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Dto coletivo do trabalho 2

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FACULDADE METROPOLITANA DE CURITIBA- FAMEC
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INTRODUÇÃO
Este trabalho visa nos mostrar como funciona o sindicalismo no Brasil, tendo como referência as convenções da OIT de 87 e 98.
Sabemos que no Brasil o sistema está condicionado ao modelo econômico adotado pelo país, não é possível saber se o sindicato será capaz de manter-se como protagonista no mundo atual.
1 DIREITO INTERNACIONAL DO TRABALHO
1.1 CONCEITOS e AUTONOMIA.
No início do século XX, barthélemy ray-naud referia-se à expressão "direito internacional operário" como
“cette partie du droit international qui règle la situation juridique des ouvriers étrangers au point de vue des questions du travail.” (1)
Mahaim sustentava que o direito internacional do trabalho era a parte do direito internacional
“qui règle les relations des états entre eux au sujet de leurs nationaux ouvriers.” (2)
Vale notar que no início do século XX utilizava-se o termo ouvrier, porque as primeiras leis de proteção ao trabalho e de seguros eram dirigidas ao operário da indústria.
A organização internacional do trabalho promoveu, ao longo dos anos, sucessivas transformações conceituais, tais como, paz universal vinculada à justiça social, relacionamento entre estados-membros e organismos internacionais e regionais especializados na matéria, sistema de convenções internacionais, preocupação com os diversos aspectos ligados à figura do trabalhador e ao seu trabalho. por isso, as antigas definições estão hoje totalmente superadas.
O direito internacional do trabalho é parte do direito internacional público ou do direito do trabalho? ou constituiria um ramo autônomo da ciência jurídica?
Alguns doutrinadores entendem que o direito internacional do trabalho constitui um ramo do direito do trabalho, assim como o direito constitucional do trabalho, o direito administrativo do trabalho, o direito penal do trabalho.
Características especiais da organização internacional do trabalho (sistema tripartite, obrigação formal dos estados-membros de submissão das convenções e recomendações ao órgão nacional competente para vigência interna, mecanismos permanentes de controle da aplicação das normas internacionais adotadas, intensa produção normativa, etc.) incentivam alguns doutrinadores a defender a autonomia científica do direito internacional do trabalho. Nesse sentido Mário de la cueva:
 “não será nem direito internacional público, nem direito internacional privado, senão um tipo novo. sua missão consistirá em regular universalmente os princípios fundamentais das legislações internas do trabalho.”(3)
Uma terceira corrente entende que o direito internacional do trabalho constituiria um dos ramos importantes do direito internacional público, porque os objetivos, princípios, instrumentos e métodos de investigação peculiares à organização internacional do trabalho (oit) são os mesmos do direito internacional público. além disso, a organização internacional do trabalho e a organização das nações unidas têm vários objetivos comuns. vale lembrar ainda que inúmeros instrumentos internacionais (declarações, recomendações, resoluções, convenções, cartas sociais, tratados bi ou plurilaterais) das mais variadas organizações internacionais são consagrados inteiramente ou contêm parte de seus dispositivos dedicados às questões do direito do trabalho e da previdência social.
Feitas essas considerações, podemos dizer que o direito internacional do trabalho é, na verdade, o ramo do direito internacional público consagrado à proteção do trabalhador, seja nas suas relações com o empregador ou como ser humano.
1.2 ORIGENS, CRIAÇÃO, FUNDAMENTO E OBJETIVOS.
Motivos históricos, econômicos, sociais e de caráter técnico justificaram a criação do direito internacional do trabalho e da organização internacional do trabalho.
Dentre os motivos econômicos, cabe destacar a necessidade de se equiparar, na medida do possível, os custos relativos aos encargos sociais. assim os estados que tivessem adotado regras de proteção ao trabalho não seriam prejudicados no comércio internacional por aqueles que, não tendo adotado essas medidas, teriam despesas menores e, consequentemente, uma produção com custo mais baixo. É a finalidade social porém, com a universalização dos princípios da justiça social, que constitui o cerne do direito internacional do trabalho.
Pode-se dizer que as origens do direito internacional do trabalho se entrelaçam com o surgimento da legislação de proteção ao trabalho. por volta da segunda metade do século XIX, graças ao movimento de juristas, industriais, autoridades eclesiásticas, organizações operárias, sociólogos, que objetivavam melhorar a “questão social” e dignificar a figura do trabalhador através da adoção de condições adequadas de proteção ao trabalho, foi que se preparou o terreno que iria gerar a boa semente para a criação do direito internacional do trabalho.
A primeira ação determinante que se tem notícia foi a de Robert Owen, que publicou na Inglaterra a "new view of society” (1812) e "the book of new moral world” (1820). a par disso, Robert Owen promoveu reformas sociais na sua própria fábrica e, fundamentando-se nessa experiência, propôs, em 1818, ao congresso reunido em aix-la-chapelle, a instituição de medidas protetivas ao trabalhador, sugerindo que
“As condições de vida industrial e do trabalho melhorassem por via internacional”.
É célebre a colocação de Louis blanqui que na França de 1839, ao concluir um de seus estudos sobre a internacionalização das leis sociais, formula a seguinte indagação:
		“celebram-se entre países tratados para matança entre homens. por que não realizá-los hoje para preservar a vida humana e torná-la mais feliz?”
Podem ser lembradas, nesse passo, as seguintes manifestações que contribuíram para o surgimento do direito internacional do trabalho:
1. A pregação de Daniel Legrand a partir de 1841 e de outros professores, que pregavam a instituição de “um direito internacional para proteger as classes operárias contra o trabalho prematuro e excessivo”;
2. A “primeira internacional socialista”, em 1864, na qual Engels e Marx defendia a necessidade de um movimento de internacionalização das medidas de proteção ao trabalho;
 3. O congresso de Berlim em 1890 que, através de um protocolo, estabeleceu como 14 anos a idade mínima para o trabalho de menores em minas, exceto nos países meridionais, para os quais foi estabelecida a idade de 12 anos;
4. O surgimento do movimento sindical na Inglaterra, no início do século XIX, que se difundiu por toda Europa e estados unidos na segunda metade desse mesmo século;
5. A encíclica rerum novarum (1891);
6. A realização, em Bruxelas, do primeiro congresso internacional de legislação do trabalho, sob a inspiração do professor Ernesto Mahaim, e do segundo congresso, em paris, em 1900, organizado por Arthur Fontaine e Charles Gide. Este congresso aprovou os estatutos da associação internacional para a proteção do trabalhador, que inspirou as duas primeiras convenções internacionais do trabalho, logo após a realização de uma conferência em berna, em 1905, e outra, de natureza diplomática, nessa mesma cidade, em 1906. essas duas convenções, que proíbem o uso do fósforo branco e o trabalho noturno de mulheres na indústria, foram logo ratificadas pela maior parte dos países signatários.
Além disso, a destruição provocada pela 1ª guerra mundial tornou mais evidentes as falhas do liberalismo econômico e a necessidade de profundas transformações políticas e econômicas. é a partir de 1919, sob influência profunda da revolução russa de 1917, que o intervencionismo estatal passa a se desenvolver aceleradamente.
Começa-se a reconhecer a importância do respeito ao trabalho e à dignidadedo trabalhador e a vincular o progresso econômico à justiça social. no plano interno, a constituição mexicana, de 1917, e a constituição de Weimar, de 1919, são excelentes exemplos dessa mudança no trato da questão social. as associações profissionais se fortalecem e o direito coletivo do trabalho ganha uma magnitude até então desconhecida.
No plano internacional, para coroar todas essas transformações, um tratado de paz, o tratado de Versalhes, de 1919, cria, de uma só vez, duas organizações internacionais de capital importância: a sociedade das nações e a organização internacional do trabalho.
A organização internacional do trabalho promoveria, definitivamente, a internacionalização do direito do trabalho com a inserção em diversos instrumentos internacionais de tópicos relativos à proteção do trabalhador e à melhoria das condições de seu trabalho.
Além do famoso discurso das quatro liberdades proferido pelo presidente Roosevelt, que consolidou a idéia da segurança social para se atingir uma “liberdade de viver isento de medo”, vários instrumentos internacionais reforçaram a idéia de que a paz para ser universal e duradoura deve se assentar sobre a justiça social, que só poderá ser alcançada através da dignificação do trabalho e do trabalhador.
Esses objetivos, que fundamentam o direito internacional do trabalho, estão expressos tanto no tratado de Versalhes, como na carta do atlântico, na carta das nações unidas, na declaração de Filadélfia e na declaração dos direitos universais do homem:
 “(os membros do pacto da sociedade nações) se esforçarão para assegurar condições de trabalho eqüitativas e humanitárias para o homem, a mulher e a criança, em seus próprios territórios e nos países a que estendam suas relações de co-mércio e indústria e, com tal objetivo, estabelecerão e manterão as organizações necessárias” (art. 23 do pacto da sociedade das nações);
			“Todo homem, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada estado, aos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento de sua personalidade” (art. 22 da declaração universal dos direitos do homem);
			“Todos os seres humanos, sem distinção de raça, crença ou sexo, têm direito a procurar seu bem-estar material e seu desenvolvimento espiritual em condições de liberdade, de segurança econômica e em igualdade de oportunidades” (declaração de filadélfia).
Esses princípios se tornariam o fundamento do direito internacional do trabalho e da organização internacional do trabalho. influenciariam o direito moderno francês e internacional pós-revolução francesa, deslocando a tônica da proteção para o ser humano.
2 APLICAÇÃO DAS NORMAS INTERNACIONAIS
Os tratados que ensejam princípios de proteção à pessoa humana devem sempre prevalecer seja sobre que ordenamento jurídico for, pois estes tipos de 12 tratado têm um status diferente. Como assinala a jurisprudência internacional, os tratados de direitos humanos, diferentemente dos tratados clássicos que regulamentam interesses recíprocos entre as partes, consagram interesses comuns superiores, consubstanciados, em última análise, na proteção do ser humano. 
É bem sabido que os direitos fundamentais que tutelam garantias básicas do indivíduo em suas relações de trabalho, positivados em tratados internacionais e, devido a sua natureza especial, acabam por adquirir um certo grau de obrigatoriedade que os diferenciam de outros tipos de tratado, haja vista o que prescreve o artigo 5º, parágrafo terceiro, da Constituição Federal de 1988. 
Malgrado a discussão doutrinária que existe com relação ao status que os tratados internacionais que contenham conteúdo de direitos humanos possuem, para adquirirem vigência no ordenamento jurídico interno brasileiro, independentemente do seu conteúdo material, os tratados internacionais devem passar pelo processo de internalização para que assumam a característica de Decretos e passem, assim, a gerar efeitos jurídicos. Não obstante, os Decretos possuem hierarquia de lei ordinária federal. 
Desta forma, o Egrégio Supremo Tribunal Federal – STF – tem entendido que os Decretos revogam leis e por elas são revogados, com observação especial quando se trata de norma que disciplina e envolve os direitos humanos, os quais requerem maior atenção, em qualquer âmbito de aplicação, devendo, assim, ter relevância maior em relação a quaisquer outros temas na aprovação e aplicação das convenções e recomendações. 
O nobre doutrinador, ARNALDO SUSSEKIND, posiciona-se da seguinte forma: deve-se diferenciar os conteúdos dispostos no artigo 49, inciso I e no artigo 84, inciso VIII, ambos da Constituição Federal de 1988. Pelo rito do artigo 49, inciso I, do Diploma Maior, os tratados são "resolvidos definitivamente" pelo Congresso Nacional. As Convenções da O.I.T. 
São internalizadas pelo rito contido no artigo 49, inciso I, e não pelo artigo 84, inciso VIII, ambos da Constituição Federal de 1988, porque este dispõe que cabe ao Congresso Nacional referendar os tratados internacionais assinados pelo Presidente da República; referendo este, que compõe a forma da internalização dentro da qual a ratificação e promulgação pelo Presidente da República finalizam o processo. Sendo assim, é de extrema relevância o papel exercido pelo Congresso Nacional, pois, no caso das Convenções, ele fixa a responsabilidade internacional do Brasil junto à organização Internacional do Trabalho – O.I.T. 
 Em resumo, as regras de vigência sobre as Convenções da O.I.T. seguem os seguintes: 1) a convenção entrará em vigor, em relação a cada Estado-membro, 12 (doze) meses após a data em que houver sido registrada sua ratificação, desde que já vigore no âmbito internacional; 2) o prazo de validade de cada ratificação é de 10 (dez) anos; 3) após a fluência dos 10 (dez) anos, o Estado-Membro poderá denunciar a ratificação, mediante comunicação oficial dirigida ao Diretor Geral da Repartição Internacional do Trabalho – R.I.T., para o devido registro. 
Consequentemente, a denúncia surtirá efeito somente 12 (doze) meses após o referido registro; 4) decorrido o prazo de 12 (doze) meses após o período de validade da ratificação, sem que o respectivo Estado use da faculdade de oferecer denúncia, verificar-se-á a renovação tácita da ratificação por mais 10 (dez) anos. 
Nesta hipótese, a faculdade de denúncia renascerá após o decurso do segundo decênio de vigência da ratificação, aplicando-se a mesma regra aos decênios que se sucederem. Portanto, depois de decorridos 12 (doze) meses do depósito do instrumento de ratificação, inicia-se o período de vigência das Convenções que é de 10 (dez) anos. Desta forma, o prazo de validade de cada Convenção é de 10 (dez) anos. Quanto ao órgão competente para denunciar as Convenções da O.I.T., deve-se operar com a autorização do Congresso Nacional, uma vez, que, assim como as Convenções dependem do referendum do Congresso Nacional para serem internalizadas, também devem se submeter ao mesmo órgão para serem denunciadas.
CONCLUSAO
Concluímos que no Brasil o sistema adotado é o da unicidade sindical, todavia, para que haja uma atuação eficiente por parte dos sindicatos, e consequente realização dos propósitos acima elencados, deve ser assegurado a eles a necessária liberdade de ação. Essa característica, tão importante que constitui um dos princípios regentes de todo o direito coletivo do trabalho, denominado princípio da liberdade sindical.
REFERÊNCIAS
http://www.mesquitabarros.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=25:direito-internacional-do-trabalho&catid=7:artigos&Itemid=3&lang=pt. Acesso em 24 de maio de 2015
SUSSEKIND, Arnaldo. Direito Internacional do Trabalho. São Paulo: LTr, 2000. 
http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/32200-38299-1-PB.pdfBEATRIZ PEDROSO
EVERSON MARCOS GOMES CUNHA 
JAYDSON JERONIMO
TATIANE DA SILVA RIBEIRO
DIREITO INTERNACIONAL DO TRABALHO 
São José dos Pinhais
JUNHO/2015
BEATRIZ PEDROSO
EVERSON MARCOS GOMES CUNHA 
JAYDSON JERONIMO
TATIANE DA SILVA RIBEIRO
DIREITO INTERNACIONAL DO TRABALHO
Trabalho apresentado a disciplina de Direito do Trabalho, Faculdades da indústria- FAMEC 
Sob orientação da Prof. Daniela Pinheiro, para obtenção de nota parcial no curso Bacharelado em Direito. 
	 
São José dos Pinhais
JUNHO/2015

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