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Complicacoes Pos-Operatorias Respiratorias

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Complicações Pós-Operatórias: Respiratórias 1
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Complicações Pós-Operatórias: Respiratórias 
Bárbara Aguiar dos Santos 
Medicina UFMG 158 
Introdução 
Entre as complicações pós-operatórias, as respiratórias são o segundo tipo mais comum, estando atrás apenas das infecções de sítio 
cirúrgico; 
Incidência de complicações respiratórias pode variar entre 2 a 40%; 
Ocorrem com maior frequência em cirurgias torácicas e abdominais proximais (12 a 70%). 
Até 25% podem ter mortalidade após 30º DPO devido a complicações respiratórias mal abordadas; 
Entre 10 a 20% dos pacientes que desenvolvem este tipo de complicação evoluem para óbito;
Fisiopatologia
Hipoinsuflação pulmonar devido à imobilização e à dor no PO;
A hipoinsuflação gera áreas mal ventiladas no pulmão, sobretudo nas bases;
Decúbito prolongado, além de induzir atelectasia, favorece eventos de TEP; 
Disfunção temporária do diafragma e da função muscular respiratória no PO. 
Este é um reflexo fisiológico após cirurgias abdominais ou torácicas, mas que pode provocar complicações; 
Esta disfunção também pode ser causada por comorbidades do paciente ou por medicamentos administrados durante ou após a 
cirurgia. 
Diminuição da efetividade da tosse, provocando retenção de muco e favorecimento do desenvolvimento de pneumonias; 
Diminuição da capacidade residual funcional e da capacidade vital;
Desequilíbrio da relação entre ventilação e a perfusão;
Episódios de aspiração. 
Fatores de Risco 
Relacionados ao Paciente 
Idade avançada (pacientes acima de 60 anos); 
ASA ≥ 2; 
Pacientes com DPOC;
Presença de IC; 
Perda de peso acima de 10% nos últimos seis meses e de forma não intencional; 
Depressão sensória aguda ou crônica; 
Tabagismo; 
Infecção respiratória prévia nos últimos 30 dias; 
Pacientes com as seguintes comorbidades: 
Etilismo; 
Doença hepática ou renal; 
Neoplasias;
Apneia obstrutiva do sono. 
Obesidade. 
Relacionados ao Procedimento 
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Cirurgias abdominais e torácicas; 
Cirurgias sob anestesia geral; 
Cirurgia de aneurisma de aorta; 
Neurocirurgia e cirurgia de cabeça e pescoço; 
Tempo operatório maior que três horas; 
Cirurgia de emergência - pacientes podem estar de estômago cheio e aspirarem conteúdo gástrico durante cirurgia; 
Anemia e hemotransfusão; 
Hospitalização prolongada. 
Principais Complicações
Atelectasia 
Muito comum, sendo que alguns autores não a consideram como complicação pós-operatória; 
Pode ser assintomática ou pode levar a insuficiência respiratória; 
Causa mais frequente de febre nas primeiras 48 horas PO; 
Sinais de alarme: 
Dispneia; 
Taquipneia; 
Alterações na ausculta pulmonar; 
Febre baixa. 
Diagnóstico é feito a partir de RX de tórax; 
Tratamento: 
Controle da dor;
Fisioterapia respiratória;
Estímulo à deambulação; 
Estímulo à tosse; 
Respirações profundas;
Broncoscopia - casos mais graves. 
Pneumonia 
Decorre da colonização por germes hospitalares do parênquima pulmonar do paciente recém-operado; 
Aumenta o risco de mortalidade do paciente em até 10 vezes; 
Comum em pacientes com comorbidades; 
Seta aponta para extremidade de um tubo orotraqueal, que está introduzido apenas no brônquio direito, de modo que o pulmão esquerdo não está recebendo 
oxigênio adequadamente (atelectasia). 
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O diagnóstico é difícil devido à associação com as comorbidades do paciente e devido a outras causas de febre no PO, por exemplo;
Realizar RX de tórax ou TC; 
Sinais e sintomas: 
Febre; 
Leucocitose; 
Escarro purulento;
Piora da função respiratória; 
Identificação de patógeno (cultura). 
Tratar com antibiótico de largo espectro. 
Aspiração 
Síndrome de Mendelson: aspiração de maciça de conteúdo gástrico, geralmente devido à presença de alimento no estômago do 
paciente durante a cirurgia; 
Vômitos com diminuição da consciência também podem causar aspiração; 
Uso inadequado do cateter nasogástrico; 
Cirurgia de urgência e emergência; 
Pode causar pneumonite e até pneumonia; 
Tromboembolismo Pulmonar 
Sinais e sintomas: 
Dispneia; 
Dor torácica súbita; 
Choque e insuficiência respiratória. 
Evidências de TVP. 
Fatores de risco: 
Idade acima de 60 anos; 
Operações extensas; 
Obesidade; 
Tabagismo; 
Imobilização; 
Neoplasia maligna; 
Sepse; 
Estados de hipercoagulabilidade. 
Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA)
Caso ocorra, paciente evolui para insuficiência respiratória; 
Quadro acomete pacientes já em estado grave que apresentem pneumonia grave, ou aspirações maciças ou com sepse; 
Estes fatores de risco provocam infiltrado inflamatório difuso e formação de membrana hialina na superfície alveolar; 
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Insuficiência Ventilatória Pós-Operatória 
Acomete pacientes com impossibilidade de extubação ou com necessidade de re-intubação em até 48 ou 72 horas PO; 
Causas: 
Rebaixamento de nível de consciência; 
Efeito de opióides ou bloqueadores neuromusculares; 
Exacerbação do DPOC. 
SDRA. 
Complicações Iatrogênicas
Pneumotórax Simples ou Hipertensivo 
Relacionado à tentativa de pinçamento dos vasos venoso centrais (jugulares ou subclávios); 
Também podem ser causados por procedimentos diagnósticos e terapêuticos mal realizados (toracocentese, punção pleural). 
Sinais e sintomas: 
Timpanismo à percussão; 
Ingurgitamento da jugular; 
Choque;
Insuficiência ventilatória. 
Diagnóstico é clínico e, mediante suspeita, a ação deve ser rápida, sem tempo para realização de exames. 
Estratégias para Redução do Risco 
Interrupção do tabagismo; 
Limitação do tempo cirúrgico; 
Controle da dor no PO; 
Mobilização precoce no PO;
Uso adequado dos bloqueadores neuromusculares - com preferência para os de curta duração; 
Descompressão nasogástrica seletiva; 
Otimização do tratamento de DPOC no pré-operatório;
Adiamento de cirurgias após infecção respiratória recente; 
Profilaxia de tromboembolismo pulmonar; 
Formação de membrana hialina na superfície alveolar devido à presença maciça de exsudato inflamatório. 
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Identificação e melhora da performance de pacientes com síndrome da apneia obstrutiva do sono.

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