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Maria Luiza Sena – Med XIV FASA ANATOMIA DO CORAÇÃO O coração está localizado sobre o diafragma, próximo da linha mediana da cavidade torácica. Encontra-se no mediastino e aproximadamente 2/3 estão à esquerda da linha mediana. O ápice do coração é formado pela ponta do VE e a base está do lado oposto ao ápice, sendo formada pelos átrios, sobretudo o esquerdo. O coração tem diversas faces: ❖ Esternocostal -> profunda ao esterno e costelas. ❖ Diafragmática -> entre o ápice e margem direita. ❖ Margem direita -> voltada para o pulmão direito. ❖ Margem esquerda -> voltada para o pulmão esquerdo. PERICÁRDIO Membrana que envolve e protege o coração. Possibilita liberdade de movimento suficiente para a contração vigorosa e rápida. Pericárdio fibroso -> mais superficial, composto de tecido conjuntivo inelástico, resistente, denso e irregular. Possui uma extremidade aberta, a qual está fundida aos tecidos conjuntivos dos vasos sanguíneos que entram e saem do coração. ❖ Ancora o coração no mediastino, protege e impede hiperdistensão. ! O movimento do diafragma (respiração profunda, por ex) facilita a circulação do sangue pelo coração porque o pericárdio fibroso está parcialmente fundido ao tendão central do diafragma. Pericárdio seroso -> é mais profundo e mais fino, formando uma dupla camada em torno do coração. ❖ Lâmina parietal: mais externa e fundida ao pericárdio fibroso. ❖ Lâmina visceral: mais interna (epicárdio) e firmemente aderida à superfície do coração. Entre as lâminas parietal e visceral existe a cavidade do pericárdio, a qual contém o líquido pericárdico, que funciona como um líquido seroso lubrificante, reduzindo o atrito entre as camadas do pericárdio seroso. PAREDE DO CORAÇÃO EPICÁRDIO Contém vasos sanguíneos, linfáticos e vasos que irrigam o miocárdio. Composto por duas camadas de tecido: ❖ Externa (lâmina visceral do pericárdio seroso) -> fina, transparente e composta por mesotélio. ❖ Camada de tecido fibroelástico e adiposo -> é predominante o tecido adiposo, o qual se torna mais espesso nas faces ventriculares, abrigando os principais vasos cardíacos e artérias. ! A quantidade de gordura no tecido adiposo varia de pessoa para pessoa e geralmente aumenta com a idade. MIOCÁRDIO Camada média responsável pelo bombeamento do coração. É composta por tecido muscular cardíaco. Compõe 95% da parede do coração. As fibras musculares são envolvidas e separadas em feixes por bainhas de tecido conjuntivo compostas por endomísio e perimísio. ❖ Essas fibras estão dispostas em feixes que circundam o coração, produzindo o bombeamento. ENDOCÁRDIO Camada mais interna formada por endotélio. Fornece revestimento liso para as câmaras do coração e abrange as valvas cardíacas. ! Revestimento endotelial liso minimiza o atrito de superfície conforme o sangue passa através do coração. CÂMARAS DO CORAÇÃO O coração é formado por 4 câmaras: ❖ 2 átrios -> recebem sangue das veias que retornam o sangue ao coração. ❖ 2 ventrículos -> ejetam o sangue do coração para as artérias. Na face anterior de cada átrio exite a aurícula, que aumenta a capacidade de um átrio para que ele possa conter maior volume. APG 01 - sistema cardiovascular Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Na superfície do coração existem vários sulcos, os quais contêm vasos sanguíneos coronarianos e gordura. Cada sulco delimita a fronteira entre duas câmaras do coração. ❖ Sulco coronário -> é profundo e circunda a maior parte do coração. Marca a fronteira externa entre os átrios acima e ventrículos abaixo. ❖ Sulco interventricular anterior -> é raso e marca a fronteira externa entre VD e esquerdo. ❖ Sulco interventricular posterior -> continuidade do anterior. Marca a fronteira entre os ventrículos na face posterior do coração. ÁTRIO DIREITO Forma margem direita do coração, recebendo sangue de 3 veias: VCS, VCI e seio coronário. O interior da parede posterior é liso e o da parede anterior é áspero, devido os músculos pectíneos. Entre os átrios esquerdo e direito existe o septo interatrial, que é uma partição. Esse septo tem uma depressão chamada fossa oval (remanescente do forame oval). Sangue passa do AD para o VD por meio da valva tricúspide. VENTRÍCULO DIREITO Forma a maior parte da face esternocostal do coração. Seu interior contém muitas cristas formadas por feixes elevados de fibras musculares cardíacas -> trabéculas cárneas. Válvulas da valva atrioventricular estão conectadas às cordas tendíneas, as quais estão ligadas às trabéculas -> músculos papilares. VD é separado do VE pelo septo interventricular. Sangue passa do VD através da valva do tronco pulmonar para a artéria tronco pulmonar, que se dividem em direita e esquerda e levam sangue até os pulmões. ÁTRIO ESQUERDO Forma a maior parte da base do coração. Recebe sangue dos pulmões por meio das veias pulmonares. Tem parede anterior e posterior lisas. Sangue passa do AD para o VE através da valva bicúspide/mitral. VENTRÍCULO ESQUERDO Câmara mais espessa do coração, formando o seu ápice. Contém trabéculas cárneas e cordas tendíneas que ancoram as válvulas da valva bicúspide aos músculos papilares. Sangue passa do VE através da valva da aorta. Um pouco do sangue da aorta flui para artérias coronárias que se ramificam e transportam o sangue para a parede do coração. O restante do sangue passa para o arco e parte descendente da aorta. Ramos do arco da aorta e da parte descendente levam sangue por todo o corpo. Ligamento arterial (liga o arco da aorta e o tronco pulmonar) -> remanescente do canal arterial, o qual desvia o sangue do tronco pulmonar para a aorta na vida fetal. VALVAS CARDÍACAS As valvas cardíacas se abrem e fecham em resposta às mudanças de pressão conforme o coração contrai/relaxa. Elas ajudam a assegurar o fluxo unidirecional do sangue, impedindo o refluxo. VALVAS ATRIOVENTRICULARES (AV) Localizadas entre um átrio e um ventrículo. ❖ Ventrículos relaxados -> músculos papilares relaxados, cordas tendíneas frouxas e o sangue se move de uma área de maior pressão no átrio para uma de menor pressão nos ventrículos através das AV abertas. ❖ Ventrículos contraídos -> pressão sanguínea aciona as AV para cima até que elas se fechem. Músculos papilares contraem e cordas tendíneas tracionam. AV fechadas. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA ! Se as valvas AV ou cordas tendíneas estiverem danificadas, o sangue pode regurgitar para os átrios na contração dos ventrículos. VALVAS SEMILUNARES Valvas da aorta e do tronco pulmonar são compostas por 3 válvulas semilunares. Essas valvas possibilitam ejeção de sangue do coração para as artérias, e evitam o refluxo para os ventrículos. ❖ Ventrículos contraídos -> valvas do tronco pulmonar e da aorta se abrem quando a pressão no ventrículo é superior à pressão nas artérias, possibilitando ejeção de sangue para tronco pulmonar e aorta. ❖ Ventrículos relaxados -> sangue reflui para o coração, o que enche as válvulas das semilunares, fechando a abertura entre o ventrículo e a artéria. ANATOMIA DOS VASOS SANGUÍNEOS Artérias -> transportam sangue do coração para outros órgãos. Artérias grandes e elásticas deixam o coração e se ramificam em artérias musculares médias, as quais se dividem em pequenas artérias que se dividem em arteríolas. Capilares -> vasos minúsculos que são ramos das arteríolas que entram em um tecido. Possuem paredes finas, possibilitando a troca de substâncias entre sangue e tecidos do corpo. Vênulas -> união de um grupo de capilares no tecido. Pequenas veias. Veias -> fusão de vênulas. Conduzem o sangue dos tecidos de volta para o coração. ESTRUTURA BÁSICA TÚNICA ÍNTIMA Forma o revestimento interno de um vaso e tem contato direto com o sangue que flui pelo lúmen deste.Componentes teciduais contribuem minimamente para a espessura da parede do vaso. ❖ Endotélio -> camada mais interna da túnica. É contínuo com o endocárdio. Reveste a face interna de todo o sistema circulatório. ❖ Membrana basal -> profunda ao endotélio. Fornece apoio físico para a camada epitelial. Possui estrutura de fibras colágenas, fornecendo à membrana resistência à tração. ❖ Lâmina elástica interna -> parte mais externa da túnica íntima. Lâmina fina de fibras elásticas fenestradas, as quais facilitam a difusão de materiais da túnica íntima para a média. TÚNICA MÉDIA Camada de tecidos muscular e conjuntivo. É espessa na maioria dos vasos e possui muitas fibras elásticas e células de músculo liso, as quais regulam o diâmetro do lúmen. ❖ Vasoconstrição -> estreitamento do lúmen do vaso devido estimulação simpática. ❖ Vasodilatação -> acontece quando a estimulação simpática diminui, na presença de alguns compostos químicos ou em resposta à PA. É quando as fibras musculares lisas relaxam – aumento do diâmetro do lúmen. TÚNICA EXTERNA Composta por fibras elásticas, colágenas e diversos nervos. Ajuda a ancorar os vasos aos tecidos circundantes. FISIOLOGIA DO SISTEMA CARDIOVASCULAR POTENCIAL DE AÇÃO É iniciado pelo nó sinoatrial, propaga-se pelo sistema de condução e se espalha para excitar as fibras contráteis. Despolarização -> potencial de repouso estável – cerca de 90mV. Canais de Na+ se abrem (canais rápidos de sódio), possibilitando a entrada de Na+, o que produz despolarização rápida. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Em seguida, os canais de Na+ se inativam e o influxo de Na+ diminui. Platô -> período em que a despolarização é mantida. Ocorre a abertura dos canais de Ca2+ (influxo de Ca2+). Pouco antes de terminar o platô, canais de K+ se abrem, ou seja, o influxo de Ca2+ equilibra a saída de K+. Repolarização -> recuperação do potencial de repouso. Canais de K+ se abrem e há o influxo deste, restaurando o potencial de repouso negativo (-90mV). Ao mesmo tempo, canais de Ca2+ se fecham. CICLO CARDÍACO São todos os eventos associados a um batimento cardíaco – uma sístole e uma diástole dos átrios + uma sístole e uma diástole dos ventrículos. Em cada ciclo, átrios e ventrículos contraem e relaxam de forma alternada, forçando o sangue das áreas de alta pressão para as de baixa pressão. ❖ Sístole -> alta pressão. ❖ Diástole -> baixa pressão. AD contrai e leva o sangue através da valva tricúspide -> VD contrai, passando o sangue para artéria pulmonar. Nos pulmões, o sangue é oxigenado e retorna ao coração pela veia pulmonar no AE. AE contrai levando sangue para VE por meio da bicúspide. VE leva sangue oxigenado através da valva aórtica para a veia aorta, a qual leva o sangue para o corpo. BULHAS CARDÍACAS São o fechamento das valvas. B1 (tum) -> quando o sangue passa dos átrios para os ventrículos. Fechamento das valvas bicúspide e tricúspide. Fim da diástole e início da sístole. B2 (tá) -> quando o sangue passa dos ventrículos para artérias pulmonares e aorta. Fechamento das valvas semilunares. Fim da sístole e início da diástole. PRINCÍPIO DE FRANK-STARLING Pré-carga: volume diastólico final, ou seja, volume total de sangue antes da ejeção (sístole). Pós-carga: se refere a pressão da artéria aorta e da pulmonar que os ventrículos precisam para ejetar seu conteúdo. DÉBITO CARDÍACO Volume de sangue ejetado pelo VE/VD na aorta/tronco pulmonar a cada minuto. É igual ao volume sistólico (volume de sangue ejetado pelo ventrículo a cada contração) x frequência cardíaca. REGULAÇÃO NEUROHORMONAL DA PRESSÃO ARTERIAL PA reflete a ejeção de sangue pelo VE para dentro da aorta. Logo, representa a força de distribuição de sangue para os capilares por todo o corpo. A PA se eleva na sístole (>120mmHg) e diminui durante a diástole (>80mmHg). A pressão arterial média é determinada por: PA = débito cardíaco x resistência periférica. ❖ Débito cardíaco = volume sanguíneo e FC. Controlado principalmente pela excreção e reabsorção de sódio. ❖ Resistência periférica = fatores humorais e neurais. REGULAÇÃO DE CURTA DURAÇÃO Atuam em minutos/horas com o objetivo de corrigir os desequilíbrios temporários, como por ex durante o exercício físico, mudanças de posição do corpo. Esse tipo de regulação baseia-se principalmente em mecanismos neurais e hormonais, sendo os neurais mais rápidos. MECANISMOS NEURAIS Estão localizados na medula oblonga (final da ponte) e no terço inferior da ponte, sendo essas regiões designadas como centro cardiovascular de controle. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Esse centro cardiovascular faz a transmissão de impulsos parassimpáticos (redução da FC) para o coração por meio do nervo vago e a transmissão de impulsos simpáticos (aumento da resistência vascular) por meio da medula espinal e nervos periféricos simpáticos. CONTROLE DA PRESSÃO PELO SNA Reflexos intrínsecos: se encontram dentro da circulação e são compostos por barorreceptores (controle por pressão) e quimiorreceptores (controle químico). Reflexos extrínsecos: localizados fora da circulação, ou seja, associados ao controle da pressão por frio, dor, etc. Centros superiores de controle neural: relacionados ao hipotálamo, ou seja, correlacionados ao controle límbico por meio de alterações de humor, emoções, etc. MECANISMOS HUMORAIS Sistema renina-angiotensina-aldosterona: a renina é uma enzima sintetizada, armazenada e liberada pelas células justaglomerulares dos rins em resposta a uma baixa PA ou a níveis elevados de catecolaminas. A maior parte dessa renina é liberada pelos rins na corrente sanguínea, onde ela converte o angiotensinogênio em angiotensina I, a qual em seguida é convertida em angiotensina II quase que inteiramente nos pulmões. Angiotensina II eleva a PA devido a 3 mecanismos principais: ❖ Contração da musculatura das arteríolas. ❖ Estimulação da secreção de aldosterona. ❖ Reabsorção de mais sódio e consequentemente de água, ao mesmo tempo que excreta mais potássio. Peptídeos natriuréticos atrial: são secretados pelo miocárdio e realiza uma tentativa de abaixar a pressão por meio da excreção de sódio e diurese. A renina liberada pelos rins após todo o processo de conversão vai agir tanto nas arteríolas, realizando um processo vasoconstritivo, como também atuará no rim, aumentando a reabsorção de sódio e, consequentemente, aumentando a PA. Vasopressina (ADH): é liberado pela hipófise posterior quando se tem reduções no volume de sangue e na pressão sanguínea. REGULAÇÃO DE LONGA DURAÇ ÃO Controlam a regulação da PA semanalmente e mensal, predominando a ação dos rins em seu controle de regulação de líquido extracelular. Basicamente, o mecanismo compensatório dessa regulação renal vai consistir em um modelo de excreção da diurese de pressão (água) e da natriurese de pressão (sal). Logo, muitos medicamentos anti-hipertensivos produzem seus efeitos redutores na pressão sanguínea através do aumento da eliminação de água e sódio.
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