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Hemorragia Digestiva Alta Sangramento intraluminal resultante de uma lesão proximal ao ligamento de Treitz (ou até a segunda porção duodenal, na altura da papila) Causa frequente nas unidades de emergência Responsável por cerca de uma internação a cada 10.000 adultos/ano Ocorre 2x mais em homens Mortalidade em torno de 1,9 e 2,5% HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA VELASCO, I. T., et al, 2020 Esôfago Estômago Duodeno Trato gastrointestinal superior Ângulo de Treitz: formado ao nível da junção duodenojejunal CLASSIFICAÇÃO VARICOSA NÃO VARICOSA Doença ulcerosa péptica Laceração de Mallory-Weiss Esofagite Malformações vasculares Neoplasias Lesão de Dieulafoy … Varizes esofagicas Varizes gástricas 15% 85% Tratado de Gastroenterologia, 2ª ed, 2016 QUADRO CLÍNICO HEMATÊMESE OUTROS Náuseas Sudorese Sede Síncope Taquicardia Hipotensão Dispnéia Choque HEMATOQUEZIA MELENA Sangue digerido nas fezes com odor característico Laivos de sangue “Borra de café” Menos comum (11%) VELASCO, I. T., et al, 2020; Tratado de Gastroenterologia, 2ª ed, 2016 Sangue em borra de café tem melhor prognóstico que o sangue vivo CHOQUE HIPOVOLÊMICO VELASCO, I. T., et al, 2020 ANAMNESE VELASCO, I. T., et al, 2020 Dados com infecção por vírus C e etilismo = sugere varizes esofágicas Síndrome dispéptica e o uso de AINEs = sugere doença ulcerosa péptica Sintomas dispépticos = também podem sugerir esofagites EXAME FÍSICO VELASCO, I. T., et al, 2020 MASSA PALPÁVEL LINFONODOS TOQUE RETAL Sempre indicada. Pode demonstrar sangue em dedo de luva Nódulo da “irmã Maria-José” Linfonodo de Virchow VELASCO, I. T., et al, 2020 ASCITE ERITEMA PALMAR CIRCULAÇÃO COLATERAL Spiders e teleangiectasias Hepatomegalia Esplenomegalia Encefalopatia hepática Sugerem sangramento varicoso por cirrose ou hipertensão portal DIAGNÓSTICO ANAMNESE EXAME FÍSICO EDA VELASCO, I. T., et al, 2020 EXAMES COMPLEMENTARES EDA Exame de escolha para diagnóstico etiológico Estabilidade hemodinâmica Deve ser realizado o mais precoce possível. Ideal < 24h ou 12h Se visualização prejudicada ou sangramento interrompido no momento do exame, é recomendado repetir em 24h Administração de fármacos análogos da somatostatina também pode levar à parada temporária de sangramento = indicados na suspeita de sangramento por varizes gastroesofágicas VELASCO, I. T., et al, 2020 EXAMES COMPLEMENTARES Mapeando hemácias marcadas por tecnécio Visualiza sangramentos de até 0,1 mL/min Pode ser feito caso a fonte de sangramento não seja detectada Exame positivo em 45% dos casos CINTILOGRAFIA Visualiza sangramentos de até 0,5 mL/min Pode realizar o diagnóstico em casos de EDA negativo ou em sangramentos importantes com visualização difícil pela EDA Delinear a anatomia da lesão sangrante e sua etiologia ARTERIOGRAFIA Cintilografia: acurácia < 80% VELASCO, I. T., et al, 2020; Tratado de Gastroenterologia, 2ª ed, 2016 EXAMES COMPLEMENTARES Hemograma Coagulograma Função renal e hepática Eletrólitos Tipagem sanguínea Albumina e bilirrubina total (para avaliar Child-Pugh) ESCORE DE GLASGOW BLATCFORD SIMPLIFICADO ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO VELASCO, I. T., et al, 2020 FATORES CLÍNICOS (hemorragia grave) Taquicardia, hipotensão Aspirado nasogástrico com sangue vermelho Concentração de hemoglobina < 8 g/dL 1 único positivo seria indicativo de EDA ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO SOARES, D. C. B., et al, 2018 CLASSIFICAÇÃO DE FORREST RISCO DE RESSANGRAMENTO Forrest I (hemorragia ativa) Ia (sangramento arterial em jato Ib (sangramento lento, "babando") 90% Forrest II (sinais de hemorragia recente) IIa (vaso visível não sangrante) IIb (coágulo aderido) IIc (hematina na base da úlcera) 50% 30% 10% Forrest III (úlcera com base clara, sem sangramento) < 5% A prioridade é a estabilização hemodinâmica do paciente com sangramento agudo ABC (checar vias aéreas, respiração e circulação) e monitorização Reposição volêmica (estabilização da PA e restauração do volume): Dois acessos venosos periféricos calibrosos e de rápida infusão de cristaloide (SR ou SRL) de 1 a 2 litros Coletar amostra de sangue para provas laboratoriais Sem resposta = considerar transfundir concentrado de hemácias (Hb > 7 - 8 g/dL) Objetivo: atingir uma PAS > 100 mmHg e FC < 100 bpm CONDUTA INICIAL VELASCO, I. T., et al, 2020 A base do tratamento é a administração de intravenosa de inibidores da bomba de prótons (IBP) CONDUTA HDA NÃO-VARICOSA (DUP) VELASCO, I. T., et al, 2020 1. Omeprazol 80 mg IV bolus 2. Omeprazol 40-80 mg IV 12/12 h 3. Omeprazol 8mg/h BIC por 72h (alto risco de ressangramento) VELASCO, I. T., et al, 2020 1. Epinefrina - Sangramento ativo - Na base da úlcera TTO ENDOSCÓPICO Ia / Ib / IIa / IIb de Forrest 2. Segundo método Novo sangramento após terapia bem-sucedida? Nova intervenção por EDA CIRURGIA Coagulação térmica Clipes metálicos no vaso sangrante Persistência de hemorragia após intervenção? VELASCO, I. T., et al, 2020; SABISTON - Tratado de Cirurgia, 2019. FATORES IMPORTANTES - Úlceras > 2 cm (gigantes) - Úlceras em parede posterior de duodeno - Úlceras gástricas em geral TTO CIRÚRGICO Pacientes que continuam sangrando após abordagem endoscópica ÚLCERA DUODENAL ÚLCERA GÁSTRICA 1. Ressecção da úlcera em cunha 2. Operação definitiva 1. Exposição do sítio de sangramento 2. Doentes instáveis BULBO Duodenotomia + Piloroduodeno-tomia PAREDE POST (erodindo para A. pancreáticoduodenal ou gastroduodenal) Ligadura direta desses vasos Piloroplastia + Vagotomia troncular • Mortalidade de 29% Embolização angiográfica: alternativa controversa Prioridade inicial é a estabilização hemodinâmica (com restauração volêmica cuidadosa) A EDA deve ser realizada assim que o paciente apresentar condições A administração precoce de análogos da somatostatina (terlipressina, somatostatina e octreotide) pode levar à parada temporária de sangramento, facilitar a execução de exame endoscópico e reduzir a necessidade transfusional CONDUTA HDA VARICOSA VELASCO, I. T., et al, 2020 Técnicas endoscópicas para interrupção do sangramento Ligadura elástica: bandas elásticas na coluna da variz, injetando agentes esclerosantes (escleroterapia de varizes) Escleroterapia endoscópica: injeção esclerosante diretamente no vaso ou para-vasal Adesivos teciduais: em obturação das varizes Varizes gastroesofágicas podem recidivar; portanto, vigilância endoscópica e retratamento são necessários CONDUTA HDA VARICOSA VELASCO, I. T., et al, 2020; Tratado de Gastroenterologia, 2ª ed, 2016 Ligadura elástica Varizes de esôfago - Felipe Gastro Ligadura elástica Varizes de esôfago - Felipe Gastro Tamponamento com balão VELASCO, I. T., et al, 2020 Pressão direta sobre a variz sangrante A recorrência do sangramento é bastante comum (até 50%) É associado com complicações sérias (ulceração e perfuração esofágica) Deve ser usado como resgate e ponte até realizar terapia mais definitiva Usado para os sangramentos não resolvidos TIPS VELASCO, I. T., et al, 2020 A terapia endoscópica pode ser repetida no primeiro episódio de ressangramento no caso de varizes esofágicas Após esta, deve-se considerar tamponamento do balão como resgate para uma abordagem definitiva, como derivação portossistêmica transjugular (TIPS) ou cirurgia (shunt portossistêmico e transecção esofágica) Titular doses de Lactulose para obter 2-3 evacuações/dia PROFILAXIA DE ENCEFALOPATIA HEPÁTICA Tratado de Gastroenterologia, 2ª ed, 2016 Todos os pacientes cirróticos com ascite e HDA devem fazer para prevenir infecções e PBE Norfloxacina Ciprofloxacina Ceftriaxona Por 7 dias PROFILAXIA INFECCIOSA HDA VARICOSA VELASCO, I. T., et al, 2020 Varizes de baixo risco, de fino calibre, sem marcas vermelhas e Child A = betabloqueadores não seletivos podem atrasar o crescimento de varizes (opcional). Repetir EDA a cada 2 anos Varizes de fino calibre associadas com alto risco de hemorragia (marcas vermelhas ou com Child B ou C) = usar betabloqueadornão seletivo Varizes de grosso ou médio calibre = betabloqueador não seletivo OU ligadura endoscópica PROFILAXIA PRIMÁRIA HDA VARICOSA VELASCO, I. T., et al, 2020 Classificação de Child-Pugh 1 2 3 Albumina > 3,5 g/dL 2,8 - 3,5 g/dL < 2,8 g/dL Bilirrubina < 2 mg/dL 2 - 3 mg/dL > 3 mg/dL Ascite Ausente Discreta Tensa Encefalopatia Ausente Leve (grau 1 e 2) Grave (grau 3 e 4) TAP INR < 1,7 TAP > 75% INR 1,7 - 2,3 TAP 50 - 74% INR > 2,3 TAP < 50% Child A: 5 - 6 pontos | Child B: 7 - 9 pontos | Child C: 10 - 15 pontos Diretrizes atuais recomendam ligadura endoscópica + betabloqueadores não seletivos Em pacientes não candidatos à ligadura, a estratégia é maximizar a redução da pressão portal combinando betabloqueadores e nitratos Se ressangramento apesar da terapia combinada = TIPS ou cirurgia PROFILAXIA SECUNDÁRIA HDA VARICOSA VELASCO, I. T., et al, 2020 VELASCO, I. T., et al, 2020; Tratado de Gastroenterologia, 2ª ed, 2016 Análogo da somatostatina + Profilaxia ATB HDA e história de cirrose Avaliação inicial Vias aéreas Respiração Circulação (reposição volêmica) Transfusão restritiva (se Hb < 7), alvo Hb 7-9 Instabilidade hemodinâmica apesar das medidas iniciais? SIM NÃO Passar balão Desinflar nas primeiras 24h e, na ausência de sangramento, retirar o balão para realizar terapêutica definitiva EDA < 24h e, se varizes, ligadura Controle de sangramento Não controle de sangramento Profilaxia de sangramento e PBE Repetir ligadura Balão ou TIPS Continua o sangramento? SABISTON. Tratado de cirurgia: A base biológica da prática cirúrgica moderna. 20.ed. Saunders. Elsevier. SOARES, D. C. B.; et. al - HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA - Disponível em: <https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/04/882667/hemorragia-digestiva-alta.pdf>. Acesso em: 06 de Julho de 2022. VELASCO, I. T., et al - Medicina de emergência: abordagem prática - 14 ed., rev., atual. e ampl. - Barueri [SP]: Manole, 2020. ZATERKA, Schlioma; EISIG, Jaime N. Tratado de gastroenterologia: da graduação à pós-graduação. São Paulo: Atheneu, FBG, 2016. REFERÊNCIAS
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