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A equipe pedagógica: realidades e perspectivas Profª. Solange Castellano Descrição Reflexão sobre a lógica multidisciplinar em uma equipe pedagógica, seus principais desafios nas diferentes escolas e as possibilidades de seu enfrentamento no processo de ensino-aprendizagem. Propósito O relacionamento da lógica multidisciplinar em ações de uma equipe pedagógica com o diálogo necessário aos desafios das realidades do/no/com o processo de ensinar-aprender nos cotidianos das diversas escolas. Objetivos Módulo 1 A lógica multidisciplinar Reconhecer a lógica multidisciplinar como possibilidade em potencial para composição e atuação da equipe pedagógica no cotidiano das escolas. Módulo 2 A presença e atuação da equipe pedagógica Identificar a presença dos diferentes profissionais da gestão do processo de ensino-aprendizagem. Módulo 3 Principais desa�os da equipe pedagógica em diversas escolas Discriminar de forma crítica os principais desafios da equipe pedagógica nas realidades das escolas. No estudo do cotidiano, em especial o processo de ensino-aprendizagem nas escolas, o conhecimento toma lugar de destaque. O conhecimento não se restringe apenas aos saberes historicamente acumulados que fazem parte dos currículos escolares e as formas de criação dos saberes são perpassadas por lógicas e desafios constantes. Pensando na conexão de ações multidisciplinares para minimizar os desafios enfrentados pelos profissionais que atuam em espaços educativos, uma equipe pedagógica multidisciplinar pode desenvolver uma reflexão e provocar discussões sobre os fazeres em diferentes escolas. Começando com o convite a partir de um dos olhares, com perspectiva emancipatória, desenvolve-se nestes módulos a lógica da noção multidisciplinar, a presença da equipe pedagógica, sua composição e os principais desafios em diferentes escolas. Pretende-se romper com a escola respaldada no determinismo e dominação sociocultural numa forma multidisciplinar para reduzir as dificuldades encontradas nos processos de ensino e aprendizagem. Introdução 1 - A lógica multidisciplinar Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a lógica multidisciplinar como possibilidade em potencial para composição e atuação da equipe pedagógica no cotidiano das escolas. Alguns princípios fundamentais O presente módulo apresentará um dos muitos olhares sobre a questão da coerência da lógica multidisciplinar. Por que um dos muitos olhares? A diversidade de pesquisas e concepções da realidade está presente em textos, aulas e práticas cotidianas. Pensar que não existe uma verdade única provoca discussões e reflexões que nos fazem avançar para novas perspectivas. Isso não engessa em uma única maneira de ver o mundo e novas ações vão surgindo. Por isso, essa forma de entender a lógica disciplinar que vamos expor aqui é apenas a vista de um ponto. Porque “cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam. Todo ponto de vista é a vista de um ponto” (BOFF, 1997, p. 9). Outro aspecto importante é saber de onde estamos vendo para interpretar o que vemos. Michel de Certeau (2000) nos lembra que podemos estar vendo de lugares diferentes o mesmo objeto. Assim, a visão do alto sobre a lógica multidisciplinar pode estar voltada para uma compreensão apenas de valores econômicos, administrativos e políticas implantadas de altos poderes, e a visão de quem está no chão, do cotidiano ao qual está inserido, pode compreender o multidisciplinar como especializações integradas e dialogicamente integradas no sentido de relações transformadoras da realidade vivida de quem pratica. Cada um de nós, possivelmente, já ouviu falar da expressão: multidisciplinar. Agregados a ela vieram também os termos: interdisciplinar, pluridisciplinar e transdisciplinar. Antes de desenvolvermos as noções de cada um deles e nos determos na ideia de “multidisciplinar”, parece-nos fundamental compreender a dialética existente entre esses termos a partir do entendimento de que o conhecimento, ao contrário do que o pensamento moderno nos impôs, é construído por diferentes olhares (SANTOS, 2013). Quando falamos “pensamento moderno”, não nos referimos a algo atual ou que consideramos contrário ao que ponderamos como tradicional. Além disso, essa forma de entender o conhecimento hierarquizou os saberes e os dividiu em nossas práticas curriculares, profissionais e outros. Sendo assim, a lógica multidisciplinar possui alguns princípios que precisamos compreender. Para tanto, precisamos desfazer o equívoco que o pensamento da modernidade nos impôs: um pensamento de que existe uma forma única de olhar e refletir sobre a realidade e, ainda, que devemos fragmentar a realidade para melhor entendê-la, pensamento este que, algumas vezes, ainda está presente em nossas falas, legislações e práticas educativas da/na época presente. Cada pessoa traz sua história, suas emoções, seus diferentes saberes acumulados e, com isso, não enxerga a mesma coisa nas imagens que provavelmente assiste. Ou seja, a ciência moderna tentou, ou ainda tenta, nos fazer ver de maneira única os saberes e alternativas existentes no mundo, distribuindo os mesmos óculos. No entanto, a complexidade da vida que vivemos, ou que carregamos conosco, nos apresenta o quão diferentes são os olhares a partir do conhecimento tecido em cada um de nós nas múltiplas relações com saberes igualmente múltiplos pelos quais aprendemos e ensinamos. Pensemos a partir desta constatação, que a realidade se apresenta não linear e nem única. Portanto, os conhecimentos também apresentam o enredamento social e cultural sem hierarquia de saberes. Dessa maneira, possibilita abrir múltiplas formas ao ato humano de conhecer. Nessa mesma direção de reflexão, o ensinar-aprender no cotidiano dos espaços educacionais não pode ignorar como se deu a compartimentalização dos diferentes saberes existentes. De uma outra perspectiva, parece nítido que não controlamos as demandas da vida real e de uma educação que acontecem no cotidiano dos lugares pelos quais passamos. Atividade re�exiva Levando em consideração o que você já viu até aqui, reflita: Você poderia dar um exemplo dessa forma de divisão dos saberes? Digite sua resposta aqui Exibir Solução Convidamos você a ultrapassar a porta fechada para superar as dicotomias entre conhecimentos superiores e inferiores, conhecimento formal e informal, assim entendidos no senso comum. Além desse convite, solicitamos que você venha a superar as noções do senso comum sobre alunos, pais, professores e educadores de todos os espaços da vida e, também, os registrados em documentos oficiais, para darmos início ao caráter de uma outra epistemologia. E, se você aceitou o convite de transpor essa porta fechada em uma única epistemologia, nós podemos agora identificar as diferenças entre o que se considera disciplinar, multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar. Senso comum Conhecimento naturalizado por todos, ou o conhecimento dominante. Epistemologia Epistemologia, segundo Santos (2013), é a forma de pensar sobre o que consideramos conhecimento válido. Ou seja, epistemologia é o próprio conhecimento que se apresenta dominante. Entre a teoria e a prática No vídeo a seguir, você verá a diferença entre epistemologia do saber pedagógico e sua prática, indicando que são inseparáveis. A relação entre disciplinar, multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar Disciplinar Esse termo aparece com o acúmulo de saberes historicamente produzidos pelo ser humano. O conhecimento foi dividido de tal forma que as especializações começam a dominar a realidade e se subdividir em disciplinas. Um exemplo disso é observarmos as especializações médicas a partir do conhecimento do corpo humano. O médico clínico geral vai se especializando em pneumologista, dermatologista, anestesista, ortopedista e em outras especializações das especializações que vão surgindo ainda hoje. Assim ocorreu também com as práticasde ensinar e aprender nas escolas. Um professor de língua portuguesa vai se especializando em gramática, linguística, literatura (que ainda se subdivide em brasileira e estrangeira), e por aí vai. A compartimentalização dos saberes foi se intensificando e, algumas vezes, não conseguimos pensar de outra forma. Depois, com o tempo e a mudança de formas de valorizar a divisão social do trabalho, essa hierarquização das disciplinas tornou evidente aquelas que valem mais ou menos nos currículos. A disciplinaridade trouxe, ainda, a ideia de que cada um de nós, e todos nós, somos uma gavetinha na qual depositamos e guardamos os conhecimentos. Com isso, nessa gaveta esses conhecimentos parecem estanques uns dos outros. Assim são montadas as grades curriculares, os horários das aulas e toda a dinâmica das práticas pedagógicas ainda hoje em muitas escolas. Multidisciplinar A noção multidisciplinar, também chamada de pluridisciplinar, aparece com a aproximação de algumas justaposições de disciplinas diversas, ainda com suas especificidades mais ou menos próximas das diferentes áreas do conhecimento. Ou seja, cada especificidade possui uma autoridade própria e leitura diferente da realidade observada, mas aproximando-se da possibilidade de interagir com e nas diferenças observadas. Essa flexibilização na forma como compreender as questões, de tentar uma aproximação entre as diferentes especificidades, possibilita o reflexo da multifuncionalidade unificadora de cada ação.’ Interdisciplinar Essa noção não aparece por acaso. Ela surge a partir de meados do século XX. Nessa época, os movimentos que aconteciam em todas as áreas de conhecimento relativos ao número de especialistas e, ainda, especificações fragmentadas dos saberes, já não atendiam às necessidades que se apresentavam nos diferentes desafios. Ou seja, as abordagens dos campos de saberes diversos ultrapassaram as fronteiras das disciplinas e das especialidades buscando respostas inovadoras para assuntos complexos. Exemplo Os problemas ecológicos necessitam que todas as ciências e seus devidos conhecimentos estejam em diálogo entre si e com interseção de vários campos para a solução dos desafios. Não cabe somente às Ciências da Natureza, mas às Ciências Humanas, às Linguagens e Tecnológicas e aos saberes populares conseguir solucionar as questões complexas da “Mãe Terra”. A interdisciplinaridade nos coloca de cabeça para baixo em relação ao conhecimento da realidade que se apresenta. No seu sentido mais amplo, as relações entre os saberes são interligadas e puxam distintos fios das redes de outros saberes existentes e nos possibilitam a tessitura do novo. Transdisciplinar O multidisciplinar e o interdisciplinar mudaram a forma de pensar o conhecimento depositado em gavetinhas variadas como na posição “disciplinar”. Curiosidade A transversalidade é uma noção desenvolvida por Félix Guatarri (2004). Esse conceito é uma forma de atravessar as relações entre as pessoas. Essa noção também foi estendida para o conhecimento. Podemos dizer que a ideia de conhecimento arrumado em gavetas, de acordo com o lugar social que cada uma é pensada e exercida, foi se transformando em novo paradigma na contemporaneidade. Assim como na noção multidisciplinar, surge para romper as fronteiras e possibilitar a liberdade de transitar pelos diferentes saberes. O multidisciplinar, o interdisciplinar e o transdisciplinar ainda não abandonam a ideia de disciplina. No entanto, transitam entre ela sem hierarquizá-la ou fragmentá-la. Assim, ao entrelaçar as questões que se apresentam na vida real, esses conhecimentos vão se transformando. Pensando a lógica multidisciplinar nas práticas educativas Voltando nosso olhar aos alunos, em diferentes espaços e suas realidades educativas, a lógica multidisciplinar constitui, assim, uma alternativa para associação de disciplinas ou especificidades em torno de uma ação ou fazeres comuns para enfrentar diferentes desafios. Ou seja, as finalidades técnicas de cada profissional ou especialista para resolver problemas ou dificuldades que emergem nos seus cotidianos possibilitam concepções particularmente específicas, mas rompem as barreiras de considerar os saberes para responder às necessidades e subjetividades nas questões que se apresentam. Desse modo, em espaços formalizados de caráter pedagógico, ao aparecer uma situação desafiadora, os especialistas envolvidos na discussão do caso se despem do “poder” de sua especialização para tornar a ocasião num belíssimo momento de estudo e prática de seu próprio saber. Podemos inferir que a estreita ligação entre os diversos profissionais não poderá se envolver em processos de dominação. Assim, relacionam todas as especificidades com o núcleo comum a determinar novos conhecimentos para novas práticas com novo agir específico. Um dos exemplos clássicos que podemos citar são os profissionais que atuam na construção de um edifício. Ao observar a imagem seguinte, podemos verificar que são muitos os profissionais envolvidos. Cada um com seus saberes técnicos coloca seu conhecimento em pauta desde o projeto do edifício até chegar ao morador de cada apartamento. A realidade é apresentada (construir um edifício) e, numa interação com os outros saberes específicos (todos os profissionais envolvidos), somados aos saberes da realidade apresentada, vai criando ações que trazem junto novas intervenções para tornar bem-sucedidas a construção e a venda do prédio. Nesse exemplo, todos os saberes são necessários e importantes para a construção do prédio. A realidade do projetar, calcular os valores da construção, idealizar a arquitetura, o desenhar, o marketing, o cálculo e pesquisa dos materiais, o terreno, o caminhar das vendas, os profissionais que executarão a obra, o tipo de alimentação desses profissionais, o direito de todos os profissionais e tantos outros saberes vão interagindo e modificando o olhar de cada um para dar continuidade ao agir de cada individual. O desafio de diminuir as distâncias entre todos os profissionais durante a construção do prédio e na vida torna possível o término da obra. Ou seja, a transdisciplinaridade das relações dos conhecimentos também pode transpassar os diferentes saberes e ajudar na relação social dos mesmos. E a multidisciplinaridade se faz presente e importante. A possibilidade de se ter a ação multidisciplinar, colocada no cotidiano dos espaços pedagógicos, dentro de uma lógica e perspectiva de integração dialógica com a realidade que se vive, aponta para uma transversalidade que circula entre as várias especificidades do conhecimento. Assim, uma atuação multidisciplinar, que transita pelo território do saber com respeito às diferenças, tece continuamente caminhos possíveis entre os saberes com e em reciprocidade. Com suas especificidades, cada especialista demonstra que nada é completamente isolado ou compartimentado. Tudo é relacionado de algum modo com tudo. Portanto, não podemos fragmentar o que pode servir de ferramenta para outros conhecimentos. O saber e o território multidisciplinar. Ver, julgar ou agir a partir da realidade e perceber a multiplicidade dos conhecimentos necessários. Pensar na e com a complexidade dos procedimentos necessários no espaço e tempo em que nos encontramos mergulhados parece ser fundamental para não ignorar o significado dos princípios multidisciplinares. Mas quais são esses princípios? É o que veremos a seguir. Princípios multidisciplinares Diálogo Equidade Diferença Diversidade Unidade Coletividade Tessitura de novos saberes Como uma teia que tece todos os conhecimentos sem distinguir onde começam e onde terminam, o que vale mais ou o que vale menos, vamos tecendo os saberes com esses princípios tão necessários e de acordo com as especificidades de cada um. Dito de outra forma, não importa o lugar de cada especificidade do conhecimento, suas nuances e sua valorização social no contato com a realidade. Buscamos o enigma do fiocondutor de uma incessante possibilidade de efetivação solidária por meio das práticas sociais diversas. Afinal, essas são práticas de conhecimentos não hierarquizados, mas em constante diálogo com os múltiplos “tempos-espaços” (ALVES, 2001) sem pretender obrigá-los a ser e a fazer o que lhes cabe por definição, um poder simbólico dos saberes. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 1 - Vem que eu te explico! Pensando a lógica multidisciplinar nas práticas educativas (parte 1) Módulo 1 - Vem que eu te explico! Pensando a lógica multidisciplinar nas práticas educativas (parte 2) Todos Módulo 1 - Video Entre a teoria e a prática Módulo 2 - Video Uma breve história dos trabalhadores da escola Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 Questão 1 Consideremos o seguinte exemplo lembrado por Darnton (1986): “Um tipo de livro erudito completamente diferente, a enciclopédia chinesa imaginada por Jorge Luis Borges e discutida por Michel Foucault em As palavras e as coisas. Dividia os animais em: a) pertencentes ao imperador; b) embalsamados; c) domesticados; d) leitões; e) sereias; f) fabulosos; g) cães vadios; h) incluídos na presente classificação; i) enfurecidos; j) inumeráveis; k) desenhados com um pincel muito fino de pelo de camelo; l) et cetera; m) os que acabaram de quebrar o vaso da água; n) os que, de uma grande distância, parecem moscas. Este sistema de classificação é, argumenta Foucault, por causa da simples impossibilidade de cogitá-lo. Confrontando-nos com uma série inconcebível de categorias, expõe a arbitrariedade da maneira como classificamos as coisas” (DARNTON, 1986,p. 247-248). Posta diante de uma maneira de classificar o conhecimento pela ciência moderna, a lógica multidisciplinar não organiza as coisas apenas porque podem se encaixar em um esquema considerado válido. Isso porque: et cetera Do latim et caetera, quer dizer: E outras coisas; entre outros; e o restante; adicionando algo de mesma natureza, mas não mencionado na enumeração. A O conhecimento não é classificado ou valorizado de forma única. Ele surge de forma dialógica entre teoria e prática de saberes múltiplos. B Ao afirmar que o conhecimento é único e válido, a epistemologia moderna se tornou multidisciplinar. C O modelo de hierarquização dos saberes é importante e necessário em uma lógica multidisciplinar. D A lógica multidisciplinar favorece a classificação dos saberes tão necessários para compreender as subjetividades presentes nos diferentes olhares. E Foi necessário classificar e dividir o conhecimento para se chegar até a lógica multidisciplinar. Parabéns! A alternativa A está correta. A lógica multidisciplinar não se baseia em classificações fechadas do conhecimento e nem os hierarquiza. A lógica multidisciplinar considera todos os saberes importantes e necessários e, portanto, o diálogo entre teoria e prática é fundamental entre as diferentes classificações historicamente existentes. Questão 2 Para compreender a lógica da organização escolar e sua opção por uma educação com uma concepção multidisciplinar que atenda aos diferentes alunos, precisamos compreender as noções de disciplinarização, multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. Para enfrentar nossos complexos problemas sociais, que a todos envolvem, é necessário que nos dediquemos a escutar a todos os interessados com os múltiplos conhecimentos que se tecem em situações concretas da vida e busquemos soluções negociadas com as múltiplas experiências e vivências envolvidas. A afirmação postulada nesta questão se refere ao princípio da noção: A Disciplinar do conhecimento. B Multidisciplinar ou pluridisciplinar do conhecimento. C Interdisciplinar do conhecimento. D Transdisciplinar do conhecimento. E Hierarquização dos conhecimentos. Parabéns! A alternativa B está correta. Um dos princípios da lógica multidisciplinar é a relação entre os múltiplos conhecimentos mediante a situações da realidade concreta que se apresenta. Para tanto, isso inclui as especificidades em interação dialógica dos múltiplos conhecimentos presentes quando se pretende enfrentar a complexidade da situação que surge. Para tanto, as diferentes visões da realidade que cada profissional ou pessoa que a enfrenta possui confrontam seus saberes numa aproximação com a intenção de encarar os desafios mais ou menos próximos das diferentes áreas do conhecimento. 2 - A presença e atuação da equipe pedagógica Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car a presença dos diferentes pro�ssionais da gestão do processo de ensino-aprendizagem. Panorama histórico As transformações na economia, nas tecnologias e em toda realidade atual na qual estamos inseridos inaugurou uma escola com múltiplas modificações em sua estrutura organizacional. Ou seja, as novas formas de organização do trabalho e a abrangência do ensinar e aprender passaram a um gerenciamento multidisciplinar de diferentes profissionais na busca da melhoria da ação educativa e da qualidade do trabalho pedagógico no cotidiano. A partir dessa premissa e da compreensão dos movimentos da lógica multidisciplinar, passamos a articular em cada escola a presença de uma equipe pedagógica. Essa equipe, na perspectiva de trabalhos especializados voltados para a produção de conhecimentos, passou a atender às diferentes realidades das escolas e espaços educacionais existentes. Com sua presença e atuação, dependendo do nível das exigências que continuamente são impostas ao sistema educacional, a busca da democratização do ensino e aprendizagem com qualidade pode ser possível, e não apenas uma utopia. Para pensar a presença e atuação da equipe pedagógica nas escolas, convidamos você a identificar em sua trajetória escolar e responder às seguintes questões: Quantos pro�ssionais diferentes existiram ao nosso redor nas escolas que frequentamos? Que trabalho esses pro�ssionais desenvolviam nos cotidianos das escolas? Qual é a importância desse trabalho para os alunos? Se você já identificou os profissionais que passaram por sua vida escolar e pensou nas respostas de cada uma dessas perguntas, agora podemos continuar nosso estudo. Saiba mais O desencadeamento das discussões da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) nos anos 1970 e 1990 fez surgir a chamada equipe técnico-administrativa. Embora na história da educação no Brasil essa equipe sempre tenha existido, sua evidência legal aparece com força nas legislações desse período. Essa equipe era composta inicialmente de: diretora, diretora-adjunta, secretária, agente de pessoal, coordenadora de turno, orientador educacional e supervisora educacional. Uma breve história dos trabalhadores da escola No vídeo a seguir, acompanhe a história dos trabalhadores da escola longo do tempo até nossos dias. A partir da LDB 5692/71, lei criada para a educação brasileira no período da ditadura, dois profissionais se destacaram nas escolas: o orientador educacional e o supervisor educacional. Ambos aparecem para garantir o desenvolvimento da política educacional adotada. E as políticas de educação adotadas posteriormente também modificaram o quadro dessa equipe pedagógica (art. 10). Vejamos algumas trajetórias: A orientação educacional no Brasil A particularização da atuação dos orientadores educacionais continua a ser questionada ainda hoje. No Brasil, de acordo com a pesquisadora Míriam Paúra Grinspun (2015, p. 26), “a Orientação Educacional teve, em sua implantação, grande influência da orientação americana, em especial o counselling (aconselhamento) e da orientação educacional francesa”. Essa influência, que percorreu legislações anteriores a Lei 5692/71, já determinava o exercício desse profissional sempre voltado para assistência ao educando, individual ou em grupo; e direcionamento para uma orientação vocacional,mas sempre psicologizando a educação ou servindo de controle dos indivíduos nas escolas, só modificando para uma atuação sócio-histórica no final dos anos 1980/1990. A obrigatoriedade desse profissional nas escolas só se deu com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases, nº 5.692, de 1971, em seu Art. 10, incluindo o aconselhamento vocacional em cooperação com professores, família e comunidade. Em 26 de setembro de 1973, foi homologado o Decreto nº 72.846, que regulamenta a profissão do orientador, em vigor até os dias de hoje. Em seu Art. 1º, encontramos o objeto da Orientação Educacional: a assistência ao educando – esta que pode ser feita individualmente ou em grupo, nas escolas de Ensino Fundamental e Médio, “visando ao desenvolvimento integral e harmonioso de sua personalidade, ordenando e integrando os elementos que exercem influência em sua formação e preparando-o para o exercício da cidadania” (BRASIL, 1973). Saiba mais A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, trouxe, em seu Art. 1º, uma consideração notável sobre olhar o aluno como ser social, recaindo na instância do “emocional”, como já comentado no início deste módulo (BRASIL, 1996). Essa ênfase da lei não garantiu a presença da Orientação Educacional nas escolas porque retirou a obrigatoriedade desse profissional nas escolas. Em 13 de dezembro de 2005, o Parecer CNE/CP nº 3 instituiu diretrizes curriculares nacionais para o curso de Pedagogia. Essas diretrizes geraram dúvidas entre os profissionais da área quanto à habilitação para a Orientação Educacional, visto que o Art. 4º estabelece que o curso de licenciatura em Pedagogia destina-se à formação de professores para exercer funções de magistério na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar e em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos (BRASIL, 2006). Assim, o curso de Orientação Educacional e Supervisão Escolar passaram para nível de pós- graduação. No entanto, as demandas das escolas para ajudar nos desafios diários fizeram intensificar a busca por esses profissionais. Essa ideia foi amplamente contestada por muitos pesquisadores da área educacional. José Carlos Libâneo (2001, p. 4) foi um desses estudiosos. Ele afirma que o “curso de Pedagogia como formação de professores, a meu ver, é muito simplista e reducionista, é, digamos, uma ideia de senso comum”. Esse pesquisador também lembra da amplitude da Pedagogia. Ou seja, para ele, além de se ocupar com a formação escolar de crianças e todos os seus processos educativos, a Pedagogia tem um significado mais abrangente e globalizante. Isso porque trata-se de um conhecimento sobre os desafios educacionais histórico-sociais e dialogicamente traça orientações da ação educativa. Algumas escolas continuaram a contratação do orientador educacional. Uma curiosidade é que, às vezes, os professores o chamavam de “profissional das dinâmicas de grupo” ou como aqueles responsáveis pela “Orientação Profissional” nas escolas. Essas afirmações eximiam a comunidade escolar dessas funções que eram de todos. Mudando o contexto político do País e das pesquisas educacionais, esse profissional recebeu muitas críticas. Repensando sua prática nas associações profissionais, nas pesquisas divulgadas em encontros, congressos e seminários, passou de um olhar voltado para um trabalho individualizado, no aspecto específico da aprendizagem, tentando eliminar as “dificuldades” e o fracasso escolar, para uma visão coletiva e histórico-socioafetiva. No entanto, passou-se a exigir da orientação educacional uma formação voltada para práticas também psicocognitivas. fi Nesse momento, surge um outro profissional dentro das escolas: o psicopedagogo. Assim, passaram a exigir que o orientador educacional, para exercer suas funções, tivesse como formação desejável a especialização em psicopedagogia. Novamente, aparece uma tendência de “psicologizar” a função. Supervisor escolar A função do supervisor escolar, nos anos 1970, estava implícita no próprio nome de “supervisor”. “Supervisionar” se as ordens emanadas das instâncias superiores das secretarias de educação eram cumpridas e desenvolvidas pelos professores nas salas de aula. Os planejamentos de ensino e os de sala de aula eram rigorosamente passados por esse profissional. O controle era realizado por meio de planejamentos anuais, mensais, semanais e diários. Uma verdadeira forma de fabricação de planos e controle constante deles. Não existia uma legislação, como aconteceu com a Orientação Educacional nos anos 1970, que colocava a obrigatoriedade desses profissionais nas escolas. No entanto, esses profissionais exerciam um lugar importante nas escolas. Nessa época, muitas divisões foram de�agradas e lutas travadas tentando incluir sua obrigação nas equipes das escolas. Também se tornava difícil um planejamento coletivo e dialogado entre os pares porque esse não era o objetivo desse período. Os planejamentos se limitavam a transcrever o que vinha das secretarias de educação. Até assistir às aulas dos professores com os devidos planejamentos da aula para veri�car se estes estavam os devidos planejamentos da aula para veri�car se estes estavam acontecendo de fato fazia parte dessa função supervisora. Aos poucos, com as discussões e mudança da estrutura política do País, da discussão especialista e generalista, esse profissional também foi se organizando em associação profissional, questionando sua própria atuação e se somando às lutas dos diferentes profissionais das escolas. Também passou a valorizar o trabalho coletivo e participativo. Segundo Libâneo (2004), não se tratava mais de um profissional com uma atuação de supervisão no sentido de controle, mas um apoio pedagógico aliado às ações do orientador educacional e dos professores para diminuir as fragilidades do ensinar-aprender e democratizar os conhecimentos historicamente acumulados. Afinal, o objetivo maior das escolas passou a ser a formação científica e cultural dos alunos visando prepará-los profissionalmente, culturalmente e de forma cidadã para exercer seu papel social em seu cotidiano. Coordenador pedagógico Nos anos 1980 e 1990, aparece com força a função de coordenador pedagógico. A partir das modificações que ocorriam no cenário político-econômico-social e educacional brasileiro, o coordenador pedagógico ou professor pedagógico aparece como uma possibilidade de unir orientação educacional e supervisão escolar em uma função generalista do processo pedagógico. Ele surge, em especial, nas escolas públicas e em algumas escolas particulares. Saiba mais Ainda hoje, essa função existe, numa concepção progressista, como forma de gestão do processo pedagógico nas escolas. Ela passou a conviver com situações adversas para acompanhar todo o processo didático-pedagógico. No entanto, algumas escolas seguiram incluindo em seus quadros profissionais qualificados nas funções específicas de orientador educacional e supervisor para dar conta do cenário educacional atual ligando escola-comunidade-família e sociedade na participação dos membros da equipe escolar. O quadro abaixo apresenta a concepção sócio-histórica de um coordenador pedagógico com suas devidas funções no contexto escolar. Psicopedagogo O psicopedagogo não aparece por acaso nas escolas. A partir de muitos casos na década de 1970 de diagnósticos médicos de dificuldades de aprendizagem atribuídas a uma disfunção cerebral mínima (DCM), o Brasil passou a valorizar esse profissional como aquele que poderá resolver mais esse desafio. No entanto, seguindo os modelos de intervenção médica, o psicopedagogo passou a virar moda mais no final dos anos 1980-1990. Esses profissionais, em consultórios, com ajuda de psicólogos, passavam a atender alunos com tais dificuldades tentando dar uma resposta às famílias e escolas. Essaintervenção se propagou nesse período, servindo para camuflar problemas sociopedagógicos (BOSSA, 2000, p. 48-49). Ou seja, houve muitas controvérsias no aparecimento desse profissional. Intencionalmente ou não, tal profissional também aparece como uma tentativa ao retorno de atendimentos individualizados dos alunos sem a concepção sócio-histórica tão forte na época. Precisamente de acordo com as pesquisas cognitivas e, ainda, de acordo com o professor argentino Jorge Visca (apud BOSSA, 2000, p. 21), a psicopedagogia foi inicialmente uma ação auxiliada por médicos e psicólogos tornando-se mais independente posteriormente. Seus conhecimentos foram se aprimorando e passaram a ter como objeto de estudo o processo de aprendizagem, formulando diagnósticos de intervenção e de recursos para corrigir o que foi detectado ou prevenir situações nas aprendizagens escolares de alunos com dificuldades diagnosticadas por médicos e outros profissionais. Saiba mais O curso de psicopedagogia clínica e institucional acontece em nível de pós-graduação lato sensu. Também existe a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), que orienta o caminhar desses profissionais por meio de textos e pesquisas divulgadas em encontros e congressos da área. E, assim, o psicopedagogo foi se consolidando junto à equipe escolar e se tornando fundamental, seja em atendimento em clínicas ou nas instituições. Psicólogo escolar Embora a relação da Psicologia com a educação não pertença somente ao século vinte, a partir da década de 1930 ela se consolida no Brasil. Sua intervenção ainda clínica e sobre o trabalho de organização do trabalho em diferentes empresas é considerada tradicional. Nas instituições escolares, possuía a tônica de serviços de orientação infantil e tinha também a finalidade de, além de atender a crianças com dificuldades de aprendizagem, a orientação profissional, além, é claro, de outras ações educacionais, no campo do trabalho. Simultaneamente, os cursos superiores de Psicologia se entrelaçavam com os cursos de Filosofia e Pedagogia e passavam a ter a denominação de psicologia educacional. Nos anos 1960, com a regulamentação da profissão de psicólogo e o estabelecimento de cursos específicos para sua formação, abriu-se o campo da Psicologia nas escolas e em clínicas. Apesar do estreitamento da Psicologia com o campo educacional, os profissionais formados em Psicologia nesse período preferiam a psicologia clínica atuando em consultórios ou na parte relacional de organização do trabalho. Ou seja, o conhecimento psicológico foi aliado à Pedagogia e à prática dos educadores. Muitos psicólogos em sua atuação como psicólogo escolar adotavam um modelo cada vez mais clínico-terapêutico e, assim, adotavam uma forma de agir mais na dimensão individual do educando, para atingir de forma terapêutica os problemas de aprendizagem ou outros distúrbios. Embora os psicólogos escolares não tenham sido reconhecidos pelas leis educacionais (LDB) como profissionais importantes na ação própria da educação, sua prática sempre foi refletida e pautada na instituição escolar, atendendo às demandas da realidade do cotidiano escolar. Se observarmos as histórias das instituições escolares no Brasil, podemos sinalizar interesses entrelaçados entre psicologia, educação e sociedade. Com controvérsias ou não, a compreensão do processo educacional como um direito democrático torna a psicologia escolar, segundo Antunes (2008, p. 475), um campo de “compromisso que define e determina as perspectivas que estão postas para essa área de conhecimento para uma escola que atende a todos, independentemente de sua classe social”. Nesse sentido, a psicologia escolar evoluiu consideravelmente no Brasil. A presença da equipe pedagógica nas escolas A primeira coisa que devemos registrar é que a força mobilizadora do que se considera pedagógico reflete sobre a presença da equipe pedagógica. Assim, mais uma vez deixamos claro que, dependendo da concepção de educação que esteja registrada no projeto político-pedagógico oficial e o praticado, a equipe pedagógica terá uma composição. Ou seja, essa discussão é imprescindível para o entendimento de que essa equipe não está dissociada da totalidade do contexto educacional em que se está mergulhado para atender às necessidades da realidade do processo de ensino-aprendizagem. No contexto atual da educação brasileira, com as variadas tendências de objetivos e políticas de controle do currículo, a composição da própria equipe pedagógica parece determinada ou generalizada sem preocupação com a pluralidade de saberes integrados para desconstruir o colonialismo da educação no cotidiano das escolas para uma justiça cognitiva. Por meio dessas considerações abordadas, um trabalho coletivo integrado e preocupado em valorizar os diferentes saberes em busca da justiça cognitiva contrapõe-se à “verdade absoluta”, apresentando quem deve compor o quadro “hierárquico” da escola. Atividade re�exiva Diante dos conflitos biopsicossociais que acirram a luta da organização da gestão pedagógica presente no cotidiano das escolas, reflita: Afinal, o que é, quem é e o que faz uma equipe pedagógica? Digite sua resposta aqui Exibir Solução Quando as escolas passaram a pensar de forma dialética os comportamentos e evidenciar as divergências entre os vários membros do grupo que trabalhavam na escola, passou-se a reorganizar o trabalho pedagógico delas. Isso se tornou possível com a necessidade de se juntar diversos profissionais qualificados ao grupo de professores igualmente compromissados com a educação para todos. Com encontros entre docentes e a equipe técnico-pedagógica, formada inicialmente por pedagogos (Orientação Educacional/supervisores) e, depois, com coordenadores pedagógicos, psicopedagogos e psicólogos, passou-se a gerir as ações pedagógicas a partir de uma equipe multidisciplinar. Essa equipe pedagógica, exercendo um papel de liderança, passou a ser responsável pela coordenação das ações didático-psicopedagógicas das práticas cotidianas do trabalho escolar. Ou seja, a equipe pedagógica coordena e ajuda a escola a desempenhar melhor o seu processo de ensino-aprendizagem oferecido e que atenda de fato aos alunos e às necessidades detectadas. Ela atende aos pais e profissionais da escola orientando para um melhor aproveitamento das atividades escolares e organiza, por meio de um trabalho multidisciplinar, participativo e democrático, as diversas reuniões e encontros com as ações necessárias para atender à realidade de cada unidade escolar e a todos que a frequentam. A equipe pedagógica e sua composição A equipe pedagógica possui a perspectiva de acreditar que a consolidação do trabalho do pedagogo possui uma ordem intelectual, mas não o situa em ordem de superioridade, pois sua ação sempre deve ser objeto de reflexão, visto que pode possuir lacunas graves em sua formação e pode se tornar mero executor de ações pensadas por outros, alheios aos espaços decisórios e de produção do conhecimento do cotidiano escolar. Atenção! É importante ressaltar que, ao nos referirmos às práticas da equipe pedagógica, incluímos a dinamização a partir da necessidade de cada realidade educativa ou do grupo. E, para tanto, realizar encontros, seminários, reuniões, momentos de formação e avaliações constantes ajuda na consciência de um trabalho educacional que se consolida a partir e em função da prática cotidiana dos professores e alunos. Pro�ssionais que compõem a equipe pedagógica A equipe pedagógica é composta por: Diretora pedagógica; Coordenadora de ensino; Orientadora educacional; Psicopedagoga; Psicóloga. Algumas escolas colocam ou colocavam o coordenador de turno e o coordenador de disciplina como parte da equipe pedagógica. Esses profissionais, em sua maioria, foram extintos a partir das pesquisas sobre gestão escolar ou mesmo com as discussões da educação para a autonomia dos alunos. Cada um desses profissionais e todos eles se mobilizam e movimentamaqueles que trabalham nas escolas no sentido de responder: Coordenador de turno Coordenador de turno é ou era o profissional que administra(va) os horários dos professores e turmas em cada turno das escolas. Mas muitos também faziam um papel disciplinar dos alunos. E o coordenador disciplinar passou também a ser considerado apenas um inspetor de alunos. Este tinha a função de verificar rigorosamente se o aluno estava agindo conforme as determinações do estabelecimento. Quem somos? O que fazemos? Com quem fazemos? O que pretendemos? Essa reflexão coletiva sobre a prática de cada um contribuirá para o aprimoramento do letivo da escola que caberá fazer as sínteses provisórias e socializar os avanços realizados. Assim, as diferenças de cada profissional e a diversidade de cada pessoa vai para a tessitura coletiva da identidade de cada um. Cada experiência será situada no contexto e formação de cada profissional. Assim, uma nova concepção do trabalho pedagógico resulta em ações únicas para atender cada realidade educacional do universo escolar. Essa equipe tem como ponto de partida e ponto de chegada a realidade de dentro e fora da própria equipe pedagógica ou da escola. E, ainda, coletivamente, ela possibilita, reconhece e explicita a ecologia de saberes (SANTOS, 2006) mais próxima da coerência vivida sem desvalorizar a pluralidade de saberes no mundo. Ou seja, uma equipe que valoriza todos os conhecimentos, e não somente os autorizados a serem desenvolvidos nas diferentes propostas curriculares. Saberes que também são emanados da comunidade escolar. Essa equipe, de uma forma integrada, possibilita que a multiplicidade de conhecimentos existentes seja trabalhada com justiça. Faz emergir constantemente novos saberes sem valorizar mais um do que o outro. E isso começa a partir da própria equipe. Afinal, a primeira ruptura epistemológica trata-se da oposição radical entre ciência e senso comum. E, ao romper com essa dualidade no cotidiano das escolas, poderá nos levar à segunda ruptura epistemológica que Boaventura de Sousa Santos nos lembra: o movimento ecologicamente dos saberes. É pensar que existe um conjunto de saberes que partem de diferentes práticas sociais de conhecimento e seus impactos noutras práticas de saberes diversos, desenhados não somente pela hegemonia científica do norte colonial, patriarcal e capitalista (SANTOS, 2013). Desse modo, as práticas dessa equipe não são neutras e muito menos as determinações da existência de redes de conhecimentos e subjetividades que atuam no mundo da educação. Dessa forma, essa equipe comprometida com a realidade educacional e mais próxima do diagnóstico da escola fará a mediação das mudanças necessárias voltadas para cada situação que a desafia. Enveredar pelo caminho dos porquês para colocar em prática o pesquisador do cotidiano que está em cada membro da equipe em busca da democratização e, assim, a busca da justiça dos conhecimentos escolares para todos/todas/todxs. Tudo por meio da cooperação, interações e das negociações no cotidiano da equipe pedagógica. O fazer de uma equipe pedagógica O fazer da equipe pedagógica tem como objetivo responder às exigências diagnosticadas na realidade. Os esforços por meio do movimento de: Esse caminho dialógico faz renascer uma prática que possa contribuir significativamente com o trabalho educativo transformador a partir da realidade das escolas. Para tanto, essa equipe, de forma multidisciplinar, deverá ter como foco o projeto político-pedagógico da escola e o atendimento da comunidade escolar em suas necessidades. A equipe vai priorizar sua ação na direção do trabalho individual e coletivo ao tratar dos desafios do ensino-aprendizagem. Agora, veremos dois tipos de atuação dessa equipe: uma em escolas com o projeto político-pedagógico já confeccionado e devidamente registrado e outra situação em que a equipe terá que planejar esse projeto com toda a comunidade escolar. A seguir, falaremos mais dessas duas realidades: Atuação da equipe pedagógica em escolas com o projeto político-pedagógico elaborado No início do ano letivo, de posse do projeto político-pedagógico da instituição e atendendo à disponibilidade de cada grupo de professores, a equipe pedagógica disponibiliza o diagnóstico dos alunos e comunidade escolar, por meio de encontros com todos os profissionais que atuam na escola, pais e entorno por meio das associações comunitárias existentes. Assim, essa equipe traçará seus planos de ação e ajudará a comunidade escolar a elaborar as estratégias para se conseguir atingir os objetivos e metas elaboradas pela instituição. Atuação da equipe pedagógica em escolas sem o projeto político-pedagógico A equipe pedagógica deverá elaborar, acompanhar e avaliar, de forma coletiva e participativa, com a comunidade educativa, o projeto político-pedagógico da escola. O PPP deve ser constantemente revisitado e reestruturado de maneira coletiva. Neste sentido é um processo cíclico, possibilitando o desenvolvimento da instituição com práticas e ações a partir do apontamento de seu diagnóstico e metas traçadas, montando estratégias de ação que atendam à realidade, acompanhando o seu desenvolvimento e avaliando anualmente seus resultados. Atuação cotidiana de uma equipe pedagógica Por meio das trocas constantes, entre os seus pares e, ainda, partindo das críticas de cada um, surge uma atuação necessária para considerar os múltiplos olhares desses profissionais que compõem a tessitura do trabalho educacional participativo e democrático de cada unidade escolar. Assim, os diferentes profissionais com múltiplas concepções acadêmicas vão lendo o mundo que os cerca e passam a se comprometer com uma educação democrática. Passam a tecer uma equipe que se dedica a pensar o aluno, sua realidade, sua comunidade dentro e fora das escolas, que reflete sobre as práticas escolares, que planeja sua atuação de forma participativa e coletivamente, que promove ações significativas para conseguir os objetivos propostos na instituição em que trabalha. A partir do entendimento de que a escola, ao cumprir seu papel, consegue com eficiência transmitir os conhecimentos necessários para facilitar ao aluno sua compreensão do mundo, com a perspectiva de transformá-lo, a equipe pedagógica assume uma função política ultrapassando os limites da escola e se envolve com a comunidade. Ou seja, o papel que uma equipe pedagógica desenvolve é de uma pesquisa no cotidiano do seu trabalho para contribuir como educadores compromissados com a transformação social. Assim, a abrangência multidisciplinar da equipe pedagógica vai desenhando o fazer de cada especificidade profissional. Vejamos algumas dessas abrangências: Atuar individualmente e coletivamente junto aos pais; Promover a articulação entre teoria e prática definindo estratégias da ação; Acompanhar o processo de ensino e aprendizagem decorrente duma atividade de formação; Planejar participativamente; Promover ações com projetos; Promover ações desenvolvidas com a equipe pedagógica; Atuar na supervisão de estágios; Promover ações com metodologias de acordo com o projeto pedagógico da escola; Usar e propiciar os diferentes usos das ferramentas tecnológicas. Diretoria pedagógica Atuar individualmente e coletivamente junto aos pais; Promover a articulação entre teoria e prática definindo estratégias da ação; Acompanhar o processo de ensino e aprendizagem decorrente duma atividade de formação; Atuar individualmente junto aos alunos; Planejar participativamente; Promover ações com projetos; Promover ações desenvolvidas com a equipe pedagógica; Promover oficinas; Intervir em situações de sala de aula; Realizar encaminhamentos dos alunos; Supervisionar estágios; Pesquisar, analisar e estabelecer ações a partir das histórias e narrativas dos alunos, pais e professores; Coordenar, acompanhar e participar dos conselhos de classe; Promover ações com metodologias de acordo com o projeto pedagógicoda escola; Usar e propiciar os diferentes usos das ferramentas tecnológicas. Atuar individualmente e coletivamente junto aos pais; Promover a articulação entre teoria e prática definindo; Acompanhar o processo de ensino e aprendizagem decorrente duma atividade de formação; Atuar individualmente junto aos alunos; Planejar participativamente; Promover ações com projetos; Promover ações desenvolvidas com a equipe pedagógica; Promover oficinas; Intervir em situações de sala de aula; Realizar de encaminhamentos dos alunos; Coordenar a orientação profissional dos estudantes; Supervisionar estágios; Emitir pareceres; Acompanhar os alunos encaminhados por diferentes motivos; Pesquisar, analisar e estabelecer ações a partir das histórias e narrativas dos alunos, pais e Coordenação de ensino Orientação educacional professores; Coordenar, acompanhar e participar dos conselhos de classe; Promover ações com metodologias de acordo com o projeto pedagógico da escola; Usar e propiciar os diferentes usos das ferramentas tecnológicas. Atuar individualmente e coletivamente junto aos pais; Promover a articulação entre teoria e prática definindo; Acompanhar o processo de ensino e aprendizagem decorrente duma atividade de formação; Atuar individualmente junto aos alunos; Planejar participativamente; Promover ações com projetos; Promover ações desenvolvidas com a equipe pedagógica; Promover oficinas; Intervir em situações de sala de aula; Realizar de encaminhamentos dos alunos; Coordenar a orientação profissional dos estudantes; Supervisionar estágios; Emitir pareceres; Acompanhar os alunos encaminhados por diferentes motivos; Pesquisar, analisar e estabelecer ações a partir das histórias e narrativas dos alunos, pais e professores; Coordenar, acompanhar e participar dos conselhos de classe; Promover ações com metodologias de acordo com o projeto pedagógico da escola; Usar e propiciar os diferentes usos das ferramentas tecnológicas. Atuar individualmente e coletivamente junto aos pais; Promover a articulação entre teoria e prática definindo estratégias da ação; Acompanhar o processo de ensino e aprendizagem decorrente duma atividade de formação; Atuar individualmente junto aos alunos; Planejar participativamente; Promover ações com projetos; Promover ações desenvolvidas com a equipe pedagógica; Psicopedagogia Psicologia Promover oficinas; Intervir em situações de sala de aula; Realizar encaminhamentos dos alunos; Coordenar a orientação profissional dos estudantes; Supervisionar estágios; Emitir pareceres; Acompanhar os alunos encaminhados por diferentes motivos; Pesquisar, analisar e estabelecer ações a partir das histórias e narrativas dos alunos, pais e professores; Coordenar, acompanhar e participar dos conselhos de classe; Promover ações com metodologias de acordo com o projeto pedagógico da escola; Usar e propiciar os diferentes usos das ferramentas tecnológicas. Resumindo Essas considerações a respeito da equipe pedagógica com enfoque multidisciplinar e algumas de suas práticas na atuação cotidiana das escolas estão relacionadas às condições ideais de uma escola que atende à educação como direito de todos. No entanto, os desafios da realidade educacional no Brasil nos convidam a refletir sobre as escolas que estão no contexto brasileiro e os seus principais desafios. A efetiva atuação de uma equipe pedagógica vai depender do ponto de vista e a vista de um ponto a partir das reais necessidades diagnosticadas no/do/com o cenário atual. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 2 - Vem que eu te explico! A equipe pedagógica e sua composição (parte 1). Módulo 2 - Vem que eu te explico! A equipe pedagógica e sua composição (parte 2). Todos Módulo 1 - Video Entre a teoria e a prática Módulo 2 - Video Uma breve história dos trabalhadores da escola Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 Questão 1 A relação entre educação e trabalho nunca recebeu a atenção devida dos educadores que viam como função social da escola a formação geral, humanista, completamente desligada de qualquer preocupação prática, instrumental, econômica e sócio-histórica com o contexto vivido. Assim, sem qualquer vínculo com uma atuação multidisciplinar, o trabalho pedagógico era determinado por somente alguns poucos profissionais nas escolas. Dessa forma, as novas formas de organização do trabalho para atender às demandas educacionais geraram: A Uma procura por diferentes especializações para compor uma equipe pedagógica multidisciplinar. B Uma análise da formação docente intensificando o trabalho coletivo. C A presença de uma equipe pedagógica com orientador educacional, coordenador pedagógico, psicopedagogo e professores. D A organização de uma equipe pedagógica centralizadora de ações do processo de ensino- aprendizagem. E A preocupação com uma gestão mais democrática na articulação dos diferentes profissionais envolvidos no processo de ensinar e aprender no cotidiano das equipes pedagógicas. Parabéns! A alternativa E está correta. Entender a composição e atuação de uma equipe pedagógica necessita igualmente perceber que tipo de gestão está se configurando para se forjar uma equipe pedagógica multidisciplinar. Assim, uma equipe pedagógica com enfoque multidisciplinar está relacionada ao trabalho coletivo, a valorização dos diferentes profissionais e a atuações inovadoras a partir das reais necessidades diagnosticadas. Questão 2 Uma equipe pedagógica multidisciplinar geralmente é formada por diferentes profissionais. Marque a opção que é fundamental em sua ação cotidiana nas escolas: A Observar a história dos diferentes profissionais da equipe pedagógica para definir sua atuação. B Observar as ações do processo pedagógico que envolve o planejamento e desenvolvimento de práticas de avaliação constante C Observar as referências teórico-práticas que podem auxiliar as decisões didático- pedagógicas. D Observar as diferentes realidades escolares para, dentro do possível, organizar os profissionais necessários para a composição e atuação de uma equipe pedagógica 3 - Principais desa�os da equipe pedagógica em diversas escolas Ao �nal deste módulo, você será capaz de discriminar de forma crítica os principais desa�os da equipe pedagógica nas realidades das escolas. E Observar os recursos disponibilizados na escola que podem ajudar na organização de eventos com a presença e atuação da equipe pedagógica. Parabéns! A alternativa D está correta. No contexto brasileiro, as realidades das escolas são múltiplas e complexas. Os desafios nos convidam a refletir sobre as escolas reais, e não somente as ideais. Portanto, a efetiva composição de uma equipe pedagógica multidisciplinar vai depender da realidade da escola, e não somente dos profissionais necessários. Para início de conversa A pluralidade que se faz presente na vida cotidiana foi tecida social e historicamente. Para manter a coerência nas múltiplas ações de uma equipe pedagógica multidisciplinar, necessitamos identificar e analisar alguns dos desafios que a sociedade reserva no cotidiano de seu projeto educacional. Apresentamos aqui algumas reflexões que nos têm acompanhado por meio dos muitos referenciais teórico- metodológico-epistemológicos usados e das práticas cotidianas dessas equipes em diferentes escolas. Assim, as primeiras indagações que podemos fazer são: De que escola estamos falando? A que equipe pedagógica estamos nos referindo? Infelizmente, algumas escolas ainda são oriundas de dívidas históricas que permanecem até hoje. Sendo assim, a organização de uma gestão e a composição de uma equipe escolar pode ser diferenciada no pluralismo cultural das escolas de nosso país. Ou seja, são plurais os contextos das escolas, são múltiplas as equipes pedagógicas e, em alguns casos,a comunidade escolar só é formada de professores, alunos e alguns familiares. Não há uma equipe escolar igual em todas as escolas. E algumas são compostas no que é possível em cada realidade. As imagens que se apresentam no texto podem ilustrar a concretude de nosso “olhar” sobre as realidades das escolas e da equipe pedagógica multidisciplinar composta em cada realidade. Além da constatação de que existem várias escolas e, com elas, diferentes equipes pedagógicas. Alguns desafios também estão relacionados à globalização da economia, às informações de maneira rápida e virtual, ao multiculturalismo, à interdisciplinaridade etc. Mas, hoje, esses desafios foram se ampliando e chegamos ao racismo estrutural; ao feminicídio; à evasão escolar se ampliando; às múltiplas formas de ser família; aos desafios da Internet; às falsas informações disseminadas (fake news) provocando a instabilidade do que é falso ou verdadeiro; aos problemas ecológicos; à pandemia; à reformulação do trabalho; às guerras virtuais; aos refugiados; à desestabilização da democracia em diferentes partes do mundo; aos diferentes tipos de violências; ao acesso ao mundo digital, ao analfabetismo em diferentes instâncias; à solidão etc. Nesse contexto, a educação escolar, ao lidar com o conhecimento e a comunidade escolar, encontra-se em um labirinto que necessita atualizar a discussão de sua prática pedagógica. A compreensão do papel das escolas também se torna desafio na contemporaneidade. Afinal, essa escola da qual nos referimos não é mais entendida como transmissão de conteúdos prontos, mas sim a de formação de pessoas cidadãs autônomas e capazes de entender a realidade em que vivem. Observarmos a ação pedagógica como um ato eminentemente humano torna-se fundamental em cada uma dessas escolas. E, sendo humano, é possível acertar ou errar em suas práticas a partir do que a humanidade tem acesso, vivencia ou (re)constrói. Nesse modo de entender as práticas cotidianas da equipe escolar, podemos dizer que o espaço-tempo escolar possui processos de organização que dominam o seu cotidiano que necessitarão refletir as ações dos profissionais envolvidos para novas práticas. Atividade re�exiva Levando em consideração o que viu até aqui e suas vivências, reflita e liste três dificuldades que você acredita que uma equipe pedagógica pode enfrentar. Digite sua resposta aqui Exibir Solução Alguns desa�os da equipe pedagógica multidisciplinar As crianças ainda devem ir às escolas? Uma das múltiplas respostas a essa pergunta está relacionada à discussão que ultimamente toma o cenário brasileiro: Ensinar em casa ou “ensino domiciliar” O grande filosofo Immanuel Kant (1996), na sua reflexão sobre a educação, evidencia que devemos enviar as crianças para a escola sem a intenção de aprender algo, mas para essas crianças permanecerem tranquilas obedecendo o sentar e observar pontualmente o que lhes ordenam (p. 16). Ou seja, se considerarmos a escola atual como a instituição que se preocupa com a formalização de se manter a disciplina das crianças que vivem no “caos” da violência e tantos outros problemas sociais, isso denota um papel da escola de educar para a “civilização” das pessoas. Porém, essa forma de pensar kantiana abre outras questões humanistas e éticas da disciplinarização. Desse modo, a equipe escolar terá como possível grande desafio o eixo dos corpos presentes na escola e o eixo dos saberes a serem ensinados. Além disso, muitos pais acreditam dar conta de ensinar os filhos a partir de suas concepções do que consideram saberes necessários para o desenvolvimento das crianças de hoje. Surge, então, uma vigilância dos corpos não mais somente pela escola, mas também pelos familiares. Para entendermos o ensino domiciliar, como vem sendo chamado no Brasil, no qual as famílias optam por ensinar seus filhos em casa, precisamos também entender o que as famílias desejam para seus filhos. Esse ensino ganha força atualmente, no entanto, essa concepção gera também muita polêmica, porque em muitos depoimentos de pais, eles dizem, em especial os pais com escolarização de nível superior, querer poupar seus filhos de ameaças de violência, bullying, assédio ou não concordarem com o que as escolas desenvolvem em seus currículos. Essa questão chegou aos tribunais e não se consolidou no Brasil. É importante perceber que não vivemos isolados e as equipes pedagógicas necessitam discutir a prática do processo educacional no cotidiano das escolas para garantir ensinamentos que vão além dos conteúdos e que também se baseiam na convivência entre as pessoas. Esses ensinamentos perpassam por todos os níveis e ajudam na colaboração, e não somente na competição individual que o mercado sugere para se ser bem-sucedido. Ensino domiciliar Conhecido no exterior como homeschooling. Atenção! Aprender a lidar com os diferentes em todo e qualquer lugar, e não somente no espaço escolar, é papel da equipe pedagógica multidisciplinar, para fortalecer a concepção de que o espaço-tempo escolar é comunitário e necessário. Ensino remoto ou EaD Outro desafio das equipes pedagógicas multidisciplinares é a antecipação da força que o ensino remoto apresenta na realidade atual. A tecnologia digital tem possibilitado muitas modalidades de ensino. Há algum tempo esse universo permite a veiculação e acesso a textos, cursos e outras possibilidades do ensinar-aprender. Toda a sofisticação tecnológica eletrônica de ensino se intensificou durante a pandemia. Toda a comunidade escolar teve que se adaptar e aprender a estreitar o futuro e alargar o presente (SANTOS, 2013). As aulas sem alunos presenciais em diferentes níveis de ensino tornaram-se um grande processo de estudo das equipes pedagógicas das escolas. De alguma forma, essas equipes estiveram “entrelugares” investigando o modo de constituir um novo que foi antecipado pela necessidade de distanciamento físico e social. Temos como primeiros resultados das ações propostas para essa modalidade de intervenção os seguintes exemplos: Reformular os planejamentos e as formas de ensinar. A não presença dos alunos nas aulas virtuais. As orientações aos familiares sobre as tarefas escolares. A intervenção nos bullyings cibernéticos. Todos querendo falar ao mesmo tempo. Os microfones e câmeras ligados observando a rotina familiar. As brigas entre irmãos presentes no mesmo espaço. A falta de conexão com a Internet e tantos outros Ao mesmo tempo que assimilamos esses desafios, a equipe pedagógica também experimentava, virtualmente, esses movimentos entre os pares. Ou seja, não se tratava apenas de desafios entre alunos- professores e familiares, mas da própria equipe pedagógica. Os dispositivos pedagógicos do ensino remoto, uma expressão que se refere aos modos nos quais a Internet atua na relação ensino-aprendizagem das pessoas, vieram para ficar e ainda desafiarão muito mais depois dos isolamentos físicos e sociais impostos. No entanto, estamos vivendo um processo híbrido e os desafios continuarão. O conhecimento não “pedagogizado” Ao considerar que fora das escolas também se tem e se tece variados conhecimentos, a escola não pode ser considerada a única que detém os saberes da humanidade. Desse modo, é preciso reconhecer que alguns são aprendidos e ensinados fora da escola e em qualquer idade iremos aprender e ensinar como a imagem que ilustra as crianças em casa ensinando a utilizar aplicativos de jogos no celular. As brincadeiras dos mais velhos observadas pelos mais novos, a criança que está nos sinais de trânsito vendendo algo, tudo isso é conhecimento aprendido e ensinado. No entanto, não são “pedagogizados” ou levados em conta no espaço escolar. Desse modo, esses “Currículos Praticados” (OLIVEIRA, 2008) fora das escolas necessitam ser categorizados pela equipe pedagógica e estabelecer ações inclusivas, a fim de propiciar uma educação mais de acordo com a realidade dos alunos. Ou seja, valorizá-los sem, contudo, torná-losconteúdos formalizados. Nas três imagens a seguir, podemos verificar conhecidas situações que nos ajudam a entender que o aprender e ensinar em espaços não formais não acontecem somente com os alunos que estão em espaços organizados pedagogicamente. Isso acontece simultaneamente com toda a equipe pedagógica. E, assim, essa equipe consciente de seu compromisso em valorizar os diferentes conhecimentos de seus membros poderá discutir e solucionar questões desafiadoras nas escolas. O multiculturalismo e o estruturalismo de suas questões Os processos educativos, nos dias de hoje, que estejam desvinculados do contexto de experiências das questões culturais da sociedade estão profundamente equivocados. No entanto, as equipes pedagógicas parecem ter que ficar atentas ao que a comunidade escolar compreende como consciência dos processos de cruzamento de culturas e a desnaturalização da visão de negação e silenciamento de injustiças sociais históricas que estão dentro das escolas. Ou seja, exercitar a tomada de consciência da formação de identidades culturais que respeitem as diferenças e as diversidades. Mas isso não é fácil! Por isso, assista ao vídeo a seguir e saiba mais sobre o multiculturalismo. De�nição de multiculturalismo A seguir, veja a exposição do conceito e sua aplicação no ambiente da escola e como profissionais o transformam. É importante ver como as diferentes linguagens e expressões culturais estão presentes e são produzidas ou estruturadas nas escolas. Perceber e discutir para agir em relação às relações das questões étnico-raciais, de gênero, sociais, necessidades especiais, religiosas e tantas outras diferenças. As relações entre as culturas e o cotidiano escolar parecem ainda ser um grande desafio. Isso não quer dizer que se almeje impor uma verdade absoluta sobre o assunto. Ou seja, a semente de discussões a partir do que se apresenta na realidade das escolas. Cabe à equipe pedagógica, de forma multidisciplinar, elucidar discussões, estudos e pesquisas que abordem o fazer pensar sobre a impossibilidade de separar nossa vida e as mazelas estruturais de culturas dominantes. Re�orestamento da escola As questões da educação ambiental já constituem uma discussão que está no cotidiano das escolas. Não é de hoje que as equipes pedagógicas auxiliam no processo pedagógico observando as ações ambientais nos projetos políticos pedagógicos. No entanto, essa questão ainda é um desafio. Isso porque, em um contexto global que ainda não possui políticas públicas de preservação ambiental distanciadas do consumo exagerado, do agronegócio e da pirataria dos bens naturais, fica impossível veicular de fato uma ação educativa na formação de uma consciência ambiental. Portanto, a banalização das queimadas, da morte de animais das florestas, do comércio ilegal da terra e da madeira que entra em nossa casa diariamente faz “virtualizar” ou “naturalizar” a realidade. As escolas acabam teorizando as questões ambientais e necessitando “reflorestar” os espaços e as pessoas em formação. Nesse sentido, “reflorestar” as escolas significa identificar os problemas ambientais no cotidiano, produzir pequenas ações concretas e abrir as discussões fazendo relação entre o local e o global. Desnaturalizando as questões ambientais e trazendo ações possíveis para uma consciência ambiental. P t t t õ i i t l ã l d á Para tanto, as representações sociais presentes nas escolas serão reveladas e o que se pensa aparecerá mais visível. Dessa forma, a equipe pedagógica poderá agir recorrendo a representações que formarão no aqui e agora pessoas mais atuantes no (re)florestamento do mundo em chamas. E, ainda, ajudará para romper um pouco com a desconstrução da banalização das questões ambientais nos ambientes escolares, confrontando-a com as legislações ambientais vigentes. Ou mudando a nossa concepção de lutar para a preservação ambiental. Descentralização da gestão A centralização de decisões, a importância dada às determinações das instituições educacionais em detrimento de uma gestão descentralizada das ações e práticas sem competições internas, também é um desafio na noção de multidisciplinaridade. Atenção! Não faz parte de uma equipe na qual se exerce uma gestão centralizadora a preocupação com uma reflexão coletiva de seus profissionais sobre as práticas cotidianas. E, se a realiza, parece não ser compatível a distribuição equitativa de atribuições. As contribuições de cada um dos profissionais necessitam ser partilhadas com todos, para que realmente a abordagem, com suas especificidades, possa trazer subsídios para a ajuda necessária nas múltiplas situações. Do contrário, os participantes da equipe pedagógica deixam a concepção multidisciplinar participativa para uma dimensão autoritária e hierárquica. Portanto, essa preocupação de descentralizar a gestão para que os conhecimentos avancem sem polarizações ou hierarquias será eminentemente um grande desafio de uma equipe pedagógica multidisciplinar. Di�culdades de aprendizagens Pensar uma equipe multidisciplinar leva-nos necessariamente a pensar as dificuldades de aprendizagens apresentadas pelos alunos e as indicadas pela comunidade educativa. Toda a comunidade escolar e a equipe pedagógica se vê desafiada a responder com precisão as demandas visibilizadas e a organização das práticas escolares a partir dessas indicações e dos resultados observados do processo de ensino- aprendizagem. As expectativas durante o percurso do processo pedagógico provocam discursos variados em torno das dificuldades das aprendizagens nas escolas. Assim, uma equipe multidisciplinar terá que estar atenta aos processos da aprendizagem no cotidiano das escolas, e não somente a cada exame ou prova aplicada. Desse modo, podemos destacar algumas das muitas nuances que impedem o aprendizado dos alunos. Veja a aseguir: a avaliação; as críticas aos alunos com déficit de atenção; a dinâmica adotada na sala de aula; o abandono das famílias no processo de auxílio ao ensinar-aprender; as dificuldades físicas e emocionais de cada aluno; a violência sofrida; as condições das escolas. Nesse sentido, abandonar a ideia de que a dificuldade de aprendizagem é só do aluno e analisar o processo que limitou as expectativas da instituição é papel da equipe pedagógica multidisciplinar. Afinal, as novas perspectivas teórico-metodológicas apresentam que nossas aprendizagens se dão também em tempos e modos diferentes. Cabe à equipe pedagógica multidisciplinar avaliar cada caso e agir de acordo com a especi�cidade. A busca do desejo de aprender a aprender de todos para conseguir superar a dificuldade de aprendizagem a partir de uma atitude pesquisadora do processo das ações escolares é a sua grande tarefa. A partir dos resultados da pesquisa e sua análise, a equipe realizará relatórios e possíveis encaminhamentos aos peritos para as intervenções. Enfim, o acompanhamento desses e de outros desafios, suas imbricações, deverá ser objeto de estudo da equipe pedagógica na lógica multidisciplinar. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 3 - Vem que eu te explico! Alguns desa�os da equipe pedagógica multidisciplinar (parte 1). Módulo 3 - Vem que eu te explico! Alguns desa�os da equipe pedagógica multidisciplinar (parte 2). Todos Módulo 1 - Video Entre a teoria e a prática Módulo 2 - Video Uma breve história dos trabalhadores da escola Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 Questão 1 A herança utilitária de nossa cultura ocidental é uma marca forte de nosso tempo. A consciência ecológica pode nos ensinar a vencer isolamentos, e faz emergir a responsabilidade para com a redefinição do nosso agir no aqui e agora de nossas realidades. Nessa perspectiva, o agir de uma equipe pedagógica multidisciplinar tem como um de seus desafios: A Discutir a prática do processoeducacional no cotidiano das escolas para garantir ensinamentos de uma educação ambiental. B Selecionar conteúdos adequados para minimizar as dificuldades de aprendizagens ambientais. C Estabelecer ações com mais convivência entre as pessoas e aprender a cuidar do homem e do mundo no cotidiano das escolas para ultrapassar seus muros. D Ajuda e colaboração com ações no micro ecossistema para atingir o macro ecossistema ambiental. E Reflorestar as escolas com árvores e plantas para garantir que as florestas sejam preservadas. Parabéns! A alternativa C está correta. A consciência ecológica é uma esperança de restauração de nossa natureza dialógica com o outro. Entendendo esse outro como os humanos e não humanos viventes no planeta. Vale notar que essa consciência não está vinculada somente ao ambiente distante das pessoas, mas às pessoas inseridas em seu ambiente e vice-versa. Portanto, um dos desafios de uma equipe multidisciplinar está em tornar as ações propostas em um projeto político-pedagógico de cuidado, atenção, respeito, consumo consciente e um fazer dentro da escola que estimule posturas fora da escola. Questão 2 Reconhecer a cor de cada pele, as diferenças de gênero, a falta de cuidado e atenção com os portadores de deficiência, as diferenças de classe, religião, culturais e sociais provoca violências de várias espécies no cotidiano das escolas. Uma equipe pedagógica que se denomina multidisciplinar observa em suas ações Considerações �nais Duas posições podem ser aqui colocadas. A primeira é que incorporamos muitos desafios no cotidiano das equipes pedagógicas por meio das práticas sociais com as quais convivemos. A segunda está na as: A Diferenças culturais e práticas pedagógicas B Multiculturalismo estrutural C Multiculturalismo D Práticas pedagógicas multiculturais E Diferenças e diversidades pedagógicas Parabéns! A alternativa D está correta. O multiculturalismo é um dos grandes desafios da equipe pedagógica. Junto a essa discussão, podemos perceber o estruturalismo cultural que ele representa em cada uma de suas questões. As práticas pedagógicas multiculturais e as estratégias discutidas para refletir em mudanças de comportamento no cotidiano das escolas deverão estar presentes nas preocupações da equipe pedagógica multidisciplinar. constatação de que existem muitas escolas em realidades diferentes. Assim, também são múltiplas as equipes pedagógicas. Ou seja, a dualidade teoria e prática ainda permanece presente também nas equipes pedagógicas multidisciplinares. A realidade escolar hoje faz com que uma escola, para atingir plenamente seu objetivo, precise de expertise, de visões que possam dialogar, para não corrermos o risco de fazer como no desenho acima, o olhar de cima, não se trata de superioridade, mas de perceber e atuar. Podcast Agora, o professor Rodrigo Rainha encerra o tema fazendo um resumo sobre as realidades e perspectivas da equipe pedagógica. Referências ALVES, N. Decifrando o pergaminho: o cotidiano das escolas nas lógicas das redes cotidianas. In: OLIVEIRA, I. B. de; ALVES, N. (Org.). Pesquisa no/do cotidiano das escolas: sobre redes de saberes. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. ANTUNES, M. A. Psicologia Escolar e Educacional. Psicologia Escolar e Educacional: 12 (2) Dezembro de 2008. BOFF, L. A águia e a galinha: uma metáfora da condição humana. Petrópolis: Vozes, 1997. BOSSA, N. A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. BRASIL. 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Habilidades que podem ser desenvolvidas no docente ao participar das atividades envolvendo este filme: a responsabilidade na forma de abordar determinados conteúdos, recortes que o professor faz ao selecionar o conteúdo do programa da disciplina, analisar o que ocasionou a seleção de conteúdos feita. Ao filme: O clube do imperador, de Michael Hoffman, 2002. Tempo do filme: 1h49min. Habilidades abordadas no filme: princípios, ética, moral. Habilidades que podem ser desenvolvidas no docente ao participar das atividades envolvendo este filme: o professor tem a possibilidade de rever seus conceitos quanto ao julgamento em sala de aula, tratando seus alunos de forma igualitária, não beneficiando alguns e tirando a oportunidade de outros. Leia: Equipe multidisciplinar: possibilidade de eficiência e qualidade no EaD, de Cleuza Giuliani. Lições de aula, de Pierre Bourdieu. Baixar conteúdo javascript:CriaPDF()
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