Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 1 APG 4 – Era pra proteger, mas prejudica 1) REVISAR A MORFOFISIOLOGIA DO INTESTINO DELGADO E GROSSO INTESTINO DELGADO O intestino delgado é o sítio terminal de digestão dos alimentos, absorção de nutrientes e secreção endócrina. Os processos de digestão são completados no intestino delgado, no qual os nutrientes (produtos da digestão) são absorvidos pelas células epiteliais de revestimento. O comprimento do órgão é um dos fatores importantes para o aumento de superfície de contato com o bolo alimentar, permitindo uma boa digestão e absorção. O intestino delgado é relativamente longo – aproximadamente 5 m, e consiste em três segmentos: duodeno, jejuno e íleo. MUCOSA: terá VILOSIDADES (ou vilos), que são projeções alongadas formadas pelo epitélio de revestimento e lâmina própria, com 0,5 a 1,5 mm de comprimento, as quais ficam muito semelhantes a dedos à medida que se aproxima do íleo. Nas vilosidades tem-se as células absortivas = os enterócitos (absorção de nutrientes): Epitélio colunar simples; Núcleo ovoide basal; Microvilosidades em ápice, que dão origem à borda em escova = que tem as enzimas importantes para a digestão como dissacaridases, dipeptidases e lipases. Na mucosa, também há as células caliciformes ficam entre as células absortivas, e sua quantidade aumenta em direção ao íleo. Essas células produzem glicoproteínas do tipo mucina, que formam o muco, responsável por proteger e lubrificar o revestimento intestinal, facilitando a passagem do quimo, que no intestino delgado se transforma em quilo. As criptas intestinais são compostas por epitélio colunar simples, células caliciformes e compõem as glândulas intestinais, glândulas tubulares simples retas. Células de Paneth: ficam na porção basal das criptas intestinais, e são células exócrinas, com grandes grânulos de secreção eosinofílicos em seu citoplasma apical. Esses grânulos são cheios de lisozima e defensina, que ajudam no combate de bactérias. Células-tronco: estão no terço basal da cripta. As vilosidades são projeções do epitélio de revestimento e da lâmina própria. No epitélio tem-se os enterócitos, que tem microvilosidades. A combinação de vilosidades e microvilosidades aumentam a superfície intestinal, o contato com o bolo alimentar. As criptas são regiões de glândulas. A mucosa ainda tem dois tipos especiais de células: O intestino possui células enteroendócrinas distribuídas por todo tecido. Elas secretam GIP (polipeptídio inibidor gástrico) e GLP1 (semelhante a glucagon) ambos atuam inibindo a secreção de HCl no estômago e estimulam a insulina. A colescistoquinina (CCK) leva à secreção de enzimas pancreáticas e à contração da vesícula biliar, auxiliando na digestão. A motilina que aumenta a motilidade intestinal. A secretina estimula a secreção pancreática, rica em água e bicarbonato. Essas substancias possuem efeitos parácrinos (local) ou endócrinos (saem pelo sangue fazendo efeito em locais distantes). O intestino delgado possui ainda as células M (microfold), que são células epiteliais especializadas que recobrem as placas de Peyer, que são acúmulos de folículos linfoides presentes no íleo. Essas células possuem invaginações basais, que contêm muitos linfócitos e células apresentadoras de antígenos, como macrófagos, auxiliando na montagem de resposta imunológica. A lâmina basal sob as células M é descontínua, facilitando o trânsito de células entre o tecido conjuntivo e as células M, ou seja, permite uma comunicação com vasos sanguíneos e outras células de defesa. LÂMINA PRÓPRIA: presente na mucosa, e possui tecido conjuntivo frouxo, vasos sanguíneos e linfáticos, fibras nervosas e fibras musculares. APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 2 MUSCULAR DA MUCOSA: essas células musculares vão permitir a movimentação rítmica das vilosidades, facilitando a absorção dos nutrientes. SUBMUCOSA: possui na porção inicial do duodeno grupos de glândulas tubulares enoveladas ramificadas que se abrem nas glândulas intestinais. Estas são as glândulas duodenais, cujas células secretam muco alcalino (pH 8,1 a 9,3). Esse muco protege a mucosa duodenal contra os efeitos da acidez do suco gástrico e neutraliza o pH do quimo, aproximando-o do pH ótimo para ação das enzimas pancreáticas. As glândulas duodenais são importantes no diagnóstico diferencial das regiões do intestino delgado. Na submucosa tem o plexo nervoso submucoso (de Meissner) que ajuda a secretar o muco. A lâmina própria e a submucosa do intestino delgado contêm agregados de nódulos linfoides (GALT), que são mais numerosos no íleo, e neste órgão são conhecidos como placas de Peyer. MUSCULAR: possui a camada circular interna, o plexo nervoso mioentérico (de Auerbach) que controla os movimentos, e há também a camada longitudinal externa. SEROSA: na maior parte: mesotélio + tecido conjuntivo e em parte do duodeno: adventícia. PARTICULARIDADES DE ALGUMAS REGIÕES DUODENO: vilosidades em forma de folha e glândulas duodenais na submucosa. JEJUNO: mais dobras da mucosa e submucosa e vilosidades em forma de dedos. ÍLEO: mais células caliciformes nas vilosidades e Placas de Peyer: nódulos linfoides na lâmina própria e submucosa. No intestino delgado, ocorre a maior parte da digestão e absorção dos nutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios). A função absortiva é garantida por vilosidade e microvilosidades. DIGESTÃO MECÂNICA: o intestino delgado possui dois tipos de movimentos, as segmentações e o peristaltismo chamado de complexo mioelétrico migratório. As segmentações são contrações que misturam o quimo ao suco digestório e colocam as partículas de alimento em contato com a túnica mucosa para serem absorvidos. Essa segmentação se inicia com a contração das fibras musculares, comprimindo o intestino em segmentos. Logo após, as fibras se relaxam e cada pequeno segmento se une com o segmento adjacente, formando grandes segmentos novamente, auxiliando na absorção, já que o quimo fica pra frente e para trás. O peristaltismo que ocorre no intestino delgado é chamado de complexo mioelétrico (CMM), que se inicia na parte inferior do estômago e empurra o quimo para frente, descendo lentamente pelo intestino delgado, alcançando o íleo. DIGESTÃO QUÍMICA: na boca, a amilase salivar converte um amido em maltose (dissacarídeo), maltotriose (trissacarídeo) e α-dextrina. No estômago, a pepsina converte as proteínas em peptídeos e as lipases lingual e gástrica convertem alguns triglicerídeos em ácidos graxos, diglicerídeos e monoglicerídeos. Assim, o quimo que entra no intestino delgado contém carboidratos, proteínas e lipídios praticamente digeridos. A conclusão da digestão dos carboidratos, proteínas e lipídios é um esforço coletivo do suco pancreático, bile e suco intestinal no intestino delgado. O que não foi absorvido, como água e a massa contendo principalmente as fibras, é direcionado para o intestino grosso. INTESTINO GROSSO O intestino grosso tem 1,5m de comprimento e é dividido em regiões: ceco, cólon ascendente, cólon transverso, cólon descendente, cólon sigmoide, reto e ânus. MUCOSA: não possui pregas, exceto no reto, e nem vilosidades; É formada pelo epitélio colunar simples com microvilosidades curtas e irregulares; Criptas intestinais longas: onde há glândulas exócrinas = glândulas tubulares simples retas e células caliciformes Na seta indica o plexo mioentérico. Células absortivas APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período3 abundantes produtoras do muco que lubrifica esta parte do tubo digestivo; Há poucas células neuroendócrinas. LÂMINA PRÓPRIA: rica em células linfoides e nódulos linfáticos (GALT) = devido à quantidade de bactérias no intestino grosso (população abundante). Vasos sanguíneos e linfáticos; MUSCULAR DA MUCOSA: duas camadas = circular interna e longitudinal externa. SUBMUCOSA: pode apresentar células linfoides e nódulos linfáticos. MUSCULAR: CIRCULAR interna e CIRCULAR externa e a união das fibras longitudinais dessas células musculares formam as TÊNIAS DO CÓLON = 3 bandas longitudinais espessas ao longo do cólon, podendo ser vistas macroscopicamente. É por conta delas que o intestino grosso tem a forma de “sacos” SEROSA: recobre o ceco e parte do cólon, o restante é adventícia (apenas um tecido conjuntivo frouxo bem fininho). As principais funções do intestino grosso são: absorção de água, fermentação, formação da massa fecal e produção de muco, para facilitar a passagem e excreção do bolo fecal. A absorção de água é passiva, seguindo o transporte ativo de sódio pela superfície basal das células epiteliais. Grande parte da absorção no intestino grosso se dá na metade proximal do cólon, o que confere a essa porção o nome de cólon absortivo, enquanto o cólon distal funciona principalmente no armazenamento das fezes até o momento propício para a sua excreção e, assim, é denominado cólon de armazenamento. DIGESTÃO MECÂNICA: quando as substâncias passam pelo óstio ileal, iniciam-se os movimentos do colo. O quimo se move pelo intestino delgado no tempo necessário, enchendo o ceco e acumulando no colo ascendente. Ocorre a agitação das saculações do colo, e essas saculações permanecem relaxadas e são distendidas enquanto enchem. Quando a distensão alcança um certo ponto, as paredes se contraem e espremem o conteúdo para a próxima saculação do colo. Um último tipo de movimento é o peristaltismo em massa, uma forte onda peristáltica que começa aproximadamente na metade do colo transverso e leva rapidamente o conteúdo do colo para o reto. Como os alimentos no estômago iniciam esse reflexo gastrocólico no colo, o peristaltismo em massa geralmente ocorre 3 ou 4 vezes/dia, durante ou imediatamente após uma refeição. DIGESTÃO QUÍMICA: o quimo é preparado para a eliminação pela ação das bactérias que habitam no lúmen, que fermentam os carboidratos restantes e liberam hidrogênio, dióxido de carbono e gases metano. Esses gases contribuem para os flatos no colo, chamados flatulência quando é execessiva. As bactérias também convertem quaisquer proteínas restantes em aminoácidos e fragmentam os aminoácidos em substâncias mais simples: indol, escatol, sulfeto de hidrogênio e ácidos graxos. O indol e escatol levam ao odor nas fezes, e a coloração se dá por cota das bactérias que decompõem a bilirrubina em pigmentos mais simples, que dá as fezes a sua coloração marrom. ABSORÇÃO E FORMAÇÃO DAS FEZES: o quimo permanece no intestino grosso por 3 a 10h, tornando sólido ou semissólido, chamado de fezes. REFLEXO DE DEFECAÇÃO: em resposta à distensão da parede retal, os receptores enviam impulsos nervosos sensitivos para a medula espinal sacral. Impulsos motores da medula viajam ao longo dos nervos parassimpáticos de volta para o colo descendente, colo sigmoide, reto e ânus. A contração resultante dos músculos longitudinais retais encurta o reto, aumentando assim a pressão em seu interior. Esta pressão, junto com contrações voluntárias do diafragma e dos músculos abdominais, além do estímulo parassimpático, abrem o músculo esfíncter interno do ânus. 2) ESTUDAR A EPIDEMIOLOGIA, ETIOLOGIA, FISIOPATOLOGIA, FATORES DE RISCO, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DAS DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS O termo doença inflamatória intestinal é usado para designar dois distúrbios intestinais inflamatórios semelhantes: doença de Crohn (DC) e retocolite ulcerativa (RCU). As duas condições causam inflamação intestinal, não têm evidência confirmatória de um agente etiológico comprovado, não seguem um padrão de ocorrência familiar e podem ser acompanhadas de manifestações sistêmicas. APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 4 A doença de Crohn acomete mais os segmentos distais do intestino delgado e o cólon proximal, mas pode afetar qualquer área do sistema digestório desde o esôfago até o ânus, por outro lado, a retocolite ulcerativa limita-se ao cólon, e ao reto. No sistema digestório, o sistema imune da mucosa sempre está pronto para reagir aos patógenos ingeridos, mas não reage à microflora intestinal normal. Nas DII, esse estado homeostático normal é perdido, acarretando em reações imunes e desreguladas. A patogênese da doença de Crohn e da retocolite ulcerativa inclui: Anormalidade da regulação imune; Predisposição genética; Fator ambiental desencadeante: embora a história familiar seja o fator de risco mais significativo, dados epidemiológicos consideráveis apoiam a participação crucial de tabagismo e uso de antibióticos, ambos relacionados com a disbiose na microbiota intestinal. DOENÇA DE CROHN FISIOPATOLOGIA É um tipo de reação inflamatória granulomatosa recidivante, sendo o íleo terminal e o ceco as áreas mais comuns do intestino acometidas pelo processo inflamatório. Acomete, em geral, os pacientes entre a 2ª e 3ª década de vida, afetando as mulheres com uma frequência maior. O aumento da permeabilidade intestinal tem sido implicado na patogênese da doença de Crohn com consequente aumento da carga de antígenos pelo sistema imune da mucosa que inicia e perpetua a inflamação. A primeira anormalidade visível é o aumento dos folículos linfoides com um anel de eritema em volta (sinal do anel vermelho), o que leva à ulceração aftoide que, por sua vez, progride a ulcerações profundas, fissurando, com aspecto de “pedra de calçamento”, fibrose, estenose e fistulização. Um aspecto característico são as lesões granulomatosas bem demarcadas e circundadas por mucosa aparentemente normal. Todas as camadas da parede intestinal são afetadas, mas o acometimento mais acentuado é na camada submucosa. A superfície do intestino inflamado (“pedras de calçamento”) resulta das fissuras e das fendas que se formam e estão circundadas por áreas com edema da submucosa. Depois de um tempo, a parede intestinal frequentemente se torna espessada e rígida e seu aspecto tem sido comparado ao de um cano de chumbo ou um tubo de borracha. Na DC a dor abdominal decorre de obstrução funcional, por espasmo e edema, e após a obstrução se torna orgânica por fibrose e estenose O comprometimento seroso faz com o que intensifique e aumente a dor, à medida em que a doença evolui. A extensão e a localização anatômica da lesão determinam o grau de má absorção, assim como a especificidade do nutriente envolvido. Comprometimento do duodeno e jejuno proximal: má absorção de folatos, vitaminas, ferro, glicídios e lipídios. Comprometimento do íleo distal: má absorção de gorduras e de aminoácidos; Comprometimento do íleo terminal: má absorção de B12 e de lipídios. RESUMINDO: O epitélio intestinal tem vários fatores de proteção (histologia = barreira endotelial, células, mecanismo de defesa), e esse epitélio pode atuar de 3 formas ativando uma cascata de reações imunológicas. Na Doença de Crohn é um antígeno indeterminado (causa idiopática, provavelmente as bactérias da flora intestinal podem ativar essa cascata). 1) Aumentar a permeabilidade vascular e a absorção de antígenos (bactéria) e estimular a resposta imune; 2) Pode causar inflamação e liberar citocinas; 3) Pode atuar como uma célula apresentadora de antígeno (macrófago). Na Doença de Crohn,as células apresentadoras de antígeno sendo as primeiras a terem contato com esse antígeno, o APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 5 macrófago (ativados liberam IL-12 e fator de necrose tumoral) apresenta o antígeno para as células T CD4, que vão se diferenciar em Th1 (libera IL-2 e IFN-γ) e Th2 (libera IL- 4,5 e 10). Quando tem um processo crônico de inflamação, predomina uma resposta Th1, sendo a IFN-γimportante, pois causa a ativação de mais macrófagos liberando mais ainda o fator de necrose tumoral (causando apoptose de células, aumenta a permeabilidade e inflamação). Paciente com predisposição à ter DII tem uma falha nos mecanismos de regulação da resposta imune, amplificando-a (resposta imune exacerbada) causando inflamação e sintomas. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A DC apresenta fases e o quadro clínico pode ser totalmente diferente nelas. Sendo assim, o quadro clínico é muito variado, pois depende da duração, localização, extensão, atividade da doença, e presença ou não de complicações. Nas fases iniciais da doença, a extensão das lesões é tão pequena que o paciente é assintomático, sendo a doença descoberta acidentalmente. A dor abdominal é o sintoma mais comum, geralmente em caráter de cólica, intensa e mais presente do que na RCU, e que geralmente tende a se localizar em quadrante inferior direito, devido à grande frequência do comprometimento do íleo terminal. Tende a se iniciar após as refeições (acometimento no íleo terminal) e aumenta antes da defecação. Em pacientes com comprometimento do trato digestório superior, a dor abdominal pode ser epigástrica, imitando doença péptica. Quando há envolvimento do esôfago (raro): odinofagia, disfagia, pirose e anorexia. A febre aparece em 20 a 50% dos casos, seja pelo processo inflamatório em si, seja pelas complicações do tipo supurativo (abscesso, fístulas), podendo ser uma manifestação única ou predominante. A diarreia pode acompanhar a dor abdominal, é de intensidade moderada, geralmente intermitentes, ocorrendo com maior frequência nos casos de comprometimento difuso do intestino delgado (esteatorreia = excesso de gordura nas fezes) ou isolado do cólon (mucossanguinolentas). A perda de peso pode ser sintoma inicial da DC = redução de ingestão de alimentos, perdas proteicas para o lúmen intestinal, aumento das necessidades alimentares não atendidas, estado de catabolismo. O déficit de crescimento e o retardo de maturação sexual ocorrem em cerca de 6 a 50% dos casos de crianças. A doença perianal é observada em alguns casos e pode apresentar como lesão de pele, lesão do canal anal ou fístula. As manifestações extraintestinais são bastante frequentes, sendo os órgãos-alvo as articulações, pele e mucosas, olhos, fígado e rins. DIAGNÓSTICO O diagnóstico da doença de Crohn baseia-se na história clínica (queixa de dor abdominal intensa, noturna associada a diarreia) e no exame físico detalhados (dados antropométricos e desenvolvimento sexual relacionados com a idade. Dor a palpação no quadrante inferior direito do abdômen com ou sem massa palpável, presença de fissuras, abscessos ou fístula na região perianal). Alguns exames laboratoriais são utilizados com o objetivo de avaliar a atividade, o prognostico, as manifestações hepáticas ou pancreáticas, os fenômenos disabsortivos, o estado nutricional e ainda afastar outras doenças. Exame de fezes: Rotina para parasitos, bactérias, vírus; Clostridium difficile e toxina, pesquisar mesmo na ausência de uso de antibióticos; Pesquisa de leucócitos /ou sangue oculto; Pesquisar citomegalovírus, principalmente em pacientes com uso de imunossupressores; Pesquisa para determinar a atividade da doença: Alfa-1-Antitripsina: mede a perda proteica intestinal, a elevação de seus títulos traduz aumento nas fases de aumento da permeabilidade intestinal; Calprotectina fecal: proteína neutrofílica abundante extremamente estável nas fezes e reflete inflamação intestinal = aumenta de 5 a 40 vezes; Lactoferrina: marcador sensível e específico da inflamação. Exame de sangue: Hemograma, eletrólitos, proteínas e frações, ferritina e transferrina (avaliar anemia), dosagem de vitamina B12, provas de função hepática, HIV, velocidade de hemossedimentação ou PCR ultrassensível APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 6 EXAMES DE IMAGEM: RAIO-X SIMPLES DE ABDOMEN: é essencial se houver suspeita de obstrução intestinal. Em casos mais graves, o uso de contraste não é recomendado, porém pode revelar espessamento da mucosa ou estreitamento da luz nos casos de suspeita de DC no esôfago, estômago e duodeno. ULTRASSONOGRAFIA: pode ser útil para identificar o espessamento da mucosa intestinal e presença de adenomegalia e líquido na cavidade abdominal. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA (TC): pode definir precisamente a anatomia de fístulas e cavidades na DC, ou ser útil para identificar abscesso ou linfoma. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA: é superior a US na identificação de fístulas e estenose, e na localização dos segmentos afetados. Exames endoscópicos: é importante para o diagnóstico e acompanhamento evolutivo da DC, inclusive com obtenção de fragmentos de mucosa para exame histopatológico Colonoscopia: serve para analisar detalhadamente todo o intestino grosso e eventualmente o final do intestino delgado. Ela permite coleta de biópsias e procedimentos terapêuticos. TRATAMENTO Não existe cura para a doença de Crohn, e a remissão não é possível. As intervenções terapêuticas visam basicamente suprimir a reação inflamatória e promover a cicatrização, manter a nutrição adequada e evitar e tratar complicações = melhorar a qualidade de vida. Vários fármacos são eficazes para suprimir a reação inflamatória, inclusive corticoides, sulfassalazina, metronidazol, azatioprina, 6-mercaptopurina, metotrexato e infliximabe. Corticoesteroides controla o processo inflamatório intestinal, tendo efeito no sistema inflamatório e na resposta inflamatória. O fármaco sulfassalazina (é um aminossalicilato) contém o ácido 5-aminossalicílico (5-ASA) que bloqueia várias etapas do ciclo do ácido araquidônico, as quais são essenciais à patogênese da inflamação. O metronidazol é um antibiótico usado para tratar proliferação bacteriana excessiva no intestino delgado. O infliximabe é um anticorpo monoclonal que tem como alvo a destruição do fator de necrose tumoral (TNF), um mediador da resposta inflamatória, cuja expressão está exacerbada nos processos inflamatórios como a doença de Crohn. Deficiências nutricionais são comuns nos pacientes com doença de Crohn, em consequência da diarreia, da esteatorreia e de outros distúrbios da absorção. Por isso, recomenda-se uma dieta nutritiva com teores altos de calorias, vitaminas e proteínas, evitando gorduras. Já o tratamento cirúrgico é necessário em alguns casos para tratar obstruções, complicações supurativas e doença refratária ao tratamento medicamentoso. RETOCOLITE ULCERATIVA FISIOPATOLOGIA É uma doença inflamatória inespecífica do intestino grosso, atinge preferencialmente a mucosa do reto e do cólon esquerdo, mas, eventualmente, todo o cólon. Trata-se de uma doença crônica, com surtos de remissão e exacerbação, caracterizada por diarreia e perda de sangue. Surge principalmente em pessoas jovens ou de meia-idade. É uma doença de ocorrência mundial, com incidência de 3 a 20 novos casos por ano, para cada 100.000 habitantes. Fatores estão envolvidos e funcionalmente integrados na gênese da reação inflamatória que caracteriza as doenças inflamatórias intestinais. FATORES AMBIENTAIS: observa-seque uma alimentação isenta de leite poderia diminuir o índice de recidivas da doença, bebidas à base de cola, chocolate, açúcar refinado e dietas pobres em fibras e ricas em gorduras, também têm sido relacionadas com a RCU. Infecções pela sua natureza inflamatória e reação tecidual. APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 7 Apendicectomia: diminui a probabilidade de desenvolver RCU, pelo fato de que a resposta inflamatória evocada por estas doenças no passado induziria alterações imunológicas duradouras com efeito protetor contra a RCU. Tabagismo. FATORES GENÉTICOS: história familiar e ocorrência da doença em gêmeos, principalmente monozigóticos, a correlação com marcadores genéticos, tais como sistema HLA, autoanticorpos, etc. Fatores imunológicos: Microbioma ou flora intestinal: a interação entre o microbioma e o hospedeiro pode ser benéfica ou deletéria, estimulando a inflamação intestinal. Epitélio intestinal: as células da mucosa intestinal constituem uma barreira contra a entrada excessiva de bactéria e outros antígenos. Na doença intestinal apresenta um aumento da permeabilidade e a regulação da junção é defeituosa, podendo ser consequência da inflamação. Resposta inflamatória: a lâmina própria da mucosa intestinal contém células imunes que controlam o equilíbrio entre as necessidades de tolerância imunológica em relação à flora com a necessidade de desfesa contra patógenos. Na RCU, ocorre uma infiltração na lâmina própria de células imunes inatas (neutrófilos, macrófagos, células dendríticas e células T). O aumento do número destas células na mucosa acarreta aumento do fator de necrose-α, IL-1-β, .do interferon gama e de citocinas. A resposta imune inicial, é regulatória, sendo o desequilíbrio a chave para o surgimento da doença inflamatória. Fatores sociopsicossomáticos. Tudo indica que a RCU resulta de uma resposta imunológica exagerada da mucosa do cólon a antígenos luminais, possivelmente microbianos, em indivíduos geneticamente predispostos. Um aspecto típico dessa doença são as lesões que se formam nas criptas de Lieberkuhn na base da camada mucosa. O processo inflamatório resulta na formação de hemorragias puntiformes da mucosa que, com o tempo, supuram e transformam-se em abscessos das criptas. Em consequência do processo inflamatório, a camada mucosa frequentemente desenvolve projeções linguiformes, que se assemelham a pólipos e, por esta razão, são conhecidas como pseudopólipos. A parede intestinal torna-se espessa em consequência dos episódios repetidos de colite. As lesões restringem-se à mucosa e submucosa, poupando a camada muscular e a serosa. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A sintomatologia da RCU é variável e depende da extensão e intensidade das lesões. O início da doença pode ser insidioso ou abrupto, e a evolução é, em geral, crônica. O sintoma predominante é a diarreia, com inúmeras evacuações por dia, geralmente com fezes líquidas misturas com sangue, muco e pus. Na fase aguda, em geral, há dor em cólica no abdômen, febre, perda de peso e mal estar geral. Aproximadamente 20% dos pacientes com RCU apresentarão manifestações extraintestinais. A artrite ou artralgia é mais frequente, é migratório, assimétrico, ocorrendo preferencialmente nas articulações dos joelhos, quadris, tornozelos e cotovelos. O envolvimento da pele e da mucosa oral ocorre em 4 a 20% dos pacientes, sendo na boca as lesões são as aftas e acompanham a atividade da doença intestinal. APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 8 De 15 a 50% dos pacientes apresentam alterações das provas de função hepática. DIAGNÓSTICO O diagnóstico é feito por meio da avaliação conjunta do quadro clínico, dos achados laboratoriais, radiológicos, endoscópicos e histológicos. No exame físico, deve ser direcionado não só ao trato gastrintestinal, mas, sobretudo, à pesquisa de manifestações extraintestinais (aftas, pioderma, eritema nodoso, artrites, etc); Nas alterações laboratoriais são mais frequentes anemia ferropriva, leucocitose, aumento do número de plaquetas, hipoalbunemia, elevação VHS, dos níveis de PCR e alfa-1-glicoproteína ácida. No raio-x simples de abdômen pode- se observar, se o cólon, estiver cheio de ar, encurtamento do órgão, perda das haustrações e, eventualmente, alterações grosseiras do relevo mucoso. A colonoscopia constitui o exame de escolha para o diagnosticos de RCU. Não deve ser realizada nos pacientes com doença grave, em vista do risco de perfuração, mas pode ser efetuada depois de ocorrer melhora comprovada para determinar a extensão da doença e a necessidade de monitoramento do desenvolvimento de câncer subsequente. As alterações histológicas são tipicamente confinadas à mucosa e são as mesmas observadas nas colites ativas. A microscopia revela infiltrado inflamatório agudo e crônico com distorção e perda da arquiterura das criptas, microabscessos, depleção de células caliciformes, congestão vascular, hemorragias focais e ulcerações. TRATAMENTO O tratamento em princípio é clínico, por longo período ou por toda a vida. O objetivo do tratamento ativa é atingir a remissão (endoscópica e clínica), demonstrando a cura completa da mucosa. Os fármacos usados para tratar colite ulcerativa são semelhantes aos utilizados no tratamento da doença de Crohn. Os corticoides são usados seletivamente para atenuar a resposta inflamatória aguda. A sulfassalazina mostrou-se eficaz no tratamento da retocolite ulcerativa leve a moderada. Os fármacos imunomoduladores e os agentes anti-TNF podem ser usados para tratar pacientes com colite grave. REFERÊNCIAS TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível em: Minha Biblioteca, (14ª edição). Grupo GEN, 2016. JUNQUEIRA, LC, CARNEIRO, J. Histologia Básica. 13ªed. Editora Guanabara Koogan, 2018. NORRIS, Tommie L. Porth - Fisiopatologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. DANI, Renato; PASSOS, Maria do Carmo F. Gastroenterologia Essencial, 4ª edição. Grupo GEN, 2011.
Compartilhar