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2-Orientação pedagógica_ objetos de estudo, formação e atuação

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Orientação pedagógica: objetos de estudo, formação e
atuação
Profª. Daniela Pereira Vasques
Descrição
Orientação Pedagógica, aspectos fundamentais sobre objetos de estudo, formação e área de atuação na
contemporaneidade.
Propósito
Compreender o papel do orientador pedagógico e sua atuação na relação aluno-escola-família.
Preparação
Antes de iniciar seu estudo, pesquise as leis que fizeram a história da Orientação Educacional no país, em
especial o Decreto nº 72.846, de 26 de setembro de 1973, que regulamenta a Lei nº 5.564, de 21 de
dezembro de 1968, que provê sobre o exercício da profissão de orientador educacional. É muito interessante
que você conheça a legislação que regulamenta a profissão de orientador educacional. Outra lei importante
que deve ser sempre consultada é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que embasa a
Educação no país (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996). Por fim, tenha sempre à vista o Estatuto da
Criança e do Adolescente (Lei nº 8069, de 13 de julho de 1990), que serve de referência sobre os direitos e
deveres de crianças e adolescentes, o maior público da Educação Básica.
Objetivos
Objetivos
Módulo 1
Orientação pedagógica: objetos de estudo
Reconhecer os objetos de estudo e fundamentos da Orientação Pedagógica.
Módulo 2
Orientador Educacional: formação pro�ssional
Identificar a formação necessária para o exercício profissional da Orientação Educacional.
Módulo 3
Orientação e os desa�os pro�ssionais
Reconhecer a dimensão e importância da atuação do orientador educacional.
A Orientação Educacional é uma profissão reconhecida e regulamentada pelos órgãos oficiais.
Mesmo assim, essa função muitas vezes inexiste nas escolas do país. Sua atuação é de extrema
importância, que media as relações entre aluno-família-comunidade escolar. Deve ter o foco na
formação integral do aluno, inclusive com vistas ao mundo do trabalho. O orientador educacional
deve ter um olhar atento para perceber e identificar os problemas psicossociais que podem estar
afetando os alunos, influenciando-os em seu processo de aprendizagem, e fazer os
encaminhamentos necessários aos órgãos oficiais, quando for o caso. Deve também ter esse
mesmo olhar para orientar e auxiliar os docentes quando o aluno encontrar dificuldades,
despertando-os para uma ação mais coerente com os momentos de dificuldades e/ou problemas
não diagnosticados dos discentes.
Por todo o exposto, veremos neste conteúdo qual o objeto de estudo desses profissionais e como
eles se relacionam. Em seguida, veremos também como a Orientação Educacional se desenvolveu
no país e qual a formação necessária para ser um orientador, afinal, estamos abordando uma
profissão reconhecida e regulamentada. Por fim, abordaremos um pouco sobre a prática do
Introdução
1 - Orientação pedagógica: objetos de estudo
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os objetos de estudo e fundamentos da
Orientação Pedagógica.
Orientação pedagógica: objeto de estudo
Antes de entrar definitivamente no conteúdo, há que se fazer um esclarecimento necessário para a perfeita
compreensão do tema. Orientação Pedagógica ou Orientação Educacional? É a mesma coisa? E
Coordenação Pedagógica? Ainda hoje existe alguma confusão em relação à nomenclatura e isso pode gerar
complicações. Sistemas educacionais diferentes podem adotar terminologias diferentes, mas faz-se
necessário esclarecer qual a função de cada uma delas especificamente.
Qual a diferença entre Orientação Pedagógica, Orientação Educacional
e Coordenação Pedagógica?
Cada unidade escolar, independentemente da rede educacional a qual pertença, por exemplo, escolas
orientador educacional e o que efetivamente ele encontra no dia a dia de sua profissão.
públicas ou privadas, deve possuir um Projeto Político Pedagógico (PPP) que serve como diretriz daquela
unidade.
O PPP é a Constituição da escola.
Esse documento deve refletir as diretrizes norteadoras bem como os valores daquela instituição. Tal
documento deve ser constantemente revisado e atualizado por toda a equipe da unidade escolar, pois é o
resultado de uma construção coletiva, democrática e participativa. Para que isso de fato aconteça, esse
documento deve apresentar três pilares:
Proposta curricular
A proposta curricular deve especificar o que e como se ensina, as formas de avaliação de aprendizagem
adotadas, a organização do tempo, do espaço e dos recursos humanos da unidade escolar.
Formação de professores
A formação de professores deve estabelecer como a equipe vai se organizar para atender às necessidades
originadas a partir do processo educativo.
Gestão administrativa
A gestão administrativa deve viabilizar tudo para que os demais pilares funcionem a contento.
Em um modelo ideal de Projeto Político Pedagógico, as funções dos cargos da equipe diretiva (ou gestora) e
técnico-administrativa devem estar bem estabelecidas. Assim, dentro da equipe diretiva se encontram as
funções de coordenador pedagógico e orientador educacional ou orientador pedagógico.
Mas qual a diferença entre eles?
O coordenador pedagógico deve ser um mediador entre o currículo e os professores. Deve ter boa
Coordenador pedagógico 
capacidade de comunicação com a equipe docente para orientá-la quanto às propostas curriculares,
em consonância com as diretrizes pedagógicas e socioculturais da unidade escolar.
O orientador educacional é o profissional responsável pela formação cidadã dos alunos. É ele quem
deve zelar pelo desenvolvimento pessoal de cada aluno, apoiando-os em sua formação integral,
moral e ética. Deve auxiliar no desenvolvimento do projeto pedagógico da escola, com foco no
desenvolvimento integral do aluno. Por ter uma relação direta com os discentes, o orientador
educacional deve estabelecer uma relação próxima com o corpo docente da escola, a fim de
acompanhar o processo de aprendizagem dos alunos, identificando suas dificuldades e barreiras.
Assim, o professor deve se ocupar do currículo enquanto o orientador educacional deve se ocupar de
conteúdos atitudinais, também conhecido como currículo oculto.
A ação relativa ao cotidiano de mediação pedagógica escolar entre a equipe gestora e sua ponte
com a equipe pedagógica é a função típica do orientador pedagógico. Como já dissemos, algumas
as escolas tem todas as funções, mas não é incomum a acumulação.
Neste material vamos lidar com este coletivo de funções, entendendo seus papeis e atuações no ambiente
escolar.
Comentário
Em muitas unidades escolares, por não ter um profissional de Orientação Educacional em seu quadro, essa
função acaba recaindo sobre o coordenador pedagógico de forma incorreta. Contudo, para se assumir a
função de coordenador pedagógico, o professor não precisa ter nenhuma formação específica além da
graduação que ele já possui. Já o orientador educacional precisa ter formação específica, assunto que
abordaremos mais adiante.
Agora que já esclarecemos a diferença entre as funções pedagógicas dentro da equipe técnico-
administrativa da escola, vamos nos aprofundar na função da Orientação Educacional.
A Orientação Educacional e seu objeto de estudo
Orientador educacional 
Orientador pedagógico 
A Orientação Educacional e seu objeto de estudo
Como vimos, o orientador educacional é extremamente importante no processo educacional, pois seu
principal foco é a formação integral do aluno, e esse processo ocorre na relação com toda a comunidade
escolar. Sobre a Orientação Educacional, Martins (1984) afirma que:
A Orientação Educacional (OE) é um processo organizado e permanente que existe na escola. Ela
busca a formação integral dos educandos (esse processo é apreciado em todos seus aspectos,
tido como capaz de aperfeiçoamento e realização), por meio de conhecimentos científicos e
métodos técnicos. A Orientação Educacional é um sistema em que se dá por meio da relação de
ajuda entre orientador, aluno e demais segmentos da escola; resultado de uma relação entre
pessoas, realizada de maneiraorganizada que acaba por despertar no educando oportunidades
para amadurecer, fazer escolhas, se autoconhecer e assumir responsabilidades.
(MARTINS, 1984, p. 97)
Para desenvolver bem seu trabalho, é importante que o orientador educacional conheça a realidade em que
a escola está inserida, bem como a realidade de seus alunos. Isso porque sabemos que o processo de
aprendizagem é influenciado por essas características e experiências vividas pelos alunos.
Há alguns anos, acreditava-se que a aprendizagem acontecia somente dentro da escola. Hoje sabemos que
vários outros campos da vida do estudante influenciam nesse processo, como família, trabalho, meios de
comunicação, sociedade etc.
Diante de muitos problemas que acabam respingando na escola, mas que muitas vezes não são dela, o
orientador educacional tem sido cada vez mais requisitado e, por que não dizer, imprescindível na unidade
escolar. Problemas como conflito nas relações familiares, indisciplina, dificuldade de aprendizagem pelos
mais diversos motivos, entre outros, influenciam diretamente a formação do aluno. Como vimos, o objetivo
da ação do orientador educacional reside no desenvolvimento integral do aluno e, para isso, ele deve ter em
mente sua ação mediadora entre todos os membros da comunidade escolar e a sociedade, mas nem
sempre foi assim.
A Orientação Educacional acompanha as mudanças ocorridas na Educação.
Durante muito tempo, acreditou-se que a escola tinha a função de ensinar, e o aluno correspondia com sua
função de aprender.
Mas, se nessa lógica algo desse errado, a responsabilidade recaía toda sobre o aluno, ou seja, a falha
era do aluno, e não da escola nem do professor. Assim, acreditava-se que o aluno precisaria de um
acompanhamento mais próximo para sanar o problema que o estava impedindo de aprender.
Dentro desse contexto, aparecia a função do orientador, ou seja, ele seria o profissional responsável
por acompanhar esse aluno e descobrir o que o estava impedindo de cumprir sua função. Esperava-se,
portanto, que esse profissional fosse capaz de adequar o aluno ao sistema.
Com o passar do tempo, a Educação foi mudando e sofrendo influência de várias instâncias da sociedade,
principalmente da comunicação e das mídias sociais. Com isso, o aluno agora se percebe como sujeito de
sua própria história e responsável por seu processo de formação.
E a Orientação Educacional acompanha essa evolução, ampliando significativamente sua área de atuação,
respeitando o senso comum, prezando pelo conhecimento científico e reconhecendo que sua atuação só é
possível graças a uma teoria pedagógica que lhe possibilita desenvolver sua ação pedagógica (GRINSPUN,
2002). Segundo Grinspun (2008), a teoria corresponde ao pensamento, a partir de determinados
pressupostos, enquanto a prática corresponde a ações e resultados alcançados.
Existem muitas maneiras de compreender essa relação entre teoria e prática. Para Grinspun, referência
nacional quando se trata de Orientação Educacional, o educador deve considerar essa relação de três
diferentes formas.
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Na primeira, o educador deve estudar a teoria para depois efetuar sua prática.


Na segunda, a prática está relacionada à aplicação da teoria pedagógica, a partir de estudos realizados e
práticas relatadas.
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Na terceira, há uma integração entre teoria e prática. Nessa última, o educador deve desenvolver uma práxis
criadora, onde teoria (pensamento) e prática (ação) se tornam uma só, presentes no processo de
aprendizagem.
A evolução da Educação e a Orientação Educacional
nesse processo
Retomando um pouco essa questão da evolução da Educação, vale a pena fazer um breve retrospecto, pois
isso caracteriza exatamente a essência do objeto da Orientação Educacional atualmente.
Grinspun (2012) entende que cada linha teórica definiu, a seu tempo, o objeto e a ação do orientador dentro
da unidade escolar.
Libâneo (2018) destaca essas tendências educacionais correlacionando-as com as teorias críticas e não
críticas da Educação.
Segundo os autores, na educação tradicional, o problema ou a dificuldade da aprendizagem é sempre
relacionado ao aluno, desprezando as variáveis que podem interferir nesse processo. A orientação, então, é
vista com um viés terapêutico e psicológico, cujo objetivo é adequar esses alunos “problemáticos” ao
modelo desejado pela família, escola e sociedade.
Na educação renovada, o orientador é visto como o profissional responsável pelo
desenvolvimento cognitivo dos alunos a partir de testes específicos, de modo individualista e
afetivo, buscando facilitar as mudanças.
Na educação tecnicista, com sua ênfase nas técnicas, o orientador deve identificar aptidões
nos alunos, direcionado para o mercado de trabalho.
Na educação libertária, a principal função do orientador educacional é assessorar o professor
junto aos alunos. A Orientação Educacional está envolvida nas discussões sobre formas e
relações de poder com as classes trabalhadoras, contribuindo para uma formação consciente
de sua participação na sociedade.
Na educação libertadora, a principal função do orientador é levar os alunos a se perceberem
como sujeitos históricos. Questionar a relação do homem com a natureza e com seu
semelhante, buscando uma transformação, era o objetivo da Orientação Educacional nesse
período. Docente e discente são sujeitos no processo de ensino-aprendizagem, a partir de
uma perspectiva política, constituindo, assim, um fundamento da Educação.
Na educação crítico-social dos conteúdos, a Educação deve preparar o aluno para o mundo e
suas contradições, por meio de conteúdos e socialização. Assim, a função da Orientação
Educacional nesse período era valorizar as experiências do aluno, conduzindo-o na busca por
sua autonomia, auxiliando-o na compreensão de realidades sociais como sujeito de sua
história.
A educação construtivista acredita que todo conhecimento se origina de uma prática social,
como uma construção coletiva. Dessa forma, a Orientação Educacional teria como função
promover meios para que o aluno possa adquirir conhecimento.
É possível concluir que a Orientação Educacional acompanhou a evolução teórico-prática da Educação,
sempre com foco no aluno e sua relação com o conhecimento e a aprendizagem, sendo esse seu principal
objeto de estudo. Atualmente, a Orientação Educacional tem como foco a dimensão coletiva que favorece o
desenvolvimento integral do aluno.
Dessa forma, o principal objeto de estudo do orientador educacional reside nas relações entre o homem, a
natureza, o mundo do trabalho, a escola, a sociedade e a vida, ou seja, todas as relações que permeiam a
vida dos discentes. Em outras palavras, o orientador educacional da atualidade deve ter suas ações
direcionadas para a integração entre teoria e prática, abarcando os aspectos cognitivos, partindo do
cotidiano escolar para a realidade do aluno.
Concluímos este módulo ressaltando que a razão de ser da escola e da própria educação é o aluno, sendo
este o centro dos estudos da orientação educacional.
Entre a teoria e a prática
Neste vídeo, o professor Rodrigo Rainha desenvolve o assunto estudado, abordando os principais tópicos
do conteúdo.

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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
Qual a diferença entre Orientação Pedagógica, Orientação Educacional e Coordenação Pedagógica?
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
A evolução da Educação e a Orientação Educacional nesse processo.
Todos
Módulo 1 - Video
Entre a teoria e a prática
Módulo 2 - Video
Orientador educacional e a inclusão
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?

 Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 
Questão 1
Podemos afirmar que atualmente o principal objetivo da ação da Orientação Educacional deve ser
A o desenvolvimento integral do aluno
A o desenvolvimento integral do aluno.
B o atendimento exclusivo aos alunos considerados problemáticosna escola.
C
a investigação sobre as causas psicológicas e/ou sociais que impedem o correto
desenvolvimento da aprendizagem do aluno, emitindo laudo e encaminhando-o para os
profissionais adequados.
D adequar e enquadrar o aluno ao sistema educacional vigente.
E
o atendimento aos professores, orientando-os sobre as dificuldades dos alunos com
problemas de aprendizagem e dando sugestões de como agir em sala de aula com esses
alunos.
Parabéns! A alternativa A está correta.
Ao longo da história da Orientação Educacional no país, ela teve diversos objetivos, de acordo
com cada momento histórico. Atualmente, como uma evolução histórica, entende-se que a
Orientação Educacional atua sempre em relação com toda a comunidade escolar, resguardando
os direitos discentes e protegendo-os de tudo aquilo que for identificável que possa atrapalhar
seu processo de aprendizagem. Por isso essa atuação tão ampla da Orientação Educacional.
Questão 2
Ao realizar uma abordagem das tendências pedagógicas, Libâneo afirma que determinada tendência
entende que a Orientação Educacional teria como função principal a valorização das experiências do aluno,
favorecendo o protagonismo e colocando-o como autor da própria história. Essa descrição se refere à qual
tendência educacional?
A Educação renovada.
B Educação libertária.
2 - Orientador Educacional: formação pro�ssional
C Educação libertadora.
D Educação construtivista.
E Educação crítico-social dos conteúdos.
Parabéns! A alternativa E está correta.
A tendência educacional educação crítico-social dos conteúdos defende a preparação dos alunos
para o mundo que os espera, com suas dificuldades e contradições, a partir da socialização e dos
conteúdos. Dessa forma, nessa tendência, o papel da Orientação Educacional deve ser o de
valorizar as experiências dos alunos, auxiliando-os na busca de sua autonomia e colocando-os
como protagonistas de suas próprias histórias.

2 - Orientador Educacional: formação pro�ssional
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car a formação necessária para o exercício
pro�ssional da Orientação Educacional.
Orientação pedagógica: formação
Como vimos no módulo anterior, o orientador educacional é um profissional integrante da equipe de gestão
da unidade escolar. Ele é integrante do grupo de profissionais do magistério, embora sua função muitas
vezes se relacione com outros grupos que podem ou não atuar na escola, como psicólogos, assistentes
sociais etc. Sua ação está diretamente relacionada com os alunos, com sua formação integral. Mas para
que possa exercer a contento essa função, ele também precisa estabelecer relações de parceria com:
Os professores, a fim de conhecer o comportamento dos alunos para ajudá-los adequadamente, com a
escola para auxiliar no desenvolvimento da proposta pedagógica.
A comunidade, especialmente com os pais, numa relação dialógica, com o objetivo final de ajudar o
desenvolvimento dos alunos.
Historicamente, os cursos de Pedagogia são os responsáveis por formar profissionais ligados ao exercício
de funções inerentes à gestão educacional:
Administradores escolares
Orientadores educacionais
Supervisores de ensino
Origem da Orientação Educacional
A Orientação Educacional teve origem, segundo Pimenta (1988), na década de 1930, nos Estados Unidos,
com foco na orientação profissional. No Brasil, de acordo com Grinspun (2012), a Orientação Educacional
aparece na década de 1940 também com um foco na ajuda ao adolescente em suas escolhas profissionais.
Destacamos que a primeira menção que se faz no país ao cargo de orientador de estabelecimentos de
ensino público ocorreu a partir do Decreto nº 17.698, de 1947, referente às escolas técnicas e industriais.
Segundo Grinspun (2012), o desenvolvimento da Orientação Educacional no Brasil pode se caracterizar por
um processo histórico. A autora sugere seis períodos distintos desse desenvolvimento. Vamos conhecê-
los?
Período Implementador (1920-1941)
É nesse período que a Orientação Educacional começa a aparecer no cenário brasileiro.
Nesse primeiro momento, ela é associada à formação profissional, com foco em seleção e
escolha profissional.
Período Institucional (1942-1960)
Nesse período, acontece a exigência legal da Orientação Educacional nas unidades escolares.
Segundo Pimenta (1988), as Leis Orgânicas do Ensino referentes ao período de 1942 a 1946
fazem alusão à Orientação Educacional. Nessa época, não havia cursos especiais de
orientação educacional, o que levou ao preenchimento dos cargos pelos chamados "técnicos
de educação", muitas vezes selecionados por critérios duvidosos.
Período Transformador (1961-1970)
Com a promulgação da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961, a Orientação aparece com
caráter educativo Nesse período também ocorre a exigência de profissionalização dos
Do ponto de vista da formação, a profissão de orientador educacional possui um histórico de mudanças que
acompanha a evolução da sociedade e da educação.

Como vimos, ela aparece com um caráter educativo em 1961, com a promulgação da Lei nº 4.024.
caráter educativo. Nesse período, também ocorre a exigência de profissionalização dos
profissionais que atuam nessa área, a partir da promulgação da Lei nº 5.540, de 28 de
novembro de 1968. Essa década foi muito profícua para a Orientação Educacional, pois foi o
momento em que a Educação era vista como a responsável pelo desenvolvimento do país.
Período Disciplinador (1971-1980)
A promulgação da Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971, institui a obrigatoriedade da
Orientação Educacional atrelada ao aconselhamento vocacional, incluindo professores,
família e comunidade.
Período Questionador (década de 1980)
Esse período se caracteriza pelos questionamentos aos quais a Orientação Educacional foi
submetida, tanto do ponto de vista de sua atuação quanto da formação dos profissionais que
atuavam nessa área. Essa década foi responsável por grandes transformações que
repercutiram na educação, na escola e, consequentemente, na própria orientação.
Período Orientador (a partir de 1990)
É a partir desse período que a necessidade do aluno é colocada em primeiro plano, a partir da
escuta atenta de todas as vozes da escola.
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Já em 1968, com a promulgação da Lei nº 5.540, surge a obrigatoriedade de formação em nível superior
para o exercício da profissão.
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Ainda em 1968, a Lei nº 5.564 regulamenta o exercício da profissão de orientador educacional.
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Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases para o ensino de 1º e 2º graus, em 1971, a Orientação
Educacional tornou-se obrigatória.
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Com o exercício da profissão e a obrigatoriedade do mesmo, em 1973 foi publicado o Decreto nº 72.846,
regulamentando o exercício da profissão de orientador educacional.
Atualmente, a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em seu artigo 64, prevê que:
A formação de profissionais de educação para administração, planejamento,
inspeção, supervisão e orientação educacional para a Educação Básica, será
feita em cursos de graduação em Pedagogia ou em nível de pós-graduação, a
critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum
nacional.
(BRASIL, 1996)
Por fim, destacamos que a profissão de orientador educacional aparece listada no hall de profissões da
Classificação Brasileira de Ocupações do Ministério do Trabalho.
Como vimos, legalmente falando, a formação do orientador educacional exige graduação em Pedagogia ou
pós-graduação em Orientação Educacional, conforme a LDB no artigo supracitado. Dessa forma, com
graduação em qualquer área mais pós-graduação em Orientação Educacional, qualquer docente pode
exercer a função do orientador educacional como servidor público, em qualquer sistema de ensino, desde
que o perfil de entrada seja definido por meio de edital ou documento equivalente.
Assim, o especialista em Educação com a habilitação em Orientação Educacional, entre outras, que era
exclusividade dos cursos de graduação em Pedagogia,caiu em 2006, ampliando-se a abertura da profissão
para as demais licenciaturas.
Só a formação acadêmica é su�ciente para se
desenvolver o ofício de orientador educacional?
Além da formação acadêmica, necessária e obrigatória para atuação nessa área, é de extrema importância
que o orientador educacional busque capacitações que colaboram para o bom desenvolvimento da sua
atividade. Sem dúvida, a escola é um local muito importante na vida do aluno, pois é lá que ele se
desenvolve como cidadão.
E a função do orientador é vital para o desenvolvimento dos alunos e para a boa
relação entre eles, professores e comunidade.
Ressaltamos que o orientador educacional possui as mesmas preocupações que os professores,
guardando as especificidades de cada área. Assim como o professor tem suas preocupações voltadas para
suas áreas específicas, o orientador também as tem, colaborando na construção da subjetividade dos
alunos.
Ele precisa estar ligado ao corpo docente para entender todos os aspectos de sua área de atuação.
Ou seja, o orientador é um especialista da educação, e seu compromisso envolve toda a educação que
acontece dentro de uma unidade escolar. Ele é, antes de tudo, um educador.
Observando atentamente o artigo 64 da LDB da Educação (Lei nº 9394/1996), e olhando um panorama de
formação no país, percebemos que, de forma geral, atualmente, os orientadores educacionais estão mais
formados no âmbito da pós-graduação do que da graduação, o que nos permite afirmar que se trata de um
especialista da área da Educação.
Existem atualmente no Brasil várias Associações de Orientação Educacional. Essas entidades têm papel
extremamente importante, especialmente no que diz respeito à divulgação de cursos de capacitação,
formação continuada e congressos nessa área.
As palavras de Grinspun (2012) justificam a necessidade constante de formação, capacitação e atualização
desse profissional:
Muito há que se fazer na escola e o orientador educacional é um profissional que, trabalhando com
a questão dos valores, com a pessoa humana, colaborará na formação desse aluno, desse sujeito
social, que vive a história do seu tempo, mas protagoniza a sua própria história como ator principal.
Não basta dar-lhes as ferramentas para viver esse tempo, mas discutir, analisar, refletir sobre suas
ferramentas a partir do próprio contexto social e a devolução que a ele se dará a partir do próprio
compromisso com a sociedade.
(GRINSPUN, 2012, p. 208)

Como vimos, a Educação evolui constantemente, e a Orientação Educacional deve sempre acompanhar
essa evolução, atualizando-se e capacitando-se sempre, a fim de atender cada vez melhor àqueles que são
objetos de sua atuação, ou seja, alunos, professores e comunidade escolar.
A Orientação Educacional e a inclusão
Qual o papel da Orientação Educacional quando tratamos de inclusão? Precisamos lembrar que, de acordo
com a LDB/1996 e as diretrizes de inclusão na educação brasileira, a educação é um direito fundamental,
todos têm direito.
A escola não pode negar a matrícula de um aluno que tenha necessidades especiais ou necessidades
educacionais especiais.
É direito desses alunos o acesso à escolarização, à sociabilização e ao suporte para seu
desenvolvimento, e cabe às instituições criar condições e suportes para que isso seja atingido.
As escolas podem – e é aconselhável que mantenham núcleos de Atendimento Educacional Especializado
– constituir espaços de suporte aos alunos, passando por suporte psicopedagógico, intérprete, avaliações
diferenciadas, entre outros aspectos que não são o centro de nosso olhar.
Existe, nesse ponto, um importante papel a ser desenvolvido pelo orientador educacional. Como agente
primordial da integração entre a escola e a comunidade, cabe a ele ser agente central no processo de
inclusão, não somente no ambiente escolar, mas na troca e na conscientização da comunidade do suporte e
na construção da inclusão efetiva como um valor de cidadania.

Nesse sentido, cabe ao orientador pedagógico trazer a ponte entre as estratégias de aprendizagem a serem
adaptadas, de forma a auxiliar professores no sentido do que precisam organizar para fomentar a
aprendizagem, estruturar e promover junto aos alunos ações que fortaleçam o laço, sendo ponto de
aprendizado para o corpo de alunos na construção de uma sociedade mais equilibrada e inclusiva.
Cabe ao orientador educacional contribuir nas estratégias de suporte, direcionamento e diálogo, mostrando
que a inclusão não atrapalha, mas sim permite o crescimento e a melhoria da própria condição de sujeito e
o fortalecimento da cidadania.
Vamos pensar mais sobre isso?
Orientador educacional e a inclusão
Neste vídeo, a professora Daniela Pereira Vasques apresenta uma explicação conceitual e um exemplo que
remetem à ideia de como o orientador educacional dialoga com aspectos práticos como a educação.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
Só a formação acadêmica é su�ciente para se desenvolver o ofício de Orientador Educacional?

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Módulo 2 - Vem que eu te explico!
A Orientação Educacional e a inclusão.
Todos
Módulo 1 - Video
Entre a teoria e a prática
Módulo 2 - Video
Orientador educacional e a inclusão
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
 Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 
Questão 1
A Orientação Educacional no Brasil passou por vários períodos históricos importantes, desde sua chegada
ao país, na década de 1940. O período histórico no qual ocorreu a exigência de formação profissional para
todos os que pretendessem atuar como orientadores educacionais corresponde ao
A Período Institucional (1942-1960).
B Período Transformador (1961-1970).
C Período Disciplinador (1971-1980).
D Período Questionador (década de 1980).
E Período Orientador (a partir da década de 1990).
Parabéns! A alternativa B está correta.
Até o Período Transformador não havia nenhuma exigência de formação para quem atuava como
orientador educacional. Normalmente, esse cargo era exercido pelos chamados “técnicos de
educação”. Com a promulgação da Lei nº 5.540, em 28 de novembro de 1968, surge a
obrigatoriedade de formação profissional para atuar como orientador educacional. O Período
Transformador foi um período muito rico para a Orientação Educacional, promovendo muitos
avanços para a área.
Questão 2
Considerando o artigo 64 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9394/96), sobre a
formação do orientador educacional, podemos afirmar que
A a formação docente deverá incluir prática de ensino de, no mínimo, 180 horas.
B
a preparação para o exercício do orientador educacional deverá obrigatoriamente contar
com curso em nível de pós-graduação, prioritariamente em programas de mestrado e
doutorado.
C
a formação de profissionais de educação na área de Orientação Educacional para a
Educação Básica deverá ser feita em cursos de graduação em Pedagogia ou em nível de
pós-graduação.
D o notório saber, reconhecido por universidade com curso de doutorado em área afim,
3 - Orientação e os desa�os pro�ssionais
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a dimensão e importância da atuação
do orientador educacional
Orientação pedagógica: atuação
poderá suprir a exigência do curso de graduação em Pedagogia.
E
a formação dos profissionais para atuar como orientador educacional deverá ser feita por
meio de cursos de conteúdo técnico-pedagógico, em nível médio.
Parabéns! A alternativa C está correta.
A formação de profissionais de educação na área de Orientação Educacional para a Educação
Básica deverá ser feita em cursos de graduação em Pedagogia ou em nível de pós-graduação.

Orientação pedagógica: atuação
Como vimos no módulo anterior, a formação do orientador passou por diferentes períodos no contexto
histórico. E, naturalmente, sua atuação também foi sendo modificada, acompanhando as alteraçõesteóricas, durante esses períodos.
Momentos importantes na atuação do orientador
educacional
No primeiro momento, a atuação do orientador educacional era centrada apenas no aluno, concentrada no
desenvolvimento de sua personalidade. Nesse momento, a ênfase partia de pressupostos psicológicos, e
Rogers era o nome de referência teórica predominante na atuação dos orientadores.
Havia necessidade de adaptação do sujeito, no caso, o aluno, ao meio. Em outras palavras, a
orientação educacional devia pensar no homem certo para o lugar certo.
Nesse momento, sucesso e fracasso dependiam unicamente do sujeito e, nesse sentido, a atuação do
orientador devia estar voltada para a promoção do autoconhecimento do aluno.
Nessa fase, ocorriam as aplicações dos testes de aptidão e interesses, análise dos resultados, elaboração
de perfis das turmas etc. Esse momento é caracterizado pela atuação do orientador educacional a partir da
utilização de técnicas já utilizadas no campo da Psicologia.
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No segundo momento, a atuação do orientador educacional era centrada no professor e na escola. Nesse
momento, o orientador é visto como um assessor do professor e um prestador de serviço da escola.
O professor devia conhecer seu aluno mais profundamente e cabia ao orientador auxiliar o professor
nesse conhecimento. O professor devia levar o aluno ao autoconhecimento e cabia ao orientador
assessorar o professor nesse processo.
Em relação à escola, o orientador devia atuar em atividades mais burocráticas, como auxiliar no
período de matrícula, fazer a enturmação dos alunos, preparar e montar o horário escolar até questões
mais pedagógicas, como preparação do projeto político-pedagógico da escola e desenvolvimento de
currículo.
Atualmente, está em curso a construção de uma nova prática da Orientação Educacional, cujo foco é a
construção coletiva, com o aluno, de condições facilitadoras para seu desenvolvimento integral. Nos
momentos anteriores, existiam técnicas para a atuação do orientador. Não que elas não sejam importantes,
mas há que se buscar técnicas mais interativas, em que todas as dimensões do ser sejam consideradas.
O orientador deve compreender o aluno do ponto de vista cognitivo, comportamental, afetivo, social. É
preciso ter em mente que se busca o desenvolvimento integral do aluno.
Isso inclui o acompanhamento do discente em todas as áreas, desde suas relações pessoais que
perpassam a escola, ou seja, suas relações com todos os membros da comunidade escolar, incluindo
a família, até seu processo de aprendizagem, passando, inclusive, pelas avaliações e pela recuperação
de estudos.
Por isso, esse profissional deve estar atento às resoluções, aos decretos e às portarias publicados
pelas Secretarias de Educação de cada estado e/ou município onde atua, sobre os direitos e os
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deveres dos alunos no que se refere ao processo avaliativo.
Exemplo
No estado do Rio de Janeiro, temos a Portaria SEEDUC/SUGEN nº 419, de 27 de setembro de 2013, que
estabelece as normas de avaliação e desempenho escolar. Essa portaria assegura os direitos dos alunos
em relação ao processo avaliativo, e o orientador educacional deve estar atento para saber se a unidade
escolar ou o corpo docente estão cumprindo o que determina a portaria.
A atuação do orientador educacional na
contemporaneidade
O orientador educacional deve manter uma relação com todos os atores da escola. Isso é importante
também porque sua atuação abrange diferentes esferas e, portanto, ele deve:
[...] buscar os meios necessários para que a escola cumpra seu papel de
ensinar/educar, promovendo as condições básicas para formação da cidadania
de nossos alunos.
(GRINSPUN, 2011, p. 55)
Em outras palavras, a autora quer dizer que cabe ao orientador educacional possibilitar a formação integral
dos estudantes como cidadãos, educando-os pelos direitos humanos e pela diversidade, resguardando a
função social e política da educação.
Ao abordarmos a atuação do orientador educacional, não devemos perder de vista que ele é, antes de
qualquer coisa, um educador. Dessa forma, seu trabalho está diretamente relacionado à atuação
pedagógica dentro da escola. Assim, ele deve ter:
[...] caráter mediador junto aos demais educadores, atuando com todos os
protagonistas da escola no resgate de uma ação mais efetiva e de uma
educação de qualidade nas escolas.
(GRINSPUN, 2011, p. 35)
Portanto, podemos concluir que o papel do orientador educacional é bastante complexo, pois, a partir de
uma relação de mediação entre todos os atores da escola, deve buscar desenvolver um espaço de
desenvolvimento e formação humana integral para os discentes.
Assim como seu papel, a atuação do orientador educacional não é diferente. Ela deve integrar as
diferentes esferas existentes na escola, relacionando saberes e ações em favor da formação plena do
aluno.
Nesse cenário, onde ele deve ser o mediador entre o aluno e o meio social, o orientador deve promover
o diálogo em torno dos problemas atuais, que fazem parte do contexto sociopolítico, econômico e
cultural em que todos estão inseridos.
Por meio da problematização, ele pode e deve levar o aluno ao desenvolvimento de uma consciência crítica.
Dito isso, o papel de orientador educacional nesse cenário é fundamental, pois é ele quem encaminha a
escola em direção ao cumprimento de sua função primordial de educar para a cidadania.
O que o orientador educacional faz na prática no dia a

O que o orientador educacional faz na prática, no dia a
dia?
As atividades principais referem-se a atendimento a pais, alunos e professores, assim como assessoria à
equipe pedagógica e direção. Dessa forma, percebemos que o trabalho do orientador educacional se dá, em
essência, a partir de um processo dialético, uma vez que suas ações podem influenciar, especialmente, os
alunos. Na prática, suas principais ações estão relacionadas à mediação de conflitos nas relações entre
professores e alunos, alunos e alunos, professores e família, e entre professores. Também oferece os
seguintes atendimentos:
Atividade discursiva
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Exibir Solução
Como é possível observar, o trabalho do orientador educacional ultrapassa os muros da escola e se
1
Atendimentos individuais.
2
Orientação aos pais.
3
Articulação entre família e
escola.
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desdobra para outras áreas.
Quando se trata de atendimentos relativos à violência doméstica e familiar, ao abuso sexual, entre outros
casos, apesar de detectados na escola, não cabe a ela a solução dessas questões, apesar de todos esses
fatos atrapalharem sensivelmente o processo de aprendizagem. Portanto, há que se proceder o
encaminhamento aos órgãos competentes, buscando apoio e parceria dessas áreas.
Em função de todas essas atividades, é de suma importância que o orientador educacional tenha contato
constante com os órgãos oficiais de atendimento.
A atuação do orientador educacional deve ser pautada por princípios éticos. Portanto, todo e qualquer
atendimento, independentemente de sua natureza, constitui informações confidenciais que devem ser
preservadas e arquivadas em segurança, sendo divulgadas apenas em caso de necessidade ou solicitação
legal, de acordo com o Código de Ética dos Orientadores Educacionais do Brasil, publicado no Diário Oficial
da República Federativa do Brasil de 05 de março de 1979 e outras legislações que se seguiram a essa,
como o Estatuto da Criança e do Adolescente, que resguarda a integridade física, moral e intelectual dos
menores.
Realizar a missão da Orientação Educacional não é fácil. Muitas são as questões que dificultam ainda mais
seu desenvolvimento. Entre essas dificuldades, destacamos as mais recorrentes:
Órgãos o�ciais de atendimento
São órgãos como Conselhos Tutelares, Centro de Referência de Assistência Social, Unidades Básicas de
Saúde, Centros de Atenção Psicossocial, Clínicas da Família e outros, dependendo da região em que se
encontram.
Famílias desestruturadas e ausentes;
Falta de adesão dacomunidade escolar ao projeto da orientação;
Dificuldade dos professores em identificar problemas e encaminhar os alunos para a Orientação;
Falta de equipamentos e recursos para a realização do trabalho;
Demora nas respostas dos órgãos públicos competentes, quando encaminhado algum caso específico,
entre outras.
Saber lidar com essas dificuldades e encontrar meios para superá-las também faz
parte da atuação do orientador educacional.
Apesar de todas as dificuldades elencadas acima, vale destacar que a atuação do orientador educacional é
de suma importância para o desenvolvimento integral do aluno. E para colaborar da melhor forma, o
orientador precisa compreender o desenvolvimento cognitivo do aluno, bem como seus sentimentos, suas
emoções, seus valores e suas atitudes.
E quando falamos de formação integral, nos referimos também ao mundo externo, ao extramuros da
escola.
O orientador deve possibilitar aos discentes atividades de reflexão, rodas de conversa, entre outros,
sobre o mundo do trabalho e a vida após a escola, suas opções e escolhas.
A atuação do orientador em tempos de ensino remoto
A pandemia de covid-19 que se abateu sobre o mundo no ano de 2020, estendendo-se por 2021, obrigou
muita gente a permanecer em isolamento social com o objetivo de minimizar a transmissão do vírus mortal.
A escola não ficou indiferente a essa situação e permaneceu por quase dois anos em ensino remoto de
emergência, ou seja, toda atividade pedagógica devia ser realizada por meio de mediação tecnológica.
Essa situação expôs as gritantes diferenças sociais existentes na sociedade.
Muitos alunos não tinham aparelhos compatíveis com as atividades propostas em ambientes virtuais de
aprendizagem. Outros tantos ficaram sem conexão com a internet para interagir com professores e colegas.
Além disso, muitos responsáveis perderam seus empregos e as dificuldades financeiras bateram à porta
enquanto o ano letivo estava a todo vapor.
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Muitos alunos permaneceram afastados das escolas por longo tempo devido a decretos oficiais, enquanto
aguardavam soluções que pudessem minimizar os problemas sociais e de saúde pública. Cada um teve
uma experiência diferente nesse momento histórico.
Essa alteração forçada de metodologia trouxe mudanças para todos.
Pais e �lhos passaram a conviver mais de perto e por mais tempo.
A sala de aula passou a ser exercida na sala de casa por meio das
telas dos dispositivos móveis.
Muitas questões sociais ganharam maior notoriedade. E com isso a atuação do orientador educacional
nunca foi tão solicitada e necessária, especialmente no que diz respeito às questões intrínsecas às relações
parentais. Nesse período, muitas dificuldades nessas relações vieram à tona, motivadas por fatores alheios
à escola, mas que influenciam significativamente o processo de aprendizagem em um período histórico tão
delicado.
Re�exão
Além de todos os problemas que o isolamento social, necessário à contenção da doença, trouxe para a vida
dos alunos, o uso de mediação tecnológica, quando não preparada ou sem o devido planejamento, pode
servir como uma extensão da sala de aula presencial, sem as adequações necessárias, causando
desengajamento e desânimo por parte dos alunos e aumentando os índices de evasão e infrequência.
Mas infrequência em ensino remoto? Sim.
A frequência é contabilizada pelas entregas virtuais de atividades feitas pelos alunos nas plataformas
adotadas pelos sistemas de ensino. Naqueles casos em que os alunos não possuem condições de conexão,
são feitas entregas físicas de apostilas e atividades sem nenhuma orientação do professor, que continua
virtual.
Como é possível imaginar, muitos alunos sentiram dificuldades imensas de adaptação às atividades
remotas bem como em sua própria vida pessoal. Portanto, é fundamental que o orientador educacional
acompanhe ainda mais de perto os alunos. Aplicativos de mensagem instantânea, linhas de transmissão da
unidade escolar com alunos e responsáveis, contato frequente do orientador com professores para
identificar possíveis problemas de qualquer natureza e encaminhamento precoce aos serviços oficiais de
atendimento, quando necessário, tudo isso são ferramentas que podem auxiliar o orientador em sua
atuação.
Vamos resumir?
Neste vídeo, a professora Daniela Pereira Vasques remonta aos principais pontos do módulo.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 3 - Vem que eu te explico!
Momentos importantes na atuação do Orientador Educacional.


Módulo 3 - Vem que eu te explico!
O que o Orientador Educacional faz na prática, no dia a dia?
Todos
Módulo 1 - Video
Entre a teoria e a prática
Módulo 2 - Video
Orientador educacional e a inclusão
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
 Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 
Questão 1
Podemos afirmar que a atuação da Orientação Educacional
A
é comprometida somente com o aluno. O professor, o currículo e a escola não são
responsabilidade da orientação.
B
é uma atividade comprometida com a organização da escola, mas que também deve ter
em vista suas relações com a sociedade em que está inserida.
C
incorpora aspectos da ética, da ciência e da educação, mas não se compromete com a
formação de conceitos e bases teóricas, uma vez que são desnecessários à compreensão
dessa prática.
D
tem o objetivo de ajudar o aluno no seu desenvolvimento, desconsiderando o contexto em
que ocorre esse processo, bem como as relações que nele se estabelecem.
E
está indiretamente relacionada à questão da ética, uma vez que não se compromete com
a questão dos valores, sendo a pessoa humana o seu valor primordial.
Parabéns! A alternativa B está correta.
Atualmente, a Orientação Educacional tem o propósito do desenvolvimento integral do aluno.
Dessa forma, conhecer todo o contexto que envolve o aluno é importante para que o orientador
possa exercer sua função dentro do que é esperado desse profissional.
Questão 2
Se durante um atendimento de rotina na unidade escolar o orientador educacional perceber que o aluno está
sendo vítima de violência doméstica, ele deve
A orientar o aluno a procurar ajuda, sem se envolver no caso.
B
ir até a delegacia mais próxima da unidade escolar e lavrar um boletim de ocorrência,
visando garantir a vida e a segurança do aluno.
C
comunicar à família e lavrar boletim de ocorrência na delegacia mais próxima para
resguardar os direitos do aluno.
D
comunicar a todo corpo docente da unidade escolar, expondo a situação do aluno a fim de
que todos fiquem atentos a novas ocorrências de violência contra o estudante.
Considerações �nais
Como vimos, a função da Orientação Educacional é de suma importância para o sistema educacional
brasileiro e para os alunos.
O profissional dessa área deve ter sensibilidade e atenção nas relações estabelecidas dentro e a partir da
escola, sobretudo no que se refere ao aluno. Esse profissional deve participar ativamente da construção do
projeto político pedagógico das unidades escolares, auxiliando-as em sua organização e execução desse
projeto. Ele deve, igualmente, atuar em proximidade com docentes, equipe diretiva e equipe pedagógica,
para que identifiquem qualquer necessidade que o estudante apresente. Ademais, deve ter uma relação
estreita com os órgãos oficiais que resguardam os direitos dos alunos, especialmente com os Conselhos
Tutelares, atores importantes nesse processo de proteção dos discentes.
Lembramos que a principal função do orientador educacional reside no desenvolvimento integral do aluno
como pessoa, como cidadão crítico. Abrir seus olhos para as possibilidades futuras, para além da escola,
faz parte desse processo. Por isso, é importante que toda unidade escolar conte com um orientador
educacional. A presença desse profissional no ambiente escolar faz toda a diferença na formação do aluno.
E
encaminhar o caso aos órgãos competentes, pois não é responsabilidadeda escola nem
do orientador educacional a solução desse tipo de problema.
Parabéns! A alternativa E está correta.
Atualmente, a Orientação Educacional tem o propósito do desenvolvimento integral do aluno.
Dessa forma, conhecer todo o contexto que envolve o aluno é importante para que o orientador
possa exercer sua função dentro do que é esperado desse profissional.
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Podcast
Neste podcast, o professor Rodrigo Rainha faz um balanço sobre observação escolar.
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Referências
CANDAU, V. M. et al. Educação em direitos humanos e a formação de professores(as). São Paulo: Cortez,
2014.
GOMES, M. M; GRINSPUN, M. P. S. Z. Orientadores educacionais em ação: novos tempos, novos rumos. Rio
de Janeiro: Wak, 2018.
GRINSPUN, M. P. S. Z. Autonomia e ética na escola: o novo mapa da educação. São Paulo: Cortez, 2014.
GRINSPUN, M. P. S. Z. A orientação educacional: conflito de paradigmas e alternativas para a escola. 5. ed.
São Paulo: Cortez, 2011.
GRINSPUN, M. P. S. Z. (Org.). A prática dos orientadores educacionais. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2012.
LIBÂNEO, J. C. Pedagogia e pedagogos, para quê? 12. ed. São Paulo: Cortez, 2018.
LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão da Escola: teoria e prática. 6. ed. Revista e Ampliada. São Paulo:
Heccus, 2013.
MARTINS, J. do P. Princípios e métodos da orientação educacional. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1984.
PIMENTA. S. G. O pedagogo na escola pública. São Paulo: Cortez, 1988.
PIMENTA. S. G. A orientação educacional e o planejamento. In: NEVES, M. A. M. (Org.). A orientação
educacional: permanência ou mudança? Rio de Janeiro: Vozes, 1986.
Explore +
Indicamos a leitura de uma dissertação de mestrado muito interessante sobre a percepção dos professores
acerca da atuação dos orientadores educacionais em uma escola da rede particular de São Paulo.
As percepções de educadores sobre a atuação do orientador educacional de uma rede de ensino particular,
de Lenita Kaufmann, na Plataforma Sucupira.
Sugerimos também uma pesquisa no Catálogo de Teses e Dissertações da Capes. Há muitos trabalhos
interessantes relativos a essa área já publicados.
Por fim, sugerimos que pesquise artigos em revistas especializadas sobre o tema. Além disso, o estado do
Rio Grande do Sul possui uma Associação de Orientadores Educacionais (AOERGS) muito bem estruturada
e com muito material disponível para pesquisa, além de divulgação de eventos relacionados à área. Vale a
pena conferir!
Pesquise a Portaria SEEDUC/SUGEN nº 419, de 27 de setembro de 2013, que estabelece as normas de
avaliação e desempenho escolar.
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