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DCV0411 - Direito Familia - Prof Giselda - T182 - 2012

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1 
DCV411 – DIREITO DE FAMÍLIA 
Profa. Titular Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka 
Prof. Associado Nestor Duarte 
 
29.02.2012 
Primeira prova – 02/05/2012 
Site do IBDFAM – Instituto Brasileiro de Direito de Família – www.ibdfam.org.br 
Email da professora: hironaka@uol.com.br 
 
 
Introdução 
 De todos os ramos do Direito Civil, o Direito de Família é o mais maleável e mais suscetível 
de transformações. O Direito de Família se movimenta a todo o instante porque a sociedade 
brasileira se movimenta, também, a todo instante, se altera a todo instante. 
 O Direito de Família tem por objeto a própria família. Mas o que é a família? 
 Podemos encarar a família de diferentes modos. Os modos pelos quais a família se 
comporta, os costumes que as famílias desenham no dia de hoje são completamente diferentes do 
passado. A época de hoje permite, diferentemente do passado, os encontros trangeracionais: as 
pessoas convivem mais com seus filhos, com seus netos, permitindo encontros fantásticos com as 
experiências das pessoas mais jovens. 
 Hoje, a família brasileira tem mais coragem de colocar fim quando os conflitos que 
aparecem não conseguem mais serem solucionados. No passado, se empurravam os casamentos. A 
mulher sem marido era desprezada socialmente. Mulher desquitada (antes de 1977) tinha uma carga 
pejorativa muito grande de se carregar, por exemplo. 
 Nós mudamos muito a ponto de saber que o casamento não é a única forma de família 
legítima. Temos o caso da união estável, consagrada na Constituição Federal de 1988. Antes disso, 
tínhamos uma construção jurisprudencial de que a família poderia ser formada por um outro meio 
que não o matrimônio. 
 O CC também inovou, não dizendo mais que a família só é aquela provinda do casamento, 
mas que pode ser formada de plúrimas formas, mencionando três: a família formada pelo 
casamento, pela união estável e a monoparental, formada por um dos genitores e seus descendentes. 
Mas também temos outros modelos, como por exemplo, a família anaparental, que é a família 
composta apenas por irmãos. Nós temos, também, outro tipo de família, que é a chamada família-
2 
mosaico (ou famílias reconstituídas), em que se tem várias peças juntadas, como, por exemplo, um 
viúvo, que tem filhos, e que se casa com uma viúva, também com filhos. Hoje as pessoas não estão 
envolvidas, obrigatoriamente, nas circunstâncias do matrimônio. 
 Num sentido comum, vamos nos referir à família englobando os pais, os filhos e os parentes 
mais próximos. Num sentido bem mais restrito, família é composta pelos cônjuges e os filhos. 
Entretanto, temos que ter a noção de que a família pode ser mais ampla. 
 O art. 1.593, CC induz a pensar que família não é apenas aquela decorrente do vínculo 
biológico, mas também o civil e o socioafetivo. Dizer que a família tem esses vínculos é algo 
recente. O antigo CC dizia que o casamento era o que legitimava a família. O casamento, à época 
do antigo CC tinha um cunho notadamente patrimonial. O CC/19166 dizia, taxativamente, que o 
casamento criava a família legítima, e os filhos havidos fora do casamento eram sujeitos a diversas 
restrições. Somente com a Constituição de 1988 os filhos ilegítimos foram tidos como iguais aos 
legítimos. E a Lei 6.515/77 (Lei do Divórcio) permitiu o reconhecimento de filhos adulterinos, mas 
não dos incestuosos. O novo Direito Civil tem um enfoque existencial. 
 A exemplo do caráter patrimonialista do casamento antigo (CC de 1916), temos os 
esponsais, que eram contratos escritos, feitos por escritura pública. Os esponsais foram 
disciplinados por uma lei de 1784. Somente o Decreto 181, de 1890, instituiu o casamento civil, 
fazendo desaparecer os esponsais. Até então, as pessoas se obrigavam a casar, sob pena de serem 
processadas caso rompessem injustificadamente o contrato. Os esponsais, hoje, não existem como 
contrato, mas admite-se indenização caso haja rompimento do noivado injustificado, com gastos 
materiais. 
 
07.3.2012 
Casamento 
 O Direito de Família, hoje, é bem diferente de tempos anteriores. A estrutura patriarcal 
cedeu lugar para aspectos existenciais e da afetividade. 
 Entretanto, é da tradição do Direito de Família que se comece pelo estudo do casamento. 
 O CC/02 não faz alusão à família legítima, pois a partir de 1988, presenciamos diversos 
tipos de família: a oriunda do casamento, a oriunda da união estável, a monoparental, a 
homoafetiva, etc. 
 Qual é natureza jurídica do casamento? Seria um contrato ou seria uma instituição? 
 Para a natureza contratualista, o casamento é um contrato. Contudo, encontramos diversas 
objeções, pois o contrato é reservado para relações tipicamente patrimoniais. O caráter patrimonial 
do casamento é acessório, a exemplo do regime de bens a ser escolhido: comunhão universal, 
comunhão parcial, separação, etc. 
 Quando falamos que os pais devem alimentos aos filhos, mormente nos casos de separação, 
3 
isto é irrenunciável. Todavia, o valor dos alimentos pode ser acordado entre os genitores, pode ser 
fixado pelo juiz em maior ou menor grau. 
 No Direito de Família prevalecem as normas não acordadas entre os entes. Prevalecem as 
normas que o legislador impôs. 
 As normas referentes ao Direito de Família são quase todas cogentes ou de ordem pública. 
Normas de ordem pública são aquelas que, embora presentes no direito privado, são obrigatórias. 
Por exemplo, quando a lei estabelece que não podem casar o ascendente e a descendente, ainda que 
queira, o avô não pode casar com a neta. 
 No Direito de Família, afinidade não significa a hipótese de que pessoas se atraem por uma 
razão qualquer. Afim, no Direito de Família, é o parente do cônjuge. 
 Quando a lei dispõe que não podem casar ascendente e descendente, há uma proibição 
peremptória: mesmo que queiram, não podem se casar. 
 Normas supletivas admitem que as partes disponham de modo diverso. 
 Em matéria de casamento, quase todas as regras são cogentes, ao passo que no direito 
obrigacional, grande parte das disposições são supletivas. 
 Será mesmo o casamento um contrato? 
 Surge, então, o entendimento de que o casamento é uma instituição. O casamento é regido, 
em quase sua totalidade, por normas cogentes. 
 A origem do casamento decorre de uma atração natural que existe entre pessoas de sexos 
diferentes. Para regulamentar a atração, surgiu o casamento. O fundamento do casamento é de 
ordem natural, mas sua disciplina tem ordem jurídica. 
 Há várias espécies de casamento? Sim, pois, nos primórdios da disciplina, percebemos que o 
casamento tinha conotação religiosa, porque os povos mais antigos davam a ele uma importância 
em relação a seus deuses. 
 Hoje, vigora o casamento civil. Para efeitos civis, o casamento religioso não tem qualquer 
consequência. O casamento civil só foi instituído em nosso país pelo Decreto 181, de 24 de janeiro 
de 1890. 
 Muitas vezes se tenta definir o casamento e essa dificuldade sempre é grande. 
Historicamente, a definição mais conhecida de casamento é a de Modestino. Essa definição era 
assim enunciada: “o casamento é a união do marido e da mulher, que se consorciam para toda a 
vida e cujo regime jurídico é de natureza divina e humana”. 
 Modernamente, o casamento é definido como o vínculo jurídico entre homem e mulher, que 
visa ao auxílio mútuo material e espiritual e destina-se a constituir família. 
 O casamento civil se dá diante do juiz de casamentos. Há também o casamento religioso. Na 
década de 1950, abriu-se a possibilidade de se casar no casamento religioso com efeitos de 
4 
casamento civil (arts. 1.515 e 1.516, CC), desde que os nubentes tenham já se habilitado no 
Cartório de Registro Civil. 
 Podem se casar as pessoas maiores de 16 anos, desde que haja o consentimento dos pais ou 
o suprimento de consentimento dado pelo juiz. Pode o juiz, quando houver necessidade, conceder o 
suprimento de idade. 
 Os documentos para a habilitação para o casamento estão dispostos no art. 1.525, CC. 
Recebidos os documentos,o oficial do cartório extrairá o edital (art. 1.527, CC). Não aparecendo 
impugnação ou, se houver, o juiz se mostrar favorável ao casamento, o oficial extrairá certidão, com 
prazo de 90 dias, dentro do qual deverá haver o casamento. 
 A partir da celebração, as pessoas estão casadas. O registro é apenas uma formalidade da 
celebração. 
 Se a pessoa que deseja casar-se estiver moribunda, o oficial de registro pode dispensar as 
publicações. Se a questão for mais urgente, a lei permite que o casamento seja feito perante 
testemunhas particulares, que vão fazer a declaração de que o moribundo quis se casar. As 
testemunhas levam o documento ao juiz. É o casamento nuncupativo; é aquele da pessoa que se 
casa moribunda. O Código Comercial previa a hipótese de casamento nuncupativo de pessoas que 
estavam em navios. 
 
14.3.2012 
Impedimentos Matrimoniais e Causas Suspensivas 
Há certos impedimentos que proíbem que a pessoa se case em certas condições. 
As diferenças entre impedimentos e causas suspensivas é que no caput do impedimento está 
escrito: “Não podem casar”, sendo rigorosamente proibido o casamento nas situações dos sete 
incisos do art. 1.521, CC, ao passo que, nas causas suspensivas, há uma recomendação: “Não 
devem casar”, conforme caput do art. 1.523, CC. 
 
Tipos de Parentesco 
 O parentesco mais comum é o consanguíneo (pais, irmãos, avós, etc.). Há também o 
parentesco civil, como é o caso do parentesco entre adotante e adotado. Temos o parentesco por 
afinidade, que ocorre por força do casamento. Eu me torno parente dos parentes de nosso cônjuge, 
por exemplo. No caso do parentesco por afinidade, temos os parentes da linha colateral, que são 
nossos cunhados. Por fim, temos um parentesco, que não está na lei, mas que tem sido reconhecido 
– o parentesco sócio-afetivo, em que as pessoas mantêm laços afetivos com o parente. São os 
chamados “filhos de criação”. 
 Temos que falar, também, da união estável homoafetiva. A palavra homoafetividade foi 
cunhada pelo prof. Sérgio Resende de Barros. Em 2011, o STF reconheceu a qualidade de união 
estável para o casal homoafetivo. 
 Nós temos parentesco consanguíneo por linha reta, ascendente e descendente. Nossos 
parentes em linha reta ascendente são os nossos pais, nossos avós, nossos bisavós, etc. é bom 
5 
lembrar que o parentesco em linha reta é infinito. A finitude se dá porque vivemos, em média, 70 ou 
80 anos. 
 Na linha reta descendente, nossos parentes consanguíneos são os nossos filhos, nossos netos, 
nossos bisnetos, nossos tataranetos, etc. 
 Os parentes que não estão na linha reta, estão na linha colateral. 
 O grau de parentesco da linha reta, ascendente ou descendente, se conta como os degraus de 
uma escada, para cima ou para baixo, degrau por degrau. Assim, meus pais são meus parentes 
consanguíneos na linha reta ascendente em 1º grau, porque o degrau é um só. Meus avós são meus 
parentes consanguíneos na linha reta ascendente em 2º grau. Descendo é a mesma coisa: meus 
filhos são meus parentes consanguíneos na linha reta descendente em 1º grau, etc. 
 Quais são os parentes mais próximos na linha colateral? Os irmãos. Também estão na linha 
colateral os filhos de seu irmão, os sobrinhos. Também estão os tios e os filhos dos tios – os primos. 
 Os parentes em colaterais relevantes para o Direito são os parentes até o 4º grau. Essa 
limitação de relevância não conta para a linha reta. 
 Há um truque para a contagem de graus para parentes colaterais, que é subir ou descer 
obliquamente a escada de contagem, procurando quem é, em linha reta, a pessoa que é ao mesmo 
tempo meu ascendente e o ascendente do parente colateral. 
 Por exemplo: meu irmão é meu parente consanguíneo em linha colateral de 2º grau, pois 
meus pais (e os pais dele) são o primeiro ascendente comum. Subo um degrau até meu pai, por 
exemplo, e desço outro até meu irmão para contar o 2º. 
 Não existe meio-irmão, mas sim irmão unilateral a patre ou a matre. 
 Também não existe parentesco colateral de 1º grau. 
 Tios e sobrinhos estão, ambos, no 3º grau. Isso será muito importante para o estudo do 
Direito de Sucessões. O filho de meu sobrinho é do 4º grau. O primo, também, está no 4º grau, bem 
como o sobrinho-neto e o tio-avô. 
 O pai, em relação a filho incestuoso, seria, ao mesmo tempo, parente de 1º e de 2º graus. 
 
Impedimentos Matrimoniais (art. 1.521, CC) 
 Não podem casar. São sete incisos contido no art. 1.521, CC, em rol taxativo. 
Não podem casar: 
1. Os ascendentes com os descendentes, seja natural ou civil o parentesco. - Natural é 
sinônimo de consanguíneo. 
2. Os afins em linha reta. - O sogro não pode casar com a nora. O genro não pode casar com a 
sogra. O padrasto não pode casar com a enteada, nem a madrasta com o enteado. 
3. O adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante. - O 
divórcio e a morte não afastam o impedimento. 
4. Os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau, inclusive. - É 
um impedimento absoluto. Os irmãos não podem casar entre si, mesmo que sejam filhos de 
um só dos pais. No caso de parente de 3º grau, há uma mitigação do impedimento, contida 
no Decreto 3.200/41, que diz que se tio e sobrinha (ou tia e sobrinho) quiserem se casar, dois 
laudos médicos devem ser dados para afastar a possibilidade de anomalias físicas e mentais 
dos filhos. 
5. O adotado com o filho do adotante – Essa é uma questão moral imposta pelo legislador. 
6. As pessoas casadas – Todo mundo sabe. 
6 
7. O cônjuge sobrevivente com condenado por homicídio ou por tentativa de homicídio contra 
seu consorte. 
 O art. 1.522, CC diz que “os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração 
do casamento, por qualquer pessoa capaz”. Mas se o casamento foi celebrado, mesmo tendo havido 
impedimento. Ele será válido? O casamento será existente. Porém, deve se ver se ele será nulo ou 
anulável. 
 O art. 1.522, parágrafo único, CC, diz: “Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver 
conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo.” Isso pode ocorrer, 
ainda hoje, em cidades pequenas, onde as pessoas se conhecem. O juiz e o oficial estão obrigados a 
opor o motivo de impedimento. 
 
Causas Suspensivas (art. 1.523, CC) 
 O caput do art. 1.523, CC, diz “Não devem se casar”, sendo apenas uma recomendação do 
legislador para se evitar a confusão patrimonial. 
 Não devem se casar: 
1. O viúvo ou viúva que tiver filho, enquanto não fizer inventário dos bens de casar e der 
partilha aos herdeiros. - Isso para que se evite a mistura do patrimônio com o patrimônio 
do novo cônjuge. 
2. A viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez 
meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal. - Esse prazo foi 
dado por conta da gravidez. Trata-se de se evitar confusão biológica. 
3. O divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do 
casal. 
4. O tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, 
com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não 
estiverem saldadas as respectivas contas. 
 O art. 1.523, parágrafo único, CC, diz: “É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não 
lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se 
a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa 
tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou 
inexistência de gravidez, na fluência do prazo. 
 
21.3.2012 
Casamento 
 Movimento social da mulher. As mulheres começam a se projetar no âmbito social. 
 É um contrato ou uma instituição? 
 Hoje esse tipo de questionamento, não interessa muito, isso só interessava quando não 
existia o divórcio. Depois do divórcio, esse questionamento perdeu a importância. 
 Para a Claudia é um ato jurídico de senso estrito.Antigamente, o casamento era indissolúvel, por isso dizia-se que era uma instituição. Com o 
7 
passar dos anos começou a ser aceita juridicamente a dissolução do casamento. Para o prof. Simão é 
um negócio jurídico, porque as partes podem avençar. No entanto, os nubentes não podem fazer 
pactos contra os deveres do casamento. Ex: Não vamos ter o dever de fidelidade. Isso não tem 
validade no mundo jurídico. 
 Do casamento vêm obrigações patrimoniais. Para a prof. não se trata de ato jurídico, pois 
você não pode avençar contra os deveres do casamento. O casamento está sendo revisto, pela EC 
66/2010, pois o casamento pode ser dissolvido pelo divórcio a qualquer momento, sem necessidade 
do reconhecimento de culpa. 
 Para grande parte da doutrina, ao dissolver um casamento não pode ser imputada culpa a 
alguém. Para o prof. Simão os deveres do casamento são meramente morais. No entanto, se eu 
infrinjo alguns dos deveres do casamento, existem consequências. Hoje não se discute culpa. Mas é 
complicado não se falar de fidelidade no casamento. Para o prof. Simão estes são deveres morais, 
mas existem algumas penas para quem os descumprem. 
 Ex: Posso perder o direito ao sobrenome. Pensão alimentícia, posso atrelar a culpa. Ex: Uma 
mulher com vários amantes que pleiteia pensão alimentícia. A lei permite, mas é a questão da 
justiça? 
 Se eu comprovar que existe culpa, só deverá receber dinheiro para a sobrevivência, nada 
mais do que isso. 
 Ainda existe respeito à dignidade da pessoa humana. Não se sai traindo sem consequência 
alguma. Pode haver indenização pela prática de ato ilícito. Vai para o juiz cível ou de família? Essa 
questão é discutível. 
 E o nexo causal deve ser verificado. O que causou esse dano? Um ato ilícito na vigência do 
casamento? Ex: Operações de incorporação envolvem direito de família. Direito de família envolve 
patrimônio. 
 O parceiro de uma pessoa tem direito a pensão e herança ao dizer que foi companheiro do 
fulano. O afeto é valor jurídico para os tribunais superiores. Princípio da dignidade da pessoa 
humana. Quando o STF passa a se imiscuir nas relações relativas a afeto isso começa a ser 
juridificado. Nepotismo se relaciona ao direito de família. Tem parentesco sócio-afetivo. Ex: A leva 
B para morar com a família, mas ele não é filho, mas é criado como um. Isso é vinculo sócio-
afetivo. 
 Existem muitos distúrbios provocados por famílias desestruturadas. O número de pessoas 
com famílias conturbadas que se envolvem em crimes é alto. A família tem muita importância nos 
dias de hoje. 
 A separação total de bens nada impede. Sua esposa herda. Se tem dois filhos, a herança será 
um terço, um terço, um terço. O cônjuge é herdeiro em concorrência com descendentes. 
 
Cerimônia 
 Ato jurídico de senso estrito 
 Publicidade: para que qualquer pessoa possa levar um impedimento à autoridade celebrante. 
Isso, no casamento civil. Tem de ficar de porta aberta, qualquer pessoa pode entrar. 
8 
 Mas, e o casamento da Atina Onassis? Pelo principio da razoabilidade, claro que nem todo 
mundo pode entrar. Mas a autoridade celebrante pode levar os detalhes do casamento. O casamento 
pode ser anulado posteriormente. 
 O princípio da razoabilidade é um dos princípios mais importantes. Tenho que ter duas 
testemunhas dentro das dependências do cartório ou onde for a autoridade. 
 
Capacidade 
 Os nubentes devem ser solteiros. Se o casamento for celebrado fora do cartório são 
necessárias 4 testemunhas. Quando a pessoa que não sabe ler nem escrever, preciso de 4 
testemunhas. Ex: um russo, preciso de 4 pessoas. 
 Com esses requisitos, as pessoas já são habilitadas. E pode haver a realização. “Eu vos 
declaro casados”, só a partir daí são considerados casados. A habilitação vale por 90 dias. 
 Isso é muito importante, só ai que se realiza e concretiza o casamento. A autoridade deve ser 
do registro civil. Em SP temos o juiz de paz, o juiz de paz é uma pessoa do povo. 
 O “sim” é algo de extrema importância no casamento: não pode ser gracejo, não pode 
titubear. As pessoas voltam atrás em casamento. O casamento é um símbolo. 
 O casamento é solene. 
 Na união estável e necessária a prova todo dia, pois é questão de fato. Fala-se sim todo dia 
na união estável. Casamento, se eu tiver uma certidão na minha mão, isso vale sempre. 
 Todas as pessoas têm família. As pessoas se associam das formas mais diversas possíveis, 
inclusive na poligamia, embora juridicamente seja discutível. 
 Os muçulmanos podem se casar com mais de uma mulher. Ex: A é casado com duas moças, 
e aí? E se uma delas vai à justiça? Ninguém sabe. Juridicamente a situação não é válida, mas o juiz 
deve ter o bom senso de reconhecer o direito das moças. 
 No concubinato, não posso desprezar a boa fé. 
 
Suspensão do casamento 
 São aquelas elencadas no art. 1.523 do CC: 
 Art. 1.523. Não devem casar: 
 I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos 
bens do casal e der partilha aos herdeiros; 
 II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez 
meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; 
 III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens 
do casal; 
 IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou 
sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não 
estiverem saldadas as respectivas contas. 
 Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as 
9 
causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de 
prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou 
curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de 
gravidez, na fluência do prazo. 
 Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser arguidas pelos 
parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, e pelos colaterais em 
segundo grau, sejam também consanguíneos ou afins. 
 
Por procuração 
 As pessoas no Brasil podem casar por procuração, desde que lavrada por instrumento 
público, escritura. Dados corretos e completos com quem se pode casar. 
 A procuração tem eficácia por 90 dias apenas. É perigoso que essa procuração dure muito 
tempo. Quando se casa por procuração? É um caso atípico. 
 O próprio nubente não pode ser procurador do outro. Questão da revogação da procuração. 
Se foi outorgado por instrumento publico, só pode ser dessa forma. Se o mandatário não souber da 
revogação, o casamento é anulável. Depois de feito, poderá ser feita a anulação dentro do prazo 
decadencial. Desde que não haja coabitação. Coabitar nem sempre é morar junto. Casei, mas fui 
trabalhar no Japão até o final do ano. Depende do caso concreto o que é coabitação. Pode haver 
margem à indenização se a revogação foi de última hora. 
 Pode haver indenização por danos morais, caso a procuração seja revogada de última hora. 
A indenização educativa é aquela que dói muito no bolso, para desestimular a conduta. No entanto, 
as indenizações são muito pequenas nesse sentido. 
 E se o mandante morre? A morte importa em extinção do mandato. A procuração não vale 
para sempre e muitas pessoas não sabem disso. Quando a revogação se dá por morte, os negócios 
jurídicos em geral (art. 689, CC) são válidos enquanto o mandatário ignorar a morte do mandante. 
No entanto, isso não se estende para o casamento. O casamento é inexistente nesse caso. Kelsen diz 
que temos atos anuláveis em maior ou menor gradação. Se leva para o registro civil e o casamento é 
considerado inexistente, a pessoa volta ao status quo ante. 
 
Casamento em caso de moléstia grave 
 Gente doente que quer casar. 
 A pessoa já passou pelo processo de habilitação e contrai uma moléstia grave. Nesses casos 
alguém ad hoc (em nome de alguém), poderácelebrá-lo. Ou uma autoridade ou substituto de 
autoridade pode celebrar. Deve ter a presença de 2 testemunhas que saibam ler e escrever. No caso 
de moléstia grave, veja-se art. 1.539, CC. 
 Deve haver o registro civil do casamento, caso este seja feito por pessoa ad hoc. Não é nesse 
registro que vem a certidão, a certidão do livro de registro traz minúcias da celebração daquele 
casamento. Poderão ser inquiridas as testemunhas, eventualmente. 
 
Casamento nuncupativo 
10 
 Alguém está em iminente risco de morte. A pessoa está moribunda. Só preciso de um 
requisito, tenho que ter 6 testemunhas. Essas 6 testemunhas devem comparecer junto a autoridade 
judicial para confirmar que havia a vontade de se casar. Nesses casos, não se aceita casamento por 
procuração, pois não sei se a pessoa está com discernimento para isso, pois está moribunda. Ocorre 
muito em cidades pequenas do interior. O juiz perquirirá se existia capacidade dos noivos para que 
houvesse o casamento. 
 É algo informal que ganha formalidade posteriormente, retroagindo à data da celebração. 
 Para todas as igrejas praticamente, é necessária a habilitação. Pode-se casar sem habilitação, 
e depois se faz a habilitação que retroage. Retroação à data do casamento é muito importante por 
conta dos efeitos patrimoniais e para efeitos de paternidade. 
 
Reconhecimento de paternidade 
 Os filhos são presumidos (presunção relativa) dentro do casamento. E quando se casa, 
quando a pessoa está a um mês de dar a luz? Não é possível que se comprove a má-fé, nesses casos. 
 Hoje em dia não se revoga mais paternidade. Antigamente, a revogação era muito 
corriqueira. Essa é uma realidade brasileira a toda prova. Só se revoga a paternidade se for caso 
difícil mesmo. Não se desconstitui paternidade no Brasil por pouca coisa. 
 As pessoas podem ser induzidas em erro em questão de paternidade. 
 Uma senhora criou uma menina e a registrou como sua filha. Quando esta senhora morreu, a 
filha legítima quis tirar a menina da herança dizendo que esta não era filha e exigiu a 
desconstituição da maternidade. A ministra Nancy Andrighi do STJ disse que houve vínculo 
afetivo, fato que a constituiria como filha. 
 
Proclamas 
 Às vezes o juiz pode dispensar a publicação de editais, são as proclamas. Hoje em dia só é 
publicado no registro civil. O juiz dispensa a publicação de editais, quando ocorre casamento de 
urgência em decorrência da ignorância dos nubentes no que tange à habilitação, mas o juiz deve 
tomar muito cuidado, para não ser induzido em erro. 
 
Autoridade consular ou diplomática 
 Este casamento só pode ser celebrado por diplomata de carreira, não pode ser celebrado por 
honorário. E se for celebrado por diplomata honorário? Este e um caso de autoridade incompetente, 
pode ser pleiteada a anulação em 2 anos. 
 
CASAMENTO NULO 
Hipóteses 
 A pessoa é incapaz. 
11 
 Tutor com pupilo. Curador com curatelado. 
 Casos de incesto. 
 Estes casamentos seriam nulos de pleno direito. 
 Tio pode casar com sobrinha, mas devem fazer exames de que não daria problemas para a 
prole. 
 União estável: único impedimento é a pessoa ser casada. 
 Nulidade não pode ser conhecida de ofício. O MP deve entrar com um processo de nulidade. 
Não existe conciliação na anulação do casamento, para que fraudes sejam evitadas. 
 Madrasta não pode casar com enteado, o casamento é nulo. É um parentesco por afinidade 
que se estende mesmo depois do divórcio. E se não se percebe isso, e se celebra o casamento? 
Ela pode ser considerada não herdeira. Quando há boa fé, pode gerar efeitos. 
 
ANULABILIDADE 
Hipóteses 
 Falta da idade núbil e casou sem autorização judicial. 
 Menores sob a égide de pais e menores sob a égide de curadores. 
 Erro no que tange à boa fama. 
 Agressor não pode casar com agredido. 
 Doenças transmissíveis. 
 A doutrina discute a impotência sexual masculina, não há decisão unânime, se seria caso de 
anulabilidade do casamento. 
 Não poder engravidar não é caso de anulação. 
 Doenças graves: pode ser anulado. A anulação servia antigamente na época em que não 
existia divórcio. Hoje em dia é difícil que tenham casos de anulação. A anulação hoje tem menos 
importância, pois o divórcio é muito mais rápido. A anulação é procedimento ordinário e, portanto, 
muito demorado. Havia muita anulação, pois as pessoas se casavam por coação. Coação é um receio 
fundado. 
 Qualquer um pode alegar a nulidade, pois ela afeta a comunidade. A anulabilidade só pode 
ser alegada pelos envolvidos, pois exige legitimidade. Somente os cônjuges, representantes e 
herdeiros podem alegar a anulabilidade. O MP não tem interesse nesses casos. 
 Existem prazos decadências. 
 Se os pais compareceram ao casamento dos menores sem que houvessem dado autorização, 
presume-se que houve aceitação tácita. 
 
12 
28.3.2012 
Direitos e Deveres do Casamento 
 Hoje no Brasil existe ou não culpa no divórcio? A EC 66/2010 estabelece que as pessoas 
podem se divorciar a qualquer tempo. Antigamente, era necessário ter um ano de casamento para 
que houvesse o divórcio. Quando havia acordo entre os consortes em se separarem, existia a 
exigência legal de 1 ano de casados. Às vezes as pessoas combinavam a ocorrência de litígio que 
convertia em amigável, porque aí não existia a exigência de um ano. Antes se pleiteava a culpa do 
outro. O divórcio rompe o vínculo conjugal. A extrajudicial só rompe os deveres de fidelidade 
e de coabitação. E o desquite? 
 Desquite é o mesmo que tirar a quitação. Em 1977, com a Lei do divórcio, quem era 
desquitado se tornou divorciado. O desquitado não deixava de ser cônjuge. Quem que se separa e 
não divorcia? Às vezes o casal está separado de fato e eles não se divorciam. Na separação a pessoa 
continua casada. Algumas pessoas não querem se divorciar para não se casarem de novo. As 
pessoas podem optar se elas se separam ou se divorciam, a culpa só se discute na separação e não 
no divórcio, quando houvesse litígio. Existem acórdãos que dizem que não existe separação no país. 
Só se discute culpa se existe dever? 
 O separado judicialmente não é herdeiro. 
 O separado de fato, antes de dois anos da separação, é herdeiro. 
 Depois de dois anos, se a culpa da separação for do morto: é herdeiro. A lei dá esse direito 
de prova ao outro cônjuge. A meação é separada. 
 Ambos os cônjuges devem sustentar a família na proporção do que ganha. Ambos podem 
adquirir os sobrenomes de um e de outro. O sobrenome é uma eficácia social, o direito ao nome é 
um dos direitos da personalidade. 
 
Direitos 
1. Direção da sociedade conjugal. A sociedade conjugal deve ser dirigida pelos dois. Estatuto 
da Mulher casada deu alguns direitos de capacidade às mulheres em 1966. 
2. Educação dos filhos. A educação dos filhos deve ser conjunta. Um não pode decidir sem o 
consentimento do outro. Se essa divergência for decidida no judiciário, provavelmente 
haverá o divórcio automaticamente. Ambos tomam as decisões de como será a vida deles. 
3. Domicílio conjugal. Ambos decidem o domicílio. De repente um dos cônjuges não quer 
mudar de cidade. Se não há acordo de domicílio, o casamento deve ser extinto. Sempre 
houve uma grande discussão quanto ao abandono de lar. Estou há 6 meses fora de casa 
cuidando do meu pai doente, isso não é considerado abandono de lar. Hoje isso é possível, 
quando se fala de questões de emprego, de doença ou de demais questões relevantes. Nesse 
caso não se considera abandono de lar por separação de corpos. Quando o juiz admite 
abandono de lar, ele permite que se troque a chave do domicílio. Não pode haver exercício 
arbitrário das próprias razões, por alegação indevida de separação de corpos. Se um dos 
cônjuges ficar preso por mais de 6 meses ou impossibilitado de manifestar vontade por mais 
de 6 meses, o outro pode cuidar de tudo, desde que tenha um alvará judicial. Ex: casos de 
coma ou de prisão de um dos cônjuges. O cônjuge responderá caso cause prejuízo ou caso 
13 
haja de má fé. A administraçãoda casa e dos filhos pode ser feita pelo outro cônjuge com 
alvará. O juiz poderá pedir eventualmente a interdição do outro cônjuge. Sempre se leva em 
conta o princípio da razoabilidade. 
 
Deveres 
 São deveres do casamento a fidelidade, a coabitação, a mútua assistência e o sustento 
para a educação de filhos. 
1. O infiel, no entanto, não tem sanção no Brasil. O que é fidelidade? Não é mais crime a 
conjunção carnal com outra pessoa, não tem efeito no âmbito penal, só no direito civil, como 
o pagamento de indenização. Às vezes, a pessoa quer um reconhecimento da autoridade de 
que existe a culpa do outro, mas é desamparada pelo poder do judiciário. Qual a punição 
para o descumprimento da fidelidade? E a guarda dos filhos como fica? Independe da 
fidelidade, a guarda dos filhos só é retirada se a pessoa não é boa mãe ou bom pai. Até a 
indenização moral em casos de adultério é muito difícil. 
2. Coabitação - Coabitar não é mais viver sob o mesmo teto somente, hoje é entendida em 
sentido amplo. Não é mais necessário que eu diga a razão do divórcio em virtude da EC 
66/2010. 
3. Mútua assistência deve ser material e imaterial. - Depois do casamento, um começa a ser 
responsável pelo outro. Por isso que existe o dever de alimentos, isso decorre do dever de 
mútua assistência material. A assistência material é entendida em sentido amplo, as pessoas 
têm que se apoiar, elas devem ser consortes de verdade. A sanção é decorrência desse dever. 
A indenização é também difícil nesses casos, geralmente entra-se com ação de alimentos. 
4. Sustento dos filhos - É inerente a ambos os consortes. Existem muitas crianças que só tem o 
nome do pai, pois a mulher morreu e não tinha registro. Essa criança só terá nome de pai. 
Sustento, guarda e educação de filhos é algo muito sério. Pois, a educação é entendida de 
diferentes modos. Mas, eventualmente, o MP pode interferir. Não posso cuidar dos meus 
filhos como bem entender. Este é um dever da maior seriedade. Se um pai não sustenta um 
filho, pode haver um processo de crime de abandono material. A sanção é perder o poder 
familiar, mas isso não é sanção, quem não paga nada para os filhos não quer o poder 
familiar. Como punir? Sanção civil em ação de alimentos, prisão. 
 No Brasil a culpa é importante na questão de alimentos. Tem alimento para culpado e 
alimento para inocente, o cônjuge culpado recebe menos que o inocente. 
 
11.4.2012 
1861 – Decreto 1.114 
 Casamento com nubentes de seitas diferentes 
 Existe separação e divórcio para o rompimento do casamento. 
 Até o decreto 1.114 só existia o casamento católico. O casamento era indissolúvel, mas não 
era indissolúvel de fato, falava-se em divórcio, mas o divórcio da época era a separação de fato. 
Existia o divórcio por consenso, mas não era um divórcio nos moldes atuais. 
14 
 Ninguém poderia falar em divórcio sem se falar em casamento. Até que foi instituído o 
casamento civil. 
 Só a morte dissolvia o casamento, com o desquite apenas se encerravam as obrigações de 
fidelidade, de coabitação e de assistência mútua. Os desquitados se tornavam viúvos, pois não 
deixavam de serem cônjuges. 
 Havia o desquite consensual, o casal por acordo decidia se separar. 
 O desquite não consensual só podia ocorrer se atendidos alguns requisitos. Ex: abandono do 
lar conjugal por 2 anos. 
 Esse é o panorama que temos em 1916. As Constituições traziam dispositivos que diziam 
que o casamento seria indissolúvel. Essa separação era tratada como divórcio, mas o vínculo 
conjugal termina com o divórcio e não termina com o desquite. Em 1977, o Brasil institui o 
divórcio. Traz a possibilidade de as pessoas cortarem o vínculo conjugal. 
 Em seguida a CF de 1988, temos uma lei que possibilita que as pessoas possam se divorciar 
mais de uma vez. Isso é uma evolução legislativa. Vamos ter figuras muito parecidas. Divórcio de 
cama e mesa no início, essa era simplesmente uma acepção fática. Mas, numa certa hora o Brasil 
consegue uma codificação que dê ensejo a dissolução do casamento. 
 Art. 1.571, CC: como a sociedade conjugal termina. 
 O Brasil começa o momento da separação extrajudicial. Foi instituído por lei o modo pelo 
qual as pessoas podem se separar e se divorciar. Aqueles casais que chegarem a um consenso, e se 
não tiverem filhos menores e incapazes, eles podem dirigir-se ao cartório e celebrarem seu divórcio 
por escritura pública. 
 Os juízes aos quais eram submetidas homologações de acordo extinguiam o processo. Para 
que se divorcie extrajudicialmente não pode haver interesse de menor e incapaz. Tudo que foi 
comprado com dinheiro novo, ou não for bem incomunicável ao casamento, tem de ser objeto de 
partilha. Ex: FGTS, ninguém sabe se ele é partilhado ou não. A previdência privada pode se 
comunicar ou não. 
 Na comunhão parcial de bens estão excluídos os frutos do trabalho. Se pegarmos as obras de 
alguns doutrinadores, veremos que muitos não concordam com isso, pois as pessoas só ganham 
dinheiro trabalhando. 
 Enquanto o dinheiro ficasse sob a forma de dinheiro não se comunicaria, se virou bem se 
comunica. As decisões são para todos os lados. 
 Os frutos dos bens incomunicáveis são passíveis de partilha na comunhão parcial de bens. 
 Quem pode exigir alimentos: os cônjuges, parentes e filhos menores e incapazes. 
 Escritura de separação tem força de sentença, servia também para o registro dos bens. As 
vezes, o casal quer se divorciar no fórum. 
 Separação de corpos consensual é uma ação cautelar. Para driblar o período de um ano de 
casamento que se exigia para separar. EC66: o divórcio pode ser feito a qualquer tempo. 
 Antes só existia divórcio, se fosse conversão de separação judicial ou extrajudicial. Se o 
divórcio fosse feito judicialmente exigia-se 1 ano de separação. Ou um ano da lavratura da escritura 
15 
(divórcio indireto). Também tinha divórcio direto, para aquelas pessoas que estivessem separadas 
de fato há mais de dois anos. Se não esperasse o transcurso dos dois anos, deveria me valer da 
separação. Mas, agora a CF diz que o casamento pode ser dissolvido pelo divórcio, não preciso ficar 
um ano casado (EC 66/2010). Não há qualquer exigência feita pela CF. 
 A melhor separação do mundo é feita por acordo. A guarda e o regime de convivência é algo 
discutível, não é justo com os filhos ver o pai ou a mãe de 15 em 15 dias. 
 
Separação judicial e extrajudicial. 
Separação litigiosa (art.1.573, CC) 
Hipóteses: 
1. Ruptura da vida em comum 
2. Quando um dos cônjuges tem uma doença mental grave manifestada após o casamento. 
3. Adultério: enquanto era crime, eu sabia o que era. E agora que não mais existe essa 
tipificação. Não sei mais o que é? A conotação do adultério é muito grave é muito séria. É 
uma palavra muito perigosa. Existe a figura do “quase adultério”. A leitura da maioria é a de 
que se deveria ter um dever de lealdade com relação ao outro. 
4. Sevicia: é um termo de 1916, é o mesmo que lesão física. 
5. Injúria grave 
6. Abandono do lar por um ano 
7. Conduta desonrosa: tem de ser algo muito sério. Deve haver condenação. 
 É difícil distinguir injúria de conduta desonrosa. 
 A testemunha serve para muito pouca coisa. A separação tem causa culposa por culpa 
recíproca. A culpa só se discute no âmbito da responsabilidade civil. A doutrina fala que acabou a 
separação, as decisões judiciais têm sido quase todas no sentido de afirmar que hoje em dia só 
existe o divórcio no Brasil. 
 A prof. não tem certeza se a separação acabou. E quando o juiz recebe uma separação 
litigiosa, não há como converter em culpa. Os pedidos de indenização, a separação e o divórcio 
tramitam pelo procedimento Ordinário. 
 EC 45: celeridade e economia processual. Ela é desrespeitada nesses casos, pois o processo 
judicial demora muito. 
 O divórcio ainda importa na realização de uma tentativa de conciliação. A EC 45 não é 
respeitada. Entro em juízo e recolho custas por duas vezes. 
 O dever de alimentos deve ser prestado de modo infinito na linha retae até o segundo grau 
na linha colateral. 
 Alimentos são as prestações para alguém viver. Alimentos para cônjuge culpado serão 
apenas para subsistência. Posso discutir culpa em alimentos. 
16 
 O cônjuge é herdeiro, desde que não esteja separado de fato há mais de dois anos. 
 EC 66: permite o divórcio sem qualquer pré requisito. 
 Com a separação não se pode casar de novo. 
 Para eu voltar com a pessoa que eu me divorciei devo casar de novo. Se só me separei, 
posso só restabelecer o casamento. 
 
Da Proteção da Pessoa dos Filhos 
 Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada. 
 § 1o Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém 
que o substitua (art. 1.584, § 5o) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o 
exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao 
poder familiar dos filhos comuns. 
 § 2o A guarda unilateral será atribuída ao genitor que revele melhores condições para 
exercê-la e, objetivamente, mais aptidão para propiciar aos filhos os seguintes fatores 
 I – afeto nas relações com o genitor e com o grupo familiar; 
 II – saúde e segurança; 
 III – educação. 
 § 3o A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os 
interesses dos filhos. 
 Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser: 
 I – requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por qualquer deles, em ação autônoma 
de separação, de divórcio, de dissolução de união estável ou em medida cautelar; 
 II – decretada pelo juiz, em atenção a necessidades específicas do filho, ou em razão da 
distribuição de tempo necessário ao convívio deste com o pai e com a mãe. 
 § 1o Na audiência de conciliação, o juiz informará ao pai e à mãe o significado da guarda 
compartilhada, a sua importância, a similitude de deveres e direitos atribuídos aos genitores e as 
sanções pelo descumprimento de suas cláusulas. 
 § 2o Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, será 
aplicada, sempre que possível, a guarda compartilhada. 
 § 3o Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de convivência sob 
guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá basear-se 
em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar. 
 § 4o A alteração não autorizada ou o descumprimento imotivado de cláusula de guarda, 
unilateral ou compartilhada, poderá implicar a redução de prerrogativas atribuídas ao seu 
detentor, inclusive quanto ao número de horas de convivência com o filho. ' 
 § 5o Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda do pai ou da mãe, 
deferirá a guarda à pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida, considerados, de 
preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e afetividade. 
 
Bem de Família 
 Bem de família trata-se da destinação ou afetação de um patrimônio em que opera a vontade 
do instituidor, amparada na Lei 8.009/90. 
 O objeto do bem de família, de acordo com o atual estatuto civil, “consistirá em prédio 
17 
residencial urbano ou rural, com suas pertenças e acessórios, destinando-se em ambos os casos a 
domicílio familiar, e poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação 
do imóvel e no sustento da família” (art. 1.712, CC), não podendo os respectivos mobiliários, 
devidamente individualizados no instrumento de instituição do bem de família, excederem o valor 
do prédio instituído em bem de família, à época de sua instituição (art. 1.713 e seu § 1º, CC). 
 a) Voluntário: regido pelo Código Civil, e que exige, entre outros requisitos, a escritura 
pública; 
 b) Legal: disciplinado pela Lei 8.009 - protege o imóvel independentemente da escrituração 
registrada em cartório (art. 5º, caput e par. único). 
 
Requisitos: 
 A instituição pode ser feita pelos cônjuges, pela entidade familiar ou pelo terceiro, desde que 
observado o disposto no art. 1.711, CC. 
 O prédio deve ser de propriedade do instituidor ou instituidores, exclusivamente. Não pode 
haver dívidas suficientes para prejudicar os credores. São dívidas anteriores ao ato instituidor que 
prejudicam o instituto (art. 1.715, CC). 
 O prédio deve ser destinado efetivamente ao domicílio da família. O instituto foi criado 
exclusivamente para garantir a moradia. 
 O prédio e os valores mobiliários, constituídos como bem da família, não podem ter destino 
diverso do previsto no art. 1.712, CC ou serem alienados sem o consentimento dos interessados e 
seus representantes legais (art. 1.717, CC). 
 O bem de família constitui-se pelo registro de seu título no Registro de Imóveis (art. 1.714, 
CC), não havendo, portanto, eficácia erga omnes, antes do registro. 
 O bem de família é declarado inalienável, podendo ser removido, desde que haja 
consentimento dos interessados e de seus representantes legais, ouvido o Ministério Público (art. 
1.717, CC). É impenhorável, ficando isento de execução por dívidas posteriores à sua instituição, 
salvo as que provierem de tributos relativos ao mesmo prédio, ou de despesas de condomínio (art. 
1.715, CC). 
 O bem de família legal também é impenhorável, salvo as exceções previstas na Lei 
8.009/90. 
Extinção do bem de família 
 A dissolução da sociedade conjugal não extingue o bem de família (art. 1.721, CC), mas, 
dissolvida a sociedade conjugal pela morte de um dos cônjuges, o sobrevivente poderá pedir a 
extinção do bem de família, se for o único bem do casal (parágrafo único). 
 Extingue-se, igualmente, o bem de família com a morte de ambos os cônjuges e a 
maioridade dos filhos, desde que não sujeitos a curatela (art. 1.722, CC). 
 Na hipótese e na forma previstas no 1.717, CC, o juiz poderá extinguir o bem de família ou 
autorizar a sub-rogação dos bens instituídos em outros. 
 
18.4.2012 
Regime de Bens 
 Conceito: Regime de bens é o conjunto de regras, estabelecido antes do casamento, que 
disciplina as relações patrimoniais entre os cônjuges, e entre estes e terceiros. 
 Princípios básicos: 
1. Imutabilidade ou irrevogabilidade. Porém, a imutabilidade não é absoluta no Código Civil 
de 2002, pois é admitida a alteração do regime de bens, na hipótese prevista no § 2º, do art. 
1.639 (princípio da mutabilidade motivada ou justificada), e desde que não seja o 
18 
obrigatório imposto no art. 1.641. 
2. Variedade de regimes. A lei coloca à disposição dos nubentes quatro modelos de regimes. 
3. Livre estipulação (art. 1.639, CC), com a ressalva do art. 1.655, CC. Exceção: art. 1.641, 
CC, que determina o regime obrigatório de separação de bens, nos casos que menciona. 
 Administração e disponibilidade dos bens, qualquer que seja o regime: arts. 1.642 a 1.652 
 Nessa aula se falará de uma das grandes consequências do casamento: o regime de bens. 
Existem 4 regimes de bens atualmente no Brasil. Hoje em dia se pode fazer a conversão de um 
sistema para o outro, antigamente isso não era possível. O regime de casamento no código antigo 
era imutável. 
Temos então 4 regimes : 
1. Separação de bens 
2. Comunhão parcial de bens 
3. Comunhão total de bens 
4. Comunhão final de aquestos 
 O regime dotal foi suprimido pelo novo Código Civil. Até para o código de 1916 ele era 
algo ultrapassado, pois tratava do regime do dote. 
 O mais comum de todos é o regime da comunhão parcial de bens, sendo que quando nada se 
estipula, será esse o regime considerado como sendo o vigente entre as partes. 
 A prof. critica o art. 1.641, CC, que estabelece o regime obrigatório da separação de bens, 
pois ela acredita que a pessoa mesmo sendo idosa, pode ser apta a escolher o regime patrimonial 
pelo qual quer ser regida. 
 
Comunhão parcial de bens 
 Este é o regime mais comum. No regime da comunhão parcial só se dividirá na partilha os 
bens adquiridos na constância do casamento. Mesmo que só um dos cônjuges trabalhe e o outro 
fique em casa, existe a presunção de que ambos contribuíram para gerar aquelesbens, e, portanto, 
haverá a partilha destes. Os bens adquiridos na constância do casamento levam o nome de aquestos. 
Os bens adquiridos antes do casamento não entram na partilha, ou seja, não se comunicam com os 
bens do casal, esses são chamados de bens particulares. 
 A professora cita um exemplo de que se um homem está financiando uma casa e o 
compromisso de compra e venda foi feito antes da vigência do casamento, o correto seria que o 
dinheiro que ele deu de entrada e as parcelas que pagou antes do casamento não se comunicassem 
com os bens do casal. 
 Enquanto estamos pagando por algo, ainda não temos escritura, temos apenas compromisso 
de compra e venda. A matrícula do imóvel somente poderá ser feita depois que o valor for 
inteiramente pago, e se for durante a vigência do casamento, será registrado no nome dos dois. 
 O regime da comunhão parcial é o regime que vigora no casamento se os consortes não 
fizerem pacto antenupcial, ou, se o fizeram, for ele nulo ou ineficaz (art. 1.640, CC). Por essa razão 
é também chamado de regime legal ou supletivo. Comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, 
19 
na constância do casamento, excetuando-se os bens, direitos e obrigações elencados nos arts. 1.659 
e 1.661, CC. 
 Caracteriza-se por estabelecer a separação dos bens que cada cônjuge possuía antes do 
casamento e comunhão quanto aos adquiridos na constância do casamento, gerando três massas de 
bens: os do marido, os da mulher e os comuns. 
 A administração do patrimônio comum compete a qualquer dos cônjuges (art. 1.663, CC), 
podendo, no caso de má administração dos bens, o juiz atribuir a administração a apenas um deles 
(art. 1663, § 3º, CC). 
 
Comunhão universal de bens 
 Antigamente a mulher não trabalhava e era muito dependente necessitando de uma proteção 
maior do legislador. Então, ela se casando, conseguia ser dona da metade do patrimônio, inclusive 
das dívidas (patrimônio passivo). 
 1977: alterou o CC de 1916, deixou de ter como regime legal o da comunhão universal de 
bens, para que fosse o da comunhão parcial. Surge o divórcio. 
 As liberalidades (ex:doações) e a herança herdada por um dos consortes, ambas não se 
comunicam com o patrimônio comum. 
 Os proventos pessoais, em tese, não se comunicam. Se você não aplicou na família o 
dinheiro que ganhou trabalhando, não se comunica. 
 
Pacto antenupcial 
 Requer agentes capazes, forma prescrita por lei e objeto possível. Não há liberdade de 
forma, deve ser feito por escritura pública. É feito antes da celebração do casamento, mas para valer 
depois do casamento. O pacto antenupcial é negócio jurídico bilateral, que existe e tem validade, só 
não realiza seus efeitos. 
 Mesmo existindo pacto, se o casamento não se celebrar, ele não produzirá efeitos. Por meio 
desse pacto pode se estabelecer qualquer dos regimes, exceto o parcial, porque no regime parcial 
não é necessário pacto. 
 Alguns entendem que não se pode trocar de regime, se antes se optou pelo da separação, a 
prof. entende que isso é possível sim. Ainda mais se os nubentes na época do casamento não tinham 
a idade núbil. 
 Os demais regimes podem ser alterados por meio de ação judicial. 
 
Comunhão final dos aquestos 
 O casamento se dissolve por casamento ou por morte. O casamento leva a divisão dos 
aquestos. Durante o casamento tudo se passa como se fosse separação total de bens, utilizam e 
dispõem do que adquirirem, de modo livre, sem anuência de um com relação ao outro. Cada um 
administra o que é seu. 
 Bens próprios: tanto o que compraram antes, como que compraram na vigência do 
20 
casamento. 
 Com o final do casamento, tudo se transmuta em comunhão parcial de bens, tudo passa a se 
comunicar. A comunhão dos bens apenas vem ao final. Esse regime está em desuso. Cada cônjuge 
tem patrimônio próprio. O que se partilha são os bens adquiridos pelo casal a título oneroso na 
constância do casamento. Só serão divididos os aquestos subtraídos dos bens próprios (art. 1.672 a 
1.673, CC). 
 A administração dos bens particulares é exclusiva de cada cônjuge, que os poderá 
livremente alienar, se forem móveis (art. 1.673, § único, CC). 
 Conforme dispõe o art. 1.674, CC, a apuração do montante dos aquestos é efetuada no 
momento da dissolução da sociedade conjugal, excluindo-se da soma dos patrimônios próprios os 
bens particulares, os adquiridos através de doação, legado ou herança, e as dívidas relativas a esses 
bens, observando-se, ainda, o disposto nos arts. 1.675 e 1.676, CC. 
 Cada cônjuge arcará com suas dívidas, salvo se provar que reverteram em benefício do outro 
(art. 1.677, CC). 
 A outorga (autorização) do outro cônjuge na alienação de bens adquiridos na constância do 
casamento existe em todos os regimes, menos no regime da separação de bens. Mas, também será 
necessária a outorga no regime de participação final dos aquestos, se houver pacto antenupcial que a 
estipule. 
 
Regime da separação de bens 
 Os bens não se comunicam. Mas, ambos devem contribuir com relação às despesas comuns. 
 Divide-se em dois: 
1. Consensual 
2. Obrigatória 
 O regime da separação consensual é aquele em que os nubentes optam. Normalmente são 
pessoas muito ricas que se casam com pessoas não tão ricas, para evitar o golpe do baú. É um 
regime injusto por muitos aspectos. 
 Cada cônjuge conserva, com exclusividade, o domínio, posse e administração de seus bens 
presentes e futuros e a responsabilidade pelos débitos anteriores e posteriores ao matrimônio, 
ocorrendo, assim, a incomunicabilidade dos bens que cada qual possuía ao casar e dos que veio a 
adquirir na constância do casamento, havendo uma completa separação de patrimônio dos dois 
cônjuges. O passivo dos cônjuges também é separado, não se comunicando os débitos anteriores ou 
posteriores ao casamento, pelos quais responde o consorte que os contraiu, isoladamente. 
 Existe a separação de bens consensual de bens, em que os nubentes pactuaram por esse 
regime e existe, ainda, o regime de separação de bens obrigatório. 
 Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: 
 I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração 
do casamento; 
 II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; 
 III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial. 
 
21 
25.4.2012 
Dissolução do casamento 
 Art. 1.571. A sociedade conjugal termina: 
 I - pela morte de um dos cônjuges; 
 II - pela nulidade ou anulação do casamento; 
 III - pela separação judicial; 
 IV - pelo divórcio. 
 
Da nulidade: 
 Art. 1.521. Não podem casar: 
 I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; 
 II - os afins em linha reta; 
 III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; 
 IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; 
 V - o adotado com o filho do adotante; 
 VI - as pessoas casadas; 
 VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio 
contra o seu consorte. 
 Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do 
casamento, por qualquer pessoa capaz. 
 Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de 
algum impedimento, será obrigado a declará-lo. 
 
Da separação 
I. Judicial 
II. Extrajudicial 
 A diferença fundamental entre separação e divórcio é que o divórcio, realmente, põe fim ao 
casamento, enquanto que a separação põe fim apenas aos deveres do casamento como fidelidade, 
coabitação, assistência mútua. As pessoas divorciadas podem casar-se de novo, as separadas não 
podem, pois não houve o rompimento total do vínculo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
 
 
 
 
 
2º BIMESTRE 
09.5.2012 
União Estável (arts. 1.723 a 1.727, CC) 
 A união estável é a nomenclatura que a CF88 trouxe à figura do concubinato no Brasil. 
Concubinato, para a sociedade conservadora em que o Brasil se encontrava,era a relação tida com 
uma mulher mal vista pela sociedade. 
 Concubinato vem de amor. As pessoas estão sozinhas na vida. Alguma coisa acontece com 
elas e elas querem ajuda mútua. Como o Brasil, antes de 1977, só tinha a figura do desquite e não 
do divórcio, as pessoas desquitadas não poderiam casar-se novamente; aí entrava a situação da 
pessoa desquitada que acabava vivendo com outra. 
 No Direito Romano, havia o casamento religioso, a confarreatio, havia a coemptio, que era 
uma venda simbólica da mulher e finalmente, o usus, em que homem e mulher que viviam muito 
tempo juntos eram considerados casados. 
 Quando o Brasil passa a exigir que o casamento religioso tenha efeito desde que as pessoas 
se habilitem para tanto, todos os outros tipos de casamento eram considerados concubinato. 
 O concubinato pode ser considerado puro, como é a nossa união estável e impuro (relações 
incestuosas ou entre amantes). É bom lembrar que os filhos não sofrem qualquer discriminação, 
sejam provindos de concubinatos puros ou impuros. 
 A primeira legislação relativa ao concubinato diz respeito à previdência social do 
trabalhador das estradas de ferro que morriam e poderiam deixar o benefício à concubina. Isto no 
começo do século XX. 
 A família é a base da sociedade. Interessa a proteção especial do Estado. A união estável é 
reconhecida como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. 
Reconhece-se que estas relações formavam uma entidade familiar, e, portanto geram efeitos. Que 
efeitos? Homem que vive com uma mulher, que trabalha em casa, ele junta um patrimônio. 
Terminada a relação ela busca uma indenização, antigamente só se buscava reparação civil, era 
meramente indenizatório. Neste momento há o primeiro reconhecimento. Hoje já se busca 
participação patrimonial. Passa-se a entender que todo trabalho doméstico tem uma força 
equiparada a daquele que sai de casa para trabalhar. No STF (Súmula 380) foi reconhecido que 
comprovada a unidade de fato entre concubinos é cabível a dissolução judicial com divisão do 
patrimônio de acordo com o esforço comum. Alguns julgadores entendem a súmula de forma 
equivocada. Não basta provar o concubinato, mas a sociedade de fato. Aqui não estava contemplado 
o trabalho doméstico, o dinheiro seria advindo de trabalho, no entendimento da súmula. A 
23 
dissolução judicial era a dissolução da sociedade de fato, é como se eles fossem sócios que não 
tivessem registrado sua sociedade. O patrimônio partilhado deveria vir do esforço conjunto. 
 Essas pessoas podiam registrar sua união a partir de 1988. Mas, ninguém sabia o que era 
união estável. Mas era necessária a existência de uma lei. Era um homem e uma mulher que viviam 
juntos, que eram reconhecidos como marido e mulher. 
 Em 1994 veio a lei. A companheira comprovada de um homem solteiro, divorciado ou viúvo 
era reconhecida como companheira se valendo da Lei 5.478/68. Havia necessidade de que essas 
pessoas estivessem separadas judicialmente pelo menos. 
 No Brasil os alimentos podem ser pleiteados de três formas: 
1) Procedimento ordinário. Pode haver antecipação de tutela. É um procedimento 
muito moroso; 
2) Ação cautelar. Medida cautelar de alimentos provisionais. Englobarão a 
necessidade do alimentante e as custas judiciais. Parece ser melhor, pois o juiz só 
tem a opção de deferir ou indeferir. No procedimento ordinário o juiz pode 
protelar a decisão; Os alimentos são as prestações que as pessoas necessitam 
para viver. Nessas hipóteses em que eu tenha a liminar, não se demora tanto 
como o procedimento ordinário. Só há o problema de que as liminares podem ser 
revogadas a qualquer tempo e é necessário que exista um processo principal. 
3) Lei 5.478. Rito especial de alimentos. O alimentante comprova suas necessidades 
de alimentos por parentesco ou por obrigação familiar. Os pais tinham obrigação 
de alimentar os filhos, os maridos, de alimentar as mulheres, um dos deveres de 
alimentos é de mútua assistência. A grande jogada é que o art. 4º traz uma norma 
cogente em que o juiz fixará alimentos provisórios. Não se instaura contraditório 
para fixar alimentos provisórios. Alimentos no Brasil gera prisão civil. Os 
alimentos provisórios serão devidos até o julgamento final, inclusive do recurso. 
 A lei de 1994 da união estável deu o direito de pedir alimentos com base nessa lei. 
Reconhece o dever alimentar decorrentes da união estável. 
 Os alimentos gravídicos são fixados para aqueles que se encontram juntos em união 
durante a gravidez: os alimentos são fixados durante toda gravidez, mesmo não sendo o pai. 
 Às vezes o juiz converte o rito para ordinário, para que se comprove a união estável. 
 Em caso de morte, como se resolve a herança? Pela lei de 1994, se o sobrevivente enquanto 
ele não se casasse ou não tivesse nova união estável tinha o usufruto da quarta parte dos bens do 
morto, se ele estiver sem filhos. O companheiro sobrevivente enquanto não tivesse outra união, teria 
usufruto de metade dos bens do morto, se o morto só tivesse ascendente. O companheiro herdava 
tudo, se o companheiro que morreu não tivesse ascendentes ou descendentes. Quando os bens 
deixados pelo morto resultassem de uma atividade de colaboração do companheiro, teria uma 
meação dos bens. Lei vigeu por dois anos, ficou conhecida como Lei Piranha, não existia deveres 
24 
como no casamento. 
 Em 1996, houve uma revogação parcial. Reconhece-se união estável e a define. Não há 
requisito temporal a relação deve ser pública em que a comunidade reconhece no casal uma relação 
de marido e mulher, é uma relação duradoura. A figura é de alguém que quer ter uma família, não 
tem o requisito de 5 (cinco) anos, mas tem que ter o objetivo de constituir família. Lembrou-se de 
colocar entre os direitos e deveres, tudo que acontece no casamento. São os mesmos requisitos, os 
mesmos deveres. 
 A lei trouxe assistência moral e material, equiparando casamento com união estável, tem 
direito e deveres e todos os bens comprados na constância da união estável serão divididos pelo 
regime da comunhão parcial de bens. No entanto, o casal pode fazer contrato dispondo regime de 
bens diverso. Quando uma das pessoas do casal morre, o companheiro, caso não case ou tenha outra 
união, terá usufruto do imóvel em que viviam até morrer, sem pagar aluguel nem nada. Isso engessa 
a herança dos descendentes, não se pode pôr o companheiro na rua. Eventualmente pode ser pedido 
aluguel, se o imóvel for de alto valor e haja necessidade dos descendentes. Não é o mesmo que 
usufruto, é um direito real de habitação. 
 A competência da unia estável fica para reconhecimento do juiz de família. A união estável 
deve ser de reconhecimento de todos, mas o código fala de homem e mulher, embora seja possível 
união homoafetiva. 
 Quem não pode casar, não pode ter união estável. A união estável deve ser decorrente de 
separação de fato: todas as pessoas que não podem se casar, não podem ter união estável. Os 
impedimentos existentes para o casamento também se estendem para a união estável. A pessoa que 
se une assim, com o impedimento, ela não terá direito nenhum, isso é um grande problema. Só 
poderá haver uma discussão do âmbito civil se o patrimônio foi conseguido por esforço conjunto. 
 Relação das causas suspensivas, que não devem se casar, embora possam, de modo que não 
haja confusão. São previsões expressas, se as pessoas se casarem, se casarão na separação 
obrigatória de bens a priori. Na união estável, as causas suspensivas não geram efeito. No entanto, 
em alguns julgados recentes, se admitem as causas suspensivas para a união estável também. Pois 
do contrário, não seria justo, já que para o casamento existem as causas suspensivas. 
 A conversão da união estável poderá ser feita em casamento mediante pedido judicial ou 
registro civil. No registro civil se poderá fazer a conversão da união estável em casamento, o dia do 
casamento ficará como sendo o dia do registro, não fazendo pacto antenupcial,o regime será da 
comunhão parcial de bens. A conversão não retroage à data da união estável. Por isso as pessoas 
não convertem, elas se casam. A conversão não é uma conversão completa. Deveria haver a 
quitação da união estável ao dia em que esta se iniciou. Não havendo quitação se abre possibilidade 
para a existência de litígio. 
 As relações não eventuais entre pessoas impedidas de casar, estas são chamadas de 
concubinato. Isso serve para incestos e amantes. Não advém qualquer direito. Eventualmente, pode 
ser comprovada uma sociedade de fato. Se a ideia foi dizer que não há efeitos, ela não foi eficaz, 
pois pode existir partilha, caso se comprove sociedade de fato. Tudo gera efeitos, pois não é justo o 
25 
enriquecimento sem causa. Pode se provar que a relação não é eventual, é mais do que isso. 
Reconhecer os efeitos seria uma forma de burlar. 
 A conversão da união estável em casamento deverá ser mediante pedido ao juiz e aceito 
perante o registro civil. A data não retroage a do início da união estável, não se pode quitar a união 
estável. Por esse motivo, as pessoas não convertem a união, elas se casam diretamente, com 
habilitação e casamento. Isso é provimento de corregedoria, no entanto isso não é regularizado. 
 O CC diz que as relações não eventuais entre pessoas impedidas de casar, chamam-se 
concubinato. Serve para incesto e para amantes. A prof. Cláudia, acha que gerará efeitos. Se a ideia 
do legislador foi a de não ter efeitos, tanto faz, a pessoa poderá pleitear pensão do mesmo jeito. 
Não pode haver enriquecimento sem causa. Se a pessoa ajudou a compor o patrimônio, isso deverá 
ser reconhecido. 
 Súmula 377: Em casamentos da separação obrigatória de bens comunicam-se os aquestos. 
Embora o cônjuge não herde, podem ser exigidos os aquestos. 
 Hoje é muito difícil estudar o direito se não olharmos os casos que estão sendo julgados. 
 
 
16.5.2012 
Parentesco (arts. 1.591 a 1.638, CC) 
 Parentesco tem importância, primeiramente pelo nepotismo. 
 O Brasil tem dois tipos de parentesco consanguíneo: em linha reta e em linha colateral. 
 Parentes são as pessoas que têm uma ligação na linha colateral até o 4º grau e na linha reta, 
infinitamente. 
 O parentesco em linha reta está preso à circunstância de as pessoas descenderem umas das 
outras. Os parentes em linha reta serão parentes para sempre. 
 Na linha colateral, o parentesco que se mostra é aquele em que as pessoas vêm de um 
mesmo tronco ancestral comum, mas não descendem umas das outras. 
 Como se conta parentesco no Brasil? Nós pegamos o tronco ancestral comum. Cada vez que 
eu contar, eu conto um grau: meu pai é meu parente de 1º grau em linha reta ascendente. Meu irmão 
é meu parente em 2º grau. Meu sobrinho é parente em 3º grau. O filho de meu sobrinho é parente 
em 4º grau. 
 Daí que não existe essa conversa de “primo de 1º grau”. De mim, vou até meu pai (1 grau); 
vou até meu avô (parente comum: 2º grau), volto até meu tio (3º grau) e chego em meu primo (4º 
grau). Todo primo é de 4º grau. Se passar do 4º grau, no caso de linha colateral, não é mais parente. 
Assim, o filho de meu primo não é parente. 
26 
 Mas tem de haver alguma razão para que nos preocupemos com o parentesco. 
Primeiramente, os impedimentos matrimoniais (vedação de casamento de parentes até o 3º grau em 
linha colateral; mas não nos esqueçamos da Lei 3.200/41: casamento entre tio e sobrinha). 
 No CC passado, o impedimento matrimonial ia até o 6º grau. 
 O parentesco é importante para fins de questões de nepotismo. 
 O parentesco civil é aquele que vem da adoção e os graus se contam da mesma forma, é 
como se o adotado fosse da mesma descendência. 
 Existe também o parentesco por afinidade. Na linha reta, nunca se extingue; essas pessoas 
serão sempre meus parentes. Não podem se casar os parentes de linha reta, isso vale também para a 
união estável. O parentesco na linha colateral está ligado tão somente até o cunhadio, só há 
parentesco com relação ao cunhado. O único parente da linha colateral é o cunhado, no entanto este 
parentesco é rompido com o fim da união estável ou pelo casamento. O cunhado deixa de ser 
parente nesses casos. 
3 tipos de parentesco: 
• Consanguíneo 
• Civil 
• Por afinidade 
 Parentesco por afinidade não gera qualquer obrigação de alimentos. 
 Alguns parentes estão impedidos de depor como cônjuge, ascendente, descendente e o 
colateral até terceiro grau. Poderão depor apenas na qualidade de informantes, se mentirem não 
responderão pelo crime de falso testemunho. 
 No Brasil as partes não são obrigadas a dizer a verdade, aqui não existe pena de perjúrio. 
 Os parentes herdam até quarto grau. O cônjuge, descendente e ascendente são herdeiros 
necessários. 
 Hoje em dia, admite-se o parentesco sócio-afetivo (art. 1.593). É uma realidade em que se 
vai buscar a relação de afeto. Essa filiação é uma realidade no Brasil, pode acarretar impedimento 
no casamento, e consequências para fins patrimoniais, de pensão alimentícia e de direito de visitas. 
 O direito de visitas leva em consideração a afeição da criança pela pessoa. Hoje, há até 
mesmo visitas para avós e madrastas e padrastos. 
 O parentesco é muito importante na sucessão para a união estável. Se a pessoa era casada e 
morre, quem herda são o cônjuge e descendentes. Na união estável ocorre de maneira diversa, o 
companheiro concorre com os descendentes e com os parentes até o quarto grau. Para a profª o 
regime de sucessão deveria ser igual ao do casamento. 
 Outro parentesco que existe é a filiação. Para o nosso Código Civil, não se pode fazer 
27 
qualquer distinção entre os filhos. Não há diferença entre os filhos do casamento e aqueles fora do 
casamento (art.1.596). 
 Aqui no Brasil existe a questão da prisão civil, que se tornou um problema no caso dos 
alimentos porque até que chegue ao STJ, em grau de recurso a pessoa vai ter sido encarcerada por 
muito tempo. No entanto, é uma medida efetiva, pois a pessoa que deve a pensão prefere pagar a ser 
presa. O problema da sócio-afetividade é que gera prisão civil. 
 Filhos podem ser sócio-afetivos ou não. 
 A mulher diz que está grávida de um homem, ele terá de pagar alimentos gravídicos e será 
pago de acordo com o padrão de vida da alimentante. Ao marido é dado o direito de propor a ação 
negatória de paternidade, só vale para os maridos, não vale para a união estável. No entanto, se 
passa muito tempo, não se pode mais propor a negatória de paternidade, a paternidade será 
assumida pela paternidade sócio-afetiva. O problema é quando o marido foi induzido em erro, nesse 
caso será possível a desconstituição da paternidade. O juiz tenta induzir o marido a não 
desconstituir a paternidade e a intentar uma ação somente contra a mulher. 
 A paternidade não é desconstituída por pouca coisa no Brasil. Se o pai vê que a criança é 
super diferente e a cria por muitos anos, dificilmente o tribunal acolherá a negatória de paternidade, 
pois se passou muito tempo sem que a paternidade fosse colocada a prova. 
 Aquelas crianças que nasceram 180 dias depois de estabelecida a convivência, presume-se 
que a criança foi concebida no casamento e é filho do marido. Depois de 300 dias da sociedade 
conjugal, presume-se que o filho não era do marido. São filhos do marido aqueles havidos por 
fecundação artificial homóloga. Ou seja, falecido o homem, a mulher é fecundada pelo seu material 
genético. Primeiro se ingressa com uma cautelar, e alguns juízes exigem que tenha algum 
documento público em que o morto tenha manifestado sua vontade em ter filhos. 
 Para reconhecimento de paternidade para aqueles em união estável só pode ser feito por 
meio de investigação de paternidade, ou então caso o pai da criança vá até o registro civil e registre 
a criança. A mãe sozinha não poderá fazer esse registro em nome do pai. 
 A prova genética é o método mais eficaz, pois garante certeza da filiação. No Brasil, no 
entanto, ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo.Assim, ninguém pode ser 
compelido a colher material genético. Existe súmula do STJ que diz que pode haver presunção de 
paternidade, caso a pessoa se negue a fazer o exame de DNA. 
 Investigação de maternidade pode ocorrer. Isso ocorre principalmente nos casos de barriga 
de aluguel (gestação de substituição). Com a declaração de nascido vivo, uma mulher pode registrar 
um filho. No Brasil a gestação de substituição só pode ocorrer entre parentes. O contrato de barriga 
de aluguel, no entanto, é contra legis, mas podem haver indícios de prova, não pode haver 
remuneração. 
 Adoção à brasileira: ocorre quando alguém registra filho alheio como próprio, no entanto o 
procedimento é ilegal e causa insegurança para os envolvidos. Este ato configura crime que pode 
acarretar pena, bem como a perda do poder familiar. 
28 
 Um filho pode ser reconhecido por testamento, por instrumento público, por manifestação 
perante o juiz, ainda que o objeto da lide não seja aquele. 
 No Brasil, não existia filho adulterino de mãe, só depois é que houve a possibilidade de 
reconhecimento de paternidade. A CF/88 colocou todos os filhos no mesmo patamar. 
 
23.5.2012 
Poder Familiar (arts. 1.596 a 1.606, CC) 
 O CC/1916 chamava o poder familiar de pátrio poder: são direitos e deveres que os pais têm 
em relação aos os filhos. Mas somente os filhos menores não emancipados. 
Aos 18 anos, cessa a incapacidade civil; o indivíduo torna-se plenamente capaz para os atos 
da vida civil. Entretanto aos 16 anos pode haver a emancipação, tornando-se capaz (empresário, 
trabalho, casamento). 
Até os 18 anos, o menor é representado, enquanto absolutamente incapaz (até 16 anos), e 
assistido, enquanto relativamente incapaz (16 a 18 anos). Os representados não participam dos 
negócios jurídicos. O menor de 16 anos herda, mas não pode administrar os bens. Neste caso deve 
haver um representante (os pais, se estiverem exercendo o poder familiar, ou o tutor, em caso 
contrário). Se houver um imóvel alugado, somente o representante assina (só o pai ou a mãe). 
Se tiver entre 16 e 18 anos, o menor assina junto com o assistente. A lei entende que ele já 
possui algum discernimento. Se houver discordância entre o menor e o assistente, não haverá o 
negócio. 
O menor pode ser sócio, mas não pode administrar uma empresa, não será assistido nem 
representado. Terá que haver outro administrador, que eventualmente será o pai ou a mãe. A mãe do 
menor nem sempre é de pleno direito a administradora, pois o filho pode não ser o sócio 
majoritário. Se o menor for majoritário, a mãe será a administradora, não por ser mãe, mas por ter 
sido eleita. 
O pai e a mãe terão usufruto legal dos bens dos filhos. Quando esses pais têm o usufruto 
legal, esses bens não serão administrados pelos filhos, ainda que sejam relativamente incapazes. 
Caso o testador ou doador estabeleça que os bens fiquem excluídos do usufruto dos pais, estes, por 
óbvio, não terão usufruto legal de tais bens em nome dos filhos menores, sendo, neste caso, a 
herança considerada testamentária. 
No caso de usufruto, não há necessidade de prestação de contas para os filhos. O testador 
que desejou excluir do usufruto dos pais um bem, pode excluir a administração dos bens. Nesse 
caso, o juiz nomeará um curador especial. 
O aspecto patrimonial, contudo, não é o mais privilegiado pela lei, mas sim a gestão da 
educação dos filhos. Quando os pais estão juntos (pelo casamento ou pela união estável), ambos 
decidem. Em caso de divergência, o juiz delibera. 
Se os pais estão separados, o poder familiar é sempre de ambos os pais, mas pode ser que o 
exercício pode estar concentrado na mão de um só. Por exemplo, se o filho estiver com o pai, o pai 
exerce o poder familiar sozinho. Temos aqui, a diferença entre poder familiar e o exercício desse 
poder. O poder é de ambos, mas o exercício pode estar na mão de um só. 
É possível a suspensão e a destituição do poder familiar. Por exemplo, pai preso por ter 
29 
cometido um crime. Nesse caso o poder está suspenso. A mãe, então, exerce o poder familiar 
sozinha. Se o casal estiver preso, o juiz nomeia um tutor. 
Os direitos e deveres estão elencados nos arts. 1.634 e 1.690, CC. 
 O poder familiar compreende direitos, deveres e autoridade. 
 Os pais não podem abrir mão do poder familiar. O poder familiar é irrenunciável, é 
inalienável e é imprescritível. É um direito absoluto. Não é possível o pai dizer que não quer 
exercer o poder familiar, é um múnus, é uma exigência legal. 
O art. 1.637, CC traz as hipóteses em que o poder familiar pode ser suspenso. 
Existem deveres cujas infrações são de tal gravidade que o poder familiar poderá ser tirado, 
conforme nos diz o art. 1.638, CC. 
O poder familiar acaba naturalmente pela morte (da mãe, do pai ou do filho), pela 
maioridade, pela emancipação, pela destituição pelo juiz, conforme art. 1.635, do CC. Se suspenso 
ou se destituído do poder familiar, deve ser nomeado um tutor. Mas, há casos mais graves, como o 
do abandono completo do menor. 
Algumas vezes não é conveniente nomear somente um tutor, mas pode ser necessário 
estabelecer uma proteção mais efetiva e definitiva. O tutor exerce uma proteção temporária e 
transitória. 
 
Adoção (arts. 1.618 a 1.629, CC e ECA) 
A adoção é um instituto pelo qual se cria a filiação civil. A Constituição Federal é 
peremptória em dizer que não haverá distinção entre filhos de qualquer natureza, inclusive o 
adotado. 
A adoção surgiu com a continuidade dos cultos dos deuses familiares, na Roma antiga. 
Modernamente, a adoção possui a noção de proteção da personalidade. A filiação biológica é 
substituída pela filiação civil. 
Não apenas o menor pode ser adotado, o adulto também pode ser adotado. Uma possível 
aplicação seria para o recebimento de herança. 
No CC/19916, a adoção de adulto se dava por outorga de escritura pública de adoção. Seria 
possível o desfazimento extrajudicial, o que não existe mais no atual CC. 
O Código Civil diz que a adoção do menor será regulada por estatuto especial que é o 
Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8.069/90. 
Podem adotar os maiores de 18 anos. Pode ser adotado qualquer um, o menor e o adulto. 
Mas, o adotante deve ser pelo menos 16 anos mais velho que o adotado. 
Um homem solteiro pode adotar uma criança, bem como uma mulher solteira. 
A adoção pode ser por casal casado ou em união estável. O STF estendeu essa permissão 
para os casais homoafetivos. 
As crianças que estiverem sob o poder familiar não podem ser adotadas. Porém, se os pais 
forem destituídos do poder familiar, passa a ser possível a adoção. 
A pobreza não é causa para destituição do poder familiar: é preciso um risco, uma falta de 
segurança, uma impossibilidade absoluta para proteger a criança. Enquanto o processo não é 
decidido, a criança fica sob a guarda de outra pessoa. 
O guardião apenas cuida, não administra os bens do menor. 
 Um casal que não tem filhos e deseja adotar, ao ver uma criança em situação irregular, não 
pode adotá-la. A lei estabelece que haverá um cadastro de pessoas interessadas em adotar e um 
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cadastro de crianças para adoção. 
Esse cadastro tem duas ordens, um nacional e outro estadual. Em cada comarca deve haver 
um cadastro para as crianças de sua jurisdição. Portanto, adotar depende de se entrar em uma fila. O 
juiz analisará se o adotante tem condições mínimas para adotar. 
Isso cria dificuldades. A pessoa pode ser afeiçoada a uma criança. A lei cria exceções, para 
fazer uma adoção dirigida: parentes ou guardião. 
O estrangeiro pode adotar, mas com muitas restrições. Existe outro cadastro de estrangeiros 
não residentes que querem adotar. A investigação é mais elaborada. 
A adoção é efetivada por sentença. A lei permite mudar o nome, o prenome e o sobrenome. 
O mais importante é que cria-se um vínculo civil que se estende aos parentes dos adotantes. Ou 
seja, por exemplo, o adotado é neto dos pais dos adotantes. 
Não podem adotar os avós e nem os irmãos

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