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04A - O Pacto pela Saúde de 2006 novos rumos para as políticas públicas de saúde

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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
1 
Projeto Pós-graduação 
Curso Saúde Pública com ênfase na Saúde da Família 
Disciplina Políticas públicas de Saúde 
Tema 
O Pacto pela Saúde de 2006 – novos rumos para as 
políticas públicas de saúde 
Professor Tânia Maria Santos Pires 
 
Introdução 
Olá! 
O desenvolvimento das políticas públicas de saúde é um processo que 
vem sendo construído ao longo do tempo e modificado ao longo do tempo, de 
acordo com as diferentes necessidades que se apresentam. 
Nesse sentido, a revisão proposta pelo Pacto pela Saúde de 2006 torna-
se um marco para a organização de prioridades e estratégias de ação, de 
modo a garantir o desenvolvimento das políticas públicas de saúde em todo 
território nacional. 
(vídeo disponível no material online) 
 
Problematização 
Santarém, Pará, 1998. 
Dr. Severino Giovanetti dos Santos Filho completa 10 anos de formado, 
tem 35 anos de idade e está apaixonado. Ele costumava dizer que era 
apaixonado pela medicina, pelas pessoas, pela vida, mas agora tem que 
admitir que não saberá mais viver sem Jarana. 
Jarana é enfermeira na comunidade de Alter do Chão, um dos distritos 
da cidade de Santarém, no Pará. Seu rosto de traços indígenas marcantes, 
lindos cabelos de fios grossos, longos e negros, remetem aos seus 
antepassados tupaiús, tribo que ocupava aquela região desde a época do 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
2 
descobrimento, assim como o seu nome, que homenageia uma árvore da 
Amazônia. 
Jarana não conheceu seu pai, mas sua mãe contou-lhe que fora ele que 
escolhera seu nome em homenagem a essa arvore nativa, que gera uma 
madeira muito dura, forte e com alta resistência natural ao ataque de insetos e 
fungos. Seu pai era seringueiro e morreu quando ela era ainda recém-nascida. 
Foi criada pela mãe e pelos avós, mas sua mãe também faleceu em 
consequência de calazar e diversas malárias, quando Jarana tinha 7 anos. 
Jarana gostava do seu nome e desde criança dizia para si mesma o 
quanto iria ser tão forte quanto a árvore jarana (Holopyxidium jarana). Ela não 
imaginava quão forte ela precisaria ser ao longo da vida. 
Seu sonho e paixão era cuidar de pessoas. Sua avó era conhecida 
parteira e benzedeira da região e, por isso, Jarana cresceu sabendo sobre os 
óleos de andiroba e copaíba, que serviam para tudo, desde alergias de pele a 
piolhos, como também sobre as diversas ervas que sua avó usava nos chás. 
Quando uma mulher ia dar à luz, sua avó se mudava para a casa da 
família naquela semana para atendê-la e, depois que nascia o nenê, sua avó 
ainda ficava lá preparando o pirão de peixe, orientando quais comidas eram 
permitidas, inclusive quais peixes poderiam ser usados ou não na alimentação 
das parturientes, pois não poderia usar comida “reimosa1” para uma “mulher 
parida2”. Em todas essas vezes, Jarana acompanhava sua avó e a auxiliava na 
prestação desses cuidados, e foi assim que percebeu que era isso que queria 
fazer na vida. 
Foi difícil deixar sua avó, mas foi morar com uma de suas tias em 
Santarém para conseguir fazer o segundo grau, e depois passou na UFPA para 
cursos a Faculdade de Enfermagem. 
 
1 Expressão regional que significa comida que pode provocar inflamação no corpo. 
2 O norte não teve influência de outros grupos europeus, portanto o português falado 
guarda muito da originalidade linguística e de expressões que são pouco conhecidas 
no sul e sudeste, os quais sofreram influencias de outras línguas europeias. 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
3 
Foram tempos difíceis morando em Belém, na casa de outra tia e 
madrinha. Pouco dinheiro, cidade grande, mas finalmente formou-se, fez um 
concurso do Estado e foi nomeada para Santarém, mas sua vontade ainda era 
trabalhar em Alter do Chão. 
 Na sua formação, ela especializou-se em Obstetrícia, mas queria uma 
ação mais abrangente na comunidade, e em 1996 ela foi designada para atuar 
em Alter do Chão, sua região natal. 
A pequena Unidade de Saúde estava sendo inaugurada com o PACS. 
Ainda não tinham uma equipe completa e ela sabia que seria muito difícil ter 
um médico fixo ali. Em tempos de eleição, vinha um médico de Belém ou 
Santarém e ficava por lá um final de semana, mas, na maioria das vezes, eles 
não tinham médico, realidade a qual Jarana conhecia há muito tempo. 
De repente, chega por lá um jovem médico, alegre, brincalhão, atencioso 
com as pessoas. Pela fala, ele vinha do Sul. Chegou dizendo que estava 
realizando o grande sonho da vida dele, que era trabalhar num lugar como 
aquele. Jarana não acreditou muito a princípio. Apostou silenciosamente que 
ele não ficaria um mês, mas passou o tempo e ele permaneceu. 
Ela passou a admirá-lo, respeitá-lo profissionalmente e percebeu que ele 
também nutria os mesmos sentimentos por ela. Ele perguntava a opinião dela 
sobre as doenças, pedia ajuda e valorizava muito quando ela usava o 
conhecimento de sua avó com as ervas. Eles estudavam juntos algumas 
doenças, planejavam ações na comunidade e trabalhavam bastante. 
Aos finais de semana, Dr. Severino não saía da comunidade, mas 
gostava de explorar a floresta, visitar as comunidades ribeirinhas. Ele 
conseguia mobilizar as pessoas, falava de cidadania, preocupava-se com o 
trabalho, com a escola, com as casas, e era uma preocupação genuína nele, e 
dizia sempre que tudo isso resultava em saúde e doença, talvez mais que 
malária ou outras doenças. 
Um dia, enquanto cruzavam o azul do Rio Tapajós num pequeno barco, 
para visitar uma comunidade ribeirinha, na frente de suas agentes comunitárias 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
4 
de saúde, Dr. Severino diz que ama Jarana e que quer se casar com ela. Eles 
nem namoravam, mas ele já a pediu em casamento. Poderia parecer meio 
clichê o médico casar com a enfermeira, mas o que fazer se eles se 
apaixonaram? 
Eles se casaram e agora nasceu sua filhinha Antônia, nome escolhido 
por Severino, mantendo a tradição das “Antônias” na sua família. 
Eles continuam trabalhando muito, mas sentem-se frustrados porque 
não têm tido remédios na Unidade de Saúde, principalmente os que não 
podem faltar, de uso continuo. 
Os profissionais da saúde querem implementar a Assistência Pré-natal 
com mais qualidade e elaboração de protocolos. Querem um hospital de 
referência mais próximo para que as gestantes possam ser atendidas no parto, 
mas o município-sede não tem dado as respostas necessárias. 
De que forma eles poderiam ter suas reivindicações atendidas pela 
Secretaria de Saúde do seu município? 
Não responda agora. Vamos voltar ao conteúdo teórico do nosso 
tema e, ao final, retomaremos a nossa história e apresentaremos as 
possibilidades de solução para o problema. 
(vídeo disponível no material online) 
 
 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
5 
A municipalização da saúde 
Após as reformas institucionais que modificaram o sistema de saúde, o 
maior passo que impactou na prática da assistência à saúde foi a 
implementação da Rede de Atenção à Saúde Básica (RAS), sobretudo com a 
Estratégia Saúde da Família. Porém, além da criação de programas, havia a 
necessidade de estruturar diretrizes legais de assistência e de gestão para a 
melhor distribuição dos recursos e o monitoramento da execução e da 
qualidade dos programas. 
A municipalização da saúde trouxe mais recursos aos municípios, 
juntamente com o aumento da responsabilidade. Prefeitos e gestores da 
saúde, sobretudo dos pequenos municípios, sentiram-se perdidos quanto as 
suas novas atribuições. 
Para organizar o sistema de gestão, destacam-se duas normativas que 
delinearam o sistema de gestão naquele momento: a NOB 96 (Norma 
Operacional Básica) e a NOAS 2002 (Norma Operacional de Assistência à 
Saúde). 
 
NOB 96 
A NOB 96 modificou o sistema de pagamentodas ações municipais, até 
então baseado no antigo modelo de pagamentos por produção. O modelo de 
transferência de recursos por implantação de programas, principalmente 
aqueles que tinham mais impacto na população como o PACS e PSF, 
incentivou a ampliação destes, com transferência de recursos diretamente do 
Fundo Nacional de Saúde para o Fundo Municipal de Saúde. 
Os recursos destinados aos municípios passaram a se basear no 
número de habitantes do município, obedecendo a uma lógica de 
compromissos fixados pelo gestor municipal e a habilitação do município ao 
sistema de gestão proposto, ou seja, gestão plena do sistema municipal, ou 
gestão plena da atenção básica. 
 
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6 
A partir de 1996, fortaleceu-se as decisões pactuadas pelas comissões 
de gestores e pelos conselhos de saúde (BRASIL, 1996). 
 
NOAS 2002 
Apesar do foco no município, havia necessidade de se reforçar a 
regionalização do sistema de saúde, pela sua operacionalidade e apoio aos 
pequenos municípios. Neste sentido, a importância da NOAS 2002, que atuou 
no sentido de organizar a assistência especializada e rede referenciada dos 
municípios, levou o Estado a assumir com maior clareza o seu papel de gestor 
na saúde (BRASIL 2002). 
 
 
 
 
 
Em 2006, houve uma revisão importante da caminhada do SUS 
enquanto sistema, dos seus pontos frágeis e de seus avanços. É importante 
lembrar que o sistema anterior, o INAMPS, era um sistema de gestão 
centralizada, de exclusão e de divisão operacional, dissociando assistência à 
saúde de vigilâncias sanitárias, pagamento por produção e ausência de ações 
de promoção de saúde. A evolução para um sistema diferente em todos os 
aspectos necessitaria de etapas, de reformulações, até que se consiga 
chegar ao modelo mais adequado. 
Na dimensão da gestão, o subfinanciamento da saúde, consequência 
de desvios de recursos para outros setores, foi muito questionado e constituiu-
se numa luta dos gestores municipais e estaduais para a sua correção através 
da Emenda Constitucional nº 29. Havia necessidade de estabelecer os 
compromissos de gestão envolvidos nas três esferas governamentais, tanto na 
questão financeira, quanto nos compromissos sanitários, de forma a melhorar a 
Estas duas normativas constituíram a base da gestão e do direcionamento 
da assistência até 2006, quando foram substituídas pelo Pacto pela Saúde. 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
7 
atuação da gestão local e o monitoramento das ações. 
As deficiências da gestão local também foram analisadas dentro do 
foco operacional. Devido ao contexto político, é muito comum que o cargo de 
Secretário Municipal de Saúde seja ocupado por pessoas que não são ligadas 
à saúde, ou quando o são, não tiveram experiência de gestão. 
Para que os sistemas funcionem com êxito, é necessária uma equipe 
que: 
 
 Realize o monitoramento da gestão. 
 Crie vínculo com a prática dos profissionais de saúde. 
 Entenda os processos de trabalho do dia a dia das equipes de 
atenção primária. 
 Identifique quais são as maiores demandas para os especialistas, as 
maiores demandas de internações e as causas mais prevalentes de 
adoecimento da população local. 
 
Uma das maiores críticas ao processo de trabalho do SUS está na 
gestão local, justamente pela baixa qualificação dos gestores e equipes de 
gestão, principalmente no que se refere aos pequenos municípios. 
Neste sentido, 73% dos municípios brasileiros é constituído de 
municípios com menos de 20.000 habitantes, e o impacto das mudanças 
políticas reflete-se nos funcionários públicos de forma mais acentuada do que 
nos grandes municípios, por ser o município o maior gerador de empregos nas 
localidades mais pobres. 
Outro fator importante demonstrado nas pesquisas realizadas refere-se 
à qualificação dos profissionais de saúde, sobretudo dos médicos, para 
trabalhar nos diversos setores do SUS, especialmente na atenção primária à 
saúde, e sua fixação nos municípios pequenos. 
Os problemas apontados relacionam-se a formação dos profissionais de 
saúde, voltada primordialmente às especialidades focais em detrimento da 
 
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8 
formação generalista, aliada a falta de estrutura da rede, para que os 
profissionais se sintam seguros para atuar a partir de uma estrutura de apoio 
diagnóstico e estabelecimento de um fluxo na rede de atenção. 
O modelo proposto, a partir do trabalho em equipe e centrado no 
paciente e sua família, ainda não é realidade na maioria dos municípios, e 
demonstra que o modelo biomédico ainda não está superado e segue como 
padrão na maioria da assistência. 
Há necessidade de alinhamento das ações de saúde nos municípios, a 
partir de um grupo de ações pactuadas, como um pacote mínimo a ser 
executado pelas secretarias municipais de saúde passível de monitoramento e 
análise de resultados. 
Em resposta a estas demandas, o Ministério da Saúde publicou a 
Portaria nº 399, de 22 de fevereiro de 2006, que manifesta o Pacto pela 
Saúde: 
O Pacto pela Saúde é um conjunto de reformas institucionais do SUS 
pactuado entre as três esferas de gestão (União, Estados e 
Municípios) com o objetivo de promover inovações nos processos e 
instrumentos de gestão, visando alcançar maior eficiência e qualidade 
das respostas do Sistema Único de Saúde. Ao mesmo tempo, o Pacto 
pela Saúde redefine as responsabilidades de cada gestor em função 
das necessidades de saúde da população e na busca da equidade 
social. (BRASIL, 2006) 
 
O Pacto pela Saúde surge de a necessidade dos municípios discutirem 
o formato de repasse de recursos da União e definir as responsabilidades 
financeiras de cada nível de gestão, porém o seu principal objetivo era a 
consolidação do SUS, estabelecendo as ações prioritárias e as formas de 
financiamento de cada uma delas. 
 
 
 
 
 (vídeo disponível no material online) 
Acesse o Pacto pela Saúde na íntegra no link: 
http://conselho.saude.gov.br/webpacto/volumes/01.pdf 
 
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9 
Três blocos foram formatados dentro deste acordo: 
 
 Pacto em defesa do SUS. 
 Pacto de gestão. 
 Pacto pela vida. 
 
Pacto em defesa do SUS 
Reafirma o compromisso do Estado com o provimento das ações de 
saúde e o direito do cidadão de ter acesso a todos os serviços de saúde dos 
quais necessitar. Como estratégia para alcançar esta meta, acentuou-se a 
pressão para a aprovação da Emenda Constitucional nº 29, pelo Congresso 
Nacional, que mudaria a forma de provimento para o setor saúde. 
 
Pacto de gestão 
Este pacto traz as definições dos investimentos financeiros de cada 
nível de gestão, mediante acordos entre a Federação, Estados e Municípios, 
sobre os percentuais de investimentos e quais seriam suas responsabilidades 
nas diversas ações de saúde. A inclusão dos Estados e Municípios 
aconteceria por meio de adesão voluntária do município ou estado, mediante 
assinatura do termo de compromisso de gestão. 
A tão sonhada aprovação pelo Congresso Nacional da Emenda 
Constitucional nº 29, promulgada em setembro de 2000, somente aconteceu 
em setembro de 2011, e tornou-se um importante instrumento legal de gestão. 
Esta lei determina que: 
 
 Municípios deverão aplicar 15% de suas receitas no Setor da 
Saúde. 
 Estados deverão aplicar 12% de suas receitas no Setor da Saúde. 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
10 
 Governo Federal deve aplicar o valor empenhado no exercício 
financeiro anterior, acrescido do percentual relativo à variação do 
Produto Interno Bruto (PIB). 
 
A forma como ficou aprovada esta lei, no quesito de investimentos do 
governo federal, não agradou a todos os segmentos. Há vários grupos sociais 
que compõem os conselhos de saúde que defendem a fixação de um 
percentual mínimo de investimentos porparte do governo, como estava na 
proposta original da emenda, que definia o investimento federal em 10% 
acrescido da variação do PIB. 
 
 
 
 
 
 
Apesar de tudo, a aprovação da lei trouxe avanços no aporte de 
recursos para a saúde pois delimitou os gastos da saúde apenas com as 
despesas especificas do setor. Na formatação anterior, os recursos da saúde 
poderiam ser usados em investimentos de outros setores, que apesar de serem 
igualmente importantes para a sociedade e com interface com a saúde, 
limitavam os investimentos específicos pelo desvio das verbas para outros 
setores. 
Exemplo: investimento do dinheiro da saúde em esgoto, na merenda 
escolar, na alimentação de presidiários. Apesar de importantes, estes setores 
têm orçamentos próprios e deveriam demandar recursos de suas pastas 
correspondentes. 
 
 
Assista a entrevista de um representante de um movimento social que 
defende a fixação da parcela do Governo Federal em 10%: 
http://pensesus.fiocruz.br/financiamento 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
11 
Os principais destaques do Pacto de gestão são: 
 
 Definição financeira das responsabilidades. 
 Monitoramento das ações implementadas e as auditorias. 
 Ordenamento das ações e atividades. 
 Monitoramento das ações de saúde. 
 Estabelecimento das metas que permitem uma avaliação contínua 
através dos indicadores de saúde. (BRASIL 2006) 
 
 (vídeo disponível no material online) 
 
Pacto pela vida 
É constituído por um conjunto de compromissos sanitários, expressos 
em objetivos e metas, derivados da análise da situação de saúde da 
população e das prioridades definidas pelo Governos Federal, Estadual e 
Municipal. O Pacto pela vida deverá ser permanente (BRASIL, 2006). 
As principais ações de saúde pactuadas foram: 
 
 Pacto da Atenção básica (ou atenção primária) 
 Ações de Saúde da Criança. 
 Ações de Saúde da Mulher. 
 Controle da Hipertensão. 
 Controle da Diabetes. 
 Controle da Tuberculose. 
 Eliminação da Hanseníase. 
 Saúde Bucal. 
 Gerais (ampliação da cobertura ESF). 
 
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12 
As outras pactuações são: saúde do idoso, saúde do trabalhador, 
saúde mental, fortalecimento da capacidade de resposta do sistema de saúde 
às pessoas com deficiência, atenção integral às pessoas em situação ou risco 
de violência, saúde do homem, fortalecimento da capacidade de resposta às 
doenças emergentes e as endemias (dengue, hanseníase, tuberculose, 
malária); Promoção de Saúde, fortalecimento da APS. 
A adesão dos municípios ao pacto acontece mediante assinatura de 
contrato, onde os gestores se comprometem com as metas a serem 
alcançadas e alimentar o SISPACTO, com os dados resultantes das ações. 
As ações e programas pactuados traduzem-se em melhoria na 
qualidade de vida das pessoas, e foram selecionadas após os levantamentos 
das principais necessidades de saúde dos brasileiros. 
Para que aconteçam as melhorias na saúde que todos os brasileiros 
necessitam e anseiam, não basta apenas os recursos financeiros, mas 
também o comprometimento dos profissionais e funcionários da saúde, o 
compromisso dos gestores e a participação da comunidade através do 
controle social, monitorando, sugerindo e cobrando dos representantes eleitos 
para que cumpram as metas propostas. 
 (vídeo disponível no material online) 
 
 
 
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13 
Revendo a problematização 
Após o período de estudos, responda ao desafio apresentado: de 
que forma eles poderiam ter suas reivindicações atendidas pela 
Secretaria de Saúde do seu município? 
 
 
a) Uma boa argumentação deve basear-se nos indicadores de saúde da 
localidade. Dr. Severino, e a enfermeira Jarana devem apontar os indicadores 
de mortalidade materna-infantil ainda elevados e mostrar como o fluxo 
estabelecido diminuiria os riscos. 
b) Argumente com o Secretário de Saúde que a elaboração de protocolos e 
fluxos de atenção, além de diminuírem a mortalidade materno- infantil, ainda 
diminuem os gastos com a saúde, evitando deslocamentos desnecessários e 
custos com traslados e UTI. 
c) O fluxo de atendimento às gestantes, além de diminuir a mortalidade e 
economizar recursos financeiros para os cofres municipais, ainda trará ótimos 
rendimentos políticos pois a população se sentirá satisfeita com a gestão 
municipal. 
 
 
 
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14 
Síntese 
Nesta aula, estudamos as três normativas mais importantes desde a 
organização do SUS, que direcionaram a gestão nas três esferas 
governamentais: a NOB 96, a NOAS 2002 e o Pacto pela Saúde 2006. Cada 
uma dessas normativas teve um importante papel no sentido de aproximar os 
gestores dos objetivos operacionais, sanitários e financeiros do SUS, em seu 
devido tempo. 
O Pacto pela Saúde foi publicado em 2006 com o objetivo de repactuar 
os compromissos e estabelecer os percentuais de investimento de cada esfera 
de governamental. 
O pacto deve ser aceito pelo gestor municipal e estadual mediante 
assinatura de contrato. A partir da assinatura, as partes comprometem-se com 
as metas estabelecidas e com o abastecimento do sistema de informações, o 
SISPACTO. 
O pacto tem 3 áreas de atuação: o Pacto de gestão, o Pacto em 
defesa do SUS e o Pacto pela vida. 
O Pacto pela gestão visa estabelecer as responsabilidades financeiras 
de cada esfera e criar um sistema de monitoramento que possa permitir a 
análise dos dados. 
O Pacto em defesa do SUS reafirma o direito do cidadão à saúde e o 
SUS como o sistema público provedor desse direito. 
O Pacto pela vida é permanente e consiste num conjunto de 
compromissos sanitários que impactam a vida do cidadão e os indicadores de 
saúde. 
(vídeo disponível no material online) 
 
 
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15 
Referências 
BRASIL, 1997. Ministério da Saúde. Norma Operacional Básica do Sistema 
Único de Saúde/ NOB-SUS 96. Gestão plena com responsabilidade pela 
saúde do cidadão Diário Oficial da União, Brasília, DF. Disponível em: 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1996/prt2203_05_11_1996.html. 
Acesso em 27 abr. 2016. 
BRASIL, 2002. Ministério da Saúde Portaria nº 373, de 27 de fevereiro de 2002 
Norma Operacional de Assistência à Saúde/NOAS-SUS 01/2002, Brasília, 
DF, 2002. Disponível em: 
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt0373_27_02_2002.html. 
Acesso em: 27 abr. 2016. 
BRASIL, 2006. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. 
Departamento de Atenção Básica. Política nacional de atenção básica, 
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção à Saúde. Brasília: 
Ministério da Saúde, 2006. 
CECÍLIO, L. (et al). O gestor municipal na atual etapa de implantação do SUS: 
características e desafios RECIIS. Revista eletrônica de comunicação, 
informação & inovação em saúde, v 1, p 200-207, 2007. Disponível em: 
<http://www.reciis.icict.fiocruz.br/index.php/reciis/article/viewFile/903/1546>. 
Acesso em: 27 abr. de 2016. 
VARGAS D. J. História das Políticas Públicas de Saúde no Brasil: revisão 
da literatura. Monografia apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso 
(especialização) – Escola de Saúde do Exército, Programa de Pós-Graduação 
em Aplicações Complementares às Ciências Militares) - Rio de Janeiro, 2008. 
 
 
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16 
Atividades 
1. O redirecionamento das políticas públicas de saúde no Brasil 
aconteceu a partir de 1988, ano da reforma constitucional e criação do 
SUS. Os maiores entraves para esta evolução centralizavam-se no quesito 
“gestão”. Assinale a melhor alternativa compatível com esta afirmação. 
 
a) Haveria necessidade da implantação da diretriz descentralização de 
recursos para que acontecesse a implementação das ações de saúde. 
b) Um projeto de governo nacional ésuficiente para que possam ser 
implementadas as políticas de saúde. 
c) O governo federal disponibilizaria auditores para visitas trimestrais nas 
capitais, e semestrais nos pequenos municípios, para supervisionar a aplicação 
orçamentária dos programas 
d) O pagamento por produção continuaria sendo uma proposta de gestão, 
porque evitaria fraudes e a descapitalização dos municípios, além da 
valorização dos procedimentos de maior custo. 
 
 
 
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17 
2. O Pacto pela saúde de 2006 tem 3 linhas de atuação: a defesa do SUS, a 
gestão e a vida. A respeito do Pacto em defesa do SUS, assinale a 
alternativa correta. 
 
a) O SUS necessita ser defendido porque há interesses econômicos que 
desejam sua eliminação. 
b) O SUS deve refletir o direito do cidadão à saúde, sendo o garantidor 
desse direito, portanto, uma defesa ideológica com foco no cidadão. 
c) A permanência do SUS dependerá do seu desempenho. Portanto, a 
defesa do SUS depende da atuação dos profissionais de saúde. 
d) A permanência do SUS dependerá da capacidade de articulação dos 
prefeitos e secretários de saúde, no sentido de pressionar os representantes do 
congresso para votarem leis de apoio ao sistema e defesa política. 
 
 
 
 
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18 
3. Na dimensão da gestão, o Pacto pela saúde estabeleceu 
responsabilidades financeiras para cada esfera de gestão. Assinale a 
alternativa correta. 
 
a) Os estados devem contribuir com 15% de seu orçamento para a saúde. 
b) Os municípios acima de 200.000 habitantes devem contribuir com 20% 
do orçamento, e os abaixo deste número de habitantes, contribuem com 10%. 
c) A União deve contribuir com 10% do PIB, corrigindo a cada ano de 
acordo com a inflação. 
d) A União deve aplicar o valor empenhado no exercício financeiro anterior, 
acrescido do percentual relativo à variação do Produto Interno Bruto. 
 
 
 
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19 
4. As principais propostas do Pacto pela vida relacionam-se aos 
principais problemas de saúde da população. Assinale a alternativa 
correta. 
 
a) Os cuidados com a saúde da criança e da mulher visam diminuir os 
indicadores de morbimortalidade. Suas principais ações se concentram na 
APS. 
b) Dengue, malária, tuberculose e hanseníase são doenças consideradas 
endêmicas, com sua cadeia epidemiológica resolvida e fora do Pacto da 
Saúde. 
c) A saúde bucal está integrada na assistência especializada tanto quanto 
a assistência farmacêutica. 
d) A organização da rede de atenção às urgências e emergências não está 
inclusa na pactuação de 2006. 
 
 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
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5. Uma das tarefas pactuadas é a inserção de dados no SISPACTO, uma 
base de dados alimentadas pelos municípios. Quais as principais 
utilidades dessa base de dados? 
 
a) A base de dados permite o pagamento por produção de cada município. 
b) A base de dados permite fazer o monitoramento das ações pactuadas e 
a análise do desenvolvimento de saúde do município. 
c) A base de dado é considerada para a realização do orçamento do 
município, negociando o número de atendimentos. 
d) A base de dados não se relaciona às internações, apenas de ações de 
atenção primária.

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