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GESTÃO DO DESEMPENHO ORGANIZACIONAL Patricia Kinast De Camillis Atuando na gestão do desempenho Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar como as empresas atuam na gestão do desempenho. Definir como as organizações promovem a excelência no desempenho e a sua gestão. Reconhecer o aprendizado decorrente da gestão do desempenho organizacional. Introdução O foco da gestão de desempenho está na melhoria da performance pela aprendizagem que resulta dos processos de planejamento, implementa- ção, acompanhamento e avaliação, sempre com o objetivo de alcançar a estratégia de negócios global da companhia. Por isso, a gestão de desempenho integra uma multiplicidade de elementos que contribuem para a eficiência e a eficácia da empresa. Atuar na gestão de desempenho é mais do que definir, implementar e acompanhar os indicadores, mas atuar, a partir das informações geradas, para a melhoria, a correção e o aperfeiçoamento de todos os processos organizacionais. Neste capítulo, você vai aprender a identificar como as empresas atuam na gestão do desempenho, reconhecer como as organizações promovem a excelência no desempenho e a sua gestão e, também, o aprendizado decorrente da gestão do desempenho organizacional. Como as empresas atuam na gestão do desempenho A gestão ocupa-se em administrar recursos diversos que, conforme defi ne Fayol (1994, p. 23), são as funções de “previsão, organização, direção, coordenação C06_Atuando_gestao_desempenho.indd 1 03/04/2018 15:45:10 e controle”. Essa defi nição, que segue atual, pode ser usada como ponto de partida para pensar em como as empresas atuam na gestão de desempenho organizacional, ou seja, como podemos prever, organizar, dirigir, coordenar e controlar a execução de diversos trabalhos realizados com a intenção de atingir determinados objetivos e metas em um ambiente organizacional. Veja, na Figura 1, uma das primeiras sistematizações do conceito de gestão do desempenho organizacional (SINK; TUTTLE, 1993). Figura 1. Conceito de gestão do desempenho organizacional. Fonte: Adaptada de Sink e Tuttle (1993). O primeiro passo é ter uma estratégia definida, o que Sink e Tuttle (1993), chamaram de “visões de futuro” — afinal, como saber se está indo bem ou mal, se você não sabe para onde está indo? Depois, para executá-la, diversas outras ações são implementadas: planejamento das áreas funcionais, políticas, planos operacionais, definição de metas e objetivos operacionais, projetos específicos (quando necessário) e estrutura organizacional (como será o organograma da empresa), atingindo os níveis estratégicos, táticos e operacionais da empresa (MAXIMIANO, 2012). Em todos esses processos, a empresa deve atuar para realizar a gestão do desempenho. Embora muita gente pense que a gestão do desempenho resume-se em acom- panhar indicadores, ela começa antes e é de responsabilidade, especialmente, das pessoas que ocupam cargos de níveis mais elevados (tático e estratégico) na organização, embora executada no dia a dia e por todos colaboradores. Atuando na gestão do desempenho2 C06_Atuando_gestao_desempenho.indd 2 03/04/2018 15:45:10 Para realizar os objetivos estratégicos, a execução das ações necessárias para tal dar-se-á por meio das estratégias funcionais que precisam corresponder à estratégia geral. A organização das áreas deve favorecer o desenvolvimento das atividades, e uma gestão de desempenho eficiente participará e acompanhará esse processo. As políticas focalizam o comportamento das áreas funcionais, re- fletem os objetivos estratégicos e orientam todos os colaboradores em situações que precisam de decisão e julgamento. Na maioria das empresas, as políticas são definidas pela gerência estratégica, e os demais gestores garantem que sejam seguidas, efetivando a gestão de desempenho. Já os planos operacionais implementarão a estratégia — cronogramas, decisões pontuais e orçamentos são exemplos de planos que devem ser acompanhados, analisados e, sempre que necessário, modificados ou aprimorados, contribuindo, assim, para a gestão de desempenho. O mesmo vale para projetos específicos e estrutura organizacional. Em todas essas ações, indicadores de desempenho podem ser implemen- tados, sendo sua escolha de responsabilidade da gerência estratégica, bem como seu acompanhamento, que é feito em conjunto com a gerência tática. Os indicadores de desempenho são uma ferramenta útil que respalda a fixação do planejamento estratégico a ser adotado pela empresa, bem como a determinação das atividades empresariais a serem seguidas com vistas à consecução desse planejamento. Além disso, as formas de medição e avaliação adotadas podem estimular a produtividade do corpo de funcionários, gerando benefícios para a empresa (MAXIMIANO, 2015). Entretanto, a relação entre o indicador, a sua medição e os objetivos traçados, a partir da estratégia, precisa ser amplamente difundida entre os colaboradores da organização, da mesma forma que as ações que são pautadas pelas informações geradas no processo de gestão do desempenho. Na medida em que todos os colaboradores e gestores entendem que a medição por meio de indicadores não é mero controle, mas, sim, reflete o processo de execução da estratégia, todas as ações ficam mais facilitadas (MAXIMIANO, 2015). De acordo com Petri (2005, p. 39), os gestores devem “buscar formas de medir e de avaliar a eficiência, a eficácia, a efetividade, a qualidade, a produtividade, a inovação, a lucratividade, entre outras características”. E, para tal, o uso de indicadores é recomendado. Segundo Tocchetto e Pereira (2004, p. 1), “indicadores são medidas utilizadas para avaliar, mostrar a si- tuação e as tendências das condições de um dado ambiente”. Os indicadores que representam determinado processo sinalizam como ele encontra-se e mostram para a gerência como as tarefas estão sendo desenvolvidas. Assim, 3Atuando na gestão do desempenho C06_Atuando_gestao_desempenho.indd 3 03/04/2018 15:45:11 os indicadores são medidores de uma atividade. Para isso, é essencial a gestão do desempenho organizacional. Van Bellen (2002, p. 5) afirma que o objetivo principal dos indicadores “é o de agregar e quantificar informações de uma maneira que sua signifi- cância fique mais aparente. Os indicadores simplificam as informações sobre fenômenos complexos, tentando melhorar, com isso, o processo de comuni- cação”. O resultado de um indicador é uma fotografia de um dado momento e demonstra, sob uma base de medida, aquilo que está sendo feito, ou o que se projeta para ser feito. Segundo Gonçalves (2002), para que se tenha clara compreensão sobre o comportamento dos processos e das pessoas, assim como do andamento das estratégias adotadas pelas organizações, atualmente, todas elas necessitam de um sistema de indicadores de desempenho que lhes permita traduzir a eficácia e a eficiência de suas ações. Porém, a gestão do desempenho vai além, incluindo a avaliação dos indicadores e, a partir dessa análise, deve propor e realizar ações de correção e/ou melhorias nos processos. A busca pela excelência no desempenho e sua gestão A gestão do desempenho organizacional é um processo pelo qual as ações acontecem de modo sistemático, coerente, persistente, planejado e abrangente em toda a organização. Parte-se da defi nição de visão do futuro, defi nem-se critérios, faz-se a implantação da estratégia, a medição do desempenho organizacional por meio de indicadores, a avaliação dos resultados medidos, as recompensas pelo bom desempenho e os ajustes naquilo que não foi bom. O processo de gestão do desempenho em uma organização deve preocupar-se não só com o que é feito, mas com o modo como é feito, e isso requer acompanhamento constante. Dessa forma, a gestão do desempenho organizacional envolve todos os colaboradores, em diferentes níveis e com diferentes responsabilidades. Uma vez queo desempenho organizacional reflete a estratégia de uma empresa em termos de sua formulação e implementação, explicitando sua adequação frente às realidades externa e interna da organização, a gestão precisa estar atenta ao ambiente externo (fornecedores, clientes, concorrentes, mudanças tecnológicas, governo, conjuntura econômica e tendências sociais), bem como estar atenta e atuante no ambiente interno (o que ocorre nas áreas funcionais), além de sempre propor melhorias nos processos. Atuando na gestão do desempenho4 C06_Atuando_gestao_desempenho.indd 4 03/04/2018 15:45:11 Quando a empresa define sua estratégia, esta dificilmente deixará de atentar para dois quesitos: qualidade e produtividade. Qualidade está relacionada ao “fazer bem feito da primeira vez”, buscando padrões superiores de desem- penho, ou seja, a aplicação dos melhores talentos e recursos para produzir os resultados mais elevados. Dentro de um moderno enfoque de qualidade, ela passa a ser entendida a partir das necessidades e dos interesses dos clientes que desejam produtos e serviços sem deficiências (MAXIMIANO, 2012). A qualidade não é apenas estar em conformidade com as especificações (normas técnicas ditadas por legislação específica). Ela, atualmente, precisa ir além, ser embutida desde o início do processo de gestão a partir dos desejos e interesses do cliente. Por exemplo, para um produto ser considerado de qualidade, todas as áreas funcionais estariam envolvidas: marketing (avalia o nível de qualidade desejado pelo cliente e o custo que ele está disposto a pagar), engenharia (transforma os desejos em especificações), suprimentos (escolhe e compra matéria-prima), produção (papel importante na fabricação), e assim por diante, até chegar ao pós-venda com a assistência técnica (que ajuda a garantir o funcionamento correto do produto) (MAXIMIANO, 2012). A administração da produtividade é um processo de gestão que procura incessantemente por melhores métodos de trabalho e processos de produção, com o objetivo de obter melhorias com o menor custo possível, é claro, sem deixar de lado a qualidade. A produtividade é considerada a relação de produto/serviço produzido e custo dos insumos para produzi-lo (MARTINS; LAUGENI, 2005). Por outro lado, produtividade é a relação entre os recursos empregados e os resultados alcançados. Ter alta produtividade é alcançar resultados muito bons, aproveitando bem a matéria-prima, a capacidade das máquinas, o tempo a as habilidades das pessoas. Em contrapartida, ter baixa produtividade é utilizar os recursos disponíveis e obter um nível de retorno abaixo do que seria esperado e possível para aquela disponibilidade. Um exemplo de baixa produtividade é uma empresa fabricante de um produto qualquer que, ao ser comparada às concorrentes, gaste o mesmo tempo, utilize as mesmas máquinas e o mesmo número de empregados, porém tenha um resultado final cujo número de itens produzidos é menor. Ambos os focos (qualidade e produtividade) envolvem todos os níveis de gerência e colaboradores por meio da integração de quatro fatores: medida, avaliação, planejamento e melhoria, que devem ser constantes. Além disso, a gerência precisa estar atenta ao que acontece no ambiente externo à empresa, monitorando fatores, como só concorrentes, por exemplo, para conseguir avaliar o desempenho da empresa, realizando comparações. 5Atuando na gestão do desempenho C06_Atuando_gestao_desempenho.indd 5 03/04/2018 15:45:11 Além dos fatores abordados até aqui, para se alcançar o foco no desempenho excelente, Barbosa (2011), Bourroul (2014) e Bigarelli (2015), indicam seguir um caminho em que a empresa esteja atenta e promova o desenvolvimento e aprimoramento contínuo de três fatores fundamentais: disciplina, liderança e cultura organizacional voltadas para o desempenho. A disciplina precisa estabelecer o que é prioritário — Barbosa (2011), Bour- roul (2014) e Bigarelli (2015), recomendam eleger de 3 a 5 metas prioritárias, claras e objetivas, e persegui-las com a certeza de que poderão ser realizadas. A liderança precisa planejar olhando para o futuro e para o ambiente externo, especialmente acompanhando as tendências e os concorrentes. A cultura é uma ferramenta determinante para o atingimento do desempenho organizacional excelente, pois permitirá que as pessoas certas estejam nos lugares certos e integradas à estratégia e às operações da empresa. Qualquer organização que queira atingir um grau de excelência em seu desempenho precisa estar aberta para ideias novas, realizar bons planejamentos e avaliações, além de buscar inovações constantes. Nesse sentido, a cultura precisa permitir que tudo isso se desenvolva de maneira rápida, mas consistente. Ter pessoas com papéis claros e bem definidos, comprometidas com seu trabalho e responsáveis só acontecerá se isso for um reflexo da cultura organizacional e se a comunicação entre todos os níveis for clara e objetiva. Por fim, para Barbosa (2011), Bourroul (2014) e Bigarelli (2015), empresas excelentes monitoram seu desempenho constantemente e, a partir das avaliações, buscam constantes melhorias em seus processos. Atualmente, grandes empresas têm utilizado a governança corporativa como mais uma ferramenta de gestão do desempenho organizacional. Governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas (INSTITUTO..., 2018, documento on-line). Uma empresa com governança corporativa tem bem mais credibilidade perante investidores. Por isso, grandes empresas adotam essa estratégia para a sua gestão de desempenho. Leia a reportagem no link a seguir para saber mais. https://goo.gl/ZPRU8e Atuando na gestão do desempenho6 C06_Atuando_gestao_desempenho.indd 6 03/04/2018 15:45:11 O que aprendemos com a gestão do desempenho organizacional Podemos considerar que as organizações são sistemas de aprendizagem, ou seja, aprendem o tempo todo e por meio de diversas atividades, não apenas aquelas específi cas de treinamento e desenvolvimento promovidas pelo RH (recursos humanos ou gestão de pessoas). Maximiano (2012) traz algumas ideias de autores que estudam aprendizagem organizacional e que podem ser facilmente relacionadas à aprendizagem que ocorre no processo de gestão do desempenho organizacional. Por exemplo, Cyert e March (1992 apud MAXIMIANO, 2012) apontam que a busca por novas soluções favorece a aprendizagem e o processo decisório produz aprendizagem. Esse último pode ser facilmente relacionado com a definição de estratégia, que é uma decisão da administração superior da em- presa (lembre-se de que o desempenho organizacional reflete a estratégia); já a busca por novas soluções deve ser o resultado da avaliação de desempenho. Independentemente de o resultado que estiver sendo alcançado ser positivo ou negativo, a empresa sempre deve buscar novas soluções para corrigir o que não está bem ou melhorar o que está garantindo a sustentabilidade do negócio. Dificilmente, ao implementar uma estratégia, a empresa não precisará ad- quirir novas competências. De acordo com Argyris e Schon (2007), novas competências modificam o comportamento e a capacidade de resolver problemas. Isso terá reflexo na gestão de desempenho, já que, a cada ciclo — de plane- jamento, implementação, controle e avaliação —, os comportamentos vão se modificando e sendo aprimorados. Por fim, Senge (2009) afirma que, para lidar com a mudança contínua, organizações devem estar em contínuo processo de aprendizagem. A mudança no processo de gestão de desempenho aparece nas ações de melhorias e correções, assim como, ao reiniciar o ciclo de planejamento a partir das avaliações, se aprende sobre o processo de definição da estratégia organizacional. Ou seja, cada etapa, cada ação, possibilita aprendizadosque modificarão etapas e ações, mantendo um ciclo contínuo e sustentável. O desempenho organizacional, depois de medido, não serve apenas como mera informação, mas ele pode e deve ser usado para ajustes e melhorias que só são possíveis com a avaliação, na qual se comparam os resultados e se iden- tificam as causas e os efeitos. Muitas empresas até medem o seu desempenho e sabem dizer como estão saindo-se mês a mês, mas nenhuma ou pouca ação de melhoria é tomada e, sem isso, a medição perde o seu verdadeiro sentido e o processo de aprendizagem é desperdiçado. A partir das informações obtidas e da avaliação feita, deve ter início um processo contínuo de melhoria: quais resultados não foram satisfatórios e de- 7Atuando na gestão do desempenho C06_Atuando_gestao_desempenho.indd 7 03/04/2018 15:45:11 vem ser melhorados; como fazer isso; quais resultados estão satisfatórios, mas que podem ser impulsionados ainda mais; o que está bom e pode ser mantido assim; houve oscilação no resultado dos indicadores no decorrer do tempo? As análises que podem ser feitas, seguidas da ação de correção ou melhoria, são inúmeras. Os sistemas de apoio cultural, que oferecem recompensas ao que foi bem desempenhado e estímulos ao progresso contínuo, são essenciais nesse processo de gestão de desempenho organizacional, pois reforçam a busca pela cultura da excelência e valorizam o trabalho de todos os envolvidos. A gestão de desempenho, por ser um processo contínuo e que deve envolver todos, com diferentes responsabilidades, traz a oportunidade de conhecer melhor as potencialidades da organização e de seus participantes e aprender sobre isso. Além disso, ao realizar o acompanhamento e a avaliação dos indicadores de desempenho, é possível, também, aprender sobre o ambiente externo — quais fatores têm maior ou menor influência na organização — sem falar na aprendizagem sobre o ambiente interno, já mencionada. Todas as ações da gestão de desempenho envolvem processos de aprendizagem que vão refletir na sequência das ações e aprimorá-la cada vez mais (Figura 2). Figura 2. Processo de aprendizagem é constante na gestão do desempenho. Fonte: Adaptada de Sink e Tuttle (1993). Atuando na gestão do desempenho8 C06_Atuando_gestao_desempenho.indd 8 03/04/2018 15:45:12 ARGYRIS, C.; SCHON, D. A. Organizational learning: a theory of action perspective. Boston: Addison Wesley, 2007. BARBOSA, D. 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AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DAS PESSOAS Fernanda da Luz Ferrari Desempenho, competências essenciais e produtividade Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Comparar competências técnicas e comportamentais e seus atributos à noção de desempenho. � Descrever o processo de mapeamento das competências organiza- cionais e funcionais. � Relacionar gestão de desempenho por competências à produtividade. Introdução Neste capítulo, você vai estudar as competências técnicas e comporta- mentais, bem como seus atributos, relacionando-as à noção de desem- penho. Além disso, vamos estudar o mapeamento das competências organizacionais e funcionais e a gestão de desempenho por competências alinhada à questão da produtividade. Competitividade, liderança, oferta de valor ao cliente, imagem e marca podem ser identificadas, dentre outras, como competências essenciais de uma organização. Também é possível identificar competências funcionais, relacionadas a cada unidade organizacional. Neste caso, em relação à ges- tão de pessoas, por exemplo, podemos destacar a criatividade, o espírito empreendedor, a proatividade, o apoio e o suporte. Adicionalmente, po- demos identificar competências individuais (técnicas e comportamentais), como conhecimento do negócio, espírito de equipe, engajamento, eficá- cia e eficiência. As empresas, de modo geral, ao buscarem profissionais com diferenciais competitivos, levam em conta diferentes competências técnicas e comportamentais alinhadas às exigências do cargo ou da função, a partir dos objetivos estratégicos da empresa. Competências técnicas e comportamentais: atributos e relação com o desempenho Por meio do desenvolvimento de competências, torna-se possível identificar habilidades do funcionário, seus talentos, promovendo um alinhamento entre as estratégias e metas da empresa e as competências do colaborador. Ao proce- dermos de tal modo, agimos de acordo com os objetivos da gestão estratégica de pessoas. A partir disso, emerge a necessidade da estabelecermos um conceito de competências. Do que falamos quando nos referimos a competências? Competências são conhecimentos técnicos e características comportamen- tais que um colaborador apresenta no desempenho de suas atividades. Agre- gando valor e maximizando resultados, são um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes, isto é, de atributos das competências. Nesse ponto, é importante considerarmos a noção de desempenho, que pode ser compreendida como “o ato ou efeito de cumprir ou executar determinada missão ou meta previamente traçada” (MARRAS, 2000, p. 173). No que tange à noção de competência, Fleurye Fleury (2004, p. 30) a definem como “um saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo”. A partir da lente teórica da escola francesa, adicionalmente, podemos re- cuperar as reflexões de Zarifian e Le Boterf — dois autores que contribuíram sobremaneira para a ampliação dos limites do conceito de competências. Para Zarifian, “a competência é a inteligência prática para situações que se apoiam so- bre os conhecimentos adquiridos e os transformam com tanto mais força, quanto mais aumenta a complexidade das situações” (ZARIFIAN, 1999 apud FLEURY; FLEURY, 2001, p. 187). Le Boterf, por sua vez, reconhece a competência como um conjunto de aprendizagens sociais: “[...] é um saber agir responsável e que é reconhecido pelos outros. Implica saber como mobilizar, integrar e transferir os conhecimentos, recursos e habilidades, num contexto profissional determinado” (LE BOTERF, 1995 apud FLEURY; FLEURY, 2001, p. 187). Conforme Chiavenato (2008, p. 143), “competências individuais são as competências que cada pessoa deve contribuir e possuir para atuar na orga- nização ou em suas unidades”. Para Hanashiro, Teixeira e Zaccarelli (2007), competência organizacional é a consequência de uma combinação estratégica de recursos, habilidades e processos organizacionais, que visa ao atendimento das necessidades dos clientes e que contribui efetivamente para a geração de valor e para formação de uma vantagem competitiva. Assim, alinhar as competências comportamentais e individuais com as competências técnicas Desempenho, competências essenciais e produtividade2 promove a harmonia entre as duas e favorece a vantagem competitiva, tanto para o colaborador como para a empresa. Vivemos em uma nova era de geren- ciamento humano, na qual, por meio da integração de todos os processos de gestão de pessoas, torna-se possível realizar o mapeamento das competências dos funcionários, para que possam ser desenvolvidas. Observe o Quadro 1. Fonte: Adaptado de Oliveira (2016). � Aplicação de questionários de autoa- valiação (identificar necessidades de aprendizagem). � Avaliação do capital humano, uti- lizando indicadores de renovação, de estabilidade e de eficiência da competência instalada. � Avaliação do desempenho humano (pesquisas de clima e satisfação do cliente em relação ao trabalho rea- lizado por funcionários). � Avaliação de potencial. � Certificações internas e externas de conhecimentos e competências. Quadro 1. Formas de mapeamento das competências existentes na organização Gramigna (2007) apresenta, no Quadro 2, as estratégias mais comuns para a definição das competências essenciais e básicas necessárias para a definição dos perfis. Mapeamento e definição de perfis de competências Vantagens Ponto de insuficiência Reuniões orientadas por consultoria externa, realizadas com diretores e alguns gerentes selecionados por serem formadores de opinião e por exercerem influência nas diversas áreas da empresa. � Objetividade. � Racionalização de tempo. � Imparcialidade. � Enriquecimento das discussões por pro- fissional com visão imparcial. � Os profissionais externos possuem poucas infor- mações sobre a história social da empresa (jogos de poder, cultura, etc.). � Para minimizar esse úl- timo fator, a empresa- -cliente deve repassar o maior número possível de informações à con- sultoria externa. Quadro 2. Estratégias de competências (Continua) 3Desempenho, competências essenciais e produtividade Fonte: Adaptado de Gramigna (2007, p. 27). Quadro 2. Estratégias de competências Mapeamento e definição de perfis de competências Vantagens Ponto de insuficiência Reuniões orientadas por consultoria interna, com a presença de diretores e pessoas-chave. � Conhecimento da cultura empresarial. � Valorização do profis- sional interno. � Se a empresa tem uma história de planos que não obtiveram sucesso, a consultoria interna pode se sentir enfraquecida na condução do processo. � É necessário capacitar os consultores internos, ins- trumentalizando-os para a ação. Workshop e seminários ministrados por consultoria externa ou interna, focando a parte conceitual e metodológica, bem como aspectos relativos a comprometimento, responsabilidades e papéis. � Sensibilização do pú- blico-alvo de forma mais intensa. � Possibilidade de co- lher impressões e feedback dos envol- vidos no evento. � Participação das pessoas com ideias e sugestões de implantação. � Investimento financeiro maior que nas estratégias anteriores, quando realiza- das por terceirizados. Analisando as vantagens da gestão de competências, podemos perceber que a efetividade do cargo possui relação direta com as competências do profissional. Percebemos, também, que a forma como o colaborador irá se comportar está rela- cionada diretamente com as competências necessárias ao cargo. Ademais, quando nos referimos ao comportamento do colaborador, vários são os fatores que regem suas ações, como o fator motivacional, a comunicação, o estilo de liderança e a cultura organizacional. Segundo Chiavenato (2006, p. 177), “a satisfação obtida pelo indivíduo funciona como um reforço […] para um novo desempenho, enquanto a insatisfação ou frustração funciona como um reforço negativo”. Para facilitar a mapear a identificação de competências, podemos recorrer a Gramigna (2007, p. 44). Segundo o autor, competências podem ser: (Continuação) Desempenho, competências essenciais e produtividade4 Técnicas: são as que compõem o perfil profissional para ocupar determinados cargos. Exemplo: um gestor financeiro deve possuir competências relativas à gestão de finanças; De suporte: são as que agregam valor às competências técnicas e que fazem a diferença no perfil profissional das pessoas. Identificar qual é a medida certa entre as competências técnicas e as com- petências comportamentais é uma tarefa difícil, partindo do princípio de que as pessoas são diferentes. Porém, torna-se preciso realizar um bom ajuste, para que a empresa possa equalizar os requisitos técnicos e pessoais, bem como os diferenciais que os profissionais apresentam na realização de suas atividades. Conheça melhor o início do debate sobre competências com a leitura do artigo Construindo o conceito de competência (FLEURY; FLEURY, 2001): � 1970: Estados Unidos: conceito fundado com base em um modelo taylorista- -fordista (p. 185). � 1970: debate francês em torno de um modelo que buscasse aproximar o ensino das necessidades reais das empresas (alinhamento) (FLEURY; FLEURY, 2001, p. 186). � 1990: a literatura francesa dos anos 1990 buscou ir além do conceito de qualifi- cação, principalmente pelos estudos de Zarifian (1999), que se basearam em três mutações do mundo do trabalho: ■ noção de incidente; ■ comunicação; ■ serviço. Mapeamento das competências organizacionais e funcionais Identificar as competências de cada colaborador por meio de um mapeamento contribuirá de forma efetiva para que a empresa reconheça e valorize seus talentos, levando as organizações a fazerem a diferença no mercado. No mundo contemporâneo, já não basta selecionar talentos, é preciso saber retê-los e oportunizar atrativos que podem servir como ferramentas motivacionais, seja por meio de aumentos salariais, de benefícios ou promoções. Assim, boa parte das atividades da área de recursos humanos está direcionada para a definição das competências necessárias para cada cargo que será ocupado na organização. 5Desempenho, competências essenciais e produtividade O mapeamento das competências tem como objetivo definir exatamente o que se espera de cada colaborador; serve também para a identificação de gaps de competências de funcionários que já foram contratados. De acordo com Carbone (2006), o mapeamento tem como propósito iden- tificar o gap ou lacuna de competências,ou seja, a discrepância entre as competências necessárias para concretizar a estratégia corporativa e as com- petências internas existentes na organização. Assim, percebe-se que o foco do mapeamento de competências é identificar as competências necessárias e as existentes, para que tanto o funcionário quanto a empresa atinjam seus objetivos. Carbone (2006, p. 64) diz que “o mapeamento pressupõe realizar o inventário das competências internas já disponíveis na organização, a fim de identificar a lacuna entre as necessárias e as já existentes”. Chiavenato (2010, p. 409) afirma que: [...] o desenvolvimento de pessoas está mais relacionado com a educação e com a orientação para o futuro do que o treinamento […]. O desenvolvimento está mais focalizado no crescimento pessoal do empregado, [visando a] carreira futura e não apenas o cargo atual. Nesse sentido, a organização precisa considerar qual treinamento pode ser oferecido ao funcionário, para que este possa se desenvolver. O mapeamento da gestão por competências As competências organizacionais básicas são “as capacidades indispensáveis à empresa para administrar com eficácia seu negócio, sendo apenas pré-requisitos para que a empresa se mantenha no mercado, não sendo suficientes para garantir o diferencial competitivo” (COUTINHO, 2003, p. 49). Por outro lado, as compe- tências organizacionais essenciais são “as que agregam valor e diferencial com- petitivo à empresa” (COUTINHO, 2003, p. 49). Além do mais, existe uma forte conexão entre a competência e a estratégia competitiva adotada pela empresa. De acordo com Mello (2008, p. 163): […] a empresa que tem foco neste tipo de estratégia deve desenvolver com- petências organizacionais coerentes com essa escolha, tais como: capacidade de criar processos e produtos que atendam exatamente àquilo que o cliente necessita, e de melhorar o desempenho desses processos e desses produtos com base nas informações sobre as preferências dos clientes. Desempenho, competências essenciais e produtividade6 A estratégia também deve envolver forte orientação para o futuro, de modo que a organização tenha disposição para assumir compromissos de longo prazo com o cliente. De acordo com Gramigna (2007, p. 44), torna-se necessário desenvolver algumas competências de suporte na fase de mapeamento. São elas: � autodesenvolvimento e gestão do conhecimento; � capacidade de adaptação e flexibilidade; � capacidade empreendedora; � capacidade negocial; � comunicação e interação; � criatividade e inovação; � cultura da qualidade; � liderança; � motivação e energia para o trabalho; � orientação para os resultados; � planejamento e organização; � relacionamento interpessoal; � tomada de decisão; � trabalho em equipe; � visão sistêmica. Após a fase inicial de mapeamento, torna-se fundamental traçar objetivos relativos às competências organizacionais e funcionais. Para essa etapa, a utilização de verbos adequados facilita o mapeamento, conforme sugere Gramigna (2007) no Quadro 3. Fonte: Adaptado de Gramigna (2007, p. 46). Nível Verbos mais adequados Conhecimento Escrever, listar, rotular, nomear, dizer, definir. Compreensão Explicar, resumir, descrever, ilustrar. Aplicação Usar, computar, resolver, demonstrar, aplicar, construir. Análise Analisar, categorizar, comparar, contrastar, separar. Síntese Criar, planejar, elaborar hipótese(s), inventar, desenvolver. Avaliação Julgar, recomendar, criticar, justificar. Quadro 3. Verbos mais adequados para traçar objetivos relativos a competências 7Desempenho, competências essenciais e produtividade A partir do modelo de competências, a aprendizagem necessita alcançar alguns níveis para atingir seus objetivos. De acordo com Gramigna (2007, p. 49), podemos classificar esses níveis em: Cognitivo: conhecimentos, aprendizagem, linguagem, raciocínio, memória, percepção, pensamento, imagem que o profissional tem do contexto; Afetivo: autoimagem, engajamento, integração, investimento motivacional e afetivo na nação; Social: a expectativa do indivíduo em obter seu auto direcionamento e esta- belecer uma integração com o ambiente ou o objeto de conhecimento; Cultural: organização cultural do contexto; Praxeológico: parte visível das competências, o desenvolvimento que é o objeto da avaliação social. Lendo o artigo Modelo para mapeamento de competências em equipes de inteligência competitiva (AMARAL et al., 2008), você vai saber como aumentar a eficiência e efi- cácia das unidades de inteligência competitiva (IC) no âmbito da gestão de pessoas, desenvolvendo um modelo para mapear conhecimentos, habilidades e atitudes de profissionais de IC, com vistas ao estabelecimento do processo de gestão de pessoas por competências (GPPC). Gestão de desempenho por competências e produtividade O processo de gestão de desempenho por competências, quando bem elaborado e conduzido, apresenta benefícios para a organização e para o funcionário. Entre os inúmeros benefícios da gestão de desempenho por competências podemos citar o processo de motivação e comprometimento das pessoas, o desafio e estímulo constantes, o autoaperfeiçoamento do colaborador, o estimulo a melhoria contínua e a obtenção de um clima favorável ao diálogo, eliminando ansiedades e dissonâncias. As empresas estão direcionando suas ações para o desenvolvimento de com- petências, com o objetivo de construir o conhecimento pela própria organização. De acordo com Mello (2008, p. 162), “a empresa mais competitiva é aquela que desenvolve velozmente e com menor custo as competências essenciais”. Desempenho, competências essenciais e produtividade8 Ademais, segundo Chiavenato (2016, p. 15), no mundo das organizações, “está em alta o profissional que é capaz de aliar e dosar três características fundamentais para o sucesso: conhecimento, habilidades e atitude”. Assim, a gestão de desempenho por competências com produtividade pode ser visua- lizada através da Figura 1. Figura 1. Desempenho de papel. Fonte: Adaptada de Chiavenato (2016, p. 15). Chefe Subordinado Papel percebido Comportamento de papel Expectativa de papel Discrepância de papel Discrepância de desempenho Discrepância de expectativa Comportamento monitorado Retroação de discrepância A partir do que propõe Chiavenato (2016), podemos interpretar competên- cia como um repertório de comportamentos que certas empresas ou pessoas dominam melhor que outras e que as torna eficazes e competitivas em deter- minadas situações. A competência é um conjunto de conhecimentos, práticas, comportamentos e tipos de raciocínio adquiridos em função da aprendizagem. Dessa forma, percebemos que a produtividade está diretamente relacionada com o conjunto de competências organizacionais. O modelo de competências desenvolvido pela empresa deve considerar os seguintes fatores, conforme Chiavenato (2016, p. 19): Cultura organizacional da empresa; Estrutura organizacional da empresa: níveis hierárquicos, áreas de atividade, necessidades atuais e futuras, carreiras relevantes; 9Desempenho, competências essenciais e produtividade Perfil profissional desejado para atender às demandas do negócio; Modo de avaliação do desempenho já existente na empresa; Missão e filosofia da organização, bem como o processo de identificação e avaliação das competências, como fonte de referência para o desenvolvimento e o aproveitamento de potenciais; Escolha de uma metodologia de avaliação de potenciais que atenda à organi- zação dentro de seus padrões de qualidade. O modelo de competências requer o projeto e a construção de um banco de talentos para suprir a necessidade de redimensionamento de pessoas em função de cargos, equipes e carreiras-chave. Os critérios de escolha devem ser baseados na avaliação do desempenho existente na ocasião, comparando-a com as competências demonstradas no cotidiano. A área de RH participa como facilitadora do processo, contando com a parceria de todas as áreas da empresa. A partir do contextoapresentado, percebemos que a gestão de competências e a gestão de desempenho contribuem como instrumentos que participam do processo, objetivando oferecer alternativas eficientes e eficazes de gestão às organizações. A necessidade de associar o desempenho ou as competências humanas ao desempenho ou às competências da organização como um todo faz com que tanto a gestão de desempenho como a de competências estejam inseridas em um contexto de gestão estratégica de recursos humanos. Tal estratégia tem a “função de atrair, desenvolver e manter o pessoal necessário para atingir os objetivos organizacionais, por meio da utilização de sistemas de recursos humanos consistentes entre si e coerentes com a estratégia da organização” (TAYLOR; BEECHLER; NAPIER, 1996, p. 959). Entenda melhor como a gestão de competências e gestão do desempenho constituem tecnologias gerenciais distintas, ou partes interdependentes de um mesmo construto, por meio de uma revisão da literatura sobre os conceitos que permeiam esses modelos de gestão, suas características e aplicações no campo organizacional, que analise as principais semelhanças e diferenças entre eles. É possível concluir que, mais do que tecnologias independentes, a gestão de competências e a gestão de desempenho parecem complementar-se em um contexto mais amplo de gestão organizacional. Para isso, leia o artigo Gestão de competências e gestão de desempenho: tecnologias distintas ou instrumentos de um mesmo construto? (BRANDÃO; GUIMARÃES, 2001). Desempenho, competências essenciais e produtividade10 AMARAL, R. M. et al. Modelo para o mapeamento de competências em equipes de inteligência competitiva. Ci Inf., Brasília, v. 37, n. 2, p. 7-19, maio/ago. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ci/v37n2/a01v37n2.pdf>. Acesso em: 11 jul. 2018. BRANDÃO, H. P.; GUIMARÃES, T. A. Gestão de competências e gestão de desempenho: tecnologias distintas ou instrumentos de um mesmo construto? Revista de Adminis- tração de empresas, São Paulo, v. 41, n. 1, p. 8-15, jan./mar. 2001. Disponível em: <http:// www.scielo.br/pdf/rae/v41n1/v41n1a02.pdf>. Acesso em: 11 jul. 2018. CARBONE, P. P. Gestão por competências: uma nova metodologia de gerencia- mento do capital humano. Revista Mundo PM: Project Management, Curitiba, n. 11, out-nov/2006. CHIAVENATO, I. Administração geral e pública. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. CHIAVENATO, I. Desempenho humano nas empresas: como desenhar cargos e avaliar o desempenho para alcançar resultados. 7. ed. atual. São Paulo: Manole, 2016. CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organi- zações. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. COUTINHO, M. T. C. et al. Dimensões funcionais da gestão de pessoas. Rio de Janeiro: FGV, 2003. FLEURY, M. T. L.; FLEURY, A. Construindo o conceito de competência. Revista de Admi- nistração Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 5, p. 183-196, 2001. Disponível em: <http:// www.scielo.br/pdf/rac/v5nspe/v5nspea10.pdf>. Acesso em: 11 jul. 2018.<http://www. scielo.br/pdf/rac/v5nspe/v5nspea10.pdf>. Acesso em: 11 jul. 2018. FLEURY, A.; FLEURY, M. T. L. Estratégias empresariais e formação de competências: um quebra-cabeça caleidoscópico da indústria brasileira. 3. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2004. GRAMIGNA, M. R. Modelo de competências e gestão de talentos. 2. ed. São Paulo: Pe- arson, 2007. HANASHIRO, D. M.; TEIXEIRA, M. L. M.; ZACCARELLI, L. M (Org.). Gestão do fator humano: uma visão baseada em stakeholders. São Paulo: Saraiva, 2007. MARRAS, J. P. Administração de recursos humanos. 3. ed. São Paulo: Futura, 2000. MELLO, S. C. Competências organizacionais: competitividade e inovação. In: NERI, A. A (Org.). Gestão de RH por competências e a empregabilidade. 3. ed. Campinas: Papirus, 2008. p. 159-171. OLIVEIRA, L. O. Gestão estratégica de recursos humanos. Porto Alegre: SAGAH, 2016. 11Desempenho, competências essenciais e produtividade TAYLOR, S.; BEECHLER, S.; NAPIER, N. Toward an integrative model of strategic inter- national human resource management. The Academy of Management Review, v. 21, n. 4, p. 959- 985, Oct. 1996. ZARIFIAN, P. Objectif compétence. Paris: Liaisons, 1999. Leitura recomendada CHIAVENATO, I. Gerenciando com as pessoas: transformando o executivo em um excelente gestor de pessoas. 5. ed. São Paulo: Manole, 2014. Desempenho, competências essenciais e produtividade12 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DESENVOLVIMENTO GERENCIAL E LIDERANÇA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Definir desempenho humano. > Distinguir avaliação de desempenho de gestão do desempenho humano. > Elencar boas práticas de gestão do desempenho no âmbito do exercício da liderança. Introdução A capacidade profissional de um trabalhador nas empresas pode ser avaliada pelo seu desempenho humano, que engloba as capacidades técnicas, cognitivas e comportamentais ao exercício de seu trabalho. Assim, as empresas conseguem analisar a performance de seus colaboradores, identificar os problemas existentes e descobrir como potencializar ações de melhoria no desempenho humano. As empresas precisam estar atentas à necessidade de capacitação continuada na organização e de oportunizar recursos para o enfrentamento dos desafios que os profissionais podem se deparar nas suas práticas e processos de trabalho. Contudo, nem todas as empresas têm estratégias de avaliação, gestão e capaci- tação de seus colaboradores. Tais empresas podem perder seu capital humano para outra instituição, uma vez que este pode não perceber suas possibilidades de desenvolvimento de carreira ou se engajar e se comprometer com o trabalho, buscando novas oportunidade de atuação. Gestão do desempenho humano Robinson Henrique Scholz Neste capítulo, você vai estudar os conceitos de desempenho humano, a avaliação de desempenho humano e a gestão do desempenho. Além disso, vai conhecer as práticas de liderança alinhadas com a capacidade de gerenciamento do capital humano nas organizações. Desempenho humano O desempenho pode ser compreendido e estruturado nas organizações de formas diversas, como desempenho de processos, de maquinários, de tecno- logias, de produção e de pessoas. A princípio, devemos nos questionar sobre o que é desempenho. Ele diz respeito à realização, com afinco, do que está previsto e planejado, correspondendo aos resultados e às responsabilidades almejados (BALDWIN; BOMMER; RUBIN, 2015). Tendo em vista que o desempenho é uma ação, um processo ou uma execução de algo, o desempenho humano parte do pressuposto de que as atividades realizadas pelas pessoas em uma empresa geram impactos, os quais estão vinculados concomitantemente às ações aplicadas no processo de desenvolvimento do trabalho (BIAZZI, 2017). Portanto, há duas questões envolvidas nessa relação: o desempenho organizacional e o desempenho humano (LACOMBE; HEILBORN, 2010). � Desempenho organizacional: são métricas de análise que contribuem no processo de execução das operações em uma organização, tendo em vista a definição de atividades, fluxos e resultados esperados, com indicadores que contribuem na avaliação de como está o desempenho da empresa. � Desempenho humano: é o conjunto de competências técnicas e com- portamentais necessárias à execução de atividades e responsabilidades dos profissionais nas empresas. Tais competências estão em constante desenvolvimento e transformação. Assim, é possível perceber que o desempenho humano não é o início nem o fim do processo de trabalho, mas sim o centro de execução das ações, por meio da utilização de competências que sustentem a geração de resultados eficientes à organização (BLANCHARD, 2012). Gestão do desempenho humano2 Na confeitaria Delicious, em São Paulo (SP), ocorre produção e comer- cialização diária de 50 tortas, conformeplanejado pelas lideranças. A equipe da confeitaria busca executar o planejado, otimizando os recursos e ajustando os processos de produção para poder disponibilizar as tortas aos clientes de maneira eficiente e saborosa. A experiência do chef confeiteiro Douglas, aliada a um curso de produção de recheios, favorece a produção, que passa a produzir os recheios com uma nova técnica que garante maior rapidez, sabor e durabilidade. A equipe recebeu capacitação interna e foram encorajados a adotar tal inovação no processo produtivo. Assim, a produção passará para 70 tortas diárias. Em síntese, é possível considerar que o desempenho organi- zacional foi qualificado por meio do desempenho humano do chef Douglas e da capacitação da equipe da confeitaria. Longitudinalmente, as transformações das carreiras, a qualificação profis- sional, os avanços da tecnologia e o desenvolvimento cognitivo das pessoas impactam no desempenho organizacional das empresas (BLANCHARD, 2012). Isso pode ser percebido ao longo dos anos após a globalização, a partir de 1980, quando as empresas vão se adequando às novas tecnologias, aos profissionais capacitados pelas universidades, à formação continuada e à valorização da sustentabilidade das empresas. Esses avanços também geram inovações tecnológicas, como a robótica, a internet, o e-commerce, o teletrabalho e os sistemas de gestão e de produção. Além disso, oportunizam o compartilhamento de conhecimento com pessoas e empresas. Entretanto, fica a pergunta: isso basta ao desempenho humano? Não adianta ter muito conhecimento se ele não é utilizado. Essa máxima reflete a relevância de se desenvolver competências comportamentais que permitam o desenvolvimento humano (BALDWIN; BOMMER; RUBIN, 2015). Por exemplo, a resolução de problemas complexos, a empatia, o autoconheci- mento, a problematização da realidade e até mesmo o design thinking para a geração de ideias só podem acontecer se aplicados e exercitados. Apenas conhecer os conceitos não basta ao desempenho humano; eles devem ser praticados, avaliados e qualificados (LACOMBE; HEILBORN, 2010). Portanto, a intenção, a execução e a avaliação potencializam o desempenho humano de qualquer profissional, por meio de relações de trabalho e liderança que favorecem o desenvolvimento das pessoas (JACKSON; PERRY, 2010). Com base nisso, podemos ainda incorporar algumas soft skills que favo- recem o desenvolvimento das pessoas, como a autoavaliação, o autoconhe- cimento, a comunicação, a criatividade e a colaboração (JACKSON; PERRY, 2010). As empresas que investem em treinamento e desenvolvimento de soft skills tendem a obter um melhor desempenho humano de seus profissionais Gestão do desempenho humano 3 e, paralelamente, da organização. É importante destacar que as práticas de treinamento e desenvolvimento realizadas pela área de gestão de pessoas nas empresas são planejadas a partir da elaboração do levantamento de necessidades de treinamento, com base no mapeamento feito com os fun- cionários (BALDWIN; BOMMER; RUBIN, 2015). Entretanto, o levantamento das necessidades deve ser analisado como muita cautela, para não ser desviado de sua finalidade e atender a demandas particulares. Portanto, é necessário obter informações fidedignas e relevantes, tendo uma percepção dos pro- blemas gerados pela carência de competências técnicas e comportamentais requeridas ao trabalho, visando ao desempenho humano e organizacional (BLANCHARD, 2012). Nessa perspectiva, a empresa pode verificar as competências já existen- tes, as que precisam ser aperfeiçoadas e as que precisam ser desenvolvidas aos funcionários, pensando no desempenho organizacional projetado aos objetivos organizacionais (BIAZZI, 2017). Por exemplo, foi projetado o aumento de 80% nas vendas on-line de uma empresa que começou a trabalhar com e-commerce há um ano. Ela precisa alinhar as competências das pessoas envolvidas, como conhecimentos de marketing digital, habilidades de nego- ciação, técnicas de vendas, domínio de redes sociais, entre outras. Ainda, a empresa precisa estar logisticamente preparada para atender às entregas dos pedidos nos prazos previstos e para realizar a gestão de estoque, comercial e financeira com eficiência sistêmica. As soft skills são competências comportamentais e subjetivas inerentes a cada pessoa e conectadas com o equilíbrio racional e emocional dos indivíduos. A partir dos conceitos e temáticas apresentados, é possível afirmar que o desempenho humano pode ser entendido a partir do conjunto de comporta- mentos que o indivíduo manifesta na sua prática de trabalho em relação às suas responsabilidades, que abrangem a utilização intencional de competên- cias na busca por um objetivo ou resultado em um ambiente organizacional (BALDWIN; BOMMER; RUBIN, 2015). Para que o desempenho humano possa ser percebido como valorativo à empresa, ele deve gerar impactos nos níveis micro (efeitos no trabalho individual), meso (influência de seu trabalho na equipe) e macro (impactos no desempenho organizacional a partir de sua contribuição individual e da equipe). Gestão do desempenho humano4 Concomitantemente, o indivíduo pode precisar de desenvolvimento hu- mano em algum dos níveis, utilizando a análise constante da área em que o profissional está inserido, com suporte da gestão de pessoas, para que se possam buscar soluções e qualificações que permitam maximizar os re- sultados gerados pelo desempenho humano na organização (BIAZZI, 2017). O estudo do desempenho humano é realizado por diversos pes- quisadores, que tendem a trazer novas respostas à compreensão do fenômeno. Leia o artigo “Impacto das competências de equipes sobre o desempenho”, de Katia Puente-Palacios e Luana dos Santos Brito, para estudar o desempenho humano, os conceitos sobre competências individuais e coletivas e o desempenho de equipes. A partir da definição de desempenho humano, é possível verificar o quanto é primordial desenvolver as pessoas nas organizações por meio de práticas de treinamento formais e informais, relações interpessoais salutares, valo- rização do trabalho e avaliação dos resultados gerados (BLANCHARD, 2012). A avaliação de desempenho dos funcionários em uma empresa é um campo de pesquisa nos estudos organizacionais e na psicologia e tem como principal papel trazer a análise dos resultados gerados a fim de traçar estratégias de desenvolvimento profissional. Avaliação e gestão de desempenho Na prática gerencial, as organizações estão em constante busca por resultados que tragam satisfação aos clientes e sejam eficientes na produtividade. Con- tudo, como aferir o desempenho? Considerando as funções administrativas, o controle tem como finalidade coletar os dados dos resultados gerados, analisar e elaborar estratégias de melhorias (BALDWIN; BOMMER; RUBIN, 2015). Algumas técnicas podem ser utilizadas para realizar as práticas de avaliação de desempenho humano e organizacional. Elas devem atender a perspectivas organizacionais, como a estrutura, a cultura, o clima e as estratégias empresariais e seus objetivos. A avaliação de desempenho humano pode ser entendida como a análise sistemática do desempenho dos trabalhadores em relação às ações e res- ponsabilidades que executam para alcançar metas. A análise é feita por meio da geração de frutos do seu trabalho e do seu comportamento no ambiente organizacional (BALDWIN; BOMMER; RUBIN, 2015). Gestão do desempenho humano 5 Por meio da avaliação do desempenho humano, a instituição pode iden- tificar dificuldades existentes no ambiente organizacional, como situações de relacionamento entre as pessoas, conflitos relativos à integração dos funcionários à empresa, inadequação do trabalhador ao cargo ou necessidade de treinamento e desenvolvimento (JACKSON; PERRY, 2010). Existem alguns objetivos para a avaliação do desempenho: � adequação do indivíduo ao cargo; � treinamento e desenvolvimento; � promoções e recompensas; � recompensas salariais aobom desempenho; � melhoria da relação entre chefias e subordinados; � autoaperfeiçoamento do funcionário; � informações para pesquisas de gestão de pessoas; � reconhecimento do potencial de desenvolvimento da força de trabalho; � estímulo à produtividade; � compreensão sobre os padrões de desempenho da organização; � retroação (feedback). Contudo, para que a avaliação do desempenho humano ocorra de forma mais apropriada em uma empresa, os critérios definidos ao seu desenvol- vimento devem ser expostos aos trabalhadores de forma clara e objetiva. Além disso, é imperativo que os indivíduos envolvidos na avaliação acreditem e legitimem os impactos e benefícios que a prática da avaliação lhes trará, assim como os benefícios que eles trarão à empresa (BIAZZI, 2017). Para que uma avaliação de desempenho humano tenha êxito, é primordial que haja o comprometimento e a aceitação das pessoas envolvidas (BLANCHARD, 2012). Os gestores devem observar o contexto e verificar as demandas que precisam ser atendidas pelos seus funcionários, gerenciando as mudanças pertinentes à situação (BALDWIN; BOMMER; RUBIN, 2015). Assim, para poten- cializar os resultados de qualquer avaliação, as organizações precisam sempre buscar maior abrangência, ampliando suas avaliações para diferentes focos e identificando novas competências (Quadro 1). Gestão do desempenho humano6 Quadro 1. Novas competências a partir da avaliação do desempenho humano Competências Definição Pessoais Capacidade que os indivíduos têm de aprender novos conteúdos. Tecnológicas Habilidades técnicas para desenvolver as atividades profissionais, como a facilidade de usar aplicativos que possibilitam maior desempenho nas atividades laborais. Metodológicas Capacidade dos indivíduos em compreender e resolver novos problemas, ou seja, capacidade multifuncional. Sociais Capacidade do indivíduo de se relacionar com diferentes pessoas, grupos e equipes de trabalho. É importante destacar que a área de gestão de pessoas tem um papel importante no processo de avaliação do desempenho humano (BIAZZI, 2017), pois traça bons indicadores que favorecem o desenvolvimento profissional e comportamental dos funcionários e, concomitantemente, o crescimento organizacional, a competitividade e a visibilidade pelo público externo no con- texto de mercado em que atua (BALDWIN; BOMMER; RUBIN, 2015). Igualmente, a gestão de pessoas desenvolve as técnicas de avaliação de desempenho a serem aplicadas na empresa, junto às lideranças, para que haja efetividade no processo. O sigilo das informações individuais deve ser tratado com dis- crição e confiança, para que o comprometimento dos funcionários não seja fragilizado (LACOMBE; HEILBORN, 2010). Leia o artigo “Gestão de recursos humanos: uma metanálise de seus efeitos sobre desempenho organizacional”, de Agostinha Mafalda Barra de Oliveira e Alexandre José de Oliveira, para saber mais a respeito dos conceitos sobre desempenho e gestão estratégica de pessoas. Os estudos sobre o desempenho nas empresas (BLANCHARD, 2012) vêm passando por diversas transformações a partir dos contextos e das situações vivenciadas, como a inserção de novas tecnologias, as novas abordagens psicológicas sobre a saúde mental dos trabalhadores, as práticas de qualidade de vida no trabalho e o aumento da globalização e da competitividade. As transformações impactam no desempenho das empresas, seja no contexto estrutural e produtivo, seja na atuação dos profissionais (LACOMBE; HEILBORN, Gestão do desempenho humano 7 2010). Assim, é relevante compreender a tendência constante de se realizar práticas de avaliação de desempenho humano. Tais avaliações vão impactar nos resultados da organização longitudinalmente. O Quadro 2 apresenta uma síntese das principais técnicas de avaliação de desempenho humano aplicadas nas organizações. Quadro 2. Técnicas de avaliação de desempenho humano Técnica Definição Observações Comparação simples Método mais simples, aplicado por intermédio de uma escala que varia de “muito ruim” até “excepcional”. A técnica compara os profissionais no ambiente de trabalho por meio do diálogo e sem muitos critérios de análise, sendo mais subjetiva do que objetiva. Comparação binária A avaliação é feita por meio da comparação da performance de cada trabalhador com os demais membros da equipe, com auxílio de uma tabela de dupla entrada. O método exige uma atenção minuciosa e se torna mais complexo se forem muitas pessoas, além de comparar uma pessoa com a outra de forma intuitiva. Método da escolha forçada Consiste em avaliar a performance dos profissionais por meio de blocos de frases descritivas que direcionam certos aspectos de conduta. O método parte da concepção de que deve existir uma curva normal de desempenho na empresa. Algumas pessoas terão desempenho ruim, outras, bom e algumas, excelente. Escala gráfica Método estruturado em uma tabela de dupla entrada: nas linhas estão os fatores de avaliação e nas colunas, os graus de avaliação do desempenho. O método é de fácil compreensão por parte dos avaliados, mas muito subjetivo por parte do avaliador, implicando em cuidados de atenção para avaliar a performance e não a pessoa. (Continua) Gestão do desempenho humano8 Técnica Definição Observações Frases descritivas É elaborado um conjunto de frases que tentam expressar um comportamento ideal e um comportamento negativo na função que o avaliado ocupa. O método orienta o uso de 10 frases que expressam comportamentos positivos e 10 para negativos, a fim de realizar uma avaliação por meio da percepção dos avaliados e do avaliador. Avaliação de atividades Método caracterizado pela avaliação do desempenho do avaliado em relação às atividades previstas para o seu cargo. No método, é elaborado um quadro. Cada coluna apresenta uma das seguintes informações: atividades, padrão de desempenho esperado, peso, nota, peso multiplicado pela nota (resultado). Nas linhas, são apresentadas as atividades. Avaliação 360° Essa avaliação permite a possibilidade de que a pessoa seja avaliada não apenas pelo seu líder, mas também pelos seus pares de trabalho e por outros colegas que façam parte de seu contexto profissional. O gestor também é avaliado pelos pares e membros da equipe. As competências e os critérios de avaliação devem estar claros e fazer parte de uma lista 360°. As pessoas envolvidas precisam estar preparadas para realizar a avaliação. Avaliação Nine Box A técnica é utilizada para avaliar os profissionais com base na sua performance recente e em seu potencial futuro. Para cada uma dessas perspectivas, existem três níveis de resposta que vão gerar nove cruzamentos distintos, representando as nove caixas de avaliação. A técnica afere o profissional em relação ao seu desempenho atual e à possibilidade de qualificação da carreira. A técnica contribui com o processo de desenvolvimento da carreira do trabalhador na instituição. (Continuação) Gestão do desempenho humano 9 As organizações podem aplicar cada uma das técnicas de acordo com as necessidades da empresa, com quais resultados querem almejar e com a pos- sibilidade de expandir gradativamente o capital humano de seus profissionais (BIAZZI, 2017). Vale ressaltar que as estratégias organizacionais e a cultura da empresa devem favorecer as práticas de avaliação de desempenho humano, visando à aplicabilidade transversal da gestão do desempenho humano, que pode impactar no desenvolvimento da produtividade e no crescimento da empresa no seu mercado de atuação (BLANCHARD, 2012). Sobre a gestão do desempenho humano, é importante destacar a dife- rença entre avaliação e gestão de desempenho. A avaliação é algo pontual e transversal, enquanto a gestão de desempenho humano é um processo continuado que visa a desenvolver capacidades organizacionais e individuais ao longo do tempo. Assim, a gestão de desempenhoexplora a descrição das bases que orientam as boas práticas de valorização das competências dos profissionais de uma empresa (BALDWIN; BOMMER; RUBIN, 2015). Elas pro- curam proporcionar desafios às pessoas por meio da mobilização de seus esforços ao alcance dos objetivos organizacionais e aos desdobramentos de experimentação individual (ou em equipe) das competências trabalhadas. Veja a seguir as bases da gestão do desempenho humano. � Estabelecimento de metas: desdobramento para as pessoas da em- presa executarem o acompanhamento da evolução ao longo do tempo e o feedback para que o processo se realimente. � Estrutura interna na empresa: para assegurar que todos estejam tra- balhando e atuando de modo a atingir os resultados esperados. � Definição de competências: desenvolvimento do conjunto de conhe- cimentos, habilidades e atitudes necessários ao desempenho das funções dos profissionais. � Espaço para feedback: oportunizar o diálogo entre gestor e funcio- nário a respeito de como o trabalho está sendo desenvolvido para o atingimento dos resultados, avaliando-o. Leia o artigo “Avaliação de desempenho como ferramenta para promover o crescimento das pessoas nas organizações”, de Natally Rodrigues e Matheus Toledo, para saber mais sobre as técnicas de avaliação de desempenho e os impactos gerados nas empresas, como produtividade, relacionamento interpessoal, tomada de decisão e engajamento. Gestão do desempenho humano10 As organizações na contemporaneidade estão em constante processo de transformação no que tange a adequação dos produtos e serviços, as tecnologias, os processos e as pessoas. O ambiente externo também está em constante transformação. Portanto, avaliar a performance dos profissionais contribui na gestão do desempenho humano e organizacional, que pode atingir resultados mais eficientes, qualificados, otimizados e competitivos em relação aos concorrentes. Gestão do desempenho humano e liderança Quando tratamos de pessoas e de liderança (JACKSON; PERRY, 2010), deve- mos entender que o desempenho é um processo dinâmico que serve como um norteador administrativo, pois pode esclarecer problemas importantes relacionados aos seguintes aspectos: comunicação, relações interpessoais, dificuldades de integração à organização, dificuldades de adequação ao cargo, necessidades de treinamento e desenvolvimento, entre outros. A avaliação do desempenho humano não consiste um fim em si. Pelo contrário, ela deve ser vista como um importante mecanismo de contribuição para a organização, potencializando seu capital humano (BIAZZI, 2017), o que traz subsídios para que a liderança possa desenvolver seus liderados e suas equipes ao longo do tempo. Considerando esse cenário, é possível afirmar que os resultados da ava- liação do desempenho humano nas organizações devem ser encarados como propositivos, ou seja, devem, necessariamente, ter desdobramentos efetivos, preferencialmente contemplando um conjunto de ações relativas aos pro- cessos de treinamento, desenvolvimento e benefícios (BLANCHARD, 2012). Capital humano é o conjunto de comportamentos técnicos, emocio- nais e de conduta de um indivíduo ou de um grupo de pessoas que têm competências para a execução do trabalho com produtividade e eficiência em uma instituição. Os líderes de posse dos resultados gerados nas avaliações realizadas concentram seus esforços na gestão do desempenho. A liderança tem um papel relevante em traçar ações que permitam acompanhar a trajetória profissional de seus liderados, tendo em vista as variações do ambiente externo que podem afetar o desempenho e a busca por soluções inovadoras que possibilitam o crescimento do negócio. Por exemplo, um analista de Gestão do desempenho humano 11 gestão de pessoas, para desenvolver boas práticas de negociação com o sindicato patronal e dos trabalhadores, demanda possibilidades de contatos e articulações com essas instituições. Se elas não apresentarem abertura necessária e, pelo contrário, gerarem represálias, tais ações de bloqueio podem limitar o desenvolvimento das competências requeridas ao cargo ou fomentar a resolução de problemas complexos. Portanto, o objetivo das lideranças na gestão de desempenho é gerenciar o capital humano disponível na empresa, alocando os profissionais aos cargos que podem gerar melhores resultados, além de construir ações de desenvolvimento humano para os trabalhadores que precisam de estímulos para poderem se sobressair em sua performance (BIAZZI, 2017). Assim, podemos afirmar que a gestão do desempenho (BLANCHARD, 2012): � contempla todo o processo de estabelecimento de metas, o desdobra- mento para as pessoas da empresa executarem, o acompanhamento da evolução ao longo do tempo e o feedback para que o processo se realimente; � representa todo o processo que se estrutura internamente na empresa, para assegurar que todos estejam trabalhando e atuando a fim de atingir os resultados esperados; � é vista como forma desenvolvimento do conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias ao desempenho das funções dos colaboradores; � abre espaço para que exista um diálogo entre gestor e colaborador a respeito de como o trabalho está sendo desenvolvido para o atingi- mento dos resultados. Leia o artigo “Gestão de competências e gestão de desempenho: tecnologias distintas ou instrumentos de um mesmo construto?”, de Hugo Pena Brandão e Tomás de Aquino Guimarães, para saber mais sobre gestão do desempenho, gestão do conhecimento e avaliação de desempenho, seus tensionamentos e aproximações. O processo de gestão de desempenho nas empresas vem evoluindo nos últimos anos. Anteriormente, o processo era baseado em criar planilhas com o propósito de incluir algumas metas e objetivos da organização para, depois de um tempo, analisar o desempenho de alguma área, de um setor Gestão do desempenho humano12 de trabalho ou da empresa como um todo. Era o famoso ou temido “dia da avaliação”. Hoje, com os avanços das tecnologia e da formação profissional e educacional, a gestão do desempenho ruma para uma mudança significativa: de avaliação para análise. Com isso, o gestor deixa de ter um papel de juiz para ter um papel de líder, auxiliando o subordinado no desenvolvimento de suas potencialidades e jogando o foco da avaliação sobre o desempenho deste (e não sobre sua personalidade) (BLANCHARD, 2012). Essa mudança oportuniza o desenvolvimento de boas práticas de gestão de desempenho à luz da atuação da liderança (JACKSON; PERRY, 2010). Cada vez mais há uma busca pelo fomento da carreira profissional e por novos conhecimentos e oportunidades de atuação em novos desafios profissionais. Além disso, habilidades comportamentais são postas à prova para a evolução das soft skills. Outro ponto importante é a liderança estar apta ao processo de ava- liação e gestão do desempenho humano, separando as relações pessoais das profissionais e buscando o melhor para a empresa e para a pessoa. Por exemplo, se o líder tem uma boa relação com um liderado, mas na avaliação há uma oportunidade de projeção de carreira em outro setor por conta da sua performance, essa mudança deve ocorrer, pois valoriza o capital humano e a performance da empresa (BALDWIN; BOMMER; RUBIN, 2015). Com base no conteúdo apresentados, é possível perceber que as práticas de liderança tendem a buscar o maior número de informações sobre as com- petências técnicas e comportamentais de seus liderados, tendo como potente ferramenta a avaliação de desempenho humano (BALDWIN; BOMMER; RUBIN, 2015). Os indicadores gerados, a partir dos resultados levantados, passam por uma reunião devolutiva entre o líder e seu liderado. Essa conversa é importante, pois dá um retorno ao funcionário sobre a avaliação realizada, obtém esclarecimentos e traça um plano de ação para melhorias na função e na performance profissional. Portanto, a empatia, a comunicação e a análise do cenário atual, com projeção de futuro, sãoinerentes à atuação salutar da liderança no processo de avaliação do desempenho humano. Referências BALDWIN, T.; BOMMER, B.; RUBIN, R. Gerenciando o comportamento organizacional. São Paulo: Atlas, 2015. BIAZZI, F. Lições essenciais sobre liderança e comportamento organizacional. São Paulo: Labrador, 2017. BLANCHARD, K. H. Liderança de alto nível: como criar e liderar organizações de alto desempenho. Porto Alegre: Bookman, 2012. Gestão do desempenho humano 13 JACKSON, B.; PERRY, K. Um livro bom, pequeno e acessível sobre liderança. Porto Alegre: Bookman, 2010. LACOMBE, F. J. M.; HEILBORN, G. L. J. Administração: princípios e tendências. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. OLIVEIRA, A. M. B.; OLIVEIRA, A. J. Gestão de recursos humanos: uma metanálise de seus efeitos sobre desempenho organizacional. Revista de Administração Contemporânea, v. 15, n. 4, p. 650–669, 2011. DOI: https://doi.org/10.1590/S1415-65552011000400006. Dispo- nível em: https://www.scielo.br/pdf/rac/v15n4/a06v15n4.pdf. Acesso em: 10 abr. 2021. PUENTE-PALACIOS, K.; BRITO, L. dos S. Impacto das competências de equipes sobre o desempenho. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 33, e3352, 2017. DOI: https://doi. org/10.1590/0102.3772e3352. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/ptp/v33/0102- 3772-ptp-33-e3352.pdf. Acesso em: 10 abr. 2021. RODRIGUES, N.; TOLEDO, M. Avaliação de desempenho como ferramenta para promover o crescimento das pessoas nas organizações. Revista Terra & Cultura: Cadernos de Ensino e Pesquisa, v. 34, n. 66, p. 47–66, 2020. Disponível em: http://periodicos.unifil. br/index.php/Revistateste/article/view/1384. Acesso em: 10 abr. 2021. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Gestão do desempenho humano14 DESENVOLVIMENTO GERENCIAL E LIDERANÇA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Definir desempenho humano. > Distinguir avaliação de desempenho de gestão do desempenho humano. > Elencar boas práticas de gestão do desempenho no âmbito do exercício da liderança. Introdução A capacidade profissional de um trabalhador nas empresas pode ser avaliada pelo seu desempenho humano, que engloba as capacidades técnicas, cognitivas e comportamentais ao exercício de seu trabalho. Assim, as empresas conseguem analisar a performance de seus colaboradores, identificar os problemas existentes e descobrir como potencializar ações de melhoria no desempenho humano. As empresas precisam estar atentas à necessidade de capacitação continuada na organização e de oportunizar recursos para o enfrentamento dos desafios que os profissionais podem se deparar nas suas práticas e processos de trabalho. Contudo, nem todas as empresas têm estratégias de avaliação, gestão e capaci- tação de seus colaboradores. Tais empresas podem perder seu capital humano para outra instituição, uma vez que este pode não perceber suas possibilidades de desenvolvimento de carreira ou se engajar e se comprometer com o trabalho, buscando novas oportunidade de atuação. Gestão do desempenho humano Robinson Henrique Scholz Neste capítulo, você vai estudar os conceitos de desempenho humano, a avaliação de desempenho humano e a gestão do desempenho. Além disso, vai conhecer as práticas de liderança alinhadas com a capacidade de gerenciamento do capital humano nas organizações. Desempenho humano O desempenho pode ser compreendido e estruturado nas organizações de formas diversas, como desempenho de processos, de maquinários, de tecno- logias, de produção e de pessoas. A princípio, devemos nos questionar sobre o que é desempenho. Ele diz respeito à realização, com afinco, do que está previsto e planejado, correspondendo aos resultados e às responsabilidades almejados (BALDWIN; BOMMER; RUBIN, 2015). Tendo em vista que o desempenho é uma ação, um processo ou uma execução de algo, o desempenho humano parte do pressuposto de que as atividades realizadas pelas pessoas em uma empresa geram impactos, os quais estão vinculados concomitantemente às ações aplicadas no processo de desenvolvimento do trabalho (BIAZZI, 2017). Portanto, há duas questões envolvidas nessa relação: o desempenho organizacional e o desempenho humano (LACOMBE; HEILBORN, 2010). � Desempenho organizacional: são métricas de análise que contribuem no processo de execução das operações em uma organização, tendo em vista a definição de atividades, fluxos e resultados esperados, com indicadores que contribuem na avaliação de como está o desempenho da empresa. � Desempenho humano: é o conjunto de competências técnicas e com- portamentais necessárias à execução de atividades e responsabilidades dos profissionais nas empresas. Tais competências estão em constante desenvolvimento e transformação. Assim, é possível perceber que o desempenho humano não é o início nem o fim do processo de trabalho, mas sim o centro de execução das ações, por meio da utilização de competências que sustentem a geração de resultados eficientes à organização (BLANCHARD, 2012). Gestão do desempenho humano2 Na confeitaria Delicious, em São Paulo (SP), ocorre produção e comer- cialização diária de 50 tortas, conforme planejado pelas lideranças. A equipe da confeitaria busca executar o planejado, otimizando os recursos e ajustando os processos de produção para poder disponibilizar as tortas aos clientes de maneira eficiente e saborosa. A experiência do chef confeiteiro Douglas, aliada a um curso de produção de recheios, favorece a produção, que passa a produzir os recheios com uma nova técnica que garante maior rapidez, sabor e durabilidade. A equipe recebeu capacitação interna e foram encorajados a adotar tal inovação no processo produtivo. Assim, a produção passará para 70 tortas diárias. Em síntese, é possível considerar que o desempenho organi- zacional foi qualificado por meio do desempenho humano do chef Douglas e da capacitação da equipe da confeitaria. Longitudinalmente, as transformações das carreiras, a qualificação profis- sional, os avanços da tecnologia e o desenvolvimento cognitivo das pessoas impactam no desempenho organizacional das empresas (BLANCHARD, 2012). Isso pode ser percebido ao longo dos anos após a globalização, a partir de 1980, quando as empresas vão se adequando às novas tecnologias, aos profissionais capacitados pelas universidades, à formação continuada e à valorização da sustentabilidade das empresas. Esses avanços também geram inovações tecnológicas, como a robótica, a internet, o e-commerce, o teletrabalho e os sistemas de gestão e de produção. Além disso, oportunizam o compartilhamento de conhecimento com pessoas e empresas. Entretanto, fica a pergunta: isso basta ao desempenho humano? Não adianta ter muito conhecimento se ele não é utilizado. Essa máxima reflete a relevância de se desenvolver competências comportamentais que permitam o desenvolvimento humano (BALDWIN; BOMMER; RUBIN, 2015). Por exemplo, a resolução de problemas complexos, a empatia, o autoconheci- mento, a problematização da realidade e até mesmo o design thinking para a geração de ideias só podem acontecer se aplicados e exercitados. Apenas conhecer os conceitos não basta ao desempenho humano; eles devem ser praticados, avaliados e qualificados (LACOMBE; HEILBORN, 2010). Portanto, a intenção, a execução e a avaliação potencializam o desempenho humano de qualquer profissional, por meio de relações de trabalho e liderança que favorecem o desenvolvimento das pessoas (JACKSON; PERRY, 2010). Com base nisso, podemos ainda incorporar algumas soft skills que favo- recem o desenvolvimento das pessoas, como a autoavaliação, o autoconhe- cimento, a comunicação, a criatividade e a colaboração (JACKSON;
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