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Universidade do Sul de Santa Catarina Palhoça UnisulVirtual 2013 Disciplina na modalidade a distância Planejamento do Transporte Aéreo Créditos Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul Reitor Sebastião Salésio Herdt Vice-Reitor Mauri Luiz Heerdt Pró-Reitor de Ensino, de Pesquisa e de Extensão Mauri Luiz Heerdt Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional Luciano Rodrigues Marcelino Pró-Reitor de Operações e Serviços Acadêmicos Valter Alves Schmitz Neto Diretor do Campus Universitário de Tubarão Heitor Wensing Júnior Diretor do Campus Universitário da Grande Florianópolis Hércules Nunes de Araújo Diretor do Campus Universitário UnisulVirtual Fabiano Ceretta Campus Universitário UnisulVirtual Diretor Fabiano Ceretta Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) - Educação, Humanidades e Artes Marciel Evangelista Cataneo (articulador) Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Ciências Sociais, Direito, Negócios e Serviços Roberto Iunskovski (articulador) Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Produção, Construção e Agroindústria Diva Marília Flemming (articuladora) Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Saúde e Bem-estar Social Aureo dos Santos (articulador) Gerente de Operações e Serviços Acadêmicos Moacir Heerdt Gerente de Ensino, Pesquisa e Extensão Roberto Iunskovski Gerente de Desenho, Desenvolvimento e Produção de Recursos Didáticos Márcia Loch Gerente de Prospecção Mercadológica Eliza Bianchini Dallanhol Palhoça UnisulVirtual 2013 Livro didático Design instrucional Carmelita Schulze Planejamento do Transporte Aéreo Francisco Luiz Corrêa Edição – Livro Didático Professor Conteudista Francisco Luiz Corrêa Design Instrucional Carmelita Schulze Projeto Gráfico e Capa Equipe UnisulVirtual Diagramação Noemia mesquita Revisão Perpétua Guimarães Prudêncio e Diane Dal Mago ISBN 978-85-7817-611-2 Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul Copyright © UnisulVirtual 2013 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. 629.13 C84 Corrêa, Francisco Luiz Planejamento do transporte aéreo: livro didático / Luiz Francisco Corrêa; design instrucional Carmelita Schulze. – Palhoça : UnisulVirtual, 2013. 157 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7817-611-2 1. Aeronáutica - Brasil. 2. Aeronáutica comercial. 3. Aeronáutica – Transportes. I. Schulze, Carmelita. II. Título. Sumário Créditos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7 Palavras do(s) professor(es) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 UNIDADE 1 - Organização do transporte aéreo - origens e regulamentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 UNIDADE 2 - Mercado: a sobrevivência das empresas de transporte aéreo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 UNIDADE 3 - Meios para realizar o transporte aéreo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 UNIDADE 4 - Scheduling: rotas e horários dos voos de linha . . . . . . . . . . . 111 Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151 Sobre o professor conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153 Respostas e comentários das atividades de autoavaliação . . . . . . . . . . . . . 155 Biblioteca Virtual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157 7 Apresentação Este livro didático corresponde à Unidade de Aprendizagem Planejamento do Transporte Aéreo. O material foi elaborado com vista a uma aprendizagem autônoma e aborda conteúdos especialmente selecionados e relacionados à sua área de formação. Ao adotar uma linguagem didática e dialógica, objetivamos facilitar seu estudo a distância, proporcionando condições favoráveis às múltiplas interações e a um aprendizado contextualizado e eficaz. Lembre que sua caminhada, nesta Unidade de Aprendizagem, será acompanhada e monitorada constantemente pelo Sistema Tutorial da UnisulVirtual. Nesse sentido, a “distância” fica caracterizada somente como a modalidade de ensino por que você optou para sua formação. É que, na relação de aprendizagem, professores e instituição estarão sempre conectados com você. Então, sempre que sentir necessidade, entre em contato. Você tem à disposição diversas ferramentas e canais de acesso, tais como: telefone, e-mail e o Espaço Unisul Virtual de Aprendizagem, que é o canal mais recomendado, pois tudo o que for enviado e recebido fica registrado para seu maior controle e comodidade. Nossa equipe técnica e pedagógica terá o maior prazer em lhe atender, pois sua aprendizagem é o nosso principal objetivo. Bom estudo e sucesso! Equipe UnisulVirtual Palavras do(s) professor(es) Transporte aéreo de passageiros e de carga é um serviço, mas como é fornecido de forma padronizada para várias pessoas, pode ser tratado como um produto. Produto que se diferencia de empresa para empresa. Planejar o transporte aéreo é trabalhar com muitas variáveis e exige corrigir situações em tempo real, enfrentando condições que ocorrem de forma aleatória, e que, muitas vezes, não podem ser modificadas pela empresa aérea de linha regular, por se tratar de fenômenos da natureza ou ocorrências que afetam a infraestrutura aeronáutica. Dá-se o nome genérico de scheduling para o planejamento e coordenação de todas as variáveis que concorrem para o estabelecimento de ligações regulares entre aeroportos, por uma empresa de linha regular. Planejamento operacional foi o termo que adotamos para denominar o termo scheduling, tentando transmitir com um termo em português a mesma ideia. Tratando-se de um produto altamente perecível, o transporte aéreo depende dos esforços de previsão de vários fatores que interferem na nessa atividade. Muitas vezes o bom desempenho depende é da sensibilidade do administrador para conseguir altas taxas de ocupação e de aproveitamento nos aviões da frota da empresa. É uma visão de um conjunto de atividades independentes que devem se interligar de forma harmônica, sob pena de provocar efeitos que se propagam pelas linhas da malha aérea da empresa, causando, em efeito dominó, transtornos, devido a interrupções e cancelamento de voos. 10 Universidade do Sul de Santa Catarina Assim, neste livro veremos quais são esses fatores que interferem no transporte aéreo e que precisam ser considerados e bem administrados numa empresa aérea, para essa conseguir bom desempenho no setor. Bons estudos, Prof. Francisco Luiz Corrêa Plano de estudo O plano de estudos visa a orientá-lo no desenvolvimento da disciplina. Ele possui elementos que o ajudarão a conhecer o contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos. O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em conta instrumentos que se articulam e se complementam, portanto, a construção de competências se dá sobre a articulação de metodologias e por meio das diversas formas de ação/mediação. São elementos desse processo: � o livro didático; � o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA); � as atividades de avaliação (a distância, presenciais e de autoavaliação); � o Sistema Tutorial. Ementa Estudo do Planejamento no Sistema de Transporte Aéreo como um todo e nas companhias de Transporte Aéreo, com ênfase nos componentes de rentabilidade deuma empresa do setor. 12 Universidade do Sul de Santa Catarina Objetivos da disciplina Geral Identificar oportunidades e restrições. Avaliar informações e identificar os objetivos. Focar resultados. Específicos � Conhecer as principais forças evolutivas que moldaram o transporte aéreo até a atualidade. � Compreender a malha regulatória existente para organizar e manter alto grau de segurança nas operações aéreas de transporte público de passageiros em linhas regulares. � Compreender e identificar o objeto de estudo, que é o transporte aéreo público realizado por empresas de linhas regulares. � Conhecer a terminologia e os conceitos de análise de produtividade das empresas de transporte aéreo. � Conhecer o perfil das pessoas que utilizam o transporte aéreo e seu comportamento em relação aos serviços demandados, e o preço das tarifas. � Conhecer os conceitos de economia relacionados com o mercado aéreo. � Conhecer informações a respeito da estrutura de frotas das empresas de aviação de linha regular. 13 Planejamento do Transporte Aéreo � Entender sobre o financiamento e leasing de aeronaves. � Compreender a condição de oferta e demanda do mercado aéreo brasileiro, considerando empresas de linhas aéreas regulares. � Entender o que é o planejamento operacional (scheduling). � Conhecer a importância de ter adequados quadro de horários de voos e quantidade de voos. � Compreender quais devem ser o fatores a serem considerados para a formulação adequada do quadro de horário de voos e destinos atendidos pela empresa aérea. Carga horária A carga horária total da disciplina é 60 horas-aula. Conteúdo programático/objetivos Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta Unidade de Aprendizagem e os seus respectivos objetivos. Esses se referem aos resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias à sua formação. Unidades de estudo: 4 14 Universidade do Sul de Santa Catarina Unidade 1 - Organização do transporte aéreo - origens e regulamentação Para compreender os vários fatores que devem ser considerados por um planejamento de transporte, seja de carga, seja de pessoas, no transporte aéreo como um todo e nas companhias de transporte aéreo, com ênfase nos componentes de rentabilidade de uma empresa do setor, é conveniente, incialmente: conhecer as principais forças evolutivas que moldaram o transporte aéreo até a atualidade; compreender a malha regulatória existente para organizar e manter alto grau de segurança nas operações aéreas de transporte público de passageiros, em linhas regulares; compreender e identificar o objeto de estudo, que é o transporte aéreo público realizado por empresas de linhas regulares. Assim, esta unidade tem por objetivos possibilitar esses conhecimentos. Unidade 2 - Mercado: a sobrevivência das empresas de transporte aéreo Aqui os objetivos são: conhecer a terminologia e conceitos de análise de produtividade das empresas de transporte aéreo; conhecer o perfil das pessoas que utilizam o transporte aéreo e seu comportamento em relação aos serviços demandados, e o preço das tarifas; conhecer os conceitos de economia relacionados com o mercado aéreo. Ou seja, o cerne desta unidade é tratar dos aspectos econômicos e conceitos de economias envolvidos nas empresas de transporte aéreo, de modo a trabalhar pela sobrevivência ou, quiçá, o bom desempenho financeiro dessas empresas. 15 Planejamento do Transporte Aéreo Unidade 3 - Meios para realizar o transporte aéreo O objetivo dessa unidade é disponibilizar informações a respeito da estrutura de frotas das empresas de aviação de linha regular. Logo, não poderemos deixar de apresentar alternativas usadas por essas empresas para otimizar suas ações, quando o assunto é a aquisição, financiamento ou leasing de aeronaves. Um outro assunto que verificaremos nesta unidade é a condição de oferta e demanda do mercado aéreo brasileiro, considerando empresas de linhas aéreas regulares. Unidade 4 - Scheduling: rotas e horários dos voos de linha Esta unidade apresenta o que é o planejamento operacional (scheduling) nas empresas de transporte aéreo. Nesse sentido, visa a apresentar quais são os principais fatores que são relevantes de serem considerados e administrados nas empresas de transporte aéreo de modo a adequar o número de voos, destinos atendidos e quadro de horário para seus voos. 16 Universidade do Sul de Santa Catarina Agenda de atividades/Cronograma � Verifique com atenção o EVA, organize-se para acessar periodicamente a sala da disciplina. O sucesso nos seus estudos depende da priorização do tempo para a leitura, da realização de análises e sínteses do conteúdo e da interação com os seus colegas e professor. � Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço a seguir as datas com base no cronograma da disciplina disponibilizado no EVA. � Use o quadro para agendar e programar as atividades relativas ao desenvolvimento da disciplina. Atividades obrigatórias Demais atividades (registro pessoal) 1 Objetivos de aprendizagem � Conhecer as principais forças evolutivas que moldaram o transporte aéreo até a atualidade. � Compreender a malha regulatória existente para organizar e manter alto grau de segurança nas operações aéreas de transporte público de passageiros em linhas regulares. � Compreender e identificar o objeto de estudo, que é o transporte aéreo público realizado por empresas de linhas regulares. Seções de estudo Seção 1 A origem e evolução do transporte aéreo. Seção 2 Mantendo aerovias: Padronização, Autoridade e Infraestrutura aeronáutica. Seção 3 Empresa de transporte aéreo público de linha regular. UNIDADE 1 Organização do transporte aéreo - origens e regulamentação 18 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo As atividades humanas, especialmente para o aspirante a profissional em uma área, costumam levar à seguinte pergunta: Como é que se faz ? E a resposta a isso, quer proveniente da observação da atuação dos profissionais, da imprensa em geral e até através do sério estudo dirigido de formação profissional, pode levar a respostas mecanicistas, ou seja: - É assim que se faz ! Ao adentrarmos os umbrais da formação mais avançada, somos levados ao questionamento do porquê das coisas serem como são e a reflexões a respeito das possibilidades de introdução de mudanças para aperfeiçoar mais o que já é bem feito por profissionais. Este é o momento de esta unidade didática realizar uma viagem virtual através do processo de construção do sistema de transporte aéreo atual, para entendermos o contexto em que certas decisões e soluções foram tomadas e adotadas no que diz respeito ao transporte aéreo. Também poderemos constatar que algumas organizações criadas no passado distante mantiveram-se permanentemente ativas ao longo do tempo, evoluindo e auxiliando a evolução do transporte aéreo até se tornar o que temos na atualidade. Com essa grande figura como plano de fundo, gostaríamos de levá-lo a observar, com pensamento crítico e ímpeto inovador, a estrutura legal e empreendedora das empresas de transporte aéreo e do sistema que suporta esse segmento econômico. Além de oportunizá-lo conhecer o passado e as forças que moldaram o presente e indicam as tendências futuras para o observador atento. 19 Planejamento do Transporte Aéreo Unidade 1 O conhecimento permitirá sua participação mais consistente ao atuar na área, podendo até contribuir com a proposição de soluções inovadoras e efetivas para otimizar esse segmento econômico de grande complexidade, muita visibilidade e importância para a sociedade. Sua pesquisa complementar na internet, nas diversas fontes bibliográficas disponíveis e na mídia em geral, fará diferença, pois oespaço neste compêndio é mínimo para abranger com profundidade todo o tema, limitando-se a instigá-lo a pensar sobre algumas das grandes questões. Ficaremos satisfeitos se esta obra servir como estímulo à sua curiosidade e lhe for útil como orientadora dos tópicos a serem aprofundados. Afinal, seremos capazes de melhorar o transporte aéreo ? Como ? 20 Universidade do Sul de Santa Catarina Seção 1 - A origem e evolução do Transporte aéreo Pela glória e fortuna É inegável e documentado o êxito de Santos=Dumont, ao realizar a primeira decolagem autônoma com aeronaves mais pesadas do que o ar, fazendo jus ao título de “Pai da aviação”. Louvável também seu gesto de registrar a doação da patente do avião “à humanidade”. A busca de ganhos financeiros com a utilização de aviões apareceu com força nos EUA após o término da Primeira Guerra Mundial e exacerbou-se na década de 1920. O progresso rápido do desenvolvimento dos aviões deveu-se ao esforço militar da 1ª Grande Guerra (e, posteriormente, da 2ª Guerra Mundial), quando os recursos dos países em conflito foram fortemente direcionados para o desenvolvimento de aviões como arma. Nos EUA, devido a várias tentativas infrutíferas de registro de patente do avião pelos irmãos Wright, houve dificuldades para a criação de empresas fabricantes de aviões, no início do século XX. Os pequenos aviões monomotores eram construídos artesanalmente por empreendedores aventureiros. Em 1917, o governo norte-americano resolveu incentivar o desenvolvimento do transporte aéreo civil, e ofereceu contratos de transporte de correspondência entre cidades norte-americanas. A mala postal seguia a bordo dos aviões, de forma mais rápida e protegida de salteadores. Em caso de acidentes, geralmente a correspondência era recuperada e redespachada para os destinatários. Alguns empreendedores construíam seus aviões e até os vendiam para terceiros. Assim fazia um empresário da área de mineração e madeireiro, do frio e chuvoso estado de Washington, estabelecido na cidade de Seattle, EUA. Seu nome era Willian Boeing. Construía suas próprias aeronaves para seu uso e eventualmente as comercializava. Fundou uma empresa de transporte aéreo. Em 1934, devido à legislação, foi obrigado a dividir sua empresa em três, acabando por afastar-se definitivamente de todas. Essa era a forma como Santos Dumont assinava seu nome, querendo demonstrar à humanidade a igualdade e fraternidade entre os homens, unindo suas ascendências brasileira e francesa. 21 Planejamento do Transporte Aéreo Uma especializou-se na fabricação dos aviões, atualmente denominada Boeing Co. Das duas empresas de transporte aéreo resultantes, uma desapareceu em meio a fusões e a outra hoje se denomina United Airlines. Charles Augustus Lindbergh, filho de um senador homônimo, abandonou o curso de engenharia para se tornar aviador. Alistou-se no exército aos 20 anos, já com alguma experiência de voo, e realizou os treinamentos de piloto militar. Pouco tempo depois, aos 25 anos de idade, deixou o exército para trabalhar em uma empresa aérea, transportando correspondência entre Saint Louis e Chicago. Jovem e determinado, decidiu ganhar o prêmio de vinte e cinco mil dólares oferecido para quem, voando solo, atravessasse voando o Atlântico Norte. Não existia avião com autonomia para voar mais de 30 horas sem reabastecer, e um empréstimo de quinze mil dólares foi necessário para a realização do projeto. Para conceder o empréstimo, o banqueiro exigiu que o nome do avião fosse “Spirit of Saint Louis”, com um argumento revelador da relação das finanças com a atividade aérea, proferindo a seguinte frase para Lindbergh: “Você tem pouco a perder, exceto sua vida. Eu tenho meu dinheiro e minha reputação ameaçados neste projeto”. (Petzinger, Thomas, Jr. HARD LANDING, 1995 pag. 04) Fazia quase uma década que voos transatlânticos já haviam sido feitos. Mas repercutiu muito, na imprensa, a travessia solitária do Atlântico Norte realizada, em 1927, por Charles Augustus Lindbergh. Após a realização bem sucedida do voo até Paris, França, Lindbergh foi acolhido com honras em Nova Iorque, e tornou-se consultor aeronáutico de Juan Trippe, em sua recém-criada empresa aérea denominada Pan American World Airways (futura Pan Am Airlines). John Alcock e Arthur Whitten Brown foram os pioneiros no Atlântico Norte em 1919, e os portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral em 1922, no Atlântico Sul. E um mês antes de Charles A. Lindbergh cruzar o Atlântico norte em vôo solo, com mais quatro tripulantes, João Ribeiro de Barros fez a travessia do Atlântico Sul com o “aerobote” Jahu. 22 Universidade do Sul de Santa Catarina Juan Trippe não queria o mercado aéreo doméstico norte-americano. Ele sonhava com aviões ligando todos os lugares de todos os países do planeta. Parte porque não havia conseguido contratos para operar voos de transporte de correspondência internamente nos EUA. Parte porque, através de influências, havia criado uma linha de correio para Cuba, na rota Miami-Havana. Transportava tão pouco correio que se permitiu colocar três cadeiras de vime nos seus aviões e vender passagens, usando o apelo de que, em Cuba, não existia a Lei Seca, e que, depois de pouco mais de uma hora de voo, o feliz passageiro poderia tomar quantos drinques quisesse nas praias tropicais de Havana, talvez até acompanhado de uma linda nativa. Aquela linha seria pouco para a empresa que queria ter. Assim, Juan Trippe imediatamente partiu com Charles Lindbergh para explorar o mercado centro e sul-americano. Desbravando o mercado No Brasil, a preocupação governamental para com a aviação civil aparece em 1920, com a criação da Inspetoria Federal de Viação Marítima e Fluvial, com atribuições sobre as atividades de navegação aérea e indústria aeronáutica. Em 1927, é autorizado o início das operações de três empresas aéreas no Brasil: A Viação Aérea Riograndense (VARIG), o Condor Syndikat e a Aeropostale. Em 1929, a argentina NYRBA inicia suas operações internacionais, fazendo escala no Rio de Janeiro. A VARIG, sediada em Porto Alegre, brasileira de propriedade do alemão, Otto Ernst Meyer, o qual associou-se com diversos empresários brasileiros, operou regionalmente no sul do Brasil até 1943, quando iniciou voo internacional para Montevidéu (Uruguai). E,depois, com a disponibilização de aeronaves baratas no pós-guerra, em 1946, já fazia linhas até o nordeste brasileiro. 23 Planejamento do Transporte Aéreo O Condor Syndikat, de capital alemão, subsidiária da Luft Hansa (precursora da atual Lufthansa), foi criado com objetivo secundário de vender aeronaves alemãs. Chegou a operar com 28 aviões em várias linhas no litoral e interior do Brasil. Durante a Segunda Guerra Mundial, em 1943, a empresa foi nacionalizada, tendo seu nome mudado para Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul e todos os funcionários de nacionalidade alemã demitidos. A Aeropostale, que depois se tornou a Air France, fazia ligações de correio da Europa para o Brasil, o Uruguai, a Argentina e o Chile. Cessaram as operações para o Brasil, em 1932, quando suspeitas de pagamentos irregulares pelo governo francês à empresa culminaram sua fusão com várias outras, criando-se a Air France. Até então, não havia aviadores brasileiros operando aeronaves de empresas supostamente nacionais. Norte-americanos povoavam os cockpits da Panair do Brasil, e alemães, o Condor Syndikat. Luiz Coriolano Tenann foi o primeiro piloto de linha aérea brasileiro, na PANAIR do Brasil, onde fez seu primeiro voo como comandante, em 1930. Ele terminou sua carreira aeronáutica, em 1967, com mais de 25 mil horas voadas. (In Tenann, Coriolano Luiz: Memórias de um piloto de linha.) Juan Trippe e sua Pan American Airways identificava as América Central e do Sul como mercados promissores, especialmente porque, na ausência de infraestrutura de transporte ferroviário, as pessoas encontrariam noavião a alternativa ao lento transporte marítimo de cabotagem ou sobre o lombo de animais. Em setembro de 1929, Lindbergh e Trippe fizeram uma viagem exploratória pela América Latina, pela costa do oceano Pacífico, seguindo por Venezuela, Chile, e chegando à Argentina. A costa atlântica já estava concedida à outra empresa, denominada NYRBA - que significa New York - Rio (de Janeiro) - Buenos Aires. Um de seus pilotos foi o famoso escritor, Antoine de Saint Exupéry, que escreveu os clássicos: “Vôo noturno”, “Terra dos homens”, “Piloto de guerra” e o poético “O pequeno príncipe”. 24 Universidade do Sul de Santa Catarina A empresa denominada NYRBA, com sede na Argentina, pertenceu a um norte-americano, piloto de combate da 1ª Guerra Mundial, “Coronel” Ralph O. Neil. Iniciou suas operações em agosto de 1929, fazendo ligações a partir de Buenos Ayres, passando por Montevidéu e seguindo a costa brasileira, passando pelo Rio de Janeiro e outras cidades litorâneas, até Miami, nos EUA. Todavia, através de uma série de manobras comerciais hostis, acabou sendo incorporada pela Pan American World Airways, tornando-se sua subsidiária com a denominação de NYRBA do Brasil. Pouco tempo depois, foi renomeada como PANAIR do Brasil. Figura 1.1 - Folder promocional da NYRBA Fonte: Atomic Toasters, 2013. A PANAIR, que depois foi nacionalizada na década de 1940, deixando de ser subsidiária da PanAm, expandiu-se rapidamente, criando sua própria infraestrutura de apoio a seus voos. 25 Planejamento do Transporte Aéreo Construiu infraestrutura de apoio a seus hidroaviões constituída de embarcadouros, estações de observação meteorológica equipadas com telégrafo via rádio, que também eram estações de acompanhamento dos voos (serviço de alerta). Ao término da Revolução Constitucionalista de 1932, empresários paulistanos fundam a VASP no ano de 1933, atendendo ao interior do estado e capitais estaduais. Concorrência moderada e controlada Em 1932, foi criado, pelo Presidente Getúlio Vargas, o Departamento de Aviação Civil - DAC, subordinado ao Ministério da Viação e Obras Públicas. Sua política entendia que a aviação, como transporte e indústria, era parte da soberania nacional, constituindo o poder aéreo. Portanto, seu mercado deveria ser controlado e protegido da competição internacional, com a criação e desenvolvimento de empresas fortes, mão de obra especializada e tecnologia nacional. A aviação e as guerras mundiais A aviação mostrou-se, na Primeira Guerra Mundial, como arma de grande poder, e portanto, a aviação forte garantia a segurança da nação que a desenvolvesse. A Segunda Guerra Mundial, posteriormente, tirou qualquer sombra de dúvidas a respeito da importância de se construir uma indústria aeronáutica sólida, e manter um grande grupo de aviadores treinados. Fazer isso dentro das fileiras militares seria caríssimo e de pouca utilidade, em tempos de paz. Pilotos ganham experiência voando grandes aviões com passageiros e cargas, e esse conhecimento é em sua base, o mesmo que voar grandes aviões bombardeiros e transporte de tropas. Logo, uma grande malha aérea civil é uma forma inteligente e econômica de se ter aviadores treinados para serem lançados em combate, em caso de hostilidades. Partindo desse pensamento, os norte-americanos e vários países europeus começam a construir suas empresas aéreas “de bandeira”, controladas ou influenciáveis pelo governo, e estimulam a contratação de pilotos da reserva de suas forças armadas. Esses pilotos podem até ser reconvocados em intervalos anuais ou bianuais para voar grandes transportes militares, por razões de treinamento ou mesmo de forma operacional. Aerolineas Argentinas, Avianca, Air France, Lufthansa, Iberia,Alitalia, Pan Am,entre tantas outras, representaram seus respectivos países por longo tempo. PANAIR e posteriormente a VARIG, no Brasil. Para acionamento de apoio e resgate em caso de confirmação ou suspeita de acidente ou desvio da aeronave em rota. 26 Universidade do Sul de Santa Catarina Em 1941, foi criado o Ministério da Aeronáutica, e o Departamento de Aviação Civil (DAC) a ele foi subordinado. As funções básicas determinadas em lei para o DAC eram: � Legislar sobre o estabelecimento de frequências e novas rotas aéreas, domésticas e internacionais, que se iniciassem em pontos do território nacional. � Regular as concessões de operações de empresas aéreas domésticas e os critérios para cancelamento e suspensão das mesmas. � Determinar tarifas aplicáveis para cada ligação aérea. Com essas atribuições, desde 1941 até 2006, o DAC era responsável por regular as rotas cumpridas pelas empresas, e seus horários e escalas. As empresas de linha aérea regular deveriam pleitear, junto à Autoridade Aeronáutica brasileira, rotas, frequências, horários e modelos de aviões para realizar seus voos regulares, fundamentando essa solicitação com estudos, pesquisas e análises de viabilidade econômica e técnica. O DAC, após análise da solicitação, fixava os parâmetros para a realização (ou não) da linha solicitada pela empresa. Em caso de aceitação, definia o número de assentos (tamanho do avião) a serem oferecidos na rota, frequência, horários e o preço da passagem a ser cobrado em cada trecho. Eventualmente, poderia incluir ou suprimir alguma escala da linha solicitada. Ao impor às empresas a realização de escalas em determinadas rotas para atender a localidades de baixa demanda de passageiros e carga, aumentava a abrangência do acesso ao transporte aéreo a várias localidades do interior do país. Para compensar, minimizando ou eliminando os custos operacionais decorrentes desse procedimento, estabelecia-se um valor proporcionalmente maior para a tarifa na rota. Era um subsídio direto via preço das passagens. 27 Planejamento do Transporte Aéreo Além do questionável aumento do preço da passagem, o passageiro, por vezes, não conseguia voos diretos para seu destino. A possibilidade de introdução de valores excessivos (superfaturamento) nas planilhas de custo apresentadas pelas empresas era uma vulnerabilidade do modelo. Em caso de aceitação, iriam induzir a Autoridade Aeronáutica a fixar preços maiores para as tarifas da rota, provocando distorções. Em uma fictícia capital do nordeste ou centro oeste brasileiro, após pesquisas, determinou-se que o número de passageiros que viajam para o Rio de Janeiro ou São Paulo é de aproximadamente 450 pessoas, diariamente. Três empresas solicitaram realizar a linha, com aeronaves que disponibilizam 100 assentos cada. Para atender a essa demanda, a Autoridade Aeronáutica autoriza a realização de seis frequências diárias (teoricamente, 75 passageiros por aeronave), sendo 3 diretas e as outras com pelo menos uma escala em outra cidade, cuja demanda seja bem menor. Para que as empresas não sejam penalizadas pelos pousos intermediários, o valor mínimo da passagem é estipulado, de forma que os custos, denominados de break even point, sejam cobertos com 66 passageiros embarcados (2/3 da disponibilidade da aeronave). Teoricamente, todos os voos de todas as empresas gerarão receita (pois a demanda é de 75 passageiros, e o voo se paga com 66 passagens vendidas). O custo de pousar e decolar de um aeroporto intermediário, que gera menor número de passageiros, será coberto pelos poucos passageiros que ali embarcam, cujo preço da passagem, também fixado pela Autoridade Aeronáutica, é calculado de forma a compensar o aumento de custo da operação na escala imposta. A Autoridade Aeronáutica força as empresas a atenderem determinadas localidades comercialmente desinteressantes, beneficiando a população dali. Mas essa mesma população é penalizada por preços maiores para indiretamente subsidiar o serviço onde a demanda pelo transporte aéreo é pouca. Break even point é o valor de faturamento que a empresa precisa gerar para cobrir os custos e despesas de uma determinada operação, ou doconjunto de operações da empresa. No caso do voo, refere-se ao valor de passagens a serem vendidas para “pagar” os custos da operação. 28 Universidade do Sul de Santa Catarina Essa forma de controle impositivo das linhas aéreas era feita por quase todos os países do mundo, inclusive nos EUA, até a década de 1980, como forma de estimular o crescimento do transporte aéreo, visto como poder aéreo, com a formação de muitos pilotos, mecânicos e tripulantes treinados, além da disponibilização de grande frota de aeronaves. Estratégias As empresas aéreas competiam em tudo, menos em preço, que era idêntico entre todas elas. As tentativas de se atrair mais passageiros em seus aviões eram na direção de se oferecer aos passageiros algo mais além do transporte aéreo. Do ponto de vista do empresário, que tem a obrigação de procurar o crescimento da empresa, espera-se que ele busque aumentar sua participação no mercado. E, para isso, levando em consideração que os custos, sejam quais forem, estarão cobertos pelo preço mínimo da passagem fixado pelo DAC, o raciocínio natural passa a ser mais ou menos esse: Se eu conseguir atrair mais passageiros para embarcarem nos voos de minha empresa, terei mais lucro! Então, prezado leitor, venha comigo neste passeio lógico pela mente de um hipotético CEO da empresa aérea regulamentada da segunda metade do século vinte: � Premissa: Para conseguir mais passageiros para os voos de minha empresa, devo divulgar a empresa, de forma a criar uma boa imagem na opinião pública, da seguinte forma: » Divulgar a empresa através de comerciais bem elaborados em todas as mídias que atinjam pessoas de alto poder aquisitivo. » Oferecer serviço de bordo impecável, incluindo comissários de bordo atenciosos e bem vestidos, comida fina, farta distribuição de bebidas, revistas, jornais, brindes e tudo mais que leve as pessoas que tiverem essa experiência a comentarem sobre a viagem. Sigla do idioma inglês, Chief Executive Officer, que significa principal executivo da empresa, geralmente seu presidente ou sócio- controlador. 29 Planejamento do Transporte Aéreo » Fazer especial esforço para conseguir a preferência de celebridades como artistas e políticos voando nos aviões da empresa. Políticos eram mais respeitados e esportistas eram menos cotados até a década de 1970, aproximadamente a partir daí, seus ganhos aumentaram muito. » Na maioria das empresas, fazer a exploração da imagem da mulher, comissária de bordo, como aeromoça, insinuando apelos sensuais e até sexuais. Hoje prática politicamente incorreta e passível de enquadramento como crime, mas perfeitamente aceitável pela sociedade à época. » Para atrair passageiros que têm suas passagens pagas pelas empresas para as quais trabalham, promoções de oferecer o voo na primeira classe para quem tenha voado certo número de vezes pela empresa, programas de milhagem individuais, atendimento personalizado, salas de embarque especiais nos aeroportos, traslados gratuitos para os hotéis e vice-versa, diárias grátis em hotéis conveniados e de carros alugados. » Para conseguir a simpatia e até algum favorecimento dos agentes de viagens, além das comissões sobre o preço das passagens emitidas, oferecer a eles voos de cortesia, com hospedagem e demais despesas pagas, brindes e prêmios por produtividade na venda de passagens. » Cancelar os voos cuja venda de passagens seja inferior ao break even point, sem motivo real. Em uma época em que não existia o Código do consumidor e nem internet, em caso de reclamações pelo cancelamento, oferecer uma compensação mínima, como uma refeição, poderia resolver. Em caso de insistência, devolver o dinheiro da passagem. Neste ambiente, floresceu uma época mágica da aviação de linha regular, da qual tripulantes e pessoas abastadas têm saudades. A diferenciação entre as empresas aéreas com tarifas idênticas para as rotas, só poderia ocorrer com oferecimento de maiores itens de conforto e brindes aos passageiros. 30 Universidade do Sul de Santa Catarina Algumas empresas, ou grande parte delas exploravam de forma explícita a sensualidade dos comissários de bordo, especialmente das comissárias. No Brasil, criou-se a expressão “aeromoça” para enfatizar a mulher jovem e bela que ficava “à disposição dos passageiros” (com a conotação dúbia sugerida). Evidentemente que, totalmente inaceitáveis para os padrões atuais, eram vistas como normais e não despertavam clamor ou repúdio de parcela expressiva da opinião pública à época. É um fato histórico, objeto de nosso estudo atual. Foram os tempos das belas e caras campanhas publicitárias destacando o glamour, sofisticação e conforto de se viajar por determinada empresa. Foi também comum a prática de se confirmar a publicidade, introduzindo um serviço inusitado aos passageiros nos seus voos, como churrasco (a VARIG fez), de custo elevado, e colocá-lo nas planilhas para aumentar o preço das passagens. Justificando sua introdução como “estratégia de marketing”. São os anos dourados da aviação, quando voar era glamoroso, sofisticado, fino e exclusivo na maior parte do tempo para pessoas de maior poder aquisitivo. Nos EUA, uma empresa colocou um pianista (e seu piano) a bordo para entreter seus passageiros com musica ao vivo durante o voo. É bastante grande o número de vídeos disponíveis na internet, mostrando os fatos do passado da aviação. 31 Planejamento do Transporte Aéreo Desregulamentação: que vença o melhor? A partir do choque do petróleo de 1973, os EUA entraram na “estaginflação”, ou seja, inflação com estagnação econômica. A pressão pela retomada do crescimento e controle da inflação era grande, e começaram a prevalecer as posições hoje denominadas “neo liberais”, que defendem uma liberalização parcial da atividade econômica, deixando ao Estado somente as funções de garantia dos direitos essenciais do cidadão. Vários setores da economia dos EUA foram liberados de regulamentações que de alguma forma definiam limites de concorrência entre os participantes de um mesmo segmento econômico. Nesse clima, o então presidente dos EUA, Jimmy Carter, sancionou em 1978 o “Airline Deregulation Act”, que tirava do FAA (Federal Aviation Agency (Autoridade Aeronáutica dos EUA)) a autorização para determinar os preços mínimos de passagens nas rotas; dava direito às empresas de operarem qualquer rota sem prévia autorização; minimizava as exigências para a entrada de novas empresas aéreas de linha regular no mercado; facilitava a operação de voos fretados (charter) e várias outras medidas liberalizantes, objetivando estimular a concorrência em favor do usuário do transporte aéreo. Objetivos declarados da “desregulamentação” do segmento aeronáutico dos EUA: � A Segurança Operacional como a mais alta prioridade no transporte aéreo público. � Estimular a competição entre os provedores do transporte aéreo público. � Estímulo ao modelo “hub and spoke”, ou seja, passageiros embarcam em aeronaves menores em pequenos aeroportos e são transportados para grandes aeroportos situados em grandes centros urbanos (hubs). Nesses aeroportos, embarcam em grandes aeronaves com destino a outro grande aeroporto, de onde são transferidos para aviões menores e levados até seu destino final. � Evitar concentração de mercado para poucos operadores, impedindo que aumentem os preços sem justificativa, cancelem voos ou impeçam a entrada de novos competidores. � Estímulo à entrada de novas empresas aéreas no mercado, à competição em novas rotas pelos operadores já estabelecidos, e o contínuo fortalecimento das novas e pequenas empresas aéreas. Choque do petróleo é o nome dado ao brutal aumento no preço do petróleo imposto pela OPEP - organização dos países produtores de petróleo, que agia como cartel. 32 Universidade do Sul de Santa Catarina Nos anos que se seguiram, ocorreu uma diminuição do preço médio das passagens aéreas da ordem de50 % acompanhada de uma significativa diminuição do quadro de funcionários das empresas de linha aérea regular. As frotas de aeronaves próprias foram trocadas por aeronaves arrendadas (leasing). O serviço de bordo foi reduzido ao mínimo e começaram a florescer, na esteira do sucesso da Southwest Airlines, várias outras empresas tentando aplicar a filosofia “baixos custos” e com graus variados de comprometimento com o “baixas tarifas”. Muitas empresas desapareceram por motivo de falência, e em processos de fusão ou incorporação por outras. Eis uma lista das empresas norte-americanas mais conhecidas que deixaram de operar: Pan Am, TWA, Brannif, Pacific Southwest Airlines, Continental Airlines, Eastern Airlines, Texas Air. Nos países da Europa, a introdução de medidas de desregulamentação começou a ocorrer a partir da década de 1990, portanto quase vinte anos após ter ocorrido nos EUA. Mas as fusões da Alitália com Air France, da Iberia Airlines com a British Airways, da British Caledonian sendo absorvida pela British Airways indicam uma trilha já conhecida, ocorrida na América do Norte, com o desaparecimento de várias empresas tradicionais e o aparecimento de algumas empresas de baixo custo, baixas tarifas. A Ryanair é uma delas, e suas atitudes são bastante revolucionárias em relação às empresas tradicionais. Recentemente, seu controlador solicitou formalmente às autoridades aeronáuticas permissão para transportar passageiros em pé em seus aviões, em alguns trechos de curta duração. À primeira vista, esse pleito é frontalmente contrário às doutrinas de segurança operacional atualmente aceitas. Todavia, como administradores, não devemos descartar essa posição de forma dogmática, embora evidentemente não seremos a favor de aumentar a exposição ao risco das operações de transporte aéreo público de passageiros. 33 Planejamento do Transporte Aéreo Analisando racionalmente, essa proposta simplesmente traduz uma necessidade de um empresário do setor de transporte público regular, que poderia ser descrita de forma mais superficial como “a necessidade de se transportar mais pessoas nas aeronaves com o porte e desempenho das atuais”. Cabe aos fabricantes de aeronaves buscarem um design que atenda plenamente às necessidades de seus clientes (as empresas de transporte aéreo). Não existe consenso a respeito de ser vantajosa ou não a liberalização máxima da concorrência entre as empresas de aviação, porque os resultados são controversos ainda. Um dos pontos bastante negativos da desregulamentação é a diminuição do número de localidades atendidas pelas empresas de transporte aéreo, que disputam ferozmente os grandes centros urbanos com grande demanda e desprezam aeroportos com menor movimento. Alguns desses aeroportos de menor demanda existem porque o local é dependente do transporte aéreo, pela inexistência ou precariedade do transporte por outros modais. Outro ponto negativo é o risco de deterioração na qualidade dos serviços de manutenção das aeronaves, e também dos investimentos em treinamento dos tripulantes pelas empresas, devido à sua constante pressão por diminuir despesas. Finalmente, a necessidade de se fazer economia de escala, ou seja, reduzir custos pela utilização de aeronaves maiores com melhor aproveitamento, cria a tendência de concentração do setor em grandes empresas (mega carriers, como já são identificadas na língua inglesa), com a absorção das pequenas empresas pelas maiores através de compra e fusão de empresas grandes, eliminando a concorrência entre elas. Órgãos governamentais de defesa da livre concorrência têm se posicionado para tentar impedir a formação de monopólios, mas sua missão torna-se mais difícil quando duopólios se formam. 34 Universidade do Sul de Santa Catarina Nos Estados Unidos da América do Norte, a American Airlines e a Delta Airlines praticamente dominam o mercado doméstico e internacional daquele país, embora existam inúmeras empresas de porte concorrendo naquele mercado. No Brasil, a empresa Webjet foi comprada pela GOL linhas aéreas inteligentes, e imediatamente encerrou suas operações. O ocorrido está em fase de litigância na justiça, e, portanto, não se podem emitir opiniões sobre a legalidade do fato, e não é isso que se está apresentando ao leitor. Todavia, mesmo ignorando as razões para o acontecido, fato é que, após uma operação pública de compra, a empresa comprada, concorrente direta da compradora, deixou de operar no mercado. No Brasil, as primeiras medidas de desregulamentação foram tomadas em 1992, e as mais impactantes foram as seguintes: � Eliminar as barreiras de entrada para novas empresas aéreas. � Encerrar as restrições territoriais para as empresas de aviação regional, para competirem com as demais empresas no transporte aéreo doméstico. � Terminar com a exclusividade de operação das empresas domésticas para operarem rotas diretas entre aeroportos centrais (Voo Direto ao Centro -VDC), portanto, entre os aeroportos Santos Dumont, Pampulha, Congonhas e Brasília, permitindo que a ligação entre as cidades do Rio de janeiro, Belo Horizonte, São Paulo e Brasília, respectivamente, seja realizada também pelas empresas de aviação regional. � Iniciar mudanças (cronograma de longo prazo) na metodologia de controle de tarifas. Acompanhe na sequência esse cronograma. 35 Planejamento do Transporte Aéreo Quadro 1 - Cronograma das ações de desregulamentação implementadas no Brasil 1992-1996 Estabelecimento de preços de referência pelo governo. A empresa aérea poderia oferecer 50% de desconto ou incluir um acréscimo de até 32% sobre esse valor. 1997 Margem de variação permitida das tarifas passa a ser de 65% para menos sobre o valor de referência (sem limite superior). Valores menores necessitavam de aprovação prévia do Governo Federal. 1997-1999 Flexibilização das regras para voos fretados (charter), eliminando as necessidades de serem relacionados a pacotes de viagens ou reservas em hotéis, e os preços poderiam ser negociados livremente. Todavia, cada voo necessitava ser autorizado individualmente. Permitiu o surgimento das empresas BRA e FLY. 1999 Criação da Comissão de Linhas Aéreas (CLA), com objetivo de desregular o mercado; Criação de um programa de redução de tarifas de transporte aéreo e reestruturação do sistema de linhas aéreas regulares. 2000 Permissão do DAC para empresas utilizarem aviões maiores em suas rotas, para conseguir maior eficiência, pela diminuição do custo assento/km. 2001 Liberação total das tarifas recomendadas pelo ‘CONAC (Conselho da Aviação Civil) foi parcialmente aceita pelo Ministro da Fazenda, liberando as tarifas entre alguns principais aeroportos do país. 2005/2006 Criação da Agência Nacional de Aviação Civil e sua ativação, dando prosseguimento às ações de liberalização da livre competição entre as empresas aéreas nacionais, e até entre as nacionais e internacionais. Fonte: Correa (2011). Os resultados em que o país está e que irá colher em decorrência dessa política para o segmento aeronáutico devem ser analisados sobriamente, porque esta é uma fase de transição de modelos, do regulamentado para o neoliberal, em que o Estado procura eximir-se de controlar setores da economia através de regulamentação. Efeitos imediatos aconteceram e acontecem no mercado de trabalho, onde os salários são fortemente pressionados para baixo, pela necessidade de se repassarem ganhos de competitividade às tarifas. Outro fator a ser considerado é a tendência de concentração (monopólio) pela fusão de empresas. Também existe o perigo de cartelização de parte de rotas do país, com uma divisão do mercado combinada e não declarada, entre empresas. Finalmente, ocorre também uma tendência de abandono de algumas ligações entre aeroportos de menor demanda, antes atendidos devido à imposição da Autoridade Aeronáutica, hoje não menos carentes, mas já sem atendimento. 36 Universidade do Sul de SantaCatarina Seção 2 - Mantendo aerovias Padronização, Autoridade e infraestrutura Nesta seção, identificaremos as instituições e legislação que determinam os parâmetros legais e operacionais das empresas de transporte aéreo público regular no Brasil. Devido à natureza internacional da aviação, algumas regulamentações de organismos com sede fora de nosso país são seguidas como condição indispensável para a existência da empresa aérea. Padronização internacional Várias tentativas de regulamentação e padronização da atividade aérea ocorreram. O Primeiro Congresso Aeronáutico Internacional ocorreu em Paris, França, no ano de 1889, quando somente “voava-se” com balões de ar quente ancorados, e os dirigíveis eram apenas uma vaga promessa. Seguiram-se vários outros, como as Conferências de Haia (Holanda) em 1899 e 1907. Após o feito de Santos Dumont, ao voar o 14 bis, também em Paris, França, aconteceu a Conferência Internacional de Navegação Aérea em 1910, e em decorrência foi criado o Comitê Jurídico Internacional de Aviação em 1911. A Primeira Guerra Mundial foi um hiato no diálogo, somente retomado na Conferência da Paz, em 1919, em Versailles, onde foi assinado o armistício que pôs fim à 1ª Guerra Mundial. Neste ano, também foi realizado o primeiro voo internacional entre Londres e Paris, iniciando de fato as atividades de transporte aéreo comercial. A ligação regular internacional evidenciou a necessidade de pactuação clara entre as nações para dar segurança jurídica à atividade mercantil das empresas de transporte aéreo. A criação da CINA - Comissão Internacional de Navegação Aérea – foi uma resposta a essa necessidade da aviação em desenvolvimento. Simultaneamente, foi criada, em Haia, a International Air Traffic association, que mais tarde tornou-se a IATA - International Air Transport Association – a qual continua em atividade até hoje. 37 Planejamento do Transporte Aéreo Essas iniciativas buscavam padronizar um consenso universal a respeito da aviação como atividade civil, mercantil, de forma que pudesse se expandir sem gerar conflitos internacionais ou encontrar obstáculos legais distintos nas diversas nações do globo. A base dos conceitos da regulamentação aeronáutica veio do direito marítimo, definindo que aeronaves deveriam possuir certificados de nacionalidade e matrícula, ter direito de navegar pelo ar, pacificamente sobre território estrangeiro e admitindo restrições e proibições para transporte de artigos perigosos, nesse caso, especialmente armas e explosivos. Seguiu-se a Convenção de Havana, Cuba em 1928 deu prosseguimento à busca de consenso na pactuação de regulamentos transnacionais para a aviação. A Convenção de Varsóvia, em 1929, destaca-se de especial importância pela criação da documentação da Aviação: bilhetes de passagem, identificação da bagagem, limites de responsabilidade do transportador e outros parâmetros que perduram até a atualidade. As responsabilidades, os direitos e deveres ali estabelecidos estão em grande parte em vigor na atualidade. A aviação continuou a se desenvolver com o aumento dos voos internacionais. Ao término da 2ª Guerra Mundial, e com os novos aviões tecnicamente melhores e disponíveis em quantidade para utilização civil, era de se esperar que o transporte aéreo teria forte desenvolvimento. Cada vez mais eram necessárias normas únicas e a clara definição de direitos e deveres dos operadores internacionais para prover maior suporte e menos conflitos durante a expansão da aviação comercial. Para isso, foi feita uma nova convenção, desta vez em Chicago, que contou com a participação de 52 países, incluindo o Brasil. Definiram-se, na convenção de Chicago de 1944, os princípios legais denominados Liberdades do Ar, os quais valem até hoje, como se segue: 38 Universidade do Sul de Santa Catarina Primeira Liberdade O direito de sobrevoar o território do Estado contratante sem pousar. Segunda Liberdade O direito de fazer uma escala técnica (reabastecimento ou manutenção) no território do outro Estado contratante, sem embarcar ou desembarcar passageiros ou carga. Terceira Liberdade O direito de transportar passageiros e carga do território do Estado de nacionalidade da aeronave para o território do outro Estado contratante. Quarta Liberdade O direito de transportar passageiros e carga do território do outro Estado contratante para o território do Estado de nacionalidade da aeronave. Quinta Liberdade O direito de transportar passageiros e carga entre o território do outro Estado contratante e o território de um terceiro Estado, no âmbito de um serviço aéreo destinado a ou proveniente do Estado de nacionalidade da aeronave. Divide-se em “quinta liberdade intermediária”, se a escala no território do terceiro Estado ocorre durante o percurso entre o território de uma das Partes Contratantes e o da outra - ponto intermediário, e “quinta liberdade além” ,quando a escala no território do terceiro Estado ocorre depois da escala no território do outro Estado contratante - ponto além. Sexta Liberdade O direito de transportar passageiros e carga, através do território do Estado de nacionalidade da aeronave, entre o território de um terceiro Estado (ponto aquém) e o território do outro Estado contratante. Sétima Liberdade O direito de transportar passageiros e carga entre o território do outro Estado contratante e o território de terceiro Estado, sem continuar o serviço aéreo para o território do Estado de nacionalidade da aeronave. Oitava Liberdade O direito de transportar passageiros e carga entre dois pontos no território do outro Estado contratante, no âmbito de um serviço aéreo destinado a ou proveniente do Estado de nacionalidade da aeronave. Trata-se de direitos de cabotagem, raramente concedidos. Nona Liberdade O direito de transportar passageiros e carga entre dois pontos no território do outro Estado contratante, sem continuar o serviço aéreo para o território do Estado de nacionalidade da aeronave. Trata-se de direitos de cabotagem pura, raramente concedidos. Fonte: Convenção de Chicago –ICAO Doc 7300 39 Planejamento do Transporte Aéreo As cinco primeiras liberdades são universais, fazendo parte do Acordo de Transporte aéreo Internacional. As duas primeiras são denominadas liberdades técnicas. Tráfego fundamental é a denominação da terceira e quarta. A quinta liberdade denomina-se de tráfego acessório, pois é extensão de uma operação de tráfego fundamental. As seguintes, da sexta à nona, denominadas de liberdades comerciais ou mercantis, necessitam ser negociadas bilateralmente entre as nações para serem implantadas. Além desses direitos, denominados liberdades, a Convenção Internacional de Aviação Civil, ou simplesmente Convenção de Chicago de 1944, criou a Organização de Aviação Civil Internacional – OACI (ICAO, na sigla em inglês) com status de agência técnica vinculada à ONU, implantada a partir de 1947. Figura 1.2 - Logotipo da International Civil Aviation Organization Fonte: International Civil Aviation Organization, 2013 O propósito declarado da ICAO é: Desenvolvimento dos princípios e técnicas de navegação aérea internacional e a organização e o progresso dos transportes aéreos, de modo a favorecer a segurança, a eficiência, a economia e o desenvolvimento dos serviços aéreos, a fim de poder: a) Assegurar o desenvolvimento seguro e ordeiro da aviação civil internacional do mundo. b) Incentivar a técnica de desenhar aeronaves e sua operação para fins pacíficos. c) Estimular o desenvolvimento de aerovias, aeroportos e facilidade de navegação aérea na aviação civil internacional. 40 Universidade do Sul de Santa Catarina d) Satisfazer as necessidades dos povos do mundo no tocante a transporte aéreo seguro, regular, eficiente e econômico. e) Evitar o desperdício de recursos econômicos causados por competição desarrazoável. f) Assegurar que os direitos dos Estados contratantes sejam plenamente respeitados,e que todo o Estado contratante tenha uma oportunidade equitativa de operar empresas aéreas internacionais. g) Evitar a discriminação entre os Estados contratantes. h) Contribuir para a segurança dos voos na navegação aérea internacional. i) Fomentar, de modo geral, o desenvolvimento de todos os aspectos da aeronáutica civil internacional. O Brasil é signatário da Convenção de Chicago, e é país-membro do Conselho da ICAO. O Brasil compromete-se, como país-membro do Conselho da ICAO, a adotar internamente as normas e práticas preconizadas pela ICAO, e a manter uma representação permanente em sua sede em Montreal. Essa representação, atualmente, é composta por membros do Ministério das Relações Exteriores, da ANAC e do Comando da Aeronáutica. Os países participantes do tratado de adesão à ICAO comprometem-se a seguir as normas, padrões e métodos que recebem o nome de Anexos e que estão dispostos da seguinte forma: Anexo 1 – Licença de Pessoal Anexo 2 – Regras do Ar Anexo 3 – Meteorologia Anexo 4 – Cartas Aeronáuticas Anexo 5 – Unidades de Medida Anexo 6 – Operações de Aeronaves Anexo 7 – Marca da Nacionalidade e Matrícula Anexo 8 – Aeronavegabilidade de Aeronaves 41 Planejamento do Transporte Aéreo Anexo 9 – Facilitação Anexo 10 – Telecomunicações Anexo 11 – Serviço de Tráfego Aéreo Anexo 12 – Busca e Salvamento Anexo 13 – Investigação de Acidentes Aeronáuticos Anexo 14 – Aeródromos Anexo 15 – Serviço de Informações Aeronáuticas Anexo 16 – Ruído de Aeronaves Anexo 17 – Segurança (Interferência Ilícita) Anexo 18 – Cargas Perigosas A ICAO também regula o prefixo das aeronaves e os indicadores de aeródromos. Como cada país tem peculiaridades e características diferentes, a ICAO criou as chamadas Diferenças, que determinam que uma regra da ICAO não será cumprida ou terá uma ressalva em seu cumprimento. No Brasil, essas Diferenças são publicadas na AIP, na parte GEN. IATA - International Air Transport Association Foi fundada em Havana, Cuba, em 1945, sucedendo à International Air Traffic Association, criada em Haia em 1919. A IATA é uma ONG que cuida dos interesses das empresas de transporte aéreo ao redor do mundo. As empresas a ela associadas contribuem para sua manutenção, e devem também, para continuarem associadas, cumprir certos requisitos como, por exemplo, não realizarem transportes de armas sem autorização expressa da ONU e sob rígidas regras de proteção aos tripulantes envolvidos na operação. Em troca, recebem sua assistência, com programas de segurança operacional, venda de passagens aéreas, formação de pessoal especializado, e disponibilizando dados sobre o mercado e transporte aéreo nos países signatários da ICAO e nos EUA (que não faz parte da ICAO). AIP = Aeronautical Information Publication . A qual é dividida em várias partes: AGA para aeródromos, RAC para Regras do Ar, FAL para facilidades, SAR para serviços de busca e salvamento, e GEN para generalidades. 42 Universidade do Sul de Santa Catarina Seu objetivo é promover serviços de transporte aéreo seguros, confiáveis, protegidos e econômicos - em benefício dos passageiros do mundo todo. As práticas, procedimentos e padronizações desenvolvidos pela IATA contribuem para o dinamismo e crescimento do transporte aéreo mundial. Seus membros contribuintes são empresas de linha aérea regular, atualmente 240 membros de 118 nações. A sede da IATA é em Montreal, no Canadá, e seu principal escritório executivo é em Genebra, na Suíça. Existem 57 escritórios em diversos países, um no Brasil, os quais se responsabilizam pelo serviço de Agências, BSPs (emissão de passagens) e AASs (certificação de agentes aéreos). A IATA atende a quatro grupos que atuam na operação do sistema de aviação internacional: Público em geral, governos, terceiros como agentes de viagens e carga e fornecedores de equipamentos e sistemas. IFALPA – Federação Internacional das Associações de Pilotos de Linha Aérea É a organização que congrega mais de 100 associações de pilotos, com cerca de 100 mil membros. Foi estabelecida em 1948 para interagir de maneira formal com a ICAO na defesa dos interesses dos pilotos de linha aérea, principalmente os que estiverem relacionados com a segurança das operações aéreas. Autoridade Aeronáutica e Legislação O termo Autoridade Aeronáutica é oficial, utilizado pela ICAO, que recomenda aos Estados associados a definição clara da instituição governamental e seus agentes responsáveis pelo planejamento, normatização, controle e fiscalização da aviação civil do país. 43 Planejamento do Transporte Aéreo No Brasil, a Autoridade Aeronáutica é a ANAC - Agência Nacional da Aviação Civil, desde 2006. A Constituição Federal, em 1988, estabeleceu a competência da União para explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeroportuária, regulamentado conforme as seguintes legislações e órgãos institucionais: � Código Brasileiro de Aeronáutica – Lei nº 7.565 de 1986, dispõe sobre o espaço aéreo e seu uso para fins aeronáuticos, normatizando: » a navegação aérea; » o tráfego aéreo; » a infraestrutura aeronáutica » a aeronave » a tripulação » os serviços, direta ou indiretamente, relacionados ao voo. � Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC, criada pela Lei nº 11.182, de 27 de setembro de 2005, com as seguintes atribuições: » Observar e implementar orientações, diretrizes e políticas estabelecidas pelo Conselho de Aviação Civil - CONAC (o qual é conceituado aqui, logo adiante). » De acordo com as políticas estabelecidas, regular e fiscalizar as atividades de aviação civil e de infraestrutura aeronáutica e aeroportuária. » De acordo com o art. 8º da lei, adotar as medidas necessárias para o atendimento do interesse público e para o desenvolvimento e fomento da aviação civil, da infraestrutura aeronáutica e aeroportuária do país, atuando com independência, legalidade, impessoalidade e publicidade. 44 Universidade do Sul de Santa Catarina � INFRAERO - Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária, criada pela Lei nº 5.862, de 12 de janeiro de 1972. Empresa pública, vinculada ao Ministério da Defesa, com finalidades de: » implantar, administrar, operar e explorar industrial e comercialmente a infraestrutura aeroportuária que lhe for atribuída. � CONAC - Conselho de Aviação Civil, criado em 17 de agosto de 2000, por meio do Decreto nº 3.564. Órgão de assessoramento do Presidente da República para a formulação da política de ordenação da aviação civil, composto pelos Ministros de Estado da Defesa, das Relações Exteriores, da Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, do Turismo; também pelo Comandante da Aeronáutica e pelo Chefe da Casa Civil da Presidência da República. Compete ao CONAC: » Estabelecer as diretrizes para a representação do Brasil em convenções, acordos, tratados e atos de transporte aéreo internacional com outros países ou organizações internacionais de aviação civil. » Propor o modelo de concessão de infraestrutura aeroportuária, submetendo-o ao Presidente da República. » Aprovar as diretrizes de suplementação de recursos para linhas aéreas e aeroportos de interesse estratégico, econômico ou turístico. » Promover a coordenação entre as atividades de proteção de voo e as atividades de regulação aérea. 45 Planejamento do Transporte Aéreo » Aprovar o plano geral de outorgas de linhas aéreas. » Estabelecer as diretrizes para a aplicabilidade do instituto da concessão ou permissão na exploração comercial de linhas aéreas. � Secretaria de Aviação Civil - SAC, com funções de Secretaria Executiva do CONAC, para assessorar o Ministro de Estado da Defesa na coordenação e supervisão dos órgãos e entidades ligados ao setor de aviação civil, responsáveis pela gestão, regulação e fiscalização, infraestrutura aeroportuária e infraestrutura denavegação aérea. � DECEA - Departamento de Controle do Espaço Aéreo, do Comando da Aeronáutica. Tem a responsabilidade de: » prover a segurança e a fluidez do tráfego no espaço aéreo brasileiro, além de garantir sua defesa; » planejar, gerenciar e controlar as atividades relacionadas à segurança da navegação aérea, ao controle do espaço aéreo, às telecomunicações aeronáuticas e à tecnologia da informação. � CENIPA - Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, órgão do Comando da Aeronáutica responsável pelas atividades de investigação e prevenção de acidentes aeronáuticos no país. Tem também a importante atribuição de realizar a orientação normativa do sistema, no tocante à segurança da aviação civil. 46 Universidade do Sul de Santa Catarina Seção 3 - Empresa de transporte aéreo público de linha regular O transporte aéreo público regular de passageiros depende de uma infraestrutura aeronáutica específica, constituída de aeroportos equipados para as operações aéreas, para o embarque e desembarque de passageiros e bagagens, pátios adequados para o estacionamento dos aviões, sistema de comunicação e controle do espaço aéreo. Essa infraestrutura é disponibilizada (ou não) pelo Estado brasileiro (ou estrangeiro), e suas falhas ou deficiências independem da vontade ou decisões da empresa aérea de linha regular. Lucratividade ameaçada Apesar da dependência inevitável da infraestrutura disponibilizada pelo Estado brasileiro, a empresa é a entidade que entrega o produto final ao seu cliente, ou seja, o passageiro transportado. Sua estrutura interna de atendimento, suas aeronaves, seu sistema de manutenção, suas equipes de limpeza podem atender ao cliente até certo ponto. Eventuais atrasos, mudanças, cancelamentos e desconfortos diversos acabarão por ser direcionados à empresa transportadora, como, por exemplo, o ônus financeiro de hospedagem e alimentação, por aplicação direta do Código do Consumidor. A legislação de proteção contra abusos de empresas aos consumidores é avançada e necessária. Mas acarreta despesas à prestadora de serviço, que pode estar fazendo corretamente sua parte. A empresa aérea pode ter seu avião e pessoal prontos e a postos, mas não consegue cumprir o processo final do transporte e, mesmo assim, é penalizada. A verdade é que a empresa sempre dependerá de condições externas fora de seu controle, como a meteorologia ou saturação da capacidade de tráfego do sistema aeroportuário. 47 Planejamento do Transporte Aéreo Embora o mesmo Código do Consumidor faculte à empresa buscar ressarcimento pelo serviço (infraestrutura) não disponibilizado adequadamente, a via judicial, por ser custosa e morosa, nem sempre poderá ser a escolha mais sensata frente à absorção do prejuízo e à continuação das suas atividades como empresa de transporte aéreo público. Para tanto, é prudente que o caixa das empresas aéreas mantenha provisões adicionais para atender contingências dessa natureza. E o custo financeiro dessa reserva entrará no cálculo do custo operacional das empresas, que por via de consequência deverá repassá-los às tarifas praticadas, atualmente livres de qualquer controle externo. Pode-se dizer então que as deficiências em infraestrutura aeronáutica e aeroportuária são cobradas individualmente pelos clientes descontentes das empresas de transporte aéreo. Estas, por sua vez, socializam este custo adicional, rateando-o entre seus passageiros na forma de tarifas mais altas, por questões de sobrevivência financeira. Produto perecível A empresa aérea de transporte público regular de passageiros (e cargas) pode ser vista como uma indústria que vende um produto altamente perecível, com data de validade sem nenhuma possibilidade de extensão: a disponibilidade de suas aeronaves para o voo, ou seja, o assento do passageiro e o espaço/peso da carga a serem transportados. A peculiaridade dessa produção exige que a venda do produto, ou seja, das passagens, ocorra com grande eficiência. O estabelecimento de um sistema de reservas de lugares em voos bem estruturado já foi uma dificuldade maior para as empresas nos tempos pré-internet, quando grandes somas de dinheiro foram dispendidas para o desenvolvimento de sistemas computadorizados para efetuar a organização e controle do estoque da empresa. 48 Universidade do Sul de Santa Catarina As empresas de transporte aéreo foram uma grande fonte de financiamento e estímulo ao desenvolvimento da Tecnologia de Informação, a partir da década de 1950 até 1980. Sua necessidade de manusear grandes bancos de dados (os assentos dos aviões nos diversos voos, combinados com os dados dos passageiros e horários) fez com que investissem pesadamente em contratos de desenvolvimento de sistemas de manuseio de bancos de dados. Em outros segmentos econômicos industriais, estoque refere- se a algo físico, tangível, enquanto que, na aviação, o estoque é a disponibilidade das aeronaves nas linhas regulares que serão realizadas conforme o calendário estabelecido. Considere uma empresa hipotética que inicia seus voos partindo de Campinas, do aeroporto de Viracopos para todo o Brasil. São 30 voos diários decolando daquele aeroporto, sendo 10 para o nordeste, 10 para o centro oeste e norte e 10 para o sul. A capacidade de suas aeronaves é padronizada, de 100 passageiros. Seu “estoque diário” são 100 assentos por aeronave vezes trinta voos, resultando 3000 assentos/dia. Para facilitar, considere todos os meses com 30 dias, e teremos 3000 assentos diários vezes trinta dias vezes doze (meses do ano), e descobriremos que a empresa tem um estoque de 90.000 assentos/mês e 1.080.000 (um milhão e oitenta mil) assentos para serem vendidos ao longo do ano, somente de ida a partir de Viracopos. Em um caso real, teriam que ser consideradas todas as outras etapas da linha aérea da empresa, chegando a números próximos de 10 milhões de assentos/ano ou mais. Movimentos assim foram controlados “no caderno”, ou no livro de registros. Daí a expressão em inglês “booking” ser utilizada preferencialmente a “reservation” (reserva) no jargão aeronáutico (Boyd, 2007 p.36). Já ouvi a expressão “bucar o trecho”, mas isso fica para ser comentado em outro contexto, sobre a incorporação de anglicismos ao idioma pátrio. 49 Planejamento do Transporte Aéreo O controle de estoque, ou o registro das reservas de assentos para os voos é de grande importância para as empresas de transporte aéreo regular, porque falhas nesse particular podem comprometer a empresa, com reclamações, voos subaproveitados com poucos passageiros e atrasos - tudo contribuindo para aumento de custos e diminuição de rentabilidade ou prejuízos para a empresa. Voltaremos ao tema mais adiante, neste estudo. Regulamentação para homologação da empresa A constituição e continuidade das operações da empresa dependem de certificação conforme os requisitos apresentados no RBAC 119, intitulado Certificação: operadores regulares e não regulares. E, também, para atender aos requisitos de certificação, cumprir os requisitos do ponto de vista administrativo e operacional, especificados pelo RBAC 121, cujo título é Requisitos operacionais: operações domésticas, de bandeira e suplementares (resolução 266 ANAC, de março de 2013). Com essa legislação básica, vão apresentando-se as demais que formam um arcabouço legal complexo e praticamente completo no objetivo de cobrir todos os aspectos da operação da empresa de transporte aéreo publico regular de passageiros. Entendemos ser desnecessário apresentar aqui a lista da legislação, porque se encontra disponibilizada no site da ANAC (www.anac.gov.br), permanentemente atualizada. Continuaremos nas próximas unidades a desenvolver esse tema, oferecendo uma visão sintética de vários aspectos que constituem esse segmento econômico constituído pelo transporte aéreo. 50 Universidade do Sul de Santa Catarina Síntese A aviação tem poucomais de um século de existência, e sofreu profundas mudanças devido à tecnologia e à visão de homens destemidos e sonhadores. A evolução do transporte aéreo desde os seus primórdios, quando o transporte aéreo era uma promessa, e sua disseminação pelo mundo ocorreu através do esforço de pioneiros. Na America do Sul, Brasil inclusive, devido à sua posição geográfica que a associaram ao desenvolvimento da aviação de linhas regulares dos EUA, similaridades ocorreram. Essas semelhanças davam espaço a peculiaridades que nem sempre permitiram a implantação simultânea das mesmas soluções para problemas idênticos, quer pelas diferenças macroeconômicas envolvidas, quer pela própria percepção defasada da necessidade de mudanças nas regulamentações e dos métodos de gestão pelos detentores do poder. A característica internacional da aviação levou os representantes das nações a se reunirem, buscando soluções negociadas para a viabilização do transporte aéreo, e no interregno das Guerras Mundiais, criaram a ICAO, IATA, IFALPA, entre outras organizações dedicadas a disciplinar, normatizar e facilitar o desenvolvimento da aviação. No Brasil, a Autoridade Aeronáutica acompanhou e norteou o desenvolvimento da aviação, participando da ICAO e de outras entidades internacionais, e também normatizando e fiscalizando a aviação civil brasileira. A empresa aérea de transporte público de passageiros tem um mercado amplo e demandante no Brasil, mas deve cuidar-se e prevenir-se dos fatores externos não controláveis que podem afetar sua rentabilidade e sobrevivência no mercado. 51 Planejamento do Transporte Aéreo Atividades de autoavaliação 1) Qual o motivo que levou a indústria do transporte aéreo a iniciar sua implantação realizando o transporte de malas postais e carga ? a) ( ) Custo muito alto de operação e pouco espaço disponível para passageiros, tornando a passagem muito cara. b) ( ) Aeronaves pouco confiáveis mecanicamente, com altíssimo índice de acidentes, afastando passageiros pelo alto risco do voo no início do século vinte. Para desenvolver a atividade, o governo norte-americano ofereceu contratos para transporte regular de malas postais entre as cidades. c) ( ) Incentivo governamental que via na entrega rápida de correspondência uma forma de conseguir popularidade para se reeleger, e não precisaria construir aeroportos com estação de passageiros para acomodar o público usuário. d) ( ) Inexistência de aeroportos e sistemas de controle de espaço aéreo precários. 2) A convenção de Chicago de 1944 e a Convenção de Varsóvia de 1929 produziram princípios, acordos e organizações que perduram até hoje. Escolha a alternativa que cite um resultado de cada convenção, respectivamente. a) ( ) Responsabilidade civil do transportador e OACI / ICAO. b) ( ) IATA e forma dos bilhetes de passagem. c) ( ) Liberdades do Ar e padronização da identificação das bagagens. d) ( ) Documentação do transporte aéreo e OACI/ICAO. 52 Universidade do Sul de Santa Catarina 3)A visão do transporte aéreo como indústria de um segmento econômico específico leva a seguirmos interações com fatores externos que se apresentam como vitais ao desempenho de toda e qualquer empresa de transporte aéreo. Para demonstrar sua compreensão sobre o tema, escolha a alternativa em que o texto não aborde essa situação. a) ( ) Aeroporto com uma única pista interditada por vários dias devido a acidente aeronáutico, porque o órgão responsável pela operação do aeroporto não dispõe de equipamento adequado para remover a aeronave acidentada. Várias empresas de transporte aéreo deixam de realizar voos regulares previstos e ficam com várias aeronaves no solo, impedidas de decolar para iniciar seus voos alhures. b) ( ) Falha em equipamento ILS em aeroporto movimentado, sob condições meteorológicas por instrumentos, obrigando o controle de tráfego aéreo a realizar sequenciamento por radar e aumentar as separações entre os tráfegos, causando atrasos que fazem com que algumas aeronaves já em voo tenham que seguir para a alternativa devido a limitações de combustível para a espera. c) ( ) Devido a congestionamento de pátios em aeroporto de destino, a empresa tem vários voos cancelados, e um grupo de profissionais que seguiriam para um congresso, inclusive conferencistas, perdem o evento e processam a empresa por danos morais devido ao cancelamento que os impediu de participarem do evento. d) ( ) Reservas de passagens, cujo banco de dados perdeu-se devido a vírus de computador, que colocou um único nome de passageiro em todas as reservas já realizadas. Os atendentes no solo tiveram que telefonar para todos os passageiros agendados e solicitar que trouxessem impresso o voucher da reserva para poder ser atendidos, e os que não foram localizados submeteram-se a check in muito demorado para a confirmação dos dados. Isso provocou atrasos, e/ou overbooking, e/ou subaproveitamento de assentos disponíveis nos voos. 53 Planejamento do Transporte Aéreo Saiba mais Se você desejar, aprofunde os conteúdos estudados nesta unidade ao consultar as seguintes referências: REGULAMENTO BRASILEIRO DA AVIAÇÃO CIVIL. RBAC nº 119. EMENDA nº 01: Certificação: Operadores regulares e não regulares. 2010. Disponível em <http://www2.anac.gov.br/transparencia/pdf/ bps38s/RBAC%20119%20EMD%2001.pdf> Acesso em 02 de set de 2013. REGULAMENTO BRASILEIRO DA AVIAÇÃO CIVIL . RBAC nº 121.EMENDA nº 02: Requisitos operacionais: Operações domésticas, de bandeira e suplementares. 2013. Disponível em: <http://www2.anac.gov.br/ biblioteca/rbac/RBAC121EMD02.pdf>. Acesso em 02 de set de 2013. BRASIL, Lei 7183 Regulamentação da profissão do aeronauta, de 5 de abril de 1984. Disponível em <http://www2.anac.gov.br/ biblioteca/leis/lei7183%20.pdf> Acesso em 02 de set de 2013. http://www2.anac.gov.br/transparencia/pdf/bps38s/RBAC%20119%20EMD%2001.pdf http://www2.anac.gov.br/transparencia/pdf/bps38s/RBAC%20119%20EMD%2001.pdf http://www2.anac.gov.br/biblioteca/leis/lei7183%20.pdf http://www2.anac.gov.br/biblioteca/leis/lei7183%20.pdf 2 Objetivos de aprendizagem � Conhecer a terminologia e conceitos de análise de produtividade das empresas de transporte aéreo. � Conhecer o perfil das pessoas que utilizam o transporte aéreo e seu comportamento em relação aos serviços demandados, e o preço das tarifas. � Conhecer os conceitos de economia relacionados com o mercado aéreo. Seções de estudo Seção 1 Terminologia e definições aplicadas ao transporte aéreo Seção 2 O Mercado: quem utiliza e quem gostaria de utilizar o transporte aéreo? Seção 3 Demanda, oferta e o transporte aéreo UNIDADE 2 Mercado: a sobrevivência das empresas de transporte aéreo 56 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo Os elevados investimentos que são necessários para o estabelecimento de uma empresa aérea tornam obrigatório o estudo e o planejamento detalhado da operação que se pretenda realizar nesse setor, para se evitarem casualidades, equívocos e erros que possam levar à baixa rentabilidade ou prejuízos. Conceitos de análise de desempenho, representados por índices e indicadores, são adotados universalmente para acompanhar o dia a dia das empresas, como forma de prover alertas antecipados de tendências, e orientação para a realização de mudanças e novas iniciativas comerciais. O consumidor do transporte aéreo também precisa ser identificado como um grupo que tem características comuns de comportamento de mercado, para que seja melhor atendido e atraído a consumir o produto oferecido. Passageiros a trabalho, com passagens pagas pelo empregador ou por terceiros, e passageiros que pagam o próprio bilhete de passagem são grupos distintos que foram identificados e estudados, por terem comportamentos peculiares em relação às necessidades e expectativas em relação ao transporte aéreo. E a economia oferece interessantes e práticos conceitos sobre o comportamento das pessoas como consumidores,
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