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Bebidas e Harmonizações Unidade 1 - Bebidas fermentadas, destiladas e compostas História e classificação A história da humanidade está interligada à história das bebidas alcoólicas, pois os primeiros registros oficiais datam de 6000 a.C., época em que a agricultura começou a ficar mais desenvolvida e os povos passaram a se fixar nos locais onde produziam, sendo cada vez menos nômades. As bebidas fazem parte de forma protagonista da vida dos povos, sendo a cerveja e o vinho as primeiras bebidas alcoólicas que foram desenvolvidas. Há registros no Egito antigo de fábricas de cerveja capazes de produzir 12 mil litros da bebida e, durante a época da Grécia e Roma, as bebidas eram usadas nos banquetes e como símbolo de status social. Com o início das grandes navegações, as bebidas destiladas passaram a ser produzidas e comercializadas em diferentes regiões do mundo, tornando-se uma moeda de troca. Após a Revolução Industrial, no século XVIII, época de grandes transformações sociais e econômicas, houve grande melhoria na qualidade e no preço das bebidas, além do fácil acesso promovido pela produção industrial em escala, mudando a relação do consumo, principalmente das bebidas destiladas. Vale ressaltar que muitos países tiveram que proibir ou restringir a comercialização de algumas bebidas, pois inúmeras pessoas que migraram do campo para as cidades acabavam morrendo pelo excesso de consumo. No século XX, após a Segunda Guerra Mundial, com o auxílio da propaganda, principalmente cinema e TV, as bebidas alcoólicas ganharam um papel social importante, sendo para em confraternizações e com função de um inibidor, conforme aponta Moreira JR., Nas sociedades atuais, o uso de bebidas alcoólicas é encorajado por ser considerado um desinibidor, um facilitador de relações interpessoais e uma forma de reduzir as tensões cotidianas. O beber é um ato social que deve ser entendido no contexto de valores, normas e atitudes de cada cultura, existindo, em todas as sociedades, padrões institucionalizados de uso de bebidas alcoólicas, bem como de motivos e de oportunidades para o seu consumo (MOREIRA JR., 2005, p. 3-4). CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE BEBIDAS EXISTENTES https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.5808.91602/content/_5477394_1/scormcontent/index.html#/ Por definição, de forma simplificada, bebida alcoólica é qualquer bebida que possua álcool etanol na sua composição, resultado da fermentação de açúcares presentes em grãos, cereais ou caules. De acordo com a legislação brasileira, para ser considerada bebida alcoólica, o líquido deve conter mais de 0,5 ºGL de álcool etílico em sua composição. As três principais classificações das bebidas alcoólicas são: FERM ENTA DAS Produzidas com o auxílio de microrganismos, normalmente leveduras, que se alimentam dos açúcares da matéria-prima principal usada na fermentação (malte, uva, arroz, grãos), liberando álcool e gás carbônico. Cerveja, vinho, saquê DESTI LADAS Todo processo de destilação passa primeiro por uma etapa de fermentação para que, através da evaporação e consequente condensação desse líquido, seja possível obter a bebida destilada. Cachaça, aguardente, uísque, vodca, gim INFUSIONADAS OU CO MPOST AS São produzidas através de misturas ou infusão de frutas, raízes e ervas com alguma bebida alcoólica, podendo essa ser fermentada ou destilada. Possuem subclassificações de acordo com seu processo, originando anisados, bitters, licores e vermutes. Campari, martini, licor de cassis. https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.5808.91602/content/_5477394_1/scormcontent/index.html https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.5808.91602/content/_5477394_1/scormcontent/index.html https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.5808.91602/content/_5477394_1/scormcontent/index.html Na Tabela 1, temos as principais bebidas, seus respectivos processos de produção, principais marcas, utilização e graduação alcoólica. PANORAMA MUNDIAL DAS BEBIDAS DESTILADAS Um estudo mundial sobre bebidas alcoólicas mostra que o mercado global vem registrando um aumento de consumo por ano, como podemos observar na Tabela 2. Após análise da Tabela 2, podemos notar que os dados apontam uma retomada da produção a partir de 2018, após a cser_educacional econômica de 2015/2016, com destaque para a fabricação de cervejas e chopes, responsáveis em 2019 por 87,3% do total produzido em milhares de litros. Vale ressaltar que, mesmo tendo essa importância, a porcentagem vem diminuindo devido ao crescimento do consumo de vinhos e destilados. Na sequência, podemos observar na Tabela 4 os dados sobre as vendas de bebidas alcoólicas no Brasil (de 2015 a 2019). Analisando esses dados, é possível alcançar uma estimativa em relação ao consumo. Em relação aos destilados, o marketing global é altamente concentrado. Os dez maiores comerciantes (em volume), desde 1991, foram responsáveis consistentemente por mais da metade do volume de venda de destilados globalizados, conforme dados de 2006, e a participação de mercado das duas maiores empresas aumentou em 65%, como mostra a Tabela 5. As principais empresas adotaram estratégias, lançamento de produto, expansão e fusão para sustentar a intensa competição de mercado. Os principais participantes analisados no relatório incluem Anheuser-Busch InBev SA/NV, Bacardi Limited, Beam Suntory Inc., Constellation Brands Inc., Diageo Plc, Heineken Holding NV, Molson Coors Brewing Co., Pernod Ricard SA, SABMiller Ltd., e United Spirits Ltd. Outros participantes do mercado (não citados no relatório) na cadeia de valor incluem Accolade Wines Ltd., Asahi Breweries Ltd., Brown-Forman Corp., Carlsberg A/S, China Resources Beer Company Limited, Rémy Cointreau SA, Tsingtao Brewery Co. Ltd., Treasury Wine Estates, Thai Beverage Public Co. Ltd. e The Wine Group. O crescimento do mercado global de bebidas alcoólicas é impulsionado por alguns fatores, tais como: o aumento da demografia global de jovens adultos, o aumento da renda disponível e o aumento da demanda do consumidor por produtos premium e super premium. No entanto, o alto custo desses produtos e a escalada do mercado de bebidas não alcoólicas, em função do aumento em relação às preocupações com a saúde, devem restringir o crescimento do mercado no futuro próximo. Além disso, o investimento recente na produção de derivados do mel parece ser uma alternativa viável para bebidas alcoólicas inovadoras para os consumidores e para impulsionar o crescimento futuro desse mercado. Para os destilados e coquetéis engarrafados, com volume menor de álcool e mais refrescante, é a tendência. Processos de produção Agora, veremos detalhadamente cada processo que está envolvido na produção das bebidas, além de exemplificar e explicar algumas que são produzidas conforme as etapas descritas. // Fermentação A fermentação é um processo de transformação de uma substância em outra mais simples a partir de microrganismos, tais como leveduras e bactérias. Embora tenha grande fator histórico e econômico, tal processo foi compreendido apenas no século XIX por Louis Pasteur. Após estudos e avanço da tecnologia, a fermentação ganhou mais importância econômica com a produção de diversos produtos provenientes de fermentação lática, acética, natural e alcoólica, como iogurtes, bebidas, leite, queijos e pães. Devemos destacar que a fermentação alcoólica, responsável pela produção de bebidas alcoólicas, ocorre quando os açúcares solúveis (presentes nas diversas matérias-primas) são transformados, principalmente, em etanol (álcool encontrado em todas as bebidas alcoólicas) e gás carbônico. Essa transformação é realizada devido à presença de enzimas excretadas por leveduras, principalmente do gênero Saccharomyces,sendo a Saccharomyces cerevisiae a mais conhecida, conforme a equação geral: C6H12O6 → 2CH3CH2OH + 2CO2 + 33 cal (1) O açúcar fornecido na produção das bebidas pode vir de frutas, cereais, raízes e tubérculos em geral, como uva, cana-de-açúcar, maçã e cevada. A fermentação alcoólica rende bebidas com teor alcoólico próximo a 15%, pois as enzimas excretadas pelas leveduras são inativadas, produzindo bebidas muito aquosas. // Principais bebidas fermentadas Cerveja Os primeiros registros de cerveja datam mais de 8000 anos atrás, proveninetes do Egito antigo. Entretanto, sabe-se que: Cerveja é a bebida resultante da fermentação, a partir da levedura cervejeira, do mosto de cevada malteada ou de extrato de malte, submetido previamente a um processo de cocção adicionado de lúpulo ou extrato de lúpulo, hipótese em que uma parte da cevada malteada ou do extrato de malte poderá ser substituída parcialmente por adjunto cervejeiro (BRASIL, 2019). Assim, a cerveja pode ser classificada de acordo com a Tabela 6. Em sua composição química, a cerveja possui proteínas, aminoácidos, sais minerais, vitaminas e outros componentes que a torna altamente nutritiva e calórica, além de ser bastante diurética. Os principais ingredientes para sua fabricação são água, malte, lúpulo e leveduras, sendo necessário, no mínimo, 51% de malte proveniente de cevada em sua composição. Por isso, muitas cervejas têm ganhado notoridade com a expressão puro malte, que nada mais é do que uma cerveja produzida com 100% de malte de cevada, e não com arroz, milho e outros cereais de custo menor, usados em marcas mais populares. Água Com a evolução da tecnologia e conhecimentos da química, hoje é possível obter alta qualidade de água em qualquer região produtora, porém, nos séculos passados, ter uma fonte com água potável e nutritiva fazia grande diferença. As cervejas da região da Bavaria, na Alemanha, ganharam fama mundial devido à pureza de suas águas. Malte Obtido através da cevada e submetido ao processo de seleção, limpeza, calibragem, pesagem, lavagem (ou molha), germinação, suspensão de germinação em estufa para depois ser cortada passando a ser considerada como malte. No Brasil, devido ao clima, não se tem uma grande produção de malte, por isso grande parte do malte usado nas indústrias é importado, o que justifica a importância do cenário econômico no preço da cerveja. Lúpulo Oriundo da Europa Central, ele possui uma resina dourada de sabor amargo que é denominada lupolina. Muitas cervejas possuem alto teor de lúpulo, tendo como principal característica o sabor amargo, medido em IBU (International Bitter Unit), em uma numa escala de 0 a 100 para o potencial amargor da cerveja. Levedura Fungo microscópico de nome Saccharomyces cerevisiae. A levedura é responsável por transformar o açúcar do mosto em álcool e gás carbônico, pode ser de dois tipos (leveduras altas, que produzem uma cerveja com teor alcoólico mais elevado, e leveduras baixas, que produzem uma cerveja com teor alcoólico mais baixo). // Elaboração Produção do mosto ou brassagem Transformação do amido e das proteínas presentes no malte em uma solução chamada mosto, rica em açúcares e outros compostos. Começa com a moagem do malte. Nesse malte, adiciona-se água, obtendo uma mistura adocicada com o bagaço do malte, chamada mosto. Esse mosto é filtrado para eliminação do bagaço do malte e, nessa etapa, define-se a quantidade de açúcar presente na mistura. Fervura O mosto filtrado é fervido a temperaturas controladas para manter a cor e aroma da cerveja. Nessa etapa, ocorre adição do lúpulo e, em seguida, o mosto é resfriado até a temperatura de fermentação de forma rápida para evitar aromas indesejáveis e contaminação microbiana. Fermentação alcóolica Transformação dos açúcares em gás carbônico e etanol, através das leveduras, tendo a Saccharomyces cerevisiae como a mais usada nesse processo. O objetivo dessa etapa é favorecer a formação de aromas agradáveis e eliminar os indesejáveis. Filtração A cerveja é filtrada e levada para os tanques das máquinas, onde irá ocorrer o enchimento de barris e garrafas. Vinhos O vinho é proveniente da transformação de boas uvas pelo processo de fermentação alcoólica com uso de leveduras. Tem grande contribuição social e histórica, e seus primeiros relatos datam de 3000 anos a.C. São divididos em vinhos do velho mundo (Portugal, Espanha, França, Itália e Alemanha) e do novo mundo (Chile, Argentina, Nova Zelândia). Os países que produzem a maior quantidade de vinhos são França, Itália e Espanha e os maiores consumidores per capita são França, Itália e Portugal. A qualidade da uva tem papel fundamental na qualidade do vinho, por isso regiões com solo e clima propícios têm grande importância comercial, e uvas com maior facilidade de adaptação, como a Cabernet Sauvignon, são mais populares, pois se ambientam em diferentes regiões e climas. O processo de produção é semelhante ao da cerveja, com a diferença que, na produção do vinho, a colheita e o transporte da uva são fundamentais para garantir sucesso na fermentação e também o envelhecimento. Na antiguidade, durante a produção do mosto, era usado o método de esmagar com os pés, ainda presente em algumas regiões, porém mais comuns em festivais e eventos. CURIOSIDADE Você sabia que a diferença entre champanhe e espumante é uma questão geográfica? Segundo Ross (2016), somente os vinhos que são feitos na região de Champagne, na França, recebem o título de champanhe, enquanto os demais, fabricados em quaisquer outras regiões são chamados de espumante. // Classificação dos vinhos Há diversas formas de classificar os vinhos. As mais convencionais são: // Tipologia VINHO M ADURO São aqueles vinhos que completaram todas as etapas de fermentação. Compõem a maior parte e podem ser brancos, tintos ou rosés. VINHO VERDE Passa por uma segunda fermentação, chamada de malo lática, dando uma leve característica de frisante. ESPUM ANTES São os vinhos com a segunda fermentação provocada em grandes recipientes fechados (autoclaves), charmat, diferentes dos champanhes, produzidos pelo método champoneise, onde a segunda fermentação é feita direto na garrafa. Muitas regiões têm nomes específicos para seus espumantes. Na Alemanha, o Sekt; na Itália, o Asti e o Prosecco; nos EUA, o Sparkling Wine; na Espanha, o Cava e, em língua portuguesa, o Espumante. FORT IF ICADOS Vinhos que, durante ou após a fermentação, recebem a adição de aguardente vínica. Os mais famosos são o Porto, Madeira, Marsala, Jerez e Málaga. Têm maior quantidade de açúcar e, consequentemente, maior teor de álcool. / Denominação Vinho de mesa: elaborado com uvas comuns ou viníferas; Vinho de mesa fino: elaborado exclusivamente a partir de uvas viníferas ou europeias. // Cor VINHO TIN TO Produzido com uvas tintas e sendo todas usadas no processo de mostagem. Na casca estão os polifenóis, responsáveis pela coloração e tanino, que dá, ao vinho tinto, o amargor e sensação de seco na boca. As principais uvas são Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinot Noir, Tempranillo, Syrah ou Shiraz, Gamay, Cabernet Franc, Grenache, Nebbiolo, Sangiovese, Zinfandel. VINHO B RANCO Produzido sem a casca, por isso tem aroma delicado e frutado, um pouco de acidez e é mais leve pela ausência dos taninos da casca. As principais uvas são Chardonnay, Sauvignon Blanc, Riesling, Chenin Blanc, Marsanne, Gewurztraminer, Moscatel, Viognier, Sémillon, Aligoté, Colombard, Furmint, Muller Thurgau. Pinot Blanc, Pinot Grigio, Tokay ou Rülander Sylvaner, Scheurebe. VINHO ROSADO OU ROSÉ Produzido com uvas tintas em que as cascas permanecem até que o líquido adquira a cor rosada desejada (em média menos de 24 horas). Depois, as cascas são separadas, o que justificao vinho não ser tão seco quanto os tintos. https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.5808.91602/content/_5477394_1/scormcontent/index.html https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.5808.91602/content/_5477394_1/scormcontent/index.html https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.5808.91602/content/_5477394_1/scormcontent/index.html https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.5808.91602/content/_5477394_1/scormcontent/index.html https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.5808.91602/content/_5477394_1/scormcontent/index.html https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.5808.91602/content/_5477394_1/scormcontent/index.html https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.5808.91602/content/_5477394_1/scormcontent/index.html // Quantidade de açúcares Vinho maduro seco Até 5 gramas de açúcar por litro. Demi sec De 5,1 a 20 gramas de açúcar por litro. Suave Acima de 20,1 gramas de açúcar por litro. Champagne brut Menos que 15 gramas de açúcar por litro, normalmente entre 9 e 15. Extra dry Entre 12 e 15 gramas de açúcar por litro. Sec Entre 17 e 35 gramas de açúcar por litro. Demi sec Até 50 gramas de açúcar por litro. Saqué Apesar de muitos pensarem que é um destilado, o saqué é um fermentado de arroz com graduação alcoólica entre 14 e 18 ºGL. Tem enorme importância histórica no Japão, sendo normalmente consumido em pequenos goles em temperaturas próximas a 40 ºC. A tradição japonesa pede que a bebida seja servida em pequenas garrafas de porcelana, com o nome de tokkuri, e bebida em taças de porcelana, chamadas de sakazuki. // Destilação A bebida destilada (spirits) é o produto da destilação de um mosto após a fermentação para aumento do teor alcoólico, entre 36 ºGL e 64 ºGL, variando de país a país. No Brasil, o teor alcoólico máximo permitido é de 54 ºGL, ou seja, após a destilação, a bebida, tendo um teor acima do permitido, necessita de adição de água para diminuir a concentração de alcóol. A difusão das bebidas destiladas é maior após a Revolução Industrial atingir seu ápice em 1780, mas, desde o século X, há relatos de alquimistas árabes sobre técnicas de destilação utilizando um instrumento conhecido como “al- anbiq” (alambique, em português). O produto era uma clarificação do composto primário, resultando no que os gregos denominaram acqua ardens, ou aguardente, em tradução para o português (PATARO et al., 2002). Cantão (2006) explica a importância da difusão da técnica, citando que o processo realizado por cada país, com suas bebidas fermentadas, originou uma diversidade de novos produtos alcoólicos, como a grappa, um destilado de uvas de origem italiana; o uísque, um destilado da fermentação da cevada na Escócia; o Kirsch, de origem alemã, de cereja; ou mesmo a popular vodca, um destilado de tubérculos, produzido na Rússia. Além da Revolução Industrial, outros dois eventos ajudaram expansão do desenvolvimento dessa indústria. Em 1862, Thomas Jerry (1876), considerado pai da mixologia, apresenta ao mundo em seu primeiro livro a maravilha da coquetelaria, trazendo as técnicas mais utilizadas nos preparos de drinks com um processo mais elaborado, envolvendo o estudo das melhores combinações no preparo de coquetéis de mixologia, palavra derivada do verbo misturar, do inglês to mix. No mesmo período, Louis Pasteur desenvolveu um método de conservação de alimentos, conhecido como pasteurização. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, com o aumento da população e consequentemente das cidades, do poder aquisitivo e do marketing, principalmente nas TVs e cinema, as bebidas destiladas ganharam importância mundial na economia. No processo de destilação, a base de álcool neutro, usada para vários destilados diferentes, é frequentemente produzida a partir de cereais (milho e trigo, por exemplo), beterraba ou melaço, uvas ou outras frutas, açúcar de cana ou batatas. Essas substâncias básicas são primeiramente fermentadas, depois purificadas e destiladas. Sabe-se que a destilação se dá pelo o aquecimento do líquido de base para que todas as substâncias voláteis evaporem e, assim, seja possível coletar esses vapores e resfriá-los (Diagrama 1). O processo dá origem a um líquido neutro e incolor, que pode então ser aromatizado de várias maneiras. Para alguns destilados, como conhaque e uísque, o sabor original do líquido de base é retido ao longo do processo de destilação, para que dê um sabor distinto. Após a destilação, a água é adicionada para chegar à graduação alcóolica desejada. A complexidade de cor e aromas ocorre por meio de envelhecimento em barris de madeira (flecheira, carvalho e/ou castanheira) ou pela adição de corantes. Principais bebidas destiladas 1 Absinto O absinto tem uma história polêmica. Sua origem é na Suiça, mas ganhou notoridade na França. Atribuía-se poderes afrodisíacos ao absinto e ele foi acusado de causar loucura e morte, por isso foi proibido na maioria dos países. No presente, é produzido com graduações alcoólicas menores, normalmente conforme as máximas permitidas por lei em cada país. Pertence ao grupo dos anisados, é extremamente forte e obtido através de infusão de ervas em álcool. A principal erva usada é o absinto. 2 Aguardente Nome genérico para designar bebidas destiladas fortes. São produzidas a partir de diferentes substratos e possuem graduação alcoólica entre 30 ºGL a 45 ºGL, sendo divididas em duas categorias: Aguardentes nativas: utilizam produtos da região em sua fabricação; Aguardentes clássicas: produzidas com licença das matrizes produtoras. No Brasil, a mais consumida é a de cana, também chamada de cachaça ou pinga. 3 Armanhaque Aguardente vínica, pouco conhecido fora da França. É produzido através de destilação de vinhos brancos, extraídos principalemnte das castas de uvas Saint Emilion, Colombard, Jurançon, Picpoul, Baco e Folle Blanche. São envelhecidos em tonéis de carvalho, variando o tempo de envelhecimento conforme a empresa. 4 Brandy Bebida produzida a partir da destilação do vinho ou frutas. Quando destilado de vinho, o mais comum é uso de vinhos brancos pela ausência dos taninos da casca. Apesar de o conhaque ser um brandy, assim como o champanhe, somente brandy produzidos na região de Cognac e respeitando algumas etapas de produção, podem ser chamados de conhaque. 5 Cachaça ou pinga A cachaça ou aguardente de cana-de-açúcar é a bebida destilada mais popular do Brasil, com volume de produção de aproximadamente um bilhão de litros ao ano, embora seja difícil precisar a produção, por existirem muitas destilarias artesanais. Além da importância econômica, o consumo da cachaça no Brasil tem raízes históricas. No início de sua produção, no século XVI, a aguardente de cana- de-açúcar era elaborada em pequenos engenhos rurais, de agricultura familiar, sem padrão ou preocupação com a qualidade. Eram armazenadas não para melhorar a qualidade, e sim como estoque, devido à baixa comercialização e consumo. Após a Segunda Guerra Mundial, com o aumento populacional e consequentemente de consumo, houve um aumento nas áreas de plantação de cana-de-açúcar e do estabelecimento de destilarias com maior capacidade de produção. Ademais, investimentos em infraestrutura, tecnologia e estudos possibilitaram a expansão da comercialização, menor custo e melhoria na qualidade. 5.1 Processo de produção Notem que, até a destilação, o processo é muito semelhante ao da produção da cerveja. Isso se repitirá em todas as bebidas destiladas e infusionadas. Preparação Após a colheita, a cana é lavada para remoção de sujidades e redução da carga microbiana natural da superfície. Depois, passa por um sistema de facas rotatórias ou por desfibriladores que separam os colmos e preparam para a moagem. Extração do caldo de cana-de-açúcar A cana passa por moedores para a extração do líquido. Esse processo deve ocorrerem, no máximo, 36 horas após a colheita, a fim de evitar a proliferação de microrganismos indesejáveis, que diminuem a qualidade da cachaça. Preparação do mosto O mosto é submetido à filtração ou decantação. Em seguida, são adicionados os agentes de fermentação, principalmente as leveduras (a mais usada é a Sacharomyces cereviseae). Fermentação alcoólica Responsável pela transformação dos açúcares presentes no suco da cana, através da ação dos agentes citados anteriormente, em álcool etílico, gás carbônico e outros produtos que são responsáveis pela qualidade do resultado final. Destilação Etapa de evaporação e condensação do líquido obtido na fermentação. A qualidade da bebida é estabelecida em função da composição qualitativa, em ésteres, ácidos, álcoois e aldeídos, e a proporção adequada desses componentes na mistura que condiciona o aroma e o sabor típico da bebida. Envelhecimento Usado para melhorar a aceitabilidade, o sabor e o aroma. Realizado em barris de grandes volumes, utilizando (além do carvalho) cedro, freijó, bálsamo e outros. O período mínimo para o envelhecimento deve ser de oito a 12 meses, podendo chegar a mais de dez anos em edições especiais da cachaça. CURIOSIDADE A origem da palavra cachaça não é precisa. “Já aguardente é a tradução do latim de ‘acqua ardens’ (a água que arde ou água da vida). A palavra é usada até hoje pela legislação brasileira para designar qualquer bebida produzida a partir da destilação do mosto fermentado da cana. Para ser considerada cachaça, a aguardente não pode ultrapassar 48% de álcool” (PALAZI, 2020). Calvados O calvados é um brandy destilado de maçãs, produzido exclusivamente na região da Normandia (França). Pouco conhecido no Brasil, porém considerado um dos melhores brandies do mundo. É envelhecido em tonéis de carvalho por, no mínimo, um ano, sendo seco e de aroma sutil. Os brandies de maçã produzidos fora da região demarcada de Calvados são chamados eau-de-vie de cidre. Conhaque Brandy produzido nas proximidades da cidade de Cognac (França) e, assim como o champanhe, segue rígidas normas de produção. Para a destilação e redestilação, só é permitido o uso de vinhos elaborados nos limites geográficos de Charente e Charente Inférieure, com a cidade de Cognac ao centro. O envelhecimento é feito em barris de carvalho de Limoges com capacidade de 500 litros e, com base no envelhecimento e na seleção, os conhaques são classificados em: Very Superior (V.S.): mínimo de dois anos em barris; Very Superior Old Pale (V.S.O.P.): mínimo de quatro anos em barris; Extra Old (E.O.): mínimo de seis anos em barris. Gin Apesar de muito popular na Inglaterra, o gim teve origem na Holanda, no início do século XVII. Trata-se de uma aguardente branca, produzida pela destilação de cereais e aromatizada por coentro, raiz de angélica, funcho, cardamomo, raiz de lírio, além de outras ervas e plantas, e, principalmente, a fruta zimbro. Os maiores produtores mundiais são a Inglaterra e Holanda e os principais tipos de gim são: London Dry Gin: considerado o melhor do mundo. Seus aromatizantes são zimbro, coentro, raiz de angélica, cascas de laranja e limão, amêndoa e cascas de árvores, como a cássia e a canela; Old Ton Gin: de origem americana, sendo levemente adocicado; Genebra: de origem holandesa, mais leve e com menor graduação alcoólica. 9 Grappa Aguardente feita de bagaço de uvas, considerada muito ardente, produzida na Itália e na Califórnia. 10 Kirsch Fabricado na França, Suíça e Alemanha a partir da destilação de cerejas. Na França denomina-se Kirsch e na Alemanha, Kirschwasser. O Kirsch mais famoso é fabricado na região da Floresta Negra. 11 Pisco Aguardente feita de bagaço de uvas ou de vinho moscatel, envelhecido em recipientes de barro. Pisco é nome de um pássaro no idioma quíchua e também é o nome de uma tribo no Peru que fazia ânforas revestidas de cera de abelha para transportar a bebida. Apesar de ser considerado peruano, há uma briga da verdadeira origem da bebida, pois, durante a colonização espanhola, Bolivia, Chile e Peru ocupavam o mesmo território e o pisco é popular exatamente nesses países e em algumas regiões dos EUA. O principal coquetel dessa bebida é o Pisco Souer e geralmente tem aroma de cera de abelha. 2 Rum, Rhum ou Ron Teve sua origem na colônia de São Domingos, na América Central, no século XVI, durante a colonização espanhola. Em seguida, tornou-se popular também nos povos das ilhas do Caribe, de Cuba, da Jamaica, de Porto Rico e até mesmo das Guianas. Aprimorado e difundido por colonos franceses e ingleses, no início, assim como outras bebidas destiladas, possuia um elevado teor alcoólico, sendo muitas vezes usado como prova de virilidade em algumas regiões. O rum é uma bebida destilada produzida a partir do melaço (suco cozido da cana-de-açúcar) e o processo é muito semelhante ao da cachaça. Basicamente há duas variedades de rum: Rum Leve: menos de dois anos de envelhecimento, podendo ser dourado (carta oro) ou transparente (carta blanca), cujo líder mundial é o Bacardi; Rum Encorpado: mais forte e envelhecido em tonéis de carvalho escuro, por períodos que vão de dois a 15 anos. Cada país produtor da América Central possui uma característica diferente em suas bebidas. O rum cubano é mais leve, o jamaicano mais forte e encorpado, o de Martinica é encorpado e feito com o suco da cana, assim como a cachaça, o de Barbados é mais leve e de sabor acentuado e o de Porto Rico, leve, com o Bacardi como o principal. 13 Steinhaeger Considerado o gim alemão, o nome deriva de uma cidade alemã e tem como matéria-prima principal o zimbro, por isso tem um gosto seco e não é tão aromatizado como o gim. 14 Mezcal É uma aguardente produzida no México com a planta do mesmo nome (espécie de agave). Devido ao grande aumento na procura por tequila e à dificuldade de produção, o Mezcal tem ganhado mercado e fama internacional, por poder ser produzido em diferentes regiões do México. 15 Tequila Quando os espanhóis chegaram ao México, foi elaborada uma bebida destilada a partir do suco do agave fermentado, a qual, em um primeiro momento, ficou conhecida como vinho mezcal e depois tequila. De acordo com as leis mexicanas, a tequila é definida como: Bebida alcoólica regional obtida por destilação de mosto, preparado direta e originalmente do material extraído, nas instalações da fábrica de um produtor autorizado a qual deve ser localizada no território compreendido na Declaração, derivados das cabeças de Agave tequilana Weber variedade azul, prévia ou posteriormente hidrolisadas ou cozidas, e submetidas à fermentação alcoólica com leveduras, cultivadas ou não, podendo os mostos serem enriquecidos e misturados conjuntamente na formulação com outros açúcares até em uma proporção não maior do que 49% de açúcares redutores totais expressados em unidades de massa (MÉXICO, 2015). Existem duas categorias de tequila: Tequila 100% de agave; Tequila que utiliza pelo menos 51% de açúcares de agave no processo de fermentação. Para cada categoia, há cinco classes: Tequila Branca Obtida diretamente do processo de destilação, diluída de acordo com sua classificação comercial. Tequila Jovem ou Ouro É adicionado o caramelo ou outros tipos de substâncias. Tequila Repousada Deve permanecer, no mínimo, dois meses em barris ou recipientes de carvalho branco. Tequila Envelhecida Mantida em barris ou recipientes de carvalho branco, de no máximo 600 litros de capacidade, por no mínimo 12 meses. Tequila Extraenvelhecida Mantida em recipientes de carvalho branco, de no máximo 600 litros de capacidade, por mínimo, três anos. Pelas leis mexicanas, a tequila pode ser produzida apenas no estado de Jalisco e em regiões limitadasde Guanajuato, Michoacán, Nayarit e Tamaulipas. O coquetel mais famoso que se prepara à base de tequila é a Margarita. 16 Vodca Surgiu entre os povos eslavos e era chamada de aguazinha, uma maneira carinhosa de reverenciar a bebida que os ajudava a suportar o frio intenso. Para produzir vodca, pode-se usar qualquer matéria-prima, desde que se preste à transformação em álcool etílico. Na Rússia e na Polônia, no século XIV, a fabricação de bebidas utilizava métodos semelhantes às técnicas da química moderna. No princípio, a vodca era obtida a partir de qualquer vegetal que fosse prático, barato e abundante. Mais tarde, os fabricantes russos e poloneses começaram a elaborar a bebida por um processo de síntese química. Era produzido um álcool puro, redestilado e retificado com o acréscimo de água destilada. Tal método é usado ainda hoje na fabricação da vodca polonesa. O resultado é uma bebida incolor e de sabor neutro. As principais matérias-primas usadas na destilação são cereais e batata, além de beterraba em menor escala. Existem basicamente dois tipos de vodca: As neutras, tendo smirnoff como a principal marca em todo mundo; As aromatizadas, das quais a Zubrowka, fabricada, sobretudo, nos países da ex-União Soviética e na Polônia é a mais famosa. 17 Uísque Obtido da fermentação e destilação de diversos cereais, como a cevada, o milho, o trigo e o centeio. Todos os uísques são amadurecidos em tonéis de carvalho por tempo variável (medido em anos). A palavra é oriunda do gaélico uisge-beatha, que significa "água da vida". Ele foi para os celtas o que o vinho foi para os latinos da faixa mediterrânea, sendo uma bebida de grande tradição entre os escoceses, que são considerados donos do melhor uísque. Existem diferentes bebidas, de acordo com o país, com o cereal utilizado e o processo de produção. 17.1 Scotch Whisky Processo de fabricação: semelhante ao de qualquer destilado, porém a cevada é queimada para dar característica peculiar. O malte é fermentado, destilado, filtrado, e depois envelhecido em tonéis de carvalho de três a 30 anos. Classificação quanto à matéria-prima Malt whisky, straight ou single – produzido exclusivamente de cevada; Grain whisky – destilado de grãos (cereais diversos); Blended whisky – obtido da mistura do Malt whisky com Grain whisky. A maioria dos uísques escoceses é blended. Classificação quanto ao envelhecimento Standard – três a oito anos; Reserve ou deluxe – 12 anos; Special – 12 a 15 anos; Premium – 17 a 60 anos. 17.2 Irish Whisky O uísque irlandês tem algumas diferenças em relação ao escocês, principalmente devido à situação geográfica do país e do processo de produção. No lugar da turfa (ingrediente usado para a queima da cevada), usa- se carvão, que não exerce influência sobre o sabor da bebida. A Escócia defuma o malte, enquanto a Irlanda não usa esse processo. Outra diferença está na tripla destilação, que dá certa leveza e sabor puro, e nos ingredientes utilizados, que dão um sabor acentuado de centeio, ao contrário do Scotch, que tem aroma e sabor muito peculiares. A Irlanda possui as destilarias mais antigas do mundo e foi o primeiro país a produzir uísque na Idade Média. 17.3 American Whisky Bourbon whiskey Produzido no município de Bourbon, no estado de Kentucky, Estados Unidos. O bourbon, pela legislação, deve ser produzido com pelo menos 51% de milho e o restante de outros cereais. É envelhecido, por dois anos ou mais, em tonéis de carvalho americano e branco queimado. Corn whiskey Feito com, pelo menos, 80% de milho e envelhecido em tonéis de madeira. Rye whiskey Produzido com, pelo menos, 51% de centeio e o restante de outros cereais. É envelhecido em barris de carvalho escuro por um ano, no mínimo. Tennessee whiskey Tipo bourbon produzido no estado do Tennessee, com pelo menos 51% de um só cereal, geralmente o milho. A marca mais conhecida é o Jack Daniel's. 17.4 Canadian Whisky O uísque canadense é parecido com o americano, porém mais leve e menos encorpado. Tem sabor acentuado de centeio, por ser esse o principal cereal de sua preparação. // Infusão Também são chamadas de bebidas compostas. Na bebida pronta, destilada ou fermentada, são acrescidas substâncias vegetais, e mantidas até que seja extraída a essência desejada. As bebidas compostas tiveram papel fundamental na Medicina ao longo dos séculos, exatamente pelas infusões de ervas e plantas. No momento, têm muita importância na produção de coquetéis e podem ser divididas em três grupos. Bitter Termo inglês que significa "amargo". No bar, usa-se para designar bebidas geralmente amargas, feitas de raízes de plantas, frutas e cascas de árvore maceradas em álcool neutro. Seus principais ingredientes são a laranja, a genciana e o quinino. Existem diversos tipos de bitter, prestando-se a diversas finalidades, com teor alcoólico entre 20 e 45 ºGL. Os principais são: Angostura (Trinidad e Tobago); Péychaud (França, América do Norte); Underberg (Alemanha). Amer Picon (França); Campari (Itália). Femet Branca (Itália, França); Jagermeister (Alemanha). Bitters doces: China-Martini (Itália); Calisay (Espanha). Licor A história diz que o licor era um produto obtido pelos alquimistas italianos em seus complicados instrumentos. Ao chegar à França, mais precisamente aos mosteiros, foram atribuídas propriedades rejuvenescedoras e medicinais, além de ser considerado um tipo de bebida muito agradável. O licor é basicamente uma bebida alcoólica doce, em geral, com sabor de frutas ou ervas. Indicado após as refeições, considerando as propriedades digestivas, possui teor alcoólico entre 20 e 55 ºGL. Com relação ao processo de fabricação, os licores podem ser elaborados por três formas diferentes ou por sua combinação. INFUSÃO Macera a matéria-prima, adiciona água e cozinha, para que seja extraída sua essência. No líquido obtido, são adicionados álcool, corantes e açúcar. DESTI LAÇÃO A matéria-prima é colocada no álcool até que este extraia o que dele se espera. Esse líquido é então destilado FIL TRAÇÃO Parecido com a infusão, mas, depois de extraída a essência desejada, essa matéria-prima é filtrada e o resultado desse filtro é que vai gerar o licor. Como principais licores, podemos citar: Amaretto Licor de origem italiana, feito com polpa de amêndoas e caroços de abricó, com sabor de amêndoas. Baileys Irish Cream Licor com sabor de chocolate, produzido com base de uísque, na Irlanda. É de consistência espessa e cremosa, de baixo teor alcoólico. Bénédictine Considerado um dos licores mais antigos do mundo, o Bénédictine foi criado pelos monges beneditinos em 1510, na cidade de Fécamp, França. Ninguém sabe a receita, mas acreita-se que o Bénédictine é feito com 27 ervas, plantas e cascas de árvores, que são submetidas ao processo de maceração e infusão. https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.5808.91602/content/_5477394_1/scormcontent/index.html https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.5808.91602/content/_5477394_1/scormcontent/index.html https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.5808.91602/content/_5477394_1/scormcontent/index.html Chartreuse Produzido principalmente com ervas e especiarias, é feito até hoje pelo processo original dos monges, com uma fórmula também secreta. Assim como o Bénédictine, também é envelhecido em tonéis de carvalho por diversos anos. Mesmo depois de engarrafado, continua a amadurecer lentamente. Estima-se que a base desse licor é composta por cerca de 150 ervas e especiarias, sendo produzido pela maceração e infusão em álcool neutro. O amarelo tem teor de 40 ºGL e o verde, 55 ºGL. Cointreau De origem francesa, é produzido com as cascas de pequenas laranjas verdes originárias da ilha de Curaçau. Creme de cacau Licor dechocolate, aromatizado com baunilha. É usado como ingrediente de coquetéis. Creme de cassis Licor de cassis (fruta parecida com a groselha), produzido na França, na região de Bourgogne. Pode ser encontrado na composição de dois coquetéis famosos, que são o Kir e o Kir Royal. Creme de menta Licor aromatizado com menta. Pode ter diversas cores, sendo o verde e o incolor os mais utilizados. Drambuie Licor escocês produzido à base de água, malt whisky e mel de urze. É um licor muito popular nos Estados Unidos. Outro licor de uísque muito famoso é o escocês Glayva. Frangélico Licor italiano feito com avelãs, muito aromático. Grand Marnier Licor francês feito a partir de laranjas de Curaçau e maceradas em uísque. Kahlua Licor de café muito popular nos Estados Unidos, embora procedente do México. Kümmel Licor originário da Holanda e produzido pela Bois, à base de funcho, cominho, erva-doce, lírio florentino e outras ervas. Marasquino Licor de cerejas, muito usado em coquetéis e sobremesas, fabricado na Itália. Vermute A palavra Vermute deriva do alemão werrnut, que significa "absinto", ou seja, tem por base a Artemesia absinthum em sua fabricação. Os vermutes são fabricados a partir de vinho e mistela (suco de uva não fermentado, ao qual se acrescenta aguardente vínica), além de extratos de mais de 150 ervas e plantas: coentro, casca de laranjas amargas, camomila, ruibarbo chinês, absinto romano, cálamo, angélica, lírio florentino, genciana, canela, cravo-da- índia, noz-moscada, baunilha, cardamomo, raiz de íris etc. Entram, ainda, em sua composição açúcar (ou concentrado de ervas para adoçar), caramelo (para dar cor) e álcool vínico (para a graduação alcoólica). De maneira geral, são preparados pelo processo de infusão, que consiste em mergulhar e macerar, no vinho, as plantas e ervas, a fim de extrair seus componentes, os quais, adicionados ao vinho, formam a bebida. A maceração dura de seis a 12 meses. Os vermutes podem ser brancos, rosados ou tintos e de sabor amargo, seco, meio seco, suave ou doce. Os mais famosos são os italianos e os franceses, sendo os primeiros sempre menos secos que os segundos. Os vermutes são bebidas indispensáveis em qualquer bar do mundo, sendo usados como ingredientes de coquetéis ou como aperitivos. Carpano De origem italiana, produzido em Turim, Itália, geralmente tinto, e usado no preparo dos coquetéis Negroni e Manhattan; Cinzano Fabricado, originariamente, em Santa D'Alba, Itália. Cynar Espécie de vermouth ou aperitivo feito à base de alcachofra, muito popular na Itália. Dubonnet vermute francês de sabor entre o doce e o amargo, possuindo geralmente coloração vermelha encorpada. Lillet Vermouth patenteado, francês, leve e seco, com sabor de laranja. Martíni Famosa marca italiana de vermute, cuja matriz se situa em Pensione, Itália. Tanto a Martini como a Cinzano têm ramificações que fabricam seus produtos em todo o mundo. St. Remy Tipo de vermute ou aperitivo de origem francesa, produzido à base de maçãs. Degustação técnica Harmonização é um processo individual e, mesmo que o profissional utilize técnicas e conceitos corretos, pode acontecer de o cliente não sair satisfeito, pois bebida e comida estão ligadas à cultura, fatores econômicos, sociais e memórias, que nem sempre são positivas. Mas, para aumentar as chances de sucesso em uma harmonização, é importante seguir alguns passos: Conheça bem seu público: o mais importante dos passos é saber o perfil do público (faixa etária, sexo, onde residem, poder aquisitivo). Essas informações vão direcionar como e o que será servido; Utilize os utensílios corretos: copos, pratos, talheres e taças. Os utensílios devem favorecer a apresentação e a qualidade do que será servido; Mexa com os cinco sentidos: a escolha dos utensílios e a montagem do cardápio devem favorecer os cinco sentidos do cliente, para que a pessoa consiga se aprofundar na degustação e extrair o máximo de cada etapa. Trabalhe os sentidos; Respeite e se atente na sequência: tanto as bebidas quanto as comidas devem ser servidas na sequência e nos tempos corretos. Demorar muito entre os pratos atrapalha na sensação de saciedade, além de gerar desconforto pela espera; 5 Combine elementos que não tornem a experiência pesada: cuidado com opções pesadas, pois elas podem dar uma sensação de saciedade no cliente, além de poluir as papilas da língua, prejudicando o restante da degustação. Combine elementos com personalidade, mas que deixem a sensação de espera pela próxima etapa; Saiba vender: mesmo com as escolhas corretas, é importante a venda delas durante o processo de degustação. Isso ajuda na percepção e indução dos sentidos, o que pede que o profissional responsável por realizar a degustação tenha conhecimento aprofundado das escolhas; Agora, vamos às etapas (ou cardápio) para uma boa degustação. ENTRADA Recomendada como primeira etapa para estimular o interesse pelo prato principal, a entrada precisa ter uma excelente apresentação e ser leve para não saciar completamente. Como exemplos, podemos citar: Baby folhas com quenelles de iogurte grego, amêndoas laminadas a raspas de limão siciliano; Cachaça de 30 mL infusionada em gengibre. A cachaça, infusionada com o gengibre, vai realçar e combinar com o sabor das raspas de limão e do iogurte. Perfeito para abrir as papilas e não ficar pesado. Pode ser também uma cachaça envelhecida. PRINCIPAL Caracterizado por conter maiores porções, o prato principal deverá saciar o apetite. Como sugestão, temos: Mignon grelhado ao molho de cogumelos Paris com aligot de mandioquinha; Drinque Mojito. O Mojito, feito com hortelã, rum prata, limão e club soda (ou água com gás) é um drinque bem leve e refrescante. Pelo fato de o prato ter cogumelos e carboidrato, o Mojito traz uma suavidade e leveza, além de a água com gás abrir as papilas e realçar o sabor do prato. SOBREMESA Como finalização do cardápio, espera-se que a sobremesa seja suave e delicada para complementar o prato principar e realçar seu sabor. Nesse caso, podemos citar: Cheesecake com calda de mirtilo; Frangélico em 30 mL. O alto teor de álcool com o leve sabor de avelã contrasta bem com o doce do cheesecake e o amargo do mirtilo. Licores são digestivos e, sendo bem usados, realçam os pratos. SINTETIZANDO Nesta unidade, conhecemos um pouco sobre as bebidas alcoólicas mais produzidas e consumidas no mundo. Nesse universo, as três classificações simplificadas são bebidas fermentadas, destiladas e compostas ou infusionadas. Importante lembrar que as bebidas alcoólicas sempre estiveram presentes na história da humanidade, sendo muito importantes para a economia de diversos países até hoje, e na questão social, sendo usadas como aceitação em grupos e status. As bebidas fermentadas, com história e documentos mais antigos, datam da época da mesopotâmia e auge no império romano, permanecendo até os dias atuais. Observamos grande destaque para as cervejas e vinhos, que são as bebidas alcoólicas mais famosas do mundo, mesmo em locais onde o consumo de bebidas destiladas é predominante. Apesar de ambas serem fermentadas, as cervejas são bem diferentes dos vinhos, pois têm como ingredientes o malte, o lúpulo, a água e a levedura, enquanto o vinho tem a uva e a levedura para fermentação. Dentre as cervejas produzidas, temos diferentes classificações quanto à fermentação, malte e ingredientes utilizados, e o mesmo ocorre nos vinhos, com relação ao tipo de uva, quantidade de açúcar, entre outras. Vimos que as bebidas destiladas derivam sempre de uma fermentação e ganharam espaço no gosto e na economia mundial após a Revolução Industrial. Muitos países têm sua própria bebida destilada, como a achaça, no Brasil, e a tequila,no México, podendo somente esses países classificar suas aguardentes com esse nome. A graduação alcoólica varia entre 38 e 64% por litro de bebida, mas cada país tem sua própria legislação. As bebidas destiladas mais famosas, seja por questão econômica, cultural, histórica ou social, são o uísque, a vodca, o gim, a cachaça, o rum, a tequila e o conhaque/brandy. Todas elas têm processo de destilação parecido, porém o substrato utilizado é diferente, assim como as classificações. Por fim, descobrimos que as bebidas compostas durante grande parte da história da humanidade foram utilizadas como remédio, pois muitas são infusionadas em ervas e plantas, sendo muito importantes na composição de coquetéis e aperitivos nas refeições, com destaque para os bitters, vermutes e licores. UNIDADE 2. Vinhos, espumantes e champanhe O vinho é uma bebida alcoólica, obtida através da fermentação de uvas, que acompanha a humanidade desde a antiguidade. Há registros da existência do vinho desde cerca de 6000 a.C., onde hoje se localiza o Irã. Desde então, sabe-se que as grandes civilizações antigas usufruíram do vinho da seguinte forma: os egípcios aperfeiçoaram as técnicas de vinificação; os gregos, adiante, dominaram a sua dinâmica de produção, apropriaram-no em sua mitologia e o espalharam para a Europa; os romanos levaram a cultura do vinho à região de Bourdeaux, na França, e o incorporaram à Eucaristia católica. Entre a Idade Média e a Renascença, o vinho tornou-se cada vez mais importante na Europa, onde as técnicas de vitivinicultura (cultivo de uva e produção do vinho) foram aperfeiçoadas. Com o advento das grandes navegações e a descoberta do Novo Mundo, na Idade Moderna, vinhedos foram estabelecidos nas colônias, que começaram a alcançar o nível de qualidade europeu somente no século XX, melhorando suas técnicas e estrutura de produção. Nos últimos tempos, o vinho tem ganhado cada vez mais a mesa do brasileiro. Em 2020, o consumo per capita da bebida foi de 2,6 litros no País, representando um aumento de 18,4% em relação ao ano anterior (MARTINS, 2021). Esse volume de consumo ainda é muito baixo se comparado aos países europeus, que registram até 51,9 litros por pessoa ao ano. O Brasil ainda tem um grande potencial de crescimento no mercado, considerando as melhorias de qualidade na produção de vinhos que resultaram no registro das melhores safras de uva para a produção de vinho a partir de 2018 (COPELLO, 2020). É importante destacar que a produção de um vinho passa por várias etapas, com procedimentos e características específicas que influenciam fortemente o resultado do líquido na taça. Tudo começa no cultivo da uva, passando pela colheita, desengace e esmagamento do fruto. Em seguida, ela passa pelo período de fermentação, filtração, amadurecimento e, finalmente, engarrafamento e comercialização. Na sequência, vamos explorar as peculiaridades de cada uma das etapas de vinificação, ou seja, do processo de produção de vinhos. Mas, antes, é importante aprender sobre a videira e a uva. A VIDEIRA E A UVA A planta que produz a uva é uma trepadeira chamada de videira, do gênero Vittis, sendo a espécie mais apropriada para vinificação, a Vittis vinífera. Entretanto, algumas espécies são mais indicadas para as uvas de mesa – como chamamos a uva para o consumo direto – e produção de sucos e outros produtos que, apesar de conferirem qualidade inferior ao vinho, são utilizadas para vinificação por serem mais resistentes a pragas. Sabe-se que a uva se desenvolve em cachos e a parte lenhosa que agrupa e segura os frutos denomina-se engaço. Cada fruto, chamado bago, é composto pela casca, uma película que envolve a polpa que, por sua vez, abriga a semente. A película, entretanto, é responsável pela cor, tanino, alguns aromas e a fermentação, já que nela constam as leveduras. A polpa fornece açúcares, minerais, aminoácidos e materiais que irão compor o extrato – parte sólida – do vinho. Existem diversas variedades de uvas, também chamadas cepas, e são classificadas de acordo com a sua coloração. Vejamos as mais comuns no Quadro 1. Cada uma das variedades possui características em que o cultivo se adequa melhor a cada região, conforme o terroir contido nela. CULTIVO DE UVA Para compreender as fases e particularidades do cultivo, primeiramente, vamos entender o conceito de terroir. Basicamente, o conceito de terroir envolve todos os elementos naturais de uma região que conferem sua personalidade, como o tipo de solo, relevo, altitude, clima, incidência solar, bioma, e as pessoas que habitam, manipulam e transformam o que a terra oferece em produtos agrícolas, aplicando seu saber cultural. Cada um desses elementos impacta o cultivo da uva, e uma mesma cepa de vinha lavrada em terroirs diferentes produz resultados diversos. Os paralelos entre 30° e 50° em ambos os hemisférios são os mais propícios ao desenvolvimento das videiras, pois o clima nessas localidades é temperado, com estações bem definidas. Solos arenosos, pedregosos e calcários são os mais indicados para o plantio, pois a planta progride melhor em solo seco, pobre e profundo, que favorece drenagem e bom desenvolvimento das raízes. Assim, por se tratar de uma trepadeira, a videira necessita de apoio e condução. Vale ressaltar que as técnicas mais utilizadas são as de arvoredo ou arbusto, latada, espaldeira e lira. A poda geralmente é realizada regularmente em diferentes estágios, visando retirar o excesso de ramos, folhas e cachos. Já a colheita ocorre quando o amadurecimento das uvas é detectado pelo enólogo, podendo ser realizada de duas maneiras: mecanicamente, em que os frutos são colhidos por máquinas, o que implica em possível ruptura da casca e início precoce de fermentação, e pode carregar outros elementos, como folhas e ramos; ou manualmente, que, apesar de mais demorada e trabalhosa, preserva melhor a qualidade dos frutos. No Brasil, a vindima ocorre entre dezembro e março. Após a colheita, as uvas são acomodadas em caixas plásticas e levadas até a cantina (local para a vinificação), onde são colocadas em esteiras para controle de qualidade, ou seja, as uvas que não estão no padrão desejado são descartadas. As que estão aptas passam para o desengaçamento. PROCESSOS DE PRODUÇÃO Ao chegar à cantina, os cachos de uva são levados à desengaçadeira, equipamento responsável por separar a parte lenhosa, o engaço, dos bagos da uva. Esse procedimento se chama desengaçamento. Os bagos seguem para o esmagamento, etapa em que ocorre a ruptura da casca, podendo ser realizado em prensas. A partir daí, obtemos o que chamamos de mosto, que é a polpa, a casca e as sementes prensadas. O mosto, posteriormente, vai para um tanque de fermentação, onde será macerado e fermentado. A maioria dos tanques utilizados para escalas industriais são feitos em aço inoxidável, mas também podemos encontrá-los em cimento com epóxi ou madeira. A temperatura nesses tanques é controlada, para que haja o controle na proliferação das leveduras, pois no processo de fermentação muito calor é gerado. As leveduras, responsáveis pela fermentação do vinho, são encontradas na casca da uva. Com o rompimento da casca, as leveduras passam a acessar o açúcar contido na polpa. Elas consomem esse açúcar e o transformam em álcool e dióxido de carbono. Caso não haja a quantidade de leveduras necessária, é possível adicionar leveduras cultivadas ao mosto. Para produzir o vinho branco, apenas o suco (resultado da prensagem dos bagos) é transferido para o tanque. Cascas e sementes não vão para o processo de fermentação de vinhos brancos e, nesse sentido, embora os vinhos brancos sejam, na maioria, elaborados com uvas brancas, o que implica a coloração do vinho não é a cor da uva, e sim esse detalhe na etapade produção. A coloração do vinho está relacionada à maneira como é feita a etapa de fermentação. Para o vinho tinto, o mosto é completamente transferido para os tanques de fermentação, onde permanece de quatro a sete dias. Já para o vinho branco, é realizado o tratamento do mosto, que descansa 24 horas para remoção de sólidos e, então, segue para a fermentação em baixas temperaturas por longo período. O vinho rosé, no entanto, pode ser elaborado por diversos métodos: Prensagem direta Uvas tintas são levemente prensadas, de forma que a cor da casca é transferida ao mosto e procede com a vinificação igual à do vinho branco; Maceração curta Inicia como a vinificação do tinto, macerando com o mosto completo por curto período. O mosto é separado e o líquido segue para vinificação semelhante à do vinho branco; Corte Mistura-se uma parte de vinho branco a uma parte de vinho tinto. Após a extração do álcool e do sabor na fermentação, é realizada a purificação do líquido, eliminando todos os elementos sólidos contidos no vinho, seja por filtragem ou por clarificação. Vinhos tintos geralmente necessitam passar por amadurecimento antes do envase. ENVELHECIMENTO, ENVASE, ROTULAGEM E ARMAZENAMENTO A maioria dos vinhos pode ser consumida após a filtração, entretanto, os tintos podem necessitar envelhecer ou amadurecer antes de serem engarrafados. Essa etapa é realizada em barris de carvalho, pois a porosidade da madeira proporciona lenta oxidação, o que permite suavizar os taninos, agregando múltiplos aromas. O período de amadurecimento pode variar de acordo com o vinho e durar anos. Após a filtragem de vinhos brancos e/ou jovens ou do amadurecimento em barricas de carvalho, o vinho é engarrafado e lacrado com rolha de cortiça. Alguns vinhos, após serem engarrafados, ainda passam por amadurecimento antes de sua comercialização, prática comum na Europa, e são chamados de vinhos de guarda. O rótulo é parte importante para identificação e serviço desta bebida, visto que expressa a identidade daquele vinho. As informações que compõem o rótulo estarão de acordo com a legislação vigente no país de origem, pois cada um tem suas próprias normas de identificação. Em geral, encontramos: nome do vinho; nome do produtor; descrição e classificação do vinho; cepa(s) de uva(s) que foram utilizadas; país/região de origem; safra; volume; e teor alcoólico. Os vinhos engarrafados são armazenados em adegas, ao abrigo da luz, climatizadas entre 14 e 15 °C e umidade de 70%. As garrafas ficam na horizontal para que o líquido permaneça em contato com a rolha, assim ela não resseca nem perde sua função de vedação. Países produtores de vinhos Sabe-se que já é possível encontrar produção vinícola em diversas partes do mundo, inclusive fora dos paralelos entre 30° e 50°. Entretanto, há uma designação clássica na divisão dos países produtores de vinho: os do Velho Mundo e os do Novo Mundo. O Velho Mundo compreende os países com tradições milenares na produção e evolução do vinho, que se localizam na Europa. Já o Novo Mundo compreende países colonizados pelos Europeus que, somente através da transferência cultural dos colonizadores, adquiriram o hábito das técnicas vitivinicultura. São os países das Américas, Oceania e África. Independentemente dessa divisão, além do terroir, a localização da vinícola é importante pelo clima. Regiões de clima fresco geram vinhos mais ácidos e aromas de frutas frescas, como de limão, maçã verde e maçã Golden. Costumam produzir vinhos brancos finos. Contudo, regiões de clima quente concebem vinhos com maior nível alcoólico com aromas de frutas maduras, como nectarina, pêssegos e damascos secos. Costumam produzir vinhos mais encorpados de pouca acidez. Climas moderados, no entanto, elaboram vinhos brancos ou tintos, de acidez média a elevada, com aromas variados. Os maiores produtores de vinho do mundo que, juntos, detêm 80% de toda a produção vinícola são Itália, França, Espanha, Estados Unidos, Argentina, Austrália, África do Sul, Chile, Alemanha, Portugal, Áustria e Nova Zelândia, os quais serão mais detalhados posteriormente. EXPLICANDO Quanto maior a incidência do Sol na videira, maior o teor de açúcar na uva. Como o álcool do vinho é resultado da fermentação em que leveduras utilizam o açúcar como substrato, quanto mais açúcar, maior o nível alcoólico. PRODUTORES DE VINHO DO VELHO MUNDO Agora, veremos mais detalhadamente os países produtores de vinho que fazem parte do Velho Mundo. // França A França é conhecida como o “paraíso dos vinhos” devido ao grande respeito que o país tem quando se trata de vitivinicultura. Seus critérios de qualidade são muito rigorosos, inclusive possui um próprio sistema de classificação de vinhos produzidos no país em relação à categoria de qualidade, a Appellation d’Origine Contrôlée (AOC). EXPLICANDO A lei de Appellation d’Origine Contrôlée é modelo para todas as vinícolas da Europa. Valoriza o terroir como importante fator na qualidade do vinho. As fronteiras das AOC são bem definidas e os produtores devem seguir normas rígidas. Ter a sigla AOC no rótulo comprova a origem do vinho de mais alta qualidade, bem como o respeito às normas de legislação local. Os vinhos franceses são de elevada acidez, notas terrosas e minerais. Destacam-se ainda três principais zonas climáticas na França: o Norte Francês, a França Central e a França Mediterrânea. O Norte Francês compreende as regiões de Champagne, Muscadet, Loire, Alsácia e Borgonha. De clima predominantemente fresco, seus vinhos são de alta acidez, aromas minerais e de frutas frescas. As uvas Chardonnay e Pinot Noir são nativas da Borgonha. Assim, os vinhos à base de Chardonnay podem ser produzidos em Côte d’Or – amadeirados, com aromas de maçã Golden, creme de limão siciliano, marmelo fresco, baunilha e avelã – e em Mâconnais – jovem, leve, com aromas de maçã Golden madura, raspas de limão siciliano e damasco. Chardonnay é também a base para o vinho Chablis. Já os vinhos Pinot Noir de Côte d’Or são rústicos, com aromas de cogumelos, vasos de barro e frutas ácidas, podendo alcançar aromas de cranberry seca, hibisco cristalizado, baunilha e rosa. Destaca-se que os vinhos das demais regiões da Borgonha apresentam notas de cravo, frutas, minerais, folhas secas e vasos de barro. Os vinhos da França Central são de média acidez, com aromas terrosos e de frutas frescas, devido ao seu clima moderado. Nessa área, são produzidos os vinhos Bordeaux, Beaujolais, North do Rhône e Sauternes. Por excelência em qualidade, os vinhos de Bordeaux são famosos no mundo inteiro e têm no seu blend as uvas Merlot e Cabernet Sauvignon, que são autóctones. A predominância é do vinho tinto e, à margem esquerda do rio Garonne, prevalecem os vinhos à base de Cabernet Sauvignon, de taninos intensos, com aromas de cassis, grafite de lápis, violeta, tabaco, cacau e alcaçuz, podendo amadurecer por 20 anos. À margem direita do rio, estão os vinhos à base de Merlot e Cabernet Franc, de taninos finos e sedosos, com aroma de couro, morango, figo, ameixa, baunilha, amêndoas assadas e fumaça, podendo envelhecer por até 30 anos. Outros vinhos regionais que se destacam são o Côtes de Bordeaux, Bordeaux Blanc, Rosé Clairet e Sauternes. É válido lembrar que a França Mediterrânea também possui clima moderado, proporcionando acidez média, aromas de frutas maduras e campestres aos vinhos produzidos em Limoux, Provence, Rhône, Corbières e Cahors. Ao norte do Vale do Rhône predominam os vinhos herbáceos à base de Syrah, enquanto ao sul, os blends tintos frutados com notas de couro. Destaca- se que os vinhos do Norte do Rhône, de Syrah, são ricos e densos, com traços aromáticos de carne, notas de cassis, alcaçuz, ameixa e azeitonas, podendo amadurecer por 20 anos. Já os do Châteauneuf-du-papesão vinho de guarda, blends de 13 uvas, sendo as principais Grenache, Syrah, Mourvèdre et Cinsault, lembrando também Côtes du Rhône Tinto, Rhône Rose e Tavel Rosé, Côtes du Rhône Branco e Muscat Beaumes-de-Venise. // Itália As regiões vinícolas da Itália possuem características próprias bem delimitadas. Em geral, seu vinho é concentrado e rústico, com um sistema de classificação de Denominação de Origem Controlada (DOC), inspirado no sistema francês. Em relação ao clima, podemos separar três áreas principais: o Norte, a Região Central e o Sul/Ilhas. O Norte tem o clima fresco, portanto, seus vinhos se caracterizam pela alta acidez, aromas de frutas frescas e ervas. A região produz Prosecco, Moscato D’Asti, Pinot Grigio, Soave, Barbera, Valpolicella e Barolo (Nebbiolo). O clima moderado da Região Central proporciona vinhos de maior acidez, aromas de fruta madura, couro e barro. Produz Lambrusco, Vermentino, Chianti (Sangiovese), Supertoscano (Bordeaux Blend), Montepulciano e Vin Santo. A uva mais cultivada na Itália é a Sangiovese, concentrando-se na Toscana, na região central, que é o território especializado nessa casta de uvas. Os vinhos toscanos jovens são picantes e herbáceos, enquanto os amadurecidos possuem notas de figo, destacando-se o Chianti e o Brunello di Montalcino. O Chianti é um vinho cuja cepa predominante é a Sangiovese. Trata-se de um vinho amadurecido com aromas de cereja em conserva, orégano, pote de barro, redução de balsâmico, café espresso e Sweet Tobacco. Os mais apreciados possuem aroma picante e herbáceo, notas de caça, frutas vermelhas e tomate. Seu envelhecimento em barricas pode durar de seis meses a dois anos e meio. Já o Brunello di Montalcino é 100% Sangiovese, de acidez picante e taninos moderados, pois envelhece por, pelo menos, quatro anos, adquirindo aroma de alcaçuz, cedro, baunilha, figo e frutas vermelhas maduras. No Sul/Ilhas, o clima é quente e os vinhos são de acidez média, com aromas de frutas e de couro. Seus principais são os vinhos Vermentino, Cannonau (Grenache), Primitivo, Negroamaro, Nero D’Avola e Marsala. // Alemanha Com o clima frio, na Alemanha destacam-se as uvas Riesling e Pinot Noir. A Riesling produz vinhos aromáticos. Já a Pinot Noir concebe vinhos comparados aos da Borgonha, na França. Possui aromas de frutas vermelhas (cereja e cranberry) com notas terrosas. Outros vinhos principais desse país são Müller-Thurgau, Dornfelder, Pinot Gris, Pinot Blanc e Silvaner. // Áustria O clima é fresco, produzindo vinhos brancos minerais e tintos picantes. A casta de uva emblemática é a Grüner Veltliner, que fornece vinhos de leve picante e cítrico até intensos, podendo apresentar aromas de frutas tropicais. Outros vinhos principais desse país são Zweigelt, Blaufränkisch, Blauer Portugieser e Pinot Blanc. // Espanha Os vinhos são frutados, encorpados, com notas de terra e são classificados pelo sistema de Denominação de Origem. Vale ressaltar que há três climas diferentes, sendo a região de Espanha Verde dotada de clima fresco, com vinhos de acidez intensa, com aromas minerais e de fruta azeda, tendo os Albariño e Mencía como principais. No Norte, o clima é moderado e os vinhos possuem acidez média, aromas minerais e de frutas maduras. Os principais vinhos são o espumante de Cava, Verdejo, Garnacha, Priorat, Rioja, Ribera del Duero. Por fim, de clima quente, o Sul oferece vinhos de acidez média, aromas de frutas doces e de argila, tendo como principais representantes o Garnacha, Monastrell e Xerez. // Portugal Para finalizar um belo jantar, nada melhor que um vinho do Porto, que é fortificado e possui um dulçor intenso. Apesar de ser famoso no mundo inteiro, Portugal tem mais de 200 uvas autóctones (nativas da região) que produzem excelentes vinhos secos. Muitas regiões estão submetidas à Denominação de Origem Controlada. O vinho do Porto e outros blends de tinto seco utilizam a Touriga Nacional. Esta uva é a principal dos vinhos Douro e Dão que possuem aromas de ameixa-preta, amora-silvestre, menta e violeta. Destacam-se os vinhos de Tempranillo, de Alicante Bouschet, bem como o Trincadeira, o Arinto e o Fernão Pires. PRODUTORES DE VINHO DO NOVO MUNDOormente os produtores de vinhos representantes do Velho Mundo, e agora vamos destacar aqueles que representam o Novo Mundo. // África do Sul O clima é quente e produz tanto vinhos brancos frutados como vinhos tintos secos encorpados. A principal cepa de uva utilizada na África do Sul é a Chenin Blanc, produzindo vinhos encorpados; encorpados amadeirados; encorpados adocicados; muito doces; e o espumante Cap Classique. Também são utilizadas para a produção dos melhores vinhos do país Cabernet Sauvignon, Pinotage, Shiraz, Chardonnay e Sémillon. // Argentina A Malbec reina nos vinhos encorpados e frutados da Argentina, podendo apresentar diversos aromas, tais como: framboesas frescas, mirtilo, sweet tobacco etc. Ainda produz excelentes Cabernet Sauvignon, Bonarda, Syrah, Torrontés e Pinot Noir. // Austrália Apesar da grande variedade de vinhos por ter três diferentes áreas climáticas, sua uva emblemática é a Shiraz, que oferece um vinho encorpado, defumado e frutado. Na região da Austrália Ocidental, o clima é moderado, destacando- se vinhos Chardonnay, porém também produz Sauvignon Blanc e blends (misturas) de Cabernet e Merlot. Nas regiões Meridional e Central, o clima é quente e são produzidos o Shiraz encorpado, o Chardonnay amanteigado e o Riesling seco. Victoria e Tasmânia, com o clima fresco, produzem Pinot Noir, Chardonnay cremoso e Sauvignon Blanc cítrico. // Chile Com grande tradição vinícola, o Chile produz vinhos de alta qualidade, sendo famoso pelos blends leves e frutados ao estilo Bordeaux. Possui três regiões produtoras com características distintas. A região costeira é de clima fresco e produz vinhos brancos minerais de acidez marcante, destacando-se o Chardonnay, o Sauvignon Blanc e o Pinot Noir Suculento. Os vales interiores têm o clima moderado e produzem tintos elegantes, os blend ao estilo Bordeaux, com aroma de frutas vermelhas e acidez intensa, além do Petit Verdot, Syrah, Carménère e Cariñena. Os Andes, também de clima moderado, produzem vinhos tintos de taninos estruturados, de aromas de frutas frescas e de acidez intensa. As principais uvas são Syrah, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Carménère. // Estados Unidos Com bons vinhos tintos, brancos, intensos e frutados, os Estados Unidos têm três relevantes regiões na produção vinícola. Na Califórnia, o clima é de quente a moderado. Seus vinhos são de aroma intenso de frutas maduras e acidez média. Destacam-se os vinhos Pinot Noir, Chardonnay, Cabernet Sauvignon, e Zinfandel. O Nordeste tem clima moderado a fresco e produz vinhos tintos mais ácidos e com aromas de frutas maduras. Destaque para o Bordeaux Blend, Pinot Noir, Chardonnay, Riesling e Pinot Gris. Em clima fresco, utiliza uvas híbridas autóctones para resistir ao frio. Os tintos variam dos suaves aos secos rústicos e os brancos são picantes, e os principais são Concord, Niágara, Rosé, Merlot e Riesling. // Nova Zelândia Apresentando clima fresco e vinhos ácidos, elegantes e de corpo médio, sua uva emblemática é a Sauvignon Blanc, que resulta em vinhos com aromas de groselha, maracujá, limão, talo de tomate e laranja. Seus principais vinhos são Marlborough, Nelson e Baía de Hawke. Também se destacam as uvas Pinot Noir, Chardonnay, Pinot Gris, Riesling e o blend ao estilo de Bordeaux. // Brasil O Brasil tem uma viticultura (cultivo de uva em geral) diversificada. Comercialmente, a produção vinícola está distribuída em três regiões macroclimáticas, classificando o vinho em tradicional, tropical e de inverno. Em regiões de clima temperado e subtropical, é praticada a viticultura tradicional;em regiões de clima tropical semiárido, a viticultura é tropical; e em clima subtropical de altitude e tropical de altitude, a viticultura de inverno. A viticultura tradicional é aquela de apenas um ciclo vitícola e uma colheita anual. Ela vem sendo produzida há mais de 100 anos nos estados do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, compreendendo os biomas: Pampa, Mata Atlântica e o Cerrado. Geralmente, não necessita de irrigação devido à distribuição regular de chuvas. Na Serra Gaúcha foram criadas as primeiras Indicações Geográficas (IG) para vinhos brasileiros. Também temos IG em outras regiões do Sul e do Nordeste. CURIOSIDADE O Brasil é pioneiro em Indicação Geográfica (IG) de vinhos tropicais. Saiba mais acessando o link. A viticultura tropical tem dois ciclos vitícolas, com duas podas e duas colheitas em qualquer período do ano. É realizada em Pernambuco e na Bahia, predominando o bioma Caatinga, destaca-se o Vale do Submédio São Francisco, no polo Petrolina-PE/Juazeiro-BA. A videira desse sistema vegeta de maneira contínua pelo clima e, por receber irrigação controlada, requer alta tecnologia. Também com dois ciclos vitícolas (de formação e de produção), com duas podas e uma colheita por ano, a viticultura de inverno é efetivada no Sudeste, em Goiás, Distrito Federal e Bahia, onde predomina o bioma Cerrado. É caracterizada por acontecer em altitudes de 1000 m acima do mar. Diferenças entre os vinhos do Novo Mundo e do Velho Mundo O Velho Mundo representa o chamado coração da vinicultura (processo de produção de vinho), considerado o berço da vitivinicultura, e é nele que ela apresentou evolução desde 7000 a.C., sendo França, Itália e Espanha os países que concentram e conservam a maior tradição do ofício. Os vinhos do Velho Mundo carregam toda essa tradição, além dos rígidos padrões de qualidade instituídos pelas legislações locais. Destaca-se que o terroir constitui a alma na elaboração destes vinhos e, por isso, cada um deles apresenta características bem definidas e marcantes. Mas em geral, podemos dizer que são impecáveis, bem equilibrados no sabor, aroma e textura, tal qual no teor alcoólico. Os sabores normalmente são intensos, os taninos macios, as colorações elegantes e longevas. A acidez é notável e os aromas complexos. Já o Novo Mundo aprendeu a fazer vinhos com o Velho Mundo, cultura que lhe fora proporcionada pelos exploradores europeus que buscavam testar o potencial produtivo das colônias. No hemisfério Sul, adaptações foram necessárias para o cultivo de uvas pelas suas características ambientais e climáticas diferenciadas. Consequentemente, a tecnologia marca a vitivinicultura do Novo Mundo. Essa revolução foi incorporada pelo Velho Mundo, assim como as suas tradições que estão presentes na cultura vinícola do Novo Mundo, e cada um à sua medida de necessidade e capacidade. Sendo assim, os vinhos do Novo Mundo não contam com as rígidas legislações a que o vinho europeu é submetido, o que permite renovação e liberdade de mecanização de processos, como na colheita das uvas, por exemplo. Os vinhos do Novo Mundo costumam ser produzidos para consumo próximo, oferecendo assim o que chamamos de vinhos jovens, enquanto os do Velho Mundo podem passar por décadas de amadurecimento. A textura desses vinhos jovens, em geral, é mais macia, o teor alcoólico elevado (graças ao clima mais quente de muitas regiões), a acidez é menor, as notas de carvalho são mais presentes, a cor é intensa e os aromas são frutados. Como o terroir do Novo Mundo não é a prioridade, encontramos um número muito menor de Denominações de Origem do que há na Europa. Métodos e etapas para produção de espumantes Os vinhos espumantes são aqueles cujo gás carbônico gerado na fermentação é aprisionado na bebida. Os dois métodos básicos de vinificação desse tipo de vinho são o champenoise e o charmat. O método champenoise é o tradicional. Nele, o vinho é fermentado em branco ou rosé e, ao engarrafar, é adicionado liqueur de tirage – vinho com açúcar e leveduras. A garrafa é fechada com tampas de metal e uma segunda fermentação acontece dentro dela, onde é obtido o gás carbônico responsável pelas borbulhas chamadas perlage. As garrafas são acomodadas deitadas, com a tampa apontada para baixo, em cavaletes chamados pupitres, e todos os dias são giradas a 90°. Essa etapa é chamada de remouage e é necessária, pois a fermentação produz borras e o objetivo é que esses resíduos sólidos se concentrem no gargalo da garrafa. Em seguida, é realizado o dégorgement: o bocal passa por congelamento, e esses resíduos se tornam o que podemos comparar com uma rolha, porém de leveduras. A tampa é retirada e a pressão que o gás faz dentro da garrafa expulsa essa “rolha”. Se necessário completar o conteúdo da garrafa, o licor de dosagem – açúcar, vinho e dióxido de enxofre – é acrescentado. Por fim, a rolha é colocada na garrafa e o espumante está pronto para ser comercializado. O Champanhe e o Cava são exemplos de espumantes produzidos no método champenoise. O espumante feito no método charmat também é o resultado da segunda fermentação do vinho. Entretanto, ao invés dessa etapa ser realizada na garrafa, é feita em autoclaves – tanques de aço inoxidável que suportam a pressão da fermentação. Na autoclave, açúcar e leveduras são adicionados ao vinho para iniciar a segunda fermentação e, então, obter a perlage. Esse método permite melhor controle do processo, seja pela temperatura ou pela quantidade de gás carbônico liberado, e demora apenas alguns dias, enquanto no champenoise, a remouage pode durar até dois meses. O espumante fica mais frutado, leve e fresco. Prosecco e Lambrusco são feitos assim. A perlage – as bolhas de gás carbônico que resultam na segunda fermentação – do método champenoise é pequena, persistente e com maior pressão. A perlage do método charmat é média, ligeira e de menor pressão. Princípios de harmonização de alimentos e bebidas Degustar vinhos é uma tarefa árdua, pois são inúmeros os aromas e critérios para serem avaliados em uma taça. Todo o processo que envolve a produção do vinho é bastante cuidadoso e elaborado, e a degustação não poderia ser diferente. Toda essa complexidade nos abre uma variedade de opções no momento de compor um bom cardápio harmonizado. A harmonização pode ser realizada por semelhança, quando os aromas e sabores do vinho e do alimento são parecidos e se intensificam. E pode ser por contraste, quando a oposição de aromas e sabores cria um equilíbrio. O vinho pode acompanhar todas as etapas de uma refeição e, aqui, vamos conhecer os estilos de vinhos, como apreciá-los e como harmonizá-los com os alimentos. ESTILOS DE VINHOS Sabemos que todo vinho tem sua peculiaridade, mas sua classificação em relação ao estilo pode nos ajudar a metodizar suas características. Vamos conhecê-los, dos mais leves aos mais encorpados, a partir de agora. A começar pelos espumantes, seus aromas dependem do terroir, tipos de uvas e método de vinificação. O Prosecco italiano, feito no método charmat, é leve e delicado. O espumante de Shiraz da Austrália tem aromas de tostado e de frutas maduras. Já o mais famoso dos espumantes, o Champanhe, tem aromas complexos de torrada, nozes, manteiga e biscoitos. Os vinhos brancos leves possuem cor pálida, branca e esverdeada. Os aromas são de maçã verde, grama recém-cortada e pedras molhadas. São refrescantes, de acidez proeminente, sabores de maçã, pera e frutas cítricas. Devem ser consumidos jovens e frescos. São leves, vivos e secos. Os brancos aromáticos têm a cor mais forte e aromas de mel, querosene, feno, notas cítricas defumadas, pêssego, uva pura, rosa, lichia e amêndoas. São aromáticos ou florais, de secos a meio secos. Os brancos de médio corpo possuem sabores mais acentuados que seus aromas
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