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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da XX vara 
criminal da Comarca de XXXXXXXXX/XX 
 
 
Processo-crime nº XXXXXXXXXXXXX 
 
 
XXXXXXXXXX, já qualificado nos autos do processo-crime em 
epígrafe, por seu advogado que esta subscreve, não se conformando 
com a respeitável decisão de folhas XX, que CONDENOU o acusado 
pelo crime de estupro, vem respeitosamente à presença de vossa 
excelência e dentro do prazo de 5 (cinco dias), conforme Art. 593 do 
CPP, interpor o presente RECURSO DE APELAÇÃO, com 
fundamento no Art. 593, I, do CPP. 
Requer seja o presente recurso devidamente recebido e 
processado, encaminhando-se as razões anexas ao Egrégio Tribunal 
de Justiça do estado de XX 
 
 
 
 
Termos em que, 
Pede e espera deferimento. 
(local, data) 
 
 
Advogado – OAB/XX nº XXX 
 
 
Razões de Recurso de APELAÇÃO 
Recorrente XXXXXXXXX 
Recorrido: Justiça pública 
Processo-crime nº XXXXXXX 
 
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de XX 
Colenda Câmara 
Douto Representante do MP 
Ínclitos Julgadores 
 
 
A respeitável decisão ora recorrida prolatada pelo ilustre 
magistrado a quo deve ser reformada, pelas razões de fato e de direito 
a seguir expostas. 
DOS FATOS 
O acusado é famoso cantor sertanejo que trocava mensagens 
com a vítima através da internet e celular. Em certa data o cantor 
estava em turnê na cidade onde reside a vítima data na qual ambos 
decidiram se encontrar em um hotel da cidade, tendo o acusado 
realizado as reservas e sua equipe tendo organizado o encontro. A 
noite foi bem aproveitada por ambos que decidiram passar mais 
algumas noites juntos, tendo o cantor deixado claro que após esses 
dias não mais se falariam. 
Na noite seguinte, ao chegar do show e se encontrar com a 
vítima, o cantor notou a presença de um celular no quarto, ao passo 
que questionou se a vítima estaria gravando sua intimidade, fato esse 
que foi mentirosamente negado pela vítima. Mesmo assim, por 
precaução, o acusado solicitou que a vítima guardasse o seu celular. 
nesse momento a vítima começou a gritar e a desferir golpes contra 
o acusado, que apenas segurou a vítima. No entanto, tamanha era a 
raiva da vítima, essa possuía muita força, sendo a única solução 
encontrada pelo acusado derrubá-la na cama e imobilizá-la até que 
se acalmasse. Após a vítima ter apresentado estar mais calma, o 
acusado saiu do quarto e não mais voltou. 
No entanto, a vítima, de forma maldosa, foi, uma semana após 
o fato, a delegacia de polícia e narrou ter sido vítima de estupro. O 
exame de corpo de delito foi inconclusivo quanto ao estupro, mas 
mesmo assim o MP ofereceu denúncia contra o acusado. O acusado 
foi citado, mas não localizado. Na audiência de instrução foram 
ouvidas testemunhas e as partes e o juiz de 1º grau em sentença 
CONDENOU o acusado pelo crime de estupro imputando a ele pena 
de seis anos em regime fechado. 
DO DIREITO 
1. DA NULIDADE DA AÇÃO PENAL DEVIDO A 
CITAÇÃO IRREGULAR. 
a. Cumpre a defesa do acusado, ab initio requerer a 
NULIDADE da ação penal visto que a citação 
realizada foi irregular. A citação do acusado foi 
determinada por delegado de polícia, quando na 
verdade deveria ter sido ordenada pelo juiz de 
direito competente e realizada através de 
mandado, conforme reza o Art. 351 do CPP. Não 
obstante, a citação editalícia prevista no Art. 361 
do CPP somente poderá ser realizada após 
frustradas todos os meios de citação possíveis, 
conforme súmula 414 do STJ. Além disso após a 
citação por edital, não comparecendo o réu ou 
não tendo constituído procurador nos autos, não 
poderá ser constituído defensor dativo, mas sim 
dever-se-á suspender o processo e o prazo 
prescricional, podendo o juiz decretar a prisão 
preventiva do acusado, como dita o Art. 366 do 
CPP. Sendo assim, diante do exposto, fica clara 
e evidente a necessidade da declaração de 
NULIDADE da sentença penal prolatada, visto 
que ocorrida a hipótese prevista no Art. 564, III, 
“e”, pelo qual pugna o acusado. 
2. NULIDADE POR AUSÊNCIA DE MATERIALIDADE 
DO DELITO 
a. A vítima, 7 dias após ocorridos os fatos 
compareceu a delegacia de polícia, narrando ter 
sido vítima de estupro. Após realizado o exame 
de corpo de delito foi concluído que a vítima 
sofrera lesões corporais leves, no entanto NÃO 
PODE SER CONCLUIDA A EXISTÊNCIA DE 
VESTÍGIOS DE ESTUPRO. Visto a 
inconclusividade do laudo pericial acerca do 
crime sexual deve a sentença prolatada ser 
considerada NULA com fulcro nos Art. 158 e Art. 
564, III, “b” todos do CPP, visto a COMPLETA 
ausência de materialidade do delito de estupro 
sabendo que o laudo pericial foi inconclusivo 
sobre a existência de crime sexual. 
3. NULIDADE POR CERCEAMENTO DE DEFESA 
a. Ao acusado não foi dada oportunidade de 
apresentação de defesa e de apresentar suas 
testemunhas. Visto a clara nulidade e erro na 
citação o acusado teve seu direito a ampla defesa 
cerceado pelo juízo a quo. Tendo o acusado sido 
citado por edital e não tendo constituído 
advogado o processo deveria, juntamente com o 
prazo prescricional, terem sido suspensos, 
conforme dita o Art. 366 do CPP, no caso em tela 
foi constituído defensor dativo ao acusado o que 
fere de forma cabal o seu direito de defesa, tendo 
essa sido cerceada. Com o claro cerceamento de 
defesa ficou o acusado impossibilitado de 
apresentar suas razões, provas e testemunhas 
tendo sido violado direito CONSTITUCIONAL do 
acusado, defendido e previsto no Art. 5º LIX E LX 
da CF. Sendo assim, pugna o acusado pela 
NULIDADE da sentença com fulcro no Art. 584, 
IV do CPP. 
4. DA ABSOLVIÇÃO PELA INEXISTÊNCIA DO FATO 
a. Compulsando os autos, fica claro que de fato o 
estupro alegado pela vítima NÃO OCORREU. 
Todo o conjunto probatório inclusive corrobora 
essa versão, veja, as testemunhas afirmaram que 
a vítima foi ao hotel por livre e espontânea 
vontade, o vídeo apresentado pela vítima gravou 
apenas até o momento da agressão dessa ao 
acusado, o exame de corpo de delito foi 
inconclusivo quanto a existência de crime sexual. 
Por óbvio, apenas a vítima e o acusado podem 
de fato saber o que ocorreu naquela noite, no 
entanto todas as evidências indicam que NÃO 
OCORREU O CRIME DE ESTUPRO, visto que 
toda a prova é favorável ao acusado, não 
havendo prova suficiente para a condenação 
conforme o Art. 386, I cc Art. 386, II e Art. 386 VII 
do CPP. 
5. DA DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO DE 
LESÕES CORPORAIS LEVES 
a. Fica claro que não ocorreu o crime de estupro, 
conforme a vítima de forma mentirosa alega, no 
entanto, conforme laudo pericial, demonstra-se 
que a vítima possuía lesões no seu braço, lesões 
essas causadas pelo acusado, sendo assim 
pugna-se pela desclassificação para o delito de 
lesões corporais leves, conforme Art. 129 do CPP 
6. DO ERRO NA DETERMINAÇÃO DO REGIME DE 
PENA 
a. Foi atribuído ao acusado o regime de pena 
fechado. Essa disposição da sentença vai de 
encontro com o disposto no Art. 33 § 1, “b” do CP, 
visto que o acusado preenche todos os requisitos 
para o cumprimento da pena em regime semi-
aberto. Não obstante, o julgador motivou e 
fundamentou a opção pelo regime mais gravoso 
no fato de que o acusado não compareceu ao 
julgamento, motivo esse não idôneo e não 
suficiente para tal motivação, contrariando o 
disposto nas súmulas 440/STJ e 718 e 719 
ambas do STF. 
DOS PEDIDOS 
Diante do exposto, requer seja dado provimento ao presente 
recurso para REFORMAR A SENTENÇA CONDENATÓRIA 
PROLATADA, para que seja declarada: 
a) NULIDADE da ação penal pela nulidade de citação 
conforme Art. 584, III, “e” do CPP; 
b) NULIDADE da ação penal pela ausência de prova 
material do crime de estupro com fulcro no Art. 584, III, 
“b” do CPP; 
c) NULIDADE pelo cerceamento de defesa conforme Art. 
366 do CPP; 
d) ABSOLVIÇÃO do acusado do crime de estupro pela 
falta de conjunto probatório para condenação, conforme 
Art. 386,II cc Art. 386 VII ambos do CPP; 
e) DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO DE LESÕES 
CORPORAIS LEVES nos termos do Art. 129 do CP; 
f) A DETERMINAÇÃO DO CUMPRIMENTO DA PENA 
EM REGIME SEMI-ABERTO visto que cumpridos todos 
os requisitos legais presentes no Art. 33 § 1, “b” do CP. 
 
 
Nestes termos, pede e espera deferimento 
(local, data) 
 
Advogado. OAB/XX nº XXXXX

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