Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO DISCIPLINA: BIOQUÍMICA DE ALIMENTOS Profª: Dra. Regilda Saraiva dos Reis Moreira-Araújo e Dra. Theides Batista Carneiro WAYLLA CAROLINE SENA MACHADO ROTULAGEM DE ALIMENTOS MINIMAMENTE PROCESSADOS, PROCESSADOS E ULTRAPROCESSADOS TERESINA JULHO – 2022 WAYLLA CAROLINE SENA MACHADO ROTULAGEM DE ALIMENTOS MINIMAMENTE PROCESSADOS, PROCESSADOS E ULTRAPROCESSADOS Estagiárias docentes: Anne Rafaele da Silva Marinho Carulina Cardoso Batista Dayane Dayse de Melo Costa Francisca Rayane Oliveira de Sousa TERESINA JULHO – 2022 SUMÁRIO INTRODUÇÃO..........................................................................................................................4 METODOLOGIA............................................................................................................... ........5 RESULTADOS...........................................................................................................................6 DISCUSSÃO...................................................................................................... ......................14 CONCLUSÃO.................................................................................................................... ......16 REFERÊNCIAS........................................................................................................................17 ANEXO........................................................................................................................ .............19 4 INTRODUÇÃO Rótulo é definido como toda inscrição, legenda, imagem ou matéria descritiva ou gráfica escrita, impressa, estampada, gravada, gravada em relevo ou litografada ou colocada sobre a embalagem do alimento. Constitui-se tanto como veículo de publicidade quanto como um meio de comunicação entre o fabricante e o consumidor. É por meio dele que se tem acesso a informações como quantidade, características nutricionais, composição, qualidade e riscos que os produtos poderiam apresentar, devendo ser configurados de forma que a leitura e a compreensão das informações sejam claras e fáceis. (YOSHIZAWA et al, 2003, GONÇALVES et al, 2015) Os hábitos alimentares sempre variam de acordo com o tempo e o espaço. Nos últimos anos, movimentos como a globalização, ingresso da mulher no mercado de trabalho, bem como o aumento das jornadas e o crescimento das tecnologias trouxeram uma maior participação no consumo de alimentos processados, sobretudo, os ultraprocessados. A ingestão excessiva desse tipo de alimento contribui para o aumento do sobrepeso e de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares, uma vez que, normalmente, contém quantidades massivas de gorduras, açúcares e sal, sob diferentes formas. (GONÇALVES et al, 2015) Apesar desse aumento, cresce também a busca por hábitos mais saudáveis entre a população; existe uma preocupação com a má nutrição gerada por essa oferta abundante de produtos. Nesse sentido, os rótulos apresentam papel-chave, pois as informações neles contidas devem permitir e auxiliar o consumidor a ter uma dieta balanceada, trazendo informações completas, verdadeiras e esclarecedoras quanto à composição, qualidade e todas as características do produto. (SOUSA; MIGUEL; SANTOS, 2021, GONÇALVES et al, 2015) No Brasil, a rotulagem de alimentos embalados é regulamentada através de órgãos como a ANVISA e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Além disso, há o Manual de Orientação às Indústrias de Alimentos, que orienta a construção da tabela nutricional. Embora haja toda essa estrutura legal, a falta de fiscalização e atualizações permite distorções e ambiguidades, que mais confundem do que ajudam o consumidor. (GONÇALVES et al, 2015, MOTA et al, 2018) Assim, as práticas aqui descritas têm, por objetivo, analisar rótulos de diferentes produtos, em diversos graus de processamento e comercializados em diversos estabelecimentos, buscando entender informações de composição, valor nutricional e como eles se encontram frente à legislação vigente. 5 METODOLOGIA A prática aconteceu no Laboratório de Bromatologia e Bioquímica do Departamento de Nutrição da Universidade Federal do Piauí. Foram distribuídas embalagens de alimentos processados e ultraprocessados. Foi feita a leitura da tabela nutricional, bem como da lista de ingredientes e, então, foram discutidas as informações e o que elas podem representar para a saúde do consumidor. Ao todo, foram analisados doze produtos: biscoitos integrais, pão integral, farinha de milho flocada, salgadinhos de milho, milho em conserva, pipoca, bebida sabor morango, amido de milho e farinha de trigo. As embalagens foram fornecidas pelo laboratório, portanto, não há informações dos estabelecimentos. 6 RESULTADOS Foram lidas e anotadas as tabelas nutricionais de cada uma das embalagens. As marcas foram preservadas, utilizando-se uma numeração para identificar produtos idênticos de marcas diferentes. Tabela 1. Informação nutricional do salgadinho de milho 1. Porção de 25g Quantidade por porção %VD (*) Valor energético 117kcal = 491kJ 6 Carboidratos 19g 6 Proteínas 1,8g 2 Gorduras totais 3,7g 7 Gorduras saturadas 1,5g 7 Gorduras trans 0 ** Colesterol 0mg8 0 Fibra alimentar 0,4g 2 Cálcio 75mg 8 Ferro 1,1mg 8 Sódio 249mg 10 Vitamina A 45mcg 8 Vitamina B1 0,09mg 8 Vitamina B2 0,10mg 8 Vitamina B6 0,10mg 8 Ácido fólico 18mcg 8 Iodo 9,8mcg 8 Selênio 2,6mcg 7 Zinco 0,53mg 8 Tabela 2. Informação nutricional do salgadinho de milho 2. Porção de 25g Quantidade por porção %VD (*) Valor energético 117kcal = 493kJ 6 Carboidratos 15g 5 Proteínas 1,3g 2 Gorduras totais 5,8g, das quais: 10 Gorduras saturadas 2,5g 11 7 Gorduras trans 0g ** Gorduras monoinsaturadas 2,5g ** Gorduras poliinsaturadas 0,8g ** Colesterol 0mg ** Fibra alimentar 0,8mg 3 Sódio 167mg 7 Vitamina A 205mcg 34 Niacina (B3) 5,5 mg 34 Vitamina B2 0,44mg 34 Vitamina B6 0,44mg 34 Ácido fólico 82mcg 34 Cobre 307mcg 34 Iodo 44mcg 34 Ferro 4,8mg 34 Selênio 11,6mcg 34 Zinco 2,4mg 34 Tabela 3. Informação nutricional do biscoito integral. Porção de 40g Quantidade por porção %VD (*) Valor energético 174kcal = 731kJ 9 Carboidratos, dos quais 29g 10 Açúcares 9,8g ** Proteínas 3,1g 4 Gorduras totais 5,1g 9 Gorduras saturadas 1,2g 5 Gorduras trans 0g ** Fibra alimentar 4,1g 16 Sódio 117mg 5 Tabela 4. Informação nutricional da farinha de milho flocada 1. Porção de 50g Quantidade por porção %VD (*) Valor energético 178kcal = 748kJ 9 Carboidratos 38g 13 8 Proteínas 3,6g 5 Gorduras totais 1,1g 2 Gorduras saturadas 0,2g 1 Gorduras trans 0g (**) Fibra alimentar 2,6g 10% Sódio 0mg 0% Tabela 5. Informação nutricional da farinha de milho flocada 2. Porção de 50g Quantidade por porção %VD (*) Valor energético 180kcal = 756kJ 9 Carboidratos 39g 13 Proteínas 3g 5 Gorduras totais 0,5g 0 Gorduras saturadas 0g 0 Gorduras trans 0g ** Fibra alimentar 0,7g 4 Cálcio 0mg 0 Ferro 0,6mg 15 Sódio 0mg 0 Tabela 6. Informação nutricional do pão integral. Porção de 50g Quantidade por porção %VD (*) Valor energético 128kcal = 538kJ 6 Carboidratos 25g, dos quais 8 Açúcares 2,1g ** Proteínas 3,7g 5 Gorduras totais 1,5g 3 Gorduras saturadas 0,4g 2 Gorduras trans Não contém ** Gorduras monoinsaturadas 0,2g ** Gorduras poliinsaturadas 0,5g ** Colesterol 0mg 0 Fibra alimentar 1,3g 5 9 Sódio 188mg 8 Tabela 7.Informação nutricional do milho 1. Porção de 130g Quantidade por porção %VD (*) Valor energético 123kcal = 517kJ 6 Carboidratos, dos quais: 24g 8 Açúcares 0g 0 Proteínas 5,5g 7 Gorduras totais 0,5g 1 Gorduras saturadas 0g 0 Gorduras trans 0g ** Fibra alimentar 3,3g 13% Sódio 0mg 0% Tabela 8. Informação nutricional do milho 2. Porção de 130g Quantidade por porção %VD (*) Valor energético 106kcal = kJ 5 Carboidratos 19g 6 Proteínas 3,8g 5 Gorduras totais 1,6g 3 Gorduras saturadas 0,5g 2 Fibra alimentar 3,8g 15 Sódio 386mg 16 Tabela 9. Informação nutricional da pipoca. Porção de 25g Quantidade por porção %VD (*) Valor energético 103kcal = 432kJ 5 Carboidratos 13g 4 Proteínas 1,8g 2 Gorduras totais 4,9g 9 Gorduras saturadas 2,2g 10 Gorduras trans 0g ** Fibra alimentar 1,9g 8 10 Sódio 341mg 14 Tabela 10. Informação nutricional da bebida sabor morango. Porção de 200mL Quantidade por porção %VD (*) Valor energético 78kcal = 326kJ 4 Carboidratos 19g 6 Sódio 8,3mg 0 Vitamina A 90mcg 15 Vitamina B3 2,4mg 15 Vitamina B6 0,19mg 15 Vitamina B12 0,36mcg 15 Vitamina C 6,7mg 15 Vitamina D 0,75mcg 15 Vitamina E 1,5mcg 15 Tabela 11. Informação nutricional do amido de milho. Porção de 20g Quantidade por porção %VD (*) Valor energético 72kcal = 303kJ 4 Carboidratos 18g 6 Proteínas 0g 0 Gorduras totais 0g 0 Gorduras saturadas 0g 0 Gorduras trans 0g ** Fibra alimentar 0g 0 Sódio 6,2mg 0 Tabela 12. Informação nutricional da farinha de trigo. Porção de 50g Quantidade por porção %VD (*) Valor energético 172kcal = 722kJ 9 Carboidratos 36g 12 Proteínas 5,3g 7 Gorduras totais 0,7g 1 Gorduras saturadas 0g 0 11 Gorduras trans 0g ** Fibra alimentar 1,4g 6 Sódio 0mg 0 Ferro 2,1mg 15 Ácido fólico 75mcg 19 Além disso, também foram lidas e anotadas as listas de ingredientes de cada um dos produtos. Quadro 1. Lista de ingredientes do salgadinho de milho 1 Gritz de milho (Streptomyces viridochromogenes e/ou Bacillus thurigiensis e/ou Agrobacterium tumefaciens e/ou Zea mays), aromatizante (sal, dextrina, especiarias: páprica doce e cebola, aromatizante sintético idêntico ao natural, realçador de sabor: glutamato monossódico, acidulante: ácido fumárico), gordura vegetal, corantes artificiais amarelo crepúsculo (INS 110) e amarelo tartrazina (INS 102), fibra, sal, vitaminas e minerais Quadro 2. Lista de ingredientes do salgadinho de milho 2 Farinha de milho enriquecida com ferro e ácido fólico (geneticamente modificada a partir de Streptomyces viridochromogenes e/ou Bacillus thurigiensis e/ou Agrobacterium tumefaciens e/ou Aggrobaterium sp.), oleína de palma, amido de milho (geneticamente modificado a partir de Streptomyces viridochromogenes e/ou Bacillus thurigiensis e/ou Agrobacterium tumefaciens e/ou Aggrobaterium sp.), preparado sabor idêntico ao natural de bacon (sal, farinha de arroz, amido modificado, cebola em pó, estabilizante INS 508, aromatizante antiumectante INS 551, realçadores de sabor inositato dissódico (INS 631) e guanilato dissódico (INS 627), vitamina A (vitamina A acetato), niacina (nicotinamida), vitamina B2 (riboflavina), vitamina B6 (piridoxina HCl), ácido fólico (ácido n-pteroil-L-glutâmico), cobre (óxido cúprico), iodo (iodeto de potássio), ferro (fumarato ferroso), selênio (selenito de sódio), zinco (óxido de zinco), sal, óleo de soja, realçador desabor INS 621, estabilizante INS 170i, emulsificante INS 472e, corante INS 160b, antiumectante INS 341 ill Quadro 3. Lista de ingredientes do biscoito integral Farinha de trigo enriquecida com ferro e ácido fólico, mix de grãos integrais (aveia em flocos, chia, flocos de amaranto e grãos de quinoa) açúcar, farinha de trigo integral, farinha de milho, açúcar mascavo, óleo de girassol, gordura de palma, cacau em pó, açúcar invertido, sal, 12 estabilizante polidextrose, fermentos químicos (bicarbonato de amônio, bicarbonato de sódio e pirofosfato ácido de sódio), aroma idêntico ao natural de milho verde, chocolate amargo e baunilha, e emulsificante lectina de soja Quadro 4. Lista de ingredientes da farinha de milho flocada 1 Farinha de milho flocada Quadro 5. Lista de ingredientes da farinha de milho flocada 2 Farinha de milho flocada Quadro 6. Lista de ingredientes do pão integral Farinha de trigo enriquecida com ferro e ácido fólico, açúcar, óleo vegetal de soja, sal, glúten, emulsificantes: mono e diglicerídeos de ácidos graxos, estearoil-2-lactil lactato de cálcio e polisorbato 80, conservadores: propionato de cálcio e ácido sórbico, melhoradores de farinha: fosfato monocálcico, cloreto de amônio e ácido ascórbico, acidulante ácido cítrico e espessante carboximetilcelulose sódica Quadro 7. Lista de ingredientes do milho 1 Milho (geneticamente modificado a partir de Bacillus thurigiensis, subsp. Kumamotoensis) e água Quadro 8. Lista de ingredientes do milho 2 Milho (geneticamente modificado a partir de Bacillus thurigiensis, e/ou Agrobacterium tumefaciens), água e sal Quadro 9. Lista de ingredientes da pipoca Milho de pipoca, gordura vegetal, sal e preparado sabor manteiga (óleo vegetal, aromatizantes, regulador de acidez ácido acético e corantes cúrcuma e urucum) Quadro 10. Lista de ingredientes da bebida sabor morango Água, sucos concentrados de maçã e morango, vitaminas (C, E, B3, A, D, B6 e B12), aromatizante, acidulante, ácido cítrico, estabilizante goma guar e corante natural antocianina 13 Quadro 11. Lista de ingredientes do amido de milho Amido de milho (Bacillus thurigiensis e/ou Streptomyces viridochromogenes e/ou Agrobacterium tumefaciens e/ou Zea mays) Quadro 12. Lista de ingredientes da farinha de trigo Farinha de trigo enriquecida com ferro e ácido fólico Considerando a RDC Nº 259, de 20 de setembro de 2002 (BRASIL, 2002), todas as embalagens estavam com a rotulagem parcialmente em conformidade com a legislação vigente, obedecendo a todas as especificações estabelecidas. Em relação ao que diz a RDC Nº 360, de 23 de dezembro de 2003 (BRASIL, 2003), as embalagens também se encontram de acordo com a lei, trazendo sempre as informações obrigatórias. 14 DISCUSSÃO Os alimentos processados, minimamente ou não, podem ser ditos como aqueles que passam por algum tipo de beneficiamento antes de sua aquisição e consumo; os ultraprocessados passam por processos tão extremos e com tantas adições químicas que pouco remetem ao alimento do qual se originaram. Essas categorias de alimentos, especialmente esta última, apresentam inúmeras vantagens frente aos olhos do consumidor; eles são mais práticos, fáceis de preparar, comprar, conservar e, nos últimos anos, significativamente mais em conta do que os in natura ou minimamente processados. (MOTA et al, 2018, BEZ BATTI, 2022) Nesse trabalho, os ultraprocessados observados foram os salgadinhos de milho, o biscoito integral, o pão integral e a bebida sabor morango. Observa-se, em todos eles, uma grande quantidade de produtos químicos, e poucos alimentos verdadeiramente integrais. Quanto aos aditivos, os mais significantes foram os emulsificantes, aromatizantes, vitaminas e minerais, que apareciam em uma quantidade significativa das embalagens analisadas. Tal observação é preocupante pois, embora a literatura ainda careça de estudos sobre aditivos e suas implicações à saúde, especialmente no público infantil e adolescente, há evidências de que eles impactem com alergias nessas etapas iniciais da vida. (GOMES; ALVES, 2020) Uma massa significativa de produtos ultraprocessados tem essa população mais jovem como seu público-alvo; só nesta análise, dos 12 produtos, pelo menos 3 (os salgadinhos de milho e a bebida de morango), ou seja, um quarto, é destinado ao público infantil e adolescente, que sãoos mais afetados por alergias alimentares e, embora as reações adversas específicas a corantes, conservantes e outros aditivos sejam raras, elas não devem ser negligenciadas. O corante tartrazina e o realçador glutamato monossódico são bastante conhecidos por reações alérgicas. (GOMES; ALVES, 2020) Seguindo tanto a tendência de consumo de ultraprocessados quanto a busca por alimentos mais saudáveis, os produtos integrais se tornaram populares entre consumidores. Os benefícios no consumo de cereais e grãos integrais vão desde um melhor funcionamento intestinal até prevenção de cânceres. Evidentemente, o marketing desses produtos está bastante fundamentado nessas promessas, conforme foi observado na análise das embalagens dos biscoitos e do pão. (PARISE; COSER, 2020) Lenquiste e Leite (2017) trazem a RDC nº 54, de 12 de novembro de 2021, que estabelece que, para que um alimento possa ser considerado fonte de fibras, deve haver pelo menos 3g de fibra a cada 100g do alimento. Nesse sentido, o biscoito se vende como se propõe, já que apresenta mais do que o mínimo em uma porção menor, em contrapartida, ainda constitui 15 um produto repleto de aditivos. O pão, por sua vez, traz a denominação “livre de colesterol”, em uma não conformidade com a RDC nº 259, de 2002, que não permite dizeres que destaquem a presença ou ausência de componentes que sejam intrínsecos ou próprios de alimentos de igual natureza. O colesterol só é encontrado em produtos de origem animal, ou com ingredientes de tal procedência, e o pão não traz nenhum elemento do gênero na lista de ingredientes. (PARISE; COSER, 2020) Quando se analisa a tabela nutricional, é importante considerar a porção analisada no rótulo e a que é consumida, de fato. Ultraprocessados, como já dito, são desenhados para consumo rápido e prático, então, frequentemente, a porção analisada é menor do que a vendida e menor do que a consumida; faz parte do padrão alimentar esperado para o consumo desse tipo de produto. Os estudos mostram um aumento significativo no consumo de energia atrelado ao crescimento do consumo de ultraprocessados. (LANZILLOTTI et al, 2020) Comparando os alimentos minimamente processados e processados com os ultraprocessados, observa-se que as pequenas porções indicadas no rótulo destes tem densidades calóricas muito similares a porções maiores daqueles; em contrapartida, o percentual de fibras e o teor de sódio são bem melhores, por mais que os processados se constituam, aqui, basicamente de alimentos em algum tipo de conserva simples, como água, ou salmoura. Também não apresentam aditivos químicos; somente no milho em salmoura, há o sal como conservante, a depender da concentração. As embalagens não permitem contato com a luz e foram seladas a vácuo, o que, junto com a água e o sal, isolam o alimento, melhorando o tempo de prateleira do produto. (CARMO NETA, 2020) 16 CONCLUSÃO Através da análise da composição nutricional, foi possível determinar as características de um alimento processado e um ultraprocessado. A busca na literatura ajudou a compreender o impacto desses alimentos na alimentação e trouxe à tona a necessidade urgente de uma fiscalização mais intensa no tocante aos produtos que circulam no mercado, bem como de orientação ao consumidor. Nesse sentido, faz-se importante uma formação adequada para o nutricionista nesse campo, para que possa funcionar como um agente promotor de informação, educação e com o embasamento para exigir medidas das autoridades para trazer saúde à população. 17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEZ BATTI, Érika Arcaro et al. Avaliação da qualidade nutricional e do uso do termo integral nos rótulos de alimentos processados e ultraprocessados formulados à base de cereais e pseudocereais. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Rotulagem geral de alimentos embalados. Resolução RDC nº 259, de 20 de setembro de 2002. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 20 set. 2002. Seção 1. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/alimentos/legis/especifica/rotuali.htm. BRASIL. Ministério da Saúde. Informação nutricional. Resolução RDC nº 360, de 23 de dezembro de 2003. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 26 dez. 2003. Seção 1. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/alimentos/legis/especifica/rotuali.htm. CARMO NETA, Priscila Monteiro do. Análise de rótulos de milho e ervilha em conserva em relação ao teor de sódio, fibras e ingredientes de acordo com a legislação vigente. 2020. Tese de Doutorado. GOMES, Isabel Cristina Lobo Silva; ALVES, Italo da Costa. Análise da quantidade de aditivos alimentares e das declarações obrigatórias em rótulos de gelatinas diet e convencional de acordo com a legislação vigente. 2020. Tese de Doutorado. GONÇALVES, Nicolas Aguiar et al. Rotulagem de alimentos e consumidor. Nutrição Brasil, v. 14, n. 4, 2015. LANZILLOTTI, Haydée Serrão et al. Estimativa do padrão alimentar de estudantes de Nutrição de uma universidade estadual no Rio de Janeiro, Brasil. DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde, v. 14, 2020. LEITE, Ana Beatriz; LENQUISTE, Sabrina Alves. Rotulagem nutricional de pães integrais: análise de conhecimento dos consumidores. In: Colloquium Vitae, Presidente Prudente. 2017. p. 150. MOTA, Karine Alves et al. Avaliação da rotulagem de alimentos industrializados. Revista Eletrônica Acervo Saúde/Electronic Journal Collection Health ISSN, v. 2178, p. 2091, 2018 PARISE, Thayla Diana; COSER, Marceli Pitt. Biscoitos integrais: legislação pertinente e percepção do consumidor. DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde, v. 15, p. 39689, 2020. SOUSA, B. J. de; MIGUEL, T. B. V.; SANTOS, S. C. L. ALIMENTOS ORGÂNICOS NO BRASIL: uma revisão de literatura. HOLOS, [S. l.], v. 4, p. 1–16, 2021. DOI: 10.15628/holos.2020.9619. Disponível em: https://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/view/9619. Acesso em: 3 jul. 2022 http://www.anvisa.gov.br/alimentos/legis/especifica/rotuali.htm http://www.anvisa.gov.br/alimentos/legis/especifica/rotuali.htm 18 YOSHIZAWA, Nádia et al. Rotulagem de alimentos como veículo de informação ao consumidor: adequações e irregularidades. Boletim do Centro de Pesquisa de Processamento de Alimentos, v. 21, n. 1, 2003. 19 ANEXO Imagem 1. Embalagem do salgadinho de milho 1 Imagem 2. Embalagem do salgadinho de milho 2 Imagem 3. Embalagem do biscoito integral 20 Imagem 4. Embalagem da farinha de milho flocada 1 Imagem 5. Embalagem da farinha de milho flocada 2 Imagem 6. Embalagem do pão integral 21 Imagem 7. Embalagem do milho 1 Imagem 8. Embalagem do milho 2 Imagem 9. Embalagem da pipoca Imagem 10. Embalagem da bebida sabor morango 22 Imagem 11. Embalagem do amido de milho Imagem 12. Embalagem da farinha de trigo
Compartilhar