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HIPOPOTASSEMIA/HIPOCALEMIA FISIOLOGIA • O potássio é o íon mais abundante, sendo o principal eletrólito do intracelular. Atinge uma concentração intracelular de 120 – 150mEq/L, enquanto no extracelular a concentração varia de 3,5 a 5mEq/L. essa faixa estreita em que o potássio é mantido ocorre às custas de diversos mecanismos regulatórios. O gradiente de K intracelular e extracelular favorece a excitabilidade dos nervos e células musculares. • Quando ingerimos potássio, sua absorção é feita no intestino e a quantidade que o organismo julgar desnecessária é eliminada, sendo 90% na urina, 5 – 10% nas fezes e 1 – 10% no suor. • O potássio corporal se encontra 90% intracelular e 10% extracelular (sendo 8% no tecido ósseo e 2% no plasma e fluido intersticial). • As membranas celulares altamente permeáveis ao potássio – fluxo contínuo do K para fora da célula. Mas o equilíbrio entre os 2 compartimentos ocorre graças à atividade da bomba Na-K-ATPase, que transfere K para o intracelular. • Os IECA ou BRA = bloqueiam o SRRA, o que leva à hipercalemia, aldosterona retém sódio e água e elimina potássio. Como bloqueia a aldosterona, então diminui a eliminação de potássio. REGULAÇÃO • Ganho de potássio na alimentação: • A perda de potássio ocorre pelas urina, fezes e suor. • Lise celular participa da regulação. • Osmolaridade plasmática: HiperNA/hiperglicemia → aumento da osmolaridade → difusão de água intra p/ extracelular → aumenta K célula → saída de K intra p/ extracelular (hiperK). • PH extracelular: o Acidose metabólica (excesso de H+): H+ entra na célula, e para garantir neutralidade elétrica, saem Na+ e K+ (hiperK). Alguns exemplos são: DRC, acidose tubular renal, diarreia crônica (perda de HCO3). o Alcalose metabólica: H+ sai da célula, e para minimizar as mudanças de PH, ocorre entrada de K+ na célula (hipoK). Alguns exemplos são: vômito (perda de HCl), consumo de bicabornato em excesso, hiperaldosteronismo. • Bomba Na-K-ATPase: correção de K a curto prazo, as catecolaminas e insulina estimulam a bomba levando à influxo de K para intracelular. • Rins: fazem 90% da excreção diária de K e realizam a correção de K a longo prazo. A aldosterona faz a reabsorção de Na e secreção de K. O potássio livremente filtrado, é reabsorvido no túbulo proximal e na porção ascendente espessa da alça de Henle. A principal regulação da excreção de K ocorre no ducto coletor – absorção de sódio, excreção de K e hidrogênio. HIPOPOTASSEMIA • Potássio sérico < 3,5mEq/L. • A classificação é: o Leve: 3 – 3,5mEq/L. o Moderada: 2,5 – 3mEq/L. o Severa: < 2,5mEq/L. CAUSAS • Deficiência da ingesta – idoso, alcoolismo. • Perdas externas: o Extrarrenais – diarréia, vômitos e drenagem gástrica. o Renais – diuréticos, hiperaldosteronismo, tubulopatias (Síndrome de Bartter, Gilteman, Liddle). o OBS: perda extrarrenal K<20mEq/L em urina de 24 horas ou < 20mEq/g creatinina em amostra isolada. Já a perda renal o K > 20mEq/L em urina de 24 horas ou > 20mEq/g de creatinina em amostra isolada. • Redistribuição interna entre compartimentos intra e extracelular: o Alcalose metabólica. o Atividade B2 adrenérgica (hipotensão, exercício.. libera catecolaminas – bomba Na-K-ATPase). QUADRO CLÍNICO DE HIPOCALEMIA • Depende do grau da hipocalemia e da velocidade de instalação. • Musculatura: fraqueza, câimbra na hipocalemia leve. Já na hipocalemia grave (<2,5mEq/L) pode encontrar hiporreflexia, paralisia muscular. • SNC: irritabilidade, confusão mental, letargia e alucinações. • Cardiovascular: arritmias com BAV, bradicardia, Flutter. • Gastrointestinal: náuseas, vômito e íleo paralítico. PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO • Urgência da correção vai depende da causa, do grau, da velocidade de instalação da hipocalemia (quanto mais rápida for a instalação, maior o risco de arritmias) e da presença ou não de complicações. • A correção é domiciliar ou precisa de internação? • Quando hipocalemia devido à redistribuição devemos ter cuidado com risco de hipercalemia rebote. • Estimativa do déficit: redução de 100mmol nos estoques corporais equivale a queda de cerca de 0,27mmol/L nos níveis de potássio plasmático (exceto nas situações de redistribuição). TRATAMENTO • Potássio entre 3 – 3,5mEq/L: devemos corrigir a causa, KCI VO e suspender diuréticos (dar preferência ao poupador de K). • Potássio < 3mEq/L: sobretudo casos sintomáticos (arritmias, hipoventilação, paralisia de musculatura respiratória), devemos fazer reposição EV e controle de K durante 3 – 6 horas. • OBS: doença miocárdica: hipocalemia leve já aumenta a chance de arritmias. • A droga usada é o cloreto de potássio: o Solução oral: 1 colher de sopa (15ml) = 12mEq, 15 – 30ml 3x ao dia. o Cápsula: 1 cápsula = 8mEq (Slow-k600mg), 2 cápsulas 3 – 4x ao dia. o Solução EV KCI 10ml: 10% (13mEq), 15% (20mEq), 19,1% (25mEq). o OBS: a reposição do K+ se faz de maneira empírica, buscando uma concentração final de 20 – 40 mEq/L. A velocidade de infusão em bomba é de 10 – 20mEq/hora. HIPERPOTASSEMIA/HIPERCALEMIA • Quando a concentração de potássio sérico > 5,5mEq/L. o Leve: 5,5 – 6,0mEq/L. o Moderada: 6,1 – 7,0mEq/L. o Severa: >7mEq/L. CAUSAS • Liberação de potássio intracelular para extracelular: acidose metabólica, deficiência de insulina, hiperosmolaridade plasmática, betabloqueadores (inibem os receptores B2 adrenérgicos, cuja a função é promover entrada de K no CIC). • Redução da excreção urinária: doença renal aguda/crônica. • Drogas: IECA, BRA, diurético poupador de K. • Hemólise maciça (transfusão de concentrado de hemácias incompatível, anemia falciforme). • Rabdomiólise. • Hiperglicemia. HIPOCALEMIA: aumenta o potencial em repouso através da membrana, tornando a célula menos sensível à excitação. HIPERCALEMIA: diminui o potencial em repouso. Após uma despolarização, a célula tem dificuldade em se repolarizar adequadamente tornando-se não mais excitável. QUADRO CLÍNICO • Manifestações mais comuns são: o Astenia, fraqueza (principalmente de MMII). o Parestesia, paralisia. o Mialgia. o Hiporreflexia. o Caibras musculares. o Palpitações ou síncope. o Outras: bradicardia sinusal, taquicardia ventricular, fibrilação ventricular, hipotensão. • Sinais e sintomas são inespecíficos e tardios. • Não há relação direta entre os níveis séricos de K e a sintomatologia apresentada. • OBJETIVOS DO TRATAMENTO • Os objetivos do tratamento é antagonizar os efeitos do K na membrana, carrear K para o intracelular e eliminar o excesso de K. • Devemos avaliar se tem alterações no ECG, hipercalemia aguda ou crônica e buscar identificar a causa. TRATAMENTO • Dieta pobre em potássio. • Interromper drogas em uso: IECA, BRA, Aldactone. • Gluconato de cálcio 10%: antagoniza os efeitos da hipercalemia na membrana celular do miócito e restaura a excitabilidade da membrana celular (cálcio participa da formação de impulso elétrico, aumenta a velocidade de condução do estímulo). A indicação é quando tiver alterações no ECG. o 1 ampola de 10ml. Devemos diluir 10 – 20ml em SF 0,9% 100ml. Realizar infusão em 2 – 5 minutos (se rápido pode ter bradicardia ou arritmias). O início da ação é imediato e tem duração de 30 – 60 minutos. Devemos realizar o acompanhamento com ECG. • Troca de compartimento: o Insulina + glicose (solução polarizante). O mecanismo é aumento da atividade bomba Na-K-ATPase. Devemos fazer 1UI de insulina regular a cada 5g de glicose. ▪ SG 5% (bolsas de 50 a 100ml) – 50mg de glicose/ml. ▪ Glicose 50% (ampolas de 10 ou 20ml) – 500mg glicose/ml. ▪ EX: SG 5% 200ml (10g), glicose 50% 50ml (25g), insulina 7UI. ▪ OBS: a infusão deve ser feita em 2 horas, tem inicio de ação em 30 minutos e duração de 4 – 6 horas. Devemos repetir a cada 4 horas e acompanhar com DXT e K com 1 hora). o B2 agonista: aumenta a atividade da bomba Na-K-ATPase. Devemos fazer a nebulização com Fenoterol (Berotec) 10 gotas + SF 5ml. Oinício da ação é em 30 minutos, com duração de 2 – 4 horas e devemos repetir a cada 4 horas. • Remoção do potássio: o Diurético de alça: furosemida 20mg – fazer 1 – 2 ampolas EV de 6/6 horas. o Resina de troca: o mecanismo de ação é a troca de cálcio por potássio no TGI. Usa o Sorcal (poliestiernossulfonato) 30g. ▪ Diluir 1 envelope em 200ml de água, VO ou sonda a cada 8 horas. O início de ação é em 1 – 2 horas e dura de 4 – 6 horas. É mais indicada para casos crônicos. o Diálise: indicações são hipercalemia grave, persistente ou recorrente, refratária às medidas clínicas.
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