Ao empreendedorismo, associa-se a capacidade de inovar com competências específicas, que estão presentes em cada processo organizacional. 15 O empreendedor é caracterizado, segundo vários pesquisadores, como aquele que possui requisitos importantes ou que os desenvolveu no decorrer de sua vida, incorporados à personalidade e às suas ações. Para Roncoletta (2011), esses requisitos são os seguintes: “Iniciativa e busca de oportunidades; perseverança; comprometimento; busca de qualidade e eficiência; coragem para assumir riscos, mais calculados; fixação de metas objetivas; busca de informações; planejamento e monitoração sistemáticos, ou seja, detalhamento de planos e controles; capacidade de persuasão e de estabelecer redes de contatos pessoais; independência, autonomia e autocontrole” (Roncoletta, 2011, p. 29). Marques (2014) comenta: “são os inovadores, pessoas dotadas da capacidade de desenvolver soluções para os desafios, que realizam ideias novas que promovem o progresso das organizações”. Portanto, a inovação só é introduzida quando transplantada para a órbita social, lugar em que será confrontada, aprimorada e assimilada (Marques, 2014, p. 42). Acredita-se que a inovação no meio organizacional se torna essencial, caracterizando-se por meio do intraempreendedorismo, pois vários autores defendem que o intraempreendedorismo está relacionado diretamente à inovação, tal como mencionam Salim e Silva (2010, p. 17) ao comentar que “a inovação compreende, além das invenções ou novidades tecnológicas, novidades em processos, que possivelmente é o centro do ambiente empreendedor”. O intraempreendedor é visto por Dornelas como alguém que possui criatividade, ousadia, gosta de desafio e sempre está atrelado à motivação. Para esse autor, os maiores empreendedores são admirados não apenas por aquilo que criaram, mas por terem feito algo grandioso com aquilo que vislumbraram antes que outros o fizessem (Dornelas, 2008). Entende-se como personalidades com ampla visão do mercado e que possuem a capacidade de identificar oportunidades que outros não conseguem, seja gerando algo inteiramente novo, seja ampliando ou alterando o uso de algo que já exista. “Intraempreendedores possuem a visão e coragem necessária para conseguir, por meio de seu envolvimento e comprometimento, transformar ideias em realidade” (Festa; Garcia Filho, 2013, p. 55). Nas carreiras autônomas, são importantes esses perfis comportamentais. Empreender e manter o que foi edificado são desafios para todos no mundo dos negócios. Trata-se de quem, em seu íntimo, deseja ser autogerenciável e manter- 16 se autônomo em sua carreira, ser dono de seu próprio negócio, sair do escopo de seguir procedimentos alheios. É uma escolha. O empreendedorismo não é um dom, mas sim uma característica individual que pode ser aprendida desde que aja afinidade e interesse pelo processo. 17 REFERÊNCIAS ARAUJO, R. P. de; MOTTIN, A. P.; REZENDE, J. F. de C. Gestão do conhecimento e do capital intelectual: mapeamento da produção acadêmica brasileira de 1997 a 2011 nos Encontros da ANPAD. Organizações & Sociedade, Salvador, v. 20, n. 65, p. 283-301, abr./jun. 2013. CARBONE, P. P. Gestão por Competências e Gestão do Conhecimento. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora da FGV, 2009. DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo corporativo: como ser empreendedor, inovar e se diferenciar na sua empresa. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. FESTA, M. P.; FILHO, G.; AURÉLIO, M. Perfil intraempreendedor: um estudo sobre o perfil profissional encontrado em organização pública do setor bancário brasileiro. Cadernos Unifoa. Edição n. 21, abr. 2013. FREIRE, P. de S. Engenharia da integração do capital intelectual nas organizações intensivas em conhecimento participantes de fusões e aquisições. 2012. 332 f. Tese (Doutorado em Engenharia e Gestão do Conhecimento) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,2012. HAY, A. ‘I don’t know what I am doing!’: Surfacing struggles of managerial identity work. Management Learning, v. 45, n. 5, p. 509-524, 2014. Disponível em: <https://doi.org/10.1177/1350507613483421>. Acesso em: 13 jul. 2021. HERSEY, P.; BLANCHARD, K. H. Psicologia para administradores: a teoria e as técnicas da liderança situacional. São Paulo: EPU, 1986. HSRICH, R. D. et al. Entrepreneurship. 1986, p. 96. MARQUES, S. B. V. M. Intraempreendedorismo no setor público: a perspectiva dos gestores de instituições públicas de ensino superior. Paraná: Editora da UTFPR, 2014. 171 p. MCAULEY, E.; DUNCAN, T.; TAMMEN, V. V. Psychometric properties of the Intrinsic Motivation Inventory in a competitive sport setting: A confirmatory factor analysis. Research Quarterly for Exercise and Sport, v. 60, 1989, p. 48-58. O'NEILL JR, R. J.; NALBANDIAN, J. Change, Complexity, and Leadership Challenges. Public Administration Review, 2018, p. 311-314. 18 RABAGLIO, M. O. Seleção por Competências. São Paulo: Editora Educator, 2001. RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007. RONCOLETTA, K. C. V. dos S. Atitude e Comportamento Empreendedor: Atributos para uma Cultura Intraempreendedora nas Pequenas Empresas. Campo Limpo Paulista: Novas Edições Acadêmicas, 2011. SALIM, C. S.; SILVA, N. C. Introdução ao empreendedorismo: despertando a atitude empreendedora. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. SCHNORRENBERGER, D. Considerações gerais sobre ativos intangíveis. Revista Contemporânea de Contabilidade, Florianópolis, v. 1, n. 2, p. 81-108, jul./dez. 2004. STEFANO, N. M. et al. 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