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República de Moçambique MINISTÉRIO DA SAÚDE DIRECÇÃO DE RECURSOS HUMANOS DEPARTAMENTO DE FORMAÇÃO Formação de Técnicos Médios de Administração Hospitalar Sub-Módulo Vocacional 14.1 FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS EM SAÚDE ________ Maputo, 2016 O presente manual faz parte do currículo de formação inicial do curso de Técnico de Administração Hospitalar de nível médio baseado em competências, o qual consiste em quatro semestres lectivos, sendo de carácter teórico-prático em sala de aula e no laboratório humanístico e multidisciplinar, com uma componente de estágios parciais e um estágio integral. A elaboração dos manuais é fruto da colaboração entre Ministério da Saúde da República de Moçambique e a União Europeia, através do "Projecto de Fortalecimento Institucional do Ministério da Saúde: Apoio ao Desenvolvimento dos Recursos Humanos nas áreas de Gestão e Administração em Saúde" (EuropeAid 127986/D/SER/MZ), contratado pelo Gabinete do Ordenador Nacional para a Cooperação Moçambique / UE al Consorcio Eductrade - Eptisa - Credes. O conteúdo desta publicação é da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não representa necessariamente a opinião do Projecto. Todos os direitos desta obra se cedem ao Ministério da Saúde da República de Moçambique. É permitida a reprodução total ou parcial desta obra, desde que citada a fonte. Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde 2 FICHA TÉCNICA Elaboração, distribuição e informações Ministério da Saúde (MISAU) Direcção de Recursos Humanos (DRH) Departamento de Formação Repartição de Planificação e Desenvolvimento Curricular (RPDC) Av. Eduardo Mondlane, 1008, 4º andar Maputo, Moçambique Coordenação Ermelinda Notiço (MISAU/ DRH/Departamento Formação) Suraia Nanlá (MISAU/ DRH/Departamento Formação) Projecto EuropeAide/127986/D/SER/MZ Consorcio: Eductrade, Eptisa, Credes Berta Jimenez Gancedo (Projecto) Carmen Fernandez (Projecto) José Carlos LópezSeisdedos (Projecto) Paula Greciet Paredes (Projecto) Equipa técnica de elaboração Elaboração do Conteúdo Revisão Técnica Revisão Pedagógica Verónica Joaquim Marcela dos Santos Lucas Melo Eugénio Maielane Berta Jiménez Gancedo Equipa técnica de elaboração Formatação e Edição Revisão Linguística e-training Eductrade Atanasio Balate Prafultabai Jaiantilai Manual de formação por competências elaborado conforme às normas e orientações técnicas para produção de materiais didáticos do MISAU, de agosto de 2013 ©2016. Ministério da Saúde. _____________ 1ª Edição – Ano 2016 Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde 3 LISTA DE ABREVIATURAS EC Elemento de Competência EPI Equipamento de Protecção Individual FC Formação contínua ISCISA Instituto Superior de Ciências de Saúde MF Módulos Formativos MISAU Ministério da Saúde PCI Programa de Controlo de Infecções PESS Plano Estratégico do Sector de Saúde PFCS Plano de Formação Contínua em Saúde PFDRHS Plano de Formação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos da Saúde RH Recursos Humanos SM Sub-Módulos TEMAH Técnico Médio em Administração Hospitalar UC Unidade de Competência UD Unidade Didáctica US Unidade Sanitária Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde 4 Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde 5 PREFÁCIO Ex.mos. Senhores, Estudantes e Professores do Curso de Técnicos de Administração Hospitalar de nível Médio. O Ministério da Saúde (MISAU) através da Direcção de Recursos Humanos – Departamento de Formação na sua missão de formar e desenvolver profissionais de saúde cada vez mais competentes, tem vindo a implementar reformas curriculares no âmbito da formação baseada em competências, de modo a trazer ao Serviço Nacional de Saúde, profissionais com conhecimentos, habilidades e atitudes para responder pontualmente às necessidades dos pacientes. O presente manual de ensino apresenta conteúdos, actividades de ensino, casos práticos e projectos que permitirão que o futuro Técnico de Administração Hospitalar de nível Médio adquira competências profissionais para o desenvolvimento das suas funções nas Unidades Sanitárias do Serviço Nacional de Saúde, bem como, pesquisa clínica e ensino. Este manual é um recurso de apoio aos professores, na planificação e implementação das aulas que se destinam a formação de Técnicos de Administração Hospitalar de nível Médio e visa desenvolver nestes futuros profissionais de saúde, conhecimentos, habilidades e atitudes com relação as práticas de prestação de cuidados de saúde com elevada qualidade e em conformidade com o perfil profissional estabelecido. Por outro lado, o módulo é resultado da revisão do currículo de Técnicos de Administração Hospitalar nível Médio para a nova abordagem baseada em competências. Para o estudante, o módulo servirá de um guião de estudo e de consulta para aquisição de conhecimentos, atitudes e habilidades técnicas que lhe permitirão prestar um atendimento de qualidade e humanizado aos pacientes, respeitando os princípios éticos e deontológicos da profissão e consequentemente, melhorar a qualidade dos serviços de saúde prestados em Moçambique. Esperamos, por um lado, que este manual constitua um verdadeiro suporte para o desenvolvimento e alcance dos objectivos das diferentes temáticas de formação dos profissionais de Administração Hospitalar e por outro como uma base sólida onde o professor possa buscar o fortalecimento de conhecimentos, garantia de uma dinâmica uniformizada tanto na mediação como na assimilação das matérias de ensino. O manual apresenta uma linguagem simples, acessível e clara de modo que permita a fácil compreensão dos estudantes das Instituições de Formação de Saúde a nível nacional. Maputo, Julho de 2016 Nazira Karimo Vali Abdula Ministra da Saúde Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde 6 Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde 7 ÍNDICE I. INTRODUÇÃO DO MANUAL DE ENSINO 9 II. DADOS BÁSICOS DO SUB-MÓDULO 14 III. REFERENTES DO MANUAL DE ENSINO 14 1. Unidade de competência de referência 14 2. Sub-módulo vocacional de referência 17 IV. UNIDADES DIDÁCTICAS 19 1. Conteúdo organizador 19 2. Sequência e estructura das unidades didácticas 19 3. Desenvolvimento das unidades didácticas 19 UD 1 PLANO DE FORMAÇÃO CONTÍNUA NA SAÚDE: ELABORAÇÃO, IMPLEMENTAÇÃO E AVALIAÇÃO 20 1. Formação contínua 24 2. Diagnóstico e definição das necessidades de formação 27 3. Elaboração do plano de formação contínua 35 4. Implementação da acção de formação contínua 37 5. Sistema de informação da formação contínua (SIFO) 47 UD 2 ESTRATÉGIAS DE ENSINO APRENDIZAGEM PARA A FORMAÇÃO CONTÍNUA EM SAÚDE 57 1. Estratégias de ensino aprendizagem na formação contínua 61 2. Técnicas de comunicação aplicáveis nas aulas. Relações a estabelecer na sala de aulas 74 3. Instrumentos de auto avaliação na prática de docência 80 4. Meios e recursos didáticos 82 UD3 DESENVOLVIMENTO DE ESTÁGIOS NAS INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 93 1. Definição de estágio 96 2. Critérios gerais para selecção do Campo de Estágio 96 3. Procedimentos para a autorização de um Campo de Estágio 100 4. Preparação do plano de actividades dos estagiários 100 5 Implementação e supervisão de estágio 106 Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde 8 V. GLOSSÁRIO DO SUB-MÓDULO 14.1 123 VI. QUESTIONÁRIO DE AUTO AVALIAÇÃO DO SUB-MÓDULO 14.1 125 Prova de perguntas fechadas 125 Soluções da prova de perguntas fechadas do sub-módulo 4.1 130 Prova de perguntas abertas 134VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E WEBGRAFIA 135 Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde 9 I. INTRODUÇÃO O presente manual corresponde a um dos módulos do programa formativo do TÉCNICO MÉDIO DE ADMINISTRAÇÃO HOSPITALAR (TEMAH), desenhado com base em competências profissionais. A competência é um conceito amplo que incorpora a capacidade de transferir habilidades e conhecimentos para novas situações, dentro de uma determinada área ocupacional. Inclui a organização e planificação do trabalho, e a inovação e capacidade de lidar com actividades não rotineiras; abrange, também, as qualidades de eficácia pessoal que são exigidas no âmbito do trabalho, para lidar com os colegas e com os possíveis alunos. Assim, ser competente é saber agir e reagir em contextos diversificados, ser capaz de solicitar e combinar os recursos necessários e pertinentes para o cumprimento de uma determinada tarefa, de compreendê-la e de ter êxito no momento de executá-la. Uma Qualificação Profissional é uma comprovação de competências para desempenhar uma ocupação a um determinado nível. O cenário de abordagem por competências tem elementos inovadores nos âmbitos profissionais e laborais, tais como: Mudanças estruturais no mundo do trabalho. Mudanças de ordem sócio - económica que irão condicionar o surgimento de “novas acividades" no mundo laboral. Tecnologias que criam ou modificam ocupações. Mudanças nas tendências demográficas; aumento do nível de escolaridade; novas regulamentações laborais, entre outros. Criam-se assim novas ou mais exigências. Necessidade/interesse em realizar actividades com determinado padrão de qualidade. Aplicar esta metodologia de definição do Perfil Profissional de um técnico queira garantir o desempenho óptimo e correcto de todas as exigências laborais e técnicas correspondentes a uma ocupação é um processo directamente associado ao desenho da sua formação apropriada para responder a essas exigências de desempenho. Um Perfil Profissional assim definido é caracterizado por um conjunto de funções, designadas de Unidades de Competência. A Unidade de Competência (UC) é um conjunto de funções produtivas, identificadas no campo de trabalho, que expressam um determinado resultado significativo da actividade técnico - laboral e tem um reconhecimento e um significado no sistema de emprego organizado e estabelecido dentro de um determinado sector. Cada UC Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde 10 estabelece qual deve ser o resultado de uma determinada actividade e evidencia se o profissional é capaz de o obter ou de atingir. Cada UC detalha, também, a qualidade da evidência requerida nesse resultado, expressando aquilo que é considerado um bom desempenho profissional. Cada Unidade de Competência (UC) é constituída por: Elementos de Competência (EC) que descrevem uma acção ou comportamento que alguém deve ser capaz de realizar e demonstrar numa situação de trabalho e num determinado campo ocupacional. Critérios de Desempenho (CD) definem os níveis de competência que permitem avaliar as actividades de trabalho realizadas pela pessoa. Portanto, expressam o nível aceitável de realização profissional, para cada Elemento de Competência, que esteja em conformidade com os objectivos das organizações e fornecem orientações para a avaliação da competência profissional. Contexto de aplicação da UC, que descreve os meios de produção, os produtos e resultados do trabalho, a informação utilizada ou gerada, e os itens de natureza similar e considerados necessários para o desempenho profissional. O contexto de aplicação fornece o significado contextual dos elementos de competência. Isto é, esclarece o ambiente e as condições actuais e previsíveis em que serão aplicados os elementos de competência que compõem a unidade de competência. Ao desenvolver esta metodologia, foi definida a qualificação do Técnico Médio de Administração Hospitalar (TEMAH), e foram identificadas e definidas 14 Unidades de Competência Vocacionais: UC1 Planificar e orçamentar, nas áreas da sua responsabilidade no Sector da Saúde, as acções administrativas e de gestão para a implementação das políticas institucionais e sectoriais. UC2 Gerir pessoas nas Instituições de Saúde buscando a sua motivação e envolvimento no trabalho de acordo com a legislação laboral em vigor para o cumprimento dos objectivos e planos definidos. UC3 Realizar actividades administrativas para a gestão dos recursos humanos no Sector da Saúde. UC4 Organizar e coordenar os processos de atendimento e admissão do utente e de processamento de documentação clínica, garantindo o cumprimento das normas e procedimentos estabelecidos. Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde 11 UC5 Coordenar as actividades administrativas derivadas da gestão dos serviços assistenciais e dos serviços auxiliares nas Unidades Sanitárias. UC6 Coordenar as actividades administrativas resultantes da gestão dos serviços de apoio aos serviços de assistência nas Unidades Sanitárias. UC7 Coordenar as actividades administrativas que possibilitem a implementação das normas de segurança e prevenção de riscos laborais e de prevenção e controlo de infecções (PCI), assim como de cuidados ambientais. UC8 Promover relações entre as Unidades Sanitárias e a comunidade permitindo o envolvimento desta, na resolução dos problemas de saúde. UC9 Executar as actividades administrativas necessárias para a implementação do sistema de gestão de qualidade nas Unidades Sanitárias, e assegurar o cumprimento desse sistema na sua área de responsabilidade. UC10 Gerir e organizar os processos administrativos, incluíndo as comunicações internas e externas, assim como as comunicações telefónicas e via Internet, para responder de forma rápida e eficaz as solicitações e optimizar a circulação de informações. UC11 Realizar a gestão financeira, contabilística e o controlo da tesouraria nas instituições de saúde utilizando os procedimentos e aplicativos informáticos estabelecidos. UC12 Gerir com eficiência e eficácia a cadeia logística dentro da Instituição de Saúde. UC13 Gerir o Património do Estado, de forma a manter os recursos físicos disponíveis e em uso para assegurar uma prestação de serviços de saúde eficaz. UC14 Participar na formação de novos profissionais de saúde e na formação contínua de funcionários, assim como em actividades de investigação que assegurem a eficácia dos serviços. A partir do Perfil Profissional desenhado é definido o Programa Formativo, com um formato modular. A cada Unidade de Competência do perfil profissional, corresponde um módulo formativo. Cada um dos Módulos Formativos corresponde a um bloco coerente de formação associado a cada uma das Unidades de Competência, cujo objectivo é a aquisição de competência profissional. Para cada um destes Módulos são definidos: Resultados de Aprendizagem que expressam os resultados esperados do aluno no final do Módulo, avaliando se este atingiu a competência profissional especificada na UC. Critérios de Avaliação que são o conjunto de parametros definidos para cada resultado de aprendizagem que indicam o grau de concretização. Conteúdos para cada um dos resultados de aprendizagem . Requisitos de Instrução: Infra-estrutura, equipamentos e perfil do professor / formador. Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde 12 Notas de Suporte: Contexto da Disciplina/formas de instrução, abordagem da avaliação. Referências Bibliográficas. A partir das 14 Unidades de Competência que constituem o Perfil Profissional, o Programa Formativo do Técnico Médio contém os seguintes Módulos e Sub-módulos Vocacionais: MÓDULOS VOCACIONAIS SUB-MÓDULOS VOCACIONAISMÓDULO 1 Planificação e orçamentação de acções administrativas e de gestão no Sector da Saúde. Não se desagrega em Submódulos MÓDULO 2 Gestão de recursos humanos em Instituições de Saúde. Não se desagrega em Submódulos MÓDULO 3 Gestão administrativa de recursos humanos no sector da saúde. Não se desagrega em Submódulos MÓDULO 4 Atendimento, admissão e processamento de documentação clínica em instituições de saúde. SM 4.1. Atendimento do utente e admissão do doente nas unidades sanitárias e instituições de saúde. SM 4.2 Gestão documental em instituições de saúde. MÓDULO 5 Gestão de serviços assistenciais e auxiliares nas unidades sanitárias. SM 5.1. Actividades administrativas dos serviços assistenciais e auxiliares nas unidades sanitárias. SM 4.1. Atendimento do utente e admissão do doente nas unidades sanitárias e instituições de saúde. MÓDULO 6 Gestão administrativa da hotelaria e dos serviços de apoio nas unidades sanitárias. SM 6.1 Gestão do serviço de nutrição e dietética nas unidades sanitárias. SM 6.2 Gestão do serviço de lavandaria nas unidades sanitárias. SM 6.3 Gestão dos serviços de apoio geral nas unidades sanitárias. MÓDULO 7 Segurança e prevenção de riscos laborais e meio ambiente nas unidades sanitárias. SM 7.1. Biossegurança e higiene no trabalho (funcionários e utentes). SM 7.2 Prevenção de riscos laborais/saúde ocupacional e para os utentes dos serviços de saúde. MÓDULO 8 Envolvimento comunitário na gestão em saúde. SM 8.1 Política Nacional de Saúde SM 8.2 Envolvimento comunitário MÓDULO 9 Qualidade nas unidades sanitárias. Não se desagrega em Submódulos MÓDULO 10 Procedimentos administrativos e comunicações em unidades sanitárias SM 10.1 Procedimentos administrativos nas USs. SM 10.2 Gestão de comunicação nas unidades sanitárias e instituições de saúde. SM 4.1 Atendimento do utente e admissão do doente nas unidades sanitárias e instituições de saúde MÓDULO 11 Gestão financeira, contabilística e controlo da tesouraria nas instituições de saúde. SM 11.1 Contabilidade Pública aplicada nas Instituições de Saúde (Aplicativos informáticos de gestão contabilística – SISTAFE). SM 11.2 Gestão e controlo da tesouraria nas Instituições de Saúde. SM 11.3 Gestão financeira nas Instituições de Saúde. Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde 13 MÓDULOS VOCACIONAIS SUB-MÓDULOS VOCACIONAIS MÓDULO 12 Logística e gestão de stock e aprovisionamento nas instituições de saúde. SM 12.1 Gestão das aquisições (UGEAs). SM 12.2 Gestão de aprovisionamento e distribuição nas instituições de saúde. SM 12.3 Gestão de medicamentos e de artigos médicos. MÓDULO 13 Gestão do Património nas instituições de saúde. SM 13.1 Gestão de património. SM 13.2 Gestão da manutenção de bens e infraestruturas. MÓDULO 14 Formação e Investigação em administração e gestão de novos profissionais de saúde. SM 14.1 Formação de RH em administração e gestão para saúde. SM 14.2 Metodologia e projecto de investigação aplicada à administração e gestão em saúde. O presente manual desenvolve o Sub-módulo 14.1: Formação de recursos humanos em saúde Para facilitar a leitura deste manual, veja que o mesmo se encontra dividido em partes apresentadas no sumário inicial: Dados básicos do módulo/sub-módulo. Referências do manual de ensino: perfil profissional e módulo formativo. Unidades Didácticas: - Conteúdo temático - Sequência e estrutura das Unidades Didáticas. - Desenvolvimento das Unidades Didácticas: a denominação, o objectivo geral, a introdução da unidade, os conteúdos, o desenvolvimento dos conteúdos, as actividades de ensino - aprendizagem e o caso prático / projecto. - Actividades de Ensino-Aprendizagem apresentam como objectivos: Facilitar a aprendizagem significativa dos alunos. Conseguir a participação dos alunos. Despertar neles o interesse. Introduzir os conteúdos (conceitos, procedimentos e atitudes. São exemplos das possíveis actividades que o professor pode desenvolver com seus estudantes, mas que não atingem o total das horas do Módulo/Sub-módulo. O Caso Prático: incluí os conteúdos da Unidade Didáctica completa, baseados em informações e documentos similares aos reais. Todas as Unidades Didácticas incluem Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde 14 a elaboração de um projecto ou de um caso que parte de situações concretas relacionadas com o desenvolvimento da actividade habitual, de maneira que permita a transferência da aprendizagem a outros contextos. É um exemplo dos possíveis casos que o professor pode desenvolver com seus estudantes, mas que não atinge ao total de horas dos Módulos / Sub-módulo. Referências Bibliográficas: todos os materiais que foram consultados para a elaboração do manual. Anexos: Em caso de precisar de consultar algum dado, instrumento, links do web, informação, entre outros. Glossário: com a definição dos termos utilizados. Questionário final de auto-avaliação do módulo/submódulo, deve conter 50 perguntas de estirpe múltipla (perguntas tipo teste) de modo a permitir avaliar o conhecimento do aluno sobre o módulo. II. DADOS BÁSICOS DO MÓDULO/SUBMÓDULO Denominação do submódulo 14.1: Formação de recursos humanos em saúde Associado à Unidade de Competência UC 14. Participar na formação de profissionais de saúde, assim como em actividades de investigação que assegurem a eficácia dos serviços Nível do QNQP: Médio 5 Duração do módulo: 40h Número de créditos: 4 III. REFERENTES DO MANUAL DE ENSINO 1. ºUnidade de competência de referência UC 14. Participar na formação de profissionais de saúde, assim como em actividades de investigação que assegurem a eficácia dos serviços Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde 15 ELEMENTOS DE COMPETÊNCIA CRITÉRIOS DE DESEMPENHO EC14. 1. Organizar e facilitar as acções de Formação Contínua (FC) de acordo com as necessidades identificadas nos processos de monitoria e avaliação. CD14.1.1. Elabora o plano de FC de acordo com as necessidades identificadas na avaliação de desempenho dos funcionários. CD14.1.2. Coordena o calendário das formações de FC de sua responsabilidade com outras formações e actividade da instituição. CD14.1.3. Assegura a elaboração e reprodução das matérias específicas da formação. CD14.1.4. Ministra as matérias da sua competência durante as sessões de formação, aplicando as metodologias desenhadas para FC. CD14.1.5. Monitora a implementação do plano de formação e aplicação das metodologias definidas, propondo mudanças se necessário. CD14.1.6. Aplica, recolhe e analisa as fichas de avaliação de FC de modo a avaliar o grau de assimilação das matérias ministradas. CD14.1.7. Regista toda a informação correspondente à realização das formações (objectivo, perfil dos participantes, docentes ou facilitadores, local, período, financiador e outros) para manter actualizado o SIFo. CD14.1.8. Elabora os relatórios da formação decorrida para ajudar no seguimento das lacunas a partir das quais terá sido elaborado o plano de FC. EC14. 2. Colaborar na formação inicial das IdFs e na organização e levar a cabo acções de seguimento de estágios para estudantes de modo a garantir a qualidade dos formandos. CD14.2.1. Prepara os planos analíticos e de aula das matérias a serem leccionadas segundo o programa do currículo de formação. CD14.2.2. Prepara o material didáctico adequado a matéria a ministrar e em correspondência com as competências a desenvolver pelo formando. CD14.2.3. Aplica as metodologias de ensino-aprendizagem e as ferramentas de avaliação que garantam a transmissão de competências.CD14.2.4. Aplica as ferramentas de avaliação dos formandos de acordo com os regulamentos e as metodologias concebidas no currículo. CD14.2.5. Recebe a pasta do estágio com os objectivos e instrumentos de execução e de avaliação para melhor acompanhamento do estagiário. CD14.2.6. Recebe aos estagiários e explica a estrutura funcional do serviço, adaptando o cronograma e o plano de estágio as condições do serviço. CD14.2.7. Elabora o programa de actividades e distribui entre os estagiários e tutores de acordo com os objectivos do estágio. CD14.2.8. Monitora a implementação e realiza o balanço colectivo do plano do estágio para identificar dificuldades e aplicar medidas correctivas se necessário. CD14.2.9. Acompanha e monitora a execução das actividades para avaliar o desempenho dos estagiários utilizando os instrumentos de avaliação previamente definidos. CD14.2.10. Elabora e envia à IdF o relatório e os resultados dos respectivos instrumentos de avaliação do estágio. Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde 16 ELEMENTOS DE COMPETÊNCIA CRITÉRIOS DE DESEMPENHO EC14. 3. Organizar e coordenar a logística e os processos administrativos inerentes às formações com vista a garantir o sucesso das actividades formativas planificadas. CD14.3.1. Coordena todos os recursos necessários (transporte, sala, material, equipamentos, refeições e outros) para a realização da formação bem como garante o seu cumprimento. CD14.3.2. Prepara e organiza deslocações de formandos e formadores de acordo com os procedimentos existentes (manual de deslocações). CD14.3.3. Garante a provisão a todos os formandos dos materiais didácticos e outros documentos necessários para participar activamente na formação. CD14.3.4. Elabora a lista de presença de modo a permitir o controlo da assiduidade dos participantes. CD14.3.5. Calcula ajudas de custo conforme a tabela em vigor na instituição para formadores e, quando proceder, para formandos. CD14.3.6. Prevê, identifica e comunica aos responsáveis qualquer contingência nas formações para que possa ser imediatamente resolvida. CD14.3.7. Garante a elaboração, envio de actas e relatório das formações para apreciação das instâncias competentes, e respectivo arquivo. Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde 17 2 Sub-módulo vocacional de referência Submódulo 14.1 Formação de Recursos Humanos em Saúde RESULTADOS DA APRENDIZAGEM CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO RA 1: Definir as necessidades de formação, organizar as acções de Formação Contínua, Monitoria e Avaliação. CA 1.1. Elabora planos de FC de acordo a necessidades de formação identificadas em instituições de saúde. CA 1.2. Explica o processo de implementação, monitoria e avaliação de planos de FC. CA 1.3. Desenha fichas de avaliação de acções de FC e elabora relatórios a partir do seu conteúdo. CA 1.4. Regista em aplicativos informativos (SIFo) informação derivada de acções de FC (objectivo, perfil dos participantes, docentes ou facilitadores, local, período, financiador e outros). CA 1.5. Explica exaustivamente as actividades administrativas derivadas de planeamento e realização de acções de FC. CA 1.6. Identifica os recursos necessários (transporte, sala, material, equipamentos, refeições e outros) para a realização das acções de formação. CA 1.7. Em exercícios práticos calcula ajudas de custo conforme as tabelas em vigor nas instituições de saúde para formadores e, quando proceder, para formandos. CA 1.8. Num caso prático prepara a logística de uma acção de formação: CA 1.9. Elabora a lista de formandos e os convites para a formação. CA 1.10. Prepara o plano de deslocações de acordo com a morada de cada formando. CA 1.11. Efectua a requisição da sala de formação. CA 1.12. Prepara os materiais necessários para a realização das actividades de formação. CA 1.13. Elabora a lista de presença dos formandos e recolhe as respectivas assinaturas. CA 1.14. Prepara a logística para os formadores. CA 1.15. Elabora o relatório do seguimento do processo formativo. Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde 18 RESULTADOS DA APRENDIZAGEM CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO RA2. Desenvolver estratégias de ensino- aprendizagem adequadas para formação contínua em matérias relacionadas com a Administração e Gestão Hospitalar. CA 3.1. Prepara o plano analítico e de aula dos conteúdos das matérias por leccionar segundo os programas definidos. CA 3.2. Aplica as ferramentas de avaliação dos formandos de acordo com os regulamentos e a metodologia da formação contínua. CA 3.3. Explica os princípios fundamentais da formação técnica baseada em competências. CA 3.4. Descreve as características das relações que se devem estabelecer na sala de aulas entre o facilitador e os intervenientes. CA 3.5. Em exercícios práticos de programas de FC desenha: CA 3.6. Uma sessão expositiva CA 3.7. Uma actividade em grupo CA 3.8. Uma actividade individual que os participantes devem realizar CA 3.9. Os critérios aplicáveis na avaliação CA 3.10. Avalia a importância da participação dos formandos no processo ensino-aprendizagem, assim como a interacção de relações interpessoais entre eles, como forma de criar um ambiente de aprendizagem adequado na sala de aulas. RA 3. Preparar e utilizar meios e recursos para realizar apresentações em sessões de formação contínua CA 3.1. Identifica os meios e recursos para as apresentações dos materiais didácticos desenhados em função dos fins pedagógicos pretendidos. CA 3.2. Utiliza os meios e recursos didácticos adequados para apresentações dos materiais desenhados CA 3.3. Organiza os meios didácticos a utilizar: quadro preto, computador, data show, retroprojector, etc., para o correcto funcionamento dos mesmos durante as formações. CA 3.4. Utiliza os recursos multimédia seguindo as especificações técnicas, pautas didácticas e o planeamento estabelecido. CA 3.5. Comprova o funcionamento dos meios para assegurar seu uso durante o desenvolvimento das actividades e repara as possíveis falhas técnicas mediante o uso de meios didácticos alternativos para garantir a continuidade da acção formativa. RA4. Organizar e seguir estágios para estudantes em instituições de saúde de modo a garantir a qualidade dos formandos. CA 4.1. Identifica o conteúdo da pasta de acompanhamento de estágio com os objectivos e instrumentos de execução e de avaliação CA 4.2. Elabora cronogramas e programa de actividades de estagiários adaptados às diferentes condições do serviço das instituições de saúde. CA 4.3. Explica as funções dos tutores do estágio de acordo com os objectivos do estágio. CA 4.4. Identifica as dificuldades habituais nos estágios dos formandos e as medidas a aplicar. CA 4.5. Aplica instrumentos de avaliação para a monitora e avaliação do desempenho dos estagiários. CA 4.6. Elabora relatórios de estagiários que recolham os resultados dos respectivos instrumentos de avaliação do estágio. Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde 19 IV. UNIDADES DIDÁCTICAS 1. Conteúdo organizador Elaborar um Plano de Formação para o Desenvolvimento de RH da Saúde. 2. Sequência e estructura das Unidades Didácticas Unidades Didácticas Tempo (em horas) UD1: Plano de Formação Contínua na Saúde: elaboração, implementação e avaliação 15h UD2: Estratégias de Ensino Aprendizagem para a Formação Contínua em Saúde 10h UD3: Desenvolvimento de estágios nas Instituições de Saúde 15h 3. Desenvolvimento das Unidades Didácticas Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde UD1 - Plano de formação contínua na saúde. 20UNIDADE DIDÁCTICA 1 PLANO DE FORMAÇÃO CONTÍNUA NA SAÚDE: ELABORAÇÃO, IMPLEMENTAÇÃO E AVALIAÇÃO Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde UD1 - Plano de formação contínua na saúde. 21 ÍNDICE OBJECTIVO GERAL 23 Resultados de aprendizagem da unidade didática 23 INTRODUÇÃO 23 1. FORMAÇÃO CONTÍNUA 24 1.1. Modalidades de Formação Contínua 24 1.1.1. Presencial no próprio local de trabalho 25 1.1.2. Presencial fora do local de trabalho 25 1.1.3. O curso à distância 25 1.2. Tipos de Formação Contínua 26 1.2.1. Formação contínua estruturada 26 1.2.2. Formação contínua não estruturada 27 1.3. Importância da Formação Contínua 27 2. DIAGNÓSTICO E DEFINIÇÃO DAS NECESSIDADES DE FORMAÇÃO 27 2.1. Avaliação de Desempenho 28 2.2. Definição de Necessidades de Formação 28 2.2.1. Definição da amplitude do estudo 29 2.2.2. Determinar as fontes de informação 29 2.2.3. Definir o método de recolha de dados 31 2.2.4. Informar à instituição 33 2.2.5. Recolha de dados 34 2.2.6. Analise dos resultados e elaboração da matriz das necessidades 34 3. ELABORAÇÃO DO PLANO DE FORMAÇÃO CONTÍNUA 35 3.1. Preparação de um Plano de Formação 35 3.2. Preparação de Uma Acção de Formação 37 4. IMPLEMENTAÇÃO DA ACÇÃO DE FORMAÇÃO CONTÍNUA 37 4.1. Determinar Objectivos 38 4.2. Determinar a Metodologia e Técnicas 38 4.3. Determinar os Recursos Necessários 38 4.4. Elaborar o Orçamento 39 4.5. Gestão de Logística 39 Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde UD1 - Plano de formação contínua na saúde. 22 4.6. Monitoria e Avaliação 39 4.6.1. Desenhar e escolher os critérios de avaliação 40 4.6.2. Avaliação da Formação Contínua 40 4.6.3. Avaliação de aprendizagem 41 4.6.4. Técnicas de avaliação de aprendizagem 42 4.6.5. Avaliação de satisfação dos formandos 43 4.6.6. A avaliação de Transferência 44 4.6.7. A avaliação dos resultados 46 4.6.8. Quem deve ser informado sobre os resultados da avaliação? 46 5. SISTEMA DE INFORMAÇÃO DA FORMAÇÃO CONTÍNUA (SIFO) 47 5.1. Recolha de dados das formações contínuas 47 5.2. Produção de Informação da formação contínua 47 5.3. Monitoria do SIFo 48 RESUMO 49 ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA UD 1 52 Actividade 1: Questionário para o levantamento das necessidades de formação contínua dos serventes do hospital 52 Actividade 2: Ficha de avaliação de competências 54 CASO PRÁTICO DA UD 1 55 Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde UD1 - Plano de formação contínua na saúde. 23 OBJECTIVO GERAL Elaborar um plano e organizar acções de formação contínua. Resultados de aprendizagem da unidade didática No fim desta Unidade o formando deverá ser capaz de: Fazer o levantamento das reais necessidades de formação contínua; Definir as necessidades de formação contínua; Elaborar um plano exaustivo de formação contínua; Organizar acções de formação contínua; Fazer a monitoria e avaliação e produzir uma matriz de recomendações. INTRODUÇÃO No âmbito do Plano Estratégico do Sector de Saúde (PESS 2014-2019), a formação contínua (FC) constitui uma vertente vital de recursos humanos da saúde inserida no sistema de apoio à prestação de serviços cujo principal propósito é criar condições necessárias para que os serviços de saúde possam ser devida e convenientemente prestados aos utentes do sistema. Neste contexto, a presente unidade didáctica que se debruça sobre a elaboração do plano de formação para o desenvolvimento de RH da saúde, constitui um contributo para orientar os gestores das unidades sanitárias na busca de soluções para melhorar o desempenho dos profissionais sob sua gestão. Esta primeira unidade, que versa sobre plano de formação contínua na saúde - elaboração, implementação e avaliação - está dividida em cinco capítulos com os seguintes conteúdos: No primeiro capítulo, apresentamos essencialmente o conceito, modalidades, tipos e importância de FC. No segundo capítulo, orientamos o formando de que modo se faz o diagnóstico e o levantamento de necessidades de FC. No terceiro capítulo, descrevemos os passos essenciais para a elaboração do plano de FC até a preparação da FC. No quarto capítulo, tratamos exaustivamente da componente de implementação da formação, considerando as acções formativas escolhidas, os objectivos definidos, conteúdos selecionados, metodologias, recursos necessários, gestão da logística, monitoria e avaliação da FC. Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde UD1 - Plano de formação contínua na saúde. 24 No quinto capítulo, abordamos a essência do sistema de informação (SIFo) da FC, mecanismos de recolha de dados, produção de informação bem como da monitoria e avaliação. 1. FORMAÇÃO CONTÍNUA DEFINIÇÃO A Formação Contínua é um processo sistemático e contínuo que visa fundamentalmente ampliar os índices de conhecimentos, capacidades e habilidades dos funcionários com objectivo de melhorar o seu nível de desempenho no cumprimento dos objectivos institucionais. Visa também desenvolver competências institucionais por meio de competências individuais. A formação contínua (FC) é um direito do trabalhador de saúde para o seu desenvolvimento na componente da elevação das suas habilidades profissionais. De acordo com o regulamento da FC (2004), a formação contínua é o processo de actualização e melhoria das competências profissionais específicas dos técnicos de Saúde ou das áreas gerais de apoio, de diferentes categorias, intervenientes directa ou indirectamente no processo de prestação de cuidados de saúde à população, vinculados ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), com a finalidade de melhorar o desempenho profissional e a obtenção dos resultados individuais e institucionais aos cada vez mais exigentes utentes do serviço nacional de saúde. As actividades de formação contínua estão alinhadas com as prioridades e políticas do MISAU plasmadas nos seus planos estratégicos. A FC está intricicamente relacionada com o desempenho dos trabalhadores nos serviços e com o cabal alcance dos objectivos de saúde. É necessária para melhorar a capacidade de resolver os problemas de saúde, melhorar o funcionamento e a integração das equipas, suplementar as deficiências da formação inicial, corrigir as práticas não baseadas na evidência, introduzir novas intervenções e programas e serviços. O sistema deve fornecer os meios, organizar e proporcionar a FC dos profissionais de saúde. Para tal, existem departamentos, secções e responsáveis para a FC em todos os níveis do MISAU/SNS. 1.1. Modalidades de Formação Contínua As modalidades básicas passíveis de uso efectivo na FC de acordo com as competências que os participantes deverão adquirir são: Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde UD1 - Plano de formação contínua na saúde. 25 Presencial no próprio local de trabalho. Presencial fora do local de trabalho do grupo alvo. O curso à distância. 1.1.1. Presencial no próprio local de trabalho Presencial no próprio local de trabalho: modalidade realizada no trabalho durante o horário laboral e conta com um supervisor ou facilitador - Formação em Serviço. 1.1.2. Presencial fora do local de trabalho Quando diversas actividades de formação contínua podem ser realizadas fora do local de trabalho, tais como: a) Workshop ou Oficina de Trabalho, forma interactiva de discussão de assuntos comuns para os participantes e é dirigido por um facilitador ou expositor. b) Seminário, técnicade ensino que inclui pesquisa, discussão e debate. Os participantes examinam colectivamente ou em grupos restritos, aspectos de um tema ou problema. A finalidade é mais formativa que informativa e é orientada por um ou vários facilitadores. c) Curso de Formação ou Actualização, modalidade de curso estruturado com a finalidade de aquisição de conhecimentos, capacidades e competências profissionais para um grupo de participantes, geralmente não excede 25 elementos que são guiados por facilitadores. d) Conferência, exposição oral científica, geralmente o conferencista apresenta um assunto específico, resultado de um estudo ou trabalho concluído. A apresentação é simples com poucos detalhes para que seja facilmente assimilado pelo público alvo. e) Simpósio, consiste em uma série de duas ou mais exposições breves, sobre diferentes fases de um mesmo tema, os expositores em cada aspecto do tema central não realizam debates entre eles para permitir a participação dos participantes, geralmente antecede a discussão em grupos; f) Teleconferência, modalidade de ensino à distância que dá oportunidade de uma relação multilateral e diálogos entre dois ou mais participantes que utilizam redes interactivas de computadores, bem como as redes de vídeo, áudio que podem ser locais, regionais, nacionais ou internacionais, ligados por cabo, micro-ondas ou satélites. 1.1.3. O curso à distância DEFINIÇÃO O curso à distância é a modalidade que utiliza recursos sistematicamente organizados auto-instrutivos apresentados em diversos suportes de informação, através de meios de comunicação. Há flexibilidade no horário na duração. É fornecido por instituições reconhecidas. Exige do formando uma elevada capacidade auto-didacta. Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde UD1 - Plano de formação contínua na saúde. 26 A identificação de necessidades de FC deve diferenciar claramente todos os factores que dificultam o desempenho adequado do profissional de saúde: por ex., falta de recursos (medicamento, equipamento, etc.), problemas de gestão e coordenação entre os departamentos e falta de seguimento e supervisão efectiva. Os conteúdos desenhados para as actividades de FC devem responder eficazmente às necessidades identificadas. É portanto oportuno integrar a FC no conjunto de actividades que visam melhorar a organização dos serviços com objectivos claramente delineados visando a elevação da qualidade de serviço prestado aos utentes. 1.2. Tipos de Formação Contínua Formação continua em saúde adoptará duas formas básicas de acordo ao nível de estrutura e formalização: 1. Formação contínua estruturada 2. Formação contínua não estruturada 1.2.1. Formação contínua estruturada DEFINIÇÃO A formação contínua estruturada é a instrução planificada, com desenho e organização específicos. A formação contínua estruturada deve ter claramente definidos: a. Objectivos de aprendizagem b. Competências a serem adquiridas/reforçadas c. Plano de formação plenamente desenvolvido d. Metodologias especificadas concordantes com os temas e. Carga horária f. Critérios explícitos e metodologia de avaliação g. Plano de monitorização h. Sistema de certificação A formação contínua estruturada deve ser registada no SIFo. Contemplam-se neste tipo de formação: a. A formação em sala de aula e/ou laboratório de prática. b. A formação estruturada em serviço. c. As práticas e estágios organizados. d. A educação estruturada àdistância. Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde UD1 - Plano de formação contínua na saúde. 27 A Formação contínua estruturada será expressa em termos de créditos educativos, e conduz a uma credível certificação da aprendizagem. 1.2.2. Formação contínua não estruturada DEFINIÇÃO A formação contínua não-estruturada é a formação que ocorre em forma rotineira no contexto das actividades normais dos trabalhadores de saúde nos serviços, incluindo os processos de supervisão. Este tipo de formação contínua usualmente não tem um plano de formação plenamente desenvolvido nem uma carga horária definida. A Formação contínua não-estruturada não inclui uma certificação da aprendizagem, nem registo. Contemplam-se neste tipo de formação: a. A supervisão apoiada b. A formação em serviço não estruturada; c. A formação não estruturada à distância (por exemplo consultas a fontes de informação virtuais, inter-consulta à distância usando tecnologia informativa, e outros similares). 1.3. Importância da Formação Contínua A formação contínua em Saúde procura melhorar o processo de trabalho com vista a oferecer melhor qualidade de serviços, visando alcançar a equidade na pestação dos cuidado de saúde, tornando-se mais qualificados e humanizados para o atendimento das crescentes necessidades à população. Assim, a formação contínua parte da reflexão sobre a realidade do serviço e das necessidades existentes para formular estratégias que ajudem a solucionar os problemas detectados. Deste modo, a formação contínua é considerada a educação no trabalho, pelo trabalho e para o trabalho nos diferentes serviços. 2. DIAGNÓSTICO E DEFINIÇÃO DAS NECESSIDADES DE FORMAÇÃO A formação, tal como foi apresentado o conceito anteriormente é um processo sistemático, dividido em fases, em cada uma das quais deverá tomar decisões e levar a cabo um conjunto de acções. Estas fases estão interligadas entre si e a omissão de qualquer uma delas poderá pôr em causa o alcance dos objectivos, estrategicamente delineados. Curso de formação contínua para saúde Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde UD1 - Plano de formação contínua na saúde. 28 Avaliação de Desempenho Perfil de competências Definição de Necessidades de Formação Comparação entre os perfis Pedidos de formação Análise das necessidades de formação Elaboração do plano de Formação Implementação da Formação A figura ilustra as etapas para a realização de formação contínua 2.1. Avaliação de Desempenho Toda acção de formação contínua numa determinada instituição, deve partir do conhecimento profundo do nível de desempenho dos funcionários ou trabalhadores no exercício das suas actividades específicas, com vista a definir as necessidades de formação presentes e futuras. Para avaliar o desempenho, há que definir o perfil de competências que são o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para desempenhar efectivamente determinadas tarefas. Todas funções possuem um determinado conjunto de valências e competências que definem aspectos específicos e chaves sobre o conhecimento, habilidades, atitudes e outras valências necessárias para o desempenho eficiente e eficaz das tarefas. Assim, a avaliação do nível de desempenho consiste em analisar os requisitos para a realização das tarefas bem como o desempenho profissional daqueles que desenvolvem essas tarefas. Devem-se identificar as lacunas, fazendo comparação entre as competências existentes com as requeridas. Uma vez conhecido o desempenho, partiremos para a definição de necessidades específicas de formação. 2.2. Definição de Necessidades de Formação Com os resultados que advêm da avaliação do nível de desempenho levado acabo pela instituição ao funcionário, determinam-se as necessidades de formação que surgem a partir das lacunas evidenciadas no exercício de tarefas por parte do funcionário. Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde UD1 - Plano de formação contínua na saúde. 29 A definiçãodas necessidades de formação pode ser feita com base nos seguintes elementos: Comparação entre os perfis Pedidos de formação Análise das necessidades de formação Após a verificação destes elementos, será necessário realizar um estudo rigoroso e sistemático para avaliar a informação contida nas fichas de avaliação e verificar as reais necessidades de formação dos funcionários observando as seguintes fases: Definir a amplitude do estudo Determinar as fontes de informação Definir o método de recolha de dados Recolher a informação Analisar os resultados Elaborar a matriz de necessidades 2.2.1. Definição da amplitude do estudo Será necessário determinar sobre a pertinência de se ter o conhecimento em torno das necessidades de toda a instituição? Duma área concreta? A uma direcção ou unidade (por exemplo Direcção administrativa) ou são as que apresentam um grupo de profissionais (por exemplo, serventes). 2.2.2. Determinar as fontes de informação São múltiplas fontes que estão à disposição dos responsáveis da àrea de formação para lhes permitir diagnosticar as necessidades imediatas que existem na instituição. Em geral podem ser agrupadas em dois principais vectores: Fontes Directas Fontes Indirectas - Supervisores e Gestores - Funcionários - Sindicatos - Pacientes - Utentes - Conflitos; -Absentismo e rotação; Quadro: Fontes de informação Fontes Directas DEFINIÇÃO As fontes directas são aqueles que permitem receber directamente informações sobre as necessidades de formação existentes nas organizações Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde UD1 - Plano de formação contínua na saúde. 30 Podem ser: Os Supervisores e Gestores: os que podem informar sobre as necessidades de formação próprias, de seus colaboradores, superiores e companheiros com base nos problemas de eficácia, eficiência e segurança detectados no trabalho diário. Os Funcionários: os que podem informar sobre as necessidades de formação próprias, de seus colaboradores, superiores e companheiros com base nos problemas detectados no trabalho. Os Representantes Legais dos Trabalhadores: que podem informar sobre os problemas detectados por eles mesmos (ou através das queixas ou sugestões de seus representados) e que podem ser solucionadas através da formação. Fontes indirectas DEFINIÇÃO As fontes indirectas são as que proporcionam informações que se utilizam para outros fins dentro da instituição, mas que, de forma indirecta podem proporcionar dados úteis sobre a existência de possíveis necessidades de formação. Destacam-se os seguintes: Utentes: as queixas e sugestões de utentes, em muitas ocasiões, proporcionam informações válidas para detectar necessidades de formação. Conflitos: os conflitos interdepartamentais, interpessoais, etc, podem ser um válido indicador de possíveis necessidades de formação numa ou várias partes envolvidas. As necessidade de formação podem estar relacionadas ao conteúdo do trabalho ou a competência da relação interpessoal, como por exemplo, a comunicação, negociação, etc. Absenteísmo e Rotatividade: são índices que podem chamar atenção à possíveis problemas motivacionais e de necessidade de formação nos trabalhadores. As informações recolhidas de fontes indirectas proporcionam indicações, havendo necessidade de complementar com os dados recolhidos de fontes directas, antes da definição das necessidades de formação existentes na instituição. Portanto, é conveniente usar maior número possível de informações de fontes de informação e, com cada uma delas, utilizar o método mais adequado de recolha de dados. A este ponto, será necessário determinar se, se irá solicitar informação a todos os funcionários, independentemente, do sector de trabalho a que eventualmente estejam afectos Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde UD1 - Plano de formação contínua na saúde. 31 ou à actividade que desempenhem, onde poderá se seleccionar uma amostra ou simplesmente recolher a informação que proporcionam os supervisores e gestores uma faceta realística dos desafios primordiais. 2.2.3. Definir o método de recolha de dados Como certamente devem saber que não existe um método de recolha de dados melhor que o outro, podemos certamente concluir que o método que melhor se adequa a uma situação específica é aquele que proporciona a informação que se precisa, observando os seguintes factores: O tipo de informação a recolher; O tipo de registo de dados; O tempo disponível para a elaboração do plano. Esta informação determinará o método ou a combinação de métodos mais adequados para a elaboração do plano de formação contínua. Em geral os métodos de recolha de informação mais utilizados são os seguintes: 2.2.3.1. Questionário Quando se pretende conhecer as necessidades de formação de um conjunto amplo de sujeitos, em curto espaço de tempo e com um custo económico relativamente mais baixo. O questionário é o método adequado de recolha de dados. Existem distintos tipos de questionários: Estruturados: composto por uma série de itens fechados (do tipo SIM/NÃO, de escolha forçada, etc.) que o funcionário ou superior hierárquico devem responder. E ainda, deve-se ordenar as distintas necessidades por ordem de prioridade e de urgência, Os questionários estruturados permitem que os dados sejam rapidamente estruturados e interpretados, assim como permite analisar um grande número de dados de forma rápida e económica, contudo é muito limitado, uma vez que somente permite responder unicamente às questões pré-elaboradas. Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde UD1 - Plano de formação contínua na saúde. 32 EXEMPLO O questionário apresenta afirmações relacionadas ao seu trabalho como planificador. Solicitamos que indique, para cada uma delas o seu nível de conhecimento e em que medida representam um comportamento importante para o seu trabalho como administrador. (destaque com círculo as respostas que considere mais adequadas em cada opção). Nível de Conhecimento 1. Baixo 2. Suficiente 3. Normal 4. Bom 5. Excelente Grau de Importância 1.Menos importante 2.Importante 3.Muito importante 1. Planificar, implementar e avaliar actividades hospitalares 1 2 3 4 5 1 2 3 2. Elaborar um plano de manutenção preventiva de equipamentos 1 2 3 4 5 1 2 3 3. Organizar sistematicamente a limpeza 1 2 3 4 5 1 2 3 4. Seleccionar e definir o destino do lixo hospitalar 1 2 3 4 5 1 2 3 Questionários Abertos: DEFINIÇÃO São questionários em que se pede ao sujeito activo que responda com suas próprias palavras às perguntas que se lhe colocam. Este método não facilita a sistematização e interpretação das respostas bem como exige que a pessoa que o responde tenha uma alta capacidade de compreensão, síntese e redacção, porque habitualmente as informações obtidas são muito genéricas EXEMPLO Indique, por favor, que documentos são necessários para a previsão orçamental duma instituição de saúde: Quais deles, considera que deveria receber formação para desenvolver seus conhecimentos. Por favor, indique a importância que tem para si um dos conhecimentos (Menos importante, importante ou muito importante) Misto: DEFINIÇÃO É o questionário que se inclui itens abertose fechados. Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde UD1 - Plano de formação contínua na saúde. 33 O princípio para a elaboração do questionário é que se deve incluir as instruções necessárias para que os sujeitos não tenham dúvidas ao preenche-lo. É importante não esquecer que tais instruções devem ser claras e muito concretas, é, também, necessário que o questionário seja acompanhado por uma carta de apresentação, em que devem ser inseridas as seguintes informações: As razões por que se envia o questionário; A importância que tem seu correcto preenchimento para desenvolver planos de formação contínua adaptada às necessidades concretas de cada pessoa. Indicação de quando e como deverá enviar o questionário; Agradecer a colaboração prestada. 2.2.3.2. A entrevista As informações são recolhidas através duma entrevista individual que, habitualmente, se realiza ao ocupante do posto e/ou ao seu superior hierárquico e deve ser semiestruturada, isto é, parte dum esquema pré estabelecido, mas o entrevistador tem liberdade para organizá-la e para desenvolvê-la. A entrevista permite recolher grande quantidade de informações, possibilita discutir e esclarecer todas as dúvidas que surgem no seu decurso. Por outro lado, a sua desvantagem está no seu custo, devido ao tempo que implica a recolha de informações e as dificuldades para a análise de dados, já que as informações são em sua maioria de tipo qualitativo. ATENÇÃO Para se evitar ambiguidade nas respostas, devem ser evitadas perguntas como: que necessidades de formação têm em relação ao seu sector de trabalho? Ou que tipo de erros podem ser cometidos em seu sector de trabalho e que poderiam ser eliminadas, tendo uma formação? As mais prováveis respostas para perguntas desta natureza seriam: não tem nenhum tipo de necessidade de formação e em seu posto de trabalho não comete erros relevantes. 2.2.4. Informar à instituição Nesta fase o administrador deverá comunicar a todos os funcionários envolvidos no estudo, os supervisores e gestores, assim como aos representantes legais, já que irão actuar como: Canalizadores de informação Motivadores para facilitar a colaboração dos funcionários Fontes de informação para os técnicos que levam a cabo os projectos. Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde UD1 - Plano de formação contínua na saúde. 34 2.2.5. Recolha de dados Nesta fase aplica-se o método seleccionado para a recolha de dados. 2.2.6. Analise dos resultados e elaboração da matriz das necessidades Os dados recolhidos serão tanto de tipo qualitativo (as necessidades de formação), como quantitativo (o número de pessoas que possui cada necessidade). A análise de dados deverá ser muito simples e não requer procedimentos estatísticos complexos. Os resultados do diagnóstico das necessidades de formação facilitarão a definição dos objectivos de formação a curto, médio e longo prazo, uma vez que proporcionam informações específicas sobre as competências que serão necessárias que se adquiram, desenvolvam, activem e/ou inibam perante o desenvolvimento das acções formativas. Portanto, as acções de formação deverão ser planificadas e minuciosamente programadas se realmente se pretende trabalhar com efectividade. A figura que se segue apresenta a ilustração das fases a seguir para a definição de necessidades de formação em função dos passos acima descritos. Fases para determinação das necessidades de formação. Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde UD1 - Plano de formação contínua na saúde. 35 3. ELABORAÇÃO DO PLANO DE FORMAÇÃO CONTÍNUA Todo o plano anual deve considerar as actividades de Formação Contínua aprovadas pelas respectivas autoridades de saúde, para as coordenações julgadas pertinentes. Entretanto, as unidades operativas de Formação Contínua aos mais diferentes níveis deverão elaborar informes trimestrais sobre o processo de desenvolvimento das acções de Formação contínua. Os informes trimestrais deverão ser remetidos dentro de 15 dias após o fim de cada trimestre ao gabinete imediatamente superior, para efeitos de conhecimento e fins pertinentes de consideração. 3.1. Preparação de um Plano de Formação Cada área ou programa, depois do levantamento de necessidades de Formação deve: 1. Elaborar a lista de necessidades identificadas, 2. Priorizar as actividades vpor realizar segundo os modelos acima descritos bem como os financiamentos disponibilizados para a sua execução, 3. Determinar as metodologias, recursos humanos, materiais e financeiros, e locais de implementação para cada acção de formação, 4. Calendarizar a execução da acção de formação. As actividades de formação devem constar no plano de formação da componente ou programa e no plano de formação contínua do programa, província ou distrito. A preparação de um plano provincial de formação contínua implica a coordenação com os programas e componentes que identificaram acções de formação por implementar. O plano deve conter as seguintes colunas: Modalidade da acção de formação, Objectivos, Responsável da acção de formação, Grupo alvo, Período, Orçamento, Financiador. Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde UD1 - Plano de formação contínua na saúde. 36 O plano é inserido no Plano Anual (PES) aprovado pela Direcção Provincial de Saúde. Os parceiros locais são convidados para determinar responsabilidades e apoio na execução das actividades. Grupo Alvo Necessi- dade de formação Objecti- vos da formação Respon- sável Período Orçamento Financia- dor Modali- dade Adminis- trativos Inglês Melhorar a comunica- ção (oral e escrita) com parceiros de cooperação Chefe de Repartição de Formação Contínua 3 meses 5,000.00 USAID Presencial Manutenção do equipa- mento Assegurar o funciona- mento do equipamen- to hospitalar Chefe de Repartição de Formação Contínua 6 meses 12,000.00 Orçamento Estado (OE) Presencial Supervisão do ambiente hospitalar Garantir a segurança no trabalho IDF 2 dias 5,200.00 OE Presencial Atenção ao paciente Reduzir o tempo de espera IDF 5 dias 16,000.00 USAID Presencial Serventes/ Enfermeiros /administra- tivos PCI Reduzir o risco de contami- nação Chefe do Programa PCI 2 dias 100,000.00 UE (União Europeia) Presencial Modalidade da Acção de Formação A modalidade da acção de formação responde as necessidades identificadas no processo de levantamento necessidades. Objectivos Os objectivos incluem as habilidades e conhecimentos que o trabalhador deve adquirir através do curso. Responsável da Acção de Formação O promotor da acção de formação é o responsável da actividade e pode incluir um grupo de facilitadores, Chefe do Programa, Chefe da Repartição de FC ou uma instituição de formação, por exemplo Centros de Formação de Saúde. Grupo Alvo O grupo alvo inclui o número e categoria de profissionais de saúde que participam na formação. Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde UD1 - Plano de formação contínua na saúde. 37 Período e Duração As actividades são calendarizadas ao longo do ano planificado. Mas algumas actividades podem ser realizadas várias vezes por ano dependendo do número de formandos que se espera atingir ou se a actividade for também realizada em outras áreas geográficas. Orçamento Nesta coluna afigura-se vitala inclusão do montante que será necessário para a realização da acção de formação. Financiador Cada actividade de formação é assegurada por um financiador, o nome do mesmo deve necessariamente constar nesta coluna. 3.2. Preparação de Uma Acção de Formação A primeira prioridade de qualquer acção de formação é elaborar o orçamento para garantir que todas as despesas da formação tenham fundos assegurados: desenho, implementação, avaliação e seguimento. Os aspectos a ser tomados em conta na preparação de cada uma das acções de formação são: O grupo Alvo; O conteúdo do Programa; Estratégia Geral de Formação; Recursos Humanos e Materiais; Local e Duração; O Sistema de Avaliação Durante e no Fim do Treino; Seguimento e Avaliação do Desempenho do Formando. 4. IMPLEMENTAÇÃO DA ACÇÃO DE FORMAÇÃO CONTÍNUA O desenvovimento de uma acção de formação deve acontecer quando o organizador assegurar ter já reunido os seguintes elementos: Determinação dos objectivos; Determinação das metodologias a utilizar; Determinação dos recursos necessários; Desenvolvimento de um orçamento; Gestão da logística; Formas de monitoria e avaliação. Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde UD1 - Plano de formação contínua na saúde. 38 4.1. Determinar Objectivos Os objectivos devem responder às necessidades identificadas de formação contínua. Os objectivos devem incluir as habilidades ou capacidades que o trabalhador deve adquirir ou elevar suas competências através da capacitação visando o alcance dos resultados que se esperam dos formandos. 4.2. Determinar a Metodologia e Técnicas A metodologia e técnicas a utilizar ao longo do curso de FC dependem do grupo alvo visado no treino, os objectivos e o conteúdo do curso entre outros factores. A “arte” de educar adultos consiste em “saber ensinar”:não em pôr ideias nas pessoas, mas sim em saber extrair das experiências que elas trazem consigo. Os adultos possuem uma grande quantidade de experiência directa em relação a uma grande variedade de assuntos. Isto significa que os estudantes adultos trazem consigo certas ideias, atitudes e opiniões sobre o conteúdo do curso. Neste caso, os diferentes métodos dinâmicos e interactivos dão melhores resultados. Os padrões mínimos de qualidade de desempenho de acordo com o programa e outros padrões profissionais existentes terão que ser desenvolvidos no curso, o qual prevê o tempo necessário para praticar até assegurar a aquisição dos níveis básicos requeridos. 4.3. Determinar os Recursos Necessários Os recursos necessários variam dependendo das características da modalidade de FC e da metodologia utilizada. Os recursos compreendem desde os facilitadores qualificados que desenvolverão a formação até os materiais didácticos requeridos para a mesma. É útil a elaboração de um inventário do material necessário para o treino incluindo os impressos de ficha de inscrição de participantes, dos facilitadores, avaliação do curso e dados do curso tomando em conta o número de participantes ao curso e de facilitadores, número de materiais de treino, de apoio, equipamento necessário, sala de aula e local das prácticas. Recomenda-se que o número de participantes por curso seja de 20-25 formandos. O número de Facilitadores seja de 4 por curso. Isto é 6 a 7 participantes por facilitador. Cada curso deve ter uma equipa de facilitadores, coordenador (que simultaneamente pode realizar actividades de facilitação) do curso e uma equipe de apoio logístico e administrativo. É importante que haja reuniões prévias para uma exaustiva distribuição das tarefas aos membros da equipa e assegurar o sucesso do curso. Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde UD1 - Plano de formação contínua na saúde. 39 Os materiais de formação são padronizados para todo o País. O material de escritório dependerá do tipo e metodologia da formação a ser aplicada. Contudo para as actividades teóricas recomenda-se a inclusão de cadernos, canetas, crachás, bloco gigante, marcadores, folhas A4, cartolinas para os certificados ou exercícios, bostik ou fita cola, entre outros. 4.4. Elaborar o Orçamento O orçamento deverá ser detalhado, tomando em conta os recursos humanos e materiais necessários. O orçamento deve incluir: Perdiems ou ajudas de custo para participantes e facilitadores (se necessário) Viagens, se forem necessárias para os participantes e facilitadores (transporte aéreo e terrestre). Lanches segundo as normas do MISAU. Material didáctico, Aluguer da sala e de equipamento (se for necessário); Transporte para os campos de estágio bem como actividades imprevistas. 4.5. Gestão de Logística O sucesso da acção de formação depende da logística que assegura o apoio para o decurso do curso. Os participantes e os facilitadores necessitam de alimentação, acomodação (se for necessário) e de transporte. O coordenador do curso deverá preparar uma lista de verificação das actividades necessárias para o curso que incluem: Todas as actividades a realizar antes, durante e após a capacitação. Os recursos necessários. Os responsáveis para cada actividade. A data limite para a execução das actividades. Uma vez elaborada a lista de actividades necessárias, deve ser distribuida entre os membros da equipa de Facilitadores e cada responsável terá acesso a uma cópia da lista para assegurar o cumprimento e seguimento cabal das suas tarefas. 4.6. Monitoria e Avaliação A avaliação é um processo dinâmico que se inicia quando os objectivos do treino são desenvolvidos. A monitorização é realizada durante o processo do treino: No início é importante recolher os dados dos participantes, quer do nível de conhecimentos e habilidades através de pré-teste quer das expectativas sobre o treino e seus dados gerais e do local de trabalho para documentar a sua participação. Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde UD1 - Plano de formação contínua na saúde. 40 Durante o treino, os facilitadores recolhem informação dos participantes para avaliar os materiais e metodologias utilizadas no treino através do seu desempenho durante os exercícios orais e escritos, o registo da assistência ao curso, correcções dos exercícios e do desempenho individual contribuem no processo da avaliação durante o treino. No fim do treino, os participantes avaliam as diferentes componentes do curso: materiais, conteúdo, metodologia utilizada, logística e o desmpenho dos Facilitadores. Também os participantes são avaliados através de um pós-teste. Os resultados são comparados com o pré-teste para concluir sobre o impacto imediato do treino. A qualificação dos participantes no final de treino é realizada tomando em conta seu desempenho e deverá constar no verso do certificado. 4.6.1. Desenhar e escolher os critérios de avaliação O desenho do curso deverá concretizar: Os momentos em que se realizará a avaliação (o início da acção de formação, durante a mesma, ao final, ao reintegra-se no sector de trabalho; etc) Os métodos de avaliação que se irão aplicar (questionários, entrevistas, observações, provas situacionais, etc) Elementos que serão avaliados (a satisfação dos participantes, a aprendizagem, o formador, a aplicabilidade concreta no trabalho, etc). Temas que serão abordados com profundidade no próximo capítulo. 4.6.2. Avaliação da Formação Contínua Um dos aspectos fundamentais na elaboração do plano é determinar o seguimento e avaliação que se irá fazer à acção de formação. Assim, deverão ser considerados todos os níveis de avaliação: avaliação imediata(de satisfação e de aprendizagem) e a avaliação da eficácia da formação (avaliação da transferência e avaliação dos resultados). O artigo 34 do Regulamento da Formação Contínua em Saúde refere que, as acções de FC são avaliadas pelo formando, pelo formador, entidade formadora ou gestor do programa de saúde de modo a permitir a análise da sua adequação aos objectivos previamente definidos e dos resultados esperados. E quanto à certificação deve ser levada a cabo pela entidade formadora e a IdF, desde que estejam satisfeitos os critérios e as condições de frequência e de aproveitamento definidos. SABER MAIS Para mais detalhes, sobre critérios e as condições de frequência e de aproveitamento definidos, consulte o Regulamento da Formação contínua em saúde, 2014. Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde UD1 - Plano de formação contínua na saúde. 41 Não serão certificadas as acções de formação que não se enquadrem na referida norma. Isto é, os formandos cujo aproveitamento ou desempenho seja inferior a 70% e sua participação no curso esteja abaixo de 90% não serão sujeitos à certificação. 4.6.2.1. Avaliação Imediata DEFINIÇÃO A avaliação imediata é a que se realiza durante a acção de formação, ou imeditamente depois de finalizada. O objectivo é verificar até que ponto os formandos terão adquirido as competencias incluidas nos objectivos definidos para a sua realização. Assim, com esta avaliação se conhecerá a opinião dos participantes sobre o desenvolvimento do curso. 4.6.2.2. Avaliação da eficácia da formação DEFINIÇÃO A avaliação da eficácia da formação é o grau em que se alcançam os objectivos fixados em função da formação desenvolvida, isto é, o grau em que a função da formação permitiu que a instituição disponha das competências necessárias num nível, lugar e momento adequados. Verifica-se se os participantes do curso são capazes de aplicar os conteúdos de acção de formação ao seu posto de trabalho? Se sim, melhoram as suas competências, sua eficácia, sua segurança no trabalho? Melhoram a eficácia da organização? Nesta fase destacam-se : A avaliação da eficácia de formação 4.6.3. Avaliação de aprendizagem É o processo sistemático que permite medir ou questionar o nível da mudança de comportamento produzido nos formados e atribuir-lhe à formação recebida. A avaliação de aprendizagem permite: Questionar em que medida os formandos terão desenvolvido os comportamentos inclusos nos objectivos da acção de formação. Conhecer as dificuldades ou obstáculos que surgem durante a acção de formação e que tenham impedido o alcance dos objectivos definidos de aprendizagem. A avaliação de aprendizagem A avaliação da transferência A avaliação dos resultados O que os formandos apreenderam O conteúdo que se aplica no trabalho Os resultados obtidos com o conteúdo aplicado Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde UD1 - Plano de formação contínua na saúde. 42 Planificar transferência das competências adquiridas ao posto de trabalho. Planificar o seguimento dos participantes e o desenvolvimento de planos de melhoria em seus postos de trabalho. LÉMBRA- TE Os resultados de avaliação de aprendizagem são um dos indicadores do grau de eficácia dos programas e acções de formação e, portanto, da qualidade da formação desenvolvida. 4.6.4. Técnicas de avaliação de aprendizagem A avaliação de aprendizagem pode ser feita usando as seguintes técnicas: 1. Questionários de perguntas abertas: nas quais se formula uma série de perguntas abertas e se solicita aos participantes que escrevam suas respostas de forma narrativa. EXEMPLO 1. Define o termo formação contínua. 2. Descreve as fases do processo de elaboração do plano de formação 2. Questionários de perguntas fechadas: esta técnica evita erros na correcção. EXEMPLO 1. Das seguintes técnicas, assinala as mais adequadas para a avaliação da aprendizagem de competências desenvolvidas durante a acção de formação: a) Exames de conhecimento b) Provas situacionais c) Entrevista individual 2. O processo sistemático permite medir o nível de modificação do comportamento produzido nos formandos e que é atribuído a formação recebida, denomina-se a) Avaliação de aprendizagem b) Avaliação de satisfação c) Avaliação de transferência 3. Verdadeiro ou falso: apresenta-se uma série de afirmações de onde se solicita ao formando que determine se a mesma é verdadeira ou falsa. EXEMPLO O momento mais adequado para levar acabo a avaliação de aprendizagem é sempre depois da acção de formação . a) Verdadeiro b) Falso Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde UD1 - Plano de formação contínua na saúde. 43 4.6.5. Avaliação de satisfação dos formandos Permite conhecer suas opiniões sobre o desenvolvimento da acção de formação e sobre os objectivos alcançados, isto é, permite saber se o programa gerou uma reacção positiva no formando. EXEMPLO FICHA DE AVALIAÇÃO ACTIVIDADE: FORMAÇÃO SOBRE …………….. PERÍODO: ____ / ____ / _____ A ____ / ____ / _____ LOCAL DO CURSO: Critérios de Avaliação: 5. Excelente 4. Muito Bom 3. Bom 2. Regular 1. Insatisfatório Assinale com X a alternativa mais adequada à sua avaliação para cada item, sendo que 1 Corresponde ao valor mais baixo e 5 ao valor mais alto. Nº QUESTIONARIO AVALIAÇÃO 5 4 3 2 1 CONTEÚDO DO CURSO 1. Conteúdos 2. Distribuição entre a teoria e a prática 3. Importância e abrangência dos conteúdos FORMADOR/FACILITADOR 4. Domínio de Conhecimento 5. Didáctica na Apresentação da Matéria 6. Organização das Aulas 7. Receptividade/Atenção para com os Participantes 8. Esclarecimento de Dúvidas 9. Dinamismo e Utilização do Tempo 10. Estímulo à Participação e ao Diálogo MATERIAL DIDÁCTICO 11. Textos de Apoio 12. Actividades/Exercícios 13. Apresentações LOGÍSTICA 14. Instalações físicas 15. Alimentação 16. Recepção dos Participantes Sub-módulo 14.1 Formação de recursos humanos em saúde Ministétio da Saúde UD1 - Plano de formação contínua na saúde. 44 1. Aspectos positivos, o que mais gostou, o que deve permanecer: ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 2. Aspectos que podem ser melhorados nos próximos encontros, sugestões de possíveis mudanças: ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 3. Sugestões de temas/assuntos para os próximos encontros: ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ATENÇÃO Após a realização da formação e preenchimento da respectiva
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