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FACULDADE DE INTEGRAÇÃO DO SERTÃO Disciplina: Direito Penal I - 4º Período: 2014.1 Professor: Magno Antonio Leite Tema da Aula: Teoria Jurídica do Crime – Classificação Doutrinária. DIREITO PENAL 1. Conceito de Delito: O delito é uma construção fundamentalmente jurídico-penal, muito embora possa ser objeto de exame de outras ciências, como a criminologia, política criminal, sociologia, antropologia e a medicina legal. No âmbito estritamente conceitual, o delito se apresenta sob os seguintes aspectos: a) Formal ou nominal: o delito é definido sob o ponto de vista do Direito Positivo, isto é, o que a lei penal vigente incrimina, fixando seu campo de abrangência. É a relação de contrariedade entre o fato e a lei penal. (PRADO, 2005, p.59). “Delito é o fato ao qual a ordem jurídica associa a pena como legítima consequência”.1 b) Material ou substancial: diz respeito ao conteúdo do ilícito penal, quer dizer, o que determinada sociedade, em dado momento histórico, considera que deve ser probido ou ordenado pela lei penal. Em princípio, são socialmente danosas as condutas que afetam de forma intolerável a 1 LIZST, F. von estabilidade e o desenvolvimento na vida em comunidade. Do ponto de vista material, o delito constitui lesão ou perigo de lesão a um bem jurídico- penal, de caráter individual ou supra- individual. (PRADO, 2005, p.60). “O atentado às condições de vida da sociedade, comprovada pela legislação e só evitável mediante a pena”.2 c) Analítico ou dogmático: O delito é decomposto em partes estruturadas axiologicamente em uma relação lógica. Isso não exclui a consideração do fato delitivo como um todo unitário, mas torna a subsunção mais racional e segura.3 Emprega-se aqui o método analítico. O delito é toda ação ou omissão típica, ilícita e culpável. (concepção quadripartida). 2. Classificação das Infrações: As legislações penais classificam as infrações, segundo sua gravidade, em, principalmente, dois sistemas: Tripartido: crimes, delitos e contravenções. Bipartido: crimes ou delitos e contravenções. 2 IHERING, R. 3 CEREZO Mir, J. O Direito Penal Pátrio adota a divisão geral bipartida. A diferença entre eles é meramente quantitativa (gravidade da conduta/pena). Os crimes ou delitos são punidos com penas privativas de liberdade, restritivas de direitos e de multa. (art. 32, CP). Já nas contravenções, a punição ocorre com prisão simples e multa. (Lei das contravenções penais). 2.1 Classificação doutrinária: Podemos em síntese classificá-los em: a) Delito de resultado: o tipo legal prevê um resultado típico, natural ou material vinculado à conduta pelo nexo causal. (v.g. arts. 121 – homicídio, 129 – lesão corporal, CP). b) Delito de mera atividade ou conduta: o comportamento exaure o conteúdo do tipo legal, isto é, a sua simples realização consuma o delito. Esta espécie delitiva carece do resultado como elemento do tipo objetivo (natural ou material), e também do nexo causal (v.g. arts. 150 – violação de domicílio, 319 – prevaricação, CP). c) Delito qualificado pelo resultado: conjuga o dolo – no antecedente – e a culpa – no conseqüente (v.g. art. 129, §3º, CP – lesão corporal seguida de morte) ou a culpa – no antecedente e o dolo – no conseqüente (v.g. art. 121, §4º, CP – homicídio culposo), estabelecendo a lei uma agravação de pena para o resultado mais grave causado no mínimo por culpa (art. 19, CP). d) Delito de lesão: a conduta delitiva provoca um dano concreto ou material. Trata-se de uma especificação do delito de resultado (v.g. art. 121, CP – delito de homicídio). e) Delitos de perigo: basta a existência de uma situação de perigo – lesão potencial. Dividem-se em: delito de perigo concreto : o perigo integra o tipo como elemento normativo, de modo que o delito só se consuma com a sua real ocorrência para o bem jurídico, isto é, o perigo deve ser efetivamente comprovado (v.g. art. 134 – exposição ou abandono de recém-nascido, CP); e delito de perigo abstrato: o perigo constitui unicamente a ratio legis, o motivo que dá lugar à vedação legal de determinada conduta. Apreciável ex ante, o perigo é inerente à ação ou omissão, não necessitando de comprovação. (v.g. arts. 135 – omissão de socorro, 288 – quadrilha ou bando, CP). f) Delito comum e delito especial: no primeiro o sujeito ativo é indeterminado, podendo ser praticado por qualquer pessoa (v.g. arts. 155 – furto, 171 – estelionato, CP); no segundo, o tipo legal circunscreve os possíveis autores, em razão de certa qualidade pessoal (v.g. arts. 123 – infanticídio, 312 – peculato, CP). O delito especial se subdivide em próprio e impróprio. No primeiro, o tipo exige como autor tão-somente determinadas pessoas, especialmente caracterizadas. No segundo, o autor pode ser qualquer pessoa. Todavia, a autoria quando qualificada implica em agravação de pena. g) Delito de mão-própria: entende-se como aquele que só pode ser cometido pelo autor em pessoa e de forma direta (v.g. arts. 213 – estrupo, 342 – falso testemunho e falsa perícia, CP). h) Delito unissubsistente e delito plurissubsistente: consuma-se o primeiro com a prática de um só ato (v.g. arts. 130 – perigo de contágio venéreo, 133 – abandono de incapaz, CP). O processo executivo do segundo é formado por diversos atos (v.g. arts. 124 – aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento, 131 – perigo de contágio de moléstia grave, CP). i) Delito pluriofensivo: lesa a mais de um bem jurídico protegido (v.g. arts. 157 – roubo, 329 – resistência, CP). j) Delito instantâneo: consuma-se em um único instante ou momento determinado (v.g. arts. 140 – injúria, 146 – constrangimento ilegal, CP). k) Delito instantâneo de efeitos permanentes: apenas o resultado é duradouro e independe da vontade do agente (v.g. arts. 121 – homicídio, 155 – furto, CP). l) Delito subsidiário: verifica-se na inexistência de crime mais grave (v.g. arts. 132 – perigo para a vida ou saúde de outrem, 146 – constrangimento ilegal, CP). m) Delito de dano: exige-se uma lesão efetiva do bem jurídico (v.g. arts. 129 – lesão corporal – 213 – estupro, CP). n) Delito comissivo: satisfaz-se com o simples agir – atividade positiva (v.g. arts.121 – homicídio, 129 lesão corporal, CP). o) Delitos omissivos próprio e impróprio: consuma-se o primeiro com a omissão de uma atividade legalmente exigida (v.g. arts. 135 – omissão de socorro, 244 – abandono material, CP); já no segundo há um resultado causado por uma omissão do autor, que tinha nas circunstâncias o dever de impedi-lo. A omissão é equivalente à ação (v.g. a mãe que deixa propositadamente de alimentar o filho menor, produzindo-lhe a morte – vide art. 13, § 2º, CP – omissão relevante). p) Delito de concurso necessário: exige para a configuração do tipo a presença de duas ou mais pessoas (v.g. arts. 235 – bigamia, 354 – motim de presos, CP). q) Delitos de ação única e delitos de ação múltipla ou de conteúdo variado: naqueles o tipo contém apenas uma forma de conduta; já nestes refere-se o tipo a várias modalidades de conduta, mas ainda que perpetrada mais de uma tem-se apenas um únicodelito (v.g. arts. 121 – homicídio, 163 – dano, CP, respectivamente). r) Delito complexo: é a reunião de condutas distintas que a lei disciplina como uma só. Os seus elementos constitutivos ou circunstâncias agravantes representam de per si um outro crime, sendo seus componentes expressamente descritos (v.g. arts. 146 – constrangimento ilegal, 157 – roubo, 329 – resistência, CP). s) Delito progressivo ou de passagem: consiste na prática de atos de gravidade ascendente contra um mesmo bem jurídico. Passa-se do menos grave para o mais grave, por isso a prática do delito de maior gravidade compreende o de menor, sendo que este último está implícito na execução daquele (v.g. arts. 218 – corrupção de menores, 235 – bigamia, 304 – uso de documento falso). t) Delito habitual: é o que contém comportamentos idênticos e repetidos, que só se perfazem em decorrência de uma ação reiterada (v.g. arts. 229 – casa de prostituição, 230 – rufianismo, 284 – curandeirismo).
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