Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
O leite é uma combinação de várias substâncias na água, contendo: • Suspensão coloidal de pequenas partículas de caseína (micelas de caseína ligadas ao cálcio e fósforo); • Emulsão de glóbulos de gordura do leite e vitaminas lipossolúveis, que se encontram em suspensão; • Solução de lactose, ptns do soro, sais minerais e outras substâncias são solúveis, ou seja, são totalmente dissolvidas na água do leite. é um produto altamente perecível que deve ser refrigerado a 4˚C o mais rápido possível após a coleta O leite é composto de uma grande variedade de compostos, sendo que cada um apresenta função específica, proporcionando nutrientes ou proteção imunológica para o neonato. O conhecimento da composição do leite é importante: para a indústria processadora, que depende da manipulação das suas características físicas e químicas para a elaboração de diferentes produtos lácteos, assim como para assegurar a sua qualidade. Mecanismo de síntese e secreção do leite Água A quantidade de água no leite é regulada pela quantidade de lactose sintetizada pelas células secretoras da glândula mamária Síntese de carboidratos do leite Os carboidratos presentes na dieta de vacas leiteiras são fermentados no rúmen, formando os ácidos graxos voláteis: acético, propiônico e butírico. Uma vez que a glicose entra nas células secretoras, ela é utilizada em quatro funções: • a maioria (60%-70%) é usada para síntese de lactose; • estimulação da síntese de proteína; • precursor da síntese de glicerol para a formação da gordura do leite; • usada como precursores para a síntese de gordura. Lactose: É um dissacarídeo, composto de dois açúcares, glicose e galactose, sendo este último de origem da própria glicose. A ligação entre uma molécula de glicose e de galactose é feita pela enzima lactose sintetase. A concentração de lactose no leite é relativamente constante e em média é 5% Controle do volume de leite: Um dos principais determinantes do volume de leite, pois ela representa cerca de 50% da pressão osmótica do leite e, assim, controla o volume de água do leite. Figura 2 - Estrutura química da lactose. Síntese de proteína do leite A maioria do nitrogênio do leite é encontrada na forma de proteína A concentração da proteína no leite varia de 3.0 a 4.0% (30–40 gramas por litro). A COMPOSIÇÃO DO LEITE porcentagem varia com a raça da vaca e com a proporção da quantidade de gordura no leite. quanto mais alta a gordura, mais alta a proteína. O comportamento dos diferentes tipos de caseína (α, β ε κ) no leite quando tratados com calor, pH diferente (acidez) e concentração de sal diferente resulta nas características dos queijos, produtos lácteos fermentados e diferentes formas de leite (condensado, seco, etc.). Ptns classificadas em dois grandes grupos: as caseínas (80%) e as proteínas do soro (20%). Caseína pode ser definida como a fração da proteína do leite que sofre precipitação em pH = 4,6; enquanto que o restante das proteínas que não sofreram esta precipitação é chamado coletivamente de proteínas do soro. Caseína: É sintetizada nas células epiteliais da glândula mamária, consistindo de 4 principais variantes genéticas: αs1-, αs2-, β- e κ- caseína. Compõe aproximadamente 80% do total de proteínas do leite, secretada pelas células alveolares na forma de micelas, que são agrupamentos de várias moléculas de caseína ligadas a íons como o fosfato de cálcio. Normalmente, não é afetada pela pasteurização, permanecendo estável, entretanto, quando há acidificação do leite ocorre a desestruturação das micelas de caseína e formação do coágulo. Figura 3 – Modelo de micela de caseína. Proteínas do soro São aquelas que estão solúveis na água presente no leite; ao contrário da caseína que se encontra em suspensão na forma de micelas. Incluem aquelas específicas que são encontradas no próprio soro e aquelas que também estão presentes no sangue. Dentre as quatro principais proteínas do soro, duas são sintetizadas na glândula mamária (β -lactoglobulina e a α -lactalbumina), as outras duas são de origem do sangue (albumina sérica e imunoglobulinas). β-lactoglobulina é a proteína do soro presente em maior concentração (2-4 mg/mL), seguida pela α -lactalbumina (1-1.5 mg/mL) A albumina encontrada no leite é produzida no fígado e sua concentração no leite reflete a concentração no sangue. Outras proteínas do soro incluem a: lactoferrina, transferrina e enzimas (plasmina, lípase lipoprotéica, fosfatase alcalina). A síntese de proteína nas células secretoras ocorre no retículo endoplasmático rugoso. Algumas proteínas não são sintetizadas na glândula mamária e são transportadas pelo sangue até entrarem no lúmen alveolar. A estrutura da proteína é pré-determinada pela informação genética contida no DNA presente no núcleo da célula. O DNA serve de molde para a síntese de uma fita de RNA que contém a informação sobre a seqüência de aminoácidos para as proteínas. Vacúolos presentes no citoplasma são formados para transporte da proteína sintetizada até o lúmen. Linfócitos B produtores de anticorpos podem se alojar na glândula mamária para auxiliar na síntese de imunoglobulinas do colostro. Compostos nitrogenados não-protéicos (NNP) O leite também apresenta uma fração de compostos nitrogenados não-protéicos (NNP), que pode perfazer aproximadamente 5% do total de nitrogênio do leite. Estes compostos são principalmente de origem do sangue, incluindo principalmente substâncias como a uréia, a creatina e a creatinina. A maior porção do NNP é nitrogênio na forma de uréia (48%), o qual entra livremente na glândula mamária por difusão para equilibrar sua concentração com a do plasma sangüíneo. Fatores como o clima (ambiente), doenças do úbere, estágio de lactação, parto, raça e nutrição podem alterar a distribuição do nitrogênio entre as frações nitrogenadas do leite. Síntese de gordura do leite Gordura constitui cerca de 3.5 a 6.0% do leite, variando entre raças de gado e práticas de alimentação. Presente no leite em glóbulos pequenos suspensos em água. Cada glóbulo é revestido por uma camada de fosfolipídios que previne os glóbulos de se agregarem, por repulsão dos outros glóbulos de gordura e atração de água A gordura do leite é composta em sua quase totalidade por triacilglicerídeos (98% da gordura total), os quais são os componentes com o maior teor energético do leite. Triacilglicerídeos são sintetizados; nas células epiteliais da glândula mamária, formados pela ligação de glicerol e ácidos graxos, sendo que os ácidos graxos que compõem esses triacilglicerídeos podem vir de duas fontes: a partir de lipídeos de origem do sangue e pela síntese "de novo" nas células epiteliais. As gorduras de origem vegetal da dieta das vacas leiteiras são altamente insaturadas (deficientes em átomos de hidrogênio), desta forma, essas gorduras quando ingeridas sofrem no rúmen a hidrogenação, antes de serem absorvidas pela corrente sangüínea na forma de triglicérides ligados a lipoproteínas. Esses triacilglicerídeos são transportados pelo sangue até a glândula mamária, onde sofrem a quebra em subunidades de glicerol e ácidos graxos livres que podem, então, ser absorvidos pelas células da glândula mamária. Ocorre uma grande remoção de triacilglicerídeos da corrente sangüínea pela glândula mamária, os quais são utilizados para a síntese da gordura que será secretada no leite. Os ácidos graxos de cadeia longa podem ser transferidos diretamente do sangue para a glândula mamária, mas a maioria dos ácidos graxos encontrados no leite é de cadeia curta (menos de 16 carbonos), os quais são sintetizados pelas células da glândulamamária. Secreção de minerais no leite A digestibilidade do cálcio e do fósforo são altas, em parte porque são encontrados em associação com a caseína do leite. Como resultado, leite é a melhor fonte de cálcio para o crescimento do esqueleto nos indivíduos mais novos e manutenção da integridade do osso nos adultos. Esses minerais envolvidos no crescimento dos ossos são principalmente o cálcio, o fósforo e, em menor escala, o magnésio. A baixa concentração de ferro no leite não consegue suprir as necessidades dos indivíduos mais novos, mas esse nível baixo acaba tendo um efeito benéfico porque ele limita o crescimento bacteriano no leite—ferro é essencial para o crescimento de muitas bactérias As concentrações de sódio, potássio e cloreto no leite constituem o segundo maior determinante do volume de água presente no leite pela pressão osmótica desses íons, complementando o efeito da lactose na determinação do volume de água presente no leite. As vitaminas são compostos essenciais que são requeridos em pequenas concentrações na dieta. A maioria das vitaminas hidrossolúveis (complexo B) é sintetizada pelos microrganismos do rúmen e, dessa forma, os níveis de vitaminas no leite refletem os níveis presentes no sangue. As vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) estão associadas com os glóbulos de gordura do leite. O leite é uma fonte importante de vitaminas B1 e B2. LEITE COMO ALIMENTO PARA O BEZERRO Componentes imunes: leite contém proteínas chamadas imunoglobulinas que são uma das principais defesas contra organismos infecciosos (vírus, bactéria, etc.). Concentrações de imunoglobulinas são especialmente altas no colostro, o leite produzido imediatamente no início da lactação. O colostro deve ser fornecido ao bezerro assim que possível após o nascimento. Isto irá pelo menos dobrar as chances do bezerro sobreviver. não tem nenhum valor comercial, já que não é aceito para venda para consumo humano. Portanto, o leite de uma vaca recém-parida não deve ser incluído com o leite que será enviado ao laticínio por 3 a 4 dias. COMPONENTES INFLUENCIANDO A QUALIDADE DO LEITE Células no leite: Células somáticas no leite não afetam o valor nutricional. Elas são apenas significativas como indicadores de outros processos que podem estar ocorrendo no tecido mamário, incluindo inflamação. Quando as células somáticas estão presentes em números maiores que meio milhão por mililitro, há motivo para se suspeitar de mastite. Componentes indesejáveis no leite: Altos padrões de qualidade por toda indústria processadora de leite são necessários para aumentar e/ou manter a confiança do consumidor e fazer ele comprar produtos lácteos. O leite que sai da fazenda tem que ser de mais alto valor nutricional: sem alteração e contaminação. Substâncias indesejáveis mais comuns encontradas no leite: • Adição de água; • Detergentes e desinfetantes; • Antibióticos; • Pesticidas ou inseticidas; • Bactérias.
Compartilhar