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5.2 Treinamento para crianças

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Treinamento para crianças
APRESENTAÇÃO
A Organização Mundial da Saúde recomenda que crianças realizem pelo menos 60 minutos de 
atividade física intensa por dia. Para que tal objetivo seja alcançado, é necessário levar em 
consideração as diferenças entre os corpos adultos e infantis. Por muito tempo, o corpo infantil 
foi entendido como um corpo adulto em menores proporções. Hoje sabemos que existem 
inúmeras diferenças quando o corpo infantil é comparado a um corpo adulto, sendo essas 
distinções tanto fisiológicas quanto anatômicas. 
Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá identificar as diferenças fisiológicas entre o corpo 
infantil e o corpo adulto, listando os prós 
e os contras do treinamento de alto rendimento para crianças. 
Além disso, você irá verificar dicas e estratégias para realizar o treinamento dessa população.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Enumerar as diferentes respostas fisiológicas sobre os sistemas cardiorrespiratório e 
musculoesquelético em crianças.
•
Listar as contraindicações e as indicações relativas e absolutas do treinamento de alto 
rendimento para crianças.
•
Desenvolver programas de treinamento de alto rendimento para crianças, de acordo com a 
modalidade esportiva praticada.
•
DESAFIO
Os esforços qualitativo e quantitativo dedicados ao desenvolvimento de futuras carreiras em 
nível de esporte de elite envolvem uma série de influências biológicas e pedagógicas que podem 
causar estresse físico e mental extremamente excessivo durante o treinamento e a competição.
Imagine que você é educador físico e analise a seguinte situação:
A partir da situação apresentada, responda:
a) O volume de treinamento do menino estava adequado? Explique o seu posicionamento.
b) O que levou Joaquim a sentir dores no quadril?
c) Por que o menino não deveria ter abandonado a prática de atividade física?
d) As dificuldades que Joaquim apresentava na escola foram causadas pelo volume de 
treinamento? Justifique sua resposta.
e) Quais ações o professor de Educação Física pode adotar para evitar que situações como essa 
aconteçam?
INFOGRÁFICO
Por muitos anos, o corpo da criança foi visto como o de um adulto, porém em miniatura. Com 
os avanços da ciência, hoje sabemos que existem muitas diferenças fisiológicas e anatômicas 
entre o corpo adulto e o corpo infantil.
Neste Infográfico, você irá visualizar melhor essas diferenças.
CONTEÚDO DO LIVRO
A infância é um período em que acontecem diversas mudanças no corpo, sempre em uma curva 
ascendente, sendo compreendida como uma fase de constante desenvolvimento. Nessa etapa, é 
importante observar os detalhes inerentes desse período da vida e adaptar, sempre que 
necessário, as atividades para obtermos os melhores resultados sem a ocorrência de lesões.
No capítulo Treinamento para crianças, da obra Exercício físico para populações especiais, 
você irá verificar as diferenças fisiológicas entre o corpo infantil e o corpo adulto, os benefícios 
e as contraindicações do treinamento de alto rendimento na população infantil, observando 
estratégias para realizar o treinamento adequado para essa população.
EXERCÍCIO FÍSICO 
PARA POPULAÇÕES 
ESPECIAIS 
Lafaiete Luiz de Oliveira Junior
Treinamento para crianças
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Enumerar as diferentes respostas fisiológicas sobre os sistemas car-
diorrespiratório e musculoesquelético em crianças.
  Listar as contraindicações e indicações relativas e absolutas do trei-
namento de alto rendimento para crianças.
  Desenvolver programas de treinamento de alto rendimento para 
crianças, de acordo com a modalidade esportiva praticada.
Introdução
A infância é um período caracterizado por diversas alterações corporais, 
marcadas por um contínuo desenvolvimento ascendente até a fase adulta. 
Tal desenvolvimento abrange características como coordenação motora, 
força física, aptidão cardiorrespiratória, entre outras. Para a aplicação de 
programas de treinamento físico durante esse período, é importante ter 
atenção aos detalhes inerentes a cada criança, sendo necessário adaptar 
as atividades para obter melhores resultados sem que lesões aconteçam.
Neste capítulo, você será introduzido a diversos conhecimentos 
relacionados ao treinamento físico para crianças, compreendendo o 
funcionamento fisiológico e esquelético do corpo infantil. Além disso, 
você também identificará as indicações e contraindicações relacionadas 
à prática de esporte na infância, podendo perceber os momentos mais 
oportunos para intervenções.
Respostas fisiológicas ao treinamento 
na infância
Para entender melhor o corpo infantil, é preciso retomar o próprio conceito de 
infância, pois para a sociedade, e consequentemente para a ciência, por muito 
tempo o corpo infantil nada mais foi do que um corpo adulto em miniatura. 
Segundo Nascimento, Brancher e Oliveira (2008), até o século XVI era possível 
um homem passar a vida toda na infância, pois o conceito em si estava vinculado 
à relação de autonomia do ser humano. Assim, se você fosse um escravo, viveria 
para sempre na infância, pois dependeria dos outros por toda a sua vida.
Já no século XIX, sob análises de Descartes (2005) e pela criação de um 
nova visão de mundo, o chamado pensamento moderno, o corpo infantil 
começa a despertar o interesse de estudiosos. Entretanto, foi apenas por meio 
de Rousseau (1995), um dos primeiros pedagogos da história, que a criança 
começa a ser vista de forma diferente do ser adulto.
Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) compreendem que o desenvolvimento 
motor é um processo que está em constante movimento, sendo iniciado já no 
nascimento e terminando apenas na morte. Ao longo desse processo, cada 
pessoa acaba avançando por diferentes níveis de desenvolvimento, que são 
classificados e explicados no Quadro 1.
Fase Estágio Idade Características
Movimentos 
reflexivos
1 – Codificações 
das informações
2 – Decodificação 
das informações
Desde a 
gestação 
até 11 
meses
Recebe as informações do am-
biente e cria conexões cerebrais, 
sem apresentar movimentos 
organizados e voluntários.
Movimentos 
rudimentares
1 – Pré-controle
2 – Reflexos
1–2 anos São determinadas de forma 
maturacional e caracterizam-se por 
uma sequência de aparecimento 
previsível. Envolvem movimentos 
estabilizadores, como obter o con-
trole da cabeça, pescoço e múscu-
los do tronco; tarefas manipulativas 
de alcançar, agarrar e soltar; e 
movimentos locomotores de se 
arrastar, engatinhar e caminhar.
Movimentos 
fundamentais
1 – Inicial
2 – Elementar
3 – Maduro
2–7 anos Período no qual as crianças peque-
nas estão envolvidas ativamente na 
exploração e na experimentação 
das capacidades motoras de seus 
corpos. Por exemplo: andar, correr, 
saltar, saltitar, etc.
Quadro 1. Fases do desenvolvimento motor
(Continua)
Treinamento para crianças2
A partir dessa nova perspectiva, o corpo infantil e a própria criança come-
çam a ser objeto de estudos fisiológicos, pois é com o início da distinção entre 
um corpo adulto e um corpo infantil que os médicos e especialistas da época 
passam a se debruçar na perspectiva de identificar essas diferenças capazes 
de separar homens e meninos.
A partir de inúmeros estudos, compreendeu-se que a função de quase 
todos os sistemas fisiológicos passa por aprimoramentos até que a maturi-
dade completa seja atingida. Após essa fase, percebe-se uma estabilidade 
fisiológica que permanece até seu declínio, concomitante com o aumento 
de idade. Nesse contexto, o corpo infantil encontra-se ainda em constante 
processo de desenvolvimento fisiológico (WILMORE; COSTILL; KEN-
NEY, 2010).
Um dos principais atributos fisiológicos do corpo humano, sabidamente, é 
a força, que é adquirida com o passar dos anos e por meio do ganho de massa 
corpórea. Sendo assim, o pico de força do corpo humano está atrelado à chegada 
da segundadécada de vida, principalmente com o advento da puberdade e o 
aumento de produção hormonal (WILMORE; COSTILL; KENNEY, 2010). A 
Figura 1 exemplifica esse processo de ganho de força com o passar de cada ano 
de vida para uma parte do corpo. A imagem apresenta, por meio da inclinação 
da linha preta contínua e das intersecções de bolas brancas, o ritmo de ganho 
de força, mostrando um aumento considerável por volta dos 12 anos, que é a 
idade em que normalmente se inicia a puberdade.
Fonte: Adaptado de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013).
Fase Estágio Idade Características
Movimento 
especializado
1 – Transitório
2 – Aplicação
3 – Utilização 
permanente
Dos 8 anos 
em diante
Período em que as habilidades 
estabilizadoras, locomotoras 
e manipulativas fundamentais 
são progressivamente refinadas, 
combinadas e elaboradas para o 
uso em situações cada vez mais 
exigentes.
Quadro 1. Fases do desenvolvimento motor
(Continuação)
3Treinamento para crianças
Figura 1. Ganhos de força de membros inferiores (medidos em libras [lb]) de 
meninos acompanhados de forma longitudinal (dos 7 aos 19 anos de idade).
Fonte: Adaptada de Wilmore, Costill e Kenney (2010).
Ainda assim, é preciso destacar que o corpo infantil não pode atingir 
os ápices de força, potência e habilidade muscular física sem antes atingir 
a maturidade nervosa. Sendo assim, independente da carga de treinamento 
exercida sobre o corpo infantil, suas respostas máximas serão atingidas apenas 
mediante a aquisição da plasticidade neural e, consequentemente, a maturidade 
do sistema nervoso central (CLARKE, 1971).
Além dos aspectos de força e potência muscular, outro aspecto fisio-
lógico muito relevante para o desenvolvimento da criança são as funções 
cardiovasculares e respiratórias, que durante todo o processo de crescimento 
passam por diversas mudanças, até que atinjam o estágio maturado e adulto 
de suas funções.
Nesse contexto, a pressão arterial de repouso e a pressão arterial durante a 
prática de exercícios físicos são ambas menores em crianças do que em adultos, 
mas progressivamente apresentam aumentos, até a chegada da puberdade. Cabe 
lembrar que a pressão arterial também está diretamente atrelada à estatura 
Treinamento para crianças4
de cada indivíduo, e, por isso, uma criança tende a apresentar uma pressão 
arterial inferior a de um adulto não somente por seu estágio de desenvolvi-
mento fisiológico, mas também por geralmente ser mais baixa (FROBERG; 
LAMMERT, 1996).
Paralelo a isso, o coração da criança é menor que o coração adulto, o que 
indiretamente tende a elevar o ritmo infantil de batimentos sob exercício físico. 
A explicação é a seguinte: a necessidade de oxigênio para uma atividade de 
desgaste severo é a mesma para adultos e crianças; com isso, o coração infantil 
necessita de mais movimentos musculares involuntários para garantir um 
volume de circulação adequado, resultando em um aumento significativo da 
frequência cardíaca (WILMORE; COSTILL; KENNEY, 2010).
Para ilustrar melhor essa relação de batimentos cardíacos e pressão arterial, vamos usar 
um exemplo com crianças recém-nascidas: em repouso, elas podem atingir incríveis 
110 batimentos por minuto, o que é equivalente ao número de batimentos por minuto 
de um adulto em uma corrida leve (trote).
Depois de compreender as diferenças fisiológicas relacionadas à muscu-
latura e ao sistema cardiorrespiratório, é importante ressaltar as diferenças 
pulmonares entre o corpo adulto e o corpo infantil. Assim como nas situações 
recém-examinadas, existe uma relação de mudanças com o passar dos anos 
neste quesito, sendo que o desenvolvimento fisiológico pulmonar determina 
as suas mudanças até o fim da puberdade, as quais, subsequentemente, se 
estabilizam por anos, chegando a uma curva descendente com o avanço 
da idade.
Treinamento de alto rendimento
A prática de atividades físicas e esportivas é importante para um bom desen-
volvimento motor e fi siológico de crianças e adolescentes, sendo inclusive um 
fator de proteção para diferentes doenças, como hipertensão arterial e diabetes. 
Por essa razão, programas e rotinas de atividades devem ser recomendadas e 
estimuladas para crianças e adolescentes (GAYA et al., 2018).
5Treinamento para crianças
Diante de um cenário de muitos estímulos e possibilidades de atividades 
voltadas a crianças, uma das que mais se desenvolveram nos últimos anos foi 
a do esforço físico infantil em grupos organizados de esportes. O esporte de 
alto rendimento ou o esporte de competição contribui para o desenvolvimento 
físico, emocional e intelectual, e, por isso, a competição deve ser encarada de 
forma positiva para crianças (FIMS, 1997).
Entretanto, o envolvimento direto com a prática de alto rendimento ou de 
esforço físico severo acaba por envolver diversas variáveis biológicas e físicas, 
e não existem evidências científicas, tampouco justificativas fisiológicas ou 
pedagógicas, que possam sustentar o benefício de práticas físicas de alto 
rendimento ou de exercício físico severo na infância (FREITAS, 2015).
É inerente na prática pedagógica ou desportiva uma relação direta entre 
intencionalidade e resultado, sempre prezando pelo desenvolvimento pleno 
do indivíduo participante do processo. Nesse sentido, é imprescindível que 
o técnico ou o professor da criança tenha o discernimento dos seus estágios 
de desenvolvimento e dos seus processos de aquisição motora e fisiológica, 
caso contrário, as perdas e prejuízos podem ser irreparáveis, conforme relata 
a Federação Internacional de Medicina do Esporte:
O esporte competitivo de alto nível na infância não só tem limites biológicos 
de rendimento, mas também traz riscos de natureza psicológica e de desen-
volvimento social. Um preparo intensivo para competições desportivas de 
alto nível pode provocar abandonos e/ou crianças com problemas psicológicos 
(FIMS, 1997, documento on-line).
É indicado que o treinamento esportivo seja iniciado na fase em que a 
criança está desenvolvendo movimentos especializados, durante a qual ocorrem 
o refinamento e o aperfeiçoamento das habilidades motoras fundamentais. 
Nesse período, os movimentos começam a ser especializados e aplicados em di-
ferentes modalidades esportivas ou em atividades da vida diária (GALLAHUE; 
OZMUN; GOODWAY, 2013).
Essa fase é composta por três etapas: estágio transitório, estágio de aplica-
ção e estágio de utilização permanente. No estágio transitório (7–8 anos), já é 
possível introduzir atividades de iniciação esportiva, visando aspectos lúdicos 
e respeitando o grau de desenvolvimento da criança. No estágio de aplicação 
(11–13 anos), as atividades já podem ser um pouco mais complexas, incluindo 
jogos, pois a criança está apta a tomar decisões de modo a solucionar problemas 
mais complexos. A partir dos 14 anos, o estágio de utilização permanente é 
iniciado, e somente a partir deste período o treinamento de alto rendimento é 
Treinamento para crianças6
indicado, pois as habilidades motoras já foram desenvolvidas e estão prontas 
para serem lapidadas. (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013).
É diante desse cenário que a intervenção do treinador ou professor da 
criança surge como o principal norteador, responsável pela qualificação da 
saúde e do desenvolvimento do indivíduo. Vale ressaltar que não deve haver 
nesse contexto uma demonização das práticas esportivas de competição, ou 
mesmo de qualquer tipo de exercício físico, mas sim o cuidado para que tais 
práticas não venham a surtir um efeito inverso ao esperado, e, assim, acabem 
criando complicações para a continuidade da vida da criança.
Elaboração de treinamento físico para crianças
Estímulos físicos via diferentes formas de treinamento e atividades com níveis 
controlados de intensidade, cobrança, repetição e competição são sabidamente 
subterfúgios práticos responsáveis pelo desenvolvimento pleno dos sistemas 
fi siológicos, neurais e psicomotores. Ainda assim, é preciso compreender que, 
conforme examinamos anteriormente, a criançanão é mais compreendida 
como um adulto em miniatura; portanto, sempre que for preciso pensar ou 
elaborar um programa de atividades direcionadas ao público infantil, não basta 
somente diminuirmos as repetições e as cargas, pois, dessa forma, estaríamos 
atribuindo aos indivíduos uma correlação proporcional e direta de idade e 
força que simplesmente não existe.
Para elaborar programas de treinamento físico voltado a crianças, é im-
portante entender como cada um dos princípios básicos do treinamento físico 
se adapta a essa população (MODENEZE; SERQUEIRA; KOREN, 2009):
  Princípio da individualidade biológica: cada ser humano é único, 
ou seja, não pode ser igualado a nenhum outro. Com isso em mente, 
é necessário realizar uma gama de testes e observações de maneira 
bastante atenta para identificar, no caso de crianças, em qual estágio 
de desenvolvimento elas se enquadram, e quais suas dificuldades e 
potencialidades.
  Princípio da sobrecarga: este princípio disserta sobre a necessidade 
do indivíduo ser submetido a esforços cada vez maiores para adquirir 
melhoras no seu desempenho. No público infantil, isso não é diferente, 
uma vez que, mesmo que as atividades aconteçam de maneira lúdica, é 
importante que elas tenham uma progressão de dificuldade, buscando 
sempre desafiar a criança.
7Treinamento para crianças
  Princípio da especificidade: este princípio determina que, para melho-
rar determinada habilidade motora ou aptidão física, é necessário fazer 
atividades que a aborde de maneira específica. Quando, por exemplo, 
a intenção é melhorar a habilidade motora das crianças na corrida, é 
necessário que elas corram de diferentes maneiras, ritmos e intensi-
dades. Nesse aspecto, o professor de educação física deve estar muito 
atento para não se ater apenas às atividades lúdicas e se esquecer do 
objetivo de sua aula.
  Princípio da continuidade: este é o princípio que trata da importância 
de qualquer atividade física ser feita de maneira contínua, uma vez que 
sua interrupção faz com que o sujeito tenha perdas no seu rendimento, 
e isso se aplica a todas as idades.
  Princípio da reversibilidade: a falta de continuidade na prática de 
atividades físicas faz com que seus benefícios sejam perdidos em poucas 
semanas, devendo o treinamento ser revisto sempre que houver uma 
interrupção significativa em seu andamento. 
É a partir desses preceitos e com base nas considerações recém-descritas 
que a Federação Internacional de Medicina do Esporte (FIMS, 1997) apresenta 
as seguintes recomendações para a organização e a aplicação de atividades 
físicas junto a crianças:
  Antes de ingressar em um programa desportivo de competição, cada 
participante deve ser submetido a um exame clínico detalhado que garanta, 
por um lado, que somente crianças sem condições clínicas que repre-
sentem riscos para a saúde sejam admitidas para o esporte competitivo, 
e que, por outro lado, o programa represente uma oportunidade de um 
aconselhamento sobre os diferentes esportes e treinamentos existentes. 
  É importante que cada criança esteja sob a supervisão de uma equipe 
de saúde multidisciplinar, a fim de prevenir lesões por excesso de carga, 
bem como para diminuir o impacto das lesões oriundas do processo 
natural de crescimento.
  Além da sua tarefa meramente desportiva, o treinador tem uma respon-
sabilidade pedagógica em relação ao presente e ao futuro das crianças 
a ele confiadas. O professor deve conhecer os principais problemas 
possíveis relacionados a aspectos biológicos, físicos e sociais intrínsecos 
ao desenvolvimento da criança, e ser capaz de aplicar esse conhecimento 
nos treinamentos.
Treinamento para crianças8
  A individualidade da criança e as oportunidades para um maior de-
senvolvimento devem ser identificadas pelo treinador e tidas como um 
critério relevante para a organização e elaboração do seu programa de 
treinamento. A responsabilidade sobre o desenvolvimento integral da 
criança deve estar acima das necessidades em termos de treinamento 
e competição.
  As crianças devem ser expostas a uma ampla variedade de atividades 
desportivas, para assegurar que elas possam identificar os esportes 
que melhor se adaptam às suas necessidades, interesses, constituição 
física e capacidade. Isso tende a aumentar seu êxito e prazer no esporte, 
reduzindo o número de abandonos. 
  O estímulo de uma especialização esportiva precoce não é recomendado.
  Principalmente em esportes de contato, os participantes devem ser 
classificados de acordo com sua maturidade, suas dimensões corporais, 
sua habilidade e sexo (entendido como condição biológica), não apenas 
com base em sua idade cronológica.
  As regras e a duração das partidas devem ser adequadas para a idade 
dos participantes, e as sessões de treinamento devem ser relativamente 
curtas e estar bem organizadas. Sessões planejadas otimizam a instru-
ção quanto à atividade e à habilidade exigida e reduzem ao mínimo o 
risco de lesão.
  O levantamento de pesos, a hipertrofia e o halterofilismo não devem ser 
recomendados antes do fim da puberdade, bem como qualquer atividade 
que tenha como principal demanda física a sobrecarga.
  Eventos competitivos de corrida de longa distância ou longa dura-
ção não são recomendados para crianças antes da sua maturação 
completa.
O link a seguir leva a um vídeo didático no YouTube. Nele, você poderá assistir ao pro-
fessor de educação física Luiz Carlos de Oliveira falando um pouco sobre a importância 
da atividade física para crianças e adolescentes e as melhores formas de envolver os 
indivíduos nessas práticas.
https://qrgo.page.link/ZWsZi
9Treinamento para crianças
Somadas, todas essas indicações e contraindicações representam um nor-
teador para sua intervenção como professor ou treinador; lembre-se, porém, 
que é o seu olhar e a individualidade de cada praticante que acabarão sendo 
o fator determinante para a melhor abordagem metodológica.
CLARKE, H. H. Physical and motor tests in the medford boys’ growth study. Englewood 
Cliffs: Prentice Hall, 1971.
DESCARTES, R. Meditações metafísicas. 2. ed. São Paulo, Martins Fontes, 2005.
FIMS. Posicionamento oficial: treinamento físico excessivo em crianças e adolescentes. 
Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 3, n. 4, p. 122–124, 1997. Disponível em: http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-86921997000400007&lng=e
n&nrm=iso. Acesso em: 26 jul. 2019.
FREITAS, M. V. A participação de crianças no esporte de alto rendimento: para além de do 
“como deve ser”. 2015. Dissertação (Mestrado em ciências do Movimento Humano) — 
Faculdade de Educação Física, Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento 
Humano, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015.
FROBERG, K.; LAMMERT, O. Development of muscle strength during childhood. In: 
BAR-OR, O. (ed.). The child and adolescent athlete. London: Blakwell, 1996.
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C.; GOODWAY, J. D. Compreendendo o desenvolvimento 
motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
GAYA, A. R. et al. Agregação dos indicadores de risco à saúde cardiometabólica e 
musculoesquelética em adolescentes brasileiros nos períodos de 2008/09 e 2013/14. 
Jornal de Pediatria (Rio J.), v. 94, n. 2, p. 177–183, 2018. Disponível em: http://www.scielo.
br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572018000200177&lng=pt&nrm=iso. 
Acesso em: 9 ago. 2019.
MODENEZE, D. M.; SERQUEIRA, R. S; KOREN, S. B. R. Qualidade de vida & educação 
física: uma perspectiva real e aplicável. In: BOCCALETTO, E. M. A.; MENDES, R. T. (org.). 
Alimentação, atividade física e qualidade de vida dos escolares do Município de Vinhedo/
SP. 1. ed. Campinas: IPES Editorial, 2009. Disponível em: https://www.fef.unicamp.br/
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NASCIMENTO, C. T.; BRANCHER, V. R.; OLIVEIRA, V. F. A Construção social do conceito de 
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v. 23, n. 79, p. 47–63, 2008. Disponível em: https://www.revistas.unijui.edu.br/index.
php/contextoeducacao/article/view/1051. Acesso em: 26 jul. 2019.
Treinamento para crianças10
ROUSSEAU, J. J. Emilio ou da educação. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.
WILMORE, J. H.; COSTILL, D. L.; KENNEY, W. L. Fisiologia do esporte e do exercício. 4. ed. 
São Paulo: Manole, 2010.
Leituras recomendadas
BENTO, J. O. et al.(org.). Cuidar da casa comum: da natureza, da vida, da humanidade. 
Oportunidades e responsabilidades do desporto e da educação física. Belo Horizonte: 
Casa da Educação Física, 2018. v. 1.
GOUVEIA, E. V.; SILVA, R. V.; PIMENTA, T. F. F. Estímulos para o desenvolvimento motor de 
escolares: quantidade versus qualidade. In: EVINCI, 12, 2017, Curitiba. Anais [...]. Paraná: 
UniBrasil, 2017. Disponível em: http://portaldeperiodicos.unibrasil.com.br/index.php/
anaisevinci/article/view/3189/2745. Acesso em: 26 jul. 2019.
OLIVEIRA, J. A. M. Especialização precoce ao movimento e sua influência no desenvol-
vimento motor. Redfoco, v. 4, n. 1, p. 2–10, 2017. Disponível em: http://periodicos.uern.
br/index.php/redfoco/article/view/2274/1211. Acesso em: 26 jul. 2019.
11Treinamento para crianças
DICA DO PROFESSOR
O excesso de treinamento físico em crianças pode acarretar em problemas e não 
necessariamente trazer os benefícios necessários para o seu desenvolvimento.
Nesta Dica do Professor você vai observar a importância de utilizar o lúdico como uma 
ferramenta para auxiliar o desenvolvimento das crianças.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
EXERCÍCIOS
1) Por muito tempo, o corpo infantil nada mais era do que um corpo adulto em 
miniatura, apresentando diferenças conceituais ao longo do tempo. Sobre as 
modificações do conceito de infância ao longo do tempo, observe as assertivas a 
seguir: 
I) A infância era compreendida como um período em que não havia autonomia. 
II) O corpo infantil começou a ser estudado com profundidade e a ser visto de forma 
diferente do ser adulto, a partir de Rousseau. 
III) A puberdade é um marco importante da infância, pois é nessa fase que diversos 
marcadores biológicos, como a capacidade respiratória e a força, começam a 
apresentar crescimento. 
IV) O corpo infantil está em constante processo de desenvolvimento. 
V) Atualmente, o corpo infantil é entendido como um corpo diferente em diferentes 
aspectos do corpo adulto. 
Assinale a alternativa que contém apenas assertivas corretas: 
A) I, II, III, V. 
B) I, II, III, IV. 
C) I, III, IV, V. 
D) I, II, IV, V. 
E) II, III, IV, V. 
2) Como o corpo infantil é diferente do corpo adulto, existem diferenças em algumas 
funções biológicas, como a pressão arterial (PA) e a frequência cardíaca (FC). 
Assinale a alternativa correta sobre o sistema circulatório de crianças.
A) A frequência cardíaca é menor em crianças, pois seu corpo é menor e precisa de menos 
circulação de sangue.
B) A pressão arterial infantil apresenta valores menores quando comparada a de adultos, pois 
ela tem uma relação inversamente proporcional com a altura do sujeito. 
C) A pressão arterial e a frequência cardíaca em crianças têm os mesmos valores encontrados 
em adultos.
D) A pressão arterial em crianças é inferior à pressão em adultos, e a frequência cardíaca é 
mais lenta.
E) A pressão arterial em crianças é inferior à pressão em adultos, e a frequência cardíaca é 
mais acelerada.
3) Força muscular é a quantidade máxima de força que um músculo ou um 
grupo muscular pode gerar. Sobre a força muscular na infância, é correto afirmar 
que:
A) o aumento do ganho de força parece diminuir na infância a partir dos 12 anos, idade que a 
puberdade inicia. 
B) o ganho de força muscular está associado à maturidade do sistema nervoso central.
C) a produção hormonal interfere de maneira mínima na força muscular.
D) a força não é importante para as atividades diárias de uma criança.
E) o ganho de massa muscular não significa que acontecerá um aumento da força.
4) Mediante recomendações da Organização Mundial da Saúde e da Federação 
Internacional de Medicina do Esporte, uma criança deve realizar 60 minutos 
de exercício físico diariamente, mesmo que de forma fragmentada. Além disso, sabe-
se que a atividade física regular traz inúmeros ganhos físicos, motores e neurais para 
a criança. Sendo assim, é correto afirmar que:
A) o esporte de alto rendimento é indicado para crianças, pois potencializa os ganhos 
fisiológicos e musculares.
B) cada criança tem um biotipo diferente de corpo. Sendo assim, práticas de hipertrofia 
podem trazer muitos benefícios para algumas crianças.
C) na hora de propor práticas esportivas de contato, deve-se considerar as diferentes variáveis 
biológicos das crianças e não apenas seu peso e sua idade.
D) a iniciação esportiva deve estar vinculada à correção frequente dos movimentos certos de 
cada atividade, pois é a partir do domínio técnico precoce que o desenvolvimento neural e 
cognitivo é potencializado.
estudos apontam para uma relação direta entre ganho de plasticidade neural e atividades E) 
físicas de corrida de longa duração ou distâncias.
5) Entender os princípios do treinamento físico auxilia a pensar estratégias para 
planejar a atuação com crianças. Diante desse cenário, relacione as colunas a seguir:
I) Princípio da individualidade biológica.
II) Princípio da sobrecarga.
III) Princípio da especificidade.
IV) Princípio da continuidade.
V) Princípio da reversibilidade.
( ) Quando uma criança fica afastada das aulas por muito tempo, é importante 
reavaliá-la.
( ) As atividades de uma aula devem ser pensadas em progressão, partindo sempre 
do mais fácil para o mais difícil.
( ) É importante a prática regular de atividade física.
( ) É necessário utilizar para cada turma e cada criança um planejamento 
diferenciado.
( ) Em uma aula com o objetivo de melhorar o equilíbrio, o professor pode utilizar 
exercícios de posturas invertidas ou de caminhar sobre cordas.
Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas.
A) I, II, III, IV, V.
B) I, IV, V, II, III.
C) V, II, IV, I, III.
D) I, V, II, IV, III.
E) V, IV, III, II, I.
NA PRÁTICA
As faixas etárias têm características diferenciadas e cabe ao professor saber adequar a aula para 
cada fase do desenvolvimento. A utilização de metodologias que permitam o engajamento dos 
estudantes é muito importante, lembrando que as atividades devem ser desafiadoras, mas não 
impossíveis de serem realizadas.
Neste Na Prática você irá acompanhar como atua um professor de Educação Física na Educação 
Infantil.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
A importância do brincar
Neste vídeo, a Profa. Dra. Tizuko Morchida, da Universidade de São Paulo (USP), fala sobre a 
importância do brincar no desenvolvimento infantil.
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Plasticidade cerebral e aprendizagem
Neste vídeo da Dra. Débora de Mello, você irá aprender sobre como a neuroplasticidade pode 
ser uma aliada do aprendizado.
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Especialização precoce ao movimento e sua influência no desenvolvimento motor
Este artigo busca responder quais as influências que a especialização precoce pode causar no 
desenvolvimento de crianças.
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Cuidar da Casa Comum
O livro aborda temas que envolvem o esporte na escola. Acesse e boa leitura.
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