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Mateus Castro MED 2021 SEMANA 3 CIRURGIA I SÍNDROME DE INSUFICIÊNCIA HEPATOCELULAR E HIPERTENSÃO PORTA CIRROSE HEPÁTICA Fibrose + nódulos de regeneração (tentativa falha de regeneração hepática). HIPERTENSÃO PORTA Sistema Porta Hepático - Normal: artéria – capilares – veia. - Sistema Porta: artéria – capilares – veia – capilares – veia. Caracterizado pela presença de uma veia que se forma entre 2 redes de capilares. - Sistema Porta Hepático: (VMS + V. esplênica) – veia porta – capilares – veia hepática. A hipertensão porta vai ocorrer sempre que a pressão no sistema porta hepático for > 5mmHg. Manifestações Clínicas 1 – Esplenomegalia: a VMS se junta com a Veia esplênica para formar o sistema porta, no momento que tem um aumento da pressão no nível do sistema porta a veia esplênica não consegue manter sua drenagem correta, acabando com o baço congesto. 2 – Varizes: esôfago, fundo gástrico, anorretal, abdominal (recanalização da veia umbilical). 3 – Encefalopatia hepática: diante da degradação de proteínas no intestino ocorre a formação e amônia, que é metabolizada em ureia no fígado, e excretada pelos rins. Diante de uma hipertensão ao nível porta, a amônia não consegue chegar ao fígado, sendo então, acumulada – ultrapassa barreira hematoencefálica, causando a encefalopatia. 4 – Ascite. Classificação A classificação é feita de acordo com o local de obstrução. 1 – Pré-hepática. 2 – Intra-hepática - Pré-sinusoidal - Sinusoidal - Pós-sinusoidal 3 – Pós-hepática. Até o pré-sinusoidal o paciente vai apresentar muitas varizes e pouca ascite. A partir do sinusoidal, o paciente terá poucas varizes e muita ascite. Tipo Causas Pré-Hepática Trombose de veia porta: hipercoagulabilidade. Trombose de veia esplênica: hipertensão porta “segmentar”. A dica é a presença de varizes de fundo gástrico isoladas. Lembrar de pancreatite crônica. Intra-Hepática PRÉ-SINUSOIDAL - Esquistossomose. SINUSOIDAL - Cirrose hepática. PÓS-SINUSOIDAL - Doença veno-oclusiva. - Chá da Jamaica Pós-Hepática Associado, o paciente tem o achado de hepatomegalia. Budd-Chiari: trombose de veia hepática. Obstrução de veia cava inferior: trombose, neoplasia. Paciente pode ter edema de mmii. Doenças cardíacas: pericardite constritiva, ins tricúspide. Paciente pode ter edema de mmss. VARIZES DE ESÔFAGO Formação: diante de uma pressão no sistema porta > 10, o sangue não passa pela veia porta, o caminho a seguir é um caminho alternativo – sistema Cava, tendo a formação das varizes. - Diante de uma pressão > 12: aumento do risco de ruptura das varizes de esôfago. Mateus Castro MED 2021 SEMANA 3 Abordagem Do Paciente Situação 1: Nunca Sangrou Paciente com clínica ou risco de hipertensão porta (cirrose)? 1 – Rastreio com EDA. Tem Varizes? - Profilaxia primária: pacientes com varizes de calibre médio e grande, classificação Child B e C e presença de Cherry-red spots (pontos avermelhados). A profilaxia primária é feita com Beta-Bloqueador ou Ligadura Elástica (LEV). Situação 2: Sangramento 1 – Estabilização hemodinâmica: reposição volume. 2 – Investigação e tratamento agudo: - EDA: escleroterapia / ligadura elástica. - Vasoconstritores: Somatostatina, Octreotide, Terlipressina. - Balão: Sengstaken-Blakemore (quando não tem nada que melhore ou não tem nada). Pode ser usado por no máximo 24hrs. - TIPS (shunt portossistêmico intra-hepático transjugular): tem como vantagem o controle do sangramento e ascite e permite transplante. As desvantagens são encefalopatia, estenose e disponibilidade. - Cirurgia: urgência – shunt não seletivo. 3 – Prevenção de complicações: - Peritonite bacteriana espontânea (PBE): faz a profilaxia inicialmente com Ceftriaxona EV e após a melhora do sangramento introduz Norfloxaxino VO. A duração do tratamento é de 7 dias. - Ressangramento: profilaxia secundária. Faz uso de B-Bloqueador + Ligadura Elástica. Outras opções de tratamento é o TIPS / Transplante. Na vida, o uso de drogas e EDA são as medidas mais usadas no tratamento de sangramento ativo. ASCITE Avaliação Semiológica Exame físico: 1 – Manobra de Piparote. 2 – Macicez móvel de decúbito. 3 – Semicírculo de Skoda: com o paciente em DD, inicia- se uma percussão no abdome, onde irá identificar uma macicez no final do abdome. 4 – Toque retal. Diagnóstico Exame de escolha: USG – consegue identificar a partir da presença de 100 ml de líquido. Paracentese diagnóstica: é indicada sempre diante de um caso novo de ascite, onde não se sabe o diagnóstico etiológico, ou diante de mudança na clínica do paciente. Para poder diferenciar o transudato de exsudato é feito pela avaliação do GASA (gradiente de albumina soro-ascite): albumina soro – albumina ascite. Transudato Exsudato - Hipertensão porta. - Doença peritoneal. GASA > ou igual 1,1 GASA < 1,1 - Cirrose - IC - Budd-Chiari - Neoplasia - Tuberculose - Pâncreas Tratamento 1 – Restrição de sódio: 2g/dia. Só é indicado restrição hídrica se o paciente apresentar um quadro de hipovolemia dilucional. Se a restrição de sódio não adiantar, pode fazer uso de Diuréticos: Espironolactona (escolha), podendo ser associado com Furosemida. Meta: perda de 0,5 kg/dia ou 1 kg/dia se o paciente estiver edemaciado. Ascite Refratária: paracenteses terapêuticas seriadas – pacientes que não melhoram com a restrição hídrica e restrição de sódio. CUIDADO: em paracentese de grande volume (> 5 L) deve ser reposto 6 – 10g de albumina por litro retirado. Outras possibilidades na ascite refratária é o TIPS ou transplante hepático. Mateus Castro MED 2021 SEMANA 3 COMPLICAÇÕES DA ASCITE PERITONITE BACTERIANA ESPONTÂNEA – PBE Ocorre uma translocação monobacteriana: E. coli. Manifestações Clínicas Febre, dor abdominal e encefalopatia em um paciente com ascite. Diagnóstico PMN > 250/mm3 + cultura monobacteriana positiva. Diante da presença de PMN > 250 já pode iniciar o tratamento, uma vez que a cultura pode demorar até 48hrs para ficar pronta. Tratamento 1 – Cefalosporina de 3° geração (Cefotaxima) por 5 dias. Profilaxia Primária Aguda: sangramento por varizes. - Ceftriaxona / Norfloxacino por 7 dias. Crônica: indicado nos casos de proteína na ascite for < 1.5 g/dl. - Norfloxacino por toda a vida ou até quando for realizar um transplante. Secundária Deve ser feita em todos os pacientes após PBE: - Norfloxacino. Profilaxia Para Síndrome Hepatorrenal Sempre deve ser indicado após PBE. - Albumina: 1,5 g/kg no 1° dia e 1g/kg no 3° dia. Diagnósticos Diferenciais Ascite Neutrofílica: > 250 mm3 PMN com cultura negativa. Deve ser tratado igual PBE. Bacterascite: < 250 mm3 PMN com cultura positiva. Tratamento: - Sintomático: ATB. - Assintomático: nova paracentese. Peritonite Bacteriana Secundária: se trata de uma peritonite franca e é polimicrobiana. Critérios: Líquido ascítico com 2 ou mais critérios: - Proteína > 1 g/dl. - Glicose < 50 mg/dl. - LDH elevada. Tratamento: - Associar metronidazol + avaliar cirurgia. ENCEFALOPATIA HEPÁTICA Ocorre acúmulo de amônia (NH3). Causas 1 – Insuficiência hepatocelular. 2 – Hipertensão porta. Diagnóstico Clínico: flapping, letargia, sonolência. Pode ser precipitada por: hemorragia, constipação, PBE. Tratamento Evitar fatores precipitantes! 1 – Dieta: evitar restrição proteica. Pode fazer troca de proteína animal por proteína vegetal. 2 – Laxativo: Lactulose (ajuda na conversão de amônia em amônio que não ultrapassa barreia hematoencefálica, quebrando a encefalopatia). 3 – ATB: Neomicina, Metronidazol. 4 – Transplante: tratamentodefinitivo. SÍNDROME HEPATORRENAL Paciente com quadro de falência hepática que evolui com IRA. Diagnóstico 1 – IRA pré-renal que não melhora com volume. 2 – Urina concentrada e com pouco sódio. Classificação TIPO 1: Rápida progressão (< 2 semanas). - Precipitada por PBE. - Cr > 2,5. TIPO 2: Insidiosa, melhor prognóstico. - Espontânea. - Cr 1,5 – 2. Mateus Castro MED 2021 SEMANA 3 Tratamento 1 – Evitar descompensação. 2 – Transplante hepático. 3 – Albumina + Terlipressina. Anotações: SÍNDROME DE INSUFICIÊNCIA HEPATOCELULAR Formas de Apresentação: 1 – Aguda (hep fulminante): icterícia + encefalopatia + coagulopatia. 2 – Crônica (cirrótico): estigmas hepáticos. HIPERestrogenismo + HIPOandrogenismo: - Eritema palmar, telangectasias, ginecomastia, rarefação de pelos. Outras alterações: - Baqueteamento digital. - Contratura de Dupuytren: relação importante com alcoolismo (ficou com os dedos tortos de tanto segurar o copo de cachaça). - Tumefação de parótidas: relação importante com alcoolismo. Estadiamento Classificação de Child-Pugh: 1pt 2pt 3pt B Bilirrubina < 2 2 – 3 > 3 E Encefalopatia - 1 – 2 Grau 3 A Albumina > 3,5 3,5 – 3 < 3 T TAP (ou INR) < 4s 4 – 6 s > 6s A Ascite - Leve Moderada a Grave - Encefalopatia grau 3: paciente sonolento, presença de clônus e hiperrreflexia. - Ascite leve: só é visualizada pela USG. - Ascite moderada a grave: ascite identificada no exame físico. Grau A 5 – 6 Grau B 7 – 9 Grau C > ou igual 10 Classificação MELD Classificação usada para avaliar a fila de transplante hepático. Itens avaliados no MELD: BIC → bilirrubina, INR e creatinina. Mateus Castro MED 2021 SEMANA 3 Causas Insuficiência Hepatocelular 1 – Vírus: hepatite B e C. 2 – Tóxica: álcool, não alcoólica, medicações. 3 – Autoimune: hepatite, colangite. Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica 1 – Síndrome de resistência à insulina. 2 – Aumento de triglicerídeos. 3 – Aumento de TNF-alfa e estresse oxidativo. Progressão: Esteatose → Esteato-Hepatite (NASH) → Cirrose - Cerca de 25% dos pacientes evoluem de esteatose para NASH. - Dos pacientes com NASH, 10 – 50% dos pacientes evoluem para cirrose. Entre esses pacientes, os > 45 anos, DM e obeso tem um risco maior. HEPATITE ALCOÓLICA NÃO ALCOÓLICA Laboratório AST > ALT ALT > AST História - Ingesta > 20 – 40 g/dia de etanol. - Febre, dor abdominal e icterícia. - Síndrome metabólica. - Assintomático. Tratamento Abstinência e Corticoide Perda de peso / Pioglitazona HEPATITE B CRÔNICA Definição: HBsAg positivo por > 6 meses. Cronificação: 1 – Adultos: 1 – 5% dos casos. 2 – Crianças: 20 – 30% dos casos. 3 – RN: 90% dos casos. Tratamento Critérios para tratamento: 1 – Indicativo de replicação viral (HBeAg / HBV-DNA > 2000) + idade > 30 anos ou lesão hepatocelular estabelecida (ALT >2x o limite superior). 2 – Exame complementar: Biópsia > ou igual A2F2 / elastografia. 3 – Coinfecção: HCV, HIV. 4 – Imunossupressão: drogas, quimioterapia. 5 – Família: histórico familiar (parente 1° grau) de hepatocarcinoma. 6 – Manifestações extra-hepáticas: PAN, GN membranosa. Como Alceu Valença lembraria? RECIFE. Esquemas de Tratamento: HBeAg + Interferon (alfapeg-IFN, via SC, 48 sem). HBeAg - Sem resposta IFN HIV associado Tenofovir (VO, usado por tempo indefinido). **Tenefrovir: nefrotóxico. Doença renal Doença hepática Grave Imunossupressão Quimioterapia Entecavir (VO, usado por tempo indefinido). **Situações difíceis, entecavir pra Deus. Objetivo do tratamento: HBsAg negativo ao final do tratamento medicamentoso. HEPATITE C CRÔNICA Definição: HCV-RNA positivo por > 6 meses. Diante de um exame com Anti-HCV positivo, deve confirmar o diagnóstico de hepatite C com a dosagem da carga viral – HCV-RNA. Cronificação: 80 – 90% de todos os casos. Tratamento: todos os pacientes. Drogas: depende do genótipo (os nomes esquisitos que ninguém sabe decorado). Regra 1 Esquema Pangenotípico: SV – seu Valença Sofosbuvir + Velpatasvir Regra 2 O padrão de tratamento é de 12 semanas. Exceções: - CHILD B ou C: 24 semanas (ou com ribavirina por 12 semanas). Objetivo do tratamento: resposta virológica sustentada → HCV-RNA negativo 24 semanas após o final do tratamento. Mateus Castro MED 2021 SEMANA 3 HEPATITE B HEPATITE C Cronificação RN > criança > adulto 80 – 90% dos casos Extra Hepática PAN / GNM / Gianotti-Crosti Crioglobulinemia / GN mesangioc / Líquen / Porfiria Tratamento Alguns... IFN, TDF ou Entecavir Todos! Esquema SV DOENÇA DE WILSON Quê? (Definição) Paciente tem uma mutação na ATP7B, ocorrendo diminuição da excreção biliar de cobre → acúmulo de cobre no organismo. Quem? (Epidemio) -Jovem (5 – 30 anos). -Rara (1:30.000). Como? (Clínica) Fígado: hepatite aguda e crônica. SNC: alteração do movimento e da personalidade. - Em paciente jovem com uma suspeita de Parkinson pode ser na verdade uma doença de Wilson. Olho: anéis de Kayser-Fleisher. Todo paciente com alteração do SNC tem os anéis de KF Outros: hemólise, lesão tubular proximal, catarata. Qual? (Diagnóstico) Triagem: cerulopasmina reduzida na sua dosagem. Confirmação: achado dos anéis de KF, aumento do cobre urinário, avaliação genética. Dúvida: biópsia hepática. Quanto? (Tratamento) Quelantes: zinco, trientina e D- penicilamina. Transplante: doença avançada. HEMOCROMATOSE HEREDITÁRIA Quê? Paciente tem uma mutação no gene HFE, ocorrendo uma absorção aumentada de ferro. Quem? - Caucasiano (40 – 50 anos). - Comum (1:250). Como? Doença dos 6 Hs - Hepatomegalia (95%) → os pacientes tem 100x mais chance de desenvolver hepatocarcinoma. - Heart (IC, arritmias). - Hiperglicemia (insulina-dependente em até 70% dos casos). - Hiperpigmentação (DM bronzeado). - Hipogonadismo (atrofia testicular). - Hartrite (pseudogota). Esses pacientes tem um risco maior de infecção e sepse, em especial a infecção por Vibrio vulnificus (ostras) Qual? Triagem: ferritina (> 200) e saturação de transferrina (> 50 – 60%). Confirma: genética (C282Y e H63D – rastrear em parentes de 1° grau). Dúvida: RM / biópsia hepática. Quanto? Flebotomia: 500ml seriado, tendo como alvo uma ferritina < 50 mcg/L. O uso do quelante é controverso e no paciente grave avançado o transplante é a melhor opção. Anotações:
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