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Responsabilidade Social nas Organizações unid_1

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Prévia do material em texto

Autor: Prof. Flavio Celso Müller Martin
Colaboradores: Profa. Sandra Maria Roque Nantes de Castilho
 Prof. André Galhardo Fernandes
Responsabilidade Social 
nas Organizações
Professor conteudista: Flavio Celso Müller Martin
Bacharel em comunicação social pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) de São Paulo, pós-
graduado em Marketing de Serviços pela Universidade Paulista (UNIP) e mestre em Administração pela Pontifícia 
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Conta com vinte anos de experiência executiva em empresas nacionais e 
multinacionais dos ramos de embalagens, equipamentos, gráfico, financeiro e de serviços e quinze anos de experiência 
acadêmica como professor e coordenador de cursos na Universidade Paulista (UNIP). 
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
M379r Martin, Flávio Celso Müller.
Responsabilidade Social nas Organizações / Flávio Celso Müller 
Martin. São Paulo: Editora Sol, 2020.
148 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Responsabilidade social. 2. Normas e certificações. 
3. Sustentabilidade. I. Título.
CDU 658.114.8
U505.33 – 20
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Lucas Ricardi
 Kleber Souza
Sumário
Responsabilidade Social nas Organizações
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL (RSE): CONCEITOS E HISTÓRICO ....................... 11
1.1 Conceitos e definições........................................................................................................................ 11
1.2 Evolução histórica ................................................................................................................................ 14
2 FORMAS DE ATUAÇÃO EM RSE ................................................................................................................. 21
2.1 Filantropia ............................................................................................................................................... 22
2.2 Empresa cidadã ou cidadania corporativa ................................................................................. 23
2.2.1 Cidadania corporativa Samsung ....................................................................................................... 24
2.2.2 Cidadania corporativa PepsiCo.......................................................................................................... 24
2.2.3 Cidadania corporativa IBM ................................................................................................................. 25
3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .......................................................................................................... 26
3.1 Por que ter um sistema de responsabilidade social nas empresas? ................................ 34
3.2 Argumentos contra a RSE ................................................................................................................. 37
4 SUSTENTABILIDADE ........................................................................................................................................ 40
Unidade II
5 BALANÇO SOCIAL E CONTABILIDADE AMBIENTAL ............................................................................. 51
5.1 O balanço social das empresas ....................................................................................................... 52
5.1.1 Conteúdo do balanço social ............................................................................................................... 55
5.1.2 Contabilidade ambiental ...................................................................................................................... 58
6 NORMAS, CERTIFICAÇÕES E INICIATIVAS .............................................................................................. 62
6.1 Qualidade ................................................................................................................................................. 62
6.1.1 ISO: ISO 9001, 9002, 9003 e ABNT: NBR ISO 9001, NBR ISO 9002 e NBR ISO 9003 ................62
6.2 Meio ambiente ...................................................................................................................................... 63
6.2.1 Emas ............................................................................................................................................................. 63
6.2.2 ISO 14000 e NBR ISO 14001 .............................................................................................................. 63
6.3 Saúde e segurança ............................................................................................................................... 65
6.3.1 OHSAS 18001 ........................................................................................................................................... 65
6.3.2 HCS e HHPS ............................................................................................................................................... 66
6.4 SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIAL ............................................................... 66
6.4.1 FSC e FSC Brasil ........................................................................................................................................ 66
6.4.2 MSC .............................................................................................................................................................. 67
6.4.3 AA1000 ........................................................................................................................................................ 68
6.4.4 GRI ................................................................................................................................................................ 68
6.4.5 SA8000 ........................................................................................................................................................ 68
6.4.6 ECS2000 ...................................................................................................................................................... 70
6.4.7 Q-RES CELE ................................................................................................................................................ 71
6.4.8 NBR 16001 ................................................................................................................................................. 71
6.4.9 ISO 26000 e NBR ISO 26000 ..............................................................................................................72
6.4.10 AA1000 ................................................................................................................................................... 73
6.4.11 BS8900 ...................................................................................................................................................... 73
Unidade III
7 RESPONSABILIDADE SOCIAL EM DIVERSOS PÚBLICOS E GESTÃO AMBIENTAL ..................... 78
7.1 Responsabilidade social em diversos públicos ......................................................................... 78
7.1.1 Responsabilidade social com funcionários .................................................................................. 78
7.1.2 Responsabilidade social com governo ........................................................................................... 79
7.1.3 Responsabilidade social com fornecedores ................................................................................. 79
7.1.4 Responsabilidade social com comunidades ................................................................................. 83
7.1.5 Responsabilidade social com bancos e seguradoras ................................................................ 85
7.1.6 Responsabilidade social com Organizações não Governamentais (ONGs) ..................... 86
7.1.7 Responsabilidade social com clientes ........................................................................................... 86
7.1.8 O papel da ética ..................................................................................................................................... 88
7.2 Gestão Ambiental ................................................................................................................................. 95
7.2.1 Ecodesign ................................................................................................................................................... 97
7.2.2 Caso da Shell ........................................................................................................................................... 98
7.2.3 Caso da Basf ............................................................................................................................................ 98
7.2.4 Caso do Pão de Açúcar ......................................................................................................................100
7.2.5 Caso da Sabesp ......................................................................................................................................100
7.2.6 Caso do Banco HSBC ...........................................................................................................................101
7.2.7 Caso da Petrobras .................................................................................................................................101
8 MARKETING SOCIAL E AS RELAÇÕES ENTRE PRIMEIRO, SEGUNDO E TERCEIRO SETOR ............. 102
8.1 Marketing social .................................................................................................................................102
8.1.1 O caso Rede Globo – Criança Esperança .....................................................................................103
8.1.2 O caso McDonald’s – McDia Feliz ...................................................................................................104
8.2 As relações entre primeiro, segundo e terceiro setor ..........................................................105
8.2.1 Panorama histórico das ONGs no Brasil ......................................................................................106
8.2.2 Prêmios e instituições .........................................................................................................................116
7
APRESENTAÇÃO
Esta disciplina pretende apresentar aos alunos a visão crítica da gestão socialmente responsável e as 
consequências de suas ações nos atores envolvidos, assim como seus impactos na empresa, no mercado, 
no meio ambiente e na comunidade e suas implicações na gestão da organização.
Você verá como as empresas podem desenvolver o investimento social na comunidade/sociedade, 
sua relação com o terceiro setor e o alinhamento com a gestão estratégica da empresa e com os 
fundamentos da excelência em responsabilidade social.
Vamos discutir aspectos importantes como sustentabilidade e responsabilidade, além de apresentar 
organizações que coordenam suas estratégias alinhadas com esses preceitos.
Você conhecerá as principais certificações e prêmios setoriais, assim como entenderá as relações do 
tema com diversos públicos. Além disso, terá a oportunidade de desenvolver seu senso crítico diante 
das questões ligadas à Ética Empresarial e poderá aplicar esses conceitos no seu dia a dia no trabalho.
INTRODUÇÃO
Você certamente está observando o aumento da frequência de notícias sobre descarte de resíduos, 
desmatamento, poluição e os efeitos desses tópicos na gestão das organizações. 
Por exemplo, o Fórum Econômico Mundial de Davos de 2016 apresentou num painel uma projeção, 
a qual demonstrava que em 2050 os oceanos terão mais plástico do que peixes, medido em peso 
(OCEANOS..., 2016). Ou seja, mantendo os níveis de produção, consumo e descarte de plásticos, em 
menos de 40 anos a indústria pesqueira vai encontrar mais plástico que peixe no mar! Note que todos 
nós utilizamos (e descartamos) embalagens plásticas diariamente: basta pensar na garrafinha de água 
mineral ou no potinho de iogurte... Os programas atuais de reciclagem não dão conta do enorme volume 
de plástico sendo descartado! Agora pense em outros materiais que vão para o lixo e imagine o destino 
de tudo isso.
Figura 1
8
E que tal se pensarmos na poluição gerada na extração de matéria-prima? O minério de ferro gera 
resíduos altamente poluentes que devem ter tratamento e destino adequados. Lembre-se da tragédia em 
Mariana - MG, quando um dique rompeu e milhares de toneladas de lama com resíduos de mineração 
foram espalhados. E se o assunto for a conversão de matéria-prima em produto, uma fábrica de papel, 
ao transformar celulose em papel e papelão, gera uma grande quantidade de água poluída, que, se não 
for tratada convenientemente, vai para a natureza. 
Outro tópico relacionado: será que há trabalho escravo ou ilegal na produção da roupa que você 
veste ou do celular que você usa?
Há uma consciência ambiental e social que vem crescendo no mundo, e o Brasil, apesar de não ser o 
país mais avançado, também tem marcado presença. Algumas questões começam a ser mais frequentes: 
• De onde vem a matéria-prima de tudo o que vejo no supermercado? 
• Quantos recursos naturais foram utilizados para produzir milhões de unidades de smartphones 
como o meu? 
• Quanto do que eu consumo realmente preciso?
Pense nos materiais de escritório da sua mesa. Provavelmente há algumas canetas esferográficas, 
talvez lápis ou lapiseiras, alguns bloquinhos autoadesivos de diversas cores, entre outros. Quais são os 
processos produtivos desses produtos? Há poluição sem tratamento lançada na natureza durante a 
fabricação? A madeira do lápis vem do desmatamento ilegal da Amazônia?
Vamos pensar, por exemplo, no lixo. É desagradável ficar com o lixo em casa, não é? Que bom que 
temos a coleta de lixo que leva ele embora. Mas... vai embora para onde? Esse lixo apenas sai de sua 
menor unidade de lar, que é sua casa, mas continua na sua casa maior, que é seu planeta. Como resolver 
isso? Bom, você pode começar produzindo menos lixo e participando da coleta seletiva.
Figura 2
9
A coleta seletiva é um serviço especializado em coletar material devidamente separado pela fonte 
geradora. Ou seja, você, que é a fonte geradora do lixo, separa o orgânico do reciclável. Esse sistema 
facilita a reciclagem porque o material permanece limpo e com maior potencial de reaproveitamento.
Claro que a reciclagem é somente uma ação para que você possa ter uma vida mais sustentável e 
contribuirpara um mundo mais sustentável também. Veja mais sugestões que irão contribuir bastante:
• Planeje a troca de suas lâmpadas por modelos de baixo consumo de energia, como LEDs.
• Escove os dentes com a torneira fechada. São gastos doze litros de água com a torneira aberta 
versus menos de meio litro abrindo somente na hora certa.
• Pesquise e dê preferência para produtos e serviços sustentáveis.
• Mantenha uma caneca identificada no trabalho e evite usar copos plásticos descartáveis.
• Nas compras no mercado, prefira itens a granel e diminua o uso excessivo de embalagens.
• Para lavar roupa, só ligue a máquina quando estiver cheia.
• Vai secar roupa? Prefira o varal à secadora de roupas.
Todas essas sugestões são alinhadas com o chamado consumo consciente, que nada mais é que o 
conjunto de contribuições diárias para a sustentabilidade do planeta.
Claro que esses questionamentos podem parecer típicos de um “ecochato”, ou seja, aquelas pessoas 
que ficam chateando os outros em função de escolhas de consumo não ecológicas, mas na verdade 
questões como essas são cada vez mais levadas em consideração por governos, empresas e consumidores.
Este livro-texto foi concebido para que você reflita inicialmente sobre a sua responsabilidade como 
consumidor e depois estenda as implicações sobre sua responsabilidade no papel de gestor.
Mais uma pergunta: dá para manter nosso padrão de vida sem repensar em como extraímos recursos 
da natureza, como os convertemos em produtos e como destinamos os resíduos?
Você já deve ter ouvido falar que o crescimento da população mundial não acompanha o 
crescimento da área plantada para a produção de alimentos. Ou seja, a demanda mundial 
por alimentos cresce numa velocidade muito maior que a capacidade de produzi-los. A ONU 
(Organização das Nações Unidas) projeta para o ano de 2030 cerca de 8,6 bilhões de pessoas 
no planeta e a projeção para 2050 aponta para 9,8 bilhões. Acha muito? Pois a projeção para 
2100 atinge 11 bilhões de habitantes! Com esses números em mente, a humanidade precisa 
definir como produzir para todo mundo sem esgotar recursos, poluindo menos e remunerando 
convenientemente os investidores e acionistas das organizações. 
10
Tudo indica que a maneira que o capitalismo tem para resolver essa questão envolve a responsabilidade 
social como prioridade nas organizações e também nas nossas vidas pessoais. Não se trata de discurso 
de “ecochatos”: trata-se de gerenciar os recursos finitos do nosso planeta.
As organizações, além de enfrentar desafios constantes de competitividade e gestão de custos, sofrem 
cada vez mais pressões de todos os lados exigindo desempenho impecável, operações “limpas” e ações 
transparentes e socialmente responsáveis. Tanto a academia quanto o próprio mercado, observando 
as melhores práticas e seus resultados, elaboraram inúmeras técnicas gerenciais para aumentar a 
chance de maximizar resultados financeiros, ou, pelo menos, num ambiente de incerteza, aumentar 
as chances de sobrevivência. Assim, surgiu um conjunto de práticas voltado para atender a essas 
pressões: responsabilidade social de empresas (RSE).
Essas práticas estão alinhadas com a maior conscientização dos consumidores que valorizam 
produtos e serviços que sejam responsáveis com o meio ambiente e que respeitem ações de cidadania. 
Este livro-texto aborda todos estes tópicos e pretende contribuir não só para ampliar seu 
conhecimento, mas para alterar positivamente sua atitude.
Para elaborar a estrutura deste livro-texto, procuramos nos apoiar em trabalhos acadêmicos robustos 
como os de Souza, Melo Neto e Froes, Tenório, Tachizawa, Stoner, Freeman, Ashley, Carroll e outros.
Bons estudos!
11
RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES
Unidade I
1 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL (RSE): CONCEITOS E HISTÓRICO
Convidamos você a entender os conceitos de RSE, bem como perceber a evolução histórica no Brasil 
e no mundo.
1.1 Conceitos e definições
Vamos começar este tópico apresentando a você uma organização fundamental para o processo de 
adoção de RSE junto às empresas brasileiras: o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social 
é uma Oscip (organização da sociedade civil de interesse público) cuja missão é mobilizar, sensibilizar e 
ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na 
construção de uma sociedade justa e sustentável. 
Para o Instituto Ethos, responsabilidade social empresarial é uma forma de gestão que se 
define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela 
se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento 
sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, 
respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais. Para tal, promove 
um conjunto de ações que incentivam empresas a adotar formas de gestão voltadas para negócios 
sustentáveis e responsáveis.
O Ethos conceitua negócio sustentável e responsável como uma atividade econômica orientada para 
a geração de valor econômico-financeiro, ético, social e ambiental, cujos resultados são compartilhados 
com os públicos afetados e cuja produção e comercialização são organizadas de modo a reduzir 
continuamente o consumo de bens naturais e serviços ecossistêmicos, visando dar competitividade e 
continuidade à própria atividade e a manter o desenvolvimento sustentável da sociedade.
Note que o Instituto Ethos não limita a RSE a ações ou práticas, e sim a uma forma de 
gestão, o que necessariamente nos remete ao conjunto de processos que a organização executa 
cotidianamente. Além disso, estabelece a relação entre a empresa e todos os públicos (acionistas, 
clientes, fornecedores, distribuidores, stakeholders etc.) com ética (conjunto de regras e preceitos 
de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade) e 
transparência (em que todas as partes têm acesso às informações). Completando, trata das metas 
organizacionais alinhadas com sustentabilidade e com preservação de recursos para as próximas 
gerações (o chamado legado) e com respeito às pessoas em sua diversidade, focando na redução 
de desigualdades. Em suma, RSE é algo que, se todas as organizações adotassem, resultaria num 
mundo melhor de se viver agora e no futuro.
12
Unidade I
Porém, há uma grande quantidade de gestores empresariais alinhados com a visão de Friedman 
(1962), com base na análise econômica neoclássica, que postula a obrigação dos administradores em 
aumentar o valor do acionista:
Existe uma e apenas uma responsabilidade social da atividade de negócios – 
utilizar seus recursos e engajar-se em atividades delineadas para incrementar 
lucros tanto quanto possível dentro das regras do jogo, qual seja, engajar-se 
em mercado livre e competitivo sem fraudes (FRIEDMAN, 1962, p. 4).
Essa visão ortodoxa contraria as evidências do crescimento da RSE nos ambientes de negócio em 
todo o mundo na última década.
Infelizmente, RSE pode ser confundida com caridade, e é preciso deixar claro que simplesmente 
participar de projetos sociais ou fazer doações não se configura como uma “forma de gestão”, como 
preceitua o Instituto Ethos. Assim, se a farmácia do seu bairro fizer doações para o Criança Esperança, 
por exemplo, e tiver uma forma de gestão não alinhada com os preceitos defendidos pelo Instituto 
Ethos, na verdade está somente realizando uma ação assistencialista na forma de caridade. Nada contra 
divulgarem a participação ou o apoio a projetos sociais através de doações, mas responsabilidade social 
tem uma abrangência muito maior do que somente isso. A caridade tem fins assistenciais e é um mero 
paliativo para graves problemas sociais.
Assim, é comum confundir responsabilidade social com ações sociais de doações e assistencialismo, 
delimitando-a em caridade e filantropia. Isso distorce a essência do que se espera de uma conduta 
socialmente responsável das empresas.McWilliams e Siegel (2002, p. 118) pontuam que:
Para maximizar lucros, a firma deveria oferecer precisamente aquele nível 
de responsabilidade social para o qual o incremento da receita (advindo de 
um aumento de demanda) iguale o maior custo (da utilização de recursos 
para prover ações sociais). Fazendo isto, a firma encontra a demanda 
dos stakeholders relevantes, tanto daqueles que demandam ações de 
responsabilidade social (consultores, empregados, comunidade), como dos 
acionistas da firma.
Note que o ponto de vista desses autores é congruente no que se refere ao foco em rentabilidade 
mesmo com investimentos em RSE, o que na verdade reafirma o ponto de vista de Friedman citado há 
pouco e amplia o escopo de aplicação de RSE.
Cheibub e Locke (2002) contribuem delimitando o que não é RSE: não é cumprir exigências tributárias, 
fiscais, trabalhistas e ambientais, bem como não é realizar ações, programas e benefícios em função de 
negociação trabalhista. 
Embora pareça simples, há uma grande complexidade em torno do termo. Carroll (1979) propõe a 
subdivisão da responsabilidade social nas dimensões econômica, legal, ética e filantrópica, conforme a 
figura a seguir: 
13
RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES
Responsabilidades 
filantrópicas
Ser uma boa cidadã corporativa
Melhorar a qualidade de vida
Responsabilidades legais
Obedecer às leis
Obedecer às regras do jogo
Responsabilidades éticas
Obedecer às leis
Obedecer às regras do jogo
Responsabilidades econômicas
Ser lucrativa
A fundação pela qual todas as outras 
responsabilidades estão assentadas
Figura 3 – Pirâmide de responsabilidade social de Carroll
Para o autor, as proporções das categorias da figura indicam a relativa magnitude de cada categoria. 
Além disso, a ordem (de baixo para cima, como se houvesse uma base para a construção do modelo) 
apenas sugere que historicamente as organizações iniciam sua preocupação com as responsabilidades 
econômicas e legais, passando às outras categorias com o passar do tempo.
Na base conceitual, a organização é uma entidade lucrativa, com o retorno financeiro em pauta 
(reponsabilidade econômica). Na camada seguinte, o resultado econômico deve ser legal, ou seja, a 
empresa conhece e aplica as leis vigentes (responsabilidade legal). Subindo conceitualmente no modelo, 
além de serem lucrativas e seguirem as leis, é preciso que as atividades da empresa sejam éticas na visão 
da sociedade que a cerca (responsabilidade ética). No topo, temos a responsabilidade filantrópica, que 
tem foco no auxílio direto ou indireto para a sociedade. Note que o autor postulou esses conceitos há 
mais de trinta anos quando o mundo dos negócios ainda estava focado cada vez mais em faturar sem 
levar em consideração as consequências.
No modelo de excelência de gestão da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), responsabilidade social 
é “o dever da organização de responder pelos impactos de suas decisões e atividades, na sociedade e no 
meio ambiente, e de contribuir para a melhoria das condições de vida, por meio de um comportamento 
ético e transparente, visando ao desenvolvimento sustentável” (FNQ, [s.d.]). 
Em 2003, na Revista de Administração Contemporânea (RAC) da Associação Nacional de 
Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (Anpad), Hermano Roberto Thiry-Cherques (2003, 
p. 33) discutiu que:
A responsabilidade social compreende o dever de pessoas, grupos e 
instituições em relação à sociedade como um todo, ou seja, em relação a 
todas as pessoas, grupos e instituições. A responsabilidade é o que nos faz 
sujeitos e objetos da ética, do direito, das ideologias e, se quisermos, da fé. É 
o que nos torna passíveis de sanção, de castigo, reprovação e culpa.
O Banco Mundial define RSE como o compromisso empresarial de contribuir para o 
desenvolvimento econômico sustentável, trabalhando em conjunto com os empregados, suas 
14
Unidade I
famílias, a comunidade local e a sociedade em geral para melhorar sua qualidade de vida, de modo 
positivo tanto para as empresas como para o desenvolvimento.
 Lembrete
Perceba que a discussão sobre responsabilidade social e ambiental veio 
crescendo ao longo dos anos.
Assim, a responsabilidade social empresarial, objeto de estudo deste livro-texto, vai além de 
filantropia, assistencialismo e assemelhados e se configura como uma forma de gestão integrada ao dia 
a dia das organizações.
 Saiba mais
Conheça as atitudes sustentáveis do Grupo Boticário, quinta maior rede 
de varejo do país, com faturamento superior a 12 bilhões de reais:
GRUPO BOTICÁRIO. Produtos cada dia mais sustentáveis. [s.d.]. Disponível 
em: http://www.grupoboticario.com.br/pt/atitudes-sustentaveis/Paginas/
Inicial.aspx. Acesso em: 20 dez. 2018.
1.2 Evolução histórica
Na Europa do século XVIII, segundo Guimarães (1984), o tema responsabilidade social já era abordado, 
muito embora de forma ainda embrionária, no sentido de o papel dos capitalistas ser de gerar lucros e 
empregos, sendo o emprego o benefício social derivado. Ou seja, conceitualmente, esse assunto não é 
recente.
O modelo vigente na conversão do feudalismo para o capitalismo previa que o Estado seria 
encarregado das ações sociais, enquanto cabia às empresas o papel de ampliar ao máximo os lucros, 
criando empregos e pagando taxas e impostos ao Estado. Esse modelo de certa forma perdurou até 
quase o final do século XX.
Mas não vamos nos adiantar. Vamos focar no início do século XX. Gendron (apud KREITLON, 2004) 
explica a fase compreendida entre 1900 e 1960, resultado dos efeitos da Revolução Industrial:
Durante este período, três fatores principais vêm favorecer o surgimento 
das críticas de caráter ético e social ao mundo dos negócios: a) a desilusão 
frente às promessas do liberalismo (decorrente sobretudo do crash da 
Bolsa de Nova Iorque em 1929, e das tristes consequências provocadas 
pela Grande Depressão que se seguiu); b) o desejo por parte das empresas 
15
RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES
de melhorarem sua imagem, numa época em que os lucros exorbitantes de 
certos monopólios suscitava a ira da população; c) o desenvolvimento 
das ciências administrativas, e a profissionalização da atividade gerencial 
(GENDRON apud KREITLON, 2004, p. 3).
Note que esta fase é composta de críticas ao modelo vigente de exploração, com muita pouca 
mudança efetiva por parte das organizações.
No período compreendido entre as décadas de 1960 e 1980, as coisas passam a mudar drasticamente, 
uma vez que traz para as empresas reivindicações cada vez mais numerosas e variadas por parte da 
sociedade civil. 
Se formos pensar em termos históricos, empresas atuando em problemas sociais não são exatamente 
novidade. Seja pelo good will que a benemerência provoca, seja pela crença dos proprietários, ações 
dessa natureza ocorreram pontualmente ao longo do tempo. O tema passou a ter relevância a partir do 
final da década de 1960, período de turbulência social em termos de direitos civis (nos EUA), de direitos 
estudantis e trabalhistas (na França, Alemanha e Itália), de liberalização política (na Tchecoslováquia) 
e outros tantos em vários lugares. O germe da mudança estava espalhado em boa parte do mundo, 
e as reivindicações sociais oriundas dessas mudanças começaram a impactar o mundo dos negócios. 
O zeitgeist (expressão alemã que designa o espírito de um tempo) expresso pelas demandas sociais 
transformaram paulatinamente a gestão empresarial voltada estritamente para o econômico em algo 
mais aberto e inclusivo. Foi o início de um processo lento de despertar para a responsabilidade social, o 
que pouco a pouco fez evoluir a postura e os valores das organizações. 
Claro que as revoluções sociais e políticas da época não são os únicos fatores que contribuíram para 
o despertar da RSE. A inovação tecnológica e a velocidade das mudanças derivadas transformaram a 
economia e o mundo empresarial, de acordo com Corrêa et. al (2004, p. 23). Em contraponto, na década 
de 1970, Milton Friedman, citado anteriormente, bradavasobre a inviabilidade das empresas assumirem 
responsabilidades sociais.
Milton Friedman, falecido em 2006, foi um economista renomado e respeitado (recebeu o Nobel 
de Economia de 1976), e muitos o consideram o segundo economista mais influente do século XX, 
sendo o primeiro John Maynard Keynes. Ferrenho defensor do livre mercado com intervenção mínima 
do Estado, seu pensamento estava alinhado com o modelo descrito anteriormente. Ele postulava que 
as organizações deveriam focar na eficiência da produção de bens e serviços e deixar para o Estado 
a solução das demandas sociais, uma vez que as empresas não apresentam condições de analisar os 
problemas sociais e nem podem definir quais e quantos recursos devem ser utilizados nessa tarefa.
A responsabilidade social da empresa consiste em aumentar seus 
próprios lucros [...]. A maior parte daquilo que se debatera a propósito de 
responsabilidade da empresa não passa de tolices. Para começar, apenas 
indivíduos podem ter responsabilidades; uma organização não pode tê-las. 
Eis portanto a questão que devemos nos colocar: será que os administradores 
- desde que permaneçam dentro da lei - possuem outras responsabilidades 
16
Unidade I
no exercício de suas funções além daquela que é aumentar o capital dos 
acionistas? Minha resposta é não, eles não têm (FRIEDMAN, 1970, p. 2).
Tachizawa (2005, p. 41) pondera que o postulado de Friedman partia da ilusão (ou crença) que 
os recursos naturais eram infinitos, e, portanto, não poderiam ser considerados fatores restritivos à 
produção, e acreditava que o livre mercado era a ferramenta para obter o bem-estar social. Uma vez que 
a chamada Teoria Econômica Convencional abordava apenas a alocação de recursos escassos, a natureza 
e os recursos naturais não eram vistos como fatores limitantes, e assim o meio ambiente simplesmente 
não era considerado nos modelos econômicos vigentes.
Perceba os ventos da mudança: a evolução da tecnologia e das teorias de gestão empresarial alteraram 
a lógica dos meios de produção. Uma das alterações envolveu a conclusão inequívoca acerca da finitude 
dos recursos naturais, e isso ampliou a percepção do conceito de responsabilidade social empresarial. 
Se, por um lado, o liberalismo econômico da época professado por Friedman contribuiu para o aumento 
da produção e para o acúmulo de capital, por outro lado evidenciou os efeitos negativos da atividade 
empresarial: poluição, degradação, disparidade social, relações de trabalho precárias etc.
Nesse ponto, agentes sociais diversos que iniciaram o processo de mobilização passaram a pressionar 
as instâncias de poder (como governos e organizações multilaterais) para buscarem soluções dos 
problemas gerados pela atividade empresarial.
Assim, o escopo da atuação organizacional se ampliou: mais do que gerar empregos, maximizar 
lucros e pagar impostos, as organizações deveriam ser obrigadas a fazer a gestão dos impactos no 
meio ambiente e a cumprir estritamente as obrigações trabalhistas. Assim, a disseminação da ideia 
de responsabilidade social empresarial atendeu tanto os desejos da sociedade quanto os anseios dos 
próprios funcionários das organizações. 
Vários eventos históricos contribuíram nesse despertar:
• Em 1973 a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) aumentou o preço do petróleo 
em mais de 400%, provocando inflação e falta de combustível em boa parte do mundo.
• Em 1979 ocorreu uma crise política no Irã, e a produção de petróleo foi afetada seriamente, 
fazendo com que os preços aumentassem: de 1979 a 1981, o preço aumentou de 13 para 
34 dólares o barril. Isso provocou novamente inflação e problemas de abastecimento.
• Em 1984 houve a Tragédia de Bhopal, cidade indiana, onde 40 toneladas de gases tóxicos vazaram 
na fábrica de pesticidas da empresa americana Union Carbide, causando 3 mil mortes diretas e 
10 mil indiretas. 
• Em 1986 a Rússia sofreu com um acidente que provocou a explosão de um dos quatro reatores 
da usina nuclear de Chernobyl, o que lançou na atmosfera uma nuvem radioativa que aumentou 
brutalmente a incidência de câncer numa região que se espalha até hoje por dezenas de 
quilômetros quadrados.
17
RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES
• Em 1989 ocorreu o acidente com o navio petroleiro Exxon Valdez na costa do Alasca, onde, após 
encalhar, o casco se rompeu e 40 milhões de litros de petróleo vazaram, contaminando uma área 
de 250 km2, matando ao longo do tempo 260 mil pássaros marinhos, além de peixes, orcas, lontras 
e outros animais.
Note que, se as crises de abastecimento de petróleo de 1973 e 1979 evidenciaram a questão da 
finitude desse recurso natural, os acidentes industriais da década de 1980 lançaram luz sobre a questão 
da responsabilidade ambiental das organizações. O modelo que Friedman defendia (empresas devem ter 
lucro e deixar os problemas sociais para os Estados) estava lentamente sendo corroído pelos fatos.
O ramo da indústria química americana, em função do acidente de Bhopal (e de outros acidentes 
ocorridos), lançou, em 1985, o Responsible Care, que segundo Barbieri (2004), é o ponto de partida da 
Gestão Ambiental atual, uma vez que propunha seriamente a adoção de instrumentos de gerenciamento 
ambiental e de segurança. 
Note que esse desastre ambiental forçou um ramo industrial inteiro a adotar medidas voltadas 
à responsabilidade ambiental, o que reforça a tese que desastres são um forte fator de mobilização 
e mudança.
As crises do petróleo de 1973 e 1979 demonstraram a excessiva dependência de recursos naturais 
finitos, e isso gerou naturalmente uma demanda por tecnologias focadas em reduzir a dependência 
desses recursos, seja pela racionalização do uso de insumos de produção, seja pela busca de alternativas 
não finitas (sustentáveis) para substituí-los. Cabe ressaltar que o Brasil contribuiu no desenvolvimento 
de tecnologias através do Programa Nacional do Álcool (Pró-Álcool), criado em 1975, que visava reduzir 
a dependência do petróleo substituindo a gasolina pelo álcool. Uma boa parte da produção automotiva 
do início da década de 1980 era de automóveis movidos a álcool. Os atuais motores flex, que funcionam 
tanto com gasolina quanto com álcool em qualquer proporção, são oriundos dessa tecnologia, que 
evidentemente evoluiu muito desde então.
Assim, com governos e sociedade mobilizados para (ou, muitas vezes, com um discurso de) preservação 
ambiental e respeito às condições de trabalho, as empresas passaram a adotar uma posição defensiva: 
cumprir aquilo que a legislação exige e somente isso. Nessa fase, era comum adotar equipamentos de 
controle de poluição atmosférica, do solo e da água mesmo que não fossem tão eficientes na preservação 
do meio ambiente. O recado era: “Estamos fazendo nossa parte!”.
Como esses equipamentos tinham custo elevado de aquisição, instalação e manutenção, era 
natural que ao longo do tempo as organizações passassem a considerar controle ambiental como parte 
integrante das outras funções organizacionais, buscando eficiência e eficácia nas operações produtivas. 
Surge assim a Gestão Ambiental:
Gestão ambiental envolve planejamento, organização, e orienta a empresa a 
alcançar metas [ambientais] específicas, em uma analogia, por exemplo, com 
o que ocorre com a gestão de qualidade. Um aspecto relevante da gestão 
ambiental é que sua introdução requer decisões nos níveis mais elevados da 
18
Unidade I
administração e, portanto, envia uma clara mensagem à organização de que 
se trata de um compromisso corporativo. A gestão ambiental pode se tornar 
também um importante instrumento para as organizações em suas relações 
com consumidores, o público em geral, companhias de seguro, agências 
governamentais etc. (MEYER-KRAHMER, 1998, p. 134).
Pode-se concluir que a preocupação ambiental foi inicialmente uma reação a demandas externas 
pouco consideradas que aos poucos virou uma ação planejada e orientada para os propósitos 
organizacionais, e um dos atores sociais que muito contribuíram paraisso foram as ONGs.
As ONGs exerceram um papel fundamental na difusão dos conceitos de responsabilidade 
social no Brasil e no mundo, muito embora nem todas sejam voltadas especificamente para RSE. 
Segundo Campos (1999, p. 2), o termo non-governmental organizations (NGO) foi criado pelas 
Nações Unidas na década de 1950, definido como “organizações internacionais da sociedade civil 
que não foram fundadas pelos Estados”. A tradução natural para o português foi organizações não 
governamentais (ONGs).
É interessante notar que as décadas de 1980 e 1990 foram as que apresentaram um enorme 
crescimento da quantidade de ONGs no mundo:
Quadro 1 – Quantidade de ONGs no mundo
Ano Nº de ONGs internacionais
1956 1.000
1960 1.200
1970 3.200
1980 8.300
1990 18.000
1998 32.000
Adaptado de: Lobo (2007).
O termo Oscip foi criado pela Lei nº 9.790/99, segundo Campos (1999, p. 3). Na prática, trata-se de 
um reconhecimento legal daquilo que se entende por ONG com alcance de verbas oficiais. Por força 
da lei, as Oscips são obrigadas a ter transparência administrativa por aplicarem recursos públicos. A 
lei permite que organizações de direito privado sem fins lucrativos sejam qualificadas como Oscips, 
podendo desenvolver parcerias com o poder público e assim realizar suas atividades.
Veja que discutimos anteriormente, não por coincidência, o germe da mudança nas décadas de 
1980 e 1990 no Brasil. Essas mudanças (em escala mundial também) eram voltadas, entre outras coisas, 
para difundir um discurso de ética e responsabilidade social, que aos poucos se ampliou incluindo 
a responsabilidade ambiental. Era necessário desenvolver práticas empresariais voltadas para o 
atendimento de necessidades sociais e, mais amplamente, ambientais.
19
RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES
Esse movimento crescente de mudança acabou tendo consequências concretas, e diversas 
organizações passaram a se preocupar em agir junto a áreas tradicionalmente ocupadas pelo Estado. As 
mudanças também ocorreram no ambiente interno das organizações: relacionamento com funcionários 
indo além das obrigações trabalhistas e relacionamento com fornecedores respeitando o direito de 
transações duradouras e lucrativas para ambas as partes.
Naturalmente, essas mudanças acabaram incluindo, com o tempo, a relação com o meio ambiente e 
com as comunidades mais próximas.
Bons exemplos devem ser comunicados para que haja incentivo à replicação, certo? Com base nesse 
conceito, começou ainda de maneira tímida um movimento de publicar relatórios divulgando as ações 
sociais e ambientais realizadas pelas empresas, e assim surgiram os primeiros relatórios de atividades 
sociais, que aos poucos se desenvolveram e passaram a receber a denominação de balanço social, numa 
clara alusão ao balanço contábil, que demonstra publicamente uma radiografia da empresa. Trataremos 
do balanço social mais à frente.
Nos primeiros anos dos anos 1990, a quantidade de empresas com divulgação de relatórios sociais 
anuais começou a crescer. Como uma onda, outras empresas passaram a dar atenção, e isso iniciou um 
processo de aceitação e disseminação no meio empresarial.
Nesse período, portanto, ocorreu uma alteração da mentalidade de parte do empresariado. As velhas 
lideranças empresariais, alinhadas com o pensamento de Friedman, já discutido, perderam espaço seja 
por sucessão, seja por incapacidade de atuar competitivamente em um mercado aberto para produtos 
estrangeiros. A quebradeira de empresas após a era Collor criou um vácuo de mercado que foi ocupado 
tanto por multinacionais quanto por novas lideranças empresariais brasileiras. Boa parte desse novo 
empresariado fazia negócios tendo maior responsabilidade social e travando diálogos com o público 
interno (funcionários) e externo interessado na empresa (stakeholders). Note que é um período de 
transição: havia uma enorme quantidade de empresários alinhados com o velho modelo e uma leva 
pequena, mas crescente, de jovens empresários antenados com os ventos da mudança. A mentalidade dessa 
nova geração era de tomar decisões levando também em consideração os impactos sociais e ambientais.
A contribuição da Câmara Americana de Comércio, em São Paulo (AmCham/SP), com o Prêmio Eco 
a partir de 1986, e do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife), a partir de 1989, foi enorme e 
faz parte da história da RSE no Brasil. 
Albuquerque (2006, p. 24) cita outras organizações que contribuíram (e algumas ainda contribuem) 
para a difusão e consolidação dos conceitos de RSE:
• Fundação Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social (Fundação Fides), que na década de 
1980 possuía o nome de Instituto de Desenvolvimento Empresarial (IDE).
• Pensamento Nacional das Bases Empresariais (PNBE), fundado em 1987, que se denominava 
como entidade empresarial não corporativa que tem como objetivo unir forças na luta por um 
país melhor.
20
Unidade I
• Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança, criada e mantida pela Associação Brasileira das 
Indústrias de Brinquedos.
• Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas na luta contra a Aids, no início dos anos 1990.
• Campanha da Ação da Cidadania, a partir de 1993.
• Instituto Ethos de Responsabilidade Social, criado pelo empresário Oded Grajew em 1998.
Exemplo de aplicação
A maior parte das organizações listadas existe até os dias de hoje. Faça uma busca na internet e veja 
as enormes contribuições que fazem e fizeram.
Você pode perceber que a partir da década de 1990 o Brasil passou a ter um número crescente de 
empresas e organizações que criaram ações efetivas de cunho social como parte de uma estratégia. O 
rico aprendizado da época gerou um bom número de profissionais experientes em ações do tipo, criando 
um novo mercado de trabalho. E, reforçando o que já discutimos, a divulgação sistemática das ações e 
resultados criou mais interesse no tema por parte do mercado. 
Note que esse processo histórico teve uma série de fatores correlacionados: 
• O interesse pessoal de alguns gestores cujos valores já apontavam o novo milênio.
• A cobrança por parte da sociedade através de ONGs e Oscips.
• As disputas de poder dentro das empresas, onde valores antigos foram confrontados por 
novos valores.
• A necessidade do meio empresarial de adaptação às mudanças crescentes.
Simultânea e paralelamente, catástrofes ambientais (já citadas) criaram um ambiente propício para 
discutir a mudança de valores.
Historicamente, o mundo da década de 1990 criou na Academia e no meio empresarial uma disputa 
para determinar quais modelos de desenvolvimento são aplicáveis em função da derrocada do comunismo 
(um dos quais, como já discutimos, o modelo da RSE). No Brasil, a onda de privatizações levada a termo 
por Fernando Henrique Cardoso vendeu ao setor privado setores tradicionais de atuação estatal, como 
telefonia e mineração. Foi uma época de reafirmação da economia de mercado com a implantação de 
teorias administrativas muitas vezes antagônicas, fruto da renovação empresarial no Brasil.
Há dois lados saudavelmente complementares nas ações corporativas no âmbito social e 
ambiental: o lado estritamente financeiro, ligado ao bom e velho lucro e à sobrevivência da empresa 
no longo prazo derivada de estratégias que inserem a RSE, e o lado ético e responsável que essas 
ações ajudam a desenvolver.
21
RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES
É nesse caldeirão borbulhante de ideias e ações que a década de 1990 se insere, trazendo o 
fortalecimento no meio empresarial e acadêmico do termo responsabilidade social das empresas e de 
suas inúmeras derivações: 
• empresa socialmente responsável;
• ética nas empresas;
• balanço social das empresas;
• filantropia empresarial;
• empresa cidadã.
Nossa tratativa neste livro-texto é de responsabilidade social empresarial (RSE).
 Lembrete
Para o Instituto Ethos, responsabilidade social empresarial é uma forma 
de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com 
todos os públicos comos quais ela se relaciona e pelo estabelecimento 
de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável 
da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as 
gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das 
desigualdades sociais.
2 FORMAS DE ATUAÇÃO EM RSE
Há várias maneiras das organizações atuarem em prol da sociedade. Nelson (1998) contribuiu 
elencando três eixos distintos de atuação.
1 - Atuando eticamente em suas atividades produtivas (ambiente, políticas 
adequadas de recursos humanos, cooperação tecnológica, qualidade e 
gestão ambientais, maximização dos insumos, apoio ao desenvolvimento de 
empresas locais como fornecedores e distribuidores);
2 - Mediante investimento social, não apenas através de doações 
filantrópicas, mas também compartilhando capacidade gerencial e técnica, 
desenvolvendo programas de voluntariado empresarial, adotando iniciativas 
de marketing social, apoiando iniciativas de desenvolvimento comunitário;
3 - Mediante contribuição ao debate sobre políticas públicas, colaborando 
no desenvolvimento de políticas fiscais, educacionais, produtivas, ambientais 
e outras (NELSON, 1998, p. 6).
22
Unidade I
Note que o primeiro eixo aborda as questões internas da organização; o segundo, as questões da 
comunidade; e o terceiro, as questões gerais do país.
Claro que esse modelo veio a ter acréscimos de maneiras alternativas: filantropia individual de 
acionistas ou investidores, patrocínios diversos de ações promovidas por organizações do terceiro 
setor, campanhas promocionais voltadas a uma causa, doações, incentivo a funcionários, parceiros e 
fornecedores se engajarem em ações sociais e outras.
2.1 Filantropia
No Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2009), o termo filantropia pode ser entendido como 
desprendimento, generosidade para com outrem; caridade. Filantropia feita por organizações, como 
doar mantimentos para refugiados, é simplesmente um ato passivo, já que não há envolvimento ativo 
com a resolução dos problemas sociais.
A filantropia feita por empresas tem por desenho o assistencialismo. Pode ser recorrente, como a 
doação mensal de dez caixas de luvas descartáveis para a Santa Casa local, e também pode ser eventual, 
tendo por exemplo uma padaria doar pães para os refugiados de guerra que acabaram de chegar na cidade. 
Assim, na filantropia empresarial recorrente, a empresa doa (ou organiza o processo de coleta e 
doação) comida, roupa, remédios etc. em regime frequente. Já a filantropia empresarial eventual acontece 
em função de externalidades através de ajuda pontual a populações vulneráveis (SCHVARSTEIN, 2003).
Podemos notar que a filantropia em si não é considerada importante para os objetivos organizacionais:
É muito pequeno o interesse dos empresários em conhecer os impactos das 
ações sociais apoiadas ou de dar publicidade as mesmas. A beneficência 
tradicional recomenda o “anonimato do verdadeiro filantropo”: não é de 
bom tom tornar público o que se faz. O retorno da ação social é, no geral, 
percebido no campo da gratificação pessoal e, por isso, não se tem ideia e 
nem interesse em calcular ou dimensionar qualquer relação custo/benefício 
decorrente dessa ação (BEGHIN, 2001, p. 7).
Agir de maneira filantrópica tem méritos indiscutíveis, mas não traz desdobramentos 
práticos para a empresa. Uma coisa é dar o peixe, e outra é ensinar a pescar. Uma vez que ocorre 
circunstancialmente, a filantropia pode criar expectativas de que ocorra novamente e com isso 
gerar uma certa dependência.
Note que a filantropia assistencialista na prática reduz os efeitos, mas não ataca as causas. Ou seja, 
na filantropia, a relação entre empresa doadora e entidade receptora termina com a doação. Há uma 
clássica charge de Henfil (cartunista, jornalista e escritor brasileiro, morto em 1988) em que a personagem 
Fradinho observa um colega dar esmola a um pedinte e pergunta: “Você aplaca sua consciência com 
moedinhas de 10 ou 50?”, evidenciando a desconexão entre doador e receptor da filantropia. Quando 
passamos para a responsabilidade social, a doação, se ocorrer, é simplesmente o ponto de partida.
23
RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES
A filantropia muitas vezes é uma espécie de compensação moral em função de atividades paralelas 
pouco éticas. Em outras palavras, há empresários que acham que podem “limpar a barra” agindo 
de maneira assistencialista. De certa forma, é o equivalente às ações beneméritas do personagem 
Don Corleone, do livro (e filme homônimo) O Poderoso Chefão (PUZO, 1969), que ajuda de maneira 
benevolente a vizinhança e comete crimes terríveis como meio de vida. Exageros à parte, não é incomum 
vermos organizações altamente poluidoras patrocinarem projetos sociais exatamente por uma questão 
de imagem.
2.2 Empresa cidadã ou cidadania corporativa
Cidadania corporativa é um conceito que expressa uma nova consciência em relação aos investimentos 
sociais feitos pelas empresas.
Se a antiga noção de empresa social parece estar desacreditada, por carecer 
de embasamento conceitual e aceitação pela sociedade, a nova concepção, 
que se pode chamar de empresa cidadã, ganha número de adeptos cada 
vez maior, não apenas nos países industrializados, mas nos principais países 
emergentes (ALVES, 2001, p. 80).
O exercício da cidadania empresarial é fruto das ações internas e externas de responsabilidade social 
desenvolvidas pela empresa.
A responsabilidade social interna tem referência nas ações junto a colaboradores e clientes internos. 
Os esforços da organização no sentido de prover um ecossistema sadio para as atividades de trabalho, 
indo além do que preconiza a lei e efetivamente gerando a satisfação do público interno, têm foco na 
responsabilidade social interna.
O acréscimo conceitual da responsabilidade social interna à externa cria o ambiente para a cidadania 
corporativa ou empresarial.
Perceba que a definição de responsabilidade social está inserida na de cidadania empresarial.
Assim, a cidadania empresarial tem condições de ser considerada uma etapa mais avançada da 
Responsabilidade Social. “A nova postura da empresa cidadã baseada no resgate de princípios éticos e 
morais passou a ter natureza estratégica” (BALDO, 2002).
Alves (2001) afirma que vários autores envolvidos no tema não chegaram a uma definição unívoca de 
cidadania corporativa, sendo possível encontrar as expressões responsabilidade social corporativa, cidadania 
empresarial, ética corporativa e até mesmo governança cidadã – essa última normalmente associada à gestão 
pública. Leipzinger (1998), por exemplo, discute cidadania corporativa tendo por base a cidadania individual 
nas dimensões prática e ética, focando na utilização da competência organizacional para assegurar o futuro 
protegendo a reputação e refletindo os anseios da comunidade. Carroll (1999) sugere que os conceitos de 
cidadania corporativa e responsabilidade social empresarial sejam convergentes.
24
Unidade I
2.2.1 Cidadania corporativa Samsung
A Samsung, gigante coreana com produtos nas linhas de eletroeletrônicos, divulga publicamente 
suas práticas e valores de Cidadania Corporativa:
Buscamos criar mudanças positivas através de programas de cidadania 
corporativa baseados em necessidades sociais globais e alinhadas com nossas 
principais competências como uma empresa de tecnologia líder global.
Educação - Em 2017, apoiamos mais de 2 milhões de alunos de mais 
de 1.200 escolas em 48 países. Buscamos colaborar na educação local e 
apoiar o desenvolvimento de talentos criativos ao oferecer um ambiente 
educacional inteligente facilitado por novas tecnologias. A Samsung fornece 
treinamento de programa de software para os alunos receber educação de 
qualidade através de um ambiente educacional positivo com equipamentos 
de TI e conteúdo sob medida para as necessidades locais.
Emprego e comunidade - Em 2017, apoiamos mais de 27 mil jovens 
de mais de 244 institutos em 50 países. Contribuímos para a criação de 
empregosao fornecer treinamento vocacional de TI em cooperação com 
autoridades educacionais e governos locais. Os institutos técnicos oferecem 
cursos diferenciados de acordo com as condições específicas do país: eles 
são focados em fomentar mão de obra de software em alguns países 
com TI avançada e engenheiros de atendimento ao cliente em países em 
desenvolvimento de acordo com as necessidades de cada país.
Apoio médico e de saúde - Ajudamos as pessoas a terem vidas mais saudáveis 
ao oferecer experiência tecnológica para proporcionar melhor acesso a 
soluções e serviços de saúde. Em 2017, apoiamos 101 escolas e centros com 
mais de 180 mil alunos e moradores em 8 países (SAMSUNG, [s.d.]).
2.2.2 Cidadania corporativa PepsiCo
Companhia líder no setor de alimentos e bebidas, a PepsiCo apresenta suas práticas de 
cidadania corporativa:
Projetos Incentivados - No Brasil, a PepsiCo apoia uma série de projetos 
voltados para a educação, prática esportiva, sustentabilidade e cultura 
temas de fundamental relevância para a empresa e a sociedade. Exemplos: 
Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental como parte de suas ações de 
conscientização sobre reciclagem, projeto de iniciação esportiva da fundação 
EPROCAD, e Expo Catadores, evento anual que promove a reciclagem de 
materiais e a valorização dos catadores, profissionais de fundamental 
importância na cadeia de gestão de resíduos sólidos.
25
RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES
Voluntariado Corporativo - O projeto Transformando Comunidades tem 
como objetivo o voluntariado corporativo. Com a participação de nossos 
colaboradores, o projeto se espalhou pelo país, atendendo a diversas 
organizações sociais, nos pilares: desenvolvimento social, educação e esporte.
Suporte Humanitário - As causas humanitárias também são nossa causa, 
e através da doação de produtos realizadas via Mesa Brasil, a PepsiCo e a 
PepsiCo Foundation colaboram com as comunidades (PEPSICO, [s.d.]).
2.2.3 Cidadania corporativa IBM
A IBM, global player relevante no mundo da informática, reforça seus valores sobre a prática da 
cidadania corporativa:
A IBM segue os mais altos padrões de responsabilidade corporativa em todas 
as ações – no apoio e treinamento de funcionários, no trabalho com clientes 
e na governança de nossa empresa.
Colaboramos com uma ampla gama de parceiros, aplicando conhecimento, 
tecnologia e inovação para ajudar nos desafios da sociedade com soluções 
de impacto.
Diversidade e inclusão - Nosso compromisso de longo prazo vai além de 
práticas de contratação justas, e está focado em como pessoas únicas e 
diversas criam um todo integrado e inovador.
Bem-estar dos funcionários - Nosso sistema de gestão de saúde reflete um 
compromisso com o funcionário do início ao fim - no trabalho, em casa e 
como membro de uma comunidade.
Desenvolvimento de liderança - A liderança é para todos os IBMistas. Nosso 
foco em desenvolver líderes tem o objetivo de transformar programas para 
atender às necessidades e requisitos do mundo que está em constante 
transformação (IBM, [s.d.]).
Note que a IBM defende seu negócio incentivando ações que propiciem impactos positivos em 
vários públicos. Perceba o detalhe: a cidadania corporativa é parte da estratégia da companhia.
26
Unidade I
 Saiba mais
O mais recente Relatório de Cidadania Corporativa Global da IBM 
disponível em português é de 2016:
IBM. Cidadania corporativa. 2016. Disponível em: https://www.ibm.
com/ibm/responsibility/br-pt/downloads/cidadaniacorporativa2016.pdf. 
Acesso em: 8 jan. 2019.
Em inglês, o Relatório de Cidadania Corporativa Global da IBM é de 2017:
IBM. 2017 Corporate Responsibility Report. 2017. Disponível em: https://
www.ibm.com/ibm/responsibility/2017/. Acesso em: 20 dez. 2018.
3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Nos últimos anos ficou evidente o quanto os recursos naturais são limitados e que historicamente os 
países desenvolvidos os exploraram para promover o seu desenvolvimento sem levar em consideração 
o impacto no planeta. 
Inicialmente, a comunidade acadêmica e, em seguida, algumas lideranças representativas alertaram 
que era necessário repensar os critérios de desenvolvimento mundial. Ou seja, as estratégias e as 
práticas adotadas no sentido do desenvolvimento econômico não poderiam ser totalmente autônomas 
e nem serem idênticas para todos os Estados. A sociedade de consumo dos países desenvolvidos atua 
no exagero de aquisição e acumulação de produtos, criando uma situação permanente de desperdício 
e deixando um legado de poluição e poucos recursos para as futuras gerações. Em situação oposta, os 
países em desenvolvimento não conseguem usufruir de seus recursos naturais de forma sustentável e 
são naturalmente explorados por agentes econômicos desinteressados no bem-estar da população local.
Esta desigualdade entre países pobres e ricos incentivou a elaboração do relatório Nosso Futuro 
Comum, uma visão crítica do modelo de desenvolvimento utilizado pelos países do primeiro mundo e 
copiado por países em vias de desenvolvimento. Brundtland (1987) explica que a Comissão Mundial sobre 
Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, responsável pelo relatório, define como desenvolvimento 
sustentável “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade 
das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.
O relatório ressalta que o objetivo do desenvolvimento é atender necessidades e aspirações 
humanas, e que dentro do conceito de necessidade, é preciso priorizar o atendimento das necessidades 
básicas das populações mais carentes. Assim, a proposta do Relatório no sentido de Desenvolvimento 
Sustentável envolve integrar uma sociedade menos desigual ao desenvolvimento econômico e proteção 
do ecossistema.
27
RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES
O Relatório propõe o atendimento das necessidades e aspirações humanas por meio de um processo 
de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do 
desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional sejam convergentes utilizando o potencial 
presente e preservando o potencial futuro.
Agora, um ponto de reflexão: o Relatório é de 1987, e quase trinta anos depois ainda estamos 
discutindo a aplicação de desenvolvimento sustentável! Veja como o mundo muda rapidamente em 
alguns aspectos (tecnologia, por exemplo), mas como é lento em absorver e promover outras mudanças.
Na discussão acadêmica sobre o tema, é impossível não citar Ignacy Sachs, polonês formado em 
Economia no Brasil e com brilhante carreira internacional. Sachs, através de suas publicações, lançou 
muitos anos atrás os principais fundamentos para discutir novos paradigmas de desenvolvimento na 
intersecção entre Economia, Ecologia e Ciência Política.
Sachs (2004) contribui mostrando que o conceito de Desenvolvimento Sustentável é baseado na 
solidariedade tanto com a geração atual quanto com as gerações futuras. Ou seja, tem sincronia com 
uma determinada fase/época (o hoje) e tem diacronia (as mudanças ocorridas através do tempo) com o 
futuro. Se refletirmos na aplicação, temos que:
• o desenvolvimento sustentável deve ser solidário com a população atual e atender suas demandas; e
• o desenvolvimento sustentável deve ser solidário com a população futura e dar condições para 
que suas demandas possam ser atendidas.
Na prática, Sachs nos força a pensar em escalas múltiplas de tempo e espaço, o que desarruma a 
“caixa de ferramentas” dos acadêmicos convencionais.
 Observação
Caixa de ferramentas (toolbox) é uma figura de linguagem que designa 
o conjunto de teorias, significados e paradigmas que uma pessoa utiliza ao 
elaborar seu pensamento, ou seja, é uma metáfora da caixa de ferramentas 
de onde se tira a chave de fenda para apertar um parafuso.
O autor ressalta que cada país tem sua própria base de valores culturais e que estes devem ser 
considerados ao se planejar o desenvolvimento em bases sustentáveis. Assim, não seria possível ter um 
modelo padronizado paraaplicação.
Com efeito, há uma grande diversidade socioeconômica e cultural, além de acesso a recursos 
naturais, em termos regionais em diferentes regiões do globo. Se pensarmos bem, essa diversidade 
se manifesta mesmo em microrregiões! Por exemplo, as cidades de Santos e São Paulo distam 
somente 80 quilômetros entre si, mas as diferenças sociais, econômicas e culturais são bem 
claras, e os recursos que cada cidade tem também são diferentes, o que leva a demandas sociais 
28
Unidade I
em muitos casos bastante específicas. Alongando o raciocínio, dentro da mesma cidade há 
microrregiões/bairros bastante diversos. Sachs (2004) argumenta que essa diversidade inviabiliza 
a criação e implantação de estratégias genéricas de desenvolvimento. Para ter maior chance 
de funcionar, essas estratégias devem resolver os problemas mais importantes e atender aos 
aspectos aspiracionais de cada localidade, sobrepujando as barreiras que obstruem a utilização de 
recursos (tanto potenciais quanto existentes) e incentivando o uso da criatividade e imaginação 
da sociedade local. Sob o ponto de vista da Sociologia, é preciso garantir a participação de todos 
os atores sociais envolvidos no processo de desenvolvimento, a saber: trabalhadores, empresas, 
Estado e sociedade civil.
Há cinco pilares básicos do desenvolvimento sustentável:
• O pilar social, “fundamental por motivos tanto intrínsecos quanto instrumentais, por causa da 
perspectiva de disrupção social que paira de forma ameaçadora sobre muitos lugares problemáticos 
do nosso planeta” (SACHS, 2004, p. 15), inclui não somente as populações que convivem nas 
diversas localidades do planeta, mas as relações entre si e as perspectivas derivadas dessas 
relações. Assim, esse pilar inclui, por exemplo, a população da Cidade do México, considerada uma 
das cidades com maior poluição do ar do mundo, e também as perspectivas de comoção social 
oriundas de problemas respiratórios.
• O pilar ambiental, “com as suas duas dimensões: os sistemas de sustentação da vida como 
provedores de recursos e como ‘recipientes’ para a disposição dos resíduos” (SACHS, 2004, p. 15), 
é considerado tanto como origem de recursos quanto como destino do descarte dos materiais. Por 
exemplo, o minério de ferro é matéria-prima importante, pois é a base do aço, mas os rejeitos de 
sua exploração geram um passivo ambiental.
• O pilar territorial, “relacionado à distribuição espacial dos recursos, das populações e das 
atividades” (SACHS, 2004, p. 15), abarca a geografia e a demografia: onde há recursos, onde 
estão as populações e onde estão as atividades econômicas. Assim, nesse pilar podemos incluir 
o entendimento da região amazônica em termos de recursos (madeira, minérios, água, bioma 
etc.), de população (concentração e dispersão das pessoas em diversos locais) e de atividades 
econômicas (madeireiras legais e ilegais, fábricas, agronegócio, pequenas propriedades rurais etc.).
• O pilar econômico, “sendo a viabilidade econômica a condição sine qua non para que as coisas 
aconteçam” (SACHS, 2004, p. 16), trata da possibilidade de geração de valor das atividades atuais 
e potenciais nas regiões.
• Por fim, o pilar político, para o qual “a governança democrática é um valor fundador e um 
instrumento necessário para fazer as coisas acontecerem; a liberdade faz toda a diferença” (SACHS, 
2004, p. 16), aborda as diferentes expressões e aplicações de poder, sendo que a democracia e a 
liberdade são condições básicas para o Desenvolvimento Sustentável.
É interessante perceber que toda a discussão sobre desenvolvimento sustentável é fácil de entender. 
Porém, há inúmeros obstáculos na sua aplicação. O conceito de desenvolvimento, na forma como é 
29
RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES
compreendido hoje em dia, precisa avançar e incluir mais tópicos além do econômico/financeiro, e é 
preciso o comprometimento coletivo das nações.
Souza (2006) contribui para a discussão: “Pouco importa a vitória de um determinado país na 
implantação do desenvolvimento sustentável se seus vizinhos continuam adotando práticas predatórias 
ao meio ambiente e à sociedade”.
Extrapolando, a autora visualiza o conceito de desenvolvimento sustentável em três níveis de 
cooperação: nacional, internacional e intertemporal. 
• A cooperação nacional é resultado da discussão e implantação de ações por parte dos interessados 
de cada país para obter um modelo de desenvolvimento adequado à sustentabilidade. 
• A cooperação internacional amplia a discussão e implantação de ações para uma escala global. É 
necessário diálogo e cooperação entre os Estados. 
• A cooperação intertemporal incorpora na discussão o legado e se traduz na qualidade ambiental 
e social que será deixada para as gerações vindouras. 
Assim, para implantar projetos efetivos de desenvolvimento sustentável é preciso tanto estratégias 
nacionais específicas de cada país quanto cooperação internacional, fruto da implantação de estratégias 
nacionais e da solidariedade de propósitos entre as nações tendo por meta o bem-estar das gerações 
atuais e futuras.
Para as estratégias nacionais, Sachs (2004) postula que é preciso reconhecer que não existe uma 
fórmula padronizada para o desenvolvimento. As metas de desenvolvimento sustentável devem ser 
estabelecidas por cada Estado em função de suas peculiaridades, sendo que reproduzir soluções de outros 
países pode não ser uma boa ideia. Por exemplo, há problemas ambientais de países em desenvolvimento 
causados pela disseminação da pobreza (imagine uma população vivendo à beira de um lixão e tirando 
deste seu sustento), enquanto nos países ricos uma boa parte dos conflitos ambientais tem origem no 
excesso de produção/consumo (pense no passivo ambiental representado pelo descarte de milhões de 
unidades de smartphones na América do Norte).
Em termos de planejamento, as soluções de cada país devem contribuir para a melhoria da 
qualidade de vida no planeta e não apenas na própria região, e há controvérsias em torno do 
conceito e da aplicação de desenvolvimento sustentável, bem como posições antagônicas que 
dificultam sua implantação em escala global. Basta lembrar que há um grande contingente de líderes 
de expressão internacional que não admitem os efeitos deletérios, para as gerações vindouras, da 
poluição e da coleta desenfreada de recursos naturais, e mesmo os líderes que aceitam o conceito 
de desenvolvimento sustentável sofrem uma série de pressões políticas e econômicas para amenizar 
suas decisões nesse assunto.
Se assumirmos a posição de países desenvolvidos, o discurso e o foco são em torno de ações 
dirigidas à conservação. E se enxergarmos o mundo pela ótica dos países em desenvolvimento, o que 
30
Unidade I
interessa é o crescimento econômico. Ainda, se levarmos em consideração a assimetria de interesses 
entre países ricos e pobres, antes de pensar nas gerações futuras precisamos entender que a satisfação 
das necessidades atuais dos países ricos não pode prejudicar o atendimento das necessidades atuais 
(e futuras) dos países pobres.
O programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento de 1992 (DECLARAÇÃO..., 1992) divulgou 
estes princípios do desenvolvimento sustentável:
• O desenvolvimento sustentável deve conceder prioridade aos seres humanos. O ser humano, para 
se desenvolver, precisa do meio ambiente, e este deve ser protegido. Portanto, é preciso garantir 
a viabilidade dos ecossistemas e sua biodiversidade no curto, médio e longo prazos, uma vez que 
deles depende toda a vida na Terra.
• Os países em desenvolvimento não podem escolher entre crescimento econômico e proteção 
ambiental. Crescer é uma obrigação, mas com o tipo certo de crescimento.
• Cada país deverá fixar suas próprias prioridades ambientais. Essas prioridades frequentemente 
serão diferentes nos países industrializados e nos países em desenvolvimento.
Indicadores econômicos como PIB per capita são importantes para mensurar o desenvolvimento, 
mas é igualmente essencial estudar e avaliaroutras variáveis como o acesso ao emprego, a penetração 
da educação, a oferta de serviços de saúde etc.
 Observação
PIB (produto interno bruto) é a soma do valor de todos os bens e serviços 
finais produzidos nos países em um determinado ano.
O PIB per capita é o PIB do país, na moeda local, convertido em dólares 
americanos dividido pela população do país no mesmo ano. Assim, mesmo 
que o valor nominal do PIB cresça de um ano para o outro, se a população 
crescer mais (em percentuais), o PIB per capita diminui.
Outros valores que devem ser levados em consideração para discutir desenvolvimento incluem 
justiça social, igualdade racial e étnica, liberdade religiosa e política, respeito aos direitos humanos 
e outros.
Barbosa (2008) contribui afirmando que o desenvolvimento sustentável deve ser uma consequência 
do desenvolvimento social e econômico e da preservação ambiental.
31
RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES
Justiça
socioambiental
Desenvolvimento 
sustentável
Desenvolvimento 
social
Desenvolvimento 
econômico
Inclusão 
social Ecoeficiência
Preservação e 
conservação 
ambiental
Figura 4 – Parâmetros para se alcançar o desenvolvimento sustentável 
O desenvolvimento sustentável inclui transformações econômicas, culturais e políticas e requer 
modificação dos meios de produção, de distribuição e de consumo.
O desenvolvimento sustentável é crescer de forma diferente partindo de:
• evoluções tecnológicas que permitam fazer mais com menos;
• ordenamento social que inclua os excluídos;
• práticas sociais que promovam a participação democrática nas discussões e deliberações sobre 
o tema; 
• remodelação institucional do marco legal e regulatório; e
• ordem internacional mais equilibrada.
Dá para intuir que o desenvolvimento sustentável não é o objetivo, e sim o processo que transforma 
os inputs em outputs e se retroalimenta para transformar novos inputs em novos outputs. 
Como forças contrárias a esse processo, podemos citar:
• Os processos tradicionais de exploração dos recursos – em grande parte poluentes e 
geradoras de riqueza somente para os stockholders. Não se trata de socializar os meios de 
produção, muito pelo contrário; trata-se de explorar a natureza de maneira consciente, 
gerando valor para stakeholders também. Por exemplo, uma hidrelétrica pode representar 
solução para problemas energéticos ao mesmo tempo que representa problemas para a 
população humana residente, bem como para a biodiversidade da região alagada. O 
projeto só se justifica se esses problemas forem sanados com melhoria de vida efetiva 
para os afetados.
32
Unidade I
• A motivação financeira da pesquisa em tecnologia – também em grande parte derivada de 
interesses de stockholders de organizações desenvolvedoras de tecnologia – tem foco no 
retorno para o acionista quando deveria considerar como básico o retorno para a sociedade. 
Como exemplo, os esforços em desenvolver tecnologia limpa e renovável para substituir o uso 
de combustíveis fósseis (derivados de petróleo) devem levar em consideração não só o retorno 
esperado do investimento, mas a possibilidade de melhoria de vida se adotada.
• Os interesses míopes de grupos influentes – se considerarmos os interesses privados de apoiadores 
de políticas públicas, teremos um conservadorismo mais uma vez derivado dos interesses 
de stockholders. Os representantes políticos devem representar o interesse de longo prazo da 
população, e não os interesses de curto prazo dos apoiadores/financiadores.
Podemos perceber, portanto, que o desafio é criar estratégias e políticas de Estado que abarquem 
todos: esferas de governo, universidades, organizações do primeiro, segundo e terceiro setores, população 
em geral e outros, trabalhando a questão de responsabilidade coletiva correlacionada com os esforços 
de cada um. O desafio inclui comunicação clara e adaptada aos estilos e interesses de cada público, 
conscientizando-os dos custos e benefícios das políticas adotadas e incentivando-os a assumir e cobrar 
responsabilidades individuais e coletivas. Trata-se de engajamento ativo visando a compromissos de 
curto, médio e longo prazo.
O engajamento empresarial é um assunto delicado, mesmo com as crescentes adesões aos 
conceitos de RSE. É preciso entender o ponto de vista da enorme maioria dos gestores não engajados: 
os resultados econômicos de curto prazo diante da sustentabilidade raramente são atrativos. 
Daí a necessidade de políticas de Estado alinhadas com o uso sustentável dos recursos naturais 
e incentivadoras da adoção de critérios de responsabilidade social mais incisivos, bem como da 
comunicação focada junto a todos os públicos.
O desenvolvimento sustentável não é uma tentativa de resolver os problemas das futuras 
gerações. Na verdade, trata-se de resolver problemas de curto, médio e longo prazo de forma 
a diminuir o impacto negativo nas futuras gerações. Assim, é preciso equacionar os problemas 
atuais de atraso social e econômico, uma vez que a tendência é que esses problemas cresçam ao 
longo do tempo. E mesmo a população em geral (incluindo a carente) contribui para o problema, 
uma vez que comportamentos inadequados (como negligenciar o estudo/educação próprio e dos 
filhos) e padrões poluidores de consumo com descarte de lixo sem cuidado (montanhas de potes 
de iogurte nos lixões) são passados de geração para geração. O ramo empresarial não engajado, 
por sua vez, busca a comodidade de atender essa população com o menor custo possível e sem 
assumir a responsabilidade pelos resultados derivados, adotando padrões de produção que só 
aumentam o problema.
Cremos que a esta altura você possa inferir que a RSE é uma nova visão do mundo com as 
relações Estado-sociedade profundamente alteradas. Em termos geopolíticos, é uma nova ordem 
com participação ativa e permanente da sociedade civil nas decisões que as afetam e com o Estado 
fomentando junto à sociedade (e, por conseguinte, às organizações) mudanças nos valores sociais. 
É até irônico o fato de essa mudança ter conceitualmente a mesma receita que o comunismo e 
33
RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES
o socialismo preconizavam, mas com a diferença brutal da propriedade dos meios de produção. 
Não é à toa que muitos ex-defensores de ideais de esquerda desiludidos estão engajados com 
a RSE. Alguns dos princípios são semelhantes (justiça social, por exemplo), mas a aplicação é 
completamente diferente.
Há uma enorme tarefa pela frente focada em alterar padrões de consumo e de produção em 
escala global. É cômodo e prático para a indústria produzir e distribuir óleo de cozinha em garrafas 
PET, para o varejo colocar em prateleiras e vender, para a dona de casa comprar e levar para 
casa e depois jogar fora a embalagem vazia. Tudo muito cômodo e prático, mas com um passivo 
ambiental gigantesco se levarmos em consideração a quantidade de famílias e a linha do tempo 
acumulando esse passivo. 
Este exemplo vem a calhar ao expormos a experiência vivenciada pelo autor deste livro-texto em sua 
infância em São Paulo: na época, ainda havia a venda de óleo a granel nas quitandas e mercadinhos; sua 
mãe levava de casa uma garrafa de vidro de um litro limpa e vazia, e o quitandeiro encaixava no bocal 
do enorme barril/latão de óleo de cozinha para bombear manualmente e encher a garrafa. A garrafa era 
reutilizada por anos a fio! 
Compare esses dois modelos de negócio e diga se é não possível reduzir brutalmente o passivo 
ambiental representado pelo descarte de embalagens vazias na natureza. “Mas há custo de 
mudança para os fabricantes e varejo e aumento de trabalho para o consumidor”, você poderia 
dizer. Concordamos, mas isso é parte da mudança de valores sociais citados anteriormente. O 
Estado pode estimular essa mudança através de incentivos ou punições fiscais para fabricantes/
distribuidores e através de campanhas para o público. O ideal é que as próprias organizações 
estabeleçam modelos de transição, mas em muitos casos a conveniência organizacional vai forçar

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