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44 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 Unidade II Unidade II Como já vimos, o estudo do comportamento do consumidor é de fundamental importância para os profissionais de marketing. Nesta unidade vamos analisar o que é preciso considerar na criação de estratégias eficazes de marketing, deve-se observar características individuais, sociais e culturais, além das influências situacionais que interferem no momento da compra. Estudaremos ainda os fatores que influenciam o comportamento de compra: fatores psicológicos, sociológicos e situacionais. 3 O CONSUMIDOR COMO INDIVÍDUO O comportamento do consumidor é influenciado por quatro fatores psicológicos: percepção, motivação, aprendizagem e convicções. A percepção, no entender de Kotler e Armstrong (2003, p. 89), “é o processo pelo qual as pessoas selecionam, organizam e interpretam informações para formar uma imagem significativa do mundo”. Nesse sentido, é importante considerar o consumidor como indivíduo. As pessoas podem ter percepções diferentes do mesmo objeto em função de três processos de percepção: exposição, atenção e interpretação. Como resultado, as pessoas podem, não necessariamente, ver ou ouvir a mensagem que as empresas desejam transmitir. Assim, as empresas devem ser cuidadosas ao levar esses processos de percepção em consideração quando desenvolvem suas campanhas de marketing. A motivação está relacionada com o anseio, sendo este suficiente, leva o indivíduo à ação. As três teorias mais conhecidas sobre motivação – Freud, Maslow e Herzberg – levam a diferentes estudos e análises do comportamento do consumidor. Os autores Gianesi e Corrêa (1996) tratam o aprendizado como experiências anteriores que podem ou não influenciar suas decisões futuras. Ainda, de acordo com os mesmos autores, “as convicções representam certas noções preconcebidas que os consumidores têm sobre certas coisas” (GIANESI; CORRÊA, 1996, p. 69). 3.1 Percepção A sensação está relacionada à reação imediata de nossos receptores sensoriais (olhos, ouvidos, nariz, boca e dedos) a estímulos básicos como a luz, a cor, o som, os odores e as texturas. Suas funções sensórias são: visão, audição, olfato, paladar e tato. 45 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Um estímulo é qualquer unidade de informação que incita qualquer um dos sentidos. Por exemplo, o estímulo pode vir dos produtos, das embalagens, dos nomes de marca, de anúncios ou comerciais. A percepção, então, concentra-se no que acrescentamos às sensações em estado bruto, a fim de lhes dar significado. Ela é descrita como sendo a maneira como vemos o mundo à nossa volta. Dois indivíduos podem ser expostos aos mesmos estímulos sob as mesmas condições aparentes, mas a maneira como cada pessoa reconhece, seleciona, organiza e interpreta esses estímulos é um processo individual baseado nas próprias necessidades, valores e expectativas. Toda essa questão da percepção tem implicações estratégicas para o profissional de marketing porque, muitas vezes, os consumidores tomam decisões com base no que percebem, e não na realidade. Como computadores, as pessoas passam por estágios de processamento de informação em que os estímulos são captados e armazenados. Diferentemente dos computadores, no entanto, não processamos passivamente todas as informações que nos são apresentadas. Em primeiro lugar, somente um pequeno número de estímulos de nosso ambiente é notado. Desses, um número ainda maior recebe atenção. Além disso, dentre estas sugestões, as que realmente penetram em nossa consciência podem não ser processadas objetivamente. O indivíduo interpreta o significado de um deles de acordo com suas próprias percepções, concepções, necessidades e experiências. Observação Martin Lindstrom (2007) ressaltou que 83% de todas as comunicações hoje apelam para a visão, também para o olfato, e não à audição: a segunda fonte sensorial mais importante. Vejamos em seguida os três estágios de exposição, atenção e interpretação que constituem o processo de percepção: Estímulos sensoriais Receptores sensoriais Imagens Olhos Exposição Atenção Interpretação Sons Ouvidos Odores Nariz Gostos Boca Texturas Pele Figura 7 – Os três estágios do processo de percepção Nos últimos anos, as experiências sensoriais que uma pessoa recebe dos produtos e serviços têm se tornado uma prioridade ainda maior quando se tem que escolher entre várias opções e diferentes marcas. Os estímulos que os profissionais de marketing têm que planejar são de extrema importância para atrair os consumidores, eles podem estar baseados em cores, odores, sons, sabores e até mesmo na textura de um produto. 46 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 Unidade II Observação Segundo os teóricos Solomon et al. (2010), na cultura ocidental, a cor preta quase sempre está associada à sofisticação, enquanto a cor branca conota inocência. 3.1.1 Percepção subliminar As pessoas também são estimuladas abaixo do seu nível consciente; isto é, elas podem perceber os estímulos sem terem conhecimento consciente disso. Os estímulos que são demasiadamente fracos ou breves para serem vistos ou ouvidos conscientemente podem, contudo, ser bastante fortes para serem percebidos por uma ou mais células receptoras. Esse processo é denominado percepção subliminar, porque o estímulo está abaixo do limite ou do limiar do conhecimento consciente, embora não abaixo do limite absoluto dos receptores envolvidos. Embora existam algumas evidências de que os estímulos subliminares possam influenciar reações afetivas, não há indícios de que a estimulação subliminar possa influenciar o comportamento do consumo. O conceito de mensagem subliminar moderno surgiu com James Vicary, um especialista americano, no ano de 1957. Ele foi o fundador de uma empresa chamada Subliminal Projection Company, e em uma conferência ele revelou para a imprensa que teria patenteado uma nova técnica de vendas que ele nomeou como projeção subliminar. Essa técnica consistia em usar um taquitoscópio para projetar imagens em uma tela, com uma velocidade muito alta, podendo assim exibir imagens entre os quadros de um filme durante uma fração de segundo. Segundo a sua hipótese, como as imagens eram apresentadas em uma velocidade maior do que a capacidade de associação pela visão humana, estas não eram percebidas de forma consciente. Mas Vicary afirmou que elas atingiam diretamente o subconsciente, sendo absorvidas de uma forma quase instantânea. Exatamente por causa dessa característica, a projeção subliminar teria um potencial enorme, e o seu uso em campanhas de publicidade provocariam um visível aumento no efeito das propagandas. Para comprovar a sua hipótese, Vicary apresentou resultados de um experimento que ele teria feito. Em seu experimento, inseriu frases durante a exibição de um filme. Então, ele teria medido a diferença percentual na reação dos dois grupos, aquele que esteve presente nas sessões de projeção subliminar, e o grupo que não sofreu a mesma exposição. As frases escolhidas foram “Drink Coke” (“Beba Coca-Cola”) e “Eat popcorn” (“Coma pipoca”); e elas foram apresentadas em noites alternadas. Segundo os seus resultados, nas noites em que as frases foram projetadas, as vendas de pipoca aumentaram em 57,7%, e as vendas de Coca-Cola em 18,1%. A experiência foi relatada na revista Advertising Age, no ano de 1957. 47 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Entretanto, em 1962, James Vicary concedeu uma entrevista à mesma revista em que foram publicados os resultados de sua experiência e admitiu que se sentiu obrigado a forjar parte dos resultados da sua pesquisa. Vicary afirmou na época que sofreu muita pressão dos investidores paraapresentar resultados e, por causa disso, acabou apresentando resultados de experiências que não tinha feito de fato. Muitos cientistas tentaram repetir a experiência de Vicary nos anos seguintes, sem sucesso. Mesmo com numerosos trabalhos feitos até hoje, a maioria possui falhas de metodologia que não permitem nenhuma afirmação conclusiva. No entanto, o efeito psicológico causado pela imensa repercussão da experiência foi suficiente para o surgimento de diversas teorias conspiratórias, mantendo a fama da força das mensagens subliminares até hoje. 3.1.2 Princípios da percepção seletiva As seleções das mensagens que os consumidores fazem estão relacionadas aos estímulos que recebem do ambiente em que vivem e são baseadas nas interações de suas expectativas e experiências vividas. Podemos dizer que a percepção pode ser descrita como a forma que vemos o mundo à nossa volta. Podemos citar quatro conceitos relativos à percepção. Exposição seletiva Em geral, os consumidores procuram mensagens que consideram agradáveis ou com as quais simpatizam, e evitam as mensagens desagradáveis ou as que consideram ameaçadoras. Eles também captam, de modo seletivo, informações que vêm de propagandas que os asseguram do bom senso de suas decisões de compra. Atenção seletiva Normalmente o consumidor faz uma seleção dos estímulos que são colocados nos comerciais ou propagandas. Quando um indivíduo vê ou assiste a uma campanha publicitária, automaticamente o cérebro seleciona aquilo que lhe interessa e descarta o que não serve. Em geral, quando se recebe uma mensagem, a consciência se intensifica ante os estímulos que correspondem às expectativas do consumidor e o contrário também é verdadeiro, isto é, quando uma pessoa não se interessa pela informação, assimila muito pouco ou nada daquela mensagem. Dessa maneira, os consumidores são inclinados a perceber os anúncios de produtos que atenderiam suas necessidades e desconsiderar aqueles sobre os quais não têm interesse. Defesa perceptiva Como já foi dito anteriormente, as mensagens podem ser recebidas a nível consciente ou inconsciente. Quando o nível inconsciente percebe que existe algo ameaçador à natureza ou à necessidade do indivíduo, existe um bloqueio dos estímulos que as mensagens proporcionam, assim o nível consciente não percebe ou até exclui as sugestões que forem consideradas ameaçadoras. 48 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 Unidade II Outra questão importante será se a mensagem não estiver clara, e o consumidor interpretá-la de forma errônea, é possível que exista uma distorção na informação a nível inconsciente, por acreditar que existe algum risco que venha ameaçar suas vontades, crenças ou valores. Sendo assim, a mensagem não é recebida na íntegra. Diferentemente da mensagem que possui estímulos neutros, tanto o consciente como o inconsciente podem assimilar todas as informações por “acreditarem” que não existe nada que provoque o indivíduo. Por exemplo, uma pesquisa realizada no Canadá mostrou que a maioria dos fumantes canadenses não prestava mais atenção aos avisos de advertências dos maços de cigarro. Um desses avisos mostrava um cigarro flácido e afirmava que o fumo poderia causar impotência. O Canadá atualmente exige que as empresas de cigarro apresentem, nos maços de tabaco, advertências sobre riscos à saúde em gráficos. Bloqueio perceptivo Em geral, os consumidores se protegem para não serem bombardeados com todos os estímulos que vêm das mensagens que são recebidas diariamente. Conscientemente existe um bloqueio dos estímulos recebidos, podemos dizer que as pessoas “saem de sintonia” para não serem atingidas pelas mensagens que estão à sua volta. Isso pode ser considerado uma autoproteção devido à quantidade de mensagens que são disponibilizadas por todos os meios de comunicação e pela sociedade. Ou também, após o grande desenvolvimento da tecnologia móvel e digital, as mensagens e as informações se intensificaram ainda mais. No século atual vivemos a era da informação, desta forma, o indivíduo a nível consciente irá perceber somente aquilo que lhe interessa, o que é chamado de bloqueio perceptivo. Assim como os indivíduos percebem imagens de si mesmos, também têm imagens percebidas de produtos, serviços ou marcas. A imagem percebida destes é o que vai definir seu sucesso ou não. Quanto melhor for percebida a imagem daquela marca, melhor será o resultado. Sendo que o contrário também pode ocorrer. Observação Um exemplo curioso do excesso de propaganda ocorre quando recebemos junto com a conta de cartão de crédito um folheto promocional, talvez ele capte nossa atenção, mas, depois de receber vários, passamos a jogá-los diretamente no lixo, sem nos atentarmos ao que está escrito. 3.2 Motivação Algumas teorias da motivação já foram apresentadas anteriormente, agora estudaremos as motivações básicas que levam o consumidor a comprar um determinado produto. Motivação é a força impulsionadora que existe dentro dos indivíduos e que os impele à ação (SCHIFFMAN; KANUK, 2000, p. 90). 49 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR A motivação se refere ao processo que faz com que as pessoas se comportem de modo ansioso ou inquieto quando almejam adquirir um determinado produto. Isso ocorre quando uma necessidade é despertada e o consumidor deseja satisfazê-la. Assim que um desejo é ativado, um estado de tensão impulsiona o consumidor a tentar reduzi-lo ou eliminá-lo. Essa necessidade pode ser de qualquer natureza, utilitária ou hedônica. A utilitária procura saciar algum desejo com um objetivo funcional ou prático. Por exemplo, alimentar-se de alimentos sem adição de açúcares ou gorduras para não engordar ou manter o peso. Ou pessoas que somente se alimentam pensando na quantidade de calorias que podem consumir por dia. Ou seja, essas pessoas adquirem os produtos de forma racional e utilitária. Figura 8 A necessidade hedônica envolve fantasias e emoções. Por exemplo, pensar em uma comida e sentir vontade de comê-la, ou ainda lembrar de uma experiência passada apenas sentindo um determinado aroma. Assim, o objetivo geral de um bom profissional de marketing é tentar criar produtos e serviços para o consumidor os quais possibilitem a redução das tensões quando da aquisição destes. Tendo em vista a grande responsabilidade dos profissionais, algumas técnicas podem ajudá-los a cumprir seus objetivos, que podem ser satisfeitos por meio de pesquisas de campos. O responsável deverá elaborar questionários, que podem ser entrevistas pessoais para descobrir como seu público-alvo pode ser motivado para consumir um dado produto. 3.2.1 Motivação positiva e negativa A motivação das pessoas pode aparecer de forma positiva ou negativa. Isso vai depender de uma série de coisas: sentir simpatia ou antipatia pela marca; estar motivado(a) ou não a comprar; experiências anteriores com relação a uma dada situação e até o estado de espírito do indivíduo. A área da psicologia denomina isto de impulsos positivos de necessidade, vontades ou desejos, e os impulsos negativos de medos ou aversões. São situações que podem levar ao consumo ou não. 50 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 Unidade II Os impulsos provindos das mensagens podem gerar necessidade, vontade ou desejos, os quais, por sua vez, podem conduzir as pessoas a objetivos positivos ou negativos. O objetivo positivo é aquele pelo qual o consumidor procura se aproximar do objetivo de desejo, ou seja, o indivíduo é levado à aquisição de um determinado produto, ação esta denominada de objetivo de aproximação. O inverso também pode ocorrer, isto é, um objetivo negativo, o consumidor terá aversão a um produto ou serviço, sendo assim não desejará adquirir nunca tal item. Esta ação é denominada evitação. Por exemplo,uma pessoa que procura uma academia para se exercitar e adquirir boa forma. Neste caso, o consumo se destina a um objetivo de aproximação. Entretanto, uma outra pessoa que já teve problemas com uma academia, toda vez que pensar na experiência terá impulsos negativos, neste caso o objetivo é de evitação. 3.2.2 Motivações racionais versus motivações emocionais Nas teorias comportamentalistas, principalmente a behaviorista, o comportamento é estudado com distinção entre a emoção e a razão, tendo em vista que as pessoas podem agir tanto de uma forma como de outra. Nesse sentido, o consumidor pode ser levado a comprar por motivos racionais, quando se trata de questões financeiras; ou emocionais, quando envolve a beleza ou estética de um produto. Conforme já mencionado anteriormente, os profissionais de marketing precisam fazer pesquisas de mercado constantemente, com o intuito de descobrir quais são as motivações que levam seu público-alvo a comprar, se são racionais ou emocionais. A partir dos dados coletados, elabora-se um planejamento. As questões racionais sempre irão envolver preço, peso, tamanho ou quantidade; e se as questões forem emocionais envolvem a estética, cores ou beleza, os critérios de escolha normalmente são pessoais e subjetivos. Assim, tanto as motivações racionais quanto emocionais têm que ser descobertas pelos profissionais interessados, para que possa ser oferecido o produto de acordo com os desejos de consumo do grupo-alvo. Entretanto, muitas vezes o que representa motivação racional para uma pessoa pode parecer motivacional para outra. Por exemplo, um indivíduo que considera uma motivação racional e gasta muito dinheiro com cirurgia plástica por questões estéticas pode parecer um tanto irracional para outras pessoas. 3.2.3 Dinâmica da motivação A motivação é altamente dinâmica e se modifica constantemente em reação às experiências da vida de cada pessoa. As necessidades e os objetivos se transformam, aumentam ou reduzem de acordo com as condições financeiras ou profissionais que o indivíduo perpassa ao longo de sua vida e do meio em que vive. Desse modo, à medida que vai alcançando seus objetivos, nascem e aparecem novos. Caso o objetivo não seja alcançado, o sujeito, por natureza, irá criar um novo, assim se mantém sempre motivado. 51 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Algumas circunstâncias pelas quais o ser humano é motivado: • quando seus desejos não são inteiramente satisfeitos, eles seguem estimulando ações destinadas a alcançar ou manter sua realização; e • à medida que as necessidades são atendidas, emergem novos anseios de ordem mais elevada os quais provocam tensão e induzem à nova atividade. 3.2.4 O despertar das motivações A maioria dos anseios individuais permanece adormecida na maior parte do tempo. O despertar de qualquer conjunto de desejos, em um determinado momento, pode ser causado por estímulos internos encontrados na condição fisiológica do indivíduo, por processos emocionais ou cognitivos, ou por estímulos do ambiente externo. Lembrete As necessidades podem mudar de cultura para cultura. Algo que é bom para uma dada sociedade, pode não ser para outra, bem como os desejos individuais sofrem alterações ao longo da vida. 3.2.4.1 Estimulação fisiológica As necessidades corporais, em qualquer momento, são baseadas na condição fisiológica do indivíduo: seja pelo nível de açúcar, seja pelas contrações estomacais, isso incitará o apetite. Uma pequena queda na temperatura corporal pode provocar tremores ou outras sensações de frio, o que indica ao indivíduo a necessidade de se aquecer. A maioria dos sinais fisiológicos é involuntária, contudo eles despertam vontades associadas, as quais causam desconfortos até que sejam atendidas. Por exemplo, uma pessoa que sente sede, deverá se hidratar o quanto antes, para que as sensações não lhe causem mais incômodo. 3.2.4.2 Estimulação emocional Às vezes o devaneio desperta desejos latentes. As pessoas que estão entediadas ou frustradas na tentativa de alcançar seus objetivos, muitas vezes, se envolvem em devaneios nos quais se imaginam em todos os tipos de situações desejáveis. Esses pensamentos tendem a despertar necessidades adormecidas, que podem produzir tensões desconfortáveis que a conduzem a um comportamento orientado a satisfazer seus objetivos. Um jovem que sonha com uma relação amorosa e agradável, pode ser estimulado a comprar flores à sua amada. 52 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 Unidade II 3.2.4.3 Estimulação cognitiva Pensamentos casuais podem produzir a consciência cognitiva de necessidades. Um anúncio que proporcione lembranças de casa pode provocar desejos instantâneos de falar com os pais. Essa é a base de muitas campanhas de companhias telefônicas que oferecem serviço de chamada de longa distância, enfatizando o baixo custo das taxas nacionais e internacionais, é claro. Observação A psicologia cognitiva estuda a cognição: processos mentais que estão por trás do comportamento. Essa área de investigação abarca diversos domínios, examinando questões sobre memória, atenção, percepção, representação de conhecimento, raciocínio, criatividade e resolução de problemas. 3.2.4.4 Estimulação ambiental O conjunto de necessidades que um indivíduo experimenta em uma determinada ocasião, muitas vezes, é ativado por algumas sugestões ambientais. Nelas, as necessidades podem permanecer dormentes. Por exemplo, um jovem que use frequentemente o celular pode se deparar com um modelo novo, rico em recursos e exposto num mostruário de uma loja. Essa visão pode deixá-lo insatisfeito com seu aparelho antigo e fazê-lo sofrer uma tensão que só será reduzida quando ele comprar esse novo aparelho, percebe? Quando as pessoas vivem em um ambiente cuja disponibilização de produtos é intensa, isto é, o consumidor entra facilmente em contato com novos produtos, ele é levado a pensar que tem muitas necessidades. De maneira inversa, quando o ambiente é mais carente e escasso de recursos, as necessidades surgem com menos frequência. Isso explica por que a televisão tem um efeito tão diversificado na vida das pessoas de países distintos. Esse aparelho nos expõe a diversos estilos de vida, apresenta produtos caros e formas de vida bastante atraentes. Isso acaba por despertar vontades e desejos que, muitas vezes, não são possíveis de serem realizados ou têm chances muito escassas de concretização. 3.3 Consumidores e seus ambientes sociais e culturais Desde que nascemos, estamos imersos em um turbilhão de provocações que se originam de muitas fontes: internas ou externas. Ao estudar o consumo, não podemos desconsiderar o meio em que o indivíduo está inserido. O processo de compra, em geral, tem aspectos intrínsecos (individuais) que se inter-relacionam com a história social e cultural do consumidor, inclusive com o grupo social a que ele pertence. 53 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Segundo Schiffman e Kanuk, a classe social é definida como “a divisão dos membros da sociedade em uma hierarquia de classes sociais distintas, de modo que os membros de cada classe tenham relativamente o mesmo status, e os membros de todas as outras classes tenham status maior ou menor” (SCHIFFMAN; KANUK, 2000, p. 267). Lembrete Cultura é o complexo de valores e comportamentos aprendidos que são compartilhados por uma sociedade. 3.3.1 Classe social e status social Muitas vezes os pesquisadores mensuram a classe social em termos de status social, isto é, definem cada classe social pelo status que os membros dela ocupam em comparação com os de outras classes sociais. Por exemplo, a riqueza relativa (volume de bens econômicos), o poder (grau de escolha pessoal ou influência sobre outras pessoas) eo prestígio (nível de reconhecimento recebido de outras pessoas) são três fatores frequentemente usados na estimativa da classe social. Para obter um entendimento de como o status age na mente dos consumidores, os pesquisadores exploraram a ideia da teoria da comparação social. Segundo esse conceito sociopsicológico, os indivíduos normalmente comparam suas próprias posses materiais com as de outras pessoas para determinar seu relativo posicionamento social. Isso é especialmente importante para um profissional de marketing, pois o status é associado ao poder de compra do consumidor. Ou seja, os indivíduos com maior poder de compra ou com maior capacidade de fazer compras têm maior status. As classes sociais menos favorecidas, as que possuem menos poder de compras, são consideradas na sociedade brasileira com menos status. Estudar as classes sociais é importante para os profissionais da área, no sentido de analisarem mais claramente as características de um produto e trabalharem melhor seu planejamento voltado especificamente para uma determinada classe. É importante destacar que, no Brasil, o indivíduo que está inserido nas classes mais altas é considerado bastante apreciado pelas classes de outros níveis, portanto, consumir produtos caros, muitas vezes, faz com que as pessoas se sintam incluídas em determinados meios mais valorizados, o que leva essas mesmas pessoas a consumirem produtos, pois desse modo serão reconhecidas socialmente como mais importantes. Nesse sentido, os consumidores podem comprar certos produtos porque são apreciados pelos membros de sua classe social ou de uma classe social superior, como também podem evitar outros produtos porque os consideram de uma classe menos privilegiada. Assim, os diversos estratos sociais proporcionam uma base natural para a segmentação de mercado de muitos produtos e serviços. 54 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 Unidade II Por exemplo, com relação ao consumo do café no Brasil, este é um produto relativamente barato, pois o País é um grande produtor, entretanto, em países onde é necessário importar este produto, muito provavelmente o café seja destinado às classes sociais com maior poder de comprar e não para todas as classes. 3.3.2 O comportamento do consumidor inserido em um grupo social Os seres humanos são animais sociais. Todos fazemos parte de um determinado grupo, buscamos agradar aos outros e seguimos as pistas de como nos comportar observando as ações dos demais a nossa volta. Na verdade, o desejo de algumas pessoas é justamente criar uma identidade conforme indivíduos ou grupos diferentes dos que elas pertencem, razão pela qual estas passam a consumir indiscriminadamente com objetivo de alcançar o grupo social almejado. Os processos de grupos são elementos importantes na constituição do ambiente do consumidor. Um dos motivos que justificam o estudo dos grupos é que, quando as pessoas entram nessas comunidades, normalmente agem de modo diferente quando em outras situações. Às vezes os grupos são classificados pelo status da associação. Um grupo ao qual uma pessoa pertence ou se qualificaria como associado é chamado de grupo associado. Por exemplo, o grupo de homens que jogam pôquer semanalmente seria considerado, para eles, um grupo de associados. Também existem grupos nos quais um indivíduo não é considerado associado, apesar de agir como membro, adotando os valores, as atitudes e o comportamento destes. Lembrete Classe social é a hierarquia de status nacional pela qual indivíduos e grupos são classificados em termos de valor e prestígio, com base em sua riqueza, habilidade e poder. 3.3.2.1 Conceito e tipos de grupo Segundo Mowen e Minor (2003, p. 3), “um grupo é um conjunto de indivíduos que interagem entre si durante algum período de tempo e que compartilham uma necessidade ou um objeto comum”. Os sociólogos desenvolveram alguns termos para descrever os diferentes tipos de grupos nos quais uma pessoa pode pertencer, desejar pertencer ou evitar: • Grupo de referência: grupo cujos valores, normas, atitudes ou crenças são usados por uma pessoa como um guia de comportamento. Exemplo: família, amigos, classe social etc. • Grupo de aspiração: grupo ao qual a pessoa gostaria de pertencer. Se for impossível participar do grupo, ele se tornará um grupo simbólico para a pessoa. • Grupo de dissociação: grupo ao qual a pessoa não quer se associar. 55 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Cultura própria Outras culturas Subculturas selecionadas Classe social Família Indivíduo Amigos Figura 9 – Principais grupos de referência do consumidor A base do agrupamento remete a modelos de ciência, por exemplo, os físicos, químicos e biólogos, os marqueteiros, como também há outros sistemas classificatórios como reinos mineral, vegetal e animal. Estudos que foram e são desenvolvidos por várias áreas do conhecimento, como: sociologia, psicologia, antropologia, comunicação, entre outras para descobrir os fenômenos que envolvem os seres humanos, seu meio ambiente, sua cultura e, consequentemente, a classe social a qual pertencem. Os profissionais de marketing, ao realizarem seus planejamentos, também devem considerar um público-alvo e utilizar as classificações de desejos e comportamentos típicos daquele segmento para tentar prever as vendas. Criar tipos de consumidores é uma ação rotineira para os administradores. Quase toda discussão sobre ações de marketing se inicia com a qualificação do público-alvo, utilizando critérios de tipologia. Apesar da imensa variedade, as teorias de tipologia agrupam-se em alguns poucos fatores: o conjunto de variáveis demográficas; os traços de personalidade; os estilos de vida; as variáveis comportamentais específicas no momento da compra e do consumo. Observação Conforme afirmam Mowen e Minor (2003), o tipo de grupo que tem o maior impacto sobre os consumidores é o grupo de referência. 56 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 Unidade II 3.3.2.2 Tipologia por critérios demográficos Segundo estudos e pesquisas realizados, denomina-se demografia a divisão dos grupos humanos em algumas variáveis mensuráveis, tais como idade, sexo, estado civil, ocupação, renda, local de moradia, número de filhos, posição na família, entre outros. Os critérios demográficos são muito utilizados para a realização de pesquisas de mercado, é necessário ter cuidado ao criarmos previsões de comportamento a partir dessas variáveis, pois ainda não há resultados suficientes que sustentem essa relação, os profissionais, para se assegurarem das informações, precisam efetuar uma pesquisa para coletar os dados. Por exemplo, ao considerarmos um grupo de mulheres brasileiras, teremos uma margem de erro muito grande na previsão de comportamento. Contudo, se acrescentamos ao grupo a idade de 18 a 20 anos, o estado civil, a escolaridade, o grau de ocupação, a moradia, a posse de algum bem e a religião, teremos uma maior probabilidade de acertar alguns de seus comportamentos de consumo. As variáveis demográficas são infinitas, pois podem ser criadas muitas divisões, quantas forem interessantes de acordo com a especificidade do negócio. Para se decidir sobre o uso de uma variável, o raciocínio sistemático seria assim: ao sofrer alteração, a variável ocasiona mudança nos produtos de um negócio específico? Vamos supor que estamos no ramo de sapatos, se a idade de uma pessoa varia (criança, adolescente, adulto), isso influencia na escolha do produto? É óbvio que sim! Portanto, concluímos que a variável idade é importante no negócio de calçados. O gerente de uma indústria de calçados deve fazer essa análise, variável por variável, até chegar a um conjunto que considere suficiente e adequado aos seus propósitos. Teorias de tipologia Variáveisdemográficas Traços de personalidade Estilo de vida Variáveis comportamentais estrutura do corpo funções do corpo amplas/geográficas frequência e forma de uso variáveis cognitivas variáveis emocionais rotinas quebra de rotinas no modo de compra no tempo da compra sociais/econômicas variáveis de atitudes e valores na forma de uso Figura 10 – Fatores que compõem as teorias de tipologias 57 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Apesar da amplitude das variáveis demográficas, pode-se agrupá-las em torno de alguns critérios, conforme foi verificado na figura precedente. O grupo das características estruturais do corpo refere-se a dados como sexo, idade, altura, peso, cor da pele e dos olhos, e medidas. O grupo de características funcionais do corpo refere-se aos dados amplos sobre a saúde e as doenças da população (incidência, localização, idade etc.), o que é extremamente importante, por exemplo, para o ramo farmacêutico, o de alimentação e o de assistência médica. O grupo de características socioeconômicas diz respeito às condições financeiras e sociais das pessoas, como sua renda e a de sua família, sua profissão, sua escolaridade, o número de irmãos, sua posição social na família, sua hierarquia de gastos, sua religião e seus bens adquiridos. O grupo de variáveis amplas e geográficas é o que mais caracteriza a palavra demografia, pois apresenta os dados amplos de uma população, tais como crescimento da população, porcentagem de homens e mulheres, concentração em áreas do país, porcentagens de classe de idade, renda per capita, custo de vida, distribuição de renda nas faixas etárias, índice de escolaridade, consumo médio por família/categoria (em educação, por exemplo). O grupo de frequência e forma de uso diz respeito aos hábitos (de consumo ou não), os quais auxiliam na previsão de comportamento. Algumas rotinas, tais como frequência de ida ao supermercado, de viagens ao litoral ou internacionais, de horas no trânsito, de tempo gasto no banho, de tempo gasto na alimentação, de horas vendo televisão e ouvindo rádio são exemplos que criam oportunidades de saber como vender produtos dentro dessas rotinas ou como modificá-las. A demografia, portanto, cria uma fotografia dos fatores mensuráveis de uma população, e seus resultados são utilizados para possíveis correlações entre essas variáveis e o consumo de produtos. Aqui no Brasil, a divulgação de dados dos censos demográficos é bastante analisada por jornalistas, economistas, administradores ou marqueteiros, bem como desperta muito interesse em outros países do mundo. Uma forma fácil de obter informações demográficas do País é por meio do site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ali pode ser encontrada uma série de dados a respeito da população brasileira. Vamos supor que queremos saber quantas mulheres e homens entre 9 e 14 anos de idade existiam em 2000 em algumas cidades da Bahia e no estado? Veja o resultado na tabela a seguir, elaborado a partir do Sidra, um banco de dados do IBGE que tem por objetivo armazenar tabelas contendo os dados agregados das pesquisas que esse instituto realiza. 58 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 Unidade II Tabela 1 – Exemplo de informações que podemos adquirir no Sidra População residente de 5 anos ou mais por sexo, alfabetização e grupos de idade Variável = População residente de 5 anos ou mais de idade Alfabetização = total Ano 2000 Unidade da Federação e Município Sexo Grupos de idade Total de pessoas Bahia Homem 9 anos 132.978 14 anos 161.050 Mulher 9 anos 129.902 14 anos 157.783 Esplanada – BA Homem 9 anos 346 14 anos 372 Mulher 9 anos 295 14 anos 339 Ilhéus – BA Homem 9 anos 2.204 14 anos 2.749 Mulher 9 anos 2.115 14 anos 2.777 Itabuna – BA Homem 9 anos 1.721 14 anos 2.271 Mulher 9 anos 1.631 14 anos 2.389 Jacobina – BA Homem 9 anos 790 14 anos 950 Mulher 9 anos 759 14 anos 982 Una – BA Homem 9 anos 364 14 anos 456 Mulher 9 anos 374 14 anos 390 Fonte: IBGE (2000). Um dado agregado pode ser obtido por meio do somatório dos valores de quesitos contidos em um questionário respondido pelos entrevistados, além de ser associado às unidades de um nível territorial (unidade da Federação, município etc.), a um período de tempo e, muitas vezes, a um conjunto de classificações que o qualificam. Esse sistema disponibiliza informações sobre agropecuária, comércio, contas nacionais, economia, indústria, orçamento familiar, população, preços, saneamento básico, saúde, serviços, trabalho e rendimento em vários níveis de agregação. O sistema permite a tabulação de dados, em várias unidades de análise utilizadas nas pesquisas desenvolvidas pelo IBGE. 59 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR 3.3.2.3 Tipologia por características da personalidade (ou traços psicológicos) Apenas a demografia pode não ser suficiente para se conhecer um consumidor típico. Tal como a demografia, os traços de personalidade também podem ser divididos em três grandes grupos: dos traços cognitivos, dos traços emocionais e dos traços atitudinais. A tipologia dos traços tem seus críticos e defensores. Os críticos costumam comentar que os tipos de personalidade se espalham por muitas divisões, o que torna impossível acompanhar todas, não há correlações estatísticas entre traços de personalidade e variáveis de marketing, tais como modos de compra. O que existem são indícios de que as crenças e os valores mudam com frequência, porém a Psicologia não estuda as reações quanto às opções específicas de produtos e serviços. Já os defensores costumam afirmar que os traços psicológicos são estáveis e têm maior valor de previsão do que a demografia ou os estilos de vida. Já os traços cognitivos são os responsáveis pelos processos típicos de raciocínio, de lógica e de padrão de solução de problemas. Um dos primeiros teóricos a desenvolver um modelo de tipos cognitivos foi Guilford, na década de 1970. Na teoria de Guilford – denominada Structure of Intellect (SI) (Estrutura do Intelecto) – a inteligência é vista como operações, conteúdo e produtos abrangentes. Nesta teoria existem cinco tipos de operações (cognição, memória, produção divergente, produção convergente, avaliação); seis tipos de produtos (unidades, classificações, relações, sistemas, transformações, implicações); e cinco tipos de conteúdo (visual, auditivo, simbólico, semântico, comportamental). Como cada uma dessas três dimensões é independente, existem, portanto – e em tese – 150 componentes diferentes de inteligência, ou seja, cruzando as variáveis (5 x 5 x 6), obtemos 150 traços ou capacidades psicológicas. conteúdo resultado processo visual auditivo simbólico semântico comportamental memória cognição produção convergente produção divergente avaliação unidades classes relações sistemas transformações inferências Figura 11 – Modelos de tipos cognitivos de Guilford 60 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 Unidade II Alguns exemplos de aplicação em comportamento do consumidor seriam os relacionados a brinquedos educativos e jogos de raciocínio. Um quebra-cabeça de 3 mil peças, por exemplo, provavelmente teria como consumidor típico uma pessoa que – conforme o modelo de Guilford – se enquadraria no conjunto resultado; já no conjunto processos, tende a trabalhar mais memória e a produção convergente; e no conjunto conteúdo, utiliza mais o aspecto comportamental. Vamos a outro exemplo. Uma pessoa que gosta de jogo de xadrez, entraria no conjunto resultados, provavelmente, utilizando mais as relações e os sistemas; no conjunto processos, utilizaria mais a cognição, a produção divergente e a avaliação; e no conjunto conteúdo, utilizariamais o aspecto comportamental. A tipologia de traços cognitivos é pouco explorada no marketing, mas, como já vimos, sua análise pode explicar o sucesso e o fracasso na venda de produtos em diferentes segmentos. Lembrete Cognição é o ato ou processo de conhecer, que envolve atenção, percepção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem. A palavra tem origem nos escritos de Platão e Aristóteles. Saiba mais Para saber sobre a tipologia da personalidade, leia: GUILFORD, J. P. The nature of human intelligence. Nova York: McGraw Hill, 1967. GUILFORD, J. P.; HOEPFNER, R. The analysis of intelligence. Nova York: McGraw-Hill, 1971. 3.3.3 Os traços emocionais Outro conjunto de variáveis sobre traços de personalidade refere-se ao lado emocional. Jung foi um dos pioneiros nessa construção, com trabalhos datados de 1910. Características como introversão ou extroversão podem explicar o modo de compra e de consumo de determinados produtos e serviços. Para Jung, as pessoas expressam suas preferências por meio de alguns comportamentos mais do que por outros, e elas podem ser classificadas em tipos psicológicos por suas preferências, características individuais, hábitos e iniciativas. 61 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR A classificação tipológica de Myers Briggs (MBTI – Myers-Briggs Type Indicator) é um instrumento utilizado para identificar características e preferências pessoais. Katharine Cook Briggs e sua filha Isabel Briggs Myers desenvolveram o indicador durante a Segunda Guerra Mundial, inspiradas nas teorias de Carl Jung sobre os tipos psicológicos (NELSON; QUICK, 2005, p. 75). O indicador é frequentemente utilizado nas áreas de aconselhamento de carreira, pedagogia, dinâmicas de grupo, orientação profissional, treino de liderança, aconselhamento matrimonial e desenvolvimento pessoal, entre outros. No modelo MBTI, existem 16 tipos psicológicos representados pela combinação de quatro pares opostos (E-I; S-N; T-F; J-P), conforme as relações de cada atitude listada no quadro a seguir (as letras indicam as inicias dos termos em inglês, que são mais utilizadas). Quadro 1 – Tipos psicológicos embasado no modelo MBTI E Extroversão X I Introversão S Sensação X N Intuição T Pensamento X F Sentimento J Julgamento X P Perceção O par extroversão x introversão refere-se a como o indivíduo dirige suas energias para o mundo exterior, para as pessoas e objetos. Pessoas extrovertidas gostam de estar com outras pessoas ou em lugares novos, com objetos novos e com situações novas que possam ser exploradas. Viajar é ótimo para o extrovertido. O sentido da vida para esta pessoa manifesta-se fora. Já o introvertido dirige suas energias para seu próprio desenvolvimento, explorando-se, arriscando-se, testando seus limites. Jogar xadrez com um computador é ótimo para pessoas com essa personalidade. O sentido da vida para o introvertido manifesta-se dentro de si. O par sensação x intuição indica se a pessoa vive suas relações com objetos, incluindo os produtos de consumo, mais orientada para os aspectos sensoriais (cor, brilho, tamanho, sonoridade) ou mais para os aspectos funcionais (complexidade de uso, reparos, trocas, conforto, possíveis mudanças). O par pensamento x sentimento indica se a pessoa vive, incluindo seus comportamentos de consumo, dirigindo esforços para o raciocínio lógico ou para as emoções. Numa loja de sapatos em que os consumidores são homens, estes requerem tipicamente o pensamento com base em aspectos lógicos, analisando questões tais como a rapidez do atendimento, a semelhança do sapato novo com o antigo e o preço. Já em uma loja de sapatos destinada ao público feminino são utilizados apelos ao sentimento e a escolha geralmente está atrelada ao prazer antecipado do uso. O par julgamento x percepção refere-se ao traço de personalidade de ter um conjunto definido do que é certo e o que é errado (julgamento) ou uma abertura que incluem opostos (percepção). Homens que compram perucas provavelmente estão mais ligados à percepção que ao julgamento. Os que são dominados pelo julgamento podem até desejar a peruca, mas não acham certo comprá-la, usá-la ou mostrá-la. 62 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 Unidade II Cada pessoa estará sendo categorizada conforme sua posição no quadro de opostos. Assim, uma mulher consumidora típica de academia talvez seja extrovertida, sentimental, sensorial e de boa percepção, enquanto uma mulher consumidora típica de um curso de engenharia talvez seja introvertida, funcional e ligada ao pensamento e julgamento. 3.4 As atitudes Segundo Gade (1980), na psicologia do consumidor, a atitude é a predisposição interna de um indivíduo para avaliar determinado objeto, ou aspecto, de forma favorável ou desfavorável, sendo uma das variáveis a decidir no consumo. As atitudes apresentam componente cognitivo ou de conhecimento, afetivo (ligado ao sentimento), e comportamental, que implicam uma disposição para ação. 3.4.1 As funções das atitudes São as seguintes funções que atendem às necessidades do indivíduo: • Função instrumental ajustativa ou utilitária: é a função que serve de forma utilitária para o ajustamento do indivíduo às suas necessidades. Tem como premissa o reforço e a punição. O indivíduo forma sua atitude em torno da recompensa que poderá obter e da forma pela qual poderá reduzir sua insatisfação. São atitudes que procuram maximizar os ganhos e minimizar os custos. A função ajustativa apoia-se na teoria comportamental do reforço, isto é, o consumidor desenvolve atitudes positivas diante de produtos associados à satisfação dos seus desejos e atitudes negativas em relação ao que se mostra inadequado ou insatisfatório. Assim, a função utilitária da atitude refere-se ao conhecimento e à postura prévios que o consumidor tem a respeito de certos bens ou serviços. • Função ego-defensiva: serve para a proteção da autoimagem. A teoria subjacente é a analítica freudiana. Esta função apresenta-se nos mecanismos de defesa que projetam sentimentos de inferioridade próprios no outro a fim de poder se sentir superior. • Função de expressão de valores: é a que faz o indivíduo expressar atitudes apropriadas a seus valores pessoais e sobre seu autoconceito. Por exemplo: uma dona de casa que recusa enlatados elogiará um restaurante de comida caseira. • Função de conhecimento: é a função que permite ao indivíduo se organizar e estruturar o mundo, procurando dar significado e organização às percepções. Outra visão das utilidades das atitudes é a de avaliação do objeto, o que permite uma postura do indivíduo, frente aos objetos do mundo, de ajustamento social e expressão de opiniões. Alguém pode, por exemplo, não gostar de pessoas que usam piercing; isso significa que esse sujeito tem uma atitude negativa em relação a este acessório e, talvez, a seus usuários. A rejeição 63 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR deve estar composta de uma crença (“Quem usa piercing é desleixado”) e de uma carga afetiva (“Não quero meu filho com essa gente!”). Figura 12 3.4.2 A influência da cultura no comportamento do consumidor Podemos pensar na cultura como personalidade de uma sociedade. Ela inclui tanto ideias abstratas, como valores e ética, quanto objetos materiais e serviços (vestuário, alimentos, arte e esportes) produzidos por uma sociedade. Dito de outra forma, cultura é a acumulação de significados, rituais, normas e tradições compartilhados entre os membros de uma organização ou sociedade. Como o nosso objetivo é conhecer a influência da cultura no comportamento do consumidor, Schiffman, Kanuk e Hansen definem cultura como a “soma total das crenças, valores e costumes aprendidos que dirigem o comportamento do consumidor dos componentesde uma determinada sociedade” (SCHIFFMAN; KANUK; HANSEN, 2012, p. 280). Os fatores culturais exercem uma ampla e profunda influência no comportamento do consumidor. Os profissionais de marketing precisam entender o papel desempenhado pela cultura, subcultura e classe social do comprador. 3.4.3 Cultura A cultura é o principal determinante dos desejos e do comportamento de uma pessoa. O comportamento humano é em grande parte adquirido. Ao crescer em uma sociedade, uma criança adquire valores básicos, percepções, desejos e comportamentos de sua família e de outras instituições importantes. Todo grupo ou sociedade possui uma cultura, e a influência dela sobre o comportamento de compra pode variar muito de lugar para lugar. O fracasso no ajuste dessas diferenças pode resultar em um marketing ineficiente ou em erros embaraçosos. 64 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 Unidade II Os profissionais da área estão sempre tentando identificar as mudanças culturais para descobrir novos produtos que podem ser desejados. Por exemplo, as mudanças culturais associadas ao aumento de preocupação com a saúde e boa forma física criaram um enorme setor para serviços relacionados à saúde e à atividade física: equipamentos e roupas de ginástica; alimentos naturais; e uma grande variedade de produtos dietéticos. As mudanças referentes à tendência à informalidade resultaram em uma demanda maior por roupas casuais e móveis mais simples. Segundo Schiffman e Kanuk (2000), a partir do conhecimento de uma dada cultura, as empresas podem estudar o consumidor por meio de suas crenças, valores e costumes, o que pode ajudar no planejamento mercadológico, desse modo, essas organizações poderão prever a aceitação ou não de seus produtos. Saiba mais Alguns filmes bastante conhecidos trazem como temática a questão do consumismo, confira alguns deles: AMOR por contrato. Dir. Derrick Borte. EUA: Premiere Picture, 2009. 96 minutos. AS PATRICINHAS de Beverly Hills. Dir. Amy Heckerling. EUA: Paramount Pictures, 1995. 96 minutos. BELEZA americana. Dir. Sam Mendes. EUA: DreamWorks Studios, 1999. 122 minutos. 3.4.4 As subculturas e o comportamento do consumidor A cultura tem forte influência no comportamento de todos os consumidores. Os indivíduos são educados para seguir algumas crenças. Os valores e os costumes de uma dada sociedade também incluem determinados preconceitos ou tabus, os quais também irão influenciar o consumidor. 3.4.4.1 Subculturas Toda cultura insere por natureza as denominadas subculturas, ou seja, grupos de pessoas que compartilham os mesmos sistemas de valor com base em situações e experiências de vida em comum. Entre as subculturas estão as pessoas com nacionalidades e religiões iguais, grupos de uma mesma etnia ou raça, ou pessoas que são de uma mesma região geográfica. Muitas subculturas constituem segmentos de mercado importantes e os profissionais de marketing frequentemente desenvolvem produtos e programas da área com certas especificidades para as necessidades de uma subcultura. Exemplos de quatro importantes grupos de subculturas incluem os consumidores latinos, os afro-brasileiros, os asiáticos e as pessoas com mais de 50 anos. 65 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Subculturas são “[...] segmentos dentro de uma cultura que compartilham valores e padrões de comportamentos distintos da cultura geral” (KOTLER, 2008, p. 157). Dessa maneira, o perfil cultural de uma sociedade ou de uma nação é um composto de dois elementos distintos: as crenças, os valores (costumes) exclusivos adotados pelos membros de determinadas subculturas; e os temas culturais centrais compartilhados pela maior parte da população, independentemente de determinados agrupamentos ou subculturas. Quadro 2 – Exemplos de grandes categorias subculturais Categorias Exemplos Nacionalidade grego, italiano, russo Religião católica, hindu, mórmon Região geográfica oriental, meridional, do sudeste Raça afro-americano, asiático, caucasiano Idade adolescente, da geração X, idoso Gênero feminino, masculino Ocupação motorista de ônibus, cozinheiro, cientista, professor Classe social baixa, média, alta Outro exemplo é a busca por doutrinas espiritualistas que está influenciando a demanda por novas categorias de produtos, entre os quais estão livros, músicas e/ou cinema. Embora o impacto da identificação religiosa sobre o comportamento do consumidor não seja claro, algumas diferenças entre subculturas religiosas realmente são evidentes. Tendo em vista que alguns consumidores podem ser simultaneamente membros de vários grupos ou subculturas, o profissional de marketing deve saber, por meio de pesquisa de campo, a categoria do consumidor e o enquadramento do produto. Observação Um exemplo de categorização do consumidor pode ser observado no uso da internet de acordo com a faixa de renda. Segundo pesquisa realizada pela Teleco, entre os pesquisados, 38% das pessoas que acessaram a internet em 2015 recebem até um salário mínimo, em contrapartida as pessoas que recebem dez ou mais salários mínimos atingiram 91% de usuários. 66 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 Unidade II 3.4.4.2 Subculturas etárias Na medida em que os consumidores passam por diversos ciclos em suas vidas, ocorrem mudanças previsíveis em seus valores, estilos de vida e padrões de consumo. Uma análise de tendências etárias também é importante para as empresas, pois projeções altamente precisas da futura composição etária da população podem ser feitas com mais facilidade do que para outros fatores demográficos, como renda ou ocupação. Essas projeções permitem que as empresas analisem as oportunidades e os riscos que oferecem o mercado, o que simplifica o processo de planejamento. Discutiremos a seguir os quatro grupos etários importantes para as empresas: geração baby boom, geração X, geração Y e idosos. • Geração baby boom: essa geração é assim conhecida, pois após a Grande Depressão dos Estados Unidos – que se deu entre 1946 e 1964 – e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), houve um grande número de nascimentos, assim, esse fenômeno ficou conhecido como baby boom (“explosão de bebês”, em tradução livre). De acordo com o desenvolvimento das gerações, os conhecidos como baby boomers são mais saudáveis e mais bem instruídos do que seus pais eram. Eles também estão vivendo mais, chegando aos 80 anos, além de possuírem mais tempo para o descanso e lazer. • Geração X: já as pessoas que nasceram entre 1965 e 1980 são consideradas pertencentes à geração X. O grupo é notório por valorizar a religião, os rituais formais e o materialismo, bem como possuem atitudes mais negativas em relação ao trabalho e ao progresso, em especial se comparados aos boomers. Devido a seu poder de compra, a geração X é bastante considerada pelas empresas. Além disso, os membros deste grupo estão chegando à senilidade mais estabilizados e podem consumir produtos mais caros, tais como automóveis, casas, viagens internacionais etc. • Geração Y: a geração Y é formada por pessoas nascidas entre os anos 1980 e 2000. São os filhos da Geração X e netos dos baby boomers. É a geração nascida na transição da era da informação para a era do conhecimento, com o desenvolvimento da internet, de e-mails, redes de relacionamento, recursos digitais, entre outras tecnologias, a mobilidade nas comunicações é outra característica associada ao consumo da Geração Y. • Idosos: uma quarta tendência etária importante diz respeito ao envelhecimento da população. Esse envelhecimento será um dos fatores demográficos mais importantes previstos para o futuro. Por volta de 2020, o número de pessoas com mais de 65 anos de idade excederá a quantidade de adolescentes em uma proporção de dois para um. Uma descoberta importanteem relação aos idosos é que eles são consumidores cuidadosos. Eles não tendem a correr riscos porque têm pressa. Além disso, quanto mais alto o risco percebido, menor a probabilidade de o idoso experimentar um produto. 67 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR 3.4.4.3 Subculturas étnicas Outra variável demográfica frequentemente usada para descrever as subculturas é a étnica. Embora empregado de diversas maneiras, o termo etnia geralmente refere-se a um grupo unido por laços de homogeneidade cultural. Esse grupo é ligado por valores, tradições, vestuário, religião e idiomas semelhantes. Igualmente, a etnia quase sempre está ligada à nacionalidade ou à região de origem do indivíduo. As três maiores subculturas étnicas e raciais são os afro-americanos, os hispano-americanos e os ásio-americanos, porém são consumidores com históricos muito diversos, o que começa a chamar a atenção dos profissionais de marketing. De fato, o número crescente de pessoas que afirmam ser descendentes de várias etnias está começando a desfazer as tradicionais distinções que traçamos entre as subculturas. 3.4.4.4 Subculturas de classes sociais As classes sociais podem ser definidas como as camadas relativamente permanentes em uma sociedade, as quais se diferem em status, riqueza, educação (formação), posses e valores. Em termos concretos, as classes também se distinguem quanto a ocupações, estilos de vida, valores, amizades, maneira de falar e propriedades. Em termos perceptivos, os indivíduos percebem que classes diferentes possuem quantidades distintas de prestígio, poderes e privilégios. Por fim, membros de uma classe tendem a se socializar uns com os outros mais do que com membros de outras classes. As empresas e os profissionais de marketing estão preocupados com os padrões de compra das classes sociais e com as reais diferenças e semelhanças existentes entre elas. Para as empresas, as classes sociais são subculturas com estilos de vida, padrões de compra e motivações diferentes. Assim, eles veem essa subcultura como um segmento potencial de mercado, pois todos possuímos necessidades, vontades e desejos diversos por produtos e serviços. Pode-se dizer que todas as sociedades têm algum tipo de estrutura de classes sociais, também denominada estratificação social. Os cientistas sociais identificaram sete principais classes sociais: • Classe alta-alta e alta: — Classe alta-alta (1% da população): elite social que vive de fortuna herdada. Seus membros fazem grandes doações para obras de caridade, possuem várias casas e mandam os filhos para os melhores colégios e faculdades. — Classe alta (2% da população): membros dessa classe normalmente possuem renda alta ou uma riqueza conquistada por meio de excepcional habilidade. Essas pessoas costumam participar ativamente de eventos sociais e cívicos e adquirem casas e carros caros, além de boa formação. 68 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 Unidade II • Classe média alta e média-média: — Classe média alta (12% da população): profissionais liberais, pessoas de negócios independentes ou administradores de empresa que não possuem nem o status de uma família tradicional nem uma fortuna em comum. Essas pessoas acreditam na educação, apresentam grande consciência cívica e querem as “melhores coisas da vida”. — Classe média-média (32% da população): é constituída de pessoas de salário médio que trabalham em fábricas e escritórios e vivem em uma parte da cidade menos periférica. Eles compram produtos populares para acompanhar as tendências. Viver bem para essa classe significa ter uma boa casa em um bom bairro, além de acesso a boas escolas. • Classe trabalhadora: — Classe trabalhadora (38% da população): são pessoas que possuem um estilo de vida de classe trabalhadora, isto é, que independentemente de sua renda, formação escolar ou seu trabalho, ainda dependem de seus familiares para apoio econômico e emocional, para sugestões sobre compras e assistência em tempos de crise. • Classe baixa e baixa-baixa: — Classe baixa (9% da população): é composta pelos trabalhadores pobres. Apesar de viverem próximas à linha de pobreza, essas pessoas se empenham para alcançar uma classe mais alta. Entretanto, elas geralmente não têm muita instrução, desempenham funções que não necessitam de mão de obra especializada e recebem salários baixos. — Classe baixa-baixa (7% da população): visivelmente pobres, essas pessoas apresentam baixo nível de instrução e desempenham tarefas informais, em geral os conhecidos “bicos”. Com frequência ficam desempregadas e algumas dependem de assistência governamental. Elas não têm planejamento de vida e tendem a viver na base do “dia após dia”. Observação Nos últimos anos, algumas empresas passaram a usar o agrupamento geodemográfico como alternativa a uma estrita tipologia de classes sociais. O agrupamento geodemográfico é uma técnica que combina fatores geográficos e socioeconômicos para localizar concentrações de consumidores com determinadas características. 69 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR 3.5 Consumidor internacional Atualmente quase todas as grandes corporações estão comercializando ativamente seus produtos além de suas fronteiras nacionais. Na verdade, a questão geralmente não é se uma marca deve ser comercializada em outros países e sim como fazê-lo (se convém fazer a mesma campanha global para o mesmo produto, ou se é preferível lançar produtos ajustados e anúncios apropriados para cada país). Para que uma campanha de marketing internacional seja bem-sucedida, os profissionais precisam ter um conhecimento excelente sobre a cultura dos mercados-alvo. A análise transcultural consiste no estudo de valores, atitudes, linguagem e costumes de outras sociedades. Quadro 3 – Fatores culturais no comércio internacional Fatores culturais no comércio internacional Linguagem: falada, escrita, meios de comunicação, pluralismo linguístico. Valores: relacionados a tempo, conhecimento, realização pessoal, trabalho, riqueza, mudanças, riscos, ciência. Política: nacionalismo, soberania, poder, imperialismo, ideologias. Tecnologia e cultura material: transporte, sistema de energia, comunicações, urbanização. Organização social: mobilidade social, sistemas de status, estruturas de autoridade, parentesco. Educação: alfabetização, planejamento de recursos humanos, educação superior. Religião: sistemas filosóficos, objetos sacros, rituais. O quadro precedente identifica sete categorias de diferenças em culturas estrangeiras que afetam o comércio internacional. Entre elas, talvez as mais importantes sejam as diferenças entre línguas e valores. Tais diferenças podem obstruir seriamente o processo de comunicação. As diferenças de valores apresentam um impacto mais sutil sobre o marketing, porém não deixam de ser igualmente importantes. Quando tomam decisões de compra, os consumidores parecem levar em consideração os países de origem das marcas que eles estão avaliando. Os consumidores frequentemente têm determinadas atitudes ou até mesmo preferências por produtos fabricados em certos países. Conforme aumenta a classe média nos países da Ásia, América do Sul e Europa oriental, torna-se necessário fazer análises transculturais sistemáticas e conceituais das características psicológicas, sociais e culturais concernentes aos hábitos de consumo desse público. Essas análises identificariam maiores oportunidades de marketing que beneficiariam as empresas internacionais e multinacionais e seus clientes-alvo. 4 INFLUÊNCIAS SITUACIONAIS As influências situacionais afetam a unidade de compra, a empresa e o próprio processo de troca. As situações do consumidor consistem nos fatores temporários do ambiente que formam o contexto dentro doqual ocorre a atividade dele. Assim, a situação do consumidor é composta por fatores que envolvem o tempo e o lugar nos quais ocorre a atividade deste e explicam o motivo pelo qual a ação ocorre, influenciando no comportamento do cliente. 70 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 Unidade II As situações do consumidor são episódios de prazo relativamente curto e devem ser distinguidas de fatores do ambiente cujo prazo é mais longo (como os efeitos da cultura), bem como dos fatores pessoais que têm uma característica mais duradoura (como a personalidade de um indivíduo). Os ambientes físicos podem ter um grande impacto sobre as experiências vividas pelos consumidores. Em um posto de gasolina, por exemplo, os projetistas tentam criar um ambiente que torne a experiência o mais agradável possível, instalando boa iluminação para intensificar a segurança. Se o ambiente físico for desagradável, haverá sempre outro posto para onde se deslocar. Outro elemento situacional é o tempo. Algumas compras não são passatempos (abastecer o carro, ir à feira ou à farmácia etc.), o tempo necessário para completar uma transação pode influenciar a vontade dos clientes de retornar àquele estabelecimento. Outro elemento situacional é a tarefa (ou dever) que justifica a razão da compra. Quando o alerta da gasolina é ativado, indicando o limite da reserva, chama-nos a atenção para a necessidade de buscar um posto de gasolina. Uma das estratégias dos proprietários destes estabelecimentos é aumentar o número de razões situacionais para que os consumidores se tornem seus clientes. Desse modo, muitos têm agregadas ao posto lojas de conveniência, lanchonetes, caixas eletrônicos, a fim de satisfazer outras necessidades situacionais. Figura 13 O estudo dessas situações tem implicações importantes para os gerentes. Os produtos podem ser definidos pelas ocasiões em que são usados. Vamos a outro exemplo. Relógios de pulso são posicionados e os consumidores são segmentados, em parte, em virtude das situações de utilização. Podemos encontrar relógios tradicionais, esportivos, para o dia a dia e outros especiais (para mergulho). Assim, grupos de pessoas (segmentos) podem ser identificados em decorrência de uma necessidade situacional não satisfeita, como o desejo de ter um relógio com uma função de cronômetro para jogging. Desenvolve-se então uma mercadoria que seja adequada às necessidades da situação, no nosso caso: um tipo de relógio durável, que possua o recurso de cronometragem. 71 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR De maneira semelhante, a empresa pode criar materiais promocionais que destacam o produto quanto a seu uso (situacional) e a seus concorrentes. Quadro 4 – Cinco tipos de situações do consumidor 1. Ambiente físico: aspectos físicos e especiais concretos do ambiente que envolvem uma atividade de consumo. 2. Ambiente social: efeitos que outras pessoas provocam sobre um consumidor durante uma atividade de consumo. 3. Tempo: efeitos da presença ou ausência do tempo nas atividades de consumo. 4. Definição de tarefa: razões que geram a necessidade de os consumidores comprarem ou consumirem um produto ou serviço. 5. Estados antecedentes: estados psicológicos e de espírito temporários que um consumidor traz para uma atividade de consumo. 4.1 O ambiente físico O ambiente físico é o aspecto concreto (físico-espacial) do ambiente que circunda uma atividade de consumo. Estímulos como cor, ruído, iluminação, clima e posição de pessoas ou objetos no espaço podem influenciar o comportamento do consumidor. Esse aspecto influencia as percepções do consumidor por meio de mecanismos sensoriais de visão, audição, olfato e até mesmo tato. O ambiente tem influência especial para os varejistas, pois ao administrar o espaço físico, o comerciante pode influenciar as atitudes e crenças de consumo de seus clientes do modo que ele deseja. Os pesquisadores investigam o impacto que o ambiente físico exerce sobre percepções e comportamentos do consumidor em diversas áreas de comércio. Esses estudos analisam de que modo a música, o número de clientes, o aproveitamento do espaço interno da loja, sua localização e atmosfera afetam os compradores. Vejamos o caso da Warner Brothers, ao utilizar a imagem de ídolos de cinema, da televisão e do meio musical em novas e empolgadas linhas de produtos, essa produtora só perde para a Disney em termos de preferência. De roupa a acessórios, animações, vídeos, presentes e utensílios domésticos, as lojas da Warner Brothers são pontos de grande procura por seus cenários coloridos, cheios de rostos familiares e personagens queridos: Pernalonga e seus amigos, Batman e outros personagens infanto-juvenis. Pioneira no varejo de mercadorias ligadas ao setor de entretenimento, a Warner Brothers tem 185 lojas em 13 países em todo o mundo. Fora dos Estados Unidos, as suas lojas são de parceiros, que detêm a maioria do capital e da administração. Eventos especiais são realizados regularmente, especialmente em sua loja principal, situada na cidade de Nova York. Essa megastore oferece um ambiente alegre, entretenimento para toda a família e, é claro, muitas mercadorias licenciadas que permitem levar a diversão para casa. 72 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 Unidade II 4.2 O ambiente social O ambiente social, como já estudamos anteriormente, refere-se a como outras pessoas podem afetar o consumidor em uma situação de compra. Às vezes motivos sociais explicam por que as pessoas saem às compras. Adquirir produtos pode ser uma experiência social importante para os consumidores. Pode-se encontrar novas pessoas e possivelmente fazer amizades enquanto se compra. Em um levantamento realizado referente a ambientes sociais constatou-se que o consumo de cerveja é realizado em situações sociais: encontros com amigos em locais próximos de casa; participação em um evento social no qual as pessoas levam suas próprias bebidas; ir a um bar depois do trabalho; ir a um restaurante ou clube noturno na sexta ou no sábado à noite; acampar; ir à praia e fazer um piquenique prolongado. 4.3 O tempo Certa feita, Benjamim Franklin escreveu: “Lembre-se de que tempo é dinheiro”. No entanto, foi apenas em meados da década de 1970 que o tempo foi reconhecido como uma variável importante do comportamento do consumidor. A partir de então, alguns autores sugeriram, inclusive, que o tempo provavelmente seria a variável mais importante em diversas áreas. O tempo pode ser analisado a partir de três perspectivas diferentes: diferenças individuais na concepção do tempo, o tempo como um produto e o tempo como uma variável situacional. No âmbito pessoal, os consumidores usam suas horas de quatro maneiras diferentes: no trabalho; em suas necessidades básicas; nos afazeres domésticos; e no lazer. Essas maneiras são dispostas em uma linha contínua de usos do tempo que vai desde o que é obrigatório até o que é arbitrário. É óbvio que o tempo também pode ser um tipo de produto. Muitas compras são feitas a fim de se “comprar” o tempo! Eletrodomésticos como micro-ondas, trituradores de detritos e compactadores de lixo existem, em parte, com o propósito de economizar tempo e facilitar a vida da dona de casa ou de seu usuário em geral. Os típicos restaurantes fast-food deram certo porque os consumidores precisavam se alimentar “sem perder tempo”. Além de reconhecer o tempo como produto, é importante compreendê-lo como uma variável situacional. Normalmente, a característica situacional de tempo que influencia os consumidores é a sua disponibilidade. A disponibilidade que um consumidor tem para realizar uma tarefa, como comprar um produto, influenciará a estratégia empregada para selecionar e comprar tal produto. 4.4 Definição de tarefa As razões pelas quaisas pessoas compram e consomem um produto ou serviço variam. Esses propósitos de compra formam o que se chama de definições de tarefa, ou seja, as razões situacionais para se comprar ou consumir algo em um determinado tempo e lugar. São muitos os exemplos desses 73 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR propósitos de compra, ela pode ser motivada por algum tipo de situação de troca de presentes, como o Natal, um aniversário ou casamento. A razão para consumir uma bebida pode ser a de satisfazer a sede, relaxar ou se manter acordado. Cabe ao profissional de marketing identificar as razões de compra que não são devidamente atendidas pelos produtos existentes. 4.5 Estados antecedentes Estados antecedentes são aqueles estados de espírito e fisiológico temporários que acompanham um consumidor em uma situação de consumo. São exemplos de estados antecedentes condições temporárias como fome, sede, sono e estado de espírito. Estados de espírito, como se pode imaginar, são variações passageiras na maneira como as pessoas se sentem. Essas variações podem alternar sentimentos positivos e negativos. Um exemplo clássico que ilustra a maneira como os estados fisiológicos temporários podem influenciar o comportamento de compra é quando o cliente vai ao supermercado com fome e acaba correndo o risco de fazer compras desnecessárias, agindo por impulso. Em uma pesquisa, questionou-se o motivo pelo qual as pessoas faziam compras. Duas das razões dadas eram que elas queriam aliviar a depressão ou a solidão que sentiam. Não se pode afirmar ainda que o estado de espírito influencie a compra de produtos, mas tudo indica que essa circunstância pode ser muito eficaz para influenciar o comportamento de compra nos ambientes de varejo. Resumo Cada indivíduo tem uma autoimagem pela qual consegue descrever seus traços, hábitos, propriedades, relacionamentos e modo de agir. Assim como os indivíduos percebem imagens de si mesmos, eles também têm imagens pré-concebidas de produtos e marcas. Muito provavelmente a imagem que um estabelecimento oferece de seus produtos (ou serviços) é um dos fatores mais importantes para o sucesso do negócio. Desse modo, estudamos nesta unidade que a percepção é o processo pelo qual os indivíduos selecionam, organizam e interpretam os estímulos recebidos, resultando em uma imagem significativa e coerente do mundo. A percepção tem implicações estratégicas para o profissional de marketing porque os consumidores tomam decisões com base no que sentem e não necessariamente na realidade objetiva. A maneira como o consumidor percebe um produto tem uma forte influência nas intenções de compra e em sua motivação. Todos os indivíduos têm necessidades, vontades e desejos. O impulso subconsciente ou a motivação do cliente para reduzir tensões induzidas pela necessidade resulta num comportamento que, este acredita, satisfará seus anseios e proporcionará um estado interno mais confortável. 74 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 Unidade II Assim, pudemos analisar que as seleções que os consumidores fazem de estímulos recebidos são baseadas na interação entre suas próprias expectativas e a tentação causada pela incitação apreendida, num jogo de impulso e desejos. A interpretação dos estímulos é altamente subjetiva e está baseada no que o consumidor espera usufruir de acordo com as experiências prévias (suas ou de outros), bem como nos motivos e interesses no momento de compra. No que se refere a aquisições, também observamos que a estratificação social, isto é, a divisão dos membros de uma sociedade em uma hierarquia de classes sociais distintas, existe em todas as sociedades e culturas. Uma classe social normalmente é definida pelo status que os membros dessa classe possuem em relação aos membros de outras classes. A participação em uma classe social, muitas vezes, serve como uma estrutura de referência para a análise das atitudes e do comportamento do consumidor. A mensuração da classe social ocupa-se em classificar os indivíduos em agrupamentos. Estes, por sua vez, são de particular valor para as empresas, que utilizam a classificação social como um meio efetivo de identificar e segmentar seu mercado-alvo. As pesquisas têm revelado diferenças de classes social em hábitos de vestuário, decoração da casa e atividades de lazer, bem como nos hábitos de poupar, gastar e obter créditos. Desse modo, os profissionais de marketing especificam estratégias de produtos e promocionais para cada segmento de classe social visado. Estudamos ainda a cultura como importante fator a ser considerado pelos profissionais de marketing, dado que ela abarca muitos aspectos sociais. No contexto do comportamento do consumidor, a cultura é definida como a soma total das crenças, valores e costumes aprendidos que regulam o comportamento do consumo dos membros de uma determinada sociedade. O impacto social da cultura é tão natural e enraizado que sua influência no comportamento raramente é percebida. Contudo, é ela que proporciona ordem, direção e orientação aos membros da sociedade em todas as fases da resolução dos problemas humanos. Finalmente, pudemos analisar as influências situacionais. As que descrevemos nessa unidade: ambiente físico e social, tempo, definições de tarefa e estados antecedentes – oferecem oportunidades múltiplas para que os produtos sejam posicionados e diferenciados. Um exemplo disso 75 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR é fazer com que a característica de economia de tempo seja um modo de diferenciar um produto em relação às ofertas concorrentes. A pesquisa de mercado é necessária para determinar quais influências situacionais podem ser usadas na criação de uma estratégia de posicionamento. Elas também podem servir de orientação para o desenvolvimento de um novo produto. Exercícios Questão 1. (Enade 2006) A Quitutes da Tia Zuzu é uma pequena empresa brasileira que produz misturas pré-preparadas para bolos e tortas. O sucesso desta empresa é tal que os diretores estão considerando expandir o composto de produtos, comercializando bolos e tortas prontos. Os gerentes de produto, no entanto, temem que as novas linhas de produtos canibalizem a linha de misturas. Como a empresa pode se proteger da possibilidade de canibalização? I – Direcionando a comunicação do novo produto para um público com perfil psicográfico diferente daqueles que compram as misturas pré-preparadas. II – Concentrando a distribuição da nova linha de produtos em regiões onde as misturas de bolos e tortas não são distribuídas. III – Comercializando a nova linha de produtos com uma marca diferente, usando uma estratégia de multimarcas. Está(ão) correta(s), apenas, a(s) afirmativa(s): A) I. B) II. C) III. D) I e II. E) I e III. Resposta correta: alternativa D. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. Justificativa: a segmentação psicográfica faria com que os consumidores das misturas pré-preparadas fossem diferentes dos consumidores de bolos e tortas prontas, evitando a canibalização. 76 M KT - R ev isã o: F er na nd a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 07 /2 01 7 Unidade II II – Afirmativa correta. Justificativa: a concentração proposta corresponderia a uma segmentação geográfica, também diferenciando os consumidores de ambos os produtos. III – Afirmativa incorreta. Justificativa: a adoção de marcas diferentes, por si só, não equivale à segmentação dos consumidores. De fato, essa estratégia permitiria, e até incrementaria, a canibalização. Questão 2. (Enade, 2009, adaptada) Ao longo do tempo, filósofos têm identificado várias formas de encarar o comportamento ético do consumidor. Entre elas, a visão utilitarista considera o comportamento ético como aquele
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