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Eduarda Possidônio Semiologia Cardiovascular exames complementares Exames gráficos: • Eletrocardiograma (ECG): é o registro da variação dos potenciais elétricos gerados pela atividade elétrica do coração. As letras que representam as ondas seguem o alfabeto (ondas P, complexo QRS e onda T). o Onda P: representa a despolarização atrial. Aumento da altura (AD) ou na duração/largura (AE) da onda P significa hipertrofia atrial. o Complexo QRS: representa a despolarização ventricular e repolarização atrial. Alargamento no complexo QRS indicam anormalidades no sistema de condução, como bloqueios. o Onda T: representa a repolarização ventricular. A inversão da onda T indica isquemia. Preparo para uma posterior nova sístole. A onda Q é negativa, menos proeminente. A onda R é mais positiva. A onda S também é positiva, assim como a onda T. O ECG é indicado para diagnosticar arritmias, sobrecargas, hipertrofias, isquemias e distúrbios de condução, acompanhamento de evolução clínica e avaliação do efeito de drogas. As derivações funcionam como várias fotos tiradas do coração em visões diferentes. É possível determinar a frequência cardíaca contando a quantidade de quadrados que ocorreu no ciclo e fazer uma divisão com 1500. Ex: 1500/25 = FC. • Fibrilação atrial: linha de base irregular e resposta ventricular irregular (R-R irregular). Desse modo, não se consegue identificar o que é onda P. • Flutter atrial: sucessões de ondas P idênticas e linha de base em “dentes de serra”. • Taquicardia ventricular: QRS alargados, não se identifica onda P (FC 200 a 300 bpm). Se não tratada, pode evoluir para a assistolia. Eduarda Possidônio • Fibrilação ventricular (FV):traçado irregular de amplitude variada e ondas grosseiras. Não se identifica nenhuma onda. É necessário realizar a desfibrilação. • Assistolia: não há atividade elétrica. Caracterizada por um traçado isoelétrico. Nesse caso, é necessário realizar RCP. • Bloqueios de 1°, 2° e 3° graus: no 1° grau, há aumento do espaço entre as ondas P e R; no 2° grau, nem toda onda P está acompanhada de um QRS, indicando um baixo débito cardíaco, indica uso de marcapasso; no 3° grau, ocorre uma dissociação completa da ativação dos átrios e ventrículos, indicando o uso urgente de marcapasso. • Hipertrofia atrial: • Hipertrofia ventricular direita: onda R maior que onda S em V1 – normalmente a onda S é maior que a onda R. Pode ser causada por cor pulmonale. V1 fica à direita. • Hipertrofia ventricular esquerda: onda S profunda em V1 e onda R alta em V5. Somadas as duas ondas >35mm é indicativo de hipertrofia ventricular esquerda. Pode ser causada por HAS. • Alterações eletrocardiográficas no IAM: Isquemia: T invertido. Quando invertido em I, V2 – V5 indica isquemia na parede anterior. Eduarda Possidônio Lesão (infarto em progressão): segmento ST com supra. Quando em V2 – V3 indica infarto em curso. Necrose: onda Q profunda, supra de ST e T invertida. A onda Q, ao passar dos dias, não volta ao normal – indica infartos anteriores – diferente das outras ondas. Logo, uma onda Q mais negativa que o normal (> 3mm) é patológico e pode indicar um infarto ocorrido anteriormente. • Teste ergométrico: registra a atividade elétrica do coração durante o esforço físico. Avalia o comportamento da PA, os sintomas referidos pelo paciente e sua aptidão física. É indicado para diagnosticar doença arterial coronariana (DAC), para avaliar a situação do paciente após infarto do miocárdio, para profissionais de alto risco, como motoristas e pilotos, assintomáticos que desejam realizar atividades físicas intensas, ou assintomáticos com fatores de risco para DAC (tabagismo, DM, dislipidemia, histórico familiar, entre outros). No teste ergométrico + há uma descendente do ST para isquemia miocárdica. • Holter: é um monitor portátil que registra a atividade elétrica do coração 24h por dia. É indicado para pacientes com arritmias cardíacas não detectáveis no ECG. • Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA): é um exame que mede a pressão arterial a cada 20 minutos, durante 24h – especialmente para obter o registro da pressão durante a vigília e o sono (a qual deve reduzir – se isso não acontece, o indivíduo tem chance de desenvolver uma HAS). É indicada para suspeita de hipertensão do avental branco, avaliar a ação do anti-hipertensivo, avaliar sintomas associados (tonturas, precordialgia, síncope e hipotensão). Eduarda Possidônio Exames de imagem: • Radiografia de tórax: permite avaliar a silhueta cardíaca e a vascularização pulmonar. O índice cardiotorácico representa a razão entre o diâmetro cardíaco máximo transversal e o diâmetro da caixa torácica em inspiração profunda – deve estar até 0,5 nos adultos, se maior, representa uma cardiomegalia. • Ecocardiograma: permite avaliar a estrutura, função e fluxos do coração com o uso de USG. Pode se utilizar o doppler para avaliar o fluxo entre as valvas. É indicado para definir as dimensões das cavidades cardíacas, bem como a espessura da parede; para a avaliação das valvas atrioventriculares e semilunares; avaliação da função sistólica e diastólica dos ventrículos e da contratilidade segmentar; definir cardiopatias congênitas; para pacientes com HAS, sopros, DAC e ICC. • Cintilografia do miocárdio: avalia o fluxo sanguíneo coronariano e sua distribuição no músculo cardíaco durante o repouso e o estresse, mediante um radioisótopo (tecnécio). A cor mais forte e quente indica a distribuição do fluxo – nos sadios, não se observa falhas, enquanto que nos pacientes isquêmicos uma parte da parede fica sem fluxo, no repouso fica fraco e no estresse fica ainda mais fraco. Na fibrose, não há preenchimento – nem no repouso, nem no estresse. É indicada para pacientes com dor torácica e isquemia coronariana, angina instável, gravidade de isquemia, função de contração do VE, identificar artéria culpada, IC e para identificar áreas isquêmicas. • Cateterismo cardíaco: é um exame invasivo. Confirma a presença de obstruções das artérias coronárias, avalia o funcionamento das valvas e do miocárdio. É realizado através de injeções de contraste, iodado por um cateter. É indicado para avaliar/confirmar presença de DAC, doenças das valvas, do miocárdio, dos vasos pulmonares, da aorta e cardiopatias congênitas complexas. • Angiotomografia: permite uma visualização tridimensional do coração - estruturas e artérias coronárias - de forma não invasiva. É indicada para pacientes assintomáticos com alto ou intermediários risco para DAC; pacientes com sintomas atípicos (dor torácica, dispneia, cansaço) e com intermediário/baixo risco de DAC; pacientes com teste de esforço não conclusivo. • Ressonância cardíaca: avalia o coração - estrutura e vasos – sem a utilização de radiação. É indicada para pesquisa de isquemia, cardiopatias, DAC e tumores cardíacos ou pericárdicos. Eduarda Possidônio Exames laboratoriais: • Marcadores de necrose miocárdica: são substâncias intracelulares liberadas na circulação sanguínea (começam a aumentar no sangue) na presença de alguma injúria miocárdica (alterações cardíacas). Os mais utilizados são as creatinoquinases (CK, CK-MB) e as troponinas I e T. CK-MB: se eleva de 4 a 6h após o infarto, pico entre 18 e 24h, normaliza em 48 a 72h. Vale ressaltar que a CK não é muito utilizada devido a sua baixa especificidade – qualquer alteração osteomuscular pode aumentar seu nível. Troponina I: se eleva 4 a 6h após início do IAM, pico em torno de 24h, normaliza em 10 dias ou mais. Os infartos sub-cardíacos (ocorrem nas camadas mais profundas do coração) não são acusados no ECG, por isso não causam onda Q muito negativa, nem supra de ST. • Proteína CReativa (PCR) de alta sensibilidade: é um marcado de inflamação do endotélio vascular, indicado pra estratificar o risco de SCA (>3 mg/L = alto risco; <1 mg/L = baixo risco). • Dímero - D: é um produto da degradação da fibrina – elevada em situações de hipercoagulabilidade (TEP, TVP, câncer, gestação, CIVD, idade, inflamações, traumas, pós-operatório, COVID-19). É um exame mais interessante quando é negativo, pois muitos fatores podem indicar um falso positivo. • BNP (Brain Natriuretic Peptide): marcador sérico da função do miocárdio produzido nos ventrículos. O aumento ocorre devido a elevações da pressão/distensão ventricular por ICC, ou seja, se os ventrículos dilatarem, o nível de BNP subirá - o que ocorre na ICC. É indicado para monitorizar, diagnosticar, prognosticar e direcionar o tratamento da ICC.
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